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74 Agricultura orgânica e agroecologia

Bananicultura orgânica
Ana Lúcia Borges 1 , Zilton José Maciel Cordeiro 2 , Marilene Fancelli 3 , Maria Geralda Vilela Rodrigues 4

Resumo - Na bananicultura orgânica, uma das práticas mais importantes é o manejo do


solo, pois este deve ser mantido com cobertura viva e/ou morta. Os nutrientes podem
ser supridos por fontes orgânicas (plantas melhoradoras do solo – leguminosas e não
leguminosas, estercos animais, tortas vegetais, resíduos agrícolas) ou fontes minerais
naturais (calcários, fosfatos naturais, pós de rocha e cinzas de madeira). O manejo de
pragas em sistemas orgânicos de produção, visando à proteção das plantas, baseia-se
no uso de variedades resistentes e mais adaptadas às condições da região e também na
utilização de controle biológico de pragas e doenças. São várias as opções de variedades
resistentes às três principais doenças da bananeira (sigatoka-negra; sigatoka-amarela e
mal-do-panamá), as quais constituem importante alternativa para o cultivo orgânico.
Práticas culturais, como o uso de matéria orgânica (MO), rotação de culturas e adubação
verde, contribuem para diminuir o estresse nas plantas, reduzindo os problemas com
pragas e doenças. O mercado brasileiro para produtos orgânicos tem sido crescente.
Assim, a demanda por bananas orgânicas visa não só produtos saudáveis, isentos de
qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor e do
agricultor e o meio ambiente, mas também a preservação e a ampliação da biodiversidade
dos ecossistemas e a conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo,
da água e do ar, atendendo assim ao tripé: ambientalmente correto, socialmente justo e
economicamente viável. Espera-se, com a bananicultura orgânica, que o agricultor tenha
mercado distinto com um produto diferenciado e competitivo.
Palavras-chave: Banana. Musa spp. Nutriente. Manejo do solo. Manejo de praga.

INTRODUÇÃO diante a otimização do uso dos recursos Para receber a denominação de pro-
naturais e socioeconômicos disponíveis duto orgânico, a unidade de produção
A banana é uma das frutas de maior
e o respeito à integridade cultural das precisa cumprir o Regulamento Técnico
importância social e econômica do Brasil,
comunidades rurais, tendo por objetivo a constante da Instrução Normativa no 46,
presente em todo o território nacional, sustentabilidade econômica e ecológica,
sendo superada apenas em área de cultivo de 6 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011),
a maximização dos benefícios sociais, a
pelas frutas cítricas. Apesar da grande área complementada pela Instrução Normativa
minimização da dependência de energia
cultivada com banana no Brasil, estima-se no 17, de 18/6/2014 (BRASIL, 2014),
não renovável, empregando sempre que
que apenas 0,34% esteja em monocultivo que estabelecem o Regulamento Técnico
possível, métodos culturais, biológicos
orgânico, ou seja, em torno de 1.600 ha para os Sistemas Orgânicos de Produção
e mecânicos, em contraposição ao uso
(LICHTEMBERG et al., 2013). de materiais sintéticos, a eliminação
Animal e Vegetal a ser seguido por toda
A Lei Federal no 10.831, de 23 de de- do uso de organismos geneticamente pessoa física ou jurídica responsável
zembro de 2003, dispõe sobre a agricultura modificados e radiações ionizantes, em por unidades de produção de sistemas
orgânica: qualquer fase do processo de produção, orgânicos.
Considera-se sistema orgânico de processamento, armazenamento, distri- Assim, ao cultivar produtos orgânicos
produção agropecuária todo aquele em buição e comercialização, e a proteção tem-se a preocupação com o meio ambien-
que se adotam técnicas específicas, me- do meio ambiente. (BRASIL, 2003). te, pois busca-se manejar de forma equi-

Enga Agra, D.Sc., Pesq. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA, ana.borges@embrapa.br
1

Engo Agro, D.Sc., Pesq. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA, zilton.cordeiro@embrapa.br
2

Enga Agra, D.Sc., Pesq. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, BA, marilene.fancelli@embrapa.br
3

Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG Norte, Nova Porteirinha, MG, magevr@epamig.br
4

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librada o solo e demais recursos naturais QUADRO 1 - Atributos de algumas variedades de bananeira, Cruz das Almas, BA
(água, plantas, animais e insetos) e manter Variedade
a harmonia desses elementos entre si e com Atributo Fhia
Caipira Thap Maeo BRS Pacovan Ken
Maravilha
os seres humanos.
Grupo genômico AAA AAB AAAB AAAB
Serão abordados três itens considera-
Tipo Ouro Mysore Prata Prata
dos importantes na bananicultura orgânica:
Porte Médio Médio Alto Médio
variedades, manejo do solo e suprimento
Densidade (plantas/hectare) 1.666 1.666 1.666 1.666
de nutrientes, e manejo de pragas em
Perfilhamento Ótimo Ótimo Bom Bom
conformidade com as normativas, o que (1)
Ciclo vegetativo (dias) 563/328 555/358 574/362 544/352
traz, como consequência, um produto am- (1)
Peso de pencas (kg) 8,6/11,8 9,7/17,2 10,0/13,4 15,3/19,5
bientalmente correto, socialmente justo e (1)
Número de frutos/cacho 123/138 179/212 93/92 114/123
economicamente viável. (1)
Peso médio fruto (g) 71,4/88,7 58,3/83,3 108,6/146,8 135,7/160,3
(1)
Comprimento fruto (cm) 10,6/12,4 11,1/12,8 15,8/17,3 17,4/19,2
VARIEDADES (1)
Diâmetro fruto (mm) 33,4/36,0 30,1/35,7 32,8/38,0 36,5/39,5
Nos sistemas orgânicos de produção (1)
Produtividade (t/ha/ciclo) 14,2/19,6 16,2/28,6 16,7/22,4 25,4/32,2
vegetal, deve-se priorizar a utilização (1)
Produtividade (t/ha/ano) 9,3/16,2 10,8/23,0 10,7/17,5 17,1/26,6
de material de propagação originário de Reação às principais
espécies vegetais adaptadas às condições doenças e pragas

edafoclimáticas locais e tolerantes a Sigatoka-amarela R R R R


Sigatoka-negra R R R R
pragas e doenças. No Quadro 1 constam
Mal-do-panamá R R R R
algumas variedades com atributos seme-
Moko S S S S
lhantes aos exigidos para a bananicultura
Broca-do-rizoma R MR MS NA
orgânica.
FONTE: Borges et al. (2008a, 2010) e Borges, Fancelli e Cordeiro (2010).
Não existem variedades de bananeira NOTA: R - Resistente; S - Suscetível; MR - Medianamente resistente; MS - Medianamente
desenvolvidas especificamente para plantio suscetível; NA - Não avaliado.
em sistemas orgânicos de produção. As varie- (1) Avaliações realizadas no sistema orgânico, no 1o/2o ciclos de produção.
dades utilizadas para o sistema convencional
vêm sendo cultivadas em sistema orgânico,
outras variedades tipo prata. Apesar de o FILHO, 2014). Essa variedade vem atender
adotando-se as práticas recomendadas.
decréscimo de 24% na produtividade do 3o à demanda por frutos tipo prata, em especial
As principais características de uma
ciclo, a ‘Fhia Maravilha’ produziu frutos de onde há a presença do mal-do-panamá, do-
variedade de bananeira para plantio em
126,0 g, 17,1 cm de comprimento e 35,7 mm ença que limita a produção da ‘Prata-Anã’.
sistema orgânico devem ser:
de diâmetro (BORGES; FANCELLI; No ecossistema Semiárido, no primeiro
a) possibilitar a substituição de insumos
CORDEIRO, 2010). Também no ecossis- ciclo, a bananeira ‘BRS Preciosa’ (AAAB,
químicos, sem causar redução de
tema Mata Atlântica, no primeiro ciclo, a híbrido da cv. Pacovan) apresentou por-
qualidade ou produtividade;
bananeira ‘Galil 18’ (AAAB, tipo prata) te mais baixo (3,32 m) e produtividade
b) ser plantas vigorosas, resistentes ou
apresentou massa de cacho (17,4 kg) e (22,4 t/ha), número de frutos por cacho
moderadamente resistentes a doen-
produtividade (27,1 t/ha) mais elevadas (111), peso (184,7 g) e comprimento médio
ças e insetos;
(Fig. 1). Contudo, os frutos foram maiores (19,9 cm) dos frutos iguais aos da ‘Pa-
c) apresentar frutos de sabor agradável; nas variedades BRS Japira (176 g), Galil 18 covan’, podendo ser uma opção para o
d) ser eficiente na absorção e utilização (161 g) e BRS Preciosa (155 g) (BORGES; sistema orgânico na região (BORGES;
de nutrientes, visando reduzir a de- SANTOS; NASCIMENTO FILHO, 2014). FLORI, 2013) (Fig. 3).
manda por adubação, uma vez que A ‘BRS Platina’ (Fig. 2), híbrido desen- Já no 2o ciclo, a altura das plantas dos
existem diferenças entre variedades volvido pela Embrapa Mandioca e Fruticul- híbridos da cv. Pacovan aumentou em
quanto à absorção de nutrientes. tura, que apresenta resistência à sigatoka- quase um metro, o que dificulta a colheita
Experimento conduzido na Embrapa amarela e ao mal-do-panamá, sobressaiu-se e favorece tombamentos por ventos fortes.
Mandioca e Fruticultura, no ecossistema no manejo orgânico, no primeiro ciclo, no Nesse caso, a ‘BRS Princesa’ (AAAB),
Mata Atlântica, em três ciclos de produção, ecossistema Mata Atlântica, produzindo ca- tipo maçã, é uma alternativa, pois seu
mostrou melhor desempenho da variedade chos com 9,7 kg e produtividade de 15,1 t/ha porte permaneceu estável (Fig. 4 e Grá-
Fhia Maravilha (tipo prata), em relação a (BORGES; SANTOS; NASCIMENTO ficos 1 e 2). Essa variedade apresenta a
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Ana Lúcia Borges


Ana Lúcia Borges

Figura 1 - Cacho de bananeira ‘Galil 18’ sob mane- Figura 2 - Plantas e cachos de bananeira ‘BRS Platina’ sob manejo orgânico no
jo orgânico no ecossistema Mata Atlântica ecossistema Mata Atlântica
Ana Lúcia Borges

Ana Lúcia Borges

Figura 3 - Cacho de bananeira ‘BRS Preciosa’ sob ma- Figura 4 - Bananeira ‘BRS Princesa’ sob manejo orgânico no ecossistema Se-
nejo orgânico no ecossistema Semiárido miárido

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Altura do pseudocaule (m)

Peso do cacho (kg)


30
4
25
3 20 1o ciclo
1o ciclo
2o ciclo 15 2o ciclo
2
10
1 5
0 0

ira

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Pa

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Variedade
Variedade
Gráfico 1 - Altura do pseudocaule de bananeiras cultivadas sob Gráfico 2 - Pesos de cachos de variedades de bananeiras cultiva-
manejo orgânico, em dois ciclos de produção, no das sob manejo orgânico, em dois ciclos de produ-
ecossistema Semiárido ção, no ecossistema Semiárido

maioria das suas características, tanto de proporciona maior efeito no controle e) ameniza a temperatura do solo;
desenvolvimento quanto de produtividade, da erosão, pode ser atendida tanto pela f) reduz a incidência de plantas espon-
semelhantes à cv. Maçã, porém, possui a manutenção da vegetação natural, como tâneas, pelo abafamento, e a neces-
vantagem de ser moderadamente resistente pelo plantio de outras culturas, preferen- sidade de capinas, economizando
ao mal-do-panamá. cialmente leguminosas, nas entrelinhas no controle do mato (BORGES;
dos pomares. SOUZA, 1998b);
MANEJO DO SOLO E A manutenção das entrelinhas dos
g) proporciona ambiente favorável à
SUPRIMENTO DE NUTRIENTES pomares com vegetação natural, com le-
criação/multiplicação de inimigos
O manejo do solo é uma das práticas guminosas ou com a fitomassa da cultura,
naturais de pragas da bananeira.
mais importantes no sistema orgânico de proporciona os seguintes benefícios:
Quanto ao suprimento de nutrientes
cultivo. Os fatores que determinam a qua- a) aumenta os teores de nutrientes no
os sistemas orgânicos devem priorizar
lidade do solo são essencialmente aquelas solo, diminuindo a quantidade de
a reciclagem de matéria orgânica (MO),
adubos a ser aplicada (BORGES;
propriedades que têm grande influência no como base para a manutenção da ferti-
OLIVEIRA; SOUZA, 1995; BOR-
crescimento das culturas, como agregação, lidade do solo e a nutrição das plantas,
GES et al., 1996);
retenção de água, teores de nutrientes, pre- a manutenção da atividade biológica do
sença de patógenos e biomassa microbiana b) melhora as condições físicas do
solo e o equilíbrio de nutrientes. Além
(MAGDOFF, 2002). solo (estrutura, porosidade, aeração,
disso, deve-se priorizar também a utili-
No cultivo orgânico, o manejo deve ser infiltração, retenção de água e etc.),
zação de insumos que, em seu processo
direcionado ao solo, mantendo-o coberto favorecendo o crescimento das ra-
de obtenção, uso e armazenamento, não
com fitomassa viva e/ou morta, utilizando- ízes, o armazenamento de água no
comprometam a estabilidade do hábitat
se adubos verdes e composto. solo e, enfim, promovendo melhor
e do agroecossistema, não representan-
A escolha e o preparo da área, bem aproveitamento das águas pluviais e
do ameaça ao meio ambiente e à saúde
como as caracterizações física e química do tornando mais eficiente a absorção
humana e animal (BRASIL, 2011, 2014).
solo, podem seguir o manejo convencional. dos nutrientes (BORGES; SOUZA,
A bananicultura demanda grandes
É importante evitar a degradação dos 1998a; SOUZA, 1998);
quantidades de nutrientes para manter o
atributos do solo, tanto pelo manejo ina- c) aumenta a biomassa microbiana do desenvolvimento vegetativo e reprodutivo
dequado, como pela erosão, adotando-se solo, estimulando a sua atividade adequado das plantas. O potássio (K) e
como premissas básicas a redução da mo- biológica; o nitrogênio (N) são os nutrientes mais
vimentação do solo e a manutenção da sua d) é uma maneira simples, eficaz e absorvidos e os que mais participam de
superfície coberta o maior tempo possível, econômica de controlar a erosão, funções essenciais ao crescimento e à
por culturas vivas ou mortas. pois aumenta a infiltração da água produção da bananeira. Em ordem decres-
A cobertura do solo, que, por si só, é das chuvas, melhora a drenagem e cente, a bananeira absorve os seguintes
a prática de manejo e conservação que diminui o escorrimento superficial; nutrientes:
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a) macronutrientes: potássio (K) > ni- tais pesados, principalmente cádmio (Cd), das plantas e melhoria na produtividade,
trogênio (N) > cálcio (Ca) > magné- níquel (Ni) e zinco (Zn), foi observada em além de contribuir para a proteção am-
sio (Mg) > enxofre (S) > fósforo (P); amostras oriundas de resíduos industriais, biental (Fig. 5).
b) micronutrientes: cloro (Cl) > manga- urbanos e agrícolas em quatro Estados do
Nordeste, indicando possibilidade de con- Adubos verdes
nês (Mn) > ferro (Fe) > zinco (Zn) >
boro (B) > cobre (Cu). taminação de solos (LOPES et al., 2010). As plantas utilizadas como adubo ver-
Na Costa Rica, a mistura de resíduos de devem ter crescimento inicial rápido,
Na bananicultura orgânica, somente
da bananeira (frutos de refugo e engaços), para inibir a vegetação natural ou plantas
é permitida a utilização de fertilizan-
pós de serra e os microrganismos efica-
tes, corretivos e inoculantes que sejam espontâneas e produzir grande quantidade
zes − effective microorganisms (EM),
constituídos por substâncias autorizadas de fitomassa verde; ter baixa exigência em
denominada bokashi, tem sido utilizada
nas Instruções Normativas no 46, e no 17 tratos culturais; ter resistência a pragas; ter
em cultivos orgânicos de bananeira. Em
(BRASIL, 2011, 2014). A utilização desses disponibilidade de sementes no mercado
Curaçá, BA, em plantios orgânicos de ba-
insumos deverá ser autorizada especifica- e ter fácil manejo e grande capacidade
naneira, a mistura de esterco de bode com
mente pelo Organismo de Avaliação da de fixação de N atmosférico, no caso das
bagaço de cana e EM tem proporcionado
Conformidade Orgânica (OAC) ou pela leguminosas.
bons resultados.
Organização de Controle Social (OCS), As leguminosas são as mais utilizadas
Visando obter, no menor tempo, a
devendo especificar: como adubo verde, pois, dentre todas as
estabilização ou humificação da MO, a
a) as matérias-primas e o processo de vantagens, incorporam quantidades signi-
compostagem laminar é uma alternativa
obtenção do produto; viável. Essa prática consiste em montar as ficativas de N via fixação biológica de N2
b) a quantidade aplicada; camadas de material orgânico no próprio atmosférico (IGUE et al., 1984). As mais
c) a necessidade de análise laboratorial local onde será utilizado o composto, ou utilizadas e que também protegem o solo
em caso de suspeita de contami- seja, a céu aberto, diretamente ao redor da da insolação e da erosão, além de contro-
nação. planta onde será incorporada a MO (NU- lar as plantas espontâneas são: mucuna-
NES; SANTOS, 2009). A compostagem preta (Stizolobium aterrimum); feijão-de-
Os nutrientes podem ser supridos por
laminar, desenvolvida para cobertura do porco (Canavalia ensiformis); crotalárias
meio de fontes orgânicas (adubos ver-
solo na zona do coroamento da bananeira, (Crotalaria juncea e C. paulinea); tefrósia
des, estercos animais e tortas vegetais),
ou fontes minerais naturais (calcários, poderá proporcionar bom desenvolvimento (Tephrosia candida); guandu (Cajanus
fosfatos naturais, pós de rocha e cinzas)
(KIEHL, 1985), ou a mistura das duas
fontes (organomineral ou biofertilizante).
Além disso, existem no mercado produtos
certificados e passíveis de uso de acordo
com as normativas.

Composto orgânico
Material homogêneo que tem como
componentes: MO parcialmente estabiliza-
da, substâncias húmicas e nutrientes para
as plantas. No estado de São Paulo, em
estudo com bananeira cv. Prata-Anã, Da-
matto Junior et al. (2006) verificaram que a
aplicação de composto orgânico (serragem
Jean Cleber da Silva Santos

de madeira e esterco bovino) promoveu


incrementos no pH, MO, P, Ca, soma de
bases (SB), capacidade de troca catiônica
(CTC) e saturação por bases (V) do solo,
contudo, não afetou os teores de K e Mg.
Deve-se ter cuidado com a origem do Figura 5 - Compostagem laminar em bananeiras na Embrapa Mandioca e Fruticultura,
composto orgânico, pois a presença de me- Cruz das Almas, BA

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cajan) e lablab (Dolichos lablab) (RI- O uso de coquetel vegetal de legu- noso, principalmente de Cu, chumbo (Pb)
BEIRO, GUIMARÃES; ALVAREZ V., minosas e não leguminosas (gramíneas e Ni; entretanto, em níveis abaixo daqueles
1999), além de centrosema (Centrosema e oleaginosas) em pré-plantio ou mesmo detectados para as plantas que cresceram
pubescens); soja perene (Glycina wightii) nas entrelinhas da bananeira permite uma em solo com adubação mineral.
e amendoim forrageiro (Arachis prostrata) produção significativa de fitomassa com No estado de São Paulo, Romeiro et al.
(IGUE et al., 1984). diferentes tempos de decomposição. As- (2008), ao avaliarem as alterações nos atri-
Essas leguminosas são utilizadas em sim, essa prática tem sido recomendada, butos químicos de um Nitossolo Vermelho
pré-plantio ou como plantas de cobertura com reflexos positivos na produtividade. por três anos de aplicações sucessivas de
cultivadas nas entrelinhas até o fechamento lodo de esgoto em substituição à adubação
do bananal, deixando, no mínimo, 0,50 m Fitomassa da bananeira nitrogenada química na cultura da bana-
de distância da planta. A quantidade de fito- É grande a quantidade de fitomassa neira ‘Nanicão IAC 2001’ sob irrigação,
massa verde produzida depende de fatores, seca produzida pela bananeira na época verificaram que a aplicação de doses cres-
como época de plantio, disponibilidade de da colheita. O pseudocaule (bainhas + centes de lodo de esgoto (0; 10,75; 21,50;
água, práticas culturais, fertilidade do solo cilindro central) acumula maior quantidade 32,25; 43,00 e 52,75 t/ha) não influenciou
e incidência de pragas e doenças (IGUE et de fitomassa seca, seguido pelo cacho, este os atributos químicos do solo (pH, MO,
al., 1984). As concentrações de N, P e K em correspondendo a, aproximadamente, 34% P, K, Ca, Mg, SB, CTC e V%). Consta-
algumas leguminosas e não leguminosas da quantidade total produzida na colheita. taram, ainda, pelos resultados obtidos, a
são encontradas em Igue et al.(1984), Kiehl Assim, 66% da fitomassa seca da colheita viabilidade econômica da aplicação desse
(1985) e Wutke et al. (2009). é devolvida ao solo, correspondendo a uma resíduo na cultura da banana, por causa
No ecossistema Mata Atlântica do média de 9,6 t de massa vegetal seca resti- do preço reduzido, quando comparado a
estado da Bahia, o amendoim forrageiro tuída ao solo por hectare (BORGES; SOU- fontes nitrogenadas químicas.
promoveu valores mais elevados nos atri- ZA; CORDEIRO, 2006). Essa fitomassa A manipueira, resíduo líquido origina-
butos químicos do solo, notadamente até pode fornecer uma quantidade significativa do na industrialização da mandioca, está
20 cm de profundidade e no final do 2o ciclo de K, em torno de 200 a 590 kg/ha. sendo estudada na cultura da bananeira. O
da bananeira. O aumento do teor de Ca foi seu emprego induz à redução ou mesmo à
mais evidente, atingindo 4,85 cmolc/dm3 Resíduos industriais, eliminação do seu despejo inadequado no
(BORGES et al., 2011). urbanos e rurais ambiente, fazendo com que esse resíduo
No ecossistema Mata Atlântica, no esta- A utilização de resíduos para suprimento passe de um agente poluidor para insumo
do do Rio de Janeiro, as coberturas de solo de nutrientes às plantas, principalmente os agrícola (SANTOS et al., 2007).
estabelecidas pelas leguminosas herbáceas urbanos, é uma estratégia que contribuirá
cudzu tropical (Pueraria phaseoloides) Pós de rocha
para aumentar a vida útil dos aterros e dimi-
e siratro (Macroptilium atropurpureum) nuir seus custos operacionais. Contudo, são O uso de pós de rocha está sendo di-
proporcionaram cachos de bananeira ‘Na- escassas as informações sobre o uso de resí- fundido no cultivo orgânico de fruteiras.
nicão’, respectivamente, 303% e 397% duos industriais e urbanos em fruticultura. Esses pós são ricos em silicatos (48%),
maiores do que no tratamento com vege- Estudos com lodo de esgoto urbano principalmente de Mg, Fe e Ca, acom-
tação espontânea (Panicum maximum). (aeróbico e anaeróbico), em dois tipos panhados de P, K, S e micronutrientes,
Além disso, dentre as leguminosas, o cudzu de solos, foram realizados na Embrapa como Cu, Zn, Mn e cobalto (Co), podendo
tropical produziu maior quantidade de fito- Mandioca e Fruticultura, em casa de até substituir os calcários nas correções
massa (15 t/ha de fitomassa seca) e maior vegetação e comparados com adubação do solo. Podem ser distribuídos em toda
quantidade de N fixado (305,5 kg/ha) mineral (RIBEIRO; CHAGAS NETO; a área, incorporando-os em seguida, ou
(ESPINDOLA et al., 2006; PERIN et al., TRINDADE, 2008). Os resultados mostra- aplicá-los diretamente na cova de plantio.
2009). ram crescimento das mudas de bananeira Recomenda-se adicioná-los juntamente
Como a fitomassa das leguminosas de forma semelhante em solo argiloso e com a MO (estercos, compostagens, tortas
apresenta taxa de decomposição mais arenoso, tendendo a uma estabilização ou etc.), para melhor resposta do produto.
rápida, recomenda-se a utilização também diminuição do efeito nas maiores doses Estudo de Borges, Souza e Accioly
de gramíneas, por exemplo, o milheto, aplicadas (40 e 60 t/ha), nesse caso, de (2006), em solo de Tabuleiro Costeiro
nas entrelinhas dos bananais, no mesmo forma mais acentuada para o lodo anae- no estado da Bahia, com diferentes ma-
sistema, cuja fitomassa verde é de decom- róbico. O acúmulo de metais pesados na nejos orgânicos, mostrou que o uso de
posição mais lenta, cobrindo por mais parte aérea das plantas foi influenciado pós de rocha em toda a área e composto
tempo o solo. pelo tipo de solo, sendo maior no solo are- orgânico associado ao plantio de feijão-
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de-porco nas entrelinhas proporcionou em volta das touceiras, decompõe-se e No Litoral Sul de Santa Catarina,
maior produtividade para a bananeira disponibiliza nutrientes às bananeiras. Peruch e Sônego (2004) avaliaram,
‘Caipira’ (AAA) e ‘Prata-Anã’ (AAB) no A trapoeraba (Commelina spp.) deve ser em duas estações do ano (primavera e
primeiro ciclo. Além disso, esses autores eliminada da área, pois é hospedeira do verão), o comportamento de 22 varie-
observaram, nesse manejo, aumento dos vírus-do-mosaico-do-pepino (Cucumis dades de banana no sistema orgânico,
teores de nutrientes, notadamente P (50% mosaic virus, CMV). em relação à sigatoka-amarela, deter-
a 900%), também em profundidade, além minando-se a intensidade da doença e o
do K (12% a 100%) na camada de 0-20 cm, MANEJO DE PRAGAS E valor referente à folha mais jovem com
em 24 meses de manejo no sistema orgânico. DOENÇAS sintomas. Na avaliação, na primavera,
Avaliações do efeito do flogopitito O conhecimento dos fatores bioecológi- as variedades Figo (ABB), Prata (AAB)
(rejeitos de minas de esmeralda, 5,13% de cos que interferem na população de uma pra- e os tetraploides AAAB Maravilha,
K2O) sobre o crescimento inicial da bana- ga é fundamental para o desenvolvimento e Fhia-18, YB-4221, SH-3640 e Ouro da
neira evidenciaram que o número de folhas aplicação de medidas de controle alternativas Mata apresentaram maior resistência à
foi positivamente afetado, já que a dose de ao químico. Por essa razão, desenvolveu-se doença, enquanto que no verão, foram
287,5 kg/ha/ano de K2O proporcionou o má- o conceito do manejo integrado de pragas mais resistentes a ‘Figo’, ‘Figo Cinza’
ximo de 12 folhas (BORGES et al., 2008b). (MIP), com base nos fatores ecológicos e (ABB), ‘Maravilha’, ‘Nam’ (AAA),
O flogopitito influenciou positivamente na compatibilidade das diferentes medidas ‘SH-3640’ e ‘Ouro da Mata’.
nos atributos de crescimento vegetativo da de controle, inclusive o químico.
Controle cultural
bananeira, reduzindo o período do plantio Algumas das estratégias usadas no
ao florescimento e mostrando-se como uma MIP podem ser adotadas pelos agricultores Recomenda-se a utilização das práticas
fonte promissora para seu cultivo orgânico orgânicos, tais como o reconhecimento das culturais que reduzam não só a formação de
(BORGES et al., 2010). pragas-chave da cultura e de seus inimigos microclimas favoráveis ao desenvolvimen-
Dentre os pós de rocha estão incluídos naturais, a amostragem da população dos to das sigatokas, mas também o potencial
os fosfatos naturais e os termofosfatos, organismos prejudiciais e a escolha e a de inóculo no interior do bananal. Nesse
utilizados na cova de plantio, e o sulfato utilização das táticas de controle. Esse tipo caso, os principais aspectos a ser levados
de potássio e sulfato duplo de potássio e de manejo exige, em primeira instância, em conta são:
magnésio (sul-po-mag), cujas quantidades uma dedicação maior ao pomar, com maior a) drenagem: além de melhorar o cresci-
aplicadas dependerão da análise química utilização de mão de obra, o que pode ser mento geral das plantas, a drenagem
do solo e da necessidade da bananeira. visto como oportunidade para a criação de rápida de qualquer excesso de água
empregos e a manutenção da fruticultura no solo reduz as possibilidades de
Biofertilizante familiar (MARTINS; FARIAS, 2002). formação de microclimas adequados
Outra forma de fornecimento de nu- ao desenvolvimento da doença;
trientes às bananeiras no sistema orgânico Doenças b) manejo da vegetação natural: as plan-
pode ser feita pelos biofertilizantes produ- Recomenda-se o manejo integrado com tas devem ser mantidas ceifadas, para
zidos por digestão aeróbica ou anaeróbica, a utilização de práticas em conjunto ou em reduzir a competição com a bananei-
preparados na propriedade. O biofertili- sequência, visando obter o melhor resulta- ra, pois a formação de microclima
zante aeróbico, denominado compostagem do. Nesse sentido, serão apresentados os favorável ao aumento de umidade no
em meio líquido de forma contínua, pode diversos aspectos e alternativas que devem interior do bananal leva ao desenvol-
ser preparado em tanques de 1.000 litros, ser integrados na busca do melhor manejo vimento da doença;
sendo aplicado no solo e/ou pulverizado para as principais doenças da bananeira. c) desfolha sanitária: a eliminação
nas plantas. Na Embrapa Mandioca e Fru- racional das folhas atacadas ou de
ticultura, estão sendo estudados e aplicados Variedades resistentes
parte dessas folhas é importante
biofertilizantes, tanto na compostagem A mudança da variedade é sempre uma na redução da fonte de inóculo no
laminar, quanto via sistema de irrigação decisão com o foco maior no mercado, mas interior do bananal. É preciso, por-
por microaspersão. sempre que possível devem-se substituir as tanto, que tal eliminação seja criterio-
variedades suscetíveis pelas resistentes. A sa, para não provocar danos maiores
Vegetação natural
mistura de variedades resistentes e susce- que os causados pela própria doença.
A vegetação natural ou espontânea tíveis no manejo do mal-de-sigatoka da No caso de infecções concentradas,
ceifada nas entrelinhas dos bananais, bananeira é uma alternativa viável (MELO; recomenda-se a eliminação apenas
quando espalhada no solo ou colocada SANTOS; CORDEIRO, 2010). da parte afetada (cirurgia);
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Agricultura orgânica e agroecologia 81

d) nutrição: plantas nutridas adequa- com sintomas. Isso evita a propagação do Broca-do-rizoma
damente propiciam um ritmo mais inóculo na área de cultivo. No local onde as (Cosmopolites sordidus
acelerado de emissão de folhas, plantas foram eliminadas, deve-se aplicar (Germar) (Coleoptera:
reduzindo os intervalos entre emis- calcário e MO. Estão sendo realizados es- Curculionidae)
sões. O bom suprimento de Ca e K tudos na Embrapa Mandioca e Fruticultura Algumas práticas são citadas tanto para
tem sido um importante aliado no para avaliar o potencial de Azadiractha evitar o aparecimento da broca-do-rizoma
combate à sigatoka; indica, Bidens pilosa, Cyperus rotundus quanto para o manejo do inseto-praga:
e) sombreamento: plantas mantidas sob e Eucaliptus sp. como elicitores de resis- a) mudas sadias: quando possível,
condições sombreadas apresentam tência sistêmica em banana ‘Maçã’, para aconselha-se a utilização de mudas
pouca ou nenhuma doença. Nesse o controle alternativo do mal-do-panamá micropropagadas. No caso de mudas
sentido, cultivos de bananeiras em (DAMASCENO et al., 2010). convencionais, recomenda-se que se
condições sombreadas, como em As medidas de manejo das doenças de faça o descorticamento, para remo-
Sistemas Agroflorestais (SAFs), frutos visam, basicamente, à redução do ção de possíveis galerias e insetos
certamente serão uma opção para re- potencial de inóculo, pela eliminação de presentes. Quando o plantio não é
duzir os efeitos do mal-de-sigatoka partes senescentes e redução do contato efetuado logo após a retirada das
e outras doenças; entre patógeno e hospedeiro: mudas, estas devem ser imersas em
f) aplicação de óleos e extratos vege- a) eliminação de folhas mortas ou em água a 55 ºC durante 20 minutos;
tais: a aplicação de óleos vegetais senescência; b) variedades resistentes: algumas va-
(soja e mamona) e mineral é al- b) eliminação periódica de brácteas, riedades são mais suscetíveis à pra-
ternativa para o manejo do mal- principalmente durante o período ga do que outras. Entretanto, pelas
de-sigatoka. O produto deve ser chuvoso; particularidades do mercado e pelo
usado em atomização, na dosagem c) ensacamento dos cachos com sacos longo ciclo da cultura, muitas vezes
de 12 a 15 L/ha. A periodicidade da de polietileno perfurado ou de tecido não é possível substituir variedades
aplicação deve seguir a indicação não tecido (TNT), tão logo ocorra suscetíveis por resistentes;
dada pelo monitoramento da doença a formação dos frutos (os sacos c) manejo da fitomassa do pseudocau-
pelo sistema de pré-aviso biológico. usados devem ser recolhidos para le após a colheita: após a retirada
Além do uso de óleo, pesquisas na reciclagem); do cacho, o pseudocaule deve ser
Embrapa Mandioca e Fruticultura
d) implementação de práticas culturais cortado em três a quatro partes, o
vêm sendo conduzidas utilizando
adequadas, orientadas para a manu- que acelerará a decomposição do
extratos vegetais de noni (Morinda
tenção de boas condições de drena- material, reduzindo a quantidade
citrifolia) e jenipapo (Genipa
gem e de densidade populacional, de abrigos para a criação da broca.
americana) para o manejo da do-
bem como para o manejo de plantas Com a mesma finalidade, as iscas,
ença, com resultados promissores
espontâneas, a fim de evitar um após a segunda coleta, devem ser
em laboratório, embora ainda não
ambiente muito úmido no bananal. “desmontadas” pela separação das
haja definição de produto, nem de
bainhas ou dos pedaços de pseu-
dosagem para uso prático.
Insetos-praga docaule;
A integração da desfolha sanitária com
Muitos insetos e ácaros ocorrem nos d) iscas atrativas: os insetos capturados
aplicação de óleo mineral, mediada pela
utilização do sistema de pré-aviso bioló- bananais no Brasil. Entretanto, poucos devem ser coletados manualmente
gico, mostrou-se eficiente no controle da assumem importância econômica. No e, em seguida, destruídos. Para o
sigatoka-amarela da bananeira no sistema sistema orgânico, podem ser considerados manejo, recomenda-se em torno
orgânico, reduzindo em 58% o número de limitantes à produção a broca-do-rizoma, de 60 iscas/hectare (40 a 100 iscas/
aplicações de óleo, em relação ao sistema tripes, ácaros, broca rajada, traça-da-bana- hectare);
de calendário fixo, conforme observado neira e abelha arapuá. De maneira similar e) controle biológico: aves não cis-
em trabalhos conduzidos na Embrapa ao cultivo convencional, o monitoramento cadoras (peru e galinha de angola,
Mandioca e Fruticultura (ANDRADE é de fundamental importância para definir por exemplo) ou galinhas caipiras
SOBRINHO; CORDEIRO, 2005). o momento de interferência do agricultor, (50 cabeças/hectare) são citadas
Em bananais já estabelecidos, em que o qual deverá privilegiar o controle cultural por agricultores orgânicos como
o mal-do-panamá comece a se manifestar, e biológico, de baixo impacto ambiental e predadoras de adultos da broca-do-
recomenda-se a eliminação das plantas seletivo aos inimigos naturais. rizoma, e, além disso, fornecem
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82 Agricultura orgânica e agroecologia

esterco. A utilização do fungo ento- como Hololepta quadridentata BORGES, A.L.; SOUZA, L. da S. Cobertura ve-
mopatogênico Beauveria bassiana (Fabricius), inimigo natural da getal do solo para bananeiras. Cruz das Almas:
deve ser autorizada pelo OAC ou broca-do-rizoma (Cosmopolites EMBRAPA-CNPMF, 1998b. 4p. (EMBRAPA-
CNPMF. Comunicado Técnico, 52).
OCS. O produto pode ser distribuído sordidus).
por meio de pincelamento ou pulve- BORGES, A.L.; SOUZA, L. da S.; ACCIO-
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de pseudocaule, à razão de 50 iscas/
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têm usado iscas sanduíche (justa- naneira em sistema orgânico. In: SEMINÁ- MICORRIZAS, 11.; SIMPÓSIO BRASILEI-
posição de pedaços de pseudocaule RIO PIBIC/CNPq, 9., 2005, Cruz das Almas. RO DE MICROBIOLOGIA DO SOLO, 9.;
cortados no sentido longitudinal) Anais... Cruz das Almas: Embrapa Mandio- REUNIÃO BRASILEIRA DE BIOLOGIA DO
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f) controle por comportamento: a Mandioca e Fruticultura. Orgânico em E.J. Influência de coberturas vegetais do
armadilha contendo feromônio, foco, 2). solo nas suas propriedades químicas e no
do tipo rampa ou poço, deve ser BORGES, A.L.; FLORI, J.E. Desempenho de
desenvolvimento vegetativo da bananei-
colocada na superfície do solo. ra: I ciclo. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE
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água). Recomenda-se o uso de três compartilhando ciência e tecnologia. Forta-
leza: Instituto Frutal, 2013. p.301. BORGES, A.L.; SOUZA, L. da S.; CORDEI-
armadilhas/ hectare, devendo-se re- RO, Z.J.M. Cultivo orgânico da bananei-
novar o sachê contendo o feromônio BORGES, A.L.; OLIVEIRA, A.M.G.; SOU- ra. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e
a cada 30 dias. É importante que as ZA, L. da S. Solos, nutrição e adubação Fruticultura Tropical, 2006. 10p. (Embrapa
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armadilhas estejam distantes pelo Mandioca e Fruticultura Tropical. Circular
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menos 30 m entre si;
Circular Técnica, 22).
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tina deverão ser autorizados pelo Frutas: saúde, inovação e responsabilidade: tória. Anais... Frutas para todos: estratégias,
OAC ou pela OCS, sendo proibido Natal: Sociedade Brasileira de Fruticultura, tecnologias e visão sustentável: Vitória:
2010b. 1 CD-ROM. INCAPER: Sociedade Brasileira de Fruticul-
o uso de nicotina pura, em confor-
BORGES, A.L.; SANTOS, J.C. da S.; NAS- tura, 2008a. 1 CD-ROM.
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