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Planejamento e Gestão de Projetos Públicos

Aula 03

Prof. Milton de Almeida Barbosa

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Pró-reitoria de EaD e CCDD
Introdução

Seja bem-vindo!
Já estudamos sobre planejamento público, os princípios do orçamento e
os instrumentos legais de planejamento e orçamento, bem como as fases do
orçamento público no Brasil.
Hoje vamos dar continuidade aos estudos, abordando as finanças
públicas: a principal fonte de receita do governo, alocações de recursos, as
funções econômicas do Estado e o orçamento participativo.
Iniciaremos o tema da aula de hoje com uma breve introdução, definindo
Finanças Públicas e seus objetivos.

Tema 1: Principal Fonte de Receita do Governo

A principal fonte de receita do governo é formada pelos tributos pagos


pelas pessoas ao Estado, ou seja, é o resultado dos impostos, taxas,
contribuições e também pelos empréstimos feitos pelo governo. É uma forma de
pagamento obrigatória feita pelos cidadãos. Os tributos são contribuições
realizadas em moeda. Os tributos podem ser instituídos por meio de uma lei e a
cobrança é realizada através do órgão que administra aquele tributo.
Segundo a Lei nº 5172 de 25/10/1966, art. 3º do Código Tributário
Nacional (CTN):
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.

A receita do governo ou receita pública é entrada do valor em dinheiro


administrado pelo Tesouro Nacional e depois redirecionado para pagar as
despesas públicas. São essenciais para custear a educação, saúde, meio de
transporte, moradia etc.
No processo de arrecadação, o Estado recolhe tributos, multas e créditos
e redireciona os valores arrecadados para a Conta Única do Tesouro Nacional.
Esse tipo de arrecadação pode acontecer nos casos em que são retidos ou

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descontados os tributos, por exemplo, o imposto de renda que é descontado em
folha de pagamento.
As receitas públicas podem ser originárias e derivadas:
 Originárias são as provenientes do patrimônio estatal.
 Derivadas são provenientes do Estado por meio de tributos e multas.

Quanto à categoria econômica, a receita pública pode também ser efetiva


e não efetiva.
 Efetiva: são recursos que não são obrigações, ou seja, são aquelas
provenientes do próprio setor público como os impostos. Na efetiva,
a situação muda porque faz crescer a condição líquida patrimonial
fundindo-se ao patrimônio público e não se caracteriza como
obrigação do poder público.
 Não efetiva: são recursos que não são da arrecadação. Por isso a
situação não muda a condição líquida patrimonial.

Vamos conhecer agora quais são as receitas correntes e as receitas de


capital.
Receitas correntes são as receitas em que não há cobrança financeira
em relação ao Estado e se dividem em:
 Receita Tributária: correspondente aos tributos relacionados à
legislação tributária, como as contribuições, taxas e impostos.
 Receitas de Contribuições: está relacionada às receitas de caráter
social e às de caráter econômico e são analisadas como encargos
parafiscais.
 Receita Patrimonial: surge por meio do uso econômico do patrimônio
público, como juros e dividendos.
 Receita Agropecuária: resultado da exploração das atividades
agropecuárias.
 Receita Industrial: resultado das atividades industriais como serviços
de utilidade pública, construção civil e extrativismo mineral.

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 Receita de Serviços: resultados das atividades, como meio de
transporte, serviços, comércio, serviços educacionais etc.
 Transferências Correntes: são recursos financeiros concebidos por
pessoas jurídicas ou físicas e que são utilizadas no atendimento de
Despesas Correntes. Isso é importante para compreender a origem
da receita e sua destinação.
 Outras Receitas Correntes: são receitas que não se adequam aos já
citados anteriormente. Por exemplo: juros de mora, multas, cobrança
da dívida ativa etc.
Receitas de Capital são as receitas que surgem por meio de recursos
financeiros de origem de contração de dívidas, os quais se dividem em:
 Operações de Crédito: está relacionada com a obtenção de recursos
com o intuito de suprir disparidades orçamentárias ou financiar obras
públicas. São essas operações de crédito que cobrem déficits
orçamentários.
 Alienação de Bens: está correlacionada com a alienação de bens
patrimoniais, como imóveis e ações.
 Amortização de Empréstimo: é considerada uma receita de capital.
 Transferências de Capital: estão associadas às Despesas de Capital
e nela devem ser aplicadas.
 Outras Receitas de Capital: estão relacionadas com as Receitas de
Capital que não podem ser classificadas em outras fontes.

Tema 2: Alocações de Recursos

As Finanças públicas abrangem a captação de recursos pelo Estado, sua


gestão e seu gasto para atender às necessidades da coletividade e do próprio
Estado.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, a educação, a saúde e a
habitação são direitos fundamentais do ser humano e devem ser providos pelo
Estado. Portanto, a política de desenvolvimento e a utilização das receitas para

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investimentos no provimento desses serviços à população e de suas
necessidades essenciais é competência do Poder Público.
Para alcançar maior eficiência na alocação de recursos e na oferta de
bens e serviços públicos (segurança, saúde, educação, habitação etc.), se faz
necessário que as políticas públicas sejam formuladas com o intuito de promover
ações visando ao bem-estar social e melhoria da qualidade de vida da
população.
Para atingir maior eficiência na alocação de recursos públicos, é
imprescindível o aprimoramento nos instrumentos e técnicas para a tomada de
decisões, bem como na avaliação das políticas públicas.
É por meio da Política Fiscal, que busca o aumento dos investimentos
públicos e a ampliação da rede de seguridade social, assim como a criação de
empregos, tudo isso visando à redução da pobreza e da desigualdade.

Tema 3: Funções Econômicas do Estado

Os governos Federal, Estadual, Distrital e Municipal desempenham as


funções alocativa, distributiva, estabilizadora e reguladora.
 Função alocativa: se refere ao processo pelo qual o governo realiza
a divisão de recursos para utilização no setor público e privado,
oferecendo bens públicos, como rodovias, segurança; bens
semipúblicos ou meritórios, como educação e saúde; e
desenvolvimento, como construção de usinas, dentre outros
benefícios voltados aos cidadãos.
 Função distributiva: se refere à distribuição de rendas, por parte do
governo, com o intuito de manter uma população mais homogenia e
igualitária, ou seja, uma adequação de recursos de forma mais justa.
Um bom exemplo é a destinação de parte dos recursos provenientes
de tributação no direcionamento ao serviço público de saúde, um dos
serviços mais utilizados pela população de menor renda.

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 Função estabilizadora: é a aplicação das diversas políticas
econômicas, a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e a
estabilidade da economia, quando o mercado não consegue
assegurar o atendimento a esses objetivos. Uma vez que o governo
não pode esperar uma decisão do mercado, o governo utiliza a política
fiscal para manter a economia estável.
 Função Reguladora: surge uma função criada no intuito de regular o
processo econômico com a criação de leis e normas, por meio de
agências reguladoras como ANATEL, ANVISA, ANEEL etc.

O Estado determina quem são os entes públicos e suas


responsabilidades, e as finanças públicas indicam a maneira como esses entes
deverão trabalhar para atingir seus fins, planejando, executando e prestando
contas das receitas e dos gastos realizados pelo Estado, respeitando os
instrumentos de planejamento, como o Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Tema 4: Orçamento Participativo

O orçamento participativo, que significa a abertura do processo


orçamentário à participação da população com base no preceito contido no inciso
XII, do art. 29 da Constituição Federal, estabelece a cooperação das
associações representativas no planejamento municipal.
O orçamento participativo é uma técnica orçamentária que diz respeito ao
recurso de investimento, sendo analisadas a receita e a despesa e, de acordo
com essa análise, decidido – com a participação popular ou de alguma
organização civil – o que pode ser realizado e onde vai ser aplicado aquele
recurso. Ou seja, é quando a população é convidada a tomar as decisões sobre
a melhor forma de aplicar os recursos destinados a investimentos públicos.
Dessa forma, os cidadãos estarão decidindo como concretizar as
prioridades da comunidade e ficarão também responsáveis por aquilo que será
realizado, evitando contrariedade ou manifestações, uma vez que foi a própria

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população quem decidiu. Como é a própria população que está tomando parte e
decidindo diretamente, ela também estará acompanhando e fiscalizando. Não se
pode esquecer, entretanto, que essa técnica do orçamento participativo deve ser
aplicada somente a recursos destinados a investimentos.
A criação do orçamento participativo vai depender de cada cidade e de
suas necessidades, adaptando-se à realidade sociopolítica e cultural de cada
uma delas. O orçamento participativo possibilita que o governo alcance com
maior facilidade e exatidão as demandas sociais e também estimule o exercício
da cidadania.
Com a redemocratização, com formas modernas de administração
pública, o modelo estimula o maior número de cidadãos a interagir nas tomadas
de decisões junto ao Estado, possibilitando às pessoas civis a entenderem
melhor o governo e também facilitando a busca dos objetivos para a
concretização das necessidades da população.
A Lei de Responsabilidade Fiscal (que veremos na próxima aula) estimula
a prática do orçamento participativo quando encoraja a participação popular na
elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) e da Lei Orçamentária Anual
(LOA).

Síntese

As finanças públicas fazem parte do estudo da economia governamental


e o seu objetivo é administrar os gastos e as receitas do setor público e das
formas de financiamento desses gastos.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, é competência do Poder
Público a política de desenvolvimento e a utilização das receitas para
investimentos no provimento de serviços voltados para o bem-estar da
sociedade. Continuaremos essa discussão na próxima aula!

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Referências

BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Brasília:


Senado Federal, 1988.

FISCHMANN, Adalberto A.; ALMEIDA, Martinho Isnard R. Planejamento


Estratégico na Prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

GIACOMONI, James. Orçamento Público. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.

NASCIMENTO, Edson Ronaldo. Gestão Pública. 1ª ed. São Paulo: Saraiva,


2006.

PISCITELLI, Roberto Bocaccio. Contabilidade Pública: uma abordagem da


administração financeira pública. 8ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

REZENDE, Fernando. Finanças Públicas. 2ª ed.São Paulo: Atlas, 2001.

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