Professional Documents
Culture Documents
1.1 Contexto. O contexto que levou a Jesus a contar esta parábola, foi quando saindo do templo profetizou a queda deste
(Mt 24.1,2); e, quando interrogado pelos discípulos acerca dos acontecimentos futuros, o Mestre lhes falou da Sua segunda
vinda a terra (Mt 24.3-44).
1.2 Objetivo. Quando contou esta parábola aos seus discípulos, Jesus tinha como propósito exortá-los a aguardar o Seu
retorno a terra em vigilância, visto que será em um dia e em uma hora em que eles não imaginam (Mt 24.36,42). Daí
porque contou uma parábola enfatizando a importância da fidelidade e da vigilância.
II – OS PERSONAGENS DA PARÁBOLA
Abaixo destacaremos algumas informações sobre os personagens desta parábola. Vejamos:
2.1 O senhor (Mt 24.45). Este senhor da parábola trata-se provavelmente de um fazendeiro ou de um grande empresário
que tinha servos a sua disposição (Mt 24.45-47). Para termos uma noção, ele pode ser comparado a Potifar, o
superintendente de Faraó, que tinha servos sob o seu domínio (Gn 39.4,5). Este senhor precisou ausentar-se um pouco de
sua casa, para uma viagem. Quanto ao dia e a hora do seu retorno são incertos (Mt 24.50; Lc 12.46).
2.2 O servo (Mt 24.42,45). Mateus usa da palavra “servo” no grego “doulos” que quer dizer: “escravo” para falar do
funcionário do senhor desta parábola. Já Lucas usa a palavra “mordomo” no grego “oikonomos” que significa: “pessoa
que administra os assuntos domésticos de uma família” (VINE, 2001, p. 447). Existe a possibilidade nesta parábola de
Jesus estar falando de apenas um servo e não de dois, pois a administração geral das posses estava nas mãos de um
funcionário especial” (VAUX, 2003, p. 155). Via de regra, havia apenas um mordomo na casa (Gn 15.2; 41.40; 45.8; 1 Rs
18.3; Lc 16.1; At 8.27). O texto diz que o senhor nomeou “um servo” para ser “mordomo” dos outros servos, que foram
chamados de “conservos” (Mt 24.49). O registro de Lucas também dá margem a essa interpretação quando diz que este
servo poderia ser “fiel e prudente” (Lc 12.42) ou infiel: “Mas, se aquele servo” uma referência hipotética ao mesmo servo
do início da parábola (Lc 12.45). Diante disto, fica mais claro no texto, a possibilidade de que a narrativa esteja falando
apenas de um servo, que poderá ter uma atitude positiva ou negativa. No entanto, a maioria dos intérpretes prefere a ideia
de se tratarem de dois servos. Sob esta perspectiva, analisaremos abaixo o comportamento de ambos. Notemos:
2.2.1 O servo fiel (Mt 24.45). É dito que, se este servo ou mordomo foi fiel e prudente no exercício da função que lhe foi
confiada até ao retorno do seu patrão. A fidelidade e a prudência são virtudes destacadas na Bíblia (Pv 12.22; 14.33; 14.35;
28.20; Mt 7.24; 25.23; 1 Co 4.2; Ef 5.15). O servo que agir assim será tido por “bem-aventurado” e, como recompensa,
receberá privilégios e responsabilidades aumentados: “Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens”
(Mt 24.47).
2.3 O servo infiel (Mt 24.48). Com a partida de seu senhor, este servo, em seu coração, imaginou que, porque o seu patrão
estava ausente e ia demorar a voltar, decidiu comportar-se de forma violenta e pecaminosa. Sua deficiência se mostrou
tanto doutrinária “o meu senhor tarde virá” (Mt 24.48-b); quanto moral, pois começou a “espancar os seus conservos, e a
comer e a beber com ébrios” (Mt 24.49). Tal atitude revela-o como um “mau servo” (Mt 24.48). Quando da volta do seu
senhor, este servo infiel será punido severamente: “e separá-lo-á, e destinará a sua parte com os hipócritas; ali haverá
pranto e ranger de dentes” (Mt 24.51).
III – EXPLICANDO A PARÁBOLA
3.1 O senhor da parábola. O senhor desta parábola é uma figura utilizada por Jesus para referir a si mesmo. A ausência
deste senhor e seu retorno repentino para seus servos (Mt 24.50), ilustra perfeitamente o retorno imprevisível de Cristo
para buscar o seu povo: “porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis” (Mt 24.44). Na linguagem
bíblica, a surpresa da volta de Cristo é ilustrada como o ataque de um ladrão (Mt 24.43,44; 1 Ts 5.2,4; 2 Pd 3.10; Ap 3.3;
16.15). O Senhor espera encontrar os seus servos aptos para recebê-lo, como consideração por Sua pessoa (Lc 21.36).
3.2 Os servos da parábola. Todos aqueles que aceitaram a Cristo como Salvador são chamados de servos (Rm 1.1; 6.22; 1
Co 7.22; 1 Pd 2.16). A estes o Senhor chamou, justificou, regenerou e santificou (1 Co 6.11). Portanto, se exige dos tais
que aguardem o Seu retorno em fidelidade e vigilância (Mt 25.21; 1 Tm 4.10). Aos que procederem impiamente ainda que
professem-no como Senhor (Mt 7.21,22), ouvirão dEle, naquele dia, a seguinte frase: “Nunca vos conheci; apartai-vos de
mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23); e serão condenados por sua rebeldia, ao castigo eterno (Mt 8.12;
13.42,50; 22.13; 25.30; Lc 13.28). No entanto, será bem-aventurado aquele que for achado fiel e vigilante: “Bem-
aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24.46). Segue o alerta para todos nós
que “se cremos em Sua vinda, devemos nos portar de acordo com o que acreditamos. Essa esperança deve governar a nossa
vida no lar e impedir-nos de viver uma vida sem moderação e sem disciplina. Se nos conscientizarmos da volta do Mestre,
e deixarmos que essa conscientização impere em todos os aspectos da nossa vida, então viveremos” (LOCKYER, 2006, p.
300).
IV – VIGILÂNCIA: A PALAVRA CHAVE DA PARÁBOLA
A palavra-chave desta parábola é “vigiar”. Maclaren (apud Beacon, 2008, p. 169) observa que: (a) A ordem de
vigiar, é reforçada pela nossa ignorância da ocasião da Sua vinda (Mt 24.42-44); (b) a imagem e a recompensa de vigiar
(Mt 24.45-47); e, (c) a imagem e a condenação do servo que não vigiou (Mt 24.48-51). O verbo “vigiar” quer dizer:
“observar com atenção; estar atento a; velar” (HOUAISS, 2001, p. 2860). No hebraico o verbo é “shamar” que significa:
“vigiar, guardar”. No grego o termo é “gregoreo” que significa literalmente “vigiar” e é encontrado em 1 Ts 5.6,10 e em
mais 21 outros lugares nos quais ocorre no Novo Testamento (por exemplo, em 1 Pe 5.8). É usado acerca de: (a) “manter-
se acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41): (b) “vigilância espiritual” (At 20.31; 1 Co 16.13; Cl 4.2; 1 Ts 5.6.10; 1 Pe 5.8; Ap
3.2.3; 16.15) (VINE, 2002, p. 323 – acréscimo nosso). A palavra “vigiar” tem conotação exortativa, visando chamar a
atenção dos ouvintes a estarem prontos para o retorno do Messias (Mt 24.42; 25.13; Mc 13.33-35; Lc 21.36; 1 Pe 4.7).
V – QUAIS AS CAUSAS DA EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA PARA A VOLTA DE JESUS
A Bíblia nos exorta a prática da vigilância por, pelo menos, três motivos. Vejamos:
5.1 A fragilidade humana. Sabendo da fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para
vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22),
todavia, ainda não estamos livres da presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso
corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54). Até este acontecimento, precisamos viver
vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm 6.11,12; 1 Co 15.34). “Quem quiser ter um discipulado
produtivo, precisa disciplinar o corpo para não ceder às paixões” (ADEYEMO, 2010, p. 1192).
5.2 A astúcia do Diabo. Além da fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[...] o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Toda tentação é
proveniente da própria natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da tentação é Satanás (Mt
4.3; Lc 4.2; 1 Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas
espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo
diante das tentações do diabo (Ap 2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis que venho sem
demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).
5.3 A vinda do Senhor será repentina. A necessidade da vigilância para o retorno de Cristo se dá também pelo fato de ser
um evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc
12.46). Infelizmente, não são poucos aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem dela
(2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria sem demora (Ap 3.11; 22.12,20). Estejamos vigilantes para não sermos
pegos de surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).
CONCLUSÃO
A vinda do Senhor é certa. Devemos, portanto, aguardá-la vigiando em todo tempo, demonstrando a nossa fé em
obediência e prudência, afastando-nos do pecado que antes praticávamos, a fim de não mancharmos as nossas vestes
espirituais. Vigiemos pois aquele dia e hora ninguém sabe.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. TOKUMBOH, Adeyemo. Comentário Bíblico Africano.
CPAD. MUNDO CRISTÃO.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
OBJETIVA. VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.
LOCKYER, John. Todas as Parábolas da Bíblia. VIDA.