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22/08/2018
| Autor:
Carlos São Paulo
Podemos dizer que nos sentimos escravos daqueles sobre quem projetamos o
poder. Em uma análise simbólica, a “corrente” nos remete à idéia de prisão.
Para sairmos desse aprisionamento, necessitamos do Outro, mas precisamos
também reconhecer nossas próprias potencialidades. Enquanto não abrirmos
mão dessa “corrente”, continuaremos invejando o Outro, projetando nele
nossas próprias possibilidades e esperando que ele desempenhe os potenciais
que ainda não integramos em nós mesmos.
Nosso destino quer se expressar, e o universo, por sua vez, traz os objetos e
situações externas para um encontro que se propõe a fazer nossa consciência
crescer e perceber partes não vividas até então. Agora, portanto, em contato
com o nosso lado escuro, libertamos o potencial oculto de nossa natureza. É o
confronto real com a sombra. Sombra, Jung a definiu como “a coisa que uma
pessoa não tem o desejo de ser” (CW 16, par.470). O ego está, nesse
momento, mais preparado para ver os aspectos umbrosos da personalidade. O
resultado desse confronto é imprevisível, é arquetípico. A única certeza é a de
que ambas as partes serão transformadas.
O ego necessita agora viver a perda, abrir mão de alguns aspectos e integrar
outros para, então, transcender esse estágio. Não será possível avançar na
sua trajetória sem perder muitos membros. Isto é, algumas partes do ego
precisam morrer para dar lugar a outras, mais criativas.
O que a capoeira vem nos mostrar é que a vida é tudo isso: uma dança, um
jogo, uma luta, um ritual, um processo em permanente mudança, um
movimento.
Bibliografia