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Direito Societário
Faculdade de Direito
Semestre 2018.1
Alberto Iervese
Sumário
Revisão de Direito Empresarial ..................................................................................3
Sócio ...............................................................................................................................15
EIRELI ............................................................................................................................19
Desta forma, podemos inferir que para a caracterização de um empresário, é necessário que
estejam presentes 3 requisitos. São eles:
a) Profissionalismo
Ser profissional tradicionalmente significava congregar duas características: habitualidade e
pessoalidade. Entretanto, atualmente também se considera como sua característica o
monopólio de informações.
Habitual: Ser habitual é exercer a atividade de acordo com a demanda exigida pelo tipo de
atividade explorada. Não se considera empresário quem exerce suas atividades de modo
esporádico, exceto se a esporadicidade decorrer da própria natureza da atividade.
Pessoalidade: É imprescindível o exercício de uma atividade econômica em nome de um
empresário. A pessoalidade tem como consequência lógica a responsabilidade do empresário
em relação aos atos dos prepostos da empresa. Enquanto o empresário, na condição de
profissional, exerce a atividade empresarial pessoalmente, os empregados, quando produzem
ou circulam bens e serviços, fazem-no em nome do empregador. A pessoalidade demonstra
que para ser empresário, o mesmo deve contratar empregados.
Monopólio de Informações: Surge com o avanço do estudo das relações de consumo que teve
seu ápice em 1990, com o CDC. Consiste na necessidade de o empresário ter conhecimento
acerca do consumo do produto ou serviço que oferece, tais como as condições adequadas de
uso e possíveis riscos ao consumidor. São informações que o mesmo é obrigado a repassar aos
consumidores. Porque profissional, o empresário tem o dever de conhecer estes e outros
aspectos dos bens ou serviços por ele fornecidos, bem como o de informar amplamente
os consumidores e usuários.
b) Atividade Econômica com intuito lucrativo
A possibilidade de lucro está presente em diferentes tipos de personalidade jurídica, que
pode revestir até mesmo associações e fundações (que não podem ter finalidade lucrativa – o
lucro deve ser meio para alcançar outros fins). Entretanto, para o empresário, o lucro é o
objetivo – O empresário persegue o lucro, tem intuito lucrativo. Quem não tem intuito
lucrativo não é empresário, mas nem todos que possuem intuito lucrativo são empresários
(Exemplo: Advogados).
Empresa
Tecnicamente, empresa é o vínculo jurídica que liga o sujeito ao objeto, por tal motivo o código
não estabeleceu um conceito de empresa.
(Exemplo: A empresa não “pega fogo” ou exporta bens, o que pode acontecer é o prédio onde
as atividades são exercidas ser vítima de incêndio ou então o empresário exportar bens).
A teoria da empresa foi formulada por Alberto Asquini, para o mesmo a empresa possui 4
(quatro) perfis: O perfil subjetivo, o objetivo, o funcional/abstrato e o corporativo.
O perfil subjetivo está relacionado com o sujeito da atividade econômica relacionada, ou seja,
com o empresário. O perfil objetivo está relacionado com o objeto da atividade econômica,
está relacionado com o instrumento de trabalho utilizado pelo empresário. O perfil funcional
ou abstrato está relacionado com a empresa enquanto que o perfil corporativo está relacionado
com os prepostos dos empresários.
c) Organização
Organização é a articulação dos quatro fatores de produção – quais sejam capital,
insumos, mão de obra e tecnologia. O capital pode ser próprio ou alheio. Insumo é a matéria
prima utilizada para o exercício da atividade. Tecnologia é o aprimoramento da técnica para
atender a demanda. A mão de obra pode ser direta (formada por aqueles que tem vínculo
empregatícia) ou indireta (formada por aqueles que não tem vínculo empregatício). Alguns
doutrinadores (Vincenzo Buonocore, por exemplo) entendem que contratar mão de
obra não é requisito para caracterização de um empresário, o mesmo entende que é
possível que alguém faça tudo sozinho e preencha os demais requisitos, o que deveria qualifica-
lo como empresário (Exemplo: Alguém que vende pela internet ou que possui uma lavanderia
que devam ser manipuladas pelos clientes), entretanto, a maior parte da doutrina entende que
a mão de obra é requisito obrigatório e quem não a preenche exerce atividade econômica de
natureza civil.
*Grande parte dos autores considera um quinto requisito: a produção e circulação de bens ou
serviços. O professor João Glicério não concorda com essa visão.
a) Excludentes: São aqueles que não preenchem quaisquer dos requisitos do art.966 do
Código Civil. Se alguém presta serviços diretamente, mas não organiza uma empresa (não tem
empregados, por exemplo), mesmo que o faça profissionalmente (com intuito lucrativo e
habitualidade), ele não é empresário e o seu regime será o civil.
Exemplo: Uma clínica focada na imagem da clínica em si, em que os lucros são
divididos entre os médicos, configura uma atividade empresarial, entretanto, uma
clínica em que o referencial se divide entre os médicos não configura atividade
empresarial. Na primeira situação se um médico sair os pacientes permanecem, na
segunda hipótese se um médico sair os pacientes o seguem.
Quanto aos advogados, por mais que o estatuto da OAB tente coibir a mercantilização da
profissão, ou seja, evitar que a concorrência tenha sua base no preço e não na qualidade
(teoria), é sim possível que um escritório de advocacia possua natureza empresarial (prática).
Em suma, não pode um escritório de advocacia, em tese, caracterizar atividade empresarial,
mas é uma situação frequentemente vista no nosso cotidiano.
c) Atividade Rural: Quem exerce atividade rural tem sua natureza jurídica determinada pelo
LUGAR DO REGISTRO. Diferentemente das situações analisadas anteriormente, em que o
registro é uma mera formalidade acerca de uma situação consolidada, ou seja, meramente
declaratório e não fundamental na caracterização de sua natureza jurídica, podendo existir
empresário irregular, sem o devido registro. Entretanto, para quem exerce atividade rural o
registro passa a ter caráter constitutivo, visto que, para quem exerce atividade rural pouco
importa a organização de acordo com o art. 966 do Código Civil. Em suma, se aquele que
exerce atividade rural efetuar registro na Junta Comercial estaremos diante de uma atividade
empresarial, se for realizado no RCPJ estaremos diante de uma atividade de natureza civil. É
irrelevante o atendimento ou não aos requisitos do art. 966.
O Código Civil reservou para o exercente de atividade rural um tratamento específico (art.
971). Se ele requerer sua inscrição no registro das empresas (Junta Comercial), será considerado
empresário e submeter-se-á às normas de Direito Comercial. Esta deve ser a opção do
agronegócio. Caso, porém, não requeira a inscrição neste registro, não se considera empresário
e seu regime será o do Direito Civil. Esta última deverá ser a opção predominante entre os
titulares de negócios rurais familiares.
“ Desde o tempo em que a delimitação do objeto do Direito Comercial era feita pela teoria
dos atos de comércio, há duas exceções a assinalar no contexto do critério identificador desse
ramo jurídico. De um lado, a sociedade por ações, que será sempre comercial, independentemente
da atividade que explora (LSA, art. 2º, § 2º; CC, art. 982). De outro, as cooperativas, que são
sempre sociedades simples, independentemente da atividade que exploram (art. 982). ” –
FABIO ULHOA COELHO.
OBS – Também por expressa determinação legal, as sociedades por ações (sociedade anônima
e sociedade em comandita por ações) serão sempre consideradas sociedades empresárias.
Considerações Iniciais
I. Conceito de Sociedade
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para
o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos
resultados.
As atividades econômicas em geral não são desenvolvidas apenas pelas pessoas físicas
isoladamente, porquanto nem sempre é possível que elas sozinhas exerçam a atividade pretendida.
Em muitos casos, é necessária a combinação de esforços ou recursos dessas pessoas para que a
atividade pretendida seja exercida da melhor maneira. Em outras palavras, é extremamente
frequente a união dessas pessoas em sociedades para o exercício de atividades econômicas.1
A sociedade é um negócio jurídico que tem por propósito criar um novo sujeito de direito,
distinto das pessoas (ou da pessoa) que o ajustam, capaz de direito e de obrigações na ordem civil,
para facilitar o intercâmbio no mundo do direito, interpondo-se entre seus criadores (ou seu
criador) e terceiros na realização de negócios. O que importa é vincular a criação da sociedade a
uma ação humana tendente à produção do resultado pretendido.2
Sociedade empresária, segundo a norma do art. 982 do C.C., é aquela que tem por objeto
toda e qualquer atividade econômica que não se insere nas excluídas do conceito de empresário
(art. 966, parágrafo único, e art. 971) * - essas serão consideradas sociedades simples. A sociedade
empresária é – insistindo – toda sociedade que tiver por objeto o exercício de atividade organizada
para a produção ou a circulação de bens, que não envolva profissão intelectual nem a exploração
de empresa rural (sem aqui levar em conta a atividade intelectual com elementos de empresa e
atividade rural que optou pela realização de registro na junta comercial).
*O art. 966 do CC traz o conceito de empresário, como visto na matéria anterior e revisado no capítulo
constante acima. O dispositivo legal traz os requisitos para o reconhecimento da condição de empresário:
profissionalismo, atividade econômica com intuito lucrativo e organização.
OBS - A sociedade empresária substituiu a antiga sociedade comercial, porém ampliando sua
abrangência, enquanto que a sociedade simples substituiu a sociedade civil, porém diminuindo sua
abrangência.
Exceção 02: Sociedade em Comum – Aquela sociedade que não efetuou o registro na Junta
Comercial, ou seja, estamos falando de uma sociedade que não possui personalidade
jurídica. O sócio que contrata pela sociedade em comum não tem direito ao benefício, pois
assim o faz utilizando sua própria personalidade jurídica. Os demais sócios continuam
tendo direito ao benefício de ordem.
a) Sociedade Ilimitada: São sociedades de responsabilidade ilimitada aquelas nas quais todos
os sócios respondem subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade, vale dizer, se
o patrimônio social não for suficiente, o patrimônio de todos os sócios responde pelas
obrigações da sociedade. A única no nosso ordenamento é a sociedade em nome coletivo.
*A sociedade em comum é um caso à parte e será estudada no momento adequado.
b) Sociedade Limitada: Nela todos os sócios respondem limitadamente pelas obrigações. São
sociedades de responsabilidade limitada aquelas nas quais todos os sócios têm
responsabilidade limitada, vale dizer, obrigam-se apenas até determinado montante, que pode
ser o valor de sua contribuição ou valor do capital social. Dentro dessa classificação temos a
sociedade anônima e a sociedade limitada.
Na S.A. (Sociedade Anônima) cada acionista responde apenas pela sua parte, enquanto que
na Sociedade Limitada os sócios respondem solidariamente no que faltar para integralizar o
capital social. Depois de integralizado o capital, cada um responde pela sua parte, como na
S.A.
O que é o capital social? É a contribuição dos sócios para a o início da formação da
sociedade. É o valor necessário para que tenha início o pleno funcionamento da sociedade.
Ocorre que o capital social pode ser dividido em subscrito, realizado e integralizado
i. Subscrito: É o capital social prometido em contrato. É aquilo que os sócios prometeram
pagar à sociedade;
ii. Realizado: É o pagamento parcial feito à sociedade;
iii. Integralizado: Todos pagam tudo o que prometeram à sociedade.
c) Sociedade Mista: Na sociedade mista existem dois tipos de sócios, uns respondendo de
maneira limitada e uns respondendo de maneira ilimitada. Todos eles têm direito ao benefício
de ordem.
4 COELHO, Fabio Ulhôa. Manual de Direito Comercial. Direito de Empresa. 23ª Ed, 2011, Pg. 148
Não existe uma predefinição, é necessário analisar o seu contrato ou estatuto. A determinação da
natureza jurídica da sociedade dependerá do contrato social ou estatuto.
No caso de omissão contratual ou omissão estatutária, as sociedades contratuais, em regra, serão
sociedades de pessoa enquanto as sociedades institucionais serão sociedades de capital.
Sócio
I. Natureza Jurídica do Sócio
b) 2ª Corrente – Sócio como credor da sociedade: A segunda corrente entendeu o sócio como
um credor da sociedade, mas essa corrente foi logo afastada, visto que o sócio é credor da
sociedade apenas em determinados momentos, e não o tempo todo. Ele é credor em duas
situações:
i. Quando tem dividendos a receber (remuneração pelo simples fato de ser sócio, pelo
capital investido): todo sócio tem direito a uma parcela de dividendo, caso exista lucro.
Esse lucro deve ser, por prévio acordo, distribuído, e não alocado em outro lugar. Para
receber dividendos, também não poderá a sociedade ter débitos previdenciários. No
caso de omissão, a distribuição de dividendos é proporcional à participação de cada
sócio no capital social;
ii. Também será credor se receber pro labore, ou seja, quando trabalhar para a sociedade.
c) 3ª Corrente – Natureza Sui Generis: O sócio tem natureza jurídica de sócio (sui generis), pela
impossibilidade de adequação nas categorias existentes, criou-se para o sócio a categoria
jurídica de sócio.
A natureza da situação jurídica do sócio é sui generis, quer dizer, insuscetível de rigorosa sujeição
a um regime jurídico próprio ou aproximado de alguma outra figura jurídica, com vistas à
definição de parâmetros que auxiliassem a solução das pendências relativas aos seus direitos e
deveres perante a sociedade. Neste sentido, não se revela correto entende‑lo seja como um
proprietário da sociedade empresária — esta, sendo pessoa jurídica, é inapropriável — ou
como seu credor — embora tenha direito a participar dos lucros sociais, em caso de falência,
o sócio não poderá concorrer à massa, obviamente, se não dispuser de outro título5.
Por possuir uma natureza jurídica própria (sui generis), o sócio submete‑se a um regime
jurídico que lhe é próprio, composto por um conjunto de obrigações e direitos que a lei e, por
vezes, o contrato social lhe reservam.
Abaixo serão detalhadas as principais obrigações dos sócios, bem como os seus direitos.
OBS 01: Duas sociedades não admitem a contribuição com trabalho para formação do capital
social: a Sociedade Anônima (S/A) e a Sociedade Limitada (LTDA).
OBS 02: Se a contribuição para formação do capital for feita com bens imóveis é imprescindível
que o contrato social contenha a exata descrição do bem imóvel, devendo essa ser a mesma que
consta em sua matrícula.
OBS 03: O contrato social que contenha um bem imóvel na formação do capital não precisa adotar
a forma pública, como é normalmente exigido para o registro de imóveis. Já será ele suficiente para
a alienação do imóvel. O contrato social poderá ser levado em cartório de imóveis para averbação
da matrícula como se escritura pública fosse*.
* Isso somente é aplicável na transferência de propriedade do sócio para sociedade.
ii. Participar dos resultados sociais negativos dentro do seu limite de responsabilidade
subsidiária – se houver.
OBS - A S.A., por comportar a possibilidade de possuir milhares de sócios, estabelece alguns
limites para fiscalização, pois caso contrário a todo momento ocorreria uma fiscalização – O
quórum mínimo para fiscalizar na S.A. é o de 5% → Lei das S.A.
iv. Direito de retirada – Direito que tem o sócio de se retirar da sociedade. Se a sociedade for
por prazo indeterminado basta para o sócio retirante informar a saída com antecedência de 60
(sessenta) dias. Se a sociedade tiver prazo determinado o sócio retirante precisa comprovar
judicialmente o justo motivo, isso se dá pois, se o prazo é determinado se espera que o sócio
contribua para a sociedade por todo o período, sua saída abrupta pode resultar na diminuição
da expectativa dos demais sócios e significa um prejuízo importante para a sociedade.
Na exclusão do sócio estamos tratando de uma dissolução parcial, mas o que autoriza a
exclusão ou expulsão de um sócio? O sócio pode ser expulso em duas hipóteses.
OBS: Apesar da Mora na Integralização também ser uma obrigação societária, há essa distinção em
razão da distinção no regime jurídico. A Mora na Integralização é de fácil comprovação, enquanto
que nas outras hipóteses de Justa Causa a comprovação é mais complicada
*Exemplo: É muito mais difícil comprovar a não observância ao dever de lealdade do que
comprovar uma ausência de pagamento.
Importante destacar que quem expulsa o sócio não é a sociedade e sim os demais
sócios. É essa regra que permite a exclusão do sócio majoritário (o que seria impossível
caso a expulsão fosse realizada pela sociedade).
*Formalmente falando quem expulsa é a sociedade, sendo que o sócio que está sob risco
de expulsão possui um impedimento de voto.
Em alguns casos a via judicial deixa de ter caráter facultativo e passa a ter caráter
obrigatório. O sistema de expulsão dependerá do tipo societário. Vejamos:
EIRELI
EIRELI é a empresa individual de responsabilidade limitada. A EIRELI é uma pessoa
jurídica formada por um único integrante, um único titular, sendo que este único integrante, tem
responsabilidade limitada pelas obrigações da EIRELI. Essa limitação da responsabilidade tem
como objetivo o incentivo ao exercício da atividade empresarial.
Foi inserida no ordenamento jurídico brasileiro pela Lei nº 12.441/2011, que teve sua
vigência iniciada em 9 de janeiro de 2012.
Porque a EIRELI somente fora inserida em nosso ordenamento no ano de 2012 sendo que
a discussão acerca da sua implementação data da década de 50? Por conta dos conflitos acerca da
estruturação da EIRELI.
I. Histórico da EIRELI
Surge em Portugal a ideia de empresário individual com responsabilidade limitada. A Itália,
por outro lado, buscou outra saída, permitindo a sociedade empresarial limitada unipessoal. Ambos
os modelos foram muito criticados. Entretanto, foi o italiano que prosperou, se expandindo até
mesmo para Portugal, que hoje convive com os dois modelos.
Surge uma terceira via na América Latina: É criada uma pessoa jurídica, que não se trata de
empresário individual ou sociedade limitada, que terá um único integrante. Entretanto, apesar de
ter surgido como uma terceira via, o regramento do 980-A se refere frequentemente à sociedade.
Assim, de modo concreto, fora adotado o modelo italiano, pois é a EIRELI uma sociedade
empresaria limitada unipessoal.
O capital social da EIRELI deve ser integralizado à vista e deve valer, pelo menos, 100
vezes o maior salário mínimo vigente no País (o termo “vigente” é utilizado pelo legislador
pois na época do projeto o brasil tinha mais de 1 salário mínimo). A regra do salário mínimo deve
ser aferida no momento da constituição da EIRELI.
Além disso, existe uma discussão sobre se a eireli poderia ser constituída por uma pessoa
jurídica. A lei diz somente pessoa, sendo que o projeto de lei tinha pessoa natural. Assim, parece
óbvio que poderá uma pessoa jurídica constituir uma eireli.
2. Nome empresarial
O nome empresarial da EIRELI pode adotar tanto firma quanto denominação social, desde
que com a expressão EIRELI ao final.
3. Demais regramentos
i. Se a EIRELI for constituída por uma pessoa natural, esta pessoa natural não poderá participar
de outra EIRELI simultaneamente. Entretanto, poderá participar de uma sociedade. O limite
legal restringe-se ao número de EIRELI’s.
ii. A pessoa jurídica pode criar várias EIRELI’s;
iii. A EIRELI pode resultar da concentração de cotas de um outro tipo societário num único
sócio;
iv. As regras aplicáveis à sociedade limitada, no que for possível, também se aplicam a EIRELI.
§ 4º ( VETADO).
Francisco Amaral afirma, com precisão, em relação às pessoas jurídicas, que “sua razão de
ser está na necessidade ou conveniência de as pessoas singulares combinarem recursos de ordem
pessoal ou material para a realização de objetivos comuns, que transcendem as possibilidades de
cada um dos interessados por ultrapassarem o limite moral da sua existência ou exigirem a prática
de atividades não exercitáveis por eles”.
Outrossim, além de tal função que pode ser reconhecida às pessoas jurídicas em geral, nas
sociedades exsurge uma outra, qual seja, a criação de um centro de imputação de direitos e
obrigações, com um patrimônio distinto de seus membros, limitando, na maioria dos casos, os
riscos empresariais.
Ao se exercer a atividade empresarial por meio de uma pessoa jurídica, cria-se um centro
autônomo de interesses em relação às pessoas que lhe deram origem, de modo que a estas não são
imputados as condutas, os direitos e os deveres da pessoa jurídica. Com o nascimento dela, surge
um novo centro de referência de interesses e relações jurídicas; se tem um sujeito jurídico a mais,
o qual tem capacidade de direito, capacidade de querer e agir, vontade e responsabilidade
patrimonial própria.
Há aqui uma limitação de risco, que acaba por se tornar um incentivo à atividade
empresarial.
Entretanto, por vezes, a autonomia patrimonial da pessoa jurídica, princípio que a distingue
de seus integrantes como sujeito autônomo de direito e obrigações, pode dar ensejo à realização de
fraudes, que é a chamada “ruptura do propósito da personalidade jurídica”, ou seja, esse abuso
cometido representa um desfio da finalidade a qual se propõe a pessoa jurídica.
No mesmo sentido, Rolf Serick afirma que a Pessoa Jurídica não pode intencionalmente
acobertar o ato ilícito, bem como não deve a Pessoa Jurídica ser utilizada para mascarar o
verdadeiro emprego dos bens.
Para coibir tais fraudes, a doutrina criou, a partir de decisões jurisprudenciais, nos EUA,
Inglaterra e Alemanha, principalmente, a “teoria da desconsideração da pessoa jurídica” ou
disregard doctrine, pela qual se autoriza o Poder Judiciário a ignorar a autonomia patrimonial da
pessoa jurídica, sempre que ela tiver sido utilizada como expediente para a realização de fraude.
Ignorando a autonomia patrimonial, será possível responsabilizar‑se, direta, pessoal e
ilimitadamente, o sócio por obrigação que, originariamente, cabia à sociedade
Importante: Não é suficiente a simples insolvência do ente coletivo, é necessário que tenha
existido fraude por meio da separação patrimonial (pressuposto inafastável).
OBS 01 – A desconsideração da pessoa jurídica não atinge a validade do ato constitutivo, mas a
sua eficácia episódica. Uma sociedade que tenha a autonomia patrimonial desconsiderada continua
válida, assim como válidos são todos os demais atos que praticou.
• No Brasil
O art. 28, §5º do CDC adota, acerca da desconsideração da personalidade jurídica, a
chamada teoria menor. A denominação “teoria menor” se dá em razão da maior facilidade com
que pode ocorrer a desconsideração.
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade
quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso
de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou
contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa
jurídica provocados por má administração. (...)
§5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores.
Essa teoria menor é a exceção a ser aplicada nas lides consumeristas, não podendo ser, em
tese, considerada a regra geral (apesar de algumas decisões judiciais que desconsideram isso). Nas
lides consumeristas, admite-se, portanto, a título de exceção, a utilização da “Teoria Menor da
Desconsideração”, que se contenta com o requisito objeto (estado de insolvência) ou com o fato
de a personalidade jurídica representar “de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores”. Essa teoria também será aplicada quando provocados danos ao meio
ambiente (Lei nº 9.605/98).
Lado outro, o Art. 50 do CC, que é a regra geral, adota a teoria “quase” maior. O
tirocinista/tirocinante adota essa nomenclatura pois, segundo ele, o uso da palavra “quase” se dá
em razão de os requisitos para ocorrência da desconsideração não serem tão rigorosos quanto os
exigidos nos países que deram origem à disregard doctrine.
• Teoria Inversa
Rel. Min Nancy Andrighi). Assim, ao invés de “levantar o véu” da personalidade jurídica para que
eventual constrição de bens atinja o patrimônio dos sócios, a desconsideração inversa objetiva
atingir os bens da própria sociedade em razão das obrigações contraídas pelo sócio, desde que, da
mesma forma que a desconsideração tradicional, sejam preenchidos os requisitos legais.
Desta forma, se o sócio esvazia seu patrimônio particular, transferindo seus bens e direitos
para a pessoa jurídica sobre a qual detém controle, é admissível que o juiz, após instauração do
incidente e comprovação do desvio de finalidade ou da confusão patrimonial, desconsidere a
autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizá-la pelas obrigações assumidas pelo
seu sócio.
• Grupos Societários
Nos grupos temos uma reunião de sociedades submetidas a direção única, vale dizer,
existem várias sociedades distintas, mas todas submetidas à mesma direção. Nesses casos, há
responsabilidade subsidiária pelos danos causados ao consumidor, vale dizer, se a sociedade
causadora do dano ao consumidor não tiver condições de ressarci-lo, o consumidor poderá se
socorrer do patrimônio das demais integrantes do grupo6.
Tipos Societários
Assim como feito ao estudarmos as classificações das sociedades, o professor João Glicério
julgou pertinente, antes de adentrarmos ao estudo dos tipos societários, explanar 03 observações
introdutórias, são elas:
1. O rol de tipos societários do código civil é um rol taxativo. Assim sendo, não admite novas
hipóteses;
2. A pessoa jurídica pode ser sócia de uma sociedade, mas a sua responsabilidade
necessariamente será limitada. Já a pessoa física pode ter tanto responsabilidade limitada
quando responsabilidade ilimitada;
3. ATENÇÃO: A seguinte observação aplica-se apenas à Sociedade em Nome
Coletivo (N/C) e à Sociedade em Comandita Simples (C/S): O sócio que tem
responsabilidade ilimitada pode participar da administração social e também pode
emprestar seu nome civil para compor o nome empresarial. Já o sócio que tem
responsabilidade limitada não pode participar da administração social e não pode emprestar
o seu nome civil para compor o nome empresarial, sob pena de responsabilização ilimitada
pelas obrigações sociais.
OBS – O C.C. admite que, excepcionalmente, o comanditário pratique certos e determinados atos
de gestão (atuará como mandatário da sociedade).
porque é da sua natureza não ter. O contrato social da SCP não é levado ao arquivamento na junta
comercial, permanecendo ela no campo da licitude.
A SCP tem dois tipos de sócios: o Sócio Ostensivo e o Sócio Participante/Oculto. A SCP
contrata através do sócio ostensivo, utilizando sua personalidade jurídica. O sócio ostensivo tem
que ser empresário regularmente registrado na junta comercial, ele tem que possuir personalidade
jurídica.
A contabilidade da SCP, por sua vez, é separada da contabilidade do sócio ostensivo, assim
como a tributação.
OBS – Os três tipos societários até aqui estudados, por sua baixíssima presença na economia
brasileira, são comumente agrupados em um conjunto denominado “Sociedades Contratuais
Menores”.
IMPORTANTE - Não é propriamente um tipo societário, pois, por estar no campo da ilegalidade, não
pode estar dentro das espécies por admitidas por lei. A sociedade em comum é um estado da sociedade.
dos sócios, ou seja, as obrigações decorrentes do exercício da atividade são de responsabilidade dos
sócios em conjunto.
Assim, nos termos do artigo 990 do Código Civil de 2002, os sócios respondem
solidária e ilimitadamente pelas obrigações contraídas em proveito da sociedade em
comum.
Assim, estipula-se, como regra geral, que responde primeiro pelas obrigações contraídas
pela sociedade em comum o patrimônio especial constituído a partir das contribuições dos sócios.
Apenas quando exaurido esse patrimônio especial, todo o restante do patrimônio dos sócios
também é chamado a responder. Tal ordem não precisa ser obedecida em relação ao sócio que
praticou o ato pela sociedade, o qual já responde diretamente com todo o seu patrimônio, sem a
necessidade de exaurimento do patrimônio especial.
Diante disso, garante-se expressamente aos terceiros qualquer meio para provar a existência
da sociedade (art. 987). Em outros casos, pode ser necessário que os próprios sócios provem a
existência da sociedade em ações ajuizadas contra a sociedade, ou contra os outros sócios. Nessas
hipóteses, como uma penalidade para ausência do registro, só se admite a prova da existência da
sociedade por escrito (art. 987). Sem a prova escrita, nada poderá ser feito pelos sócios.
Há que se ressaltar, todavia, que mesmo se não existir a prova escrita, um sócio pode ajuizar
ações contra o outro ou contra terceiros, desde que a causa de pedir não seja a existência da
própria sociedade, mas, por exemplo, um contrato de compra e venda, a vedação do
enriquecimento sem causa. Ora, se a causa de pedir não é a existência da sociedade, não é necessário
prová-la, e, por conseguinte, não é obrigatório o instrumento escrito.
A LTDA é a sociedade com maior presença nas juntas comerciais brasileiras. Isso se dá por
alguns motivos: O primeiro motivo é a limitação de responsabilidade, ou seja, a possibilidade
de empreender sem colocar em risco o seu patrimônio particular, mas se fosse apenas por esse
motivo as S.A. seriam mais vantajosas, visto que nela o acionista responde apenas pela sua
participação, enquanto que na Limitada um sócio pode responder pela participação de outro. O
que torna a LTDA ainda mais atraente aos empreendedores é o segundo motivo: a
contratualidade, que significa que a sociedade limitada é muito mais fácil de ser constituída do
que uma S.A., bem como a liberdade para contratar, que é muito menos regulada no que tange às
LTDA.
Atrativo nº 02: Contratualidade → As relações entre os sócios podem pautar-se nas disposições de
vontade destes, sem os rigores ou balizamentos próprios do regime legal da sociedade anônima, por
exemplo. Sendo a limitada contratual, e não institucional, a margem para negociações entre os sócios é
maior.
OBS: Quanto ao regime de constituição e dissolução, nunca poderá ser aplicado à sociedade
limitada o disposto na Lei das S.A., mesmo se previsto expressamente no contrato social. Isso se
dá pelo fato de ser a S.A. uma sociedade institucional, diferentemente das limitadas.
A administração da limitada pode ser exercida por uma ou mais pessoas, sócias ou não,
designadas no próprio contrato social ou em ato separado e com mandato por prazo
determinado ou indeterminado. Elas são escolhidas e destituídas pelos sócios, observando-se,
em cada caso, a maioria qualificada exigida por lei para a hipótese
Para que um não sócio participe da administração da sociedade, é imprescindível expressa
autorização contratual, que pode ser genérica/geral (Autorizando qualquer não sócio), ou
específica, para que aquele não-sócio específico seja administrador. No caso de omissão
contratual somente sócios poderão atuar como administradores e, não sendo definido o papel
de cada um, todos terão ampla responsabilidade.
A responsabilidade do administrador é em razão do cargo e se transfere ao novo ocupante
quando da mudança de administrador. Entretanto, algumas obrigações são personalíssimas do
administrador, que aderem ao mesmo e subsistem mesmo se o indivíduo deixar o cargo:
a) Obrigação de arquivar na Junta Comercial os atos relacionados com o seu mandato, tais
como condução, recondução e cessação do mandato;
b) Obrigação de prestar contas do período em que foi administrador;
c) Obrigação de pagar os débitos da sociedade enquadradas como dívida ativa: Situação
delicada pois é uma manifestação da já quase superada teoria ultra vires (responsabilização
do administrador). Se o administrador não pagar dívidas da sociedade enquadradas como
dívida ativa ele pode vir a responder com seu patrimônio particular. Um absurdo
considerando que o administrador pode ser empregado, tanto é que os tribunais vêm
aplicando a ultra vires somente nos casos de administradores que agem com excesso de
poder.
Regra 01: Ser composto por pelo menos 03 membros e respectivos suplentes, que podem ser
sócios ou não, mas que serão eleitos pelos sócios;
Regra 02: São impedidos de participar do conselho fiscal: Os administradores, obviamente (não é
lógico que fiscalizem a si mesmos) e respectivos parentes até terceiro grau; Os empregados, por
serem subordinados aos administradores, e respectivos parentes até terceiro grau.
OBS 01: Os sócios minoritários que detenham pelo menos 20% e que não tenham conseguido
eleger nenhum conselheiro poderão eleger um conselheiro em separado.
OBS 02: Não é o conselho fiscal que decide pela aprovação ou não das contas, ele apenas emite
um parecer pela aprovação ou pela rejeição das contas. Quem aprova é a assembleia.
Finalmente, em falecendo o titular de uma ação, não poderá ser impedido o ingresso de
seus sucessores no quadro associativo. Inclusive, por se tratar de sociedade institucional, nem será
lícito aos sucessores do acionista morto pleitear a apuração dos haveres deste. O herdeiro ou
legatário de uma ação transforma‑se, queira ou não, em acionista da sociedade anônima.
• Características
• Ser uma sociedade dividida em ações, ou seja, a unidade de participação societária é a ação, e o
titular da ação é o acionista;
• É uma sociedade institucional, ou seja, é ela regida por um estatuto social dividido em artigos;
• A sociedade anônima é uma sociedade de capital, o que, em regra, faz com que a alienação da
participação societária a terceiros não esteja condicionada à aprovação pelos demais sócios.
• O nome empresarial da S.A. utiliza, necessariamente, a denominação social. Excepcionalmente,
o elemento fantasia através do nome civil do fundador da companhia ou de alguém que muito
contribuiu para o seu desenvolvimento.
A denominação da sociedade deve vir acompanhada das expressões
companhia ou sociedade anônima por extenso ou abreviadamente,
sendo vedada a utilização da expressão companhia ao final (art. 3º da Lei
6.404/76), a fim de evitar confusões com outras sociedades, como a sociedade
em nome coletivo. Excepcionalmente, na denominação da sociedade
anônima pode ser incluído o nome de pessoas físicas, fundadores, acionistas,
ou pessoas que, por qualquer outro meio, tenham concorrido para o êxito da
empresa (art. 3º, §1º, da Lei 6.404/76).8
O que é o mercado de capitais? José Eduardo Carneiro Queiroz elucida: Quando a sociedade
anônima necessita de recursos, ela pode lançar mão de duas fontes: o mercado financeiro e o
mercado de valores mobiliários (mercado de capitais). Na primeira fonte, a sociedade obtém
empréstimos junto a instituições financeiras, como os particulares em geral. Na segunda fonte, a
sociedade pode emitir valores mobiliários, para obter os recursos diretamente junto ao público
investidor, sendo mais interessante para a sociedade na maioria dos casos O mercado de capitais é
composto por dois órgãos: o mercado de balcão e a bolsa de valores.
Lado outro, a bolsa de valores, por sua vez, potencializa as compras, pois existem diversos
corretores vendendo diversas ações a diversos preços.
O mercado de balcão pode atuar tanto no mercado primário quanto no mercado secundário
enquanto que a bolsa somente pode atuar no mercado secundário. Mercado primário é o de
emissão de valores (quando a ação é vendida pela primeira vez). Quando a ação é vendida a partir
da segunda vez temos operações de mercado secundário.
Este mercado pode ser dividido em mercado primário e secundário; neste a
circulação dos títulos se dá entre investidores, já naquele a relação é
estabelecida entre o investidor e a própria sociedade anônima destinatária do
investimento
3. Endossáveis*: *As endossáveis e ao portador foram extintas na década de 90, visando dificultar a
lavagem de capitais, visto que em ambas não há como rastrear a origem do dinheiro.
4. Ao portador*:
ii. Partes Beneficiárias: As partes beneficiárias conferem ao seu titular o direito de crédito
eventual contra a companhia pautado em seus lucros. O adquirente passa a ter o direito
sobre uma parcela dos lucros da sociedade, se esses existirem. É um investimento que
envolve um elevado grau de risco, pois o valor a ser obtido de direito pode ser tanto menor
quanto maior que o valor dispendido, diferentemente do debentures, que há a devolução
do valor emprestado, mais juros. A companhia somente poderá comprometer, no máximo,
10% do seu lucro com a emissão de partes beneficiárias, visando impedir que sejam
utilizadas pelo sócio majoritário como um modo de estrangulamento dos dividendos a
serem recebidos pelos sócios minoritários.
iii. Bônus de Subscrição: Confere ao seu titular a preferência na aquisição de novas ações. O
indivíduo compra o direito de preferência. Esse bônus deve ser limitado pela previsão de
ações a serem emitidos, visando garantir que todos os titulares consigam comprar a
quantidade de ações pelas quais adquiriram a preferência.
iv. “Commercial Papers”: Nota promissória que confere ao seu titular o direito de crédito
contra a companhia pautado em um contrato de empréstimo de curto ou médio prazo de
no mínimo 30 e no máximo 360 dias. Se diferencia da debênture pois a debênture é mais
complexa, não possui limitações de valores e só vale o esforço quando se trata de
empréstimos a longo prazo.
A CVM disciplinou, pela Instrução n. 134, de 1990, a emissão de notas
promissórias destinadas à distribuição pública. Trata‑se de valor mobiliário
destinado à captação de recursos para restituição a curto prazo (30 dias no
mínimo e 360 no máximo). Conhecido por Commercial Paper, este valor
mobiliário somente poderá ser negociado mediante endosso em preto com a
cláusula sem garantia14.
• Ação Preferencial: Confere ao seu titular uma gama diferenciada de direitos e deveres, pautados
no art. 17 da Lei das S.A. É a espécie de ação ideal para o acionista que somente quer investir e
receber os lucros, não se interessando pela vida política da sociedade. Essas ações podem conferir
direito a voto ou conterem restrições a esse direito, inclusive a vedação (o que é mais comum)
As ações preferenciais são ações que possuem algum privilégio ou vantagem
de ordem patrimonial, podendo não possuir o direito de voto. São ações
tipicamente usadas pelos acionistas rendeiros e especuladores, que têm muito
pouco ou nenhum interesse na gestão da companhia15.
OBS: A companhia somente poderá emitir, no máximo, 50% de ações preferenciais sem direito a
voto ou com restrições a esse direito (Art. 15, §2º da Lei das S.A.).
• Ação de Fruição: As ações de fruição conferem ao seu titular os mesmos direitos e deveres das
ações que foram amortizadas para a sua emissão. É normalmente emitida como forma de
presentear ou agradar um acionista que muito contribuiu para o desenvolvimento da empresa.
Assim, se um sujeito possuía ações ordinárias, por exemplo, elas podem ser amortizadas, isto é,
pago a seu titular o valor monetário a ela equivalentes. Nesse caso é possível que sejam emitidas
também ações de fruição, isto fará com que ele continue a possuir todos os direitos e deveres que
possuía com a ação, exceto o direito de participar do acervo final ou se se os estatutos ou a
assembleia geral que autorizar a amortização dispuserem em outro sentido. Essas ações podem ser
livremente negociadas pelo seu titular sem perder a natureza de ação de fruição.
As ações de fruição são títulos que podem ser atribuídos aos acionistas,
quando suas ações são integralmente amortizadas. A amortização (art. 44, §
5S, da Lei 6.404/76) é a operação pela qual a sociedade paga antecipadamente
o que caberia ao acionista em caso de liquidação da sociedade, sem redução
do capital social. Tal operação é na verdade uma espécie de dividendo
extraordinário em benefício dos acionistas. Após a amortização integral, as
ações não representam uma parcela do capital social, mas apenas uma parcela
do patrimônio social. Nenhuma ação nasce uma ação de fruição. Esta só
surge quando há a amortização integral das ações, que inicialmente eram
preferenciais, ou ordinárias17.
• Órgãos Sociais
Caso queira discutir algo que não está no art. 132, deverá ser convocada uma Assembleia
Geral Extraordinária (AGE), que tem sua competência de deliberação atribuída de forma residual
(poderá deliberar sobre tudo que não está no art. 132 da Lei das S.A.). Essa AGE poderá ser
convocada quantas vezes for necessário e poderá, inclusive, ser convocada conjuntamente com a
AGO, para o mesmo dia, hora e local.
Sendo convocadas para o mesmo dia, hora e local, as atas de cada uma poderão estar no
mesmo documento (papel), mas deverá existir uma separação dos conteúdos.
Sendo mais claro, algumas deliberações de competência da assembleia geral podem ser, no
estatuto, delegadas para a competência do conselho de administração (Pela lei, nem todas as
competências podem ser delegadas, apenas as menos importantes).
Será uma situação de competência concorrente, ou seja, a competência que foi delegada ao
Conselho também poderá ser exercida pela Assembleia Geral, por ser o órgão máximo e ser
originalmente competente.
O conselho fiscal deverá ser composto pelo número mínimo de 03 conselheiros e máximo
de 05 e respectivos suplentes. Esses membros podem ser acionistas ou não, mas serão eleitos pela
assembleia geral ou conselho de administração.
Não podem ser parte do conselho fiscal aqueles que compõem o conselho de
administração e/ou a diretoria, pois eventualmente viriam a fiscalizar a si mesmos.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a
companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e
responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela
trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve
lealmente respeitar e atender.
O acionista (ou grupo de acionistas vinculados por acordo de voto) titular de direitos
de sócio que lhe assegurem, de modo permanente*, a maioria de votos na assembleia geral e o
poder de eleger a maioria dos administradores e usa, efetivamente, desse poder para dirigir as
atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia é considerado, pelo art.
116 da LSA, acionista controlador. Para a sua configuração, é necessária a convergência destes
dois elementos: ser maioria societária (não no sentido de necessariamente titularizar a maior parte
do capital social, mas no de possuir ações que lhe garantam a maioria nas decisões tomadas pelas
3 últimas assembleias) e fazer uso dos direitos decorrentes desta situação para dirigir a sociedade.20
* Um acionista que detém esse poder apenas provisoriamente não é considerado acionista controlador.
O poder precisa ser efetivo e permanente, segundo afirma o tirocinante.
Totalitário → O controle totalitário seria aquele exercido com a quase totalidade dos votos. Nesse
caso, nenhum acionista é excluído do poder de denominação da sociedade, seja pela existência de
uma sociedade unipessoal, seja pelo exercício de tal poder por um grupo familiar. Entretanto, tal
hipótese não é muito comum, normalmente havendo grupos de acionistas alheios a tal regime.
Majoritário → Quando existem vários acionistas, mas algum ou alguns conjuntamente possui a
maioria do capital votante, esse ou esses acionistas exercem o chamado controle majoritário. Tal
controle pode-se dizer simples, se existir uma minoria qualificada capaz de interferir no exercício
do poder de controle, convocando assembleias, ajuizando ações de responsabilidade dos
administradores. Na ausência de tal minoria qualificada, o controle majoritário diz-se absoluto.
Para a configuração do controle minoritário, é necessário que haja uma grande dispersão das ações
no mercado, não se concentrando uma quantidade grande de ações nas mãos de uma pessoa ou de
um grupo. Há, nesses casos, um grande número de acionistas especuladores e rendeiros, que não
se interessam pela gestão da companhia. Em função disso, uma minoria que se organiza e
comparece às assembleias acaba assumindo o poder de controle da sociedade, pois nestas
assembleias terá a maioria dos votos. “Quanto maior a companhia, e quanto mais dispersa a
propriedade de suas ações, tanto mais difícil desalojar a minoria que dispõe do controle. ”
- alienação de controle
Bloco de controle
Tag along (Art. 254-a) – alienação indireta x direta....... ações incluídas
Caso TIM
- responsabilidade
Dever
Abuso de poder
requisitos