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6.1 – Generalidades
A partícula que é arrancada do leito pelas forças da turbulência, não terá uma
trajetória determinada Tb (figura 6.1). Sua trajetória estará à mercê das forças de
turbulência, de natureza randômica, e portanto, a partícula se movimentará numa trajetória
probabilística Ts (figura 6.1).
- Fórmula de Du Boys
A primeira fórmula de transporte sólido de fundo foi proposta em 1879 por Du
Boys, que imaginou o escoamento do material de fundo em camadas (figura 6.3), com a
velocidade máxima à superfície, decrescendo linearmente com a profundidade. Desta
forma, a vazão sólida específica seria:
qs = γs N . ∆h (N-1) ∆V/2 (6.1)
onde:
N – número de camadas.
∆V – variação da velocidade por camadas.
τ0
N=
τ ocr
Portanto a equação 6.1 fica na forma:
γ ∆h∆V
qs = s 2 ⋅ (τ 0 − τ 0 cr )τ 0 (6.4)
2τ ocr
-Fórmulas empíricas gerais
Apesar do modelo proposto por Du Boys ser incorreto, existem inúmeras fórmulas
de natureza empírica, que apresentam muita semelhança com a expressão 6.4. a restrição
que é feita a fórmulas deste tipo, é que não consideram o efeito da rugosidade de forma.
Na tabela 6.1, são apresentadas algumas fórmulas empíricas. Os coeficientes a e b
das fórmulas representam coeficientes empíricos.
-Fórmulas de Meyer-Peter e Muller
A equação 6.10, pode ser reescrita numa forma mais conveniente, figura 6.5:
3
2
ns 2
τ * = 0,047 + 0,25φ 3 (6.11)
n
onde:
qsb
φ= (6.12)
γs − γ 3
γs ⋅ g ⋅ da
γ
3
ou φ = 8(τ '* −0,047 ) 2 (6.13)
3
ns 2
onde τ '* = τ * (6.14)
n
3
R' ns 2
e = (6.15)
R n
γR' J
τ '* = (6.16)
(γs − γ )d
- Método de Rottner
Rottner (1959) apresentou uma relação gráfica (figura 6.6) de quatro adimensionais.
qsb h u J
; ; ; (6.27)
γ −γ dγ s −γ γ s −γ
γs s ⋅ gh 3 ⋅ gh
γ γ γ
baseado em dados de 2500 observações em canais de laboratório.
Os adimensionais podem ser reescritos na forma:
qsb −3
= φ ⋅ h* 2 (6.28)
γ
γ s s gh 3
γ
h
= h* (6.29)
d
1
u τ 2
= c ⋅ * (6.30)
γ s −γ h*
⋅ gh
γ
J τ
= * (6.31)
γ s −γ h*
γ
Assim, o conjunto de adimensionais passa a ser:
1
−3 τ 2 τ
φ ⋅ h* 2 ; h* ; c ⋅ * ; * (6.32)
h* h*
A relação da figura 6.6, através de uma manipulação dos adimensionais, pode ser
expressa em função de:
φ; τ*; h*; c (figura 6.7) (6.33)
Modelo físico
O modelo físico idealizado por Einstein, para explicar o fenômeno, consiste em que
o transporte sólido resulte da intensa troca entre as partículas que estão em movimento e as
que estão em repouso. O equilíbrio destas trocas implica em que as quantidades de
partículas retiradas e depositadas, por unidade de tempo e área, devam ser iguais.
Deposição
Cada partícula com um dado diâmetro d, percorre uma distância Ald. Seja uma
superfície retangular de largura unitária e comprimento Ald, então o número de partículas
que se depositam nesta superfície, por unidade de tempo e área é:
is ⋅ qsb is ⋅ qsb
nT = = (6.36)
Al ⋅ di ⋅ γ s k 2 d 3
Al ⋅ γ s ⋅ k 2 ⋅ di 4
onde:
is qsb – é o transporte sólido em peso, da fração is do material transportado, que tem
diâmetro di, por unidade de tempo.
γsk2di3- peso seco de uma partícula de diâmetro di. (k2 – coeficiente de forma do volume)
Remoção
O número de partículas por unidade da área do leito, para uma fração ib do material
do leito com granulometria di, é dado por:
ib
NB = (6.37)
kldi 2
onde:
k1 é um coeficiente de forma de superfície.
Seja p a probabilidade de remoção de uma partícula do leito, então o número de
partículas que são removidas do leito, por unidade de área e tempo é:
p ⋅ ib
nB = (6.38)
k1 di 2 te
onde:
te é o tempo consumido para uma troca total na superfície AL. D. 1, entre o material em
repouso e o transportado.
d
te ~ (6.39)
w0
ou
di ⋅ γ
te = k 3 (6.40)
g (γ s − γ )
Equilíbrio
q sbis ib p g (γ S − γ )
= (6.41)
AL k 2γ S di 4
k1 k 3 di 2 di γ
Probabilidade de remoção
kk 1 qs γ 1
A*42φ 42 = 1 3
k 2 λb F1 (γ s − γ ) γ s − γ gdi
3 (6.49)
onde:
2 36µ 2 36 µ 2
F1 = + − (6.50)
3 3 γs gd 3 γ s
gd
γ γ
que representa o coeficiente da equação de Rubey (1933), para a determinação da
velocidade de queda da partícula (3.10).
Ainda nesta ocasião Einstein não discretizava a dimensão da partícula, sugerindo
para os casos de misturas, que fosse utilizada como dimensão característica um diâmetro de
peneiramento situado entre d35 e d45.
G = k 2γ s' d 3 (6.53)
ub – velocidade nas proximidades do leito, que em se tratando de regime viscoso:
ub ≅ 11,6 v* ≅ 11,6 gR' J (6.54)
A função 6.51 pode ser reescrita na forma:
p = f ( B*42ψ 42 ) (6.55)
onde:
2 k2 1
B*42 = (6.56)
135 k1 C L
B*42 é admitido constante, porém deve-se observar que CL é variável com Re* = v*d/ν no
regime laminar.
1 (γ − γ )d
ψ 42 = ' = s (6.57)
τ* γR' H J
Na expressão 6.57, percebe-se a subdivisão da tensão de cizalhamento proposta por
H. Einstein, onde ele considera a parcela τ 0 ' = γ R' J , correspondente ao grão, como a
componente que efetivamente contribui para o transporte sólido.
Para o caso particular, em que a probabilidade p é pequena (∅42 < 0,4), a equação
6.48 simplifica-se a:
p = A*42φ 42 = f ( B*42ψ 42 ) (6.58)
42 42
As constantes A* e B* , foram determinadas empiricamente, e a função 6.57 foi
ajustada aos dados de Gilbert (1914) e Meyer-Peter(1934), figura 6.10, resultando na
equação:
φ
0,465 = e −0,391ψ (6.59)
F1
Nos regimes de transporte sólido intenso (∅42>0,4), a equação 6.58 desvia-se
consideravelmente dos dados. Este fato é de se esperar, uma vez que nessas condições a
hipótese da equação 6.58 não é mais válida. Para estes casos a equação completa 6.48 deve
ser utilizada, resultando na curva 2 da figura 6.9. O desvio da curva em relação aos dados
observados é explicado pelo fato de que nestes estão incluídas parcelas de material em
suspensão.
Posteriormente Brown (1950) revisando estes dados, sugeriu um ajuste da curva,
1
válida para = τ * > 0,09 , através da expressão:
ψ
3
1
φ = 40 (6.60)
ψ
onde:
τ0
τ* = (6.61)
(γ s − γ )d
1 2
F= C L .ρ .k1 d1 ub 2 (6.52)
2
CL = 0,178 (obtido experimentalmente)
β2
ψ * = ψ 2 ⋅ ξ ⋅ θ (6.75)
βx
em que β = log 10,6.
1 B*ψ *− 1
∫
2
p=1- n0
− B*ψ *− 1
e −t dt (6.78)
π n0
O cálculo do transporte sólido, como foi visto, é feito individualmente para cada
faixa granulométrica (is/ib) da mistura, e totalizado com a soma destes cálculos parciais. Se
o sedimento do leito não tiver uma granulometria muito variada, então o cálculo poderá ser
feito, utilizando-se o diâmetro d35 como dimensão característica.
Método de Kalinske
onde:
P1
- é o número d grãos por unidade de área.
π .d / 4
2
qs 2 U
= P1 S (6.85)
u d (γ s − γ ) 3 um
u
ou utilizando uma das propriedades da lei de distribuição de velocidades, = 11,0 , então:
v*
qs γs φ U
= . = 2,57 s (6.86)
v* (γ s − γ )d (γ s − γ ) τ * um
ou
(γ s − γ ) Us
φ = 2,57 .τ * . (6.87)
γs um
qs = vy’ . C dx . dz (6.90)
τ h− y
= (6.105)
τ0 h
obtém-se:
τ0 y
Es = β 3 χ . (h − y ) (6.106)
ρ h
Substituindo a equação 6.106 em 6.98, tem-se:
dc wo h
=− dy (6.107)
c β 3 χv* y (h − y )
Integrando a equação 6.107 obtém-se:
z
C h− y a
= . (6.108)
Ca y h − a
onde:
wo
z= (6.109)
χv*
admitindo β 3 = 1.0
A equação 6.108, foi desenvolvida por H. Rouse (1965) e por esta razão recebeu sua
denominação. É comum também encontrar na literatura, o expoente z da equação 6.109,
referindo como o número de Rouse. A figura 6.18 é um gr´fico da equação 6.108,
preparada por Rouse, para diversos valores de z.
A verificação experimental da equação 6.108, foi feita por diversos pesquisadores,
sempre apresentando resultados satisfatórios. A título de exemplo, a figura 6.19 representa
dados de medições no rio Missouri (E.U.A.) e resultados de experimentos em laboratório
obtidos por V. Vanoni (1953). Percebe-se claramente o ajuste das curvas teóricas com os
dados experimentais. Os valores dos expoentes z foram obtidos indiretamente, a partir das
curvas que melhor se ajustaram aos pontos.
Existem ainda outras abordagens para a determinação da distribuição da
concentração, como as apresentadas por Bagnold (1966), Velikanov (1954), Einstein e
Chien (1954), Tanaka e Fugimoto (1958) e outros, mas que dispensam maiores
comentários, uma vez que estes métodos não representam um avanço significativo em
relação à equação 6.108.
h
qss = ∫
yo
Cudy (6.110)
ou
z
h h − y a v* ' ln 30.2 y.x
qss = ∫ Ca . dy (6.111)
a
y h−a χ d 65
o limite inferior “a” adotado por Einstein, corresponde a dois diâmetros do sedimento
(a=2d). A velocidade de atrito, refere-se ao grão (v*’), para considerar o efeito da
deformação do leito.
Desenvolvendo a integral 6.111, chega-se a:
v' η
z 1 1 − n z 30, 2 .h. x
1
1 − ny
z
. ln ny ⋅ dn y + ln dn y
na∫ n y d 65 na∫ n y
qss = Ca ⋅ * ⋅ h ⋅ a
y
(6.112)
χ 1 − ηa
a y
onde na = e ny =
h h
Fazendo-se a transformação:
z
nai z −1 1 − ny
1
I1 (nai; Zi) = 0,216
(1 − nai ) z ∫na ny .dny (6.113)
z
nai z −1 1 − ny
1
z ∫
I2 (nai; Zi) = 0,216 ln ny.dny (6.114)
(1 − nai ) na ny
30,2.R.x
Pr = ln (6.115)
d 65
A expressão 6.112 toma a forma:
4,64.v* '
is qss = .Cai.ai [Pr I1 (nai , Z i ) + I 2 (nai , Z i )] (6.116)
χ
Nas expressões 6.113 a 6.118, é feita a discretização da distribuição granulométrica,
ai = 2dsi, proposta por Einstein, e a profundidade h é substituída pelo raio hidráulico R.
Considerando que a vazão sólida de fundo pode ser representada por:
4,64 ⋅ v* '
ib qb = Cai ai (6.117)
χ
a expressão 6.116 toma a forma final:
As integrais I1 (nai, Zi) e I2 (nai,Zi), são obtidas graficamente através das figuras
6.20 e 6.21.
6.4 – Transporte Sólido Total
Métodos Macroscópicos:
Métodos Microscópicos:
Neste grupo estão as metodologias que fazem a subdivisão do transporte sólido total
em transporte de fundo e transporte em suspensão. Como se sabe, os mecanismos nestas
duas modalidades são totalmente distintos, de forma que os equacionamentos são diferentes
par cada uma das modalidades. São exemplos desta categoria os métodos de Einstein
(1950), Colby et alli (1955), Toffaleti(1969).
τo'
Para testar o grau de importância do parâmetro , Laursen relacionou Cm com
τ cr
τ o '
( τ cr
- 1) e obteve uma variação praticamente linear. Por razão intuitiva,
acrescentou à relação de parâmetros o adimensional (d/h)7/6, obtido da equação de Strickler.
A relação final a que chegou foi:
Cm
= f ( v* / woi ) (6.120)
7 / 6 τ o '
∑ pi(di / h) τ cr − 1
representada pela função da figura 6.22, válida para diâmetros entre 0,11 mm e 4.08 mm. O
autor ainda sugere, para que se tenha maior acuracidade nos cálculos, que estes sejam feitos
com o fracionamento da composição granulométrica, conforme está indicado na equação
6.120.
qst
φT = (6.122)
γs −γ
γs gd 3
(γ s − γ )d 35
ψ '= (6.123)
γR' J
onde qst representa a vazão sólida total por unidade de comprimento.
As figuras 6.25 e 6.28, apresentam as curvas ajustadas aos resultados dos
experimentos, para cada granulometria. As linhas cheias representam as curvas ajustadas
visualmente, e as linhas tracejadas representam a adequação dos parâmetros A* e B*.
As curvas ajustadas visualmente, apresentam o mesmo tipo de conformação, como
pode ser visto na figura 6.29, distinguindo-se três regiões distintas correspondentes aos
regimes inferior (parte inferior da curva), de transição (região de inflexão) e superior (parte
superior da curva). A curva de Einstein, com o ajuste de A* e B* adere bem aos dados na
região correspondente ao regime inferior, desviando-se bastante na região de transição.
Esta metodologia foi testada para oito rios dos E.U.A., apresentando resultados um
pouco melhores em relação ao método de Einstein. A grande vantagem na aplicação deste
método reside na sua simplicidade de aplicação.
A aplicação deste método pode ser feita fazendo-se uso da figura 6.30, e da curva
correspondente à granulometria obtida através de interpolação gráfica. Outra forma de
aplicação pode ser feita, utilizando-se a equação 6.80, de Einstein, com os valores de A* e
B* obtidos através da figura 6.30, desde que o escoamento esteja em regime inferior.
Método de Graf et alli (1968)
Esta metodologia foi desenvolvida por Graf et alli, para calcular o transporte sólido
total, tanto em escoamentos livres como em condutos forçados. As hipóteses assumidas são
as seguintes:
a) leito plano e estacionário;
b) granulometria uniforme;
c) seção transversal constante;
d) utiliza o critério de condição crítica de início de movimento;
foi relacionado com a potência do escoamento disponível para o transporte sólido, ou seja,
com o excesso de tensão acima da crítica, expressa por:
N = τ o ⋅ um ⋅ Γ4 (ψ ) (6.131)
onde a função Γ4 (ψ ) foi adotada intuitivamente pelos autores, para representar a parcela
responsável pelo transporte sólido.
Por uma questão de coerência de notação o transporte sólido total foi multiplicado
pelo fator um/wo, para transformar o resultado em termos de potência, de onde se obtém:
um
qst = τ 0 .um.Γ4 (ψ ) (6.132)
wo
ou
qst = τ 0 .wo.Γ4 (ψ ) (6.133)
O recente trabalho apresentado por Garde e Raju em 1981, representa uma evolução
do método proposto por Vital, Garde e Raju (1973). Neste último, após uma análise de uma
grande quantidade de dados de diversas fontes, os autores verificaram que nos escoamentos
em regime plano, com concentrações baixas, há uma relação bem definida entre os
adimensionais φT e ψ’ (equações 6.122 e 6.123), figura 6.31.
Nos casos em que o leito é ondulado, com transporte em suspensão, a tensão de
cizalhamento efetiva τoe, responsável pelo transporte sólido, é definida como:
τoe = (τo’ + τo’’) (6.141)
(ver capítulo IV, 4.1).
O parâmetro τ*e, definido como:
τ oe
τ *e = (6.142)
(γ s − γ )d
é determinado neste método através de uma relação empírico-experimental, tomando-se
como variável o parâmetro τ*’, figura 6.32. O transporte sólido total para o rgime de rugas
e dunas é calculado através da curva experimental φT = Γ(τ*e), figura 6.33.
Verificações posteriores demonstraram que a acuracidade do método é bastante
afetada por erros na determinação de τ*e, decorrente de uma falha conceitual. Ao contrário
dos casos em que o transporte de material em suspensão é discreto, e portanto τ*e≅τ*’,
quando a concentração de material em suspensão é elevada, pode-se esperar uma
dependência de τ*e/τ*’ com u*/wo, e a relação apresentada na figura 6.32 torna-se
insuficiente.
A partir da análise dimensional pode-se escrever a relação:
τoe=Γ(ρ, µ, γ, γs, τo, um) (6.143)
que pode ser simplificada, resultando:
τoe=Γ(ρ, wo, τo, τo’) (6.144)
ou na forma adimensionalizada
τ oe τ ' v
= Γ o , * (6.145)
τo' τ o w0
Plotando os parâmetros τ*’/τ* e v*/wo contra τ*e/τ*’, com dados provenientes de
diversas fontes, os autores puderam verificar as tendências da relação 6.145, figura 6.34, de
que resultou a seguinte expressão:
−m
τ oe τ 0 '
= (6.146)
τ o ' τ 0
3
τ ' −m
φT = 60τ * '. o (6.150)
τ o
−m
τ '
válida para 0,05 ≤ τ * '. o ≤1,0.
τo
qs h (τ '−τ )
f = α ⋅ 0 ocr v* ⋅ d (6.155)
γ s fl (γ s − γ )d
ou
fφ = α (τ * '−0,06) τ * (6.156)
pois através do gráfico de Shields, segundo Rouse, τ*cr=0,06, para os casos em que o
regime é turbulento rugoso. No capítulo 4, foi visto que:
λh
λf = (6.157)
λl
portanto:
λf ⋅ λl f ⋅l
= =1 (6.158)
λh h
Da equação da resistência proposta por Engelund e Hansen, sabe-se que no regime
de dunas:
τ * '−0,06 = 0,4τ * 2 (6.159)
portanto a equação 6.156, toma a forma:
5
f ⋅φ ~ τ * 2 (6.160)
O embasamento teórico desta metodologia foi feito por Peter Ackers (1972), a partir
de considerações físicas, e através do uso de Análise Dimensional. O objetivo, como nos
demais métodos macroscópicos, era o de desenvolver uma metodologia de cálculo que
utilizasse dados de fácil determinação e que fosse simples de ser aplicada. O transporte
sólido é expresso em termo do adimensional G, através da função:
G = Γ1 (τ * , Re * ) (6.164)
onde:
n
γC ⋅ h v *
G = (6.165)
γd um
A novidade do método está no fato de que os parâmetros de mobilidade τ*, e o de
transporte sólido são definidos distintamente para sedimentos grosseiros, finos e para a
faixa de transição. Considerando que a velocidade média de escoamento, para sedimentos
grosseiros, pode ser calculada da forma:
um 12,3h
= 32 log (6.166)
v* g Ks
então o número de mobilidade τ* pode se calculado através de:
1 um 1
τ* 2 = ⋅ (6.167)
γ s −γ αh
32 ⋅ g d log
γ d
onde α é uma constante que depende da rugosidade.
Quando se trata de sedimentos finos τ* é calculado através de:
1 v* f
τ* 2 = (6.168)
γ −γ
32 ⋅ g s d
γ
Generalizando as expressões 6.167 e 6.168, pode-se escrever:
1− n
1 v* f n um
τ* 2 = ⋅ (6.169)
γ −γ αh
32 ⋅ g s d 32 log d
γ
Os índices g e f são relativos aos casos em que os sedimentos são grosseiros e finos,
respectivamente.
Para efeito de análise experimental, o número de Reynolds do grão, expresso na
forma:
vd
Re * = * (6.170)
υ
Não é conveniente, uma vez que varia juntamente com τ*, ou seja, com a velocidade de
atrito v*. Esta inconveniência é contornada introduzindo-se um adimensional dependente de
Re* em que não compareça a velocidade de atrito, v*. Este adimensional é obtido através do
produto Re*2/3. τ*-1/3 resultando em:
1
γ s − γ 3
γ
d* = d ⋅ g (6.171)
υ 2
A relação 6.165, portanto passa a ser do tipo:
G = Γ2 (τ * , d * ) (6.172)
O adimensional G, pode ser expresso em termos de φT através de:
n
φ γ − γ γ v*
G= T ⋅ s ⋅ ⋅ (6.173)
Fr γ γ s um
A partir de análises experimentais, de diversas fontes, Ackers e White propuseram
uma expressão geral para o cálculo do transporte sólido:
τ 0,5
G = K ( * − 1) m (6.174)
A
onde, para sedimentos finos e na faixa de transição, 1,0 < d* < 60.
n=1,00 = 0,56 log d*
0,23
A= + 0,14
d*
9,66
m= + 1,34
d*
log K = 2,86 . log d* - (log d*) 2 – 3,53
Método de Einstein(1950)
O cálculo pelo método de Einstein é feito individualmente para todas as frações que
compõem a mistura do material do leito. A soma destas frações fornece o transporte sólido
total:
qs = ∑ qsi (6.177)
As frações do transporte sólido total qsi são calculadas através da soma dos
transportes sólidos em suspensão e de fundo, resultante das equações 6.118 e 6.79:
qsi = qs bi [Pr I 1 (η ai , Z i ) + I 2 (η ai , Z i ) + 1] (6.178)
woi
zi = (6.183)
Kv *
onde K pode ser calculado, de acordo com Vanoni e Brooks da forma:
2,303 ⋅ v *
k= (6.184)
k ' um
Portanto:
woi ⋅ um
zi = (6.185)
K ⋅J⋅h
onde:
2,303 ⋅ 32,2
kz = (sistema inglês) (6.186)
k'
o parâmetro Kz é calculado a partir da expressão empírica:
kz = 260,67 – 0,667 T (6.187)
[(h / 2,5) ]
0 , 244 Zi
h 1+η µ − Zi 1+η µ − Zi
kq − (h / 11,24)
11,24
qss M = (6.191)
(1 + η u − Zi )
[ ]
0 , 244 Zi 0 , 5 Zi
h h 1+η −1, 5 Zi 1+η −1, 5 Zi
kq h µ − (h / 2,5) µ
11,24 2,5
qss S = (6.192)
(1 + η u − 1,5Zi )
Esta metodologia foi desenvolvida por Colby e Hembree, para contornar algumas
falhas das medições de transporte sólido, ou seja, a dificuldade de medir o transporte sólido
de fundo dentro dos limites razoáveis de precisão, e a impossibilidade de amostragens
numa faixa próxima ao leito em que os amostradores de material em suspensão não
conseguem varrer. Em determinadas circunstâncias, a parcela de material transportado
nesta região não amostrada pode representar uma grande parcela do material transportado.
O método de cálculo, consiste basicamente em calcular, através do método de
Einstein, o transporte sólido na região amostrada, partindo dos dados das medições da
região amostrada e de outros parâmetros característicos do fenômeno.
Os dados necessários para o cálculo são basicamente os mesmos do método de
Einstein, além da concentração média do material amostrado, o valor da respectiva
profundidade, as distribuições granulométricas do material transportado em suspensão, do
material do leito, e a temperatura da água. Deve-se tomar o cuidado de retirar a parcela da
concentração correspondente à carga de lavagem. A discretização da curva granulométrica
para efetuar o cálculo fracionado, segue o mesmo procedimento que no método de Einstein.
A vazão sólida em suspensão na região amostrada é calculada por:
h
C ' miQ'
q ' ssi = C ' mi ∫ u.dy = (6.197)
a'
b
onde:
a’ – altura correspondente à região não mensurável
C' mi - concentração média na região medida
Q’ – vazão líquida na faixa mensurável