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TRABALHAR PEDAGOGICAMENTE O ALUNO Alameda Maria Tereza, 2000
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Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Publicação: 09 de março de 2009
1. INTRODUÇÃO
O Projeto de Iniciação Científica “Processamento Auditivo na escola: como trabalhar
pedagogicamente o aluno” tem como objetivo principal abordar a complexidade deste
assunto no processo de formação dos professores. Pensa-se na ampliação do tema para o
âmbito educacional com o objetivo de inovar e engrandecer o conhecimento dos
profissionais de educação visando o esclarecimento e a divulgação do assunto na busca
pela qualidade do ensino e aprendizagem dos alunos com a Desordem do Processamento
Auditivo.
2. OBJETIVO
Este projeto tem como objetivo investigar a influência da Desordem do Processamento
Auditivo no âmbito escolar e a necessidade do conhecimento para um melhor andamento
no processo de ensino-aprendizagem.
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3. METODOLOGIA
Na intenção de coletar dados para a pesquisa foi realizado levantamento e estudo
bibliográfico para entendimento do assunto. Para complementar a pesquisa bibliográfica
foram realizadas entrevistas com professores que atuam em diversos níveis da educação,
na intenção de coletar dados para embasamento dos estudos.
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[...] a avaliação central da audição também é muito útil e sensível para avaliar a
integridade funcional do SNAC, dando aos clínicos mais subsídios no diagnóstico
diferencial como também intervenção das dificuldades de linguagem e transtornos de
aprendizagem.
Trata-se, portanto, de um assunto importante, porém pouco difundido e
pesquisado no Brasil. Das poucas publicações encontradas inclui-se um manual de
avaliação, publicado em 1997, que possibilitou conhecimento sobre este assunto. Pereira
(2005) comenta que o material publicado disponibilizou vários procedimentos para serem
aplicados na prática e nos centros de pesquisa.
De acordo com Gielow (2001), "a audição é uma das vias de integração do
indivíduo com seu mundo, sendo assim responsável por inúmeros processos no seu
desenvolvimento em sua existência".
Segundo Sacaloski et al. (2000), para que uma pessoa possa ouvir, o som deve
percorrer um trajeto que vai deste o pavilhão auricular (orelha) até o cérebro, conforme
especificado:
[...] quando um estimulo sonoro chega ao pavilhão auricular ou orelha, esse som é
captado, passando pelo conduto auditivo externo chegando à membrana timpânica.
A membrana timpânica vibra. Essa vibração faz com que o martelo, que está preso a
ela, se movimente e conseqüentemente mova a bigorna e o estribo, como numa
engrenagem. O estribo provoca a movimentação da membrana da janela oval, que
liga a orelha média à interna. Esse movimento faz com que haja também um
deslocamento nos líquidos que se encontram dentro da cóclea, estimulando assim o
órgão de Corti. Ocorre, então, a transmissão do impulso nervoso através do nervo
auditivo. Esse impulso é processado por meio de diversas estruturas do sistema
nervoso central, até chegar ao córtex cerebral, para que possamos compreender o
significado dos sons que ouvimos.
Esse trajeto pode ser exemplificado na Figura 1.
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Habilidades Definição
Está relacionado a como a criança presta atenção à fala e aos sons de seu
Atenção ambiente. São importantes quando ela precisa se concentrar em um estímulo
determinado, ignorando o ruído de fundo.
Trata-se da capacidade do cérebro em “ouvir” as diferenças entre os sons
Discriminação
falados, tal como perceber a diferença entre os sons b e g ou t e d.
É a capacidade do cérebro em associar ou “ligar” um som que chega à outra
informação, de acordo com as regras da linguagem. Por exemplo, saber que a
letra C por vezes soa como /k/, e outras vezes, como /s/. Outro exemplo
Associação seria saber que os sons /g-a-t-o/ podem se unir de acordo com certas regras e
significar “uma criatura peluda com bigodes que faz miau”. As habilidades de
associação refletem a capacidade da criança para receber partes de informação
auditiva, analisá-las, e dar-lhes um sentido, um significado.
Está relaciona-se com a capacidade da criança ouvir conjuntos de sons e “uni-
los” com outras informações sensoriais, para dar significado a uma mensagem
ou tarefa. A integração também requer o uso das regras da linguagem, mas o
Integração foco maior é a “captação da idéia geral”. As habilidades de integração
refletem os quão bem conectados entre si estão os centros sensoriais da
criança. Boas habilidades de integração permitem que o sistema auditivo use a
informação rápida e eficientemente.
Refere-se ao fato de demonstram o quanto um indivíduo é capaz de seguir a
seqüência, organizar e recordar aquilo que ouve. Ou seja, a definição “o que
Organização fazemos com o que ouvimos” é correta, mas muito simples. Uma definição
melhor poderia ser “o quanto conseguimos prestar atenção, discriminar,
associar, integrar e organizar o que ouvimos”.
O ser humano precisa ter boas habilidades de processamento auditivo para ser
capaz de se comunicar com outros, para aprender uma nova informação e para realizar
tarefas em sua vida diária. Dessa forma passa-se a compreender que o PA precisa
percorrer um caminho sem desvios, a fim passar ao longo de todo o sistema auditivo sem
nenhuma interrupção. Gielow (2001), afirma que “existem uma enorme rede de neurônios
que se ligam neste caminho, que é muito complexo. Às vezes ocorrem alguns desvios,
talvez por imaturidade destes neurônios, ou por outros motivos”.
Esses desvios podem acarretar uma desordem no PA, que de acordo com Keith
(apud SIMON; ROSSI, 2006) possui as seguintes características:
[...] alterações na atenção dirigida, fadiga em tarefas complexas ou prolongadas,
distração, sensibilidade exagerada frente a sons intensos, dificuldades em seguir
ordens verbais, necessidade de repetição freqüente de estímulos verbais, alterações
amnésicas, aprendizado lento das relações grafofonêmicas além de dificuldades em
compreender piadas e linguagem figurada.
A Desordem no Processamento Auditivo (DPA), além de ocasionar problemas
físicos ainda interfere no desenvolvimento da aprendizagem, conforme Katz e Wilde (apud
Simon e Rossi, 2006), que:
[...] relatam que os transtornos de aprendizagem, especialmente os problemas de
leitura e as dificuldades com fonemas, com a compreensão leitora e os
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Neste caso, o professor precisa saber identifica qual ou quais déficits auditivos o
aluno apresenta e assim poder trabalhar com as habilidades auditivas contidas em cada
um desses déficits. Os déficits são classificados da seguinte forma:
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Nos casos de DPA, após diagnóstico, o aluno deverá ser submetido a uma terapia,
que por vez pode ser complementada com atitudes pedagógicas eficientes dentro do
ambiente escolar, aplicadas pelo docente, na intenção de colaborar com o tratamento
indicado. A colaboração em ênfase está relacionada a estímulos que tem o objetivo de
melhorar o desempenho da criança, fortalecer as habilidades e facilitar as estratégias que a
criança utiliza para compensar as dificuldades.
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terapias para cada um. Por isso há necessidade de seguir algumas recomendações que
podem ajudar no aprendizado do aluno, são elas:
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Formação Acadêmica
Mestrado; 2
Magistério; 3
Pós-
Graduação; 3
Curso
Superior; 4
Processamento Auditivo
25%
25%
50%
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Já no caso dos profissionais que ouviram falar ou que não conhecem o tema faz-se
necessário um aprendizado sobre o assunto, a fim de possibilitar a intervenção pedagógica
correta e efetiva, porque nenhum soube conceituar o DPAC, nem mesmo os profissionais
que alegaram ter ouvido falar no assunto.
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sejam encaminhados para outros profissionais para investigar a causa e identificar os casos
de DPAC.
5. RESULTADOS
O resultado da pesquisa realizada no projeto “Processamento Auditivo na escola como
trabalhar pedagogicamente o aluno” demonstra que os profissionais da educação podem
atuar em conjunto com a área da saúde e dessa forma, auxiliar no desenvolvimento de seu
alunado que apresenta algum tipo de dificuldade na escola.
Além disso, há necessidade de estudo por parte dos educadores, em uma busca
contínua de conhecer mais os aspectos da diversidade que compõe a sala de aula, e assim
poder contribuir, no diagnóstico e na terapia no ambiente escolar. A obtenção desses
resultados oferece entendimento em relação ao assunto e direcionamento de futuras
atitudes para continuidade do estudo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se afirmar que há muito a conhecer sobre o campo de atuação do educador, haja
vista que com um maior conhecimento sobre as dificuldades que seus alunos podem
apresentar e que alterações eles podem ter, o encaminhamento e o auxílio terapêutico
ocorrem antecipadamente e possibilitam assim, que o aluno tenha um acompanhamento
mais apropriado que facilita o processo de aprendizagem.
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