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Afrocêntricas
http://www.informafrica.com/information/why-do-some-people-spell-africa-with-a-k-
afrika-vs-africa/
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POR QUE ALGUMAS PESSOAS
ESCREVEM AFRIKA COM UM K¿
(AFRIKA X ÁFRICA)
Primeiro e mais importante, a forma original de nomear o continente fundado
Preto e maravilhosamente é "Afrika" com um "K". Contudo, após a invasão do
continente e a escravização de povos por séculos pelos ladrões dos impérios
coloniais do mundo ocidental, um novo nome foi dado ao continente Preto, e esse
nome é conhecido hoje como "África" com "c".
Para muitos Afrikanos e Afrikanas, e especialmente ativistas Afrikanas, a
nomeação de África com "K" simboliza nossa luta e tentativa de voltarmos
novamente à unidade, paz e amor - em direção à reconstrução do continente e nossa
mentalidade para o melhor. Em outras palavras, retornar nossa glória original
(ancestral) - vivendo em mais harmonia antes da invasão dos ladrões coloniais de
nossa terra, colonização e dispersão através da diáspora.
Aqui a definição ou explicação para escrever Afrika com "K" ser melhor do
que com "c" de [acordo com] Sundiata Acoli's “New Afrikan Prision Struggle”:
"Nós do Movimento Novos Afrikanos Independentes escrevemos
\"Afrikanos"\ com um \"K"\ porque as línguas Afrikanas usavam
originalmente o \"K"\ para indicar o som do \"c"\ na língua inglesa.
Nós usamos o termo \"Novo Afrikano"\ em vez de Preto, para nos
definir como um povo Afrikano que foi forçadamente transportado para
uma nova terra e lá formou uma \"Nova Nação Afrikana"\ na américa
do norte”.
Pesquise Assata Shakur Speak Forum
http://www.assatashakur.org/forum/open-forum/25968-african-vs-afrikan.html
Abaixo estão outras razões coletadas na internet do por que algumas pessoas
e organizações escolherem escrever Afrika com "K"
'Escrevendo Afrika com "K" é um uso melhor do que com "c"
porque para muitas ativistas o "K" representa um reconhecimento de
que África não é o verdadeiro nome do vasto continente. Quando
alguém fala de Afrika, elas/es estão trazendo um ponto de vista
afrocentrado.
Sendo assim, a Afrika escrita com "K" representa uma diferente
redefinição e potencialidade de Afrika, e também simboliza a volta
conjunta de uma rede mundial de povos Afrikanos.
Fique entendido que quando alguém fala de Afrika e quando a
mente branca pensa de "África", eles partem de dois pontos de vista
diferentes. Um ponto apoia a matriz (ethos) Afrikana, enquanto o outro
apoia a matriz (ethos) europeia".
Aqui está uma explicação histórica para nomear Afrika com "K":
"Porque falamos Afrika com "K": antes da chegada dos
europeus kkkolonialistas, Afrika era originalmente escrita com "K". U
continente deriva seu nome de um mano que foi imperador de um antigo
império há mais de 15 mil anos atrás. Imperador Tirus Afrik é também
responsável por colocar a bandeira vermelha, preta e verde sobre todo
continente, assim foi como o continente foi nomeado depois dele. Isso
foi até a chegada do general italiano Scipio Africanus que conquistou
Afrika para os italianos muitos séculos depois, que u "K" foi substituído
pela letra "c". Então Nossa escrita Afrika com "K" representa Nossa
consciência de Nós mesmas/os e Nosso desenvolvimento social como
pôvvo, e Nosso desejo consciente de nos unirmos novamente como um
só pôvvo, uma Nação, com um destino; com uma bandeira: vermelha,
preta e verde¡"
Lene Pantawapirom:
(http://home4.inet.tele.dk/lepan/lene/indiana/jun00.htm)
1
. Publicado originalmente em: Jornal IDE. No. 12. Sociedade Brasileira de Psicanálise – São Paulo.
Dezembro, 1986, p. 8.
2
. Nascimento, Beatriz. p.119
3
. Nascimento, Beatriz p. 119
Dessa forma, chamamos atenção para mais uma violência praticada pelos
europoides quando também impõe uma colonização linguística. Modificar a língua
de um povo é também a forma de desconstruir a sua identidade. E a alteração da
grafia, também faz parte deste processo violento. Pois, quando alteramos a grafia
de algum termo, estamos modificando a sua definição e consequentemente,
estamos alterando a forma de pensarmos sobre este. Com isso, podemos perceber
que um dos papeis no processo de colonização linguística é o de fomentar uma
descaracterização identitária, de forma a impor ideias e valores sem contestação.
E que visão de mundo encontraríamos nesta Afrika, escrita cm K? E que
unidade seria, a procurada pelos povos que negam a escrita de África com “C”?
Como muito bem nos mostra a Marimba Ani, a visão de mundo afrikana é
nitidamente diferente da visão de mundo eurocêntrica, e consequentemente,
ocidental. E como podemos perceber, além de mudar a grafia, estes, alteram
simultaneamente o sentido do “Ser” afrikano. Ou seja, o que parece ser uma
mudança sem significado, tem em si, uma série de implicações.
Uma delas é o sentido de visão de mundo verdadeiramente afrikana. Este Ser
no mundo afrikano, vai além do eu, e traz para si, uma conectividade. Uma
conectividade com a natureza, pois o conceito afrikano do universo é de totalidade
espiritual. Ela define o Ser espiritual, como sendo aquele que se compreende
conectado com as forças da natureza, onde a relação de espírito e matéria é de
conexão. Onde a realidade material é entendida como a manifestação do espírito.
E contrapondo a isso, vem a ideia europeia de visão de mundo, onde os seres
humanos se tornam indivíduos distintos e separados. Assim todo conhecimento só
é possível quando existe uma separação entre o indivíduo e a matéria, ou seja,
tiram-nos a conectividade, e criam o “objetivo ou objeto” (este não possui em si,
nem sentimento, significado e espírito). O objeto seria entendido a partir da
separação do Eu com o Universo, onde somente a razão seria capaz de entender o
Universo. Ela cita Descartes em sua célebre frase “penso, logo existo”, ou seja,
para o ocidente, só é possível conhecer através da razão.
Se aceitado a concepção brancóide, o Eu não teria nenhuma relação com o
universo. Essa separação realizada é importante para a criação do objeto, e este
objeto, pode ser controlado. Para se obter conhecimento, você precisa ser
independente. A separação do sentimento, de conexão, te deu um controle sobre o
objeto.
Em outro contraponto com a forma de conhecer eurocêntrica, ela nos traz a
concepção afrikana, onde o “conhecimento se estabelece através de uma conexão
entre o pensar e sentir”. Desta forma, se obtém o conhecimento intuitivo das coisas,
o universo estaria em nós. “Conhece a ti mesmo” é um dos princípios da filosofia
afrikana. Então, estudando e conhecendo a si, você conhece o Universo.
Escrever Afrika com K é um convite para reconhecermos o continente
afrikano como a História da Humanidade e ao centrarmos nossa existência nele
poderemos desenvolver plenamente a nossa própria humanidade. A história da
Afrika não começou com o maafa, pelo contrário, ela foi interrompida. Cabe a nós
retomarmos nosso equilíbrio afrikano continuando os trabalhos dos Pretos e
Pretas que vieram antes e que preservaram e mantiveram viva a nossa
ancestralidade.
Lélia Gonzalez nos relembra que o brasil é um país amefrikano e nós
falamos o Pretoguês. Afirmar isso é valorizar a grande herança transmitida pelos
nossos que, apesar de terem tido suas histórias interrompidas na Afrika, no brasil
diaspórico reconstruíram e ressignificaram os reinos e civilizaçãoes afrikanas.
Hoje isso é visível nas organizações Pretas como os kilombos, os cultos aos orixás,
no poder da Mulher Preta em suas comunidades e também no poder das palavras
escrita, falada e cantada, entre muitos outros elementos. Afrika é nosso centro, no
continente e na diáspora somos afrikanos.