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CANAIS NAVEGÁVEIS, PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO.

Conference Paper · October 2015

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Pedro José Da Silva


Instituto Mauá de Tecnologia
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9º Seminário de Transporte e Desenvolvimento
Hidroviário Interior
Manaus, 6 a 8 de Outubro de 2015

CANAIS NAVEGÁVEIS, PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE


DIMENSIONAMENTO.

Pedro José da Silva


Instituto Mauá de Tecnologia

Resumo:
A desinformação no que se refere ao dimensionamento de canais navegáveis é fato, bem como os
critérios empregados no seu dimensionamento. Algumas empresas de navegação investiram
enormes quantias no desenvolvimento de projeto de comboios para transporte de cargas,
entretanto nos períodos de estiagem, onde o rio atinge o seu leito menor, à navegação destes
comboios foi praticamente impossível, pois o dimensionamento deixou de considerar parâmetros
relevantes, e estes projetos se mostraram contraproducentes. O aumento do tamanho das
embarcações; a construção de embarcações mais rápidas, de modo a se fazer um número maior
de viagens na unidade de tempo; o aumento do número de viagens na unidade de tempo, e
consequentemente a redução dos tempos de navegação são parâmetros responsáveis pela
produtividade. Enquanto que a operação da embarcação de forma mais eficiente possível, e a
construção de embarcações “mais baratas” são parâmetros responsáveis pela redução de custo
operacional das embarcações. Entretanto o aumento da produtividade e a redução do custo
operacional dependem diretamente do dimensionamento do canal de navegação fluvial, ou seja, o
comboio deve se adequar ao rio em substituição à forma de dimensionamento onde se adequava o
rio à embarcação.

contemplem a mais de um sistema de


1 – Introdução transportes e a diversos modais, o que exige o
atendimento de muitas variáveis, a saber:
A implantação de uma matriz de sustentabilidades (técnica, econômica,
movimentação de diferentes massas financeira, jurídica, social, política e ambiental);
econômicas, no Brasil, foi equivocada, pois o domínios de estudo (econômico, sócio-cultural,
período que antecedeu o governo de Juscelino saúde, ecologia/ambiental, direito, relações
Kubitschek foi marcado pelo atendimento dos internacionais); dimensões (social, ambiental e
diferentes sistemas de transporte, onde se econômico).
percebeu o desenvolvimento destes sistemas Tem-se verificado que o sistema de
de acordo com as necessidades de cada transporte aquaviário, em especial os modais
região. Entretanto, a partir do slogan marítimo e fluvial tem merecido especial
“cinquenta anos em cinco”, presente no Plano atenção frente às características geográficas,
de Metas, do referido governo, verificou-se nacionais, pois dezessete estados totalizam
uma ruptura, não só, com alguns dos 7.367 km de costa voltada para o oceano
principais sistemas de transporte, mas atlântico, além do potencial navegável entorno
principalmente com os modais que constituem de 63.000 km, que compreende rios, lagos e
cada sistema. É sabido que um país com lagoas, distribuídos em todo território nacional,
dimensões continentais têm o seu sendo utilizados comercialmente não mais de
desenvolvimento associado a Planos que
1
22.000 km, com significativa concentração 4 – Relevância social
(em torno de 80%) na Amazônia, mais
especificamente no complexo Solimões- É incontestável a necessidade de se atribuir
Amazonas. iguais pesos a fatores tão distintos, tais como:
De acordo com Lino et al. (2008), quanto técnico, econômico, financeiro, jurídico, social,
às hidrovias, apenas 8.500 km encontram-se político e ambiental, no estudo dos sistemas de
em uso comercial regular, dos quais 5.700 km transporte, e em específico ao modal fluvial,
na região Amazônica. Diante da necessidade pois à medida que se protela a adoção de tal
de incentivar o desenvolvimento de medida, insistindo-se erroneamente em se
empreendimentos voltados para a ampliação e atribuir menor contribuição ao sistema
melhoria na navegação interior dos rios aquaviário. Esta ação influência diretamente no
brasileiros, significativas iniciativas foram desenvolvimento econômico da nação,
adotadas na última década. obtendo-se como consequência imediata o
Entretanto o cenário apresentado permite a favorecimento do esgotamento dos recursos
percepção de Planejamentos inadequados naturais, que migram de um continente para
e/ou incorretos, exigindo, assim, a correção outro, rendendo à nação um falso superávit
e/ou alterações de muitas etapas desses financeiro, que nos períodos de crise mundial
Planejamentos. Estas correções e/ou descortina a miséria social de uma nação,
alterações devem obrigatoriamente passar implementada pela adoção de políticas sociais
pelo uso economicamente viável do modal descompromissadas com o padrão e qualidade
fluvial, o que resulta no dimensionamento de de vida do seu povo.
canais navegáveis, agora identificados como
hidroviários, porém neste dimensionamento 5 – Metodologia – tipo de pesquisa
existe uma nova condição a ser atendida, qual O planejamento da pesquisa, para o
seja: as embarcações deverão se adequar ao desenvolvimento do referido trabalho,
curso de água, e as intervenções de fundamenta-se no estudo descritivo e
engenharia, ou obras hidráulicas fluviais serão correlacional, pois consiste na observação e
implantadas desde que resultem em impactos registro de eventos que se referem às
ambientais benéficos. características do curso de água, em especial
os rios, e a aplicação de critérios de
2 – Objetivo dimensionamento que permitem,
cientificamente, a verificação da adequação da
Desenvolver uma rotina de procedimentos
embarcação ao rio.
que permita identificar, ainda, no estudo
Busca-se a percepção de uma nova forma
preliminar quais os parâmetros, relevantes,
de dimensionamento que se opõe a antiga
deverão ser considerados no
forma, onde se adequava o rio à embarcação,
dimensionamento de um canal navegável,
e que até o presente trabalho, ainda não se
destinado a navegação de comboios de
desenvolveu nenhuma rotina de cálculo
carga.
direcionada ao dimensionamento de canais de
navegação fluvial, sem que ocorra a
3 – Relevância científica
necessidade de obras hidráulicas fluviais que
Somente a definição de uma estrutura alterem, principalmente, as características
composta por um sistema e um modelo geométricas do rio.
permitirá definir uma rotina padrão, que será
de fundamental importância na etapa do 6 – Parâmetros de dimensionamento –
projeto que compreende o dimensionamento, dimensões básicas da hidrovia
isto é, a determinação da forma e dimensões
do canal de navegação destinado à A determinação das dimensões básicas
navegação de comboios de carga. O sistema compreende o dimensionamento,
é formado por: entrada/informações a respeito determinação da forma, do canal de
do comboio de carga; navegação ou da hidrovia. A definição das
habilidades/processamento das informações dimensões da embarcação tipo deve
obtidas, e finalmente a resposta/saída que contemplar os parâmetros dimensionais
consiste numa solução para a questão relacionadas a seguir, a saber:
apresentada, de acordo com a moderna
técnica de navegação por empurra. Enquanto 6.1 – Largura mínima do canal
o modelo é a representação física do sistema, A moderna técnica de navegação por
isto é, o desenvolvimento de uma sequência empurra, no Brasil, recomenda que a largura
de cálculos, que envolve o uso de modelos mínima normal deverá ser igual a 2,2 vezes a
matemáticos.
2
largura total do comboio, se forem proibidos os apoio da embarcação na passagem,
cruzamentos e as ultrapassagens. Quando possibilitando aceitarem-se valores do vão
forem permitidos os cruzamentos e as livre, próximos da largura do comboio.
ultrapassagens, a largura mínima do canal No que se refere à largura dos vãos de
deverá ser igual a 4,4 vezes a largura total do pontes, em trecho retilíneo de canal as faces
comboio, ver figura 1. internas dos pilares devem ter distância
mínima correspondente à largura mínima do
canal mais uma folga de 5m, enquanto que nas
curvas cada caso particular deve ser avaliado.
A cultura nacional, pouco experiente no
assunto, e o nível pouco desenvolvido da mão-
de-obra em atividade de suporte à navegação,
leva a recomendação de sempre se prever
proteção dos pilares ou, no mínimo, a
sinalização de segurança superdimensionada
Figura 1 – Seção de um canal de navegação (Brighetti et al., 1999).
com cruzamento.
Fonte: Brighetti et al. (1999) 6.3 – Altura livre sob pontes e sob
De acordo com Brighetti et al. (1999), em interferências
casos excepcionais, quando o balizamento for A navegação por empurra obriga a cabine
bastante denso em trechos retos, de pequena de comando do empurrador a alcançar alturas
extensão, como passagem de baixios, entrada consideráveis para que se possa conseguir
de portos etc., e onde obrigatoriamente a uma visibilidade satisfatória. O uso do radar de
velocidade de navegação seja reduzida, as forma sistemática contribui para que haja o
larguras mínimas para o canal podem ser atendimento da exigência de uma altura livre
reduzidas até 1,5 vezes a largura do comboio. maior. Nos Estados Unidos se adota como
O US Army Corps of Engineers altura livre das pontes sobre o nível máximo
recomenda uma folga mínima de 40 pés navegável o valor de 15 m. A altura livre
(12,19 m) entre o limite da via e o comboio, se mínima de 7m, adotada em alguns rios
não houver cruzamento, e se houver, essa brasileiros, foi insuficiente, sendo então
folga passa a ser 20 pés (6,10 m), mais uma recomendado adotar um valor em torno de 9 a
folga mínima entre comboios em cruzamento 10 m, se for não possível adotar os 15 m,
de 50 pés (15,24 m). recomendado como conveniente para a
Em trechos retos, US Army Corps of passagem de grandes comboios de empurra.
Engineers sugere como larguras mínimas as Quando a altura não puder ser atendida,
apresentadas na tabela 1. ainda, é possível a adoção de pontes móveis,
entretanto se constitui como inconvenientes
Tabela 1 – Larguras US Army C. E. para os modais terrestres e aquaviários. Outra
Largura da Largura do canal alternativa disseminada é a cabine retrátil, ver
boca (pés/metros) figura 2, no empurrador, isto é, ela pode ser
(pés/metros) com sem rebaixada ou rebatida por ocasião da travessia,
cruzamento cruzamento passando então a ser limitação, a carga sobre
105/32 300/91,4 185/56,4 o convés (Brighetti et al.,1999).
70/21,3 230/70 150/45,7
50/15,3 190/58 130/39,6
Fonte: Brighetti et al. (1999).

6.2 – Vão livre


Em pontes novas o vão livre recomendado,
segundo Brighetti et al. (1999), depende de
estudos específicos, por exemplo: em
reservatórios da CESP – Cia. Energética do Figura 2 – Empurrador com cabine retrátil.
Estado de São Paulo – tem-se chegado à Fonte: Alfredini e Arasaki, (2014).
conclusão de que os vãos livres devem ser
maiores que os usuais, sem cruzamento, 6.4 – Profundidade mínima
talvez 3 vezes a largura do comboio tipo. É
usual, também, em estruturas pré-existentes, Na via canalizada, por barragens, as
como antigas pontes, a execução de restrições de profundidade ocorrem
estruturas-guias auxiliares que permitem o principalmente nas proximidades a jusante das
3
obras e nos acessos aos portos e locais de subida (água em contracorrente ao rumo de
transbordo (Brighetti, 1999). Quando o curso navegação), em um trecho restrito, com regime
de água apresentar o fundo em estado de potência máxima das máquinas, é da
natural, com irregularidades normais, a ordem de 4m/s, isto é, 8 nós;
profundidade mínima da hidrovia deve excepcionalmente, poderão ser vencidas
corresponder ao calado da embarcação – tipo velocidades da ordem de 5 m/s, sem auxílio
acrescido de uma folga de 0,30 m. externo, em um período curto de tempo. Para
Adota-se uma folga de 0,50m ao calado da a descida (a favor da corrente), a restrição de
embarcação tipo em canais artificiais, em velocidade prende-se aos problemas de
canais naturais com fundo rochoso, em locais dirigibilidade, sendo em geral aceitas
onde existe a probabilidade de assoreamento, velocidades de fluxo da ordem de metade das
e em seções muito restritas. velocidades acima, isto é, 2 m/s (Brighetti et al,
Este valor de folga, também, é adotado por 1999).
motivo de segurança, ou para que não haja Considerando-se condições ideais de
uma perda maior de tempo em percurso de rendimento e gasto de combustível
longo trecho, e com velocidade reduzida, minimizado, a velocidade máxima das águas,
devido ao efeito de resistência em águas em longos trechos hidroviários, deve limitar-se
rasas. Alguns pesquisadores ainda a 2 m/s.
recomendam a adoção de profundidades
iguais ou superiores a 1,00 m, para trechos 6.7 – Raios mínimos de curvatura e
com longa extensão, com velocidade reduzida sobrelargura
devido ao efeito do aumento da resistência em
águas rasas. Considerando-se comboios com sistemas
Segundo Alfredini e Arasaki (2014), a normais de lemes e possibilidades de
percepção dos ciclos hidrológicos conduz a manobras com auxílio de propulsores, os raios
dois intervalos de classe notáveis para de curvatura não deverão ser inferiores a 10
navegação: período hidrológico médio e vezes o comprimento do comboio. Em canais
período hidrológico de estiagem, tendo esse artificiais e, de um modo geral, em águas
último à probabilidade de ocorrência fixada em restritas lateralmente e locais com velocidades
10%. reduzidas, os raios de curvatura poderão ser
inferiores a 10 vezes o comprimento do
6.5 – Área mínima da seção transversal comboio, desde que seja conservada em toda
Segundo experiência europeia, a área a curva uma sobrelargura mínima igual ao
molhada da seção transversal da via fluvial quadrado do comprimento do comboio (L),
deve ultrapassar 6 vezes a área da seção dividido pelo dobro do raio de curvatura, isto é:
mestra molhada da embarcação – tipo ou do L2
S (1)
comboio em trânsito. No caso de cruzamento 2R
ou ultrapassagens, muito frequentes, o ideal
seria que a área da seção mestra molhada Neste cenário, a velocidade de cruzeiro do
fosse 10 vezes superior à área da trecho retilíneo deve ser reduzida, segundo
embarcação – tipo ou comboio, ver figura 3. Alfredini e Arasaki (2014), em:

12,5% para R = 7L; (2)


25,0% para R = 6L; (3)
37,4% para R = 5L; (4)
50,0% para R = 4L. (5)
Figura 3 – Canal trapezoidal com taludes
laterais de inclnação variável de 1H:3V até A sobrelargura deve ser entendida como o
3H:1V, em função do tipo de solo. aumento necessário da via, para que a
Fonte: Brighetti et al. (1999) embarcação efetue o seu posicionamento
oblíquo em relação à rota para poder
6.6 – Velocidade máxima das águas descrever a curva, ver figura 4. Deve-se, ainda,
considerar em torno de 20º um ângulo de
Tomando-se como referência uma carregamento do leme máximo recomendável,
velocidade de cruzeiro da ordem de 12 a 14 que em curvas e más passagens exige os
km/h para as embarcações em água parada, raios mínimos de curvatura acima
conclui-se que a velocidade máxima das recomendados (Alfredini e Arasaki, 2014).
águas que as embarcações podem vencer na
4
de transposição de nível em novos projetos
hidrelétricos; b) reconhecimento, como serviço
público, da operação de eclusas e outros
dispositivos de transposição de níveis em
hidrovias.
Segundo Alfredini e Arasaki (2014), para a
regulamentação do modal hidroviário, o Plano
Nacional de Vias Navegáveis Interiores –
PNVNI/1989 dividiu as hidrovias em classes,
de acordo com o seu potencial de transporte,
especificando tipos de embarcações e
gabaritos para a navegação, conforme
apresentado nas Tabelas 2 e 3.
Figura 4 – Planimetria de traçados – tipo para
Tabela 2 – Classificação dos rios para
canais hidroviários em trechos curvilíneos.
navegação, no Brasil.
Fonte: Alfredini e Arasaki, (2014).
Classe Características Profs. (m)
7 – Gabaritos propostos pelo Ministério
dos Transportes 75%do 25%do
De acordo com Brighetti et al. (1999) para tempo tempo
que um curso de água seja considerado I/Especial Para rios onde
como uma hidrovia interior, significa que existe a navegação
intenção, ou deliberação de mantê-lo ou dotá- - -
marítima tenha
lo de condições atuais ou futuras que acesso
possibilitem o seu uso como hidrovia. Isso
significa integração à infraestrutura de II Para rios de
transportes interiores adotada, isto é, perfeita grande
interligação com os outros modais, ou seja, potencial de
ferroviário, rodoviário ou dutoviário. navegação >2,50 2,00 -
Portanto, uma via navegável interior torna- 1,50
Comboio –
se hidrovia, pelo menos em intenção, tipo 32m de
mediante ato declaratório do Poder Público. boca
O Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), de 2007, previu a III Para rios de
realização de dragagens, derrocagens, potencial
sinalizações, estudos hidroviários e a médio de
construção de terminais de carga e transporte >2,00 1,50 –
passageiros. 1,20
Comboio –
As Diretrizes da Política Nacional de tipo 16 m de
Transporte Hidroviário foram publicadas em boca
2010, pela Secretária de Política Nacional de
Transporte (SPNT), do Ministério de IV Rios de menor
Transportes. potencial
o
A Lei n 12.379, foi publicada em 2011,
Embarcações
dispõe sobre o Sistema Nacional de Viação. >1,50 1,20 –
de 11 m de
Em 2013, a Agência Nacional de 0,80
boca
Transporte Aquaviários (Antaq) idealizou o
Plano Nacional de Integração Hidroviária V “Reduzido”
(PNH), visando o desenvolvimento de estudos para rios
sobre hidrovias e áreas propicias para interrompidos,
instalações de terminais hidroviários que se ou onde a - -
conectem aos demais modais de transporte navegação
do país. tenha
o
O Projeto de Lei do Senado n 209/2007 possibilidade
(PLS 209), apresentado pelo senador Eliseu remota.
Resende, ex-ministro da Fazenda do
Presidente Itamar Franco , que previa, a Fonte: Alfredini e Arasaki (2014).
saber: a) obrigatoriedade da construção
simultânea de eclusas ou outros mecanismos

5
Tabela 3 – Gabaritos horizontal e vertical 8 – Dimensionamento de um canal
propostos no PNVNI/1989 (em metros). hidroviário – Rotina de cálculo
Classe Tirante Calado Vão livre O desenvolvimento do dimensionamento de
(1) (2)
de Ar definido horizontal um canal hidroviário tem por objetivo identificar
ou Luz (Largura e definir quais os principais parâmetros
de canal) considerados relevantes no desempenho de
uma rotina de cálculo. O referido
I (3) - (4)
dimensionamento constitui-se num Estudo de
1 vão de Caso para um rio que deve se encontrar
128 m, enquadrado no PNVNI/1989, portanto a
ou 4B formulação do estudo fundamenta-se em
II 15,0 4,50 dados coletados, de modo a verificar se a
2 vãos de embarcação proposta pode navegar no
36 m, ou referido curso de água.
2,2B
1 vão de 8.1 – Rotina de cálculo
64 m, ou Neste trabalho se entenderá por rotina de
4B cálculo a definição de um caminho a partir da
III 10,0 3,50 identificação não só de parâmetros, mas
2 vão de
36 m ou também da interdependência, ver fluxograma
2,2B 1, entre eles, resultando, então, na aplicação
lógica de modelos matemáticos (equações)
1 vão de que conduzem a obtenção de limites e/ou
44 m,ou valores numéricos aplicados no
4B dimensionamento de canais hidroviários.
IV 7,0 2,50 Os principais parâmetros identificados são,
2 vãos de
25 m 08 a saber:
2,2B
a) Embarcação – tipo;
V - - Sem
definição b) Largura mínima do canal;

(1) Referência – rio em estado natural – c) Vão livre;


Corresponde à enchente com período de
recorrência de 10 anos (TR = 10 anos); d) Altura livre sob pontes e sob
(2) Calado definitivo quando a hidrovia estiver interferências;
canalizada;
(3) Em função da maior do mastro da e) Profundidade Mínima;
embarcação marítima;
(4) Em função das embarcações marítimas. f) Área mínima da seção transversal;

Fonte: Fonte: Alfredini e Arasaki (2014). g) Velocidade máxima das águas;

No encerramento desta seção, é h) Raios mínimos de curvatura e


importante destacar a publicação, recente, da sobrelargura.
o
Lei n 13.081/2015 que prevê a construção de
barragens para a geração de energia elétrica
em vias navegáveis ou potencialmente
navegáveis, “deve ocorrer de forma
concomitante com a construção, total ou
parcial, de eclusas ou de outros dispositivos
de transposição de níveis previstos em
regulamentação estabelecidas pelo Poder
Executivo do ente da Federação detentor do
domínio do corpo de água”, devendo constar
de editais a referida previsão (Bueno e
Gueorguiev, 2015).

6
Figura 5 – Configuração do comboio de
empurra.

b) Dimensões do Comboio de Empurra


Dimensões (m)
Embarcação Comprimento Boca Calado

Empurrador 28,00 10,8 2,00


Chatas 64,00 10,8 2,70

c) Os comboios se cruzam em qualquer ponto


do canal;
d) Fundo rochoso;
e) Talude equilíbrio estável
h 2 (6)
t  t 
v 3
Fluxograma 1 - Rotina de cálculo para f) Rugosidade do canal escavado (= 0,035;
determinação das dimensões do canal de
navegação. g) Embarcação subindo o canal de navegação;
Fonte: Arquivo do autor (2015). h) Utilizar a Equação de Manning, pois se
considera que as variáveis dependentes
8.2 – Formulação de Modelo Físico: permanecem invariáveis no decorrer do tempo.
Aplicação Numérica
i) Declividade do canal (i)
Desenvolver uma rotina de
2m (7)
dimensionamento de um canal hidroviário a i  t  2 0 00
partir dos dados fornecidos abaixo, a saber: 1000m

a) Tipo de Embarcação: 8.2.1. Modelo Físico - Rotina de Cálculo


 Comboio de Empurra: Formado 1. Determinação do tirante (y)
por um bloco de 16 chatas.
y = calado + folga (8)
 Configuração do Comboio: * Adotar o maior valor de calado entre
R4x4x4x4 (ver figura 5). empurrador e chata;
* Folga – fundo rochoso = 0,50 m
y = 2,70 + 0,50 = 3,20 m (9)

2. Largura do canal (b) – Critério Europeu

7
* Permitido cruzamento entre comboios; bmaior  bmenor
* b c = boca do comboio = largura total do
A  m xY
(16)
2
comboio.
(b  2 x 2,13)  b
b = 4,4 x b c. (10) 1296  x3,20
2
b = 4,4 x (4 x 10,8) (11)
1296 x 2
b = 190,08 m (12)   2b  4,26
3,20
 b  402,87m
3. Área mínima da seção transversal =
área molhada da seção transversal da * Conferindo os valores:
via fluvial = A m

Linha de água
3,20 h

y 3
=3, 2,13 402,87 2,13
20 2
m Un. [metros]
x b x

h  2,132  3,20 2
3 2 (17)
 h  4,54  10,24
3,20 x
 h  3,84m
6,40
x   x  2,13m
3 (402,87  2 x 2,13)  402,87
A m
 x3,20 (18)
b = 190,08 m 2
b m = b maior = 190,08 + (2 x 2,13) (13) A m  1296m 2
b m = 194,34 m 4. Determinação da Vazão Mínima, de
modo a permitir a navegação do
194,34  190,08
A m
 x3.20 (14)
comboio:
2
 Am  615,07m 2 * Perímetro molhado = P m

* Verificação – Critério Europeu P m = 3,84 + 402,87 + 3,84 (19)

Am P m = 410,55 m
 10  ondeAe  1,5 xbc x 2
Ae
(15) * Raio Hidráulico = R H
 Ae  1,5 x(10,8 x 4) x 2
 Ae  129,60m 2 Am
R  H
Pm (20)
 Am  10 x129,6  Am  1296m 2
1296
Adotado: A m = 1296 m
2
 RH   3,16m
410,55
* Observação: Mantendo-se o valor de
y = 3,20 m, isto é, 3,20 m corresponde ao 5. Vazão mínima do canal
menor valor de tirante para que ocorra a
navegação, e para este valor calcula-se o
valor de b a partir da Área mínima da seção
2
transversal, igual a 1296 m , portanto:

8
2/3
AxRH x i critério do US Arny C.E, no que se refere às
Q verificações, de modo a não se atender
 somente a viabilidade técnica, mas também ao
(21) maior número de outras viabilidades.
1296 x3,16 2 / 3 x 0,002
Q  * Verificação – Critério US Army C. E.
0,035
1296 x 2,17 x0,045
Q  a a
0,035
bc bc
 Q  3616m 3 / s

6. Velocidade d´água

Q  AxV f
 3616  1296 xV
(22)
V  3616 b
1296
Onde:
V  2,80m / s

a = folga mínima entre o limite da via e o


* Velocidade para navegar comboio = 20 pés (6,10 m);
b c = boca do comboio = largura total do
comboio = (4 x 10,8) = 43,20 m;
f = folga mínima entre comboios em
Rio cruzamento = 50 pés (15,24 m).

Portanto a largura mínima do canal é igual a:


b = 6,10 + 43,20 +15,24 + 43,20 + 6,10
V máx. = 4 m/s b = 113,84 m

Embarcação 9. Modelo Físico: Análise dos resultados

Os gabaritos horizontal e vertical propostos


no PNVNI/1989 não fazem referência sobre a
área mínima da seção transversal. Conforme a
7. Raio mínimo de curvatura (R c) rotina de cálculo obteve-se pelo PNVNI/1989
um valor de largura mínima do canal igual a
190,08 m e, pelo Critério do US Army C. E.
Raio mínimo nas curvas  10 x LC (23) obteve-se um valor de largura mínima do canal
igual a 113,84 m. Entretanto o Critério Europeu
Onde L c = comprimento da embarcação ou faz referência a área mínima da seção
comboio. transversal, obtendo-se um valor de largura
mínima do canal igual a 402,87 m, bem
superior aos valores obtidos pelo PNVNI/1989
L c = 28 + 4 x 64 = 284 m (24) e ao Critério do US Army C. E.

Raio mínimo nas curvas  10 x 284 (25)


9.1. Considerações –
Raio mínimo nas curvas  2840 m
1. Entre os valores apresentados em cada um
dos critérios e/ou verificações e, frente as
* Observação - No dimensionamento de um
viabilidades a serem atendidas, a largura
canal de navegação é boa prática fazer um
mínima ser adotada é b = 402,87 m.
comparativo entre o critério Europeu e o
9
2. Verificando-se a partir dos valores obtidos, 2. ALFREDINI, P.; ARASAKI, E. Engenharia
é possível afirmar que o rio pode de receber o Portuária. São Paulo: Blucher, 2014. 1307 p.
comboio, com a configuração R4x4x4x4, é
3. BRIGHETTI, G., et. al. Águas doces no
Classe I/Especial, devido à dimensão da boca
do comboio (43,20 m); Brasil: capital ecológico, uso e
conservação. REBOUÇAS, A. C.; BRAGA
JR., B. P. F.; TUNDISI, J. G. (organização e
3. Tomando-se simultaneamente o calado da coordenação). São Paulo: Escrituras Editora,
embarcação e a largura do canal, verifica-se 1999. 717 p.
que o atendimento aos Gabaritos horizontal e
4. BUENO, J. C., GUEORGUIEV, M. C.
vertical propostos no PNVNI/1989 ocorre na
Transporte hidroviário – a expansão da
Classe I;
malha hidroviária por meio da construção
de eclusas em hidrelétricas. Infraestrutura
4. Caso se desconsidere o atendimento a Área urbana. São Paulo, n. 47, ano 5, p. 52 - 53,
mínima da seção transversal, verifica-se que março/abril 2015.
ao se tomar simultaneamente o calado da
5. LINO, G. L., et al. A hora das hidrovias –
embarcação e a largura do canal, o
estradas para o futuro do Brasil. Rio de
atendimento aos Gabaritos horizontal e
Janeiro: Capax Dei, 2008. 152 p.
vertical propostos no PNVNI/1989 ocorre na
Classe II. Entretanto ao se acrescentar a
dimensão da boca do comboio constata-se
que o rio capaz de receber o comboio é
Classe I.

10 – Conclusão
Verifica-se no corpo desse trabalho que o
desenvolvimento de uma estrutura foi
atendido, sendo ela composta por um sistema,
que apresenta as seguintes partes, a saber:
entrada/coleta de dados/informações sobre
Hidrovias, processamento de informações que
corresponde à seleção de dados/informações
que conduzem ao dimensionamento de um
canal hidroviário, a partir de uma rotina de
cálculo, permitindo a hidrovia alcançar altos
valores de movimentação de carga, e uma
saída/resposta que em síntese pode ser
resumida na definição de uma rotina de
procedimentos que identifica os parâmetros,
relevantes, a serem considerados no
dimensionamento de um canal hidroviário.
É importante ressaltar, também, que a
condição de canal hidroviário não é apenas
fornecer infraestrutura à navegação de
embarcações – tipo (comboios), mas também
permitir a percepção da relevância de uma
hidrovia para a nação, pois o impacto na
economia é imediato, pensando que hoje a
sétima economia do planeta perde bilhões de
dólares por ano, por conta de gargalos no
transporte.

11 – Referências Bibliográficas

1. ALFREDINI, P. Obras e gestão de portos


e costas: a técnica aliada ao enfoque
logístico e ambiental. São Paulo: Blucher,
2005.688 p.
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