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DE OFICIAIS DA AERONÁUTICA
DIVISÃO DE ENSINO
DOUTRINA DE EMPREGO
LINHA DE PESQUISA
CAP 2/2014
Curso e Ano
0
PROJETO DE PESQUISA
DOUTRINA DE EMPREGO
LINHA DE PESQUISA
13/OUTUBRO/2014
DATA
CAP 2/2014
Curso e ano
1 ASPECTOS INICIAIS
3 Sistema embarcado na aeronave F-5M que permite efetuar trocas de dados táticos.
4 Sigla em inglês para Radar Warning Receiver, ou Receptor de Alerta de emissões radar.
5 Sigla em inglês para Situational Awareness, ou Consciência Situacional.
3
tações do estudo por eles realizado, visto que o mesmo fora conduzido em laborató-
rio com situações estáticas, sem contexto operacional. Os mesmos recomendam
que futuros estudos sejam conduzidos em ambiente dinâmico e mais realista, com a
possibilidade de o piloto acompanhar a evolução do cenário tático e, consequente-
mente, adotar decisões mais coerentes com o voo.
Em análise às missões de combate BVR realizadas pelos 3 esquadrões
de F-5M da FAB, foi observada a ocorrência de lapsos na distribuição da atenção de
alguns pilotos, fato que comprometia sobremaneira as tomadas de decisão durante
o engajamento. Foi também percebido que os problemas, seja atenção excessiva-
mente concentrada em um equipamento ou atenção dispersa, indicavam seguir uma
tendência, na qual determinados pilotos cometiam repetidamente os mesmos erros,
prejudicando o desempenho do seu voo e dos demais aviões da sua esquadrilha 6.
Partindo dessas observações, surgiu a inquietação nesse pesquisador, a
fim de descobrir se o nível de atenção de um piloto define a qualidade das decisões
por ele tomadas. O que conduziu ao problema de pesquisa: ‘Qual a influência do ní-
vel de atenção na tomada de decisão, durante o combate BVR?’.
Diante desse questionamento, esse trabalho tem o objetivo geral de anali-
sar a influência entre o nível de atenção dos pilotos de caça e a sua consequente to-
mada de decisão, quando em arena de combate BVR.
Como forma de atingir ao objetivo proposto, foram formulados dois questi-
onamentos que servirão como norteadores desta pesquisa, elencados a seguir:
QN1: Qual o nível de atenção dos pilotos operacionais do Primeiro Grupo
de Aviação de Caça?
QN2: Quais fatores são considerados pelos pilotos na tomada de decisão,
durante o combate BVR?
Para que as questões levantadas sejam respondidas, faz-se necessária a
consecução dos seguintes objetivos específicos:
OE1: Identificar o nível de atenção dos pilotos operacionais do Primeiro
Grupo de Aviação de Caça.
OE2: Identificar os fatores considerados pelos pilotos, durante o processo
de tomada de decisão em combates BVR.
6 Grupo de aeronaves componentes de uma unidade de voo, tendo como formação básica 2 aviões.
4
2 REFERENCIAL TEÓRICO
c) Projeção: esse é o mais alto nível de SA, sendo atingido quando o ope-
rador extrapola as informações processadas no estágio de compreensão e as proje-
ta em um cenário futuro. Ao atingir este estágio, o piloto é capaz de projetar onde es -
tarão as ameaças identificadas no cenário tático em um futuro próximo.
A atenção está diretamente ligada aos níveis 1 e 2 de consciência
situacional, estágios onde o piloto se encontra em um cenário complexo, com
excesso de informações e tendo que tomar decisões rapidamente (ENDSLEY, 1995).
A maneira como cada pessoa distribui sua atenção para adquirir e processar
informações tem impacto fundamental na construção da SA. Particularmente em
ambientes complexos, onde múltiplas fontes competem por atenção e o operador
deve priorizar as informações julgadas relevantes.
Para Endsley (2000), o direcionamento da atenção é primordial na
quantidade de informações que serão coletadas do ambiente real e incorporadas ao
modelo mental do piloto de caça. Sob essa ótica, tanto a percepção dos estímulos
dispostos no ambiente quanto o direcionamento da atenção do indivíduo são
importantes. Vários fatores determinarão como a pessoa direciona sua atenção para
a aquisição da informação, incluindo o aprendizado de padrões de varredura,
estratégias de amostragem, objetivos e expectativas.
A tomada de decisão durante o combate aéreo requer processamento
rápido de uma grande quantidade de dados em um ambiente incerto e imprevisível.
Nesse cenário, a consciência situacional se apresenta como principal fator para a
tomada de decisão, entretanto, é completamente possível ter uma perfeita SA e
tomar uma decisão incorreta. Podem influenciar para esse insucesso a adoção de
estratégias, táticas ou técnicas inadequadas, bem como problemas de experiência,
treinamento ou personalidade. No entanto, também é possível que uma boa decisão
seja adotada a partir de uma baixa SA, mas somente pelo acaso da sorte. Em
resumo, à medida que o nível de SA de um indivíduo aumenta, a probabilidade de
ele adotar boas decisões e ter melhor desempenho aumentam.
A teoria acima é traduzida no combate BVR de forma simples, pois,
durante o desenrolar das manobras defensivas e ofensivas, o piloto distribui a sua
atenção entre os diversos painéis e equipamentos da aeronave, como radar, RWR,
6
3 METODOLOGIA
De acordo com a classificação prevista por Gil (2007), com base no objeti-
vo geral, esta pesquisa enquadra-se como descritiva, pois busca estabelecer a exis-
tência de associações entre duas variáveis: o nível de atenção e a tomada de deci-
são dos pilotos de caça em uma missão de combate BVR.
Para clarificar a análise é necessário elucidar ao leitor quais variáveis fa-
zem parte do problema enunciado. Gil (2007) diz que as variáveis podem ser inde-
pendentes e dependentes, de forma que a variação da primeira exerce influência so-
bre a segunda.
7 Sigla em inglês para Head-Up Display, ou tela transparente localizada no painel frontal da aero-
nave, em que são projetadas informações de parâmetros de voo, tais como altitude, velocidade,
razão de subida, ângulo de inclinação, entre outros.
8 Sigla em inglês de Tactical Situation Display, ou dispositivo de apresentação da situação tática,
onde os aviões amigos e inimigos são apresentados, em uma visualização com vista superior ('vi-
são de Deus').
9 Reunião realizada imediatamente antes da execução do voo, com o objetivo de padronizar os pro -
cedimentos a serem realizados, bem como dirimir dúvidas de todos os componentes da esquadri-
lha.
7
apresentados pelo Data Link e não serão transmitidas informações pelo rádio, com o
objetivo de fornecer somente estímulos visuais ao piloto. As aeronaves oponentes
realizarão padrões de voo e manobras distintas entre si, proporcionando evolução
constante do cenário tático e obrigando o piloto a dividir a sua atenção de maneira
eficiente.
Ao término de cada apresentação, será realizada uma entrevista com o
piloto, de acordo com o conteúdo constante do Apêndice B. As respostas das três
primeiras perguntas do questionário servirão para definir o nível de experiência da
população estudada, a fim de verificar a existência da influência desta característica
nos resultados da pesquisa, utilizando o teste de independência do coeficiente V de
Cramer.
Com o objetivo de que o piloto descreva sua percepção e compreensão
do cenário de combate, os equipamentos utilizados, além de citar as próximas ações
táticas que pretendia realizar. Para facilitar a realização do levantamento de dados,
todas as missões terão decisões esperadas. Significando que as ações futuras terão
respostas certas, quando coerentes com a situação, ou erradas, no caso de falta de
coerência com o cenário.
Como forma de verificar a percepção do cenário tático apresentado no
momento final de cada missão, o piloto representará sua visualização dos aviões ini-
migos apresentados no TSD, por meio de um desenho esquemático sobre folha im-
pressa, contendo o cenário utilizado na missão do simulador como plano de fundo.
Dessa representação, serão extraídas as informações de azimute, distância e ângu-
lo de aspecto que, comparados com a situação ideal final planejada, apresentarão a
diferença entre a percepção e compreensão do piloto. Assim sendo, será possível
comparar o modelo mental definido por Endsley (1995) com a real posição e atitude
das aeronaves inimigas.
As respostas às questões de número quatro a nove determinarão as
ações futuras a serem realizadas pelo piloto, bem como os equipamentos levados
em consideração por ele para essa tomada de decisão. De posse dessas informa-
ções, será possível identificar as ações e os fatores relevantes para a tomada de de -
cisão dos pilotos de caça do 1° GAVCA, respondendo, desta forma, a QN2.
Após o levantamento dos dados dos testes psicotécnicos e das missões
de simulador de voo, a realização de uma análise estatística, baseada na análise de
10
dispersão e correlação linear, será a solução mais adequada para se atingir o objeti-
vo geral. Conforme Rodrigues (2006, p. 149):
A Análise de Dispersão é uma ferramenta que permite identificar a existên-
cia e a intensidade do relacionamento (correlação – r) entre duas variáveis.
É representada por uma matriz ou gráfico, no qual cada ponto plotado repre-
senta um par observado de valores para as variáveis em questão: variável
dependente e variável independente [...].
Devido à complexidade dos cálculos, os mesmos serão realizados utili-
zando-se o software LibreOffice Calc, uma planilha eletrônica de código aberto. Nes-
sa ferramenta, os dados coletados serão tabulados, apresentados em gráficos e
submetidos a testes de verificação de correlação entre as variáveis independentes e
dependentes.
Crespo (1996, p.151) define o coeficiente de correlação de Pearson (r)
como uma medida de associação linear entre variáveis. Esse coeficiente será utiliza-
do e deverá indicar o grau de intensidade da correlação entre duas variáveis. Sua
fórmula é:
nΣXY −ΣXΣY
R=
√n( ΣX 2 )−( ΣX )2 √n(ΣY 2 )−( ΣY )2
O coeficiente de correlação de Pearson (r) varia de -1 a 1. Todavia, como
valores extremos dificilmente são encontrados, é importante definir como os pesqui-
sadores interpretam a magnitude dos coeficientes. Para a aplicação desse coeficien -
te (r) em ciências sociais, Dancey e Reidy (2006), assumem que escores entre 0,10
e 0,30 podem ser considerados de correlação fraca; escores entre 0,40 e 0,60 apre-
sentam uma correlação moderada; e valores entre 0,70 e 1 podem ser interpretados
como de correlação forte.
Após o estabelecimento das devidas correlações e suas forças, será pos-
sível responder ao problema de pesquisa, identificando a influência entre a variável
independente nível de atenção e sua influência na tomada de decisão dos pilotos do
1° GAVCA, quando cumprindo missão de combate BVR.
Por fim, serão analisadas as respostas das questões dez e onze do
questionário, segundo o conceito da escala de Likert com cinco opções, que apre-
sentarão a impressão dos pilotos em relação às suas experiências pregressas nesse
tipo de missão, servindo para contrapor ou corroborar com os dados objetivos retira-
dos da pesquisa experimental.
11
4 CRONOGRAMA
REFERÊNCIAS
ARTIGO CIENTÍFICO
DOUTRINA DE EMPREGO
LINHA DE PESQUISA
17/NOVEMBRO/2014
DATA
CAP 2/2014
Curso e ano
RESUMO
O presente artigo teve por objetivo identificar em que medida o nível de atenção pode influenciar a to -
mada de decisão dos pilotos de F-5M em missões de combate BVR. A partir desta necessidade ope-
racional foi organizada a metodologia para coleta e análise dos dados necessários. Para tanto foi apli -
cada uma bateria de testes psicotécnicos, para medição do nível de atenção dos pilotos, e realizado
um experimento no simulador da aeronave F-5M, com o objetivo de avaliar a distribuição da atenção
pelos equipamentos embarcados em proveito da construção e manutenção da consciência situacional
dos pilotos, bem como analisar as reações destes a partir das informações fornecidas pelos equipa-
mentos. A coleta de dados contou também com a aplicação de entrevista estruturada aos pilotos parti-
cipantes do experimento a fim de identificar a percepção dos mesmos quanto à importância da aten -
ção durante missões de combate BVR. Das respostas obtidas foram extraídos os dados que, após
serem analisados, permitiram chegar a resposta ao problema de pesquisa. Chegou-se a conclusão
que o nível de atenção difusa influencia de forma positiva na tomada de decisão durante missões de
combate BVR. Em contrapartida, o nível de atenção concentrada não apresentou relação com a refe -
rida tomada de decisão.
ABSTRACT
This article aims to identify to what extent the level of attention can influence the decision making of
pilots F-5M in BVR combat missions. From this operational need a methodology for collecting and
analyzing the data required was organized. Thus, we applied a battery of psychometric tests to mea -
sure the pilot's level of attention, and conducted an experiment in F-5M aircraft simulator, aiming to
evaluate the distribution of attention for embedded devices in favor of the construction and maintenan-
ce of pilots' situational awareness and analyze these reactions from the information provided by the
equipments. Data collection also included the application of a structured interview to pilots participa-
ting in the experiment in order to identify their perception of the importance of attention during BVR
combat missions. The answers obtained and the data were analyzed, allowed to reach the answer to
the research question were extracted. The conclusion that the level of diffuse attention positively influ -
ences decision making for BVR combat missions. In contrast, the level of focused attention showed no
relationship with the said decision making.
1 INTRODUÇÃO
nientes de aeronaves inimigas, através do RWR 4. Isso tudo sempre atento às comu-
nicações de rádio com o controle de Defesa Aérea e os demais aviões da sua forma-
ção.
o engajamento. Foi também percebido que esses problemas, seja atenção excessi-
vamente concentrada em um equipamento ou atenção dispersa, indicavam seguir
uma tendência, na qual determinados pilotos cometiam repetidamente os mesmos
erros, prejudicando o desempenho do seu voo e dos demais aviões da sua esquadri-
lha6.
Partindo dessas observações, surgiu a inquietação nesse pesquisador, a
fim de descobrir se o nível de atenção de um piloto define a qualidade das decisões
por ele tomadas. O que conduziu ao problema de pesquisa: ‘Qual a influência do ní-
vel de atenção na tomada de decisão, durante o combate BVR?’.
Diante desse questionamento, esse trabalho teve o objetivo geral de ana-
lisar a influência entre o nível de atenção dos pilotos de caça e a sua consequente
tomada de decisão, quando em arena de combate BVR.
Como forma de atingir ao objetivo proposto, foram formulados dois questi-
onamentos que serviram como norteadores desta pesquisa, elencados a seguir:
QN1: Qual o nível de atenção dos pilotos operacionais do Primeiro Grupo
de Aviação de Caça?
QN2: Quais fatores são considerados pelos pilotos na tomada de decisão,
durante o combate BVR?
Para que as questões levantadas sejam respondidas, fez-se necessária a
consecução dos objetivos específicos:
OE1: Identificar o nível de atenção dos pilotos operacionais do Primeiro
Grupo de Aviação de Caça.
OE2: Identificar os fatores considerados pelos pilotos, durante o processo
de tomada de decisão em combates BVR.
A pesquisa apresentou-se viável, pela realização da etapa experimental
em simulador de voo, o que minimizou os custos. Bem como oportuna, em virtude
do caráter atual e inédito do tema, já que esse tipo de missão começou a ser treina-
do na FAB após o ano de 2006.
O trabalho se revestiu de importância na medida em que se propôs a es-
tabelecer uma relação entre o nível de atenção dos pilotos de caça da FAB e a con-
sequente tomada de decisão, durante o desenrolar de um combate BVR. Essa rela-
ção, ressaltada pelos autores de referência como imprescindível para a correta for-
6 Grupo de aeronaves componentes de uma unidade de voo, tendo como formação básica 2 aviões.
5
2 REFERENCIAL TEÓRICO
adequada à situação, que pode ser atacar um avião oponente, defender-se deste ou
simplesmente evitar o enfrentamento.
Diante do acima exposto, ao conjugar a mensuração do nível de atenção
dos pilotos de caça e as ações por eles adotadas em missões no simulador de voo,
pretendeu-se analisar a influência da distribuição da atenção na tomada de decisão
em missões de combate BVR.
3 METODOLOGIA
De acordo com a classificação prevista por Gil (2007), com base no objeti-
vo geral, esta pesquisa enquadrou-se como descritiva, pois buscou estabelecer a
existência de associações entre duas variáveis: o nível de atenção e a tomada de
decisão dos pilotos de caça em uma missão de combate BVR.
Para clarificar a análise é necessário elucidar ao leitor quais variáveis fa-
zem parte do problema enunciado. Gil (2007) afirma que as variáveis podem ser in-
dependentes e dependentes, de forma que a variação da primeira exerce influência
sobre a segunda.
A variável independente considerada foi o nível de atenção dos pilotos
operacionais do 1° GAVCA, o qual foi dividido em atenções difusa e concentrada,
medidas através de testes psicológicos específicos.
A tomada de decisão foi a variável dependente, sendo considerada o con-
junto de ações e procedimentos adotados pelo piloto, utilizando-se o simulador de
voo da aeronave F-5M. A variável foi medida por meio da execução de ações corre-
tas e da diferença entre o modelo mental construído pelo piloto e a posição real das
aeronaves inimigas.
Para o início da coleta de dados, foi realizada aplicação de duas baterias
de testes psicotécnicos, para a avaliação do nível de atenção dos pilotos. Dentro do
universo de 3 esquadrões operadores da aeronave F-5M na FAB, a pesquisa foi rea -
lizada apenas com os pilotos operacionais pertencentes ao Quadro de Tripulantes
(QT) do 1° GAVCA no ano de 2014. O referido dimensionamento se fez necessário
para tornar o trabalho exequível no prazo estabelecido, sem causar prejuízo ao ne-
cessário levantamento de dados.
8
9 Bateria de testes de autoria do psicólogo Emílio Tonglet, publicada em 2002 pela Editora Vetor.
10 Bateria de testes de autoria do psicólogo Emílio Tonglet, publicada em 2003 pela Editora Vetor.
11 Ação de Força Aérea, na qual aeronaves de caça são responsáveis por detectar, identificar e neu -
tralizar ou destruir vetores aéreos em espaço aéreo de interesse.
9
para 6 e terminando com 7 aeronaves inimigas. Todos os aviões inimigos eram apre-
sentados pelo Data Link e não eram transmitidas informações pelo rádio, com o ob-
jetivo de fornecer somente estímulos visuais ao piloto. As aeronaves oponentes rea-
lizaram padrões de voo e manobras distintas entre si, proporcionando evolução
constante do cenário tático e obrigando o piloto a dividir sua atenção de maneira efi-
ciente.
Como forma de tornar a análise de dados factível, todas as missões ti-
nham decisões esperadas. Significando que as ações futuras tinham respostas cer -
tas, quando coerentes com a situação, ou erradas, no caso de falta de coerência
com o cenário.
Para registrar a percepção do cenário tático apresentado no momento fi-
nal de cada missão, foi solicitado aos pilotos que representassem sua visualização
dos aviões inimigos apresentados no TSD, por meio de um desenho esquemático
sobre folha impressa, contendo o cenário utilizado na missão do simulador como
plano de fundo. Dessa representação, foram extraídas as informações de azimute,
distância e ângulo de aspecto que, comparados com a situação ideal final planejada,
apresentaram a diferença entre a percepção e compreensão do piloto. Assim sendo,
foi possível comparar o modelo mental, definido por Endsley (1995), com a real posi-
ção e atitude das aeronaves inimigas.
As respostas às questões de número quatro a nove determinaram as
ações futuras planejadas pelo piloto, bem como os equipamentos levados em consi-
deração por ele para essa tomada de decisão. De posse dessas informações, foi
possível identificar as ações e os fatores relevantes para a tomada de decisão dos
pilotos de caça do 1° GAVCA, respondendo, desta forma, a QN2.
Após o levantamento dos dados dos testes psicotécnicos e das missões
de simulador de voo, a realização de uma análise estatística, baseada na análise de
dispersão e correlação linear, foi a solução encontrada para se atingir o objetivo ge-
ral. Conforme Rodrigues (2006, p. 149):
A Análise de Dispersão é uma ferramenta que permite identificar a existên-
cia e a intensidade do relacionamento (correlação – r) entre duas variáveis.
É representada por uma matriz ou gráfico, no qual cada ponto plotado repre-
senta um par observado de valores para as variáveis em questão: variável
dependente e variável independente [...].
10
4 DISCUSSÕES E ANÁLISES
Quadro 3 – Influência da utilização dos equipamentos embarcados na tomada de decisão dos pilotos.
Equipamentos Ações corretas Ações incorretas
HUD 0% 100%
RADAR 33,3% 66,7%
TSD 54,5% 45,5%
RWR 100% 0%
Fonte: O autor (2014).
As informações constantes dos quadros 2 e 3 mostram que os equipa-
mentos TSD e RWR foram os mais utilizados pelos pilotos e influenciaram positiva-
mente na adoção de ações táticas corretas durante o desenrolar do combate BVR.
Em consonância com o referencial teórico, ambos equipamentos contribuíram para a
construção e manutenção de um elevado nível de consciência situacional, na qual
os pilotos perceberam os estímulos recebidos do TSD e RWR, compreenderam o
cenário tático, projetaram as ações futuras das aeronaves oponentes e tomaram as
ações corretas e coerentes com o cenário de combate.
Os dados apresentados nos quadros 2 e 3 respondem à QN 2: “Quais fa-
tores são considerados pelos pilotos na tomada de decisão, durante o combate
BVR?”. Dessa forma, o OE2 foi atingido: “Identificar os fatores considerados pelos
pilotos, durante o processo de tomada de decisão em combates BVR”.
O quadro 4 foi confecccionado para apresentar a relação entre a pontua-
ção dos pilotos na bateria de testes psicotécnicos (TECON 3 e TEDIF 3) com as
ações corretas adotadas por eles no desenrolar do combate BVR. Foi aplicado o co-
eficiente de correlação de Pearson (r) como procedimento para medir a associação
entre as variáveis e indicar o grau de intensidade da correlação entre elas.
Para a aplicação desse coeficiente no presente trabalho, foi adotada a
abordagem de Dancey e Reidy (2006), na qual escores entre 0,10 e 0,30 foram con-
siderados de correlação fraca; escores entre 0,40 e 0,60 apresentaram uma correla-
ção moderada; e valores entre 0,70 e 1 foram interpretados como de correlação for-
te. Já valores entre 0 e -1 indicaram uma correlação negativa entre as variáveis ava-
liadas.
As informações do referido quadro mostram que o TECON 3 não apresen-
tou correlação nos voos realizados no cenário A (r = 0,088), correlação positiva e fra-
ca no cenário B (r = 0,326) e correlação negativa e moderada (r = -0,503) no cenário
C. Em contrapartida, o TEDIF 3 também não apresentou correlação nos voos reali-
14
Quadro 5 – Relação do resultado dos testes psicotécnicos com a diferença de percepção dos pilotos.
Coeficiente de correlação de Pearson
Diferença entre real e
Aeronave oponente TECON 3 TEDIF 3
percepção
Cenário A
#5 Ângulo de aspecto 0,352 -0,498
Cenário B
#3 Ângulo de aspecto -0,490 -0,065
#4 Distância 0,126 -0,452
#5 Ângulo de aspecto 0,466 -0,605
#7 Distância 0,787 -0,441
Cenário C
#5 Ângulo de aspecto 0,801 -0,449
#6 Ângulo de aspecto 0,148 -0,481
#7 Distância 0,719 -0,517
Distância -0,065 -0,588
#8
Azimute -0,277 -0,483
Fonte: O autor (2014).
5 CONCLUSÃO
CAP 2/2014
PESQUISA EXPERIMENTAL
PROCEDIMENTOS DO PESQUISADOR
Posicionar as aeronaves do experimento na posição inicial Bull's Eye
180°/25, no FL 240, velocidade de 0.9 IMN, proa 000°, configuração de armamento
de Defesa Aérea e Data Link ligado. Após, posicionar os aviões inimigos em suas
posições iniciais, todos no FL 240, velocidade de 0.9 IMN e proa 180°. A formação
das aeronaves e suas manobras subsequentes dependerá do cenário determinado.
Fonte: O autor.
APÊNDICE A – ROTEIRO DE PESQUISA EXPERIMENTAL - 4/5
Figura 6 – Posicionamento das aeronaves para Início do 2° Experimento (Cenário B).
Fonte: O autor.
Figura 7 – Posicionamento das aeronaves para Início do 3° Experimento (Cenário C).
Fonte: O autor.
APÊNDICE A – ROTEIRO DE PESQUISA EXPERIMENTAL - 5/5
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
CENÁRIO A:
4) Quais as próximas ações seriam realizadas?
( ) Lançar armamento F3 (Derby) na aeronave inimiga.
( ) Lançar armamento F2 (Python-4) na aeronave inimiga.
( ) Defender-se, realizando NOTCH para _______________.
( ) Defender-se, realizando ABORT para _______________.
APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA PADRONIZADA - 2/3
5) Quais equipamentos foram levados em consideração para essa
tomada de decisão?
( ) HUD
( ) Radar
( ) TSD
( ) RWR
CENÁRIO B:
6) Quais as próximas ações seriam realizadas?
( ) Lançar armamento F3 (Derby) na aeronave inimiga.
( ) Lançar armamento F2 (Python-4) na aeronave inimiga.
( ) Defender-se, realizando NOTCH para _______________.
( ) Defender-se, realizando ABORT para _______________.
CENÁRIO C:
8) Quais as próximas ações seriam realizadas?
( ) Lançar armamento F3 (Derby) na aeronave inimiga.
( ) Lançar armamento F2 (Python-4) na aeronave inimiga.
( ) Defender-se, realizando NOTCH para _______________.
( ) Defender-se, realizando ABORT para _______________.
( ) Nunca
( ) Raramente
( ) Às vezes
( ) Normalmente
( ) Sempre
( ) Sem importância
( ) Pouca importância
( ) Média importância
( ) Muita importância
( ) Total importância
APÊNDICE C – TABELAS COMPLETAS: RELAÇÃO BGFM - DIFERENÇAS
Quadro 6 – Relação entre as diferenças e os testes psicotécnicos no cenário A.
Coeficiente de correlação de Pearson – Cenário A
Diferença entre real e
Aeronave oponente TECON 3 TEDIF 3
percepção
Distância 0,388 0,212
#2 Azimute -0,009 -0,198
Ângulo de aspecto -0,148 -0,340
Distância 0,059 -0,072
#3 Azimute -0,265 -0,384
Ângulo de aspecto 0,135 -0,146
Distância 0,298 0,199
#4 Azimute 0,334 -0,069
Ângulo de aspecto -0,148 -0,340
Distância -0,261 0,218
#5 Azimute 0,552 0,047
Ângulo de aspecto 0,352 -0,498
Fonte: O autor (2014).
Quadro 7 – Relação entre as diferenças e os testes psicotécnicos no cenário B.
Coeficiente de correlação de Pearson – Cenário B
Diferença entre real e
Aeronave oponente TECON 3 TEDIF 3
percepção
Distância 0,543 -0,292
#2 Azimute 0,182 0,339
Ângulo de aspecto N/A * N/A *
Distância -0,316 -0,338
#3 Azimute 0,490 -0,017
Ângulo de aspecto -0,490 -0,065
Distância 0,126 -0,452
#4 Azimute 0,176 -0,213
Ângulo de aspecto N/A * N/A *
Distância 0,035 -0,130
#5 Azimute -0,044 -0,206
Ângulo de aspecto 0,466 -0,605
Distância 0,140 0,158
#6 Azimute 0,002 -0,114
Ângulo de aspecto 0,192 -0,195
Distância 0,787 -0,441
#7 Azimute 0,623 -0,080
Ângulo de aspecto 0,755 -0,002
* N/A: não aplicável, pois não houve diferença entre as informações reais e percebidas pelos pilotos
pesquisados.
Fonte: O autor (2014).
Quadro 8 – Relação entre as diferenças e os testes psicotécnicos no cenário A.
Coeficiente de correlação de Pearson – Cenário C
Diferença entre real e
Aeronave oponente TECON 3 TEDIF 3
percepção
Distância -0,166 -0,272
#2 Azimute 0,513 -0,050
Ângulo de aspecto N/A * N/A *
Distância 0,238 0,163
#3 Azimute 0,324 0,044
Ângulo de aspecto 0,614 -0,042
Distância -0,137 -0,008
#4 Azimute 0,289 -0,357
Ângulo de aspecto N/A * N/A *
Distância 0,050 0,008
#5 Azimute 0,711 -0,102
Ângulo de aspecto 0,801 -0,449
Distância -0,117 0,237
#6 Azimute 0,376 -0,308
Ângulo de aspecto 0,148 -0,481
Distância 0,719 -0,517
#7 Azimute -0,141 0,251
Ângulo de aspecto 0,594 -0,232
Distância -0,065 -0,588
#8 Azimute -0,277 -0,483
Ângulo de aspecto 0,402 0,082
* N/A: não aplicável, pois não houve diferença entre as informações reais e percebidas pelos pilotos
pesquisados.
Fonte: O autor (2014).