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Thermal-mechanical analysis (thermal-plasticity) during continuous casting processes of steels View project
All content following this page was uploaded by Paulo Vicente de Cassia Lima Pimenta on 08 May 2015.
FORTALEZA - CE
2014
Paulo Vicente de Cassia Lima Pimenta
FORTALEZA - CE
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE
CDD 620.11
Ao meu avô Vicente de Paulo Pimenta
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus.
Gostaria de agradecer também aos meus orientadores, Prof. Francisco Marcondes
e o Prof. Péter Zoltan Berke, pelo suporte, pela dedicação de tempo e paciência para
comigo durante todo perı́odo do curso de mestrado.
A minha tia Justina, que nos momentos mais difı́ceis, me ajudou financeiramente.
A técnica de lingotamento contı́nuo, nas últimas quatro décadas, é cada vez mais uti-
lizada na produção de aço semiacabado. A transferência de calor é o principal mecanismo
dominante e ocorre em todas as etapas do processo. A qualidade do aço, no lingotamento,
está diretamente relacionada à forma que ocorrem as trocas de calor, pois as variações
térmicas produzem carregamentos mecânicos, assim como as forças de contato, as quais
são geradas por intermédio dos rolos e da oscilação do molde. Tais fatores podem causar
defeitos, como fraturas ou trincas, no produto final, caso as tensões e deformações resul-
tantes excedam valores crı́ticos. O aprimoramento da técnica tem a finalidade de evitar
o surgimento de defeitos e reduzir o tempo de produção. Para isso é fundamental uma
boa compreensão dos fenômenos fı́sicos envolvidos ao longo do processo de solidificação.
O foco deste trabalho é aplicar a abordagem do EbFVM (Element based Finite-Volume
Method) no estudo dos efeitos das tensões lineares acopladas unidirecionalmente com a
temperatura aplicado ao lingotamento contı́nuo do aço 1013D (0,3% de carbono).
Nas simulações, adotou-se algumas simplificações com o estado plano de tensões e
isotropia do material. Descartando-se as forças de corpo, o contato com os rolos, a
pressão do aço lı́quido nas paredes do lingote (pressão ferrostática) e o efeito convectivo.
Contudo, apesar das simplificações adotadas, este trabalho traz informações quantitativas
quanto a formação do acúmulo das tensões lineares, que apontam para regiões de possı́veis
formações de trincas.
Palavras-chave: Simulação numérica bidimensional, Campo térmico, Tensões
lineares, Acoplamento mecânico unilateral
ABSTRACT
The continuous casting technique, in the last four decades, has been large used for to
production of semi-finished steel. The heat transfer is major mechanism and it occurs in
various steps during the continuous casting. The quality of steel is directly related to the
way the heat transfer occur, because the thermal variations produce mechanical loads, as
well as contact forces, which are generated through the rollers and shake of the mold. Such
factors may cause defects such as fractures or cracks in the final product, if the resulting
stresses and strains exceed critical values. The technique must be improved in order to
reduce the appearance of defects and the production time. For this, a good understanding
of physical phenomena involved during the solidification process is critical. The focus of
this work is to apply the EbFVM (Element based Finite-Volume Method) approach to
study the effects of linear tensions unidirectionally coupled with the temperature applied
to continuous casting of the steel 1013D (0,3% of carbon).
In the simulations, we adopted some simplifications such as the Plane Strain and iso-
tropic material. We also neglected the body forces, contact with the rollers, the liquid
pressure on the walls of the steel ingot (ferrostatic pressure), and the convective effect.
However, despite of the simplifications adopted, this work provides quantitative informa-
tions on the linear tensions accumulation, that point out to areas of possible of cracks
formations.
Keywords: Two dimensional numerical simulation, Thermal field, Linear
stress, Coupling unilateral mechanic
LISTA DE FIGURAS
1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 O Problema Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Contribuição da Modelagem Numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Motivação e Originalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Panorama da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4. RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 Resultados Térmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.3 Resultados da Simulação Termomecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3.1 Resposta Mecânica a Partir do Comprimento Metalúrgico . . . . . 50
4.3.2 Resposta Mecânica Para o Lingotamento Contı́nuo Completo . . . . 52
4.4 Limitações da Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5. CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6. TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
A. APÊNDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
A.1 Tabelas Utilizadas na Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
1
1. INTRODUÇÃO
A técnica de lingotamento contı́nuo, nas últimas quatro décadas, tem sido cada vez
mais utilizada na produção de aço semiacabado. Na Fig. 1.1, é possı́vel observar uma das
etapas da fabricação de tarugos e a máquina de lingotamento.
envolvidos nas etapas de fabricação do aço. Como no trabalho de Das [1999], que obteve
o campo de temperatura durante o processo de solidificação na região do molde; Bellet
et al. [2004], Janik et al. [2004] e Chen et al. [2009], que analisaram o efeito das tensões
produzidas pelas variações térmicas, entretanto, também apenas na região do molde; Li
e Thomas [2004], que além dos efeitos elastoplásticos produzidos pelas trocas de calor,
também incluı́ram o feito do superaquecimento em virtude da turbulência do aço lı́quido
e a ação produzida pela coluna desse lı́quido no interior do lingote, bem como a formação
da casca sólida. Entretanto, ainda falta um modelo computacional completo aplicado ao
processo de lingotamento contı́nuo.
4
• Estado de Tensão - Para o estudo das tensões lineares provocadas pelas variações
térmicas, adota-se o estado plano de tensões (EPT) - O campo de tensões é analisado
de duas formas: A primeira, com as propriedades mecânicas (E, ν, α) do material
sem a dependência da temperatura, com o estado de referência na região do com-
primento metalúrgico (veja - Fig. 1.2). A segunda, com as propriedades mecânicas
do material variando com a temperatura e utilizando a temperatura solidus como
estado de referência.
1
Para maiores detalhes veja em Anjos [2013].
7
UNILATERALMENTE
2.1 Preliminares
temperaturas nos raios externo e interno, e em uma das faces laterais. A secção plana é
analisada do ponto do vista do referencial Lagrangiano, isto é, a secção será acompanhada
em cada etapa que corresponde ao lingotamento, de acordo com o esquema representado
na Fig. 2.1a, que tem inı́cio no menisco (0, 110m) e segue até a região de corte (12m),
e se admite existir apenas carregamentos devido a variação de temperatura. Note-se
que as condições de contorno do problema térmico variam, pois dependem dos tipos de
resfriamento que ocorrem durante o processo de solidificação.
9
Figura 2.2: Figura ilustrativa da secção do molde de cobre
2.2 Aços
As ligas de ferro com até 2,1% de carbono são denominadas aços. Observa-se que
2,11% é a separação teórica entre aços e ferros fundidos. Para teores acima desse valor de
referência, apresentam-se os ferros fundidos (Fig. 2.3). Os aços, além do carbono, também
podem conter outros elementos como Cr, Mn, Si, Mo,V, Nb, Ti e Ni, e são utilizados
comumente na fabricação de ferramentas, peças industriais, estruturas de sustentação na
construção civil e outras inúmeras aplicações [Bortoleto 2010].
Pelo diagrama da Fig. 2.4, fica claro que durante a solidificação ocorrem diversas
1
Abcissa – Representa a escala horizontal, com a porcentagem de carbono;
Ordenada – Representa as temperaturas;
A1 – Indica o limite da existência de austenita;
A3 – Indica inı́cio da passagem da estrutura CFC para CCC durante o resfriamento;
Acm – Indica o limite da quantidade de carbono dissolvido na austenita;
F e3 C – É a fórmula do carboneto de ferro, chamado cementita;
γ (gama) – Sı́mbolo de austenita;
α (alfa) – Sı́mbolo de ferrita.
11
2- Aços peritéticos apresentam concentração de carbono entre 0,09 e 0,53% e podem ser
caracterizados pela reação da ferrita delta com a fase lı́quida produzindo austenita
(γ − γFe) a uma temperatura de 1493o C;
Assim, para o aço 0,3% carbono (ragião dos aços peritéticos), pode-se observar as
transformações de fases que ocorrem no processo de solidificação e compreende a formação
de aço lı́quido, em seguida da fase lı́quida mais a ferrita delta (L + δ), que produz a fase
lı́quida mais a austenita (L + γ) e por fim, a formação de austenita (γ).
O termo de geração de calor latente que surge devido a mudança de fase (lı́quida -
sólida) pode ser escrito como:
∂fs
q̇ = ρ (T ) L (2.3)
∂t
sendo L o calor latente de fusão Jkg −1 , fs a fração sólida formada. O termo de geração
∂fs ∂T
q̇ = ρ (T ) L (2.4)
∂T ∂t
∂ 0 ∂ ∂T ∂ ∂T
[ρ (T ) c (T ) T ] = κ (T ) + κ (T ) (2.5)
∂t ∂x ∂x ∂y ∂y
Nota-se que as variáveis cs e cl representam o calor especı́fico das fases sólida (cs = 800
Jkg −1 K −1 ) e lı́quida (cl = 740 Jkg −1 K −1 ), respectivamente.
Para a liga em estudo, o aço 1013D, o calor especı́fico, c, depende da temperatura,
assim como a massa especı́fica, ρ, e a condutividade térmica, κ. A condutividade é
13
expressa por uma relação similar a do calor especı́fico e é representada por [Anjos 2013]:
κs , se T 6 1770K (sólido)
κ (T ) = fs κs + (1 − fs ) κl (2.8)
κl ,
se T > 1792K (lı́quido)
sendo que as variáveis κs e κl são as condutividades térmicas para as fases sólida (κs = 33, 6
W m−1 K −1 ) e lı́quida (κl = 34, 7 W m−1 K −1 ), respectivamente.
Da mesma forma, a densidade pode ser representada por
ρs , se T 6 1770K (sólido)
ρ (T ) = fs ρs + (1 − fs ) ρl (2.9)
ρl ,
se T > 1792K (lı́quido)
onde as variáveis ρs e ρl representam as massas especı́ficas das fases sólida (ρs = 7301
kgm−3 ) e lı́quida (ρl = 7011 kgm−3 ), respectivamente.
A fração sólida (fs ) depende dos constituintes da liga, bem como das interações en-
tre esses componentes durante a solidificação. Na modelagem computacional, assume-se
também que esse termo depende da temperatura na forma [Anjos 2013]
1 Tliq − T
fs = (2.10)
1 − k0 Tf − T
" #
∂fs 1 Tliq − T 1
= 2 − (2.11)
∂T 1 − k0 (Tf − T ) Tf − T
Esta equação representa o fluxo lı́quido de calor entrando através da área S, sendo h o
coeficiente de pelı́cula ou coeficiente convectivo de transferência de calor e Tamb a tempe-
ratura ambiente.
Para a face lateral, raios externo e interno em cada zona de resfriamento do lingote,
utiliza-se coeficientes de transferência de calor obtidos numérico-experimentalmente por
Anjos [2013]. Esses coeficientes são organizados por regiões, como segue:
onde
z(t) = vt (2.15)
15
h = 0, 366V n (2.16)
Para o problema de mecânica do sólido que será tratado, considerou-se algumas sim-
plificações, como isotropia, ausência de interações com as forças de corpo e de contato, e
também sem considerar as deformações plásticas do material. Assim, a partir da equação
da conservação do momento linear [Voller 2009], pode-se escrever
∆σij,j = 0 (2.18)
De acordo com o princı́pio da conservação do momento linear e angular, uma vez que
o corpo não está sujeito a nenhuma interação com forças externas (equilı́brio de rotação
de translação), o tensor tensão é simétrico, ou seja,
∆σ[ij] = 0 (2.20)
e
∆σij = ∆σji (2.21)
17
sendo
1
∆εkl = (∆uk,l + ∆ul,k ) (2.24)
2
O número de componentes também depende dos planos de simetria. Então, para uma
material tridimensional, observa-se:
Conforme já mencionado, considerou-se o caso com 3 planos de simetria, isto é, um
material isotrópico e as componentes são representadas por
λ = C12 (2.27)
1
µ = (C11 − C12 ) (2.28)
2
λ + 2µ λ λ 0 0 0
λ + 2µ λ 0 0 0
λ + 2µ 0 0 0
Cijkl =
(2.29)
µ 0 0
µ 0
sim. µ
ou em notação indicial,
sendo
0, m 6= n
δmn =
1, m = n
resultando em
∆σij = λδij ∆εkk + 2µ∆εij (2.32)
Eν
λ= (2.34)
(1 − 2ν)(1 + ν)
20
Eν E
∆σij = δij ∆εkk + ∆εij + β (T − Tref ) δij (2.36)
(1 − 2ν)(1 + ν) (1 + ν)
E
β=− αi (2.37)
1 − 2ν
1
∆εij = (∆ui,j + ∆uj,i ) (2.38)
2
I
∆σij nj dS = 0 (2.41)
S
I
Eν E 1
∆uk,k δij + (∆ui,j + ∆uj,i ) nj dS
(1 − 2ν)(1 + ν) (1 + ν) 2
S
I
E
− αi δij (T − Tref )nj dS = 0 (2.42)
1 − 2ν
S
Pode-se também escrever a relação acima (Eq.(2.44)) em função das componentes das
deformações na forma matricial
∆ε11 1 −ν 0
∆σ 11
1
1
∆ε22 = −ν 1
0 ∆σ 22
+ αi ∆T 1 (2.45)
E
2∆ε12
0 0 2(1 + ν) ∆σ 12
0
23
1
∆ε33 = [∆σ 33 − ν(∆σ 11 + ∆σ 22 )] + α3 ∆T (2.46)
E
e assumindo ∆σ 33 = 0, obtém-se
ν
∆ε33 = − (∆σ 11 + ∆σ 22 ) + α3 ∆T (2.47)
E
1
∆ε33 = [∆σ 33 − ν(∆σ 11 + ∆σ 22 )] + α3 ∆T = 0 (2.50)
E
resultando em,
∆σ 33 = ν(∆σ 11 + ∆σ 22 ) − α3 ∆T (2.51)
Para os objetivos deste trabalho, utiliza-se o Estado Plano de Tensão, pois todas
as observações se concentram em uma secção do lingote, que pode ser visto como uma
placa sujeita a variações não uniformes de temperatura nas fronteiras. Contudo, se pode
transformar, com certa simplicidade, do Estado Plano de Tensão para o Estado Plano de
Deformação ou vice-versa [Voller 2009].
Para o estudo do efeito das tensões durante a solidificação, adotou-se o EPT. Nesta
secção, serão abordadas considerações importantes na aplicação do modelo ao problema
industrial em questão. Enfatiza-se, que o modelo mecânico acoplado utilizado para des-
crever o comportamento das tensões, leva em conta apenas os carregamentos devido as
variações de temperatura, ao passo que o lingotamento contı́nuo real apresenta diversos
efeitos fı́sico extremamente complexos que contribuem também na formação das tensões.
25
Apesar disso, pode-se fazer uma avaliação quantitativa dos locais de concentração das
tensões lineares.
Assim, para as componentes da tensão considerando o EPT no plano xOy, tem-se
E
∆σxx = [∆εxx + ν∆εyy − (1 + ν)αx ∆T ] (2.52)
1 − ν2
E
∆σyy = [∆εyy + ν∆εxx − (1 + ν)αy ∆T ] (2.53)
1 − ν2
E
∆σxy = ∆εxy = ∆σyx (2.54)
2 (1 + ν)
E ∂∆u ∂∆v
∆σxx = +ν − (1 + ν)αx ∆T (2.56)
1 − ν 2 ∂x ∂y
E ∂∆v ∂∆u
∆σyy = +ν − (1 + ν)αy ∆T (2.57)
1 − ν 2 ∂y ∂x
E ∂∆u ∂∆v
∆σxy = + (2.58)
2(1 + ν) ∂y ∂x
CONTÍNUO
3.1 Preliminares
• Vertex-based Finite Volume Method (VFVM) - termo adotado por Taylor et al.
[1999];
• Cell-vertex Finite Volume Method (CV-FV) - termo utilizado por Slone et al. [2003].
Neste trabalho também será adotada a nomenclatura EbFVM, pois a mesma se refere
a uma metodologia de volumes finitos que emprega elementos finitos e funções de forma,
mas as equações aproximadas são obtidas obedecendo a conservação fı́sica da propriedade
em cada elemento. No presente caso, conservação de energia e momento linear.
No EbFVM, para avaliar a derivada de uma propriedade numericamente (p.e tempe-
ratura - T ), ou simplesmente o valor dessa propriedade, em qualquer ponto do elemento
(p.e. um ponto arbitrário P (x, y)), utiliza-se o recurso das funções de forma. Desse modo,
30
Figura 3.2: Esquema do elemento triangular com as divisões dos subvolumes de controle (scv),
os pontos nodais e (1, 2 e 3), nas faces de cada subvolume de controle, os pontos de integração
(ip)
considerando φ como sendo uma propriedade que se quer avaliar em qualquer ponto den-
tro do elemento, pode-se escrever φ em termos da aproximação (com interpolação linear):
φ ≈ ax + by + c, (3.1)
φi ≈ ai xi + bi yi + ci , i = 1, 2, 3 (3.2)
Sobre todo elemento, o campo contı́nuo de uma propriedade arbitrária φ pode ser re-
presentada como uma combinação linear de valores nodais (i = 1, 2, 3), pela aproximação:
3
X
φ(x, y) ≈ Ni (x, y)φi (3.4)
i=1
31
sendo
onde A123 é área do elemento, p é um ponto arbitrário dentro do elemento, Ap23 , Ap21 e
Ap31 são áreas, tais que
Ap23 + Ap31 + Ap21 = A123 (3.8)
(essas áreas podem ser ilustradas pela região em branco apresentadas nos triângulos da
Fig. 3.3). Observa-se que quando p assume valores que coincidem com o ponto nodal i
(i = 1, 2, 3), implica em Ni = 1 e para valores de p do lado posto ao ponto nodal i, a área
associada é Ni = 0. Como pode se verificado pelas relações
Figura 3.3: Ilustração da área do elemento e da área que corresponde a função de forma (em
branco)
32
1 x1 y1
1
A123 = 1 x 2 y 2
(3.9)
2
1 x3 y 3
1
Ap23 = [(x2 y3 − x3 y2 ) − xp (y3 − y2 ) + yp (x3 − x2 )] (3.10)
2
1
Ap31 = [(x3 y1 − x1 y3 ) − xp (y1 − y3 ) + yp (x1 − x3 )] (3.11)
2
1
Ap12 = [(x1 y2 − x2 y1 ) − xp (y2 − y1 ) + yp (x2 − x1 )] (3.12)
2
3
∂ X ∂
φ(x, y) ≈ Ni (x, y)φi
∂x i=1
∂x
3
∂ X ∂
φ(x, y) ≈ Ni (x, y)φi (3.13)
∂y i=1
∂y
Portanto, para as propriedades avaliadas nas faces, como, por exemplo, a difusivi-
dade no subvolume de controle svc1, utilizando o ponto médio de cada face (ponto de
integração), obtém-se
3
X 5 5 2
κip1 = Ni κi = κ1 + κ2 + κ3 (3.14)
j=1
12 12 12
3
X 5 2 5
κip2 = Ni κi = κ1 + κ2 + κ3 (3.15)
j=1
12 12 12
3
∂ X
= Niy (3.17)
∂y i=1
∂N1 (y2 − y3 )
N1x = =
∂x 2V ele
∂N1 (x3 − x2 )
N1y = =
∂y 2V ele
∂N2 (y3 − y1 )
N2x = = (3.18)
∂x 2V ele
∂N2 (x1 − x3 )
N2y = =
∂y 2V ele
∂N3 (y1 − y2 )
N3x = =
∂x 2V ele
∂N3 (x2 − x1 )
N3y = =
∂y 2V ele
sendo V ele o volume do elemento assumindo profundidade unitária e pode ser expresso
como:
(x2 y3 − x3 y2 ) + x1 (y2 − y3 ) + y1 (x3 − x2 )
V ele = (3.19)
2
1
Vi = V ele (3.20)
3
Outra definição importante são os vetores unitários localizados nos pontos de inte-
gração (ip), nas faces dos subvolumes de controle (scv). As componentes desses vetores
unitários são expressas como:
∆yf1~
~nxf1 = i
S f1
∆xf1 ~
~nyf1 = (−j) (3.21)
S f1
∆yf2~
~nxf2 = i
S f2
∆xf2 ~
~nyf2 = (−j)
S f2
34
em que
x 3 x2 x1
∆xf1 = − −
3 6 6
y3 y2 y1
∆yf1 = − −
3 6 6
−x2 x3 x1
∆xf2 = + +
3 6 6
−y2 y3 y1
∆yf2 = + +
3 6 6
q q
Sf1 = ∆x2f1 + ∆yf21 , Sf2 = ∆x2f2 + ∆yf22 (3.22)
Z Z Z I
∂ ∂T ∂T
ρ (T ) c0 (T ) T dV dt = κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndSdt (3.23)
∂t ∂x ∂y
t V t S
I Z
∂T ∂T ∂T ∂T
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS = κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS
∂x ∂y ∂x ∂y
S ip1
Z
∂T ∂T
+ κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS (3.24)
∂x ∂y
ip2
Então, por exemplo, para um subvolume de controle svc1, da Fig. 3.2, se pode escrever
35
I
∂T ∂T ∂T ∂T
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS ≈ κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~nS|ip1
∂x ∂y ∂x ∂y
S
∂T ∂T
+ κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~nS|ip1 (3.25)
∂x ∂y
e em termos das funções de forma, Eqs.(3.16) e (3.17), da relação proposta para os vetores
unitários, Eq.(3.21), e Eq.(3.22), para as áreas das faces, têm-se
3 3
∂T ∂T X X
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~nS|ip1 = κip1 Nix Ti ∆yip1 + κip1 Niy Ti (−∆x)ip1 (3.26)
∂x ∂y i=1 i=1
3 3
∂T ∂T X X
κ (T ) î + κ (T ) · ~nS|ip2 = κip2 Nix Ti ∆yip2 + κip2 Niy Ti (−∆x)ip2 (3.27)
∂x ∂y i=1 i=1
I 3 3
∂T ∂T X X
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS ≈ (Gi1 + Gi2 ) Ti = Fi Ti (3.28)
∂x ∂y i=1 i=1
S
Voltando a Eq.(3.23), trata-se agora o termo transiente que, para um ponto nodal i,
pode ser expresso como
Z Z
∂
[ρi (T ) c0i (T ) Ti ] dV dt = N eti (3.29)
∂t
t V
N eti
= ρi (T ) c0i (T ) Ti |t+∆t − ρi (T ) c0i (T ) Ti |t ∆V
(3.30)
∆t
onde t + ∆t indica o passo de tempo atual e t o passo de tempo anterior. Para o termo
36
difusivo, resta
Z I " 3 3
#
∂T ∂T X
t
X
t+∆t
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndSdt ≈ ∆t (1 − θ) Fi Ti + θ Fi Ti (3.31)
∂x ∂y i=1 i=1
t S
o parâmetro θ (0 ≤ θ ≤ 1) é usado como fator peso para aproximar o fluxo lı́quido dentro
do volume de controle, que representa o ponto nodal i, durante o intervalo de tempo
[t, t + ∆t], em termos da taxa que flui imediatamente ao entrar e ao sair do volume de
controle ao longo do tempo.
Para os possı́veis valores de θ, as três formas mais conhecidas são:
• Totalmente implı́cito θ = 1
3
X
N eti = ∆t Fi Tit+∆t (3.32)
i=1
• Crank-Nicolson θ = 0, 5
" 3 3
#
∆t 1 X 1 X
N eti = Fi Tit+∆t + Fi Tit (3.33)
2 2 i=1 2 i=1
• Explı́cito θ = 0
3
X
N eti = ∆t Fi Tit (3.34)
i=1
A opção que se faz neste trabalho é θ = 0, ou método Explı́cito. Então, para todos
os pontos nodais i, de cada elemento k, percorrendo primeiramente os correspondentes
subvolumes de controle j da malha (Fig. 3.4), a equação discretizada pode ser escrita na
forma:
nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
N etijk = ∆t Fijk Tit (3.35)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1
Z Z Z I
∂ ∂T ∂T
ρ (T ) c0 (T ) T dV dt = κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndSdt
∂t ∂x ∂y
t V
Zt Z
S
Z Z
h (Tamb − T ) dSdt ≈ −Bci Ti ∆t + Bbi Tamb ∆t (3.37)
t S
de modo que
" 3
#t
X
[Bci ∆t + ∆Vi ρi (T ) c0i (T )] Ti |t+∆t = ∆Vi ρi (T ) c0i (T ) + ∆t Fi Tit + Bbi ∆t
i=1
(3.39)
Note-se que ∆Vi e a soma de todos os volumes que circundam o ponto nodal i (vide
Fig. 3.4).
Para análise das tensões no lingotamento contı́nuo, considerou-se apenas uma fatia,
isto é, uma secção fina do lingote. Essa foi acompanhada do menisco à região de corte.
Para a análise das tensões provocadas pelas variações de temperatura, adotou-se o Estado
Plano de Tensões cujas componentes, as Eqs.(2.56), (2.57) e (2.58), podem ser observadas
39
Figura 3.5: Fluxograma para o problema térmico (Variável desconhecida T )
I
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
+ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ · n̂dS = 0
1 − ν 2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s
(3.40)
I
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î · n̂dS = 0
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s
(3.41)
A tarefa neste momento é utilizar os recursos apresentados na secção anterior para
aproximar numericamente as Eqs.(3.40) e (3.41). Então, a integração da Eq.(3.40), em
cada ponto ip, (p.e. do subvolume de controle mostrado na Fig. 3.2) pode ser escrita
como
40
I
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v x x
2
+ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ ·n̂dS = Iip1 +Iip2
1−ν ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s
onde
Z
x E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip1 = +ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ · n̂dS
1 − ν 2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip1
Z
x E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip2 = +ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ · n̂dS
1 − ν 2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip2
E para a Eq.(3.41),
I
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v y y
ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î ·n̂dS = Iip1 +Iip2
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s
onde
Z
y E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip1 = ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î · n̂dS
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip1
Z
y E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip2 = ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î · n̂dS
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip2
41
" 3 3
#
X X
x
Iip1 ≈ κxxip1 Njx ∆uj + νip1 Njy ∆vj − (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 ∆yip1 +
j=1 j=1
3 3
!
X X
κxy ip1 Njy ∆uj + Njx ∆vj (−∆xip1 )
j=1 j=1 ip1
" 3 3
#
X X
x
Iip2 ≈ κxxip2 Njx ∆uj + νip2 Njy ∆vj − (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 ∆yip2 +
j=1 j=1
3 3
!
X X
κxy ip2 Njy ∆uj + Njx ∆vj (−∆xip2 )
j=1 j=1 ip2
" 3 3
#
y
X X
Iip1 ≈ κyy ip1 νip1 Njx ∆uj + Njy ∆vj − (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 (−∆xip1 )
j=1 j=1
3 3
!
X X
+κyx ip1 Njy ∆uj + Njx ∆vj ∆yip1
j=1 j=1 ip1
" 3 3
#
y
X X
Iip2 ≈ κyy ip2 νip2 Njx ∆uj + Njy ∆vj − (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 (−∆xip2 )
j=1 j=1
3 3
!
X X
+κyx ip2 Njy ∆uj + Njx ∆vj ∆yip2
j=1 j=1 ip2
sendo
E
κxx = κyy = (3.42)
1 − ν2
E
κxy = κyx = (3.43)
2 (1 + ν)
3
X 3
X
x x
Gxx Gxx Gxy xy thx thx
Iip1 + Iip2 ≈ j1 + j2 ∆uj + j1 + Gj2 ∆vj − G1 + G2 =0 (3.44)
j=1 j=1
42
onde
Gxx
j1 = κxxip1 Njx ∆yip1 + κxy ip1 Njy (−∆xip1 )
Gxx
j2 = κxxip2 Njx ∆yip2 + κyx ip2 Njy (−∆xip2 )
Gxy
j1 = κxxip1 νip1 Njy ∆yip1 + κxy ip1 Njx (−∆xip1 )
Gxy
j2 = κxxip2 νip1 Njy ∆yip2 + κxy ip2 Njx (−∆xip2 ) (3.45)
Gthx
1 = (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 ∆yip1
Gthx
2 = (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 ∆yip2
3
X 3
X
y y
Gyy yy yx yx thy thy
Iip1 + Iip2 ≈ j1 + Gj2 ∆u j + Gj1 + Gj2 ∆v j − G1 + G2 =0 (3.46)
j=1 j=1
onde
Gyy
j1 = κyy ip1 Njy (−∆xip1 ) + κyx ip1 Njx ∆yip1
Gyy
j2 = κyy ip2 Njy (−∆xip2 ) + κyx ip2 Njx ∆yip2
Gyx
j1 = κyy ip1 νip1 Njx (−∆xip1 ) + κyx ip1 Njy ∆yip1
Gyx
j2 = κyy ip2 νip2 Njx (−∆xip2 ) + κyx ip2 Njy ∆yip2 (3.47)
Gthy
1 = (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 (−∆xip1 )
Gthy
2 = (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 (−∆xip2 )
nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
xx xy
Fijk ∆uj + Fijk ∆vj − Fxth ≈ 0 (3.48)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1
43
nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
yy yx
Fijk ∆vj + Fijk ∆uj − Fyth ≈ 0 (3.49)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1
sendo
xx
Fijk = Gxx xx
j1 + Gj2
xy
Fijk = Gxy xy
j1 + Gj2
yy
Fijk = Gyy yy
j1 + Gj2
yx
Fijk = Gyx yx
j1 + Gj2 (3.50)
Observa-se que o termo F corresponde a matriz de rigidez local, que é similar a expressão
obtida pelo FEM (Finite Element Method ) [Filippini 2011].
nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
xy
xx xx
∆vj − Fxth + Bbxx
Bcj + Fijk ∆uj + Fijk j ≈ 0 (3.51)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1
nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
yy yy yx
∆uj − Fyth + Bbyy
Bcj + Fijk ∆vj + Fijk j ≈ 0 (3.52)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1
nente do campo de deslocamento vi em P (0, 05; 0, 05) e para os outros pontos do domı́nio
yy
Bcxx
j = 0 e Bcj = 0. Como não há a presença de forças de compressão ou tração produ-
yy
zidas por agentes externos, as constantes Bbxx
j e Bbj recebem zero em todos os outros
elementos.
Na Fig. 3.6, encontra-se o fluxograma para o cálculo das variáveis desconhecidas
∆un+1 e ∆v n+1 . Um vez obtidos esses valores, efetuam-se as operações:
e
v n+1 = ∆v n+1 + v n (3.54)
ele ele
P V ele ∂∆un+1
i P V ele ∂∆vin+1
Ei 3 ∂x 3 ∂y
i=1 ele i=1 ele
n+1
∆σxx = + νi − (1 + νi )αi ∆Tin+1 (3.55)
i 2
(1 − νi ) Vi Vi
ele n+1
ele n+1
V ele ∂∆ui V ele ∂∆vi
P P
Ei 3 ∂x 3 ∂y
i=1 ele i=1 ele
n+1
∆σyy = νi + − (1 + νi )αi ∆Tin+1 (3.56)
i
(1 − νi 2 ) Vi Vi
e
ele ele
P V ele ∂∆un+1
i P V ele ∂∆vin+1
Ei 3 ∂y 3 ∂x
n+1 n+1 i=1 ele i=1 ele
∆σxy = ∆σyx = + (3.57)
i i
2 (1 + νi ) Vi Vi
45
Em seguida,
n+1 n n+1
σxx = σxx + ∆σxx , (3.58)
n+1 n n+1
σyy = σyy + ∆σyy (3.59)
e
n+1 n n+1
σxy = σxy + ∆σxy (3.60)
q
σvM 2 + σ2 − σ σ
= σxx 2
yy xx yy + 3σxy (3.61)
4. RESULTADOS
4.1 Preliminares
Aborda-se, neste texto, os resultados obtidos nas simulações para os seguintes casos:
Com os coeficientes de transferência de calor obtidos por Anjos [2013], foi possı́vel
implementar um algorı́timo e observar o perfil de temperatura durante todo processo de
lingotamento. Representa-se na Fig. 4.1, os campos térmicos dentro, em z = 0, 115 m,
e fora do molde, em z = 2, 0 m. Nota-se a diminuição da região lı́quida e a formação
da casca sólida, que é definida pela região que representa as temperaturas T ≤ 1700 K
(temperatura solidos).
derável reaquecimento na superfı́cie do lingote, que pode ser explicado pela redistribuição
da temperatura, devido a redução da retirada de calor na região de resfriamento terciário.
(σxy , σxx e σyy ) são mostradas na Fig. 4.5. Observa-se, na Fig. 4.5a, os resultados com
parâmetros constantes e, na Fig. 4.5b, com parâmetros variáveis. Como era esperado, uma
vez que para a simulação com parâmetros constantes se utilizou o valor máximo do módulo
de Young (E- vide Tabela A.4), há uma diferença de valores significativa chegando a 40%
quando comparado a simulação com parâmetros variáveis, porém o campos de tensões
apresentam a mesma distribuição em ambas as Figuras. E o mesmo pode ser visto na
Fig. 4.6, que apresenta a resposta da tensão equivalente de von Mises. Ainda na Fig. 4.6,
observa-se a concentração de tensões na região central (eixo de simetria), face lateral
e raios externo (acima) e interno (abaixo - Veja Fig. 2.8). Essas localizações podem
favorecer o aparecimento de trincas longitudinais.
52
Figura 4.5: Representação das componentes do EPT na secção de corte (z = 12, 0m)
Note-se que os valores negativos das componentes da deformação, indicam que o ma-
terial está em compressão durante o resfriamento e logo em seguida, depois de uma nova
distribuição de temperatura, observa-se valores menos negativos, isto é, ocorre um mode-
rado efeito de tração nesse momento.
Finalmente, na Fig. (4.9), mostra-se a secção de corte e as contribuições das compo-
nentes das tensões iniciadas no menisco. Também se observa a tensão equivalente de von
Mises na qual se pode ver regiões de alta concentração nas extremidades, indicando locais
de possı́veis formações de trincas.
Os resultados apresentados na Fig. 4.7, em comparação aos mostrados na Fig. 4.9, são
consideravelmente diferentes, pois as contribuições das zonas mistas afetam tanto a distri-
buição quanto a magnitude do campo de tensões e, por isso, não podem ser desprezadas.
57
Como pode ser visto, a concentração das tensões estão presentes na superfı́cie do lingote
conforme indica a Fig. 4.9. Por outro lado, a distribuição apresentada na Fig. 4.7 mostra
acúmulo de tensão na superfı́cie e no centro do lingote. Observa-se ainda na Fig. 4.7
uma modesta diferença na forma do produto final, o tarugo, devido a ação da compressão
causada pela forma que ocorreu o resfriamento. Esse resultado indica a necessidade de
formas de resfriamento mais eficiente de modo a evitar tais imperfeições.
σvM − σY < 0 Regime elástico
fpl = σvM − σY = 0 Limite de escoamento (4.1)
σvM − σY > 0
Regime plástico
ser considerado. Verifica-se ainda, na Fig. 4.10c, a secção do lingote, na região de corte
(z = 12, 0 m) na qual a função, fpl , apresenta valores positivos em quase todo domı́nio
devido ao acúmulo das tensões lineares que tem inı́cio no molde (Fig. 4.10a).
Outro fator importante na investigação de trincas produzidas apenas pelos carrega-
mentos térmicos é a contribuição do efeito viscoplástico que se mostra importante em
problemas nos quais o material é sujeito a altas variações térmicas, como é o caso do
lingotamento contı́nuo [Janik et al. 2004].
59
5. CONCLUSÃO
Este trabalho teve como tarefa principal a avaliação do campo térmico e mecânico aco-
plado unidirecionalmente aplicado ao processo de lingotamento contı́nuo do aço 1013D
(0,3% de carbono), em conjunto com a metodologia EbFVM (Element based Finite-
Volume Method). Assim, utilizou-se a equação da conservação da energia, em meio
isotrópico, para a obtenção do campo térmico e a equação da conservação do momento
linear para a obtenção do campo de deslocamentos e a resposta das componentes das
tensões.
Com a utilização de dados numérico-experimentais para o valor do coeficiente de
pelı́cula, foi possı́vel observar o comportamento bidimensional do campo térmico em di-
ferentes partes do processo de lingotamento contı́nuo. Obtida a temperatura em cada
região, avaliou-se a influência das deformações térmicas, provocadas pelo resfriamento
durante o processo de solidificação, e a contribuição dessas deformações na formação do
estado de tensões. Também se obteve a região de concentração das tensões e, por meio
do critério de von Mises, verificou-se que as tensões atingiram o regime de plasticidade.
No presente caso, esses locais com maior concentração são face lateral e raios externo e
interno. É importante ressaltar que as soluções obtidas para o estado plano de tensões
devem ser tratadas observando o comportamento plástico do material, que não foi consi-
derado neste trabalho. Observou-se ainda a influência quantitativas e qualitativas quanto
a escolha do estado de tensão de referência com a avaliação das propriedades mecânicas
do material constantes e variáveis na solução final do problema.
Apesar das simplificações adotadas, este texto traz informações quantitativas quanto
a formação de acúmulos das tensões, que apontam para regiões de possı́veis formações de
trincas.
60
6. TRABALHOS FUTUROS
Como o leitor pode ter observado, considerações importantes precisam ser acrescen-
tadas na modelagem. Este trabalho utilizou o Método de Volumes Finitos baseado em
Elementos (EbFVM) afim de resolver numericamente a equação energia para obter campo
de temperatura e utilizou a equação da conservação do momento linear para resolver o
campo deslocamentos. Assim, a expectativa para os próximos trabalhos é a utilização do
EbFVM na simulação do processo de lingamento contı́nuo tridimensional, e o tratamento,
com o mesmo método, dos fenômenos fı́sicos acoplados, como forças de contato com os
rolos e o calor gerado no processo de fricção, e o efeito advectivo do aço lı́quido dentro do
molde.
Apresenta-se, abaixo, uma lista de possı́veis trabalhos que podem ser desenvolvidos:
IV - Efeito advectivo produzido pelo aço lı́quido dentro do tarugo, com efeito fer-
rostático e força de corpo;
REFERÊNCIAS
[Bailey e Cross 1995]. C. Bailey e M. Cross. A finite volume procedure to solve elastic
solid mechanics problems in three dimensions on an unstructured mesh. International
journal for numerical methods in engineering, 38(10), 1757–1776 (1995)
[Crisfield 1997]. M. A. Crisfield. Non-linear finite element analysis of solids and struc-
tures: Advanced topics. John Wiley & Sons, Inc. (1997)
[Patankar 1980]. S. Patankar. Numerical heat transfer and fluid flow. CRC Press (1980)
65
[Voller 2009]. V. R. Voller. Basic control volume finite element methods for fluids and
solids. Vol. 1. World Scientific Publishing (2009)
[Wheel 1999]. M. A. Wheel. A mixed finite volume formulation for determining the
small strain deformation of incompressible materials. International journal for nume-
rical methods in engineering, 44(12), 1843–1861 (1999)
66
A. APÊNDICE
A B C
Raio Externo 1652,54982 0,076 1012,3554
Raio Interno 1382,75331 0,11003 892,5904
Face Lateral 1323,34964 0,10339 908,72076