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Sinopse
Porque em vim de você, significa que eu sou capaz de matar?
Que vou ser viciado em sangue? Que vou torturar as pessoas?

O garoto tinha perguntas. Eu não o culpo.

Ele só ouviu um lado e não foi o meu.

Porque você odeia a minha mãe?

Agora, essa era uma história que valia a pena contar. Mas,
para isso, tinha que levar o meu filho para o inicio.

Quando o assassinato, o sangue e a tortura começaram.

Quando eu era realmente feliz.

Quando eu era chamado de Monster.

Monster é a continuação do Animal. O Animal deve ser lido


primeiro.

Aviso: Monster é uma novela extremamente sombria. Existem


temas sexuais fortes, uso de drogas, abuso físico e sexual, e tortura que
podem desencadear e/ou causar sofrimento emocional.
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PRÓLOGO

Shank
Um dia antes da soltura...
Sentei-me no chão de terra com as minhas pernas na minha frente, os
joelhos ligeiramente dobrados. Não havia espaço suficiente nesta maldita
cela para me esticar completamente. Mesmo se estivesse deitado no cobertor
que chamava de cama, ainda não teria o espaço para me esticar. Além disso,
o cobertor era tão áspero quanto o chão, e a minha bunda estava me matando.
Maldita prisão.
Olhei para o pedaço de papel na minha mão. Estava segurando por
horas, lendo as palavras da criança repetidamente até o ponto em que as
memorizava. Havia várias cartas mais escondidas dentro do meu colchão
improvisado, alguns no pequeno espaço entre o banheiro e a parede, e um
pouco mais em um frasco de shampoo vazio.
Eu as mantive todas.
Todas as últimas.
Disse a mim mesmo que estava segurando porque elas eram o único
entretenimento que tinha nessa cela. Mas, toda vez que olhava as palavras,
sempre que a minha palma acariciava o papel que ela tocava, sentia algo
dentro do meu peito. Um sentimento de que não estava tão familiarizado e
que só senti uma vez antes. E um que me deixou vulnerável.
Eu não tinha sentimentos.
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Nunca fui vulnerável.
Mas, o remetente... ele não era apenas qualquer criança.
Ele era o meu filho.
Ele entrou na minha vida durante o auge da minha carreira quando os
meus amigos, Beard, Diego e eu estávamos dirigindo a prisão subterrânea
mais bem sucedida da América do Sul. Nós a construímos em um pedaço de
terra na Ilha Margarita, uma pequena ilha perto da costa da Venezuela.
Pessoas de todo o mundo nos contrataram para matar seus inimigos. Nós
torturávamos o inferno deles, drenamos suas almas, incineramos seus corpos
e despejamos suas cinzas no oceano.
Isso era naquela época.
Mas, agora, eu estava no lado errado das grades.
Porra, tudo estava tão errado, tão rápido.
Juntei todas as cartas da minha cela e espalhei-as sobre o meu cobertor.
Não poderia levá-las todas comigo. As folhas juntas seriam muito grandes
para enfiar na minha bunda. Uma das regras ridículas da prisão foi que nos
permitimos sair com apenas os itens que entramos. Para mim, aquela era a
roupa que usava a noite em que os guardas me arrastaram para dentro desta
prisão coberta de sangue seco e cerca de um centímetro de fuligem preto.
Então, escolhi a carta que tinha a linha que eu gostava mais. Foi daquela
que veio ontem. A que disse, que estou ansioso para você sair, Shank, no
verso. Amanhã de manhã, iria dobrar essa merda e embrulhá-la em um
plástico e cobri-la de cuspi e levantar a minha bunda e iria colocar. Então, eu
iria embora, porra.
Enquanto isso, empurraria as minhas costas contra esta parede fria e
lembraria, o que fiz até, o momento em que fui encarcerado.
Lembrei-me dos dias e das noites longas e divertidas.
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Lembrei-me de seus gritos.
Lembrei-me do som de todos os seus gritos.
E me lembrei do meu brinquedo doce e submisso, o único homem que
sempre amei.
Sabia que algumas pessoas encontraram Deus na prisão. Alguns se
arrependeram, agarrando-se à porta de sua cela, implorando por um começo
e por perdão.
Eu não tinha arrependimentos, nem estava procurando por um Deus, ou
por qualquer outra pessoa, para me perdoar.
Pedir perdão significava que teria que admitir que fiz algo errado.
Eu era um homem inocente, apenas tentando viver minha vida.
E, porra, a vida já tinha sido tão boa, cheia de sexo, torturas e sangue.
Então, como me tornei um prisioneiro? Isso não era algo que eu pudesse
reviver nas poucas horas que ficaria aqui. Essa era uma história que levaria
algum tempo para contar. Mas essa era a questão de uma prisão longa.
Tinha tempo para me lembrar de tudo.
Tempo para escrever.
Tempo para enviar isso para o meu filho.
Ele precisava saber quem eu realmente era.
Ele precisava ouvir isso de mim.
E ele tinha que ouvir.
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Huck
Quando senti uma dor de um tiro na minha nuca, como se a ponta de
uma faca estivesse cortando o meu pomo de Adão, joguei o meu celular na
mesa. Não podia mais olhar para a mensagem do Jack. Como ainda
preenchia a tela, pressionei o botão lateral para deixar o celular preto.
Deveria ter excluído o nosso histórico de mensagens de textos ou, pelo
menos, parar de lê-las. Mas, durante semanas, não consegui fazer nada. E,
cada vez, sentia a faca. E, cada vez, joguei o meu celular como se a maldita
coisa estivesse em chamas.
O que deveria fazer esta noite era estar contando as gorjetas que as
meninas ganharam na noite anterior e colocando todo o dinheiro em
envelopes para que elas peguem no final de seu turno. Também deveria
encomendar suprimentos - novos lençóis e cobertores para quartos privados,
óleos de massagem, lubrificantes e camisinhas para as meninas usarem com
seus clientes.
Serviced¹ - o sofisticado salão de massagens que abri há cinco anos -
precisava de toda minha atenção. Não estava chegando a metade da minha
operação, e isso, tinha que mudar. Ninguém se preocupava com esse lugar
como eu. Ninguém iria intervir durante a minha ausência mental e se
certificaria de que as coisas estavam funcionando como deveriam estar.
Ninguém, exceto o Jack.
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Ele me deu dinheiro para começar o negócio e ajudou a supervisionar
coisas do outro lado do oceano em Granada, o mesmo lugar que eu cresci.
E, agora, eu não tinha mais do que eu mesma.
Balançando a cabeça, tentando tirar o Jack dela, peguei a linha do
escritório para pedir um jantar. Foi quando o monitor superior chamou a
minha atenção. Havia vinte e oito deles na parede - um para cada um dos
quartos privados, a recepção, o saguão e o museu. O museu era como uma
janela de exibição onde as garotas esperavam atrás de um espesso painel de
vidro, vestidas com fantasias ou de calcinha e sutiã, atraindo os clientes com
suas bocas e dedos, para que os homens as escolhessem.
E ele estava tão vazio.
Ouvi dizer que a cadeira caiu no chão depois que me afastei e a batida
da porta de madeira enquanto eu a empurrava na parede. Meus pés cobriram
os azulejos quando corri para os dois degraus e para a parte dos fundos da
recepção.

– Lawan. – sussurrei por trás dela.


Ela se virou na cadeira e a chamei no corredor.
Esperei para ela caminhar até mim antes de dizer: – Porque diabos o
museu está vazio?
Ela juntou as mãos, segurando-as logo abaixo do queixo, como se
estivesse orando. – Me desculpe senhor. Lamento muito.

– Não sinta. – surtei, tentando manter a minha voz baixa, então nenhum
dos homens da frente me ouviu. – Apenas me traga mais garotas.
– Não posso, senhor. Todas as meninas estão com clientes.

– Seu trabalho é manter um mínimo de quarenta mulheres aqui em todos


os momentos. A falta de garotas não é uma opção. Nunca. – meus dentes
rangeram. – Você sabe disso.
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E eu sabia que essa não era a única razão pela qual eu estava com raiva.
Mas isso, eu poderia controlar.
Jack, não pode.
– Eu sei, senhor, mas algumas ligaram e disseram estar doentes. Não há
tempo para...
– Lawan, tudo o que você está fazendo é me dar desculpas. Não quero
ouvi-las. Quero ouvir como você vai consertar isso.
Seu pescoço era tão magro, que eu podia ver seu pulso acelerando.
– Na parte da manhã, depois do meu turno, vou para a aldeia e contratar
novas. Não vou desapontá-lo novamente, senhor.
Isso não resolveria o problema que enfrentamos agora - o maldito museu
vazio e mais de dez homens sentados em meu bordel que queriam gastar
dinheiro e escolher quais garotas preencheriam suas fantasias, e podiam
gastar.
Éramos melhores do que isso.
– Lawan... – bati repetidamente o meu punho na parede, sentindo como
se movia com cada golpe.
– Não se preocupe, senhor.
Não se preocupe?
Toda noite, quase uma centena de turistas americanos e britânicos
cruzavam a minha porta, e nenhum deles falava tailandês. Lawan era a única
mulher aqui que era fluente em inglês, então, precisava dela na recepção. As
poucas vezes que trabalhei, os clientes não responderam bem. Parecia que
eles não gostavam de ser saudados por um peso pesado tatuado que era
muito mais intimidante do que acolhedor, então fiquei no andar de cima
tanto quanto possível e consegui coisas por trás dos bastidores. Mas a aldeia,
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a essa hora, não estava segura e era por isso que não podia mandá-la lá
agora.
– Para amanhã à tarde, espero um pouco de novas garotas nesse museu.
Quero que elas sejam as melhores de Bancoque, suas bocetas devem ser
apertadas, as suas bundas preparadas e prontas. Quero as melhores putas que
você pode encontrar. Você me entendeu?
– Sim senhor. Não irei decepcioná-lo.

– Quando você voltar de lá, fale com os dez homens que estão esperando
e faça isso certo.
– Sim...
Levantei a mão para interrompe-lá, não querendo ouvir outro senhor sair
da sua boca. Então, eu me virei e voltei para o meu escritório, xingando a
Lawan de todos os palavrões.
Ela trabalhava no Serviced desde o dia que abri. Ela conhecia as regras e
a reputação que queria defender.
Um museu vazio?
Eu também poderia fechar as malditas portas.
Essas putas não estavam doentes. Elas apenas tinham vidas difíceis, e às
vezes, as suas situações em casa impediam que elas chegassem no trabalho.
Eu não aceito isso como uma desculpa. Precisava de mulheres que brigariam
para estar aqui. Que apreciasse a quantidade de dinheiro insano que eu
pagasse, uma quantia que não encontraria dentro de trezentos quilômetros
daqui.
Isso foi porque a Serviced era diferente. Não era como outro massagistas
das proximidades. Era sofisticado e muito caro.
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Quando os caras das plataformas de petróleo na costa viessem para o
interior, eles esperavam duas coisas - bom álcool e mulheres limpas e
flexíveis.
Eles conseguiriam isso aqui.
E esses homens constituíram a metade da nossa clientela. A maioria da
outra metade era turistas e os últimos percentuais eram residentes ricos.
O descuido de Lawan poderia fazer os clientes desta noite sair pela porta
e nunca voltar. Isso poderia fazer com que eles falassem com seus amigos e
afastassem mais negócios. Eu não permitiria que isso acontecesse. Era por
isso que todos os dez rapazes que esperavam na sala de estar iriam ter suas
bolinhas chupadas gratuitamente esta noite.
Quando cheguei ao topo do segundo lance de escada, meu celular
começou a tocar. Rada apareceu na tela e eu xinguei novamente.

– Você não pode continuar me ligando.

– Eu sei. Apenas senti falta de ouvir a sua voz e...


Ela sentiu a minha falta.
Eu sabia porque sentia o mesmo.
Maldito seja.
– Diga-me que as coisas estão bem. – eu disse. – Que você está indo bem
na escola. – olhei para os monitores. – Que ninguém está machucando você.
Eu a ouvi respirar, o que ela não respirou por alguns segundos.
– Nada mudou desde a última vez que liguei.
Isso significava que ela ainda estava no mesmo apartamento, tendo três
aulas e sendo garçonete à noite - coisas que ela poderia ter feito aqui.
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De todas as mulheres com quem estive, Rada era a única que pedi para
mudar para o meu apartamento no terceiro andar do bordel. Tinha dito a ela
que a única coisa que precisava dela era a confiança. Para acreditar que não
estava fodendo nenhuma das meninas lá embaixo, confiar que me importava
com o suficiente para querer dormir ao lado dela todas as noites.
Ela durou seis meses.
O ciúme destruiu nosso relacionamento. E, quando ela foi embora, não
voltou para sua aldeia. Ela tinha ido para a fodida Londres.
Sentei-me na minha mesa com os dedos na minha testa, massageando
meu couro cabeludo antes de minha dor de cabeça consumir diretamente o
meu crânio. – Preciso que você diga adeus. – eu disse. – Por bem dessa vez.

– Eu quero. Isso apenas dói.

Houve uma batida gentil na porta, seguida por: – Senhor? Posso entrar?

– Espera. – eu disse a Rada. – Sim, Lawan, entre.

– Vejo que nada mudou. Você ainda está fazendo todos os outros uma
prioridade. – Rada gritou.
Ignorei a Rada e vi a Lawan abrir a porta, mostrando apenas uma fração
de seu rosto.

– Senhor, há uma garota lá embaixo, chamando você.

– Quem é?

– Não sei, senhor. Ela não me deu um nome.

De repente, tive esperança. – Ela está procurando um emprego?

– Eu... – sua hesitação me disse que algo não estava certo. – Acho que
não.
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– Então, que porra ela quer? – deslizei para o fim da cadeira, procurando
os monitores. Havia agora sete homens esperando no salão junto com o
barman. Verifiquei os outros monitores para ver se havia mulheres que não
reconhecia. – Onde ela está?
– Lá fora, senhor, nos fundos do prédio.
Seu rosto mudou e eu conhecia esse olhar. Ela usava a mesma expressão
sempre que tinha que dar notícias desagradáveis. Lawan poderia trabalhar
em uma brigada, mas este lugar não a endureceu um pouco.
– O que ela quer, Lawan?

– A encontrei no chão. Perto das lixeiras. Ela estava chorando, sangrando


e sussurrando o seu nome. Ela não disse mais nada.
Fechei os olhos e me lembrei de algumas das outras que vieram aqui no
passado. Os piolhos e os machucados. A agitação. A porra dos dedos dos pés
curvados e os gritos.
– Tenho que ir. – eu disse a Rada.
– É claro que você tem. – ela disse, me lembrando do lado dela que eu
não senti falta de nada. – Tem sempre algo com essas garotas e...
– Não preciso mais ouvir as suas besteiras, e não vou fazer isso. Não me
ligue novamente.
Guardei o meu celular no bolso e disse a Lawan: – Me leve até ela.
Segui a Lawan descendo as escadas e cruzando o corredor, movendo-me
na direção oposta do salão. Uma vez que ela abriu a porta dos fundos, vi um
ninho de cabelos escuros em cima do cascalho e um corpo deitado numa
posição fetal, tremendo.
– A mantenha aberta. – falei a Lawan, apontando para a porta.
Quanto mais aberta ela segurou, mais luz brilhava sobre a menina.
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Andei em torno do seu corpo até eu encontrar onde sua cabeça estava
curvada em seu peito e disse: – Você me chamou. Estou aqui.

Gemidos vieram através de um par de lábios escondidos. – Huck?

– Sim.

– É realmente você? Você está aqui?


Seu sotaque me disse que ela era americana.
– Sim. – me abaixei no chão, esperando que ela me mostrasse seu rosto.
– Porque você está me procurando?
Esta não era a forma como acontecia. Eu sempre recebi uma ligação
primeiro de um vendedor que me dava muitos detalhes. Então, se estivesse
interessado, eu daria para os seguranças dinheiro suficiente para cobrir a
transação e eles iriam às docas. Quando ele voltasse, ele teria a garota com
ele.
– Huck. – ela chorou suavemente. – Huck.
Ainda assim, sem rosto, sem palavras além do meu nome, que continuou
a chorar com cada respiração.
– Se você não começar a falar, vou deixá-la aqui. – eu avisei.
Curiosidade me trouxe para ela, mas não me manteria aqui. Não seria
enganado por uma garota que estava apenas procurando uma ajuda. Havia
muitos dessas na cidade, e eu não era uma porra de abrigo.
– Você decide. – eu disse depois de vários segundos.
Quando eu dei um passo, uma mão pequena se esticou e pegou o meu
tornozelo. – Não vá. Por favor. Estou assustada. E estou com dor. – quanto
mais ela falou, pior o choro era. – Isso dói muito.
A luz da porta não era suficiente, então peguei o celular, liguei a
lanterna e a segurei. – Me mostre o seu rosto.
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Aos poucos, ela inclinou o pescoço para trás e gemeu com o brilho nos
olhos. O movimento revelou bochechas tão severamente espancadas, que era
como se tivesse se banhado em carvão. Cada corte escorria pus. O sangue
estava cobrindo os cantos dos olhos e a testa, e mais havia penetrado no
cabelo dela. Seus lábios pareciam ter sido mordidos. Pelo som de sua
respiração, suspeitava que o seu corpo estivesse no mesmo tipo de forma.
– Porque você está aqui? – perguntei.
Suas mãos baixaram, e cuidadosamente, ela se levantou. Poderia dizer a
quantidade de energia que foi necessária, e seus ruídos eram uma indicação
da quantidade de dor que ela estava sentindo. Quando finalmente respirou, o
sangue escorria nos dentes da frente.

– Ele disse…
Seus olhos se encontraram com os meus. Naquele segundo com a
quantidade de tempo que ela levou para piscar, senti a faca de novo. Desta
vez, a facada estava na parte de trás da minha língua.
– Ele disse que você me ajudaria.

1. Serviced: é o nome do “empreendimento” dele. Optamos deixar como no


original.
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Garoto
Antes...
Demorei um tempo para enviar esta carta, e sinto muito
por isso.
Escrevi para você tantas vezes no passado que tenho uma
caixa cheia de cartas, todas endereçadas e até carimbadas.
Então, por que não as enviei? Eu me perguntei isso muito.
Acho que o que me impediu não teve nada a ver com
realmente enviá-las. Tem a ver com suas respostas. Não
estava pronto para ouvir elas.
Mas tenho pensado muito em você ultimamente. Sobre
quem esse cara realmente é. Além do que me disseram, não
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tenho lembranças de você. Não consigo ver nem o menor
flash do seu rosto, da nossa casa. Eu não sei como sua voz soa.
Desde que me lembro, só ouvi um lado da história. Sei que
foi mudada para o meu benefício. Eu sei que coisas ficaram
de fora. Eu sei que é apenas um pouquinho do que realmente
aconteceu.
A única pessoa que preencherá as lacunas que faltam é
você.
Eu quero ouvi-las.
Todas elas.
Estou pronto para saber quem você é.
Mais importante, estou pronto para saber quem eu sou.
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Shank
Eu tive que começar do começo. Era a única maneira que eu sabia contar
a minha história, a única maneira que o garoto saberia quem eu realmente
era. Não me importava por que ele queria saber, e eu não tinha planos de
perguntar a ele.
As coisas que pretendia dizer a ele poderiam machucá-lo. Elas poderiam
fazê-lo me odiar, me temer, temer quem ele poderia se tornar. Porra, isso não
importava para mim.
A única razão pela qual eu estava dando a ele o que ele pediu foi por
que, durante as horas de sol - que era a única luz que eu tinha dentro da
minha cela - eu agora tinha algo para ocupar o meu tempo.
Inferno, isso era necessário.
O tédio levou aos cortes. E cortaria tanto da minha própria carne que, a
cada poucas semanas, trocaria minha bunda por uma faca mais afiada.
Comecei em cima do meu ombro até o fundo do meu pulso. Prejudicando o
meu corpo com cicatrizes perfeitamente distanciadas, como teclas de piano,
que eu podia tocar e pressionar. Cada uma tinha um centímetro de
comprimento, um quarto de um centímetro de profundidade e um oitavo de
um centímetro de distância.
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Nunca senti o rastro da faca. Não conseguia sentir os meus dedos
tocando as marcas já curadas.
E o sangue que havia escorrido de cada corte nunca me dava a satisfação
que ansiava.
Talvez, revivendo aqueles tempos - quando tinha assassinado centenas e
quando tinha me coberto em seus sangues - me desse o alívio que eu
precisava.
Então, voltei meus pensamentos para quando tinha doze anos.
Para quando matei pela primeira vez.
E com uma caneta na mão e um pedaço de papel no colo, comecei a
escrever para o garoto.

Assassinato.
Isso era algo que eu queria fazer desde que me lembrava.
Aos seis anos, ganhei o apelido de Shank² quando comecei a caminhar
com as minhas próprias pernas, e foi quando todos pararam de me chamar de
Seth. Tinha gavetas cheias delas, todas de diferentes comprimentos e
espessuras. Mas, antes dos doze anos, eu não tinha sido estratégico o
suficiente para poder matar um humano. Tinha sido descuidado e muito
ansioso. Então, eu me envolvi com tortura e apenas com animais mortos.
Meu pai havia aprendido rapidamente que não podíamos ter animais de
estimações em nossa casa. Não foi uma bactéria mortal que se enfiou no
tanque cheio de peixes de água salgada que o meu pai tinha em seu escritório
em casa. Mas, quando ele voltou para casa do trabalho, suas peles estavam
flutuando no topo, suas espinhas descansando sobre o coral. Também não foi
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um guaxinim que matou o nosso gato, como disse a ele uma manhã, quando
não tinha retornado em dias.
Mas, mesmo tendo começado com esses pequenos animais, aprendi algo
com cada um deles.
Os peixes haviam aperfeiçoado as minhas habilidades com facas.
Ensinou-me a firmar as minhas mãos e cortar suas peles sem rasgá-las. O
gato me ensinou a ouvir a dor. Quando alguém estava ferido, seus ruídos não
eram choros ou lamentos superficiais. Eram gritos guturais e lamentos
intensos.
Toda a prática - todos os pássaros, gambás, leões-marinhos - me
prepararam para a minha primeira caçada.
O nome dela era Carol e a matei um mês depois do meu aniversário de
doze anos.
Ela tinha trinta e dois anos e a conhecia há anos. Tolerava a presença
dela até que eu não pudesse mais. Esse foi o momento em que sabia que ela
tinha que ir. Não apenas se mudar de San Diego, a cidade onde cresci. Ela
tinha que sair permanentemente.
Permanente era a única solução.
Sempre.
Então, fui ao apartamento dela e toquei a campainha. Ela estava sem
fôlego quando atendeu a porta. Ela não colocou maquiagem. Seu cabelo
estava e preso com um nó bagunçado.
Não sabia o que meu pai via nela. Por que, de todas as mulheres da
grande cidade em que vivíamos, ele decidiu que a Carol tinha que ser a
namorada dele. Certamente, havia melhores partidos por lá, alguém que tinha
algo a oferecer além de migalhas e uma voz irritante.
Seus olhos e sobrancelhas me disseram que estava confusa. Isso porque
ela estava esperando o meu pai.
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– O que você está fazendo aqui? – ela perguntou.
Eu havia antecipado isso. Fiz todos os cenários na minha cabeça.
Minhas respostas foram ensaiadas.
– Tinha uma consulta médica nessa rua, e papai deveria me pegar, mas
ele está atrasado. – sorri. Isso parecia estranho. Não natural. Era algo que eu
precisava trabalhar. – Parece que ele está atrasado em pegar você também.

– Ele disse a você?

– Não se preocupe; não vou mencionar isso para ninguém. – poderia


dizer que ela sabia ao que eu estava me referindo. – Talvez, você pudesse me
dar uma carona para o escritório dele? Então, ele não terá que buscá-la, pois
você já estará lá.
Ela olhou para trás. Eu também. O lugar estava uma bagunça. Com
caixas nas bancadas, transbordando lixo e suprimentos pelo chão que nunca
seriam usados. E bem ao lado da porta havia duas malas. Elas estavam
prontas; ela só não tinha terminado de limpar.
Para colocar as coisas em movimento, meu pai concordou em avisar a
Carol. Ela pensou que, esta noite, por precaução, estaria saindo da cidade por
um tempo. Uma ex do meu pai, que também era uma paciente psiquiátrica
dele e alguém que recentemente se tornou viciada em opioides³, estava com
ciúmes do relacionamento dele. O ciúme levou à vingança e ele queria
manter a Carol segura.
Tudo mentira.
Carol felizmente acreditou em cada uma delas.
– Deixe-me pegar minha bolsa. – disse ela.
Minhas mãos começaram a tremer. Era o que acontecia sempre que me
aproximava da minha vítima. Elas ansiavam para ficar em torno de uma
garganta, sentir as veias esticarem enquanto a criatura ofegava por ar. Eu
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queria ver seus olhos protuberantes das órbitas, a língua engrossar de cuspe,
a pele mudar de cor e as pupilas se ampliarem.
Precisava levar as coisas devagar com a Carol, para saborear tudo o que
estava prestes a acontecer, para que eu pudesse aprender com o meu primeiro
assassinato. Mas, estava tão ansioso. Minha pele estava coberta de suor e
minha boca se encheu de água.
Quando ela voltou, enfiei a mão no bolso e usei a outra para pegar uma
de suas malas. Ela puxou a segunda bagagem e a segui até o carro. Em todas
as vezes que estive no Toyota dela, nunca me sentei no banco do passageiro.
Apenas a observava pelo espelho retrovisor - pela maneira como as rugas em
sua testa se aprofundavam quando ela falava, como seus lábios se curvavam
quando ela chamou o seu filho de bebê.
O meu pai era tão individualizado. Ele prosperou à perfeição.
Mas aqui estava a Carol com as suas unhas quebradas, a maquiagem de
ontem ainda sob os olhos e uma mancha vermelha em sua camiseta, como
molho de tomate pingado quando ela deu uma mordida na pizza.
A próxima mulher que ele encontraria seria perfeita.
Ou ela teria que ir também.
Ouvimos country enquanto nos dirigíamos para Os moinhos, onde o
meu pai mantinha o seu escritório. Meu melhor amigo, Jae - a quem todo
mundo chamava de Beard - e eu apelidamos de seus Moinhos. Eles eram
distribuidores de drogas e o meu pai era dono de muitos deles por todo o sul
da Califórnia. A vi bater suas unhas quebradas no volante. Eu a ouvi cantar.
Observei-a ajeitando o cabelo no sinal vermelho.
Eu mal conseguia engolir, tremia tanto.
Quando ela entrou no estacionamento, a seringa já estava na minha mão.
Estava cheia de opioides o suficiente para fazê-la ficar inconsciente.
Continuaria injetando-a com drogas até que escurecesse lá fora. Então, eu a
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levaria para o prédio abandonado que ficava a três casas à esquerda dos
moinhos. Eu quebraria a janela que levava para a cozinha e a levaria pelas
escadas até o quarto principal. Lá, eu teria a minha diversão.
Planejamento e os detalhes eram tão cruciais quanto a matança.
– Estamos aqui. – ela disse, quando se moveu para o estacionamento e
desligou o motor. – Você...

– Carol... – minha voz se aprofundou quando a minha boca parou de


salivar e estava respirando com dificuldade através dos meus lábios
entreabertos. – ...Vem aqui por um segundo. Quero te mostrar uma coisa. –
apontei para a minha bochecha. – Tem alguma coisa aqui? Esqueci de dizer
hoje ao médico para ver isso. Você acha que eu deveria voltar e pedir para
ele checar?
Ouvi as palavras saírem da minha boca, mas esqueci o que ensaiei. A
adrenalina estava tomando o meu corpo; estava controlando o meu discurso e
os meus movimentos.
Carol se debruçou no centro do carro para olhar meu rosto, sua mão me
alcançando ao mesmo tempo para segurar meu queixo e mantê-lo firme.
Quando soube que o foco dela estava em mim, tirei a agulha do bolso.
– O que estou procurando? – ela perguntou enquanto procurava.

Com a outra mão, toquei o local imaginário novamente. – O que parece


exatamente, eu não sei. Mas parece que está vindo no meu pulso. Isso é o
que acontece quando estou prestes a matar alguma coisa. Tenho essa pressa e
esse arrepio, e posso sentir isso dentro do meu corpo.
Choque passou pelos olhos dela. – Shank...

– Sim, Carol. – eu disse, enfiando a agulha em seu pescoço, empurrando


o êmbolo para que a droga esvaziasse em sua corrente sanguínea. – Eu vou
matar você.
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Ela pegou a minha mão, mas já era tarde demais. Já estava enfiando a
tampa no topo e colocando no bolso.
Demorou apenas alguns segundos antes que ela sentisse.
– Shaaank. – ela disse enrolado. – Mas, Jaaae.
Essas foram as suas últimas palavras antes do seu pescoço inclinar para
a frente, o queixo pressionar contra o peito, e os olhos fecharem, balançando
a cabeça, como uma viciada.
Meu pai chegou ao carro algumas horas depois. Eu não me movi do
banco do passageiro, e o jeito de Carol a manteve quieta e babando. Eu
abaixei o vidro da minha janela enquanto ele estava fora dela.

– Quanto você deu a ela? – ele perguntou.


Estava tentando esconder a preocupação dele, mas vi em seu rosto e
ouvi em sua voz.
Ele não queria que eu fizesse isso.
Mas, não dei a mínima para o que meu pai queria.
Olhei para o vidro vil que mantive debaixo da minha coxa, embora,
realmente eu não precisasse. Sabia o quanto a agulha aguentava e quantas
vezes eu a enfiei nela.
– Já chega. – respondi.
– Quando escurecer, ajudarei você a levá-la para a casa, mas depois vou
embora.
Ele não queria me ver torturar ela.
Tudo bem. Não precisava de uma plateia. Não foi por isso que eu estava
fazendo isso.
O que eu precisava era do sangue dela. No meu peito. Em minhas mãos.
Sob as minhas unhas.
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E então, precisava vê-lo pingar de seu corpo até que houvesse uma poça
no chão. Quando a mancha vermelha circular era grande o suficiente, eu
tirava meu dolorido pau duro, e eu gozava no centro dela. Minha porra
flutuava e eu queria ver nadar em seu sangue.
Então, e só então, o meu ritmo cardíaco voltaria ao normal, minha
respiração cessaria e o meu corpo receberia o alívio de que precisava.
– Faça o que quiser. – eu disse a ele.
Ele observou um cara andar atrás do carro, cruzando a calçada, antes de
voltar sua atenção para mim. – Não volte para casa até que você tenha
tomado banho. Não quero nenhum DNA em minha casa, e não quero que Jae
veja nenhum sangue em você. Ele fará perguntas suficientes nas próximas
semanas. Nós certamente não precisamos de você para alertá-lo com
qualquer pista.
Ontem, Carol tinha deixado o Beard em nossa casa junto com sacos de
lixo cheios de suas roupas. Ela disse a ele que ele estava indo para um fim de
semana. Ele não sabia ainda que seria muito mais do que isso.
– Você trouxe tudo o que eu pedi?

Ele apontou para o carro. – Está no meu porta-malas. – seus olhos se


moveram para a Carol, onde ficaram apenas um segundo. – Voltarei depois
do pôr do sol.
Fechei a janela e me virei para a Carol. – Você achou que poderia me
acalmar mencionando o nome de Jae?
Horas se passaram desde que ela disse, mas já era hora de eu falar sobre
isso. Ela não respondeu. Sabia que ela não iria, e eu não queria que ela
respondesse.
– Eu não dou a mínima se você está apaixonada pelo meu pai ou se você
é a mãe do meu melhor amigo. Não tenho empatia com uma vadia que rouba
a atenção do meu pai. Você pode ter roubado, mas estou ganhando de volta.
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Chequei as duas janelas, certificando-me que ninguém estava nos
observando. Então, enterrei meus dedos em seu couro cabeludo, agarrei seus
cabelos e puxei sua cabeça para trás. Cuspe, continuou a fluir pelo queixo.
– Vou me certificar de que o Jae se transforme em um assassino como
eu. E, no segundo que ele se tornar mole, vou me livrar dele, assim como
vou me livrar de você.
Então, garoto, eu matei a mãe de Beard?
Inferno sim, eu matei.
Eu limpei o sangue dela no meu peito, minhas mãos e me certifiquei de
que ele ficasse sob as minhas unhas.
Eu gozei na poça.
E eu amei cada segundo do caralho.

2. Shank: faca. Como é o nome também do personagem optamos por deixar


no original.
3. Opioides: são drogas que atuam no sistema nervoso para aliviar a dor.
O uso indevido e contínuo pode levar à dependência física e a sintomas
de abstinência. Eles vêm em comprimidos, cápsulas ou na forma
líquida.
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Huck
– Ele disse que você me ajudaria.
Enquanto eu repetia as palavras da garota na minha cabeça, tentando dar
sentido a elas, o silêncio entre nós cresceu. O mesmo aconteceu com as
lágrimas, escorrendo com o sangue nos cantos dos olhos, enquanto escorriam
por suas bochechas.

– E ele disse que você me manteria segura. – ela acrescentou.


Contrariado levantei minha mão, avisando-a para não dizer mais uma
palavra. Eu me virei para a porta e disse: – Lawan, volte para a recepção e
cuide de nossos clientes.
Lawan não precisava ouvir isso.
Ela via as minhas aquisições entrar. Ela conseguia para aquelas meninas
o que elas precisavam, e ela era informada quando elas saíam.
Ela não fez perguntas; ela não precisava de detalhes.
Esta situação não era diferente.
– Qual é o seu nome? – perguntei uma vez que a porta se fechou.
Ela encolheu os joelhos e lentamente envolveu os seus braços ao redor
deles. – Arin.
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– Então, Arin, me diga quem diabos prometeu isso a você.
Quando ela pressionou as pernas para mais perto do peito, ela gritou,
liberando-as imediatamente, com os seus joelhos caindo em direção ao chão.
Sua respiração me disse que ela estava tentando acalmar a dor. – O cara no
cais. Ele me disse onde te encontrar. Ele disse que você...
– Ajudar você. Eu sei. – com meu celular ainda na mão, a lanterna
iluminou a embalagem de camisinha que não foi jogada no lixo. Chutei o a
embalagem o mais forte que pude e cuspi: – Jesus, porra.
Chati era o homem a quem ela se referia. Ele trabalhava no turno da
noite no píer, na época em que as docas tinham mais ação. Em carteira, ele
comprava as aquisições novas dos pescadores e vendia para todos os
diferentes mercados da cidade. Mas, fora dos registros, vendia um tipo
completamente diferente de aquisições.
Banguecoque era o maior centro de tráfico na Tailândia. Havia muitos
pilares, mas se uma garota chegasse ao Chati, ele negociaria uma taxa e
encontraria alguém disposto a pagar.
Nos últimos três anos, eu fui um dos compradores dele.
Eu não levaria apenas uma garota. Eu tinha certos requisitos e o Chati
sabia o que eram. Mas nunca teve uma que aparecia aleatoriamente para o
Serviced. E nunca realizamos negócios sem uma ligação telefônica primeiro.
E na última conversa que tivemos, eu disse a ele que estava fora. Sem mais.
Eu estava fora do jogo. Ele não tinha escutado e isso me preocupou.
– Se eu ligar para o homem no cais, ele vai me contar a mesma história?
Seu aceno não me deu razão para acreditar nela.
– É melhor você estar dizendo a verdade. – toquei na tela do meu
celular, pressionando no número do Chati.
– Huck. – ele respondeu. – Suponho que você encontrou seu presente?
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Eu procurei na escuridão pelo rosto da garota enquanto traduzia: – Diga-
me o que você sabe. – para o tailandês, supondo que não fosse um idioma
que ela falasse ou entendesse.
– Um bote parou, parecendo com qualquer outro barco de pesca que eu
lido. Dois caras estavam lá dentro, e eles carregaram um saco de estopa até o
cais, acho que disseram algo em hindi e partiram. Não estava esperando
encontrar uma maldita pessoa dentro dele.

– Eles não tentaram vendê-la? – perguntei em tailandês.

– Não, o que me diz que eles não estavam traficando ela; eles estavam
apenas tentando se livrar dela.
Ela me contou a verdade sobre o Chati. Isso pode lhe render uma
refeição.
Mas ainda havia muita coisa que eu precisava saber.

– Você tem algumas bolas, ao enviar ela aqui. – eu disse em tailandês.

Sua risada parecia mais uma gargalhada. – Você era um bom cliente;
considere um bônus. Ela é o que você gosta e ela é livre. E todos ganham.
– Você perdeu o seu maldito celular? Porque, se você ligasse, eu teria
lembrado a você que eu estava fora.
– Ah, vamos lá, cara. Tem sido umas noites movimentadas. Muitos
barcos descarregando e todos os tipos de aquisições interessantes. Não tinha
certeza se ela chegaria até você, honestamente.
Eu precisava garantir que o Chati não mandaria outra garota para cá.
Essa conversa aconteceria pessoalmente e quando eu tivesse minhas duas
mãos livres.
– Vamos conversar mais tarde. – eu disse e desliguei.
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Enfiei o celular no bolso e olhei para a silhueta dela. Ela não se mexeu.
Não tinha sequer feito um som.
– Quem estava conduzindo o barco, Arin?

– Eu não sei.

– Besteira.

– Eu realmente não sei.

– Foda-se isso. – eu me virei e peguei a porta.


Ela estava tirando minha paciência como gentileza, e eu não aguentaria
mais um segundo.
Abri apenas uma fenda quando ela gritou: – Huck, pare, por favor. Não
estou mentindo. Eu juro que não sei quem eles eram.
Olhei por cima do meu ombro e a luz do corredor brilhou em seus olhos.
Eles estavam lacrimejando e com medo, mas eles não revelaram se ela estava
me dizendo a verdade.
Fechei a porta, apagando a luz, então a substituí pela lanterna do meu
celular. Ela estremeceu até se acostumar com o brilho.

– Você tem a minha atenção. Não perca porque não vai recuperá-la.
Ela cruzou as pernas na frente dela, envolvendo os braços ao redor de
seu estômago, seu corpo lentamente balançando para frente e para trás. –
Acabei de me formar há algumas semanas no meu mestrado. Tive algum
tempo antes de começar no meu novo trabalho, então pensei em gastá-lo
viajando. Escolhi a Índia porque um antigo colega meu era daqui, e desde
que morava com ele, eu queria dar uma olhada. – ela pegou a parte de baixo
de sua blusa, puxando-a para baixo, revelando algumas manchas de sangue
que eu não tinha visto anteriormente.
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– Eu estava em Mumbai. Só tinha estado lá a cerca de uma semana
quando conheci um cara. Ele me levou para jantar e depois para um clube.
Acabamos voltando ao meu hotel. Não me lembro de muita coisa além do
sentimento das ondas debaixo de mim e da dureza do cais quando aterrissei
nele. Eu... – ela olhou para o prédio atrás de mim e para o do outro lado dela,
no beco que passava entre eles.
– Um cara abriu o saco que eu estava. Ele me fez algumas perguntas, e
então ele me deu o seu nome e me disse como chegar até aqui. Não consegui
entrar.
Seu olhar abaixou para o colo e percebi o que ela estava tentando me
dizer. Ela fez xixi em si mesma.
– Eu não estava aqui por muito tempo quando a senhora saiu.
Tinha um pressentimento, a previsão de Chati estava certa. Esses
homens não estavam traficando ela; eles estavam tentando se livrar dela. Eu
tinha certeza de que eles haviam levado seus cartões de crédito e vendido o
passaporte dela. Talvez, até a estuprassem. Ela provavelmente acordou antes
que as drogas passassem. A espancaram bastante, então ela não se lembrava
de nada. Deixá-la em Banguecoque tornaria mais difícil ela voltar para a
Índia, especialmente sem um passaporte.
– Porque você não correu direto para a delegacia?
Ela balançou a cabeça com tanta força, que eu tinha certeza que ela
estava ficando tonta.
– Sem polícia. Eles... – quando ela parou, eu a vi vagar para um lugar
que não estava aqui comigo. – Eles me machucaram uma vez. Nunca vou
confiar neles novamente. Nenhum médico também, então, por favor, não
ligue para um.
– O que você quer, Arin?
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– Eu quero ir para casa. – sua voz mudou, mas seus olhos ainda estavam
sérios.

– Onde é a sua casa?

– Na cidade de Nova York.


Passei a lanterna pelas pernas, por cima dos pés descalços e de volta ao
rosto. – Como você planeja chegar até lá?

– Vou ter que ir à embaixada e descobrir como substituir meu passaporte


e comprar uma passagem de volta. Só tinha para vinda. Mas não tenho
dinheiro, nem cartão de crédito nem ninguém nos Estados Unidos para pedir
ajuda. Isso tudo vai levar algum tempo e um bom dinheiro, e vou precisar de
um lugar para ficar nesse meio tempo.
Sempre que perguntava a uma das garotas que eu havia comprado o que
elas queriam, a resposta delas sempre foi: – Só não quero mais me machucar.
Elas haviam sido espancadas, maltratadas e torturadas até o ponto em
que mal conseguiam se lembrar de casa. Seu único desejo era que a dor
parasse.
Mas isso não foi o que veio da boca de Arin.
Porque ela não era como as outras.
Ela havia sido espancada, mas ela não tinha sido danificada.
Ela tinha bom senso para formular um plano.
E, apesar de seu corpo tremer e me dizer que ela estava saindo de algo,
sua desintoxicação não era grave, como todas as outras que eu tinha visto.
Precisava saber o quanto ela queria minha ajuda e o que estava disposta
a sacrificar.
Esperei até sentir os seus olhos cravarem nos meus. – Aquele lugar lá
dentro. – apontei com a cabeça para o corredor. – É um bordel. Minhas
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garotas vendem suas bocetas por uma porcentagem dos ganhos. Elas ganham
um pouco mais por anal e menos se elas só fazem boquete. Que buraco seu
eu posso vender, Arin?
Ela apoiou as pernas no peito. Desta vez, ela lutou com a dor e eu só
ouvi sua respiração. – Eu não sabia. Pensei...

– Você pensou que o cara nas docas te enviou para alguém que iria te
manter enquanto chorava e colocar remédio em seus cortes e dar-lhe tudo o
que precisava para chegar em casa. – chutei uma pedra na porta para mantê-
la aberta e me movi para ela ajoelhada para poder ver a seriedade de perto. –
Isso não é a América, princesa. Não sei o que você pensou quando fez as
malas e veio para essa parte do mundo, mas não fazemos caridade aqui.
Trabalhamos com o que temos mesmo que isso signifique vender nossos
malditos buracos. Então, me diga, o que está disposta a fazer para voltar para
casa?
– A.. Ah, meu Deus.
Lá estava.
As três palavras que ela falou não significavam nada para mim. Foram
os sons que ela fez. Era o tremor de seus lábios que não tinha nada a ver com
as drogas. Foi o medo que preencheu seus olhos.
Eu estava esperando por desespero. Finalmente vi e ouvi. Inferno, eu até
o senti.
– Arin, eu não vou perguntar de novo. O que está disposta a fazer para
voltar para casa?
Levou vários segundos para responder: – Tudo que você precisar de
mim.
– Vou levá-la até o terceiro andar e deixar você dormir um pouco. De
manhã, quando tudo estiver fora do seu sistema, lhe direi o que quero de
você.
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– O... Ok, mas, Huck?

– O que?

– Eu não acho que posso subir as escadas.


Quando coloquei o meu braço debaixo de seus joelhos e outro em suas
costas, ela gritou. O som me matou e imediatamente me afastei.
Ela apertou a minha mão e me impediu de ir a qualquer lugar. – Apenas
tente ser gentil. Eu sinto muito. Eu me machuquei. Em toda parte.
Ela queria gentileza. Ela queria um lugar para ficar. Ela queria uma
maneira de ganhar dinheiro.
Ela já estava me dando uma dor de cabeça.
Usei a mesma quantidade de força, mas eu me movi mais devagar,
levantando-a no ar e puxando-a contra o meu peito. Quando cheguei no
corredor, ela descansou a cabeça no meu pescoço.
– Obrigada. – ela sussurrou.
A faca estava de volta. Desta vez, bateu na minha amígdala direita.
Ela parecia tão pequena em meus braços, e eu me perguntei quando ela
tinha comido pela última vez. Uma coisa que eu sabia com certeza era que a
garota precisava de um banho. Eu podia sentir o cheiro do xixi no jeans e a
sujeira no cabelo dela.
Senti o corpo dela relaxar assim que comecei a subir as escadas.
Assim que chegamos ao meu apartamento, a levei até ao banheiro de
hóspedes e a coloquei em cima do vaso sanitário. Abri a água para encher a
banheira.
– Lawan estará pronta em alguns minutos. Ela vai te dar o que precisar.
– Vo... você não ficará?
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– Você está prestes a tirar a roupa e entrar naquela banheira. Se você
quer uma plateia, ficarei feliz em ficar aqui e assistir.
Nessa luz, eu realmente podia ver os cortes e contusões, e as marcas me
mostraram que eles a atingiram com um punho aberto e fechado. Seu longo
cabelo escuro estava embaraçado com o sangue. Não era assim que preferia
minhas mulheres, mas não recusava a oportunidade de ver um belo par de
tetas. Eu tinha a sensação de que valeria a pena encará-la.
Ela balançou a cabeça, seu corpo balançando sobre o assento do vaso
sanitário. – Então, onde você está indo?
Ela tinha passado por alguma coisa, e essa era a única razão pela qual eu
tolerava suas perguntas.
Simplesmente não toleraria isso por muito tempo.
– Lawan lhe dirá como entrar em contato com ela. Não venha procurar
por nenhum de nós. Não pergunte a ela sobre mim. Não pergunte nada a ela,
a menos que seja algo que você precise. Entendido?

– Sim.
O sangue de seu dedão caiu no chão. Ela percebeu na mesma hora que
eu.
Fui até a porta e a segurei, dando uma última olhada para ela. – Bem-
vindo a Banguecoque, Arin.
Sem esperar pela resposta dela, a fechei dentro do banheiro e abri o meu
escritório, sentando-me na escrivaninha. Então, peguei dentro da gaveta a
garrafa que eu tinha guardado lá pelos últimos meses.
Essa foi a quantidade de tempo que passou desde que comprei todas as
meninas. Desde que decidi que não compraria mais.
Desde que percebi que não podia.
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Arin
Ah, Deus.

Meus olhos rapidamente passam pela sala e aterrissaram no cesto de lixo


perto da pia. Eu me inclinei para fora da banheira, dobrei os meus dedos ao
redor da lata de lixo e a puxei. A água espirrava em todos os lugares quando
abaixei o meu rosto na abertura e vomitei bocados de bile. Ácido puro
continuou a disparar através dos meus lábios, ardendo o meu esôfago,
transformando o plástico branco completamente em amarelo.

– Ah, Arin. – disse uma mulher ao abrir a porta do banheiro, correndo


para o pequeno aposento. – Deixe-me te dar uma toalha.

Vomitei novamente, ainda não sentindo nenhum alívio e muito doente


para me importar que estivesse nua e essa estranha pudesse ver o meu corpo
nu espancado.

Minha garganta parecia uma caixa de fósforos acesos pressionados


nela. Minhas narinas ardiam tão forte que jurei ter sangue delas. E, com a dor
das minhas costelas machucadas ao redor das minhas costas, não pude
vomitar outra vez. Doeu muito. De alguma forma, precisava acalmar o meu
estômago. Então, engoli um pouco de ar e entrei mais fundo na água,
descansando meus ombros nos azulejos frios, e pensei em casa.

Não no latejar e não na náusea.


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Mas em casa.

– Aqui, Arin. – disse a mulher, colocando uma toalha fria sobre a minha
testa. – Isso deve fazer você se sentir melhor.

Olhei para o tecido frio que estava pendurado em cima dos meus olhos,
e a observei pegar a minha pilha de roupas ensanguentadas. Doeu tanto para
tirar elas. Minha camisa ficou presa nos cortes e o meu jeans apertava as
contusões. Eu gritava o tempo todo, e tinha certeza de que o estômago doía
ainda mais.

A senhora jogou as roupas do lado de fora da porta do banheiro e fechou


imediatamente.

– Que... quem é você? – perguntei quando ela me encarou novamente,


incapaz de parar meus dentes de bater.

Se tivesse energia, teria colocado minhas mãos sobre o peito e cruzado


as pernas. Mas cada grama que eu tinha foi gasto correndo para o Huck e
caindo no chão do lado de fora de sua porta dos fundos.

– Eu sou a Lawan. Te encontrei lá fora. Lembra? – ela segurou outro


pano em sua mão e cobriu com sabão.

– O que você vai fazer com isso? – levantei meu dedo para apontar em
direção ao pano.

Ela o segurou bem acima do meu braço e lentamente abaixou a toalha


até que colocou na minha pele. – Vou limpar você. – ela o moveu em um
movimento circular, e quando nossos olhos se encontraram novamente, ela
disse: – Tenho três filhas. Eu trabalhei neste bordel por cinco anos. Não se
preocupe; Eu já vi de tudo.

Eu me perguntava sobre as diferentes coisas que ela tinha visto. Tenho a


sensação de que elas foram muito piores do que a minha aparência. Ainda
assim, eu estava curiosa sobre o que o Huck tinha dito a ela, o que ele pediu
que ela fizesse.

Lembrar suas palavras me impediu de perguntar.


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– Não pergunte a ela sobre mim. Não peça nada a ela, a menos que seja
algo que você precise.

– Bem-vindo a Banguecoque.

– Apenas relaxe. – ela disse. – Não vou te machucar. Eu só vou cuidar


de você.

Ela tinha olhos maternais. O tipo que eu sentia falta. Do tipo que olhava
para você para encontrar algo errado, para que ela pudesse consertar.

Havia muitas coisas erradas.

Mas nada que ela pudesse consertar.

– Eles te deram algumas drogas. – ela colocou o pano no meu outro


braço e gentilmente passou até o meu ombro e até o meu pulso. Ela passou
através de cada junta, nas minhas unhas e até na minha palma. – Uma boa
noite de sono, e elas estarão fora de você.

As drogas foram colocadas na minha bebida. Era a razão pela qual


minha barriga estava enjoada, porque não conseguia parar de tremer. Por que
os detalhes daquela noite inteira não eram nítidos.

O que diabos eles me deram?

– Depois que eu te dar banho, você gostaria de comer?

Sua pergunta fez meu estômago se agitar ainda mais.

Eu balancei a cabeça, mas senti a necessidade de esclarecer caso ela não


o oferecesse novamente. – Talvez depois de eu dormir, se está tudo bem?

A última vez que qualquer comida estava na minha boca foi a noite em
que fui ao restaurante em Mumbai. Eu me perguntei há quanto tempo isso
aconteceu. Pelo comprimento dos pelos em minhas pernas, deveria ter sido
pelo menos alguns dias.

Eu estremeci. Desta vez, não foi das drogas.


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– Claro. – ela respondeu.

Ela pegou a xícara ao lado da pia, mergulhou-a na água e despejou-a


cuidadosamente sobre o meu cabelo. Quando minhas madeixas estavam
molhadas o suficiente, ela as ensaboou com xampu e as enxaguou, e então as
cobriu com condicionador.

– Muito melhor. – disse ela, torcendo os fios que agora parecia tão
macios na minha pele. – Muita sujeira. Olhe. – ela apontou para os pequenos
pontos que flutuavam no topo da água. Então, ela pegou um pano novo e
começou a esfregar meu rosto.

A sujeira era como um reflexo, me mostrando como estava nojenta. Eu


me senti ainda pior por dentro. Eu não conseguia me lembrar de uma época
em que eu já me senti esse mal, tão fraca e tão vulnerável.

Mas Lawan tinha me dito que não ia me machucar, que ela só cuidaria
de mim.

Eu acreditava nela e não sabia o por quê.

Então, quando ela drenou a água e me ajudou a ficar de pé, enrolando


uma toalha no meu cabelo e outra em volta do meu corpo, eu sabia que ela
iria me levar para a cama.

E ela fez.

O quarto estava do outro lado do corredor. Era uma simples cama queen
size com uma moldura. Sem cabeceira, sem edredom extravagante como o
meu em casa. Ainda assim, parecia tão confortável com o cobertor branco e
travesseiros de plumas.

Lawan me fez sentar no final do colchão, depois foi ao banheiro


novamente.

Ao meu lado havia um shorts de algodão e uma camiseta. Ele parecia ter
alguns tamanhos grandes demais, e tinha certeza de que ele não pressionaria
meus hematomas nem esfregaria em meus cortes.
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Larguei a toalha e coloquei o short, enfiando o pé pela abertura
direita. Eu estava apenas passando pelo meu segundo tornozelo quando ela
entrou de novo.

– Loção? – ela segurou o frasco, para que eu pudesse ver.

Olhei para o meu umbigo. Uma marca arroxeada do tamanho da minha


mão esticada ao longo do lado do meu estômago. Havia uma semelhante no
meu quadril e marcas de mordida em todo o topo dos meus seios.

Contrariada, respirei pelo meu nariz, tentando encontrar a calma.

– Acho que vai doer muito. – eu disse.

Ela se ajoelhou na minha frente e ajudou a deslizar o short até a minha


cintura. Então, abriu a camiseta e deslizou sobre a minha cabeça. Eu segurei
seu braço para ficar de pé e ela me levou para a cabeceira da cama. Rastejei,
sentindo o cobertor me cobrir e os travesseiros afofarem debaixo do meu
cabelo molhado.

– Se você precisar de mim, aperte o número dois. – ela colocou um


celular na mesa de cabeceira e esperou que eu concordasse. – Precisa de
alguma coisa agora?

Ela já tinha feito tanto e tinha sido tão legal.

Muito melhor do que o Huck.

Agora, tudo que eu tinha era perguntar sobre ele, sobre este lugar.

Sobre as peças que eu não consegui juntar.

Eu ainda sabia que era melhor do que perguntar.

Consegui sair do beco. Tinha um lugar para ficar. Tinha uma mulher
cuidando de mim. Não queria fazer nada que me colocasse na rua.

– Não, eu estou bem. – respondi. – Obrigada por sua gentileza. Eu não


esperava, mas agradeço.
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Ela apertou as mãos, segurando-as perto do rosto, e ela inclinou a
cabeça. Então, ela desligou a luz e fechou a porta.

O quarto estava quase escuro. Não havia TV. Havia apenas uma mesa de
cabeceira, uma luminária e uma foto na parede de um homem segurando
uma cobra. A cobra estava enrolada no pescoço dele, a cabeça em um dos
ombros e a cauda no outro. Estava emoldurada e pendurada entre as duas
janelas, onde eu podia ouvir a rua abaixo. A cobra me lembrou da que estava
nas mãos de Huck. A cabeça estava tatuada nas costas das palmas das mãos,
e eu tinha certeza de ter visto indícios de uma cauda no pescoço dele.

Não foi a primeira vez que eu vi uma tatuagem assim.

Bom Deus.

Fechei meus olhos e mantive meu corpo perfeitamente parado. Se eu não


me mexesse, talvez não me machucasse tanto. E, talvez, se a dor diminuísse
um pouco, eu conseguiria adormecer.

Talvez, eu sonhasse que estava em casa.

Ou talvez tudo isso fosse um sonho.

Pelo menos me senti assim com a minha mente tão confusa.

Mas então, ouvi a voz de Huck dentro da minha cabeça e me lembrei de


tudo o que aconteceu desde o momento em que fui jogada no cais.

Eu olhei para a foto na parede novamente.

Em um quarto cheio de quase nada e era tudo que eu precisava.

Isso definitivamente não era um sonho.

Fechei meus olhos e respirei fundo.

E finalmente me permiti relaxar.

Bem-vindo a Banguecoque.
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Garoto
Antes...
Depois que te enviei minha carta, não esperava ouvir falar
de você por um tempo. Pelo menos não por alguns
meses. Talvez nunca. Mas, ainda assim, chequei a
correspondência todos os dias, esperando que houvesse algo de
você. Tenho que dizer, fiquei muito surpreso quando sua
resposta chegou tão cedo. Disse para mim mesmo que é
porque você quer me conhecer e quer que eu te conheça e que
isso não tem nada a ver com você estar entediado na prisão.
Se eu estiver errado, não me diga.
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Suas palavras são as únicas coisas que tenho de
você. Obrigado por dá-las para mim. Eu as li várias vezes,
tentando ver além das páginas, tentando sentir as coisas que
você não disse. Uma coisa que notei pela inclinação da sua
escrita é que você é canhoto, como eu. Mas o que não
compartilhamos é o seu amor pelo sangue. Animal, humano
- nada disso faz nada para mim. Eu não tenho vontade de
matar ou torturar, e herdei isso da minha mãe. Estou
supondo que estas são coisas que você já sabe.
Mas você já pensou que sua honestidade me
assustaria? Que você não receberia uma resposta minha? Só
para você saber, nada do que me disser vai me fazer parar de
te escrever. Pedi por isso. Eu me preparei para ouvir isso. E
agora quero ouvir mais.
O que aconteceu depois da Carol?
Ou devo dizer, quem foi o próximo?
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Shank

Antes...
Coloquei a carta do garoto no chão ao meu lado e peguei uma caneta e
uma pilha de papel. Eu não tinha onde guardá-las - nem uma escrivaninha e
nem prateleiras - então, ficavam no chão ao lado da minha cama de
cobertores. Desde a minha primeira carta, eu estocava material para escrever
apenas no caso do garoto escrever também. Não havia lugar para comprar
coisas aqui. Se você queria alguma coisa, tinha que negociar com os caras
com quem estava ligado. O preso a quatro celas abaixo era um desses
homens. Três coisas foram tudo que ele me cobrou.

Apenas três eram mais parecidos com ele.

Eu não podia deixar que ele - ou qualquer outra pessoa neste lugar -
soubesse o quanto eu gostava de pau e que preferia que fosse a puta. Se eles
soubessem a verdade, eu seria um alvo, e ser americano em uma prisão cheia
de venezuelanos já me daria um tiro nas costas. Então, quando eles me
foderam, meus grunhidos foram cheios de dor e escondi o meu pouco de
porra engolindo-a.

Ele foi bom.


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Melhor do que bom, na verdade. Trocaria com ele a qualquer momento,
e faria de novo uma vez que descobrisse o que mais poderia conseguir dele.

Enquanto isso, o garoto pedia mais.

Era hora de contar a ele sobre a minha diversão.

Então, segurei a caneta na mão e comecei a escrever.

Matar Carol não satisfez minha vontade de matar. Seu sangue só a


alimentou. Aquela substância vermelha pegajosa e quente era tudo em que eu
pensava. Tudo que eu ansiava.

Isso me consumiu da pior maneira, por que não poderia tê-lo quantas
vezes quisesse.

Você vê, as minhas necessidades não eram como de um alcoólatra, onde


poderia ir a uma loja de bebidas alcoólicas para obter minha droga ou um
viciado em sexo, onde poderia encontrar alguma prostituta para transar em
um beco. Os meus desejos vinham com consequências. Sérias. Aquelas que
poderiam me dar uma sentença muito pior do que a que eu estava tendo
atualmente. Portanto, eu tinha que ser extremamente cuidadoso.

Então, uma vez por ano, eu ia caçar.

Meu pai e eu passávamos meses pesquisando lugares, nunca voltando ao


mesmo lugar duas vezes. Nós escolheríamos países onde o crime não era
monitorado do jeito que era na América. Nós escolhemos um hotel pelo
menos uma hora do aeroporto, e nós sempre reservamos três quartos. Nós
trabalhamos no do meio, então, o quarto de cada lado estava vazio e
bloqueava o nosso som. Nós ficaríamos quatro dias e depois voltaríamos
para casa.

Como encontrávamos as vítimas?


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Isso exigia paciência. Observação. Nós as levávamos para o nosso
ambiente, os memorizamos, processamos todos os detalhes para encontrar a
presa perfeita. Era como estar na floresta, segurando um rifle carregado em
suas mãos, esperando que o cervo certo viesse em sua direção. As pessoas
que escolhemos não tinham carro nem telefone. Elas estariam empurrando
seus pertences em um carrinho. Elas não estariam perdidas e não seriam
procuradas.

Uma pessoa a menos na rua.

Mais uma pessoa para eu brincar.

Preparamos o quarto com plástico e tudo seria coberto. As ferramentas


seriam compradas em várias lojas nas cidades entre o aeroporto e o
hotel. Trouxe comigo uma seringa dos Estados Unidos, uma droga de
insulina que havia sido substituída por opioides e usei uma pulseira diabética
quando voei.

Uma vez que a vítima entrasse no hotel, era hora de se divertir.

Meu pai nunca participou e jogou um dos meus jogos. Nunca cortou a
carne ou se cobriu de sangue. Em vez disso, ele ficava de olho na porta e no
estacionamento em frente. Ele se certificaria de que as coisas não ficassem
muito chamativas. E ele garantiria que nem mesmo uma impressão digital ou
uma pegada ficassem para trás.

Quando acabava de torturar os bastardos, usava um disco para cortar os


músculos e a pele em pedaços do tamanho de cubos de gelo. Então, com a
minha serra, os ossos seriam desintegrados em pó e eu colocaria tudo em
sacos.

Apenas a poça de sangue permaneceria. Eu olhava para ela com um pau


que tinha estado dolorosamente duro por horas. A partir do momento em que
minha faca perfurava o corpo da vítima, o meu esperma implorava para ser
liberado.

Eu não desistiria.

A parte da espera, o acúmulo e a provocação - eram todas preliminares.


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Quando o meu pau não aguentava mais um segundo, meu pai entrava em
um dos outros quartos do hotel e eu mergulhava dois dos meus dedos no
sangue. Três era quase a largura de uma palma e isso seria bom
demais. Então, pegaria os dois e os usaria como um pincel, cobrindo meu
pau de vermelho. Começaria com uma camada e esperaria secar. Pré-sêmen
vazaria do meu pau. Mentalmente forçaria o resto a ficar lá, e eu aplicaria
uma segunda camada. Às vezes, uma terceira, dependendo de quanto espesso
o coagulado era. Quando estava satisfeito com a cor, envolvia a minha mão
inteira em volta do meu pau e apertava. Eu segurava com tanta força quanto
podia, circulando a ponta com o polegar. Circulando, circulando e
circulando. Respirando. Olhando para o pequeno buraco, para as gotas do
líquido que se formaram. Elas se misturariam com o sangue e tornariam
minha pele rosa.

Quando a cabeça do meu pau estava toda de cor rosada, eu começava a


bombear, e não parava até que correntes brancas flutuassem sobre a poça de
sangue.

A satisfação não viria sobre mim, então.

O alívio viria.

Mas era de curta duração porque ainda havia muito trabalho a ser feito.

Parecia como a hora da alimentação.

Era incrível ver como os animais devoravam os restos de um humano. A


maneira como o sangue - o mesmo sangue no meu pau - cobria a pele em
torno de seus lábios. Enquanto os observava devorando carnes, músculos e
pedaços de cabelo, eu dava tudo para não precisar voltar.

Aprendi a controlá-los, apenas para me recompensar como se fosse uma


conquista. Isso acontecia depois da alimentação e da limpeza do quarto do
hotel quando tive que lavar a única evidência que restava - o DNA que
estava no meu corpo. Então, quando o último sangue escorreu de mim,
sabendo que seria outro ano antes de eu estar coberto de novo, eu apertava o
meu pau e me aliviava.

Fazia uma cor tão bonita quando girava pelo ralo.


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Todo esse processo durou oito anos.

Quando fiz 20 anos, tudo mudou.

Como lhe disse, o meu pai era dono de uma cadeia extremamente bem-
sucedida de fábricas de pílulas. Quanto mais dinheiro ele ganhava, mais
inimigos fazia. Às vezes, esses inimigos não podiam ser pagos. Eles
precisavam ir embora.

Permanentemente.

Foi aí que eu entrava.

Que pessoa melhor para cuidar dos seus inimigos do que o seu próprio
filho? Eu pegaria qualquer informação que o meu pai precisasse. Eu me
certificaria de que o acusado estivesse morto, e então, me livraria do corpo.

A única coisa que eu precisava era de um lugar seguro para brincar.

Nossa pesquisa nos levou à Venezuela, muito diretamente nas águas,


onde não teríamos que ir muito longe para despejar as cinzas e um barco
poderia nos levar de um lado para o outro do aeroporto. Beard queria se
juntar como um sócio e o meu pai nos deu o dinheiro que precisávamos.

Nós construímos a prisão no porão. Ela consistia em doze celas, três


salas de operações, o Poço que abrigava as partes do corpo antes de entrarem
no incinerador, uma cozinha e um escritório. Era a perfeição.

Eu só queria que durasse para sempre.

Quando você veio morar conosco, nós lhe demos o seu próprio
quarto. Toy, que estava dividindo a minha cama na época, encontrou um
berço para você. Beard te trouxe roupas. Diego, o terceiro guarda da prisão e
alguém com quem o Beard e eu crescemos, estava encarregado de comprar
comida, fórmula ou qualquer outra coisa que a sua mãe colocasse em sua
mamadeira.

Nós éramos uma grande e feliz família.

Até que isso mudou também.


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Se não fosse por sua mãe, Diego, Beard, Toy e eu ainda estaríamos na
prisão, torturando, matando e brincando com sangue. Eu ainda estaria com o
Toy. Mas aquela puta arruinou tudo.

Inferno, ela arruinou as coisas no minuto em que ela entrou em nossas


vidas.

E o Beard era apenas um otário que tinha acreditado em tudo. Filho da


puta. Desde que ele tinha doze anos, quando matei a mãe dele, tudo que eu
fiz foi tentar protegê-lo. Mas ele era fraco.

Sua mãe o fez mais fraco.

Você fez dele mais fraco.

Ele se importava com você, garoto. Ele te segurou, falou com você e
mudou por você e fez coisas que um pai deveria. Ele te chamou de filho. Ele
realmente pensou que você era.

Filho da puta estúpido. Você não parecia nada com ele. Você tinha meus
olhos e tudo mais.

Você sabe, a primeira vez que você disse papai, eu era o único
segurando você. Estávamos do lado de fora, atrás da prisão, sentados na
praia. Esse era o nosso lugar. Eu levava você lá todos os dias por cerca de
uma hora, contando sobre as pessoas que eu matei e os métodos de tortura
que usei. Durante uma daquelas vezes, você colocou seus bracinhos nos
meus ombros e disse a palavra como se quisesse dizer isso.

Engraçado, não era o mesmo que você soubesse a verdade?

Nunca disse a ninguém que você disse aquilo. Nem mesmo para o Toy,
para quem eu contava tudo. Acabei trazendo você de volta para a prisão e te
entreguei a sua mãe, para que ela pudesse alimentar você. Eu sempre a via
andando na frente da janela do seu quarto, nos observando na praia abaixo,
sempre que você e eu estávamos lá fora. Ela não gostava quando eu passava
um tempo sozinho com você.

Jesus, ela era uma puta maluca.


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Dobrei a carta e coloquei dentro do envelope. O prisioneiro das quatro


celas antes não tinha selos, apenas material para escrever, o que significava
que eu teria que fazer o guarda noturno gozar por um. Seu pau já tinha estado
antes na minha boca nove vezes. Era do tamanho perfeito para fazer um
boquete. Uma coroa grossa, com um eixo que afinava quando chegava à base
com um comprimento que não atingia a parte de trás da minha garganta. Eu
não me importava em engasgar. O pau do Toy me fazia engasgar. Mas isso
era reservado para paus que mereciam ser para uma garganta profunda. O
guarda não era um, embora, o seu esperma fosse delicioso.

Quase melhor que o do Toy.

Inferno, era até melhor que a doçura que tinha pingado da boceta da
Tyler, a mãe do garoto.

Eu ri enquanto pensava sobre a boceta dela e os meus dedos rastejaram


dentro da minha calça.

Flácido.

Havia apenas uma imagem dela que tornaria meu pau duro.

O que envolvia o sangue dela.


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Huck
Enquanto me sentei na minha mesa, puxei o monitor ao vivo do quarto
da Arin. Eu tinha certeza de que ela não sabia que havia duas câmeras no teto
- uma apontando diretamente para a cama, outra que mostrava o ângulo
oposto. Elas eram para minha proteção desde que ela estava compartilhando
o meu espaço pessoal. Mas os pensamentos que passavam pela minha cabeça
não tinham nada a ver com segurança e tudo a ver com o meu pau.

Porra, ela era uma linda estranha.

Toda vez que eu checava as imagens, ela estava na mesma posição -


enrolada de lado no meio da cama. Assumi que ela estava com muita dor
para se mover. E, cada visita que a Lawan fazia ao quarto da Arin, ela me
dizia a mesma coisa. Fazia horas, e ela não tinha sequer dado um chute com
a perna para fora do cobertor.

O que diabos aconteceu com ela?

Eu me perguntei quanto tempo a mantiveram cativa antes que a tivessem


deixado na doca, se apenas a machucassem fisicamente ou se a tivessem
estuprado também. Ela seria capaz de superar o que eles tinham feito com
ela, ou deixaria os incidentes a consumir, usando qualquer substância que
pudesse colocar as mãos para bloqueá-las?
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Eu já tinha visto os dois resultados antes; no entanto, a rota das drogas e
bebidas era uma fuga muito mais comum por aqui.

Nunca perguntei a nenhuma das minhas aquisições o que aconteceu com


elas. Nunca uma vez fiquei curioso sobre como a vida delas tinha sido antes
de se tornarem minha posse.

Eu não me importava.

Acabava vendo como estavam quando saíam dos barcos e contêineres,


as levava, fazia o que precisava ser feito e as mandava embora.

Mas, com essa, eu queria saber o que havia acontecido.

Eu não tinha ideia do porquê.

Nem entendi porque de repente estava do lado de fora da porta dela. Era
tarde, eu estava cansado e mal me lembrava de ter me levantado da cadeira e
meus pés se moveram em direção ao quarto dela. Mas, agora eu estava
batendo forte o suficiente para acordá-la.

Demorou alguns segundos antes de ouvir: – Entre. – com uma voz baixa
e áspera.

Eu virei a maçaneta e entrei. Colocando uma garrafa de água na mesa da


cabeceira, fiquei ao lado da sua cama. – Você sabe onde está?

Às vezes, as garotas ficam confusas, enquanto elas desintoxicavam. A


Lawan tinha me dito que a Arin não tinha mostrado nenhum sinal disso
ainda, apenas tremia e vomitava quando eu a deixei no banheiro, mas queria
ter certeza de que isso não tinha mudado.

Seus olhos nunca se afastaram dos meus. – Sim.

– Diga-me onde você está.

– Banguecoque. Pelo menos foi o que você disse antes.


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A luz do corredor iluminou o rosto dela, revelando a verdadeira cor dos
seus olhos. Eles não eram vermelhos e nebulosos, como quando ela apareceu
pela primeira vez. Eles eram azuis. Uma porra de gelo azul.

– Você se lembra de algum outro detalhe de Mumbai? Alguma coisa


sobre o barco?

Seu olhar ainda não se moveu. – Não.

Eu entreguei a ela a água, deixando a tampa, então ela sabia que eu não
havia mexido nela. – Beba isso.

Quando ela se sentou, o cobertor caiu até a cintura, com os seus mamilos
aparecendo através de sua fina camiseta branca. Eles eram pequenos, duros,
irrestritos de um sutiã. Quando ela pegou a garrafa, o algodão apertou ao
redor deles, me dando o contorno completo de suas tetas. Elas eram em
forma de lágrima e do tamanho da palma da mão. Um comprimento que eu
poderia facilmente cobrir com um rápido passar da minha língua.

Porraaa.

– Esta coisa está lacrada? – ela apertou a mão em torno do gargalo, e eu


poderia dizer que estava ardendo a sua pele.

– Você quer que eu ajude?

– Geralmente não tenho nenhum problema em abrir uma garrafa de


água.

Peguei dela, abrindo a tampa de plástico e entregando-a de volta. – Vai


levar alguns dias para que sua força volte ao normal.

Mesmo que ela segurasse a água em seus lábios, os seus olhos ficaram
em mim. – Parece que você já viu isso antes, então, o que devo esperar em
seguida?

– Mais cansaço. – coloquei a minha mão no fundo da garrafa de plástico


e a levantei. – Beba.
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Vários fluxos de água escorreram pelo seu queixo antes que ela fixasse
sua boca ao redor da abertura.

– Vou pedir a Lawan para te trazer mais. Isso ajudará. E, se você puder
comer alguma coisa, isso fará você se sentir melhor também.

Ela empurrou minha mão quando um quarto da garrafa se foi. – O que


eu tenho que fazer por comida?

– Ela já não lhe ofereceu alguma?

Arin concordou. – Mas você disse que, de manhã, uma vez que tudo
estivesse fora do meu sistema, você me diria o que queria de mim.

– Não é de manhã.

– Eu sei. Dormi essas horas e continuei dormindo. – ela olhou para a


janela. – Um dia inteiro passou desde que cheguei aqui, não é?

– Sim.

Ela colocou a água na mesa de cabeceira, liberando as duas mãos, que


envolveu em volta do estômago. O movimento fez com que o interior de seus
braços empurrasse as laterais de seus seios, empurrando-os juntos e direto no
tecido. Não parecia que estava tentando me fazer olhar para eles. Suspeitava
que na verdade era apenas o oposto. Ainda assim, dei uma olhada.

Porra.

Era a perfeição. Perfeição absoluta.

– Mas, não acho que vai me deixar comer de graça quando a Lawan
oferecer de novo. – ela disse. – Então, o que você quer que eu faça por isso,
Huck?

Peguei o meu celular, encontrei a lanterna, algo que nunca usei tanto
antes que a Arin aparecesse. – Abra a boca. – cliquei no ícone e a luz brilhou
no chão quando me aproximei da cama.

– O que?
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Eu não parei até que minhas canelas pressionaram no colchão, e então,
segurei a luz sobre ela. – Abra sua boca.

– Você não está falando sério...

– Abra sua maldita boca, Arin.

Seu peito subiu e desceu quando sua respiração acelerou. Seus olhos se
arregalaram e ansiosos. Ela se esticou para trás dela, agarrando o travesseiro
como se fosse uma maldita arma, e lentamente separou seus lábios.

Boa menina.

Não havia nenhum preenchimento escuro ou obturações nos dentes


retos. Apenas branco, branco e mais branco brilhante. Ninguém nasceu com
uma boca tão bonita, isso me disse que alguém se importou o suficiente para
pagar por seu aparelho. Apenas, em algum momento, ela parou de ter alguma
coisa a ver com eles, e ela não tinha mais ninguém para ligar.

Não estava olhando para sua boca porque eu dava a mínima sobre seus
molares ou a cor do seu esmalte. Embora, estivesse mentindo se eu dissesse
que os seus lábios não pareciam sexys como o inferno, como se estivessem
separados como se eu estivesse prestes a enfiar meu pau entre eles. O que eu
procurava era sua submissão, para ver se ela seguiria a minha exigência e a
colocaria no limite.

Eu não queria que ela ficasse muito confortável aqui. Quanto mais ela se
preocupava com o que eu ia fazer, mais rápido ela sairia do meu lugar. Eu
não a rejeitei, e provavelmente deveria ter feito, mas isso não significa que
eu queria que ela ficasse por perto. Ter ela aqui me lembrou de Jack e todas
as transações e acordos que fizemos juntos. Eu precisava parar de pensar
nele.

Eu com certeza precisava parar de pensar em Arin.

– Parece que você faria uma boa boquete. – eu disse a ela. – Com apenas
um pouco de tensão, sua boca já está molhando. Posso ver isso se juntando
na parte de trás da sua língua. Você sabe o quanto bom todo esse cuspe
pareceria no pau de um cliente? – apontei a luz para a parte de trás de sua
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garganta. – Eles amariam muito, e então, adorariam gozar em todo o seu
rosto e ver escorrer pelo seu queixo. – abaixei a luz, então ela brilhou em seu
pescoço, dando-lhe as bochechas um pouco de brilho. – Diga-me, Arin, o
quanto forte você pode chupar?

A ansiedade se transformou em lágrimas, e elas já estavam escorrendo


pelos lados dos seus olhos.

Eu a tinha exatamente onde eu a queria.

Cheguei mais perto do rosto dela, para que ela pudesse sentir o calor
saindo da minha pele. – Muito forte? Se estou certo, quero que você acene
com a cabeça.

Mais uma vez, ela fez o que eu pedi.

Meus pensamentos foram para o quanto forte o interior daquelas


bochechas poderiam apertar em torno do meu pau, o quanto de mim ela
poderia absorver antes que ela engasgasse, o quanto rápido ela poderia
circular a sua língua.

Eles não eram pensamentos seguros.

Então, eu me concentrei em suas contusões. Elas estavam ficando um


pouco verdes, o que me disse que tinham começado a se curar. Os cortes
foram todos feridos. Seu rosto ainda estava uma confusão, mas eu podia
imaginar como ela era sem eles.

E eu gostei.

Demais.

– Feche. – eu disse, desligando a lanterna e colocando o celular no meu


bolso.

Em um segundo, os seus lábios estavam fechados e ela puxou o cobertor


até o pescoço. Isso foi muito ruim. Eu realmente gostei da visão daqueles
mamilos.
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– Obrigada. – ela enxugou o rosto e os olhos, com todas as lágrimas
completamente desaparecidas agora.

– Pelo que?

Ela rapidamente olhou para o meu pau. – Por não me fazer, fazer isso.

Eu ri do jeito que ela olhou para mim e pelo que ela chamou o meu
pau. Em um bordel, nós tínhamos palavras muito melhores do que isso.

– Quem disse que eu não vou?

– Pensei...

– Pare de pensar, Arin. Isso não vai levar você a lugar algum.

Olhei para o pequeno contorno do seu corpo sob as cobertas. Era


semelhante às garotas no andar de baixo, mas não era do tamanho que eu
gostava. Ela precisava ganhar pelo menos quinze quilos. Então, uma vez que
tivesse mais carne em seus ossos, ela realmente pareceria sexy.

Se ela estivesse aqui por algumas semanas, eu me certificaria de que isso


aconteceria.

Mas, não para mim.

O ganho seria para ela.

– Tenho mais de quarenta putas no andar de baixo. Se quisesse alguém


para chupar o meu pau, eu não teria que forçá-las a fazer isso.

Meu olhar se moveu para os lábios dela. Eles estavam vermelhos e de


repente um pouco inchados. Tive uma ereção desde que ela abriu a boca para
mim. Agora, estava cheio e latejante.

– Não há nada sexy em obrigar uma mulher me fazer uma boquete. Eu


quero que ela implore pelo meu pau e que não tenha medo disso.

– Mas não é isso que você vai fazer comigo? Vender a minha boca? E o
meu corpo?
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Peguei o meu celular enquanto ele vibrava no bolso, lendo a mensagem
de texto da Lawan, dizendo que ela precisava de ajuda com alguém no salão.

– Eu vou estar de volta. – andei até a porta, segurando a maçaneta entre


meus dedos. – Lawan lhe deu um celular que tem acesso à Internet. Use-o e
entre em contato com quem você precisar.

– OK. Obrigada.

Ela precisava parar de me agradecer. Tudo o que eu tinha dado a ela era
um lugar para tomar banho e uma cama para dormir. Se ela soubesse os
pensamentos que estavam na minha cabeça, ela estaria fugindo e não me
mostrando qualquer agradecimento.

Fechei a porta e desci os dois lances de escada, subindo atrás de Lawan


para o lado de trás de sua mesa. Um monitor estava no tampo de vidro, a tela
mostrando uma pequena imagem de cada um dos quartos privados. Todos,
exceto um estava cheio.

– O que você precisa? – perguntei.

– O homem mais velho. – ela usou a cabeça para apontar para o cara que
estava sentado do outro lado do lugar. – Ele quer falar com você, senhor.

– O que ele quer?

– Não tenho certeza, senhor. Ele disse que quer falar com o dono.

– O resto está tudo bem?

Eu dei uma rápida olhada no museu. Várias das novas garotas estavam
ali, e eu podia dizer pela maneira como elas posicionaram seus corpos, como
estavam vestidas e juntas, que a Lawan as treinara bem. Elas eram magras,
como as minhas outras garotas, que era o que meus clientes gostavam, então
eu sabia que todas iriam se dar bem aqui.

– Tudo bem, senhor. – Lawan disse. – Está uma noite muito proveitosa.
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– Bom. – fui até o homem no salão e fiquei ao seu lado enquanto ele
estava sentado de frente para o museu. – O meu nome é Huck. – eu disse,
estendendo a minha mão. – Como posso ajudá-lo?

Ele a sacudiu. – Você é o dono deste lugar? Você é um pouco jovem


para isso, não é? – seu sotaque me disse que ele era americano. Suas botas e
chapéu de cowboy me fizeram pensar que ele provavelmente morava em um
dos estados do sul.

– Eu sou o dono. – cruzei meus braços para fazer algo com eles. – O que
posso fazer por você?

Ele tirou o chapéu, coçou a calvície e depois passou os dedos pelo rabo
de cavalo comprido e grisalho. – Viajei muito para chegar até aqui e gostaria
de passar a noite com alguém que possa cuidar das minhas
necessidades. Entendeu?

– É isso que fazemos aqui.

– Excelente. – ele colocou o chapéu de volta. – Agora, mostre-me uma


garota que você recomenda.

Sempre que um cliente me chamava, quase sempre me fazia esse


pedido. Isso porque era comum os donos de bordéis dormirem com as suas
garotas.

Eu não.

Eu não era como a maioria dos donos.

Em todos os anos em que o Serviced era meu, nunca comi nenhuma das
minhas empregadas. Eu respeitava o que elas faziam para sustentar suas
famílias. Eu só não estava interessado em dormir com mulheres que vendiam
suas bocetas. Nunca disse isso aos meus clientes. Eu apenas mentia através
das minhas respostas.

– Qualquer uma das garotas por trás do vidro pode fornecer um serviço
que você vai ficar mais do que feliz. – eu disse.
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– Tenho certeza de que todas são boas no que fazem, mas os meus
gostos são um pouco diferentes do que vejo aqui.

Essa não foi a primeira vez que ouvi isso; portanto, eu tinha vários
números de telefone que a Lawan podia ligar.

– Sem problemas. Também podemos acomodar essas necessidades. Por


que você não me dá uma descrição do tipo de cara que está procurando e
minha equipe fará o melhor para encontrar alguém?

– Cara? – o cara cruzou a bota sobre a coxa e riu. – Não estou


procurando por nenhum homem.

– Então, por que não me diz o que vai fazer você feliz?

Ele se inclinou para o lado da cadeira, do mesmo lado que eu estava, e


colocou a mão ao lado de sua boca para direcionar sua voz para mim. –
Estou à procura de uma garota um pouco mais jovem do que as que você tem
aqui. – sua outra mão chegou em minha direção, tentando me dar as notas
que estavam debaixo dos seus dedos.

– Quanto mais jovem?

– Muito.

– Entendo. – deslizei o dinheiro no meu bolso.

– Não estou procurando por nenhuma virgem, mas não estou procurando
uma que seja usada também. Eu quero na pré-puberdade e sem pelos, alguém
que conhece apenas o meu pau e as minhas bolas, você me entende?

Ele me deu outra nota. Eu não me incomodei em ver quanto era antes de
juntar as outras.

– Vá me encontrar alguém que se encaixa nessa descrição. Vou dar uma


gorjeta muito boa quando terminar.

Minha mão foi para o ombro do homem, e apertei com força suficiente
para ter certeza de que a sua atenção permanecesse em mim. – Deixe-me ver
quem eu tenho nos fundos.
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Enquanto caminhava pelo salão, apontei para o guarda de segurança em
pé na entrada. Com os seus olhos em mim, girei em círculo dois dos meus
dedos, sinalizando para ele trancar a porta da frente, e então, dei um segundo
sinal que dizia para ele me seguir.

– Há quatro seguranças a noite, certo? – eu perguntei ao guarda em


tailandês quando chegamos ao corredor.

– Sim, senhor.

– Preciso que você pegue um deles e certifique-se de que os outros dois


cubram suas áreas, e então, quero que você acompanhe alguém de fora.

– O velho do saguão? – perguntou ele em tailandês.

Eu acenei. – Quero deixar claro para aquele filho da puta que não vendo
crianças aqui. – olhei na direção do velho homem, com o seu rabo de cavalo
grisalho pendurado nas costas, tão gorduroso e tão malditamente viscoso
quanto ele. – Na verdade, quando você terminar com ele, não quero que ele
seja capaz de dizer a palavra crianças.

– O que esse alguém pediu? Um menino ou uma menina?

– A porra do doente pediu uma menina. Uma sem pelo.

Ele rangeu os dentes. – Vou levar mais tempo do que da última vez; Eu
estou apenas te avisando.

Tinha a sensação de que tinha algo a ver com as duas filhas que ele tinha
em casa. Essa foi a razão pela qual o escolhi e não o guarda que estava ao
lado do elevador.

– Espero que você faça. – eu respondi em tailandês. Enfiei a mão dentro


do meu bolso, tirei as notas que o bastardo de rabo de cavalo me deu e as
contei. Então, adicionei um pouco do meu próprio dinheiro e entreguei a
ele. – Aqui estão dezessete mil bahts4. Você terá mais dezessete quando
terminar. Mesma coisa para o outro guarda. – era dinheiro suficiente para
cobrir o aluguel por pelo menos dois meses.

– Eu faria isso de graça.


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– Nunca pediria para você.

Ele pressionou as mãos na frente do rosto e se curvou.

Correspondi o gesto com um tapa no ombro dele e subi as escadas para


ir ao meu escritório. Quando passei pela porta de Arin, fiz uma pausa.

Eu tinha muito trabalho para fazer, incluindo apagar as câmeras de


segurança para que o cara de rabo de cavalo fosse excluído de todas nossas
filmagens. Se o desaparecimento dele fosse rastreado até aqui, eu queria ser
capaz de provar que ele não tinha passado pelas minhas portas. Eu também
tinha que examinar a transmissão ao vivo para ter certeza de que meus outros
dois guardas estavam cobrindo todas as áreas agora. Eu tinha gorjetas para
pagar e novas garotas para entrar no meu sistema, e o depósito de amanhã
precisava ser planejado.

No entanto, meus malditos pés não saíam da porta dela.

4. Bahts: é a moeda da Tailândia.


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Arin
Eu ouvi um par de passos vindo pelo corredor. Eu os escutei chegar mais
perto do meu quarto até que o ruído foi substituído por uma batida na minha
porta. Enquanto esperava a porta se abrir, fechei o navegador onde eu estava
checando o site da Serviced e coloquei o celular na mesa da cabeceira.

– Lawan. – eu disse. – É você?

Quando ninguém respondeu, eu saí da cama e abri a porta, ofegando


quando vi o Huck do outro lado. Ele não disse nada do jeito que eu havia
atendido. Ele apenas continuou a olhar para mim com uma intensidade que
eu senti todo o caminho em meus dedos dos pés, com os punhos fechados
como se estivessem prestes a socar alguma coisa.

Esperava que esse algo não fosse eu.

– Você está bem? – eu perguntei. Ele não disse nada, então tentei uma
rota diferente e disse: – Você precisa de alguma coisa?

– Eu não sei. – sua boca ficou aberta enquanto ele respirava através dela,
com as sobrancelhas franzidas juntas e a raiva enchendo seus olhos.

Eu me senti tão pequena quando estava diante dele, tão nua em minha
camiseta branca e shorts de algodão que eram grandes no meu corpo, mas
seu olhar fez com que me sentisse transparente.
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– Você não sabe?

Depois do modo como ele me tratou antes, fiquei com medo de qual
seria a resposta dele. Ele deixou claro que não me forçaria a dar a ele um
boquete. No entanto, isso não significava que não me forçaria a dar a outra
pessoa uma. Eu tinha estupidamente concordado em fazer o que ele pedisse,
e eu não tinha ideia do quanto ele levaria isso. Mas, pelo jeito que ele estava
olhando para mim, eu estava definitivamente nervosa.

– Eu quero que você fique na cama.

Quando ele deu um passo em minha direção, eu recuei e continuei me


movendo até o colchão bater atrás dos meus joelhos. Rapidamente me enfiei
debaixo do cobertor, e me sentei de modo que os travesseiros estavam entre a
parede e as minhas omoplatas.

Huck estava no meio do meu quarto, com as mãos ainda apertadas em


punhos. Eu não conseguia parar de olhar para elas, para as cabeças das
cobras e as suas pupilas redondas. Quando o meu olhar finalmente moveu
para cima, ele parecia ainda maior do que a última vez que esteve aqui. Ele
tinha que ter pelo menos alguns centímetros a mais do 1,82m, com cabelos
que não eram louros ou marrons, mas uma mistura dos dois. Suas bochechas
e queixo estavam cobertos de penugem. A barba curta não parecia
intencional, mais era como se fosse por preguiça. Mas, os seus olhos não
eram preguiçosos; eles estavam extremamente focados. Em mim.

O tempo todo em que estive em sua presença - quando ele me carregou


pelas escadas, me colocou no assento do vaso sanitário e olhou para a minha
boca - senti a seriedade em seu olhar. Eu senti o jeito que ele me avaliou. Eu
o senti em todas as minhas partes, mesmo que ele não me tocasse.

E, quando acendeu a luz, eu senti tudo de novo.

Ele me trouxe água. Ele tinha a Lawan me oferecendo sopa, biscoitos e


fatias de pão que tinham uma estranha distribuição, e que eu rejeitei porque o
meu estômago ainda não estava bem pelas drogas. Agora ele estava aqui por
um motivo diferente. Uma razão pela qual não pude esperar mais tempo para
ouvir.
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– Diga-me o que você quer de mim, Huck.

Em vez de uma resposta, fiquei mais em silêncio. Com mais intensidade


profunda dentro de seus olhos.

Ninguém jamais olhou para mim sem palavras como ele estava. E eu
não tinha como saber o que seus olhares significavam porque ele era a
pessoa mais difícil de ler. Não tinha certeza se ele estava prestes a puxar uma
faca e me cortar em três ou se ele estava prestes a dizer algo que me deixaria
à vontade. Eu só sabia que não poderia demorar muitos segundos como os
que acabavam de passar.

– Huck?

Ele caminhou até a janela e olhou para a rua. Ouvi scooters passando e
vozes das pessoas que estavam andando perto do prédio. Imaginei que
algumas delas estavam falando sobre o bordel, embora, não conseguisse
entender uma palavra de tailandês, então não tinha como saber.

– Você poderia ter ido direto para a polícia. – ele disse, com os nossos
olhos finalmente se encontrando. – Ou a embaixada dos EUA. Mas, quando
o Chati lhe deu o meu nome, você confiou nele e veio para cá. Porquê?

Eu cuidadosamente pensei sobre a sua pergunta. – Eu não sei.

Ele respirou pela boca novamente. – Eu não acredito em você.

Quando encolhi os meus joelhos e passei os meus braços ao redor deles,


meu shorts subiu até o topo das minhas coxas, expondo a maioria das minhas
pernas. Eu deveria ter abaixado, mas o seu olhar me impediu de me mover
novamente.

– Bem, há uma espécie de razão, mas é pequena e vai fazer você rir.

– Eu não faço isso com muita frequência.

– Isso é uma vergonha.

– Vá direto ao ponto, Arin.


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– Quando eu era criança, a minha mãe costumava ler para mim. Ela não
era uma boa leitora. Ela... – fiz uma pausa, lembrando do seu rosto e o seu
cabelo, ambos quase idênticos aos meus. E então, me lembrei do jeito que ela
segurou minhas bochechas e as beijei antes de fechar o livro e dizer boa-
noite. Eu sentia a falta dela. Ah, Deus, eu sentia muita falta dela. Balancei
esses pensamentos da minha cabeça, para que eu pudesse continuar. – Meu
livro favorito era As Aventuras de Huckleberry Finn. Ela provavelmente leu
para mim pelo menos vinte vezes. Então, quando o Chati disse o seu nome,
senti uma sensação estranha de conforto, e foi isso que me levou até aqui. –
apertei as minhas pernas ainda mais apertadas. – Nunca conheci ninguém
chamado Huck antes.

Ele não riu. Ele não sorriu também. Nem mesmo a menor dureza caiu de
seu rosto. – Você mora em Nova York, certo?

Balancei a cabeça.

– Então, de onde vem toda essa inocência? Porque a Nova York que li e
vi na TV não cria mulheres que iriam para algum lugar estranho e
especialmente depois que ela foi drogada, enfiada em um saco e jogada em
um píer. O que ela faria é fugir.

– Você me manteve segura.

Não achei que fosse possível, mas o seu olhar ficou ainda mais nítido. E,
quando ficou, puxei o cobertor até o meu lábio.

– O que é engraçado é que você acredita que vai continuar assim.

Meu corpo não tremeu dessa vez porque não havia nada me mantendo
neste quarto. Não estava acorrentada à cama. A porta não estava trancada. Se
eu quisesse sair, poderia facilmente encontrar as escadas e descer por elas.

O que não fazia sentido era que, se ele queria que eu saísse tão mal, o
suficiente para ameaçar a minha segurança, então por que não me expulsou?

Eu não ia perguntar isso.

Mas eu perguntaria outra coisa.


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– É sempre tão escuro aqui?

Eu dormi pelo amanhecer e pela tarde. Ainda assim, fiquei imaginando o


que aquelas horas teriam me mostrado se as nossas conversas teriam sido
diferentes se tivessem acontecido durante o dia.

– Em Banguecoque, não. – ele colocou as costas na janela e se inclinou


para ela. – Mas aqui, neste bordel, sim.

Ele soou tão honesto, que senti um arrepio me percorrer.

– Porque você fica, então?

Ele me avisou para não fazer perguntas, então sabia que estava forçando
a minha sorte.

– As coisas nem sempre foram assim. Uma vez, eu pude ajudar. Eu


simplesmente não posso mais fazer isso.

– Ajudar quem?

Ele balançou a cabeça, quase como se estivesse falando sozinho e como


acabasse de perceber.

Quando ele não respondeu, eu disse: – O que mudou, Huck?

Ele afastou os olhos de mim e começou a se mover em direção à


porta. Ele atingiu o seu limite, mas eu não.

– Espere. – eu disse a ele. – Ainda não terminei.

– Eu terminei.

Eu joguei o cobertor e corri em direção à porta, colocando a minha mão


sobre a dele enquanto ele puxava a maçaneta.

Eu quase pulei com a sensação da sua pele.

Os desenhos eram apenas tatuagens. Eu sabia. Mas senti como se a


cobra tivesse me lambido, e o barulho que eu fiz soou como se eu tivesse
gostado.
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Eu gostei.

Jesus, havia algo definitivamente errado comigo.

Eu não conseguia lembrar o que ia dizer. Seu toque me fez perder a


minha linha de raciocínio. Sabendo que ele passaria por mim nos próximos
segundos, eu tinha que pensar em alguma coisa. Apenas algumas palavras,
uma pergunta, qualquer coisa que me desse mais tempo com ele.

– Não me faça esperar. – isso saiu como um sussurro. – Diga-me o que


você vai me fazer para eu ficar aqui. Eu sei que não posso ficar de graça.

Sua outra mão apoiou em cima da porta aberta, e o movimento me


enviou o seu cheiro. Era bom, um pouco de sabonete, com um pouco de
colônia que me lembrava as frutas cítricas que eu costumava comprar na
minha banca de frutas favorita da cidade.

– Você quer vender sua boceta, Arin?

Boceta.

Não era como qualquer outra coisa que ele já havia dito. Essa palavra
soava diferente, especial, como se tivesse valor.

– Não. – eu balancei a cabeça – Eu realmente, realmente não sei.

Seus olhos pousaram nos meus mamilos, e eu sabia que eles estavam
ficando mais duros, pressionando ainda mais na minha camiseta.

– Você me disse que faria qualquer coisa.

– Eu sei.

– Você mentiu.

– Eu... – minha voz pausou quando ele cruzou a porta, não me dando
uma chance de me explicar e apenas desaparecendo pelo corredor.

Eu fiquei no mesmo lugar, esperando que ele voltasse. Eu sabia que ele
não voltaria. Huck não era do tipo que dava uma segunda chance ou que
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ouvia besteiras. Mas, eu tinha certeza que ele estava farto de mim, e a minha
bunda estaria na rua de manhã.

Eu precisava mudar isso.

Consertar isso.

Mas, não podia fazer isso agora, então voltei para a cama e puxei o
cobertor até o meu rosto, e olhei para a cobra emoldurada na parede.

Eu desejei que aquela em sua mão tivesse me mordido. Eu desejei que o


toque dele não tivesse causado prazer algum. Porque agora eu estava cheia
de nada além de dor.
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Garoto
Antes...
Não me lembro da prisão.
Não me lembro do tempo que passei contigo na praia.
Não me lembro de te chamar de pai.
Mas, eu me lembro do rato empalhado. Foi-me dito que
você era o único que tinha me dado e que o chamava de
Demon. Não tenho memória dessa parte, apenas do quanto
eu amava aquela coisa. Eu nunca o deixei. A maioria das
crianças dessa idade brincam com caminhões ou carros. Eu
não. Eu construí uma cama para dormir e uma mesa para
comer. O levei em todos os lugares até que, um dia, me senti
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muito adulto para estar carregando um rato comigo. Em
seguida, o coloquei em uma prateleira. Eventualmente, em
uma gaveta.
Eu nunca vou esquecer aquela maldita coisa.
Eu tenho muitas perguntas sobre sua última carta. Antes
de entrar nisso, eu quero ouvir sobre o Toy.
Você não parece o tipo de cara que é capaz de amar.
Estou errado?
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Shank
Antes...
Demon.

Porra, eu sentia falta daquele rato.

O rato empalhado que dei para o garoto recebeu o nome do meu próprio
rato de estimação. Demon estava comigo há muito tempo. Então, teve todos
os seus filhotes. Mas, na verdade, eles tinham sido meus bebês, e foi assim
que eu os chamei as centenas de filhotes que Demon havia produzido.

Os bebês tinham o seu próprio quarto na prisão. Eles se alimentavam de


nossos presos enquanto eles ainda estavam vivos ou mortos, o que eu decidia
que eles mereciam na época.

Eles tiveram uma vida perfeita e comida deliciosa. Eu tinha certeza


disso.

Mas, Demon não era como seus filhotes, nem viveu no mesmo lugar que
eles. Ele ficou no meu, e ele tinha sido meu parceiro no crime. Ele observou
todos os presos que eu torturei. Ele tinha visto o meu pau ficar duro e o
esperma transbordar nas poças de sangue. Ele saiu com o Beard e o
Diego. Ele assistiu enquanto eu transava com o Toy. Assim como o garoto e
o seu rato, Demon tinha vindo comigo onde quer que eu fosse.
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Nós tínhamos mais em comum do que eu pensava.

Quando o garoto veio morar com a gente, eu disse a Beard que ele
precisava dar um bichinho para o garoto. Um vivo. Então, peguei uma
gaiola, coloquei um dos filhotes dentro dele e coloquei no berço. Depois de
apenas algumas horas, Tyler jogou fora a gaiola e deixou o rato livre na
praia. Ela disse que carregava doenças, e não queria o filho por perto.

E o que eu queria para o nosso filho?

Essa foi uma pergunta que eu fiz uma vez quando estávamos sozinhos.

Eu me lembrei da sua mão me dando um tapa na cara e um, "Nunca


mais diga isso", que tinha saído da boca dela.

Ela era um tanto mal-humorada.

Desde que ela não deixava o garoto brincar com um de verdade, eu


comprei para ele um rato empalhado durante uma de minhas viagens para os
Estados Unidos. E, quando eu retornei, eu tinha dado a ele na frente de todos
os guardas, para que todos pudessem ver o seu presente, e todos eles
notariam se desaparecesse.

Isso enfureceu Tyler.

Sua raiva me fez feliz.

O mesmo aconteceu com a notícia de que o garoto levou o rato quando


saiu da prisão. Eles fugiram com tanta pressa sem muito tempo para arrumar
ou pegar todos os itens essenciais; portanto, nunca pensei que o rato tivesse
sido escolhido.

Mas, naquela época, não sabia o que havia sido levado ou deixado para
trás.

Eu só sabia que tinha perdido.

O garoto.

Toy.
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Demon.

E todo mundo da minha vida.

Cristo, eu não queria pensar nessas memórias. Já tinha feito o suficiente


disso durante o meu tempo nesta prisão. Felizmente, o garoto não perguntou
sobre aqueles dias. Ele perguntou sobre alguém que eu gostava tanto quanto
sangue.

Meu Toy.

Sempre preferi homens do que as mulheres, e provei muito de ambos até


estarmos juntos.

Mas ninguém nunca parecia nada como o Toy.

Eu poderia falar sem parar sobre ele. Eu só não queria falar sobre o final.

Essa parte doía demais.

Fazia um tempo desde que eu voltei para o começo e o meu pau já


estava ficando duro quando comecei a rebobinar as coisas na minha cabeça.

Estendi os meus lençóis na pilha de papel, peguei uma folha e comecei a


escrever.

Eu era o tipo de cara que era capaz de amar?

Baseado em tudo que eu te disse, você provavelmente assumiu que eu


não era. Eu poço entender por que você pensa assim e, antes de Toy, eu
também não achava que fosse. Mas, uma vez que eu o conheci, eu tinha
sentimentos que só recebia de sangue, e isso foi confuso.
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Tudo começou quando eu estava de volta a San Diego, durante um fim
de semana fora da prisão. Eu voei para casa para passar algum tempo com
meu pai. Ele estava com falta de pessoal e perguntou se eu iria ajudar.

Então, eu estava no Gaslamp Quarter, deixando alguns sacos de


comprimidos para um dos donos do bar, e foi aí que vi o Toy. Ele estava do
lado de fora do bar em que eu estava, alimentando pombos com as cinzas de
seu cigarro. Foi uma das coisas mais sexy que eu já vi.

Mas o Toy estava um pouco confuso. Era um dia frio e ele não usava
camisa. Sua calça jeans estava baixa em seus quadris, e havia uma corrente
pendurada no bolso sem nada preso a ela.

Que porra de cara usa uma corrente sem carteira?

Um falido ou um que não dá a mínima.

O meu Toy era ambos.

Estava dentro do bar, observando-o, até que ele ficou sem cinzas. Então,
jogou o cigarro e começou a andar. Algo, eu não tinha certeza do que, me fez
segui-lo e fiquei alguns metros atrás enquanto ele descia a calçada. Eu estava
caçando ele, como eu havia feito antes de construir o meu parquinho, e foi a
maior excitação.

Não parecia que ele tinha qualquer lugar ou um destino em mente. Ele
nunca parou para recuperar o fôlego, nunca verificou um cardápio de um dos
restaurantes, nunca falou com ninguém por quem passasse.

Ele apenas andou.

E eu segui.

Não tinha ideia do que diria a ele quando acabássemos nos falando. Eu
só sabia que não podia sair sem ouvir a voz dele.

A chance aconteceu mais cedo do que eu pensava.

Do outro lado da faixa de pedestres havia um banco. Assim que o Toy


atravessou, ele parou atrás dele, encostando-se na parte de trás do braço de
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metal. Fiz uma pausa na entrada da calçada com os meus pés se equilibrando
no meio-fio.

Apenas seu perfil apareceu, com os seus olhos focados no chão, quando
ele disse: – Eu devo ter algo que você quer, porque eu deveria ter perdido
você agora.

– Você me interessa.

– Porque isso?

– Talvez, seja a corrente. Ou a bunda que estive encarando nos últimos


dez quarteirões. Ou os arranhões nas suas costas. – eles eram vermelhos e
profundos, e eu poderia dizer que eles vieram de um humano. – Eu quero
deixar o meu próprio conjunto de marcas em você.

Ele finalmente se virou e fizemos contato visual. – Que tipo de marcas?

Jesus, ele é gostoso.

Sua aparência não gritava para alguém que estava procurando por
perfeição. O rosto do Toy estava longe disso. As cicatrizes em suas
bochechas me disseram que ele esteve em várias lutas. Seu nariz havia sido
quebrado e nunca foi curado corretamente. Mas o que o fez tão sexy era seus
olhos e a leveza em sua expressão. Toy olhou para mim como se já confiasse
em mim, o suficiente para que ele tivesse falado comigo sem sequer me
virar.

Ninguém fez isso.

Pelo menos não alguém que valorizasse a vida deles.

Nada sobre mim era confiante ou despreocupado. Eu prosperava no


controle, e os homens com quem trabalhei também. Eu precisava passar
algum tempo com alguém como ele. Alguém suave. Alguém que não
precisava de nada de mim.

– Quero pegar dois ganchos de metal e perfurá-los através de seu corpo,


bem acima de suas omoplatas. – eu disse. – Então, quero prendê-lo a um
conjunto de fios e erguê-lo no ar. Enquanto o sangue escorre dos buracos nas
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suas costas, formando uma poça no chão, quero que seu pau esteja na minha
boca. Quero seu esperma na minha língua. Eu quero agitar isso entre os meus
dentes como se fosse um enxaguatório bucal, e então eu quero cuspi-lo na
minha mão e limpá-lo no meu rosto. Não me importa se cheira mal, se
descasca, se irrita a minha pele; Eu não estou te lavando. Antes de deixar
você se vestir, quero marcar você com S em todo o seu corpo.

Eu esperava que ele desse um soco em mim. Eu nem sabia se ele


gostava de pau ou se ele gostava apenas de boceta.

Mas ele não levantou o punho. O que ele fez em seguida me fez querer
incliná-lo sobre o banco e enfiar meu pau em sua bunda, sem camisinha.

Ele disse: – Estou pronto. Vamos fazer acontecer.

Ele então, começou a andar novamente. Só que desta vez eu levei.

Esse era o meu garoto.

Ele não precisava pensar; ele apenas sabia.

E isso fez o meu pau ficar ainda mais duro por ele.

Por um tempo, só vi o Toy quando voltei a San Diego nos meus dias de
folga. Isso durou cerca de um ano, e então, a prisão começou a ficar mais
agitada, e eu não era capaz de voar para os Estados com a frequência que eu
tinha antes. No tempo entre as nossas visitas, eu me peguei imaginando o
que diabos ele estava fazendo, onde ele estava dormindo e com quem ele
estava transando. Eu estava ficando mais irritado, mais violento do que eu já
era. Meu pai, o psiquiatra, me disse que era a maneira de minha mente sentir
falta de Toy.

Meu pai provavelmente estava certo.

Eu só sabia que não gostava de ter esses sentimentos.

Então, expliquei para o Toy o que fiz quando estava fora da cidade - um
assunto que evitei até agora - e ofereci a ele um emprego.
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Ele aceitou imediatamente, e se tornou um dos nossos varredores, o que
significava que ele limpava as celas depois que os prisioneiros eram
executados, ele preparou comida quando os guardas estavam ocupados
demais, ele jogou os membros no Pit uma vez que eles foram separados. Ele
fez toda a porra de trabalho, e ele nunca reclamou.

Quando não estava trabalhando, estava na minha cama e constantemente


tentando me agradar.

E eu me encontrei com o desejo mais forte de alimentá-lo.

Toy estava sozinho desde os dezesseis anos. Ele aprendeu a se defender


sozinho, a sobreviver praticamente sem nada. Já era hora de alguém mimá-
lo, e essa pessoa seria eu.

As coisas foram suaves por um tempo, mas elas não ficaram assim.

Toy teve um tempo difícil para lidar com o que acontecia na prisão. Ele
bebeu muito e tomou uma tonelada de pílulas. Eles o fizeram se sentir
despreocupado novamente. Eles o fizeram esquecer. Elas fizeram toda a
morte tolerável.

O coquetel quase o matou.

Mais de uma vez.

Mas houve momentos em que a combinação da bebida e das pílulas o


deixou tão despreocupado que eu levei as coisas mais longe, como a noite
em que ele me disse que seus dentes estavam no caminho de chupar o meu
pau. Se o Toy queria tirar os seus dentes, eu tinha que fazer isso acontecer.

E eu fiz.

Eu peguei um martelo e bati nos dois da frente. Jesus, ele chupou o meu
pau como nada que eu já senti.

Isso não foi o suficiente para ele.

Ele queria sentir minha carne entre a sua língua. A única maneira de
fazer isso acontecer era vê-la ao meio e parando no meio do caminho. Ele
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disse que era para ele, então ele poderia me agradar de uma maneira que não
podia antes. Mas a tortura que eu fiz com ele, o sangue que drenou de sua
boca, era tudo para mim. Eu me cobri com ele. Cobri o meu pau. Então,
gozei direto na poça.

Isso me deixou tão feliz, e eu nem o matei.

Arranquei muitas línguas naquela prisão. Eu simplesmente nunca dividi


nenhuma delas, então não sabia quanto tempo levaria para se curar. Dentro
de algumas semanas, ele foi capaz de testar. Agora, os dois lados podiam se
mover. Eles poderiam me envolver; poderiam esfregar contra o meu eixo.

Jamais nada parecia melhor.

Eu amei.

E eu o amava.

Porra, eu ainda amo.


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Huck
– Senhor. – Lawan disse quando eu segurei o celular no meu ouvido.

– Espero que você tenha novidades para mim. – fechei a planilha em que
estava trabalhando e peguei os monitores ao vivo do andar de baixo.

A substituta da Lawan estava na recepção, o que me disse que a Lawan


estava com a Arin, como eu pedi. Havia dois homens no salão e pelo menos
dez meninas no museu. As coisas estavam correndo muito bem com ela se
foi.

– Arin está fora do chuveiro, senhor. Ela está no quarto dela agora.

– Onde você está? – cliquei no ícone que mostrava as filmagens do


quarto da Arin e a observei parada na porta, usando apenas uma toalha e
olhando para a roupa que a Lawan tinha colocado na cama.

– Se dirigindo para a mesa, senhor.

– Eu quero que você tenha certeza de que ela coma.

Arin ainda não tinha colocado nada além de caldos em seu corpo. Isso
não era suficiente para deixá-la mais forte ou para ganhar peso. Ela precisava
de algo sólido para fazer isso.

– Vou trazer um pouco de pão para ela.


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A toalha de Arin caiu no chão.

– Lawan, dê a ela pelo menos uma hora. – eu disse, com a minha mão
agarrando o meu pau, tentando acalmá-lo.

– Sem problemas, senhor.

Desliguei a ligação e abri o monitor, então a Arin pegou a minha tela


inteira.

Porra.

Ela tinha seios que descansariam perfeitamente nas palmas das minhas
mãos e uma bunda que não tinha muito para apertar. Mas, a sua falta de
gordura não foi o que fez meus dentes rangerem. O que fez as contusões que
cobriam o seu corpo? Elas atravessaram seu estômago e ao redor de seus
rins, e havia várias outras na bunda dela. Marcas de mordidas cobriam o topo
das tetas dela.

Aqueles bastardos haviam a espancado muito.

Arin foi até a cama e enfiou os braços na camiseta. Não se incomodou


com o sutiã ou a calcinha. Ela nem colocou os shorts. Em vez disso, ela
deixou cair todos os três itens em cima da mesa de cabeceira, e em seguida,
caminhou até a parede onde a foto da cobra estava pendurada.

A maioria das putas por aqui tinham medo das minhas cobras. Elas não
gostavam da maciez da pele das cobras. A suavidade da sua língua. Seus
sons quando se arrastavam.

No entanto, as cobras me lembravam muito as mulheres. Ambas tinham


corpos delicados, macios e compartilhavam o mesmo comportamento antes
de comerem. Até quando elas se moviam, quando eram acariciadas.

As mulheres simplesmente não conseguiam enxergar além do medo das


cobras. Elas fariam uma careta quando olhavam na direção delas. Elas
estavam com muito medo de olhá-las nos olhos. Elas recuavam antes de
chegarem perto demais.

Não a Arin.
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Ela pelo menos não agia assim enquanto olhava para a foto. E parecia
que ela não conseguia tirar os olhos dela. Ela quase parecia...

Porra, não.

Ela não pode estar...

Se tocando?

Jesus.

Ela estava.

Ela levantou a mão de lado e pousou em sua teta. Eu me ouvi gemer


quando ela circulou em torno do seu mamilo, apertando-o entre dois dedos,
puxando-o como se ela precisasse se machucar. Sua outra mão permaneceu
baixa em seu corpo e parecia que estava se movendo em direção a sua
boceta. Deste ângulo, não conseguia ter uma boa visão dela, então puxei o
monitor da segunda câmera e aumentei o zoom.

Ela estava esfregando dois dedos para cima e para baixo em seu clitóris.

Ela tinha sido abusada, seu corpo estava doendo, ela estava na casa de
um estranho, e ela estava se masturbando.

Não havia como impedir o meu pau de ficar duro agora.

Ela tirou a mão do mamilo e a colocou na parede para se equilibrar. Seus


dedos se espalharam pela pintura ao mesmo tempo em que suas pernas se
abriram.

Ter uma mulher se tocando enquanto ela olhava para a minha cobra era
a coisa mais sexy que eu já vi, especialmente com alguém tão bonita quanto
a Arin.

Se ela fosse gozar, eu estaria bem atrás dela.

Desabotoei a minha calça jeans, puxei o zíper e o abaixei. Levantando o


elástico da cintura da cueca boxer até o meio do meu pau, empurrei todo o
tecido para minhas coxas, cuspi na minha mão e me dei algumas estocadas.
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Isso era bom.

Eu me senti ainda melhor quando a observei inclinar a cabeça para trás,


com os lábios abertos e os olhos fechados. Queria poder ouvir seus sons. Eu
imaginei que eles eram semelhantes aos gemidos de quando a carreguei pelas
escadas. Mas, agora, aposto que eram mais longos, mais profundos e
escapados até que fossem direto para o próximo gemido.

Eu queria esses barulhos vibrando sobre o meu pau.

Ela virou o rosto para a câmera, com o seu queixo apoiando em cima do
seu ombro apenas brevemente antes de se morder. Ela era como uma das
minhas cobras antes de atacar sua presa. Ela mostrou os dentes, se lançou, e
segurou a pele e não soltou.

Eu estava gozando, então apertei a minha coroa para parar.

Pela maneira como seu cotovelo pulava, eu poderia dizer que ela não
estava sendo gentil. Ela estava batendo naquela porra com velocidade e
poder.

Eu gostava de saber que ela gostava dos dois, porque era exatamente o
que eu daria a ela se o meu pau estivesse dentro dela. Exceto que naquele
momento estava o seu dedo, outro em seu clitóris e a imagem disso era tão
sexy.

Eu acariciei o meu pau ainda mais forte e senti minhas bolas começarem
a apertar.

Quando ela parou de morder, eu poderia dizer em sua expressão o


quanto perto ela estava. Eu queria que as unhas dela cravassem nas minhas
costas com a mesma intensidade que ela estava arranhando a parede. Eu
queria sangue. Eu queria presas e queria que elas doessem.

Porra, essa boceta deveria ser tão boa.

Seu corpo começou a tremer.

O mesmo aconteceu com o meu.


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Sua mão se moveu ainda mais rápido.

E o mesmo aconteceu com a minha.

Eu girei ao redor da ponta do meu pau, me preparando para o sêmen


escorrer, e depois de mais algumas investidas na minha palma molhada, eu
gozei. Sensações de prazer continuaram a passar por mim enquanto diminuía
a velocidade. Assim que recuperei o fôlego, a mão de Arin deixou o ponto
entre as pernas dela. Ela deu uma última olhada na cobra e foi até a cama,
deslizando para debaixo do cobertor e cobrindo-se com ela.

Na saída do banheiro depois de lavar as mãos, eu cheguei à porta que


levava ao meu apartamento. Não havia razão para passar por isso. Eu ainda
tinha muito trabalho a fazer, não tinha nada a dizer para a Arin e, dentro de
uma hora, a Lawan estaria trazendo comida para ela.

Mas algo fez os meus pés se dirigirem na direção do quarto dela e, mais
uma vez, eu me vi na porta dela. Pouco antes de bater nela, senti o meu
celular vibrar no meu bolso e havia uma mensagem do meu amigo Uel na
tela.

Ainda não ouvi nada.

Foda-se isso , pensei comigo mesmo.

Em vez de bater e esperar que a Arin abrisse a porta, eu entrei e fui para
a cama dela.

Ela olhou para mim com os olhos tão arregalados e com a pele tão
ruborizada. – Você quer alguma coisa? – ela perguntou.

Eu fiz a varredura do seu corpo, parando sobre seu estômago onde suas
mãos estavam descansando. Eu queria sentir o cheiro dos dedos dela. Eu
queria colocá-los na minha boca, então eu saberia o gosto da sua boceta.

Mas, se eu dissesse a ela para me dar as mãos e eu colocasse seus dedos


na minha boca, ela saberia que eu tinha visto o que aconteceu. Eu não estava
pronto para desistir desse segredo. Porque, se a Arin tocasse a si mesma
novamente, eu com certeza queria assistir.
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– Huck?

Olhei para a mesa de cabeceira onde o sutiã, a calcinha e os shorts


estavam, e então olhei de volta para ela. – Você está nua sob essas cobertas?
– eu sabia a resposta. Eu só queria ouvir a resposta dela.

Levou vários segundos até que ela timidamente disse: – Principalmente.

– O que diabos isso significa?

– Estou vestindo uma camiseta.

– Então, a sua boceta está nua?

Ela puxou o cobertor até o queixo e as mãos ficaram bem debaixo do


nariz. – Sim.

Ela podia sentir o cheiro de si mesma e eu estava com ciúmes.

– Por que, Arin?

– Eu estava com calor.

Fui até o centro do quarto e puxei o cabo do ventilador de teto para ligá-
lo e, em seguida, novamente para a configuração mais alta. – Isso vai esfriar
você.

Ela parecia mais do que com calor.

Ela parecia satisfeita.

Mas ela ficaria muito mais satisfeita se a minha língua tivesse lhe dado
aquele orgasmo, e eu não tivesse parado ali. Meu pau teria dado a ela um
segundo. Eu teria esfregado o seu clitóris, colocaria um dedo na bunda dela e
a faria gozar pela terceira vez. Ela teria tido um rosto recém fodido com um
corpo que estaria exausto.

Agora, pelo menos, ela tinha alguma cor nas bochechas, e havia alguma
vida naqueles olhos lindos.
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Mas aqueles olhos estavam esperando por uma resposta e eu não tinha
uma para lhe dar. Nem tinha motivo para estar aqui. Nada de bom viria disso
ou comigo em pé tão perto dela. Tudo o que isso faria era levar a mais
pensamentos do seu corpo e de uma necessidade dolorosa de tocá-la,
especialmente sabendo que sua boceta nua estava debaixo daquele cobertor.

Não apenas nua, mas sem pelo também.

E parecia tão apertada e deliciosa.

– Huck? – ela me chamou enquanto eu caminhava para a porta. Eu me


virei para encará-la e ela disse: – Não vá.
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Arin
Huck estava na porta, com uma mão pendurada no topo da moldura de
madeira e a outra no bolso. Na saída a alguns momentos atrás, eu lhe disse
para não sair do meu quarto. Agora, ele estava esperando que eu lhe dissesse
por quê.

Eu só não tinha certeza se poderia dar essa resposta.

Além das curtas visitas de Lawan, eu estava sozinha desde o momento


em que cheguei aqui. Eu estava cansada do silêncio, do sono e da solidão.

Antes dele entrar, eu tomei um banho no banheiro do outro lado do


corredor. A Lawan me acompanhou até lá e me deu uma toalha e uma
navalha. Eu disse a ela que estava fraca, então ela não me deixou. Mas, assim
que eu saí e quando chegou a hora de colocar as minhas roupas, ela disse que
me daria um pouco de privacidade e desapareceu descendo as escadas.

Eu sentia falta da familiaridade.

Eu sentia falta de casa.

Eu queria algo para me fazer sentir normal novamente.

Então, andei até a parede onde a foto da cobra estava pendurada. Havia
algo tão sexy em seu corpo longo e grosso. A forma dela me lembrava o pau
de um homem. Sua pele me fez pensar, que se eu esfregasse os meus seios,
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isso iria enrijecer meus mamilos, do jeito que eu gostava que um homem os
tocava.

Deus, apenas o pensamento disso me fez molhar.

Eu precisava me sentir como eu novamente.

Desejada. Satisfeita.

Minha mão foi para o meu mamilo e, lentamente, ele se moveu para o
meu clitóris.

Foi da mesma maneira que me toquei na última vez que eu vi uma


cobra. Claro, que essa recompensa não veio até depois que atirei na sua
cabeça. Seu corpo estava enrolado bem na minha frente, suas presas a
mostra, e parecia que ia me atacar. Mas a cobra não tinha a menor chance de
me machucar, não quando havia uma arma na minha mão e o meu dedo no
gatilho. Vendo o sangue e a pele disparar pelo ar e ouvindo o estouro quando
o seu corpo explodiu, tudo isso tinha sido por ímpeto.

Eu tinha conseguido o mesmo tipo de ímpeto quando olhei para a cobra


do Huck, meu dedo no gatilho era como estivesse deslizando entre os lábios
da minha boceta, me esfregando até que eu gozei.

Isso foi há vários minutos atrás.

Agora, o Huck estava olhando para mim e era a minha vez de falar. –
Podemos conversar?

– O que você quer, Arin?

Eu me movi para o outro lado da cama, então havia muito espaço ao


meu lado. – Venha aqui.

Fiquei chocada quando ele se aproximou e ficou ao lado do colchão. Eu


dei um tapinha no lugar à minha direita. Seus olhos vagaram por cima da
cama, mas ele não se sentou.
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– Você vai me dizer algo sobre você? – tirei a mão debaixo do cobertor
e peguei o braço dele. Eu não tinha certeza do porquê. Eu só sabia que tinha
que tocá-lo.

Quando os meus dedos deslizaram pelas escamas da cobra, seu olhar


encontrou meu aperto. Sua boca se abriu e sua língua passou pelo lábio. Foi
da mesma forma que olhava para uma sobremesa. Então, segurei-o um pouco
mais forte, esfregando tão alto até o seu cotovelo e tão baixo até o seu pulso.

– Talvez, porque você escolheu essa tatuagem? – por causa do design


intrincado, eu esperava que a tinta parecesse levantada, quase áspera. Mas eu
não senti nenhum dos dois, apenas um pouco de pelo e muita pele macia.

E algo mais.

Este algo estava dentro do meu corpo e o fez meu coração disparar.

O sentimento não deveria existir. Não por este homem. No entanto,


começou em meus seios e foi lentamente se movendo entre as minhas
pernas, lembrando-me do orgasmo que eu tive antes que o Huck entrasse no
meu quarto. O que o meu dedo me deu, o mesmo dedo que estava traçando a
tatuagem em seu braço.

– Você gosta de cobras, Arin?

Eu balancei a cabeça. – Não.

– Então, porque o interesse?

– Porque eu quero saber mais sobre você.

Mesmo com o silêncio que passou entre nós, eu poderia dizer que havia
muito que ele queria dizer. Vi isso em seu rosto; Eu vi isso em seu olhar.

Finalmente, sua voz saiu e ele disse: – Vista-se. Eu te encontrarei do


lado de fora no corredor.

Ele quer que eu me vista?


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Apontei para as roupas que a Lawan havia deixado para mim. Elas eram
pijamas muito finos e minúsculos para usar fora deste quarto. – Você quer
dizer que quer que eu coloque isso?

Ele caminhou até a porta, parando antes de fechá-la para dizer: – Não
me faça esperar muito tempo.

Uma vez que ele se foi, eu saí da cama, colocando o sutiã por baixo da
camiseta. A calcinha e o shorts continuaram. Não tendo mais nada para me
cobrir, eu abri a porta. Huck estava do outro lado, segurando uma camisa
branca com botões.

Ele entregou para mim. – Coloque isso por cima das suas roupas.

Enquanto meus braços passavam pelos buracos de sua camisa, senti seus
olhos nos meus seios. Eles se moveram para as minhas coxas, para baixo nas
minhas panturrilhas e de volta para o meu rosto. Jurei que o vi sorrir quando
meu rosto ficou vermelho.

– Está pronta?

Eu não sabia para o que estava pronta, mas me senti muito mais
confortável agora, já que a camisa de botões estava me escondendo um
pouco. Assumindo que ele não iria me dizer o nosso destino, balancei a
cabeça e o segui até a escada. Foi uma longa descida. Pelo menos quinze
passos. Eu não sabia se tinha energia. tudo que eu tinha no estômago era um
pouco de caldo e água.

– Onde estão os seus sapatos? – ele perguntou, enquanto agarrei o


corrimão.

– Eu não tenho nenhum.

– O que você quer dizer com não tem nenhum? Lawan não te trouxe
um?

Balancei a cabeça, esperando que não a colocasse em problemas. Mas,


desde que eu não estava usando sapatos quando ela me encontrou do lado de
fora, eu nem sequer tinha o meu próprio par para colocar.
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– Claro que ela não te deu nenhum. Ela não esperava que você fosse
embora... – sua voz sumiu, e antes que eu pudesse lhe dar uma resposta, seu
braço foi abaixo dos meus joelhos, e ele estava me levantando no ar e me
puxando contra o seu peito.

A última vez que ele me carregou, os detalhes estavam um pouco


confusos. Eu estava desmaiando e cheia da emoção mais crua. Mas aqui eu
estava totalmente acordada e sóbria. Eu podia apreciar a sua força e os
músculos que estavam em volta de mim. Podia absorver os odores que
emanavam de sua pele - o sabonete e a colônia cítrica que era mais forte
agora por eu estar muito mais perto dele.

Isso também significava que eu poderia dar uma olhada melhor na


tatuagem em seu pescoço. O detalhe era tão impressionante. Cada escala foi
perfeitamente delineada e sombreada. Era real no tamanho e tão realista. O
artista fez o trabalho mais inacreditável.

Eu passei meu polegar pelo lado de sua garganta e tirei outro sorrisinho
dele. Eu não sabia por que o havia tocado assim, e imediatamente parei.

– Não vai picar. – disse ele, referindo-se à cobra.

Rondamos o primeiro andar e ele começou nossa descida no último


andar.

– A menos que você queira.

Esse homem me fez questionar a minha sanidade.

Não deveria querer nada dele. Eu especialmente não deveria querer os


seus dentes em qualquer lugar perto do meu corpo.

Mas uma parte de mim queria.

Eu me odiava por isso.

– Você não precisa me dar uma resposta. – ele disse. – Seu corpo já está
fazendo isso por você.
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– Meu... – eu me interrompi quando vi a dureza dos meus mamilos e
senti o suor em seu braço, onde ele apoiou atrás dos meus joelhos.

Se houvesse um cobertor por perto, eu o puxava para os meus olhos


porque sabia que o meu rosto estava me mostrando ainda mais, e eu tinha
certeza de que Huck estava amando isso.

Quando chegamos ao final da escada, ele me levou para uma série de


portas trancadas e usou o polegar para digitar um código. Uma vez que ela
abriu, nós descemos por um longo corredor, e no final, em frente a uma
única porta, ele me pôs de pé e disse: – Espere aqui. – ele entrou e fechou a
porta antes que eu tivesse a chance de ver o que estava do outro lado.

Estava tão silencioso e solitário no corredor. Eu odiei isso. Felizmente,


ele retornou alguns segundos depois com um par de sapatos.

– Não sei se estes são do tamanho certo, mas quero que você os coloque.
– ele os colocou na frente dos meus pés.

Eles tinham cerca de meio tamanho maior. Ainda assim, estavam


confortáveis e desgastados, e sabia que poderia facilmente me mover neles.

Eu tentei não me perguntar a quem eles pertenciam, e dei um passo à


frente. – Eles estão bons. Obrigado.

– Quando entrarmos lá. – ele apontou com a cabeça em direção à porta


que tinha acabado de passar. – Quero que mantenha a cabeça baixa. Nenhum
contato visual com ninguém. Você me entendeu?

– Claro, mas posso perguntar...

Suas mãos agarraram o meu rosto e parei de respirar.

– Do outro lado dessa parede está um bordel, Arin. Homens compram as


minhas mulheres para transar com elas. Nenhuma mulher neste prédio está
fora dos limites, exceto você. Mas, se um cliente ver você lá fora, usando o
que você está usando, ele vai pensar que você está à venda. Apenas
mantenha a porra da sua cabeça para baixo e sua mão presa na minha, e eu
vou cuidar do resto. – sua mão apertou os meus dedos.
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De repente, uma porta se abriu e nós estávamos nos movendo através
dela. Minha respiração voltou depois do terceiro ou quarto passo quando
percebi onde estávamos. Esta tinha que ser o salão principal onde os homens
saíam antes de encontrar garotas para comprar. O site de Huck o chamava de
saguão e, apesar da minha cabeça ter ficado inativa, eu consegui captar
vislumbres breves das coisas pelas quais passávamos.

Fiquei chocada com o quanto impressionante tudo era.

Tudo era tão sexy, até a mobília de veludo, os revestimentos de parede


de seda e os candelabros em forma fálica. Tudo era feito em diferentes tons
de vermelho e dourado. De alguma forma, cheirava sensualidade aqui.

Passamos ao redor da borda externa do saguão, passando por todas as


cadeiras, mesas e fumaça, e pelo museu onde todas as mulheres estavam
sentadas e esperavam para serem tiradas. Seu site descreveu essa seção,
prometendo uma coleção de garotas. Certamente entregariam.

Ele me moveu através de outra porta e parou. – Você pode olhar agora.

Embora, eu estivesse roubando olhares, levantei meu queixo todo. Levei


alguns segundos antes de perceber o que estava vendo. Uma vez que vi, não
consegui desviar os olhos delas. Eu não poderia dar um passo para trás
também. Eu estava completamente paralisada. – Meu Deus.

Na minha frente havia outro museu - esse, do tamanho do meu quarto


em casa, mas este era cheio de cobras. Tinha que haver pelo menos
cinquenta delas de todos os tamanhos e cores diferentes. Eu não sabia nada
sobre elas, então não conseguia nem adivinhar quais tipos elas eram. Eu só
sabia que elas estavam em todo lugar. Algumas estavam enroladas no fundo,
algumas estavam penduradas em cima das plantas, e várias estavam
descansando nas prateleiras ao lado. Ele tinha uma piscina para elas. Tigelas
de água. Lâmpadas para criar o que parecia luz solar. Toneladas de
vegetação e ninhos para elas dormirem.

– Agora, você sabe mais sobre mim. – ele disse.

Sua mão ainda estava presa ao redor da minha. Eu soltei, para poder me
aproximar do vidro, e coloquei as duas palmas contra ele.
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Havia vários homens de pé do outro lado de nós, e eu podia vê-los
através das cobras. Quando achei que um estava apontando para mim, afastei
meu rosto.

– Ele não pode ver você.

– Ele não pode? – perguntei.

– Não, mas elas podem.

Eu segui a direção em que ele virou o dedo, e fiz contato visual com
algumas das garotas. Elas estavam vestidas apenas com sutiãs e
calcinhas. Algumas pareciam que tinham acabado de começar a se preparar,
e outras estavam quase prontas.

– Estas são as minhas meninas, Arin.

Eu senti suas palavras no meu pescoço.

– Aquelas que vendem suas bocetas para ganhar a vida. Suas bundas. E
bocas.

Eu sabia o que elas faziam. Eu apenas pensei que ele gostava de dizer
essas palavras para mim para ver se poderia ter uma reação. Eu tinha certeza
que dei a ele uma enquanto olhava ao redor da sala. Havia mesas de
maquiagem, lavatórios para o cabelo, chuveiros, bancos e armários. E ela
também carregara o vermelho e o dourado, usando mobília e amenidades que
eram mais agradáveis do que qualquer um dos spas em que eu estivera em
casa.

– Sr. Huck. – uma das meninas disse, curvando-se para ele antes que ela
passasse.

Algumas outras sorriram quando nos viram observando-as.

Elas não estavam flertando com o Huck. Estavam mostrando respeito.

Eu o enfrentei novamente e esperei que o seu olhar voltasse para mim. –


Como eu sei mais sobre você, olhando para um poço de cobras?
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Ele parecia mais focado nesta sala, mesmo um pouco mais calmo, como
se as cobras fossem os seus animais de trabalho e faziam com que ele agisse
de forma diferente.

– Você não está ouvindo, Arin.

Seu corpo estava quase pressionando contra o meu, com os lados dos
nossos rostos agora tão perto do vidro. Ele disse que eu não estava ouvindo,
então fechei os olhos e tentei ouvir o que ele estava se referindo.

Houve um leve som sibilante. Um farfalhar.

Pensei que eu mesma tinha ouvido um chocalho.

Parecia que elas estavam em cima de mim.

Arrepios cobriram a minha pele.

– Você as ouve? – ele perguntou.

– Sim.

– Elas estão dizendo o que elas querem.

Abri os olhos e, quando estava prestes a falar, ele disse: – Tenho andado
por cobras a maior parte da minha vida. Elas devem ser desfrutadas, não
temidas. – seu olhar se uniu a uma, e ele esperou que ela se voltasse antes
que a sua atenção voltasse para mim. – Se você tocá-las, alimentá-las,
realmente ouvi-las, você saberá que elas são muito mais parecidas com você
do que pensa.

Eu duvidei disso.

– A foto no meu quarto, é dessas aqui também? – sorri quando fiz a


pergunta. Eu não pude me conter.

– Não.

Havia tanta emoção naquela palavra. Mais do que eu já tinha ouvido ele
falar, o que me disse que a cobra deve ter significado muito.
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Eu não entendi.

Eu provavelmente nunca entenderia.

Minha mão foi para o braço dele e esperei que parecesse liso e macio,
como no andar de cima. E pareceu, mas também estava quente e um pouco
úmido, como se estivesse tomando sol sob as lâmpadas do museu.

– Porque as tatuagens de cobras? – perguntei.

– É quem eu sou, Arin. – ele levantou um pouco do meu cabelo. – Você


tem tudo isso. – então, ele esfregou um dedo embaixo do meu olho, extra
gentil, como se soubesse que a pele ainda estava dolorida. – E maquiagem e
o que mais você usa para se esconder. Eu apenas escolho me cobrir de pele
de cobra.

– Mas porque cobras?

– Chega de perguntas. – ele apertou os meus dedos e estávamos nos


movendo novamente.

Desta vez, nós passamos pelo quarto com as meninas, e vi uma fazendo
o cabelo dela e outra fazendo os cílios. Havia uma mulher vestida com
roupas de enfermagem, e o seu trabalho parecia estar reabastecendo todos os
itens da penteadeira - acrescentando escovas de dentes ao lixo junto com
lâminas de barbear, laços de cabelo e pequenas garrafas de loção de
aparência cara.

Essas meninas eram tratadas melhor do que eu esperava.

Quando chegamos ao outro lado da sala, passamos por uma porta que
também exigia um código. Ele digitou os números e de repente estávamos do
lado de fora. Com a minha mão ainda na sua, ele nos apressou passando pela
calçada curta e em um beco onde havia outra porta na metade do prédio. Ele
usou uma chave dessa vez e dentro havia uma longa escada.

– Eu não acho...

– Eu sei. – ele disse, interrompendo-me quando me levantou em seus


braços. – Segure em mim.
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Cumpri a sua ordem e dois andares depois, estávamos em seu
apartamento. Ele não me colocou no chão até chegarmos ao meu quarto onde
ele me colocou na cama. Então, caminhou de volta para a porta.

– Huck?

Ele parou e se virou para me encarar.

– Você ainda não me disse o que quer que eu faça por comida.

Ou por que ele estava coberto de pele de cobra e não o casaco de um


animal diferente ou porque ele tinha tanto amor por cobras? Ou porque ele
estava olhando para mim agora com olhos que pareciam tão solitários quanto
eu me sentia.

Algo me dizia que eu nunca receberia essas respostas.

– Como você se sente, Arin?

Pensei na pergunta dele enquanto me sentava no final da cama e olhei


para as minhas pernas, que pareciam fracas demais para as escadas, mas bem
o suficiente para andar sobre uma superfície sólida e nivelada. – Eu estou
melhor.

– Então, eu vou te dar essa resposta amanhã. Vamos começar... devagar.

Quando ele começou a fechar a porta, eu disse: – Você está certo. Eu sei
mais sobre você agora.

– É? O que você sabe?

O que eu soube não tinha nada a ver com cobras e tudo a ver com as
garotas lá embaixo. Se o Huck fosse um monstro que vendesse mulheres,
fossem elas traficadas ou não, ele não lhes daria um banheiro para tomar
banho, cosméticos para usar, alguém para pentear e maquiar. Seus sorrisos
definitivamente não teriam sido genuínos, como tinham sido. Ele teria dado a
elas uma masmorra para entrar e mandá-las diretamente para os homens.

No fundo, sob suas camadas de escamas e suas presas afiadas, havia um


homem que vale a pena conhecer.
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Se as circunstâncias fossem apenas diferentes.

Mas elas não eram.

– Que você não é o cara que eu pensei que fosse.

O canto do lábio dele se levantou e ele me deu um sorrisinho. Foi o


olhar mais sexy que eu vi dele.

Apertei a beirada do colchão para firmar o meu corpo, enquanto estava


saindo dela.

– O que as cobras estavam tentando me dizer? – perguntei.

– Que elas querem ser alimentadas.

Eu me perguntei o que elas comiam.

Ele fechou a porta antes que eu tivesse a chance de perguntar, então


olhei para a foto da cobra na parede. Então, foi especial. Um animal que ele
se importava o suficiente para soar emocional quando perguntei sobre isso.

Pena que ele foi embora.


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Garoto

Antes...
Eu não sou bom em matemática.
Eu luto com isso na escola. Eu sempre pergunto aos meus
professores se posso usar uma calculadora, e nenhum deles
deixa.
É tão idiota.
Todo ano, acabo passando, mas mal consigo entender as
equações que me obrigam a fazer. Não entendo porque
insistem que eu as aprenda. Não é como se eu fosse usá-las no
mundo real de qualquer forma, e nunca há uma época em
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que eu não possa sacar o meu celular e encontrar a resposta
para qualquer coisa que eu precisasse.
Acho que é um pouco mais difícil para você, mas tenho
certeza de que a geometria também não é necessária onde você
vive.
Sou muito melhor em leitura, idiomas - coisas assim.
Estou dizendo tudo isso porque não fiz as contas da sua
última carta ou na anterior. Você sabe, quando me contou
sobre você, o Toy e eu, a minha mãe e o Beard. Parece uma
equação gigante quanto tempo você e o Toy estavam juntos,
menos o tempo que você levou para engravidar a minha mãe,
menos o tempo que eu estava em sua barriga, é igual a algo
que parece que você traiu o Toy.
Então, a minha pergunta é: porque você fez isso?
Ou talvez, o mais importante seja, se você odiava tanto a
minha mãe, porque você a engravidou?
Página 102 de 357

Shank

Antes...
Então, o garoto não era bom em matemática. Eu não via isso como um
problema, porque o pai dele também não era bom nisso. Na sua idade, as
únicas coisas com as quais eu me importava eram quantos miligramas de
oxi5 eu estava transportando e quanto tempo de prisão eu receberia se fosse
pego.

O que o garoto estava realmente ganhando era como eu engravidei a sua


mãe, especialmente desde que eu estive com o Toy na época.

Tinha certeza de que ele não conhecia toda a história, e a versão que lhe
disseram foi atenuada.

Eu não tinha nenhum problema em dizer a ele a verdade. Eu só não


sabia se ele poderia lidar com ela. Até mesmo o Toy teve dificuldades com
isso, e o Toy lidou com quase todas as minhas coisas. Mas, quando tudo com
a Tyler tinha terminado, Toy começou a usar mais e misturar drogas para
obter uma reação mais forte.

Eventualmente, ele teve uma overdose.

Independentemente disso, se o garoto quisesse uma resposta, eu daria a


ele uma.
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Não a básica. Ele pegaria todos os detalhes.

Alguns dos prisioneiros daqui, aqueles que encontraram a Deus, se


ajoelhariam agora e orariam. Com os dedos entrelaçados e os olhos fechados,
eles pediriam que a sua confissão escrita fosse perdoada. Para não estragar o
relacionamento com o filho.

Eu não era como meus companheiros de prisão.

Eu não fiz nada de errado.

Ainda assim, não pude deixar de rir enquanto olhava para o meu colo. A
mão que havia envolvido a garganta de sua mãe era a mesma que ia lhe
escrever uma carta, explicando como ele havia sido concebido. Agora, isso
era uma porra de ironia.

Para contar essa história, garoto, eu teria que voltar muitos anos, para
que você pudesse ouvir tudo desde o começo.

Você vê, a sua mãe fazia parte de uma organização chamada The
Achurdy. Os Achurdy encontravam garotas - gostosas, como a Tyler - para
atacar homens ricos com altos limites em seus cartões de crédito. As garotas
arrumariam esses homens e os levariam para um leilão subterrâneo, onde
eles iriam gastar milhões. As meninas receberiam uma boa gorjeta, os
homens seriam levados para casa e o Achurdy ganharia dinheiro. Então, a
sua mãe não era nada mais do que uma prostituta de alto nível.

Para as meninas, havia uma regra crucial de que elas não podiam
quebrar. Quebrar ela custaria a vida delas.

Não haveria namoro fora da organização.

Tyler, aquela puta, não ouviu, e ela quebrou a regra com o Beard.
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Eles se conheceram enquanto Beard voltava para casa em San Diego. O
maldito Beard não conseguia o suficiente dela, e ele voltou para os Estados
Unidos a cada chance que ele tinha, para que pudesse passar o tempo com
ela. Ele não sabia que ela estava no Achurdy, nem sabia que o crânio de
veado que ela tatuara no dedo era a maneira como marcavam suas garotas.

Mas eu sabia.

Meu pai vendia drogas para o Achurdy há muito tempo. E, uma vez que
abrimos a prisão, eles nos contrataram para se livrar das garotas que foram
flagradas infringindo as suas regras. Algumas tentaram fugir, algumas
engravidaram e algumas estavam fracas e precisavam morrer.

Beard não gostava de matar mulheres, então quando as garotas do


Achurdy entravam, eu era a pessoa que matava, implacavelmente torturando-
as, ouvindo-as gritar até que eu não aguentasse outro segundo e arrancava
suas línguas.

Beard nunca viu as garotas entrar, nunca colocou as mãos nelas, então
ele não fez a conexão com a tatuagem de Tyler. Mas, o Beard sabia que ela
estava em alguma confusão. Inferno, ela não era capaz de vê-lo com tanta
frequência. Ela não podia passar a noite na casa dele, e ele não podia na
dela. Você pensaria que ele teria pressionado a sua mãe para descobrir em
que ela estava. Ele não fez isso.

Filho da puta mudo.

Mas esse era o meu menino, sempre agindo com o coração. Sempre
deixando uma boceta determinar seu próximo passo. Sempre deixando as
mulheres o tornarem fraco.

Quando descobri que a sua mãe fazia parte da Achurdy, não contei a
Beard. Não houve uso disso. Nada teria mudado se ele soubesse. Uma garota
como ela, envolvida em algo tão profundo, não conseguia manter uma vida
dupla por muito tempo. Então, escutei o Beard falar sobre ela, e esperei que
tudo desse errado.

Aconteceu mais rápido do que eu pensava.


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Uma noite, depois de uma curta viagem para casa, Beard voltou para a
prisão, completamente exausto. Suas roupas estavam cobertas de sangue. Ele
estava chorando e não parava de gritar. Eu nunca o vi assim. Ele não tinha
sido tão emocional quando sua mãe estava desaparecida por meses.

Diego e eu o fizemos falar, e levou horas para falar tudo. Nós finalmente
soubemos que ele encontrou a sua mãe morta. Ela cortou os pulsos dentro do
apartamento dele. Ela deixou um bilhete e arranjou um cara para buscá-la e
tudo mais.

Tudo soava muito orquestrado.

Com a execução das drogas do meu pai, eu estive em torno como uma
sombra toda a minha vida. Sabia como as pessoas planejavam e saíam das
coisas, e na maioria das vezes eu as pegava.

O suicídio de Tyler parecia tão falso para mim. Porque diabos ela iria
querer que o homem que a amava a encontrasse morta? Ela poderia ter
enviado uma mensagem de texto para o Beard e se matado em casa. Mas, em
sua casa, até mesmo marcado com alguém para pegar o corpo dela? Agora,
isso foi encenado.

Minha teoria era que ela precisava do Beard para vê-la morta, então ele
não iria procurá-la. E, até que me mostrassem a prova, ela ainda estava muito
viva em minha mente.

Não contei isso a Beard.

Em vez disso, contratei um cara que meu pai usou em casa quando
precisava encontrar alguém que tivesse sumido do radar. Levou apenas
algumas semanas até a PI localizá-la. Ela havia se mudado para a Costa
Leste em um lugar que ela pagou em dinheiro. Essa parte não me interessou
tanto quanto a pequena barriga que ela tinha.

Essa puta estava grávida do filho de Beard.

Mas, se o Achurdy tivesse descoberto isso, eles a mandariam para a


minha prisão. Ela não sabia disso. Ela só sabia que algumas de suas colegas
haviam desaparecido, e ela nunca mais ouviu falar delas. Então, a sua mãe
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foi confrontada com uma decisão - fazer um aborto ou fingir a sua própria
morte.

Pena que eu era mais esperto que ela.

Mais inteligente que o Beard também.

Aquele filho da puta realmente achou que ela tinha morrido. Ele chorou
sobre seu corpo frio e seus olhos mortos e como ela ficou em silêncio quando
ele tentou sacudi-la de volta a vida.

Ele sempre foi fraco.

Sua mãe o fez mais fraco.

E ela o fez suave.

Ele estava se doendo muito por causa dela.

Eu me certificaria de que a puta nunca chegasse perto dele novamente.

Então, de alguma forma, eu rastejaria para dentro do buraco de drogas


em que Beard havia caído, e eu arrastaria sua bunda para fora.

– Prisioneiro. – alguém disse em minha cela.

Olhei por cima da carta, e havia um guarda na minha frente do outro


lado das grades. Ele era o único com a porra com gosto bom.

– O que?

– É hora do seu banho.

– Eu já tomei.
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– É insolência, o que eu estou ouvindo? – sua boca se moveu entre as
grades de ferro, e o grito fez com que sua pele ficasse vermelha. – Banhos
são um privilégio que eu posso tirar facilmente. É isso que quer? Apodrecer
nesta porra de cela com as bolas mais fedorentas desta prisão?

Ele queria que seu pau fosse chupado.

Eu entendi a mensagem.

E era disso que tratava a vida na prisão - trabalhando por privilégios, que
tornavam a vida aqui um pouco mais suportável. Ainda assim, tudo que esse
idiota tinha que fazer era pedir, e eu teria colocado seu pau perfeito na minha
boca, girando minha língua ao redor da ponta até que seu esperma saísse
através do pequeno buraco.

Sua teatralidade não era necessária.

– Deixe-me arrumar as minhas coisas. – eu disse a ele. – Só preciso de


um minuto.

– Essa é a melhor resposta.

Virei as costas para ele e rapidamente terminei a carta.

Tudo o que eu tive que fazer foi sequestrar a sua mãe antes que alguém
a encontrasse.

Não foi difícil.

Naquela época, eu era o único procurando por ela.

Eu a sequestrei, garoto.

E eu dei a ela um presente.

Você.
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Coloquei a carta em um envelope, passando a língua sobre a cola para
selá-la apenas no caso de alguém entrar na minha cela enquanto estivesse
fora. Sempre que eu voltava do banho, eu colocava o endereço dele na frente
e colocava no correio de manhã.

Eu mal tinha tocado na história.

E eu nem cheguei à parte boa.

– Vamos porra! – o guarda gritou.

Eu teria que continuar em outra hora.

Eu me virei e enfiei as mãos pela abertura, para que o guarda pudesse


me algemar.

Então, ele puxou minhas costas contra as grades e sussurrou: – Meu pau
está cansado de esperar por você.

Eu sorri para mim mesmo. Adorava quando estava certo.

5. Oxi: é uma droga.


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Anônimo

Antes...
Você me capturou.
Me torturou.
Me matou.
Agora é a sua vez de morrer.
Página 110 de 357

Shank

Antes...
Eu segurei a carta na minha mão, olhando para as palavras escritas e
recitando-as na minha cabeça.

Você me capturou. Me torturou. Me matou. Agora é sua vez de morrer.

Que porra é essa?

Algum idiota tem bolas seriamente grandes para me enviar essa


ameaça.

Eu não aceitava ameaças. Eu não precisava. Eu acabava de encontrar a


pessoa que estava chateada comigo e eu iria matá-la.

Era assim tão simples.

Mas, aqui, eu não tinha esse tipo de poder e tinha certeza de que eles
sabiam disso.

Anônimo.

Covarde.
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Olhei para o envelope. Ele estava carimbado; no entanto, as marcas
estavam muito apagadas para mostrar onde tinham sido escrito. Meu número
da prisão havia sido colocado na frente. A única coisa que faltava era um
endereço de remetente.

Quem diabos poderia ser?

Eu torturei centenas de prisioneiros e sempre me certificava de que eles


estavam mortos quando terminava.

Eu poderia ter perdido um?

Porra, poderia ser qualquer um.

Verifiquei a carta novamente, esperando que ela me desse uma dica. A


caligrafia era simples, letras maiúsculas finas que poderiam ter sido escritas
por um homem ou mulher.

Quem quer que fosse, sabia todas as coisas que eu amava.

A única coisa que deixou de fora era o sangue.

Coincidência?

Talvez.

Foda-se isso. Se me quisessem, eles saberiam onde me encontrar.

Rasguei a carta em pedaços e a coloquei no banheiro. Fiz o mesmo com


o envelope e mijei no papel flutuante.

Depois que dei descarga, fui até as grades e gritei: – Oi. – para chamar a
atenção do guarda.

Quando ele se virou, a sua mão desceu para arrumar suas bolas. – Que
porra você quer, prisioneiro?

Foi o mesmo guarda de ontem, aquele que me levou ao chuveiro e fodeu


a minha boca como se eu fosse um idiota.

Aquele cujas bolas eu queria debaixo da minha língua.


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– Preciso de um banho.

Ele olhou para o relógio. – Não é hora.

Esperei que ele olhasse para cima, e então, tirei a minha camisa e a
coloquei na cama de cobertores. Com os olhos em mim, enfiei o rosto entre o
espaço estreito das grades e comecei a lamber a porra da barra. Quando
cheguei a cerca de trinta centímetros para baixo, girei para o outro lado e
arrastei a minha língua para cima.

Eu precisava de algo na minha boca mesmo que fosse metal.

E sabia que ele queria algo em torno de seu pau, porque vi ele endurecer
dentro de suas calças, pressionando o zíper como se estivesse tentando sair.

– Acho que posso fazer uma exceção. – ele disse.

Enfiei o meu sabonete embaixo do meu braço e dei a ele minhas mãos
para algemar. Uma vez que elas estavam presas em meus pulsos, ele me
levou para o corredor escuro, e nós passamos pelos prisioneiros que estavam
alojados em minha ala. Havia apenas celas em um lado da passagem e um
muro de concreto no outro, então não pudemos ver os outros presos a menos
que estivéssemos sendo escoltados para algum lugar. Isso não nos impediu
de ouvir o que acontecia.

As fodas.

As torturas.

Os gritos.

Eu apenas me sentia em casa.

No final do corredor havia um banheiro de tamanho normal, exceto que


no interior havia apenas um chuveiro. Nenhuma banheira ou cortina, apenas
um cano que saia da parede e um ralo no meio do chão. Estava entupido de
pelos pretos curtos. Eu me perguntei de quantos sacos os pelos haviam caído.

Quando tomávamos banho, um guarda normalmente ficava parado na


porta entreaberta, para que pudesse ficar de olho em nós e no corredor. Mas,
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quando esse guarda queria que o seu pau fosse chupado, ele nos trancava lá
dentro.

Quando ouvi o clique do parafuso de metal, eu me virei para ele para me


soltar. Ele ligou o chuveiro, e então girou a chave entre as minhas mãos e as
libertou.

Larguei o sabonete e fiquei de joelhos.

Porra, eu gostava dessa parte. Meu coração batia com a antecipação de


seu pau deslizando para fora de suas calças.

– Você quer esse pau? – ele perguntou.

Eu concordei. – Sim.

Ele manteve o cinto, aquele que segurava o cassetete e a arma, e apenas


abriu o zíper da calça. Através da abertura, vi cuecas brancas. E, através
daquele buraco, houve um flash de pelo escuro antes de seu pau saltar.

Humm.

Ele não tinha o maior pau. Mas, onde faltava comprimento, compensava
em largura.

Ele agarrou a base, pegando a coroa até que pressionou na minha


bochecha. Ele esfregou em cima de uma, e quando passou pela minha boca,
eu lambi o pré-sêmen da ponta.

– Provoque-me... desse jeito. – ele ordenou. – Me faça querer essa porra


da sua boca. – ele circulou na minha outra bochecha, seguido por outra
lambida rápida da minha língua. – Continue bom e seja demais para mim. –
com a minha língua saindo da minha boca, ele balançou a ponta sobre o
centro, pingando mais do seu salgado pré-sêmen, até que ele gemeu. –
Chupe.

Com prazer, circulei sua cabeça. O cheiro de almíscar que recebi me


disse que ele estava perto do final de seu turno. Eu o provei em vários
estágios. Como geralmente não tinha escolha, não tinha preferência. Gostava
do seu pau de qualquer forma que ele desse para mim.
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Quando subi e desci na base do pau dele, o observei levantar a arma do
coldre. Ele destravou a trava de segurança e pressionou o cano para o lado da
minha testa. – Faça qualquer coisa estúpida, e vou puxar a porra do gatilho.

Esta não foi a primeira vez que ele apontou sua arma para mim.

E cada vez, eu gostava ainda mais.

E, a cada vez, isso me tornava mais duro por ele.

Eu passei a minha língua, descendo ela em seu pelo, circulando o seu


pau algumas vezes antes de levantar em direção a sua coroa. Precisando de
mais acesso, alcancei dentro de suas calças e segurei suas bolas, rolando-as
na minha mão.

– Sim. – ele gemeu. – Vá fundo.

Meu pau estava perfurando as calças baratas que eles nos faziam usar, e
o tecido arranhava minha ponta toda vez que meus quadris se moviam. Eu
estava perdendo minha cabeça. Tudo o que eu conseguia pensar era fazer o
seu pau gozar e como eu ia atingir a memória dele quando voltasse para a
minha cela.

Eu abaixei de novo e o meu cuspe fluía como um maldito rio em direção


à mão que segurava suas bolas. Eu usei para manter meus dedos apertados,
para que eles pudessem deslizar em torno de seu saco. E agora eu tinha um
ritmo, então eu chupava o máximo que podia. Ele gostava porque estava
berrando como uma cabra.

Minha mão livre foi para a base do seu pau e puxei essa parte enquanto
mantinha meus lábios focados em cima. Com a combinação de sucção e
sacudidas suficientes, ele endureceu ainda mais.

Meu gemido vibrou em seu pau.

– Foda-se isso. – ele disse enquanto se afastava até que o seu pau saiu da
minha boca. – Eu quero sua bunda.

Agora, essas eram as palavras que eu realmente amava.


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Quando me levantei, tirei as minhas calças e coloquei minhas mãos na
parede.

Ele se moveu atrás de mim e disse: – Abra suas pernas.

O cós da minha calça não me permitiu distanciar mais, então levantei


um pé e ampliei minha postura.

– Você já fez isso antes?

Eu sabia o que ele queria ouvir. – Não.

– Bom. Deve ser bom e apertado então.

Ele limpou a garganta e cuspiu, e assumi que foi na mão dele, para que
ele pudesse passar sobre seu pênis. Mas então o ouvi cuspir novamente, e
uma bala caiu no meu buraco. Aquele filho da puta tinha uma mira incrível.

Olhei por cima do meu ombro para ver porque estava demorando tanto.

Ele estava se acariciando enquanto olhava para minha bunda. Quando


nossos olhos finalmente se encontraram, ele disse: – Você quer que eu diga
que isso não vai doer?

Nós éramos da mesma altura, então não demorou muitas manobras para
seu pau se alinhar comigo.

– Não. – eu disse. – Quero que você me machuque.

Antes que eu tivesse a chance de engolir, ele enfiou seu pau inteiro em
mim e eu perdi o fôlego. Ele parecia maior do que foi na minha boca. Eu
sabia que isso era impossível; esse buraco estava mais apertado. Ele afastou
sua ponta e deu um soco para frente, suas bolas batendo contra a minha
bunda, e então ele fez de novo.

– Mais forte. – eu implorei.

Não doeu o suficiente.

Não me deu a satisfação que eu queria, e eu sabia que isso não me daria
o orgasmo que eu precisava.
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A única coisa que poderia fazer isso era sangue.

– Dê-me sua faca. – eu disse. – Sei que você tem uma no seu bolso.

– O que você quer com ela? – ele nem sequer diminuiu a velocidade
quando perguntou.

– Eu quero me cortar.

– O que?

Firmando-me com as solas dos meus pés, levantei minha manga para
mostrar-lhe o topo do meu ombro onde fiz os pequenos cortes. – Agora, dê
para mim.

– Você quer se cortar. – ele respirou. – enquanto estou na sua bunda.

– Dê para mim! – eu gritei.

Quando ele finalmente bateu a faca na minha mão, levei-a até a minha
boca e segurei o cabo de plástico entre meus dentes enquanto deslizei o
metal para fora. Uma vez que a lâmina foi totalmente estendida, segurei o
ponto mais afiado contra o meu bíceps e o arrastei sobre a minha pele. O
sangue borbulhou através do corte e começou a escorrer pelo meu braço e
lentamente no chão.

Porra, essa é uma visão linda.

Uma pequena poça começou a se formar e a olhei, concentrando-me na


vermelhidão enquanto ele estava dentro da minha bunda. Eu esperei por isso
- para o entorpecimento começar a se desintegrar, para o orgasmo se mover
pelo meu corpo.

Não foi nem perto.

Porque meu sangue não foi suficiente.

Eu precisava de mais.

Eu tirei a mão do guarda do meu quadril e trouxe para a minha frente, e


cortei a palma da mão dele.
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Ele puxou a mão e gritou: – Você é estúpido? – mas seu pênis não ia a
lugar nenhum; ficou enterrado e seus quadris continuaram a se mover em um
círculo rápido.

– É só um corte. – eu disse a ele.

– Você sabe quem diabos eu sou? E o que posso fazer com você?

Ele estava dentro da minha bunda. Cru. Eu tinha o direito de fazer o que
quisesse.

E eu não tinha intenção de parar.

Cheguei atrás de mim e peguei a mesma mão de antes. Esfreguei sobre a


minha, para que eu pudesse tirar todo o sangue que estava vazando. A
viscosidade quente cobria minha pele, e foi quando soube que tinha
conseguido o suficiente.

Eu o deixei gozar e imediatamente o pintei sobre o meu pau.

– Você é um filho da puta doente, sabe disso?

Eu não era doente.

Eu só tinha amor por sangue.

Agora, enquanto olhava para a pequena poça nos azulejos e para a


vermelhidão no meu pau, senti algo.

E foi tão bom pra caralho.

Envolvi minha mão em volta do meu pau e comecei a bombear.

Ele estava batendo em um ponto na minha bunda que podia sentir todo o
caminho no meu estômago, e com isso estava fazendo as minhas bolas
apertarem. Também estava dificultando a minha respiração. Apertei o meu
aperto e apertei em direção à ponta, como se eu estivesse torcendo a porra da
minha roupa na pia.
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Ele não me disse que estava perto de gozar. Poderia dizer pela maneira
como grunhiu e como a sua velocidade aumentou, quando as suas unhas
começaram a cravar em meus malditos quadris.

Eu fiquei ainda mais barulhento.

Puxei a minha mão mais rápido.

Eu soquei a parede com a mão livre e senti as pontas das minhas unhas
curtas começando a dobrar e quebrar.

Jesus, eu também estava perto.

Quando o senti se agitar com seu orgasmo e gemendo algo ininteligível,


eu apontei a minha ponta para a poça e me preparei para gozar.

Lá estava.

Meu orgasmo.

De repente, todas as terminações nervosas estavam abertas, e o meu


corpo estava compensando todos os anos que não tinha sido capaz de sentir.

Mal conseguia me manter de pé, mas tinha energia suficiente para firmar
a minha mira, e joguei quatro jatos de porra. Elas cobriram toda a largura do
sangue.

Eu não me sentia tão bem desde que estava na minha própria prisão.

Na manhã antes de toda a minha vida ter mudado.

– Se vista. – o guarda disse atrás de mim. Ele tirou o seu pau, e houve
um farfalhar de seu cinto, zíper e o barulho das últimas gotas de água quando
ele desligou o chuveiro.

Coloquei minha perna de volta dentro da minha calça e a levantei até a


minha cintura, e então me virei.

Ele estava verificando a sua mão, eventualmente, olhando para mim com
um brilho nos olhos. – Eu deveria mandar você para o buraco por isso e
tornar sua vida ainda mais miserável do que já é.
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– Quem iria chupar o seu pau, então?

Seus dentes se apertaram. – Você acha que é o único prisioneiro aqui


que chupa o meu pau?

Encolhi os ombros. – Não, mas sei que sou o melhor nisso.

Ele não disse nada e eu sabia que tinha ganhado.


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Huck
– Você ainda não me disse o que quer que eu faça por comida.

Ouvi a voz de Arin em minha cabeça enquanto abotoei minha camisa e


coloquei meus pés em um par de botas. Eu não mexi nos cadarços. Deixei-os
desamarrados, as botas frouxas nos tornozelos e enfiei a barra da calça jeans
nelas. Minha carteira entrou no meu bolso de trás e segui pelo corredor até o
quarto dela.

Era hora de responder sua pergunta.

Quando estava prestes a bater em sua porta, a do banheiro de hóspedes


se abriu e ela saiu, vestindo apenas uma toalha.

– Huck, oi. Eu...

Gotas de água do cabelo dela desciam lentamente pelo peito. Eu me


perguntava como elas pareceriam se eu as lambesse de sua pele. Se a minha
língua a faria gemer ou se ficaria apavorada com isso.

– Se vista. – eu disse a ela. – Vou esperar por você aqui.

Ela entrou em seu quarto e disse: – Vou ser rápida. – antes de fechar a
porta.
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Lawan conseguiu que ela comesse um pouco de pão esta manhã e dois
ovos cozidos. Isso foi um progresso. Mas ainda estava magra demais. Pelo
menos os hematomas estavam clareando e os cortes estavam completamente
cicatrizados. Outra semana, e eu teria a sensação de que ela quase voltaria ao
normal.

Fiquei tentado a pegar meu celular e ligar o monitor ao vivo de seu


quarto, para que pudesse ver a toalha cair de seu corpo. Imaginando que,
talvez, enquanto deslizava a calcinha, ela olharia rapidamente para a cobra
na parede. E talvez, sua vagina molhasse de novo ao pensar tocando-a nela.

Meu pau ficaria tão duro com isso.

Porra.

Não fui capaz de tirar essa imagem da minha mente ou a expressão em


seu rosto enquanto ela olhava para a minha piscina com as cobras. Eu nem
precisei ligar as câmeras do quarto dela para lembrar os detalhes do seu
corpo. Eu observei cada curva, cada maldita sarda sempre que fechava meus
olhos. Era aquele corpo que eu pensava quando saí no chuveiro, depois que
saí do quarto ontem à noite e de novo esta manhã.

Havia mulheres que eu poderia ter chamado, que teriam sugado o


esperma para fora de mim e engolido cada gota. Mas todas esperavam mais -
cafés da manhã, uma ligação no final do dia e jantares nos fins de
semanas. Nenhuma delas conseguiam lidar com o meu trabalho, e eu não
estava em uma posição onde queria lidar com o ciúme delas.

Por enquanto, a minha mão, um pouco de sabão e água quente


funcionariam muito bem.

– Estou pronta. – disse Arin quando entrou pela porta.

Ela estava vestida com um jeans e uma blusa preta. As alças do sutiã
vermelho não estavam escondidas sobre os ombros. Eu me perguntei se ela
usava uma calcinha combinando. Essa era uma boa cor nela. Sexy. Uma
textura que parecia tão suave quanto a pele dela.

Meu pau já estava começando a ficar duro.


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Tive que parar de pensar disso, então olhei dentro do quarto dela. Ela
pendurou a toalha por cima da porta do armário. Sua cama estava feita e
pijama dobrado. Ela até abriu as cortinas da janela.

Ela estava arrumada, mais limpa do que qualquer outra garota que eu
comprei. E ela respeitou o meu lugar e as coisas que a deixei usar.

Eu gostava disso nela.

Eu a conduzi até a escada e, quando ela parou no primeiro degrau, eu


disse: – Acha que consegue aguentar? – quando ela não respondeu
imediatamente, as minhas mãos foram até sua cintura. – Ou posso carregar
você.

Ela respirou fundo e seu corpo ficou tenso. Eu tinha certeza de que a sua
resposta tinha algo a ver com o nervosismo de descer as escadas. Eu também
sabia que era em parte devido às minhas mãos e quanto perto o meu corpo
estava do dela.

– Arin.

Ela virou-se a meio caminho com os seus membros ainda tensos, mas
com a sua respiração extra profunda.

– Você consegue fazer isso. Não vou deixar você ir.

Ela olhou para os meus dedos e não disse nada.

– Não vou te machucar.

Ela lentamente olhou para cima, com os seus olhos indo direto para a
minha boca e com as suas pupilas dilatando. Algo sobre meus lábios a estava
deixando corada. Eu me perguntei se ela estava pensando em como eles
pareceriam se estivessem beijando seu corpo inteiro.

Com o olhar dela ainda em mim, aproveitei a oportunidade para me


inclinar, posicionando a minha boca junto ao ouvido dela. – Você quer que
eu pare de tocar em você?
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Jesus, ela cheirava tão bem pra caralho. Não como as garotas no andar
debaixo quando passavam por mim, e quase podia sentir o gosto do perfume
delas. O cheiro de Arin era sutil. Mel e lavanda. Gostei disso também
nela. Talvez muito mais do que deveria.

– Você me assusta.

Eu me afastei para poder olhar nos olhos dela. – Porque? Eu te disse que
não ia te machucar.

Seu olhar se moveu ao redor do meu rosto, como se estivesse me


acolhendo. – Porque, se você continuar a me tocar, sei que, dentro de um
minuto, minhas roupas serão arrancadas e jogadas por todo o chão deste
corredor.

– Arin...

– E não vou querer dizer para você parar.

Não a teria nua a menos que soubesse que era o que ela queria. Mas
então, tudo o que ela teria que fazer era me dar uma ordem com uma única
palavra, e suas roupas estariam no chão. Rasgadas.

– Diga alguma coisa, Huck.

Quando olhei para o corpo dela, estava coberto de arrepios. Do pescoço


até os ombros e até as mãos.

Meu pau estava esfregando contra o zíper da minha calça jeans e


desejando que a maldita coisa se abrisse.

Estar tão perto dela não era seguro, e provavelmente não era tão
inteligente assim.

– Ande pelas escadas. – eu pedi.

Eu a senti tensa, e afrouxei o meu aperto quando soube que ela poderia
querer ficar sozinha. Quando tentei me afastar completamente, ela apertou o
meu polegar.
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– Fique. Vou precisar de você.

Podia sentir a dor em seu corpo quando deu o seu primeiro passo. Estava
em seu rosto e no som de sua respiração também. Só piorou quando ela foi
para o segundo passo. No terceiro, eu queria puxá-la em meus braços e
carregá-la o resto do caminho.

Sua palma estava suando. Seus dedos estavam tremendo.

– Você está indo bem. – eu disse no sexto passo.

Ela já havia feito isso mais do que eu esperava.

– Eu me sinto como uma criança aprendendo a andar de novo, toda


fraca, desajeitada e desamparada.

– Seu corpo acabou de passar por um grande trauma. Não seja tão dura
consigo mesmo.

Ela estava lutando contra as lágrimas. – Huck, eu costumava correr dez


quilômetros por dia. Agora, não posso nem descer alguns degraus sem me
preocupar que vou perder o controle e cair neles.

Segurei a mão dela com mais força. – Você não vai. Estou bem aqui. Em
uma semana, você estará correndo de novo, acredite em mim.

Ela balançou a cabeça e as lágrimas começaram a cair. – Você sabe


como é difícil pedir ajuda? Fiz tudo sozinha toda a minha vida. Eu não posso
fazer essas coisas pequenas e isso me mata.

Não fiquei surpreso que ela se sentisse assim. Ou ouvi-la dizer isso. Sem
ninguém de casa para ligar, eu assumi que ela era independente, certamente
não do tipo de pedir nada, a menos que ela realmente precisasse.

Mas, enquanto ela estava aqui, ela me tinha. Eu não iria expulsá-la a
menos que me desse uma razão. Ainda assim, isso não significava que eu
queria que ela ficasse para sempre. Isso seria apenas perigoso.

Mesmo que o perigo dela fosse sexy pra caralho.


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– Vai ficar mais fácil a cada dia. – eu disse a ela. – Você já está muito
mais forte do que quando chegou aqui.

– Mas como você sabe disso?

Ela soltou a minha mão e apertou os dedos dela ao redor do


corrimão. Quando tentou dar outro passo, ela perdeu o equilíbrio e eu a
peguei em meus braços. Nossos rostos estavam ainda mais próximos agora.

– Como sabe que vou me curar e que não vai ser assim para sempre?

Com um braço ainda ao redor dela, segurei sua bochecha, para que ela
não pudesse se virar e enxuguei a umidade dela. – Porque já vi meninas
passarem pela mesma coisa. A maioria delas estava em pior forma do que
você. Uma tinha uma perna que estava tão danificada que pensamos que teria
que ser amputada. Outra não podia se sentar de todas as coisas que aqueles
homens tinham empurrado na boceta dela. Contrariado, respirei através da
raiva. – Eu já vi de tudo, Arin. E quase todas se curaram. Você também vai.

A tensão no corpo dela pareceu suavizar um pouco.

– Elas ficaram no mesmo quarto que eu?

– Não.

Essas garotas eram diferentes. Elas haviam sido compradas e Arin


não. Eu as colocava no segundo andar do meu prédio, não dentro do meu
apartamento. O quarto que eu construí para elas foi projetado para ajudá-las
a se curar. Mas, uma vez que me aposentei do jogo, aquele quarto tinha sido
esvaziado e agora o bordel o usava. Essa foi a razão pela qual a Arin estava
lá em cima comigo.

– Por que não? – ela perguntou. – O que aconteceu com elas?

– Não importa.

– Importa, porque quero saber mais sobre você. Você disse que não vai
me machucar, mas como posso ter certeza disso? Como sei que você não vai
entrar enquanto eu estiver dormindo e me dar as mesmas coisas que aqueles
bastardos em Mumbai me deram? Há momentos em que eu acho que posso
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realmente confiar em você e momentos como agora… – ela parou, e suas
lágrimas também. – Momentos em que não sei se posso confiar em mim
mesmo.

Ela não deveria confiar em mim. Não um homem que queria enfiar seu
pau em todos os buracos de seu corpo. Que a assistiu através de uma câmera,
enquanto ela se masturbava e se alimentou com o som dos gemidos
dela. Quem drenou seu esperma enquanto pensava em como seria bom estar
gozando dentro dela.

Mas eu nunca lhe daria drogas. Eu nunca tiraria vantagem dela. Eu tenho
certeza que nunca vou estuprá-la.

Eu também nunca contaria a ela sobre nenhuma das outras garotas.

Falar sobre elas significava que eu teria que discutir com o Jack.

E eu não podia.

Meus punhos se fecharam quando a faca começou a pressionar no fundo


da minha garganta. A ponta era tão afiada que tentou me impedir de respirar
fundo. A lâmina não se limitou a entrar; moveu-se em círculo, triturando os
músculos, causando a maior quantidade de dor.

– Huck?

Tê-la aqui só fez a facada ainda pior porque me fez pensar nela mais do
que o habitual. Raiva, ressentimento e culpa pulsavam através de mim.

Eu tenho que afastá-la antes de explodir.

– Fique aqui. – eu disse a ela. – Vou pedir para a Lawan vir te ajudar.

Quando me virei e subi uma escada, a mão de Arin agarrou a parte


inferior da minha camisa, e ela puxou de um ponto que ouvi um rasgo. – Não
vá embora.

Isso fez a faca espetar ainda mais forte.

– Solte-me. – eu disse.
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– Por que você sempre faz isso?

Olhei por cima do meu ombro. – O que? – a raiva estava borbulhando, e


eu senti meus dentes apertarem e meu lábio curvar.

– Fique em silêncio comigo e vá para dentro de seus pensamentos. Para


onde vai sua cabeça?

Ela encostou no corrimão e me encarou, sua outra mão agora alcançando


a minha. Eu não a impedi. Eu não tinha a mínima ideia do porquê. Mas o
aperto dela era tão leve que mal senti.

– Fale comigo.

Se eu não estivesse tão bravo, teria rido.

Ela queria que eu me abrisse, para lhe contar as coisas que vi, as coisas
que o Jack e eu tínhamos feito - um cara que significava mais para mim do
que qualquer outra pessoa neste mundo.

Foda-se isso.

– Solte-me, Arin.

– Você quer saber como vejo isso? O olhar que vem de você sempre que
se perde completamente em sua própria cabeça? Seus pensamentos são tão
densos e obscuros que você não tem certeza se conseguirá sair da escuridão?

Ela apertou com mais força e eu ainda não sentia.

– Sei porque a mesma coisa acontece comigo. Conheço esse lugar muito
bem. Sei como é. Eu o visitei muito antes de pisar em Mumbai.

Ela colocou minha mão em cima da dela. A observei olhando a tatuagem


na palma da minha mão. Eu a observei morder o lábio. Observei seus olhos
finalmente se encontrando com os meus novamente.

– Conte-me sobre o seu lugar, Huck, e eu vou falar sobre o meu.

Mais perguntas.
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Mais palavras exigidas de mim. Isso foi o que ela sempre quis. Outras
garotas pediam comida e queriam que as ajudasse a desintoxicar e protegê-
las, para que nunca mais fossem traficadas. Não a Arin.

Mas não tinha palavras para dar a ela. Não confiava em muitas pessoas,
e não era do tipo que mostrava a minha alma. Eu tinha muitos segredos para
isso.

Daqueles que eu nunca poderia contar a ela.

E, com o Jack desaparecido, eu nunca mais estaria falando sobre esses


segredos.

– O que você quer de mim, Arin?

– Qualquer coisa. – ela esfregou o dedo sobre a tatuagem. – Você tem


que me dar pelo menos um pouco de alguma coisa.

Eu nunca daria a ela o que ela estava pedindo.

No entanto, havia algo que ela poderia ter.

Algo que ferveu no meu peito tão forte e profundo quanto a raiva.

Soltar isso seria tão bom quanto tomar um gole da garrafa que guardei
na gaveta da minha escrivaninha.

Eu queria o alívio que o álcool poderia me dar. Eu queria mais quando o


meu olhar caiu nas tetas dela e a dureza dos seus mamilos cutucou sua fina
camisa.

Eu não lhe dei motivo para esperar.

Nenhum aviso.

Eu apenas estendi a mão e agarrei os lados do seu rosto, sabendo que eu


provavelmente estava pressionando seus hematomas e cortes, e machucando-
a mais do que ela já estava.

Eu não me importei.
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Minha necessidade era mais importante que sua dor.

– Hu...

Eu a interrompi com meus lábios, fazendo-a gemer o resto do meu nome


dentro da minha boca.

Agora, tudo em que conseguia me concentrar era como era o gosto


dela. Sua respiração era tão doce quanto o mel de sua pele, tão erótica quanto
a sugestão de lavanda.

Jesus, ela é tão deliciosa.

Eu a segurei com força, com a minha língua girando em torno da dela,


engolindo seu sabor para que eu pudesse saborear cada gota.

Ela não se contorceu. Não tentei me mover ou tirar as minhas mãos


dela. Ela nem se afastou de mim. Em vez disso, ela se empurrou em meu
peito, com seus mamilos esfregando em mim e meu pau duro pressionando
nela.

Eu precisava de mais.

Abaixei a mão até a cintura e pousei na bunda dela, apertando as suas


nádegas até que ela choramingou.

Ela era tão pequena, tão frágil e de manobrar do jeito que eu queria.

– Segure-se em mim. – eu pedi.

Quando as suas mãos agarraram meus ombros, a levantei e envolvi suas


pernas em volta de mim. Então, a carreguei pelas escadas restantes. Quando
chegamos ao topo, empurrei-a de volta para a parede e segurei-a ali com o
meu peso.

– O que você vai fazer comigo, Huck?

Seus olhos estavam arregalados. Famintos. E os seus lábios estavam um


pouco inchados.

Porra, havia tanta coisa que eu queria fazer com ela agora.
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Mas, eu não teria tempo para levá-la para um quarto. O que quer que
acontecesse aconteceria aqui e agora, neste corredor frio e escuro.
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Arin
Perguntei para o Huck o que ele ia fazer comigo, e ele ainda não tinha
respondido. Embora, ele realmente não precisava. O olhar em seu rosto me
disse tudo o que eu precisava saber. Ele queria me foder. E isso me
surpreendeu. Tudo isso aconteceu, o jeito que me levantou em seus braços,
como ele me segurou contra a parede e como ele me beijou.

Não esperava nada disso ou o quanto eu gostaria.

Mas, na verdade, nunca soube o que esperar dele. Ele era completamente
imprevisível. A única coisa que eu sabia com certeza eram os momentos em
que sua mente se afastava de mim. Aconteceu muitas vezes e eu reconheci o
comportamento, em parte porque a minha mente me fez fazer a mesma
coisa. Eu era apenas capaz de controlá-lo melhor que ele.

Enquanto continuava esperando por sua resposta, a chama em seus olhos


aumentou. E, lentamente, um sorriso se espalhou por seus lábios. Ainda não
largo - eu ainda não tinha visto um deles dele - mas o suficiente para me
encontrar sorrindo também.

– Até onde você vai me deixar ir? – ele perguntou.

Quando eu estava prestes a responder, ele me beijou novamente. Foi


mais forte que o último. Mais apaixonado, como se estivesse se impedindo
de me mostrar seu próprio conjunto de presas.
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Eu gostaria de não ter gostado.

Desejei que eu gostasse de suave e gentil.

Mas, ao invés disso, tudo o que o Huck estava me dando estava me


deixando molhada. Suas mãos me agarraram com tal força que cada pulsação
das pontas dos seus dedos me fez gemer. Eu queria me enterrar sob o corpo
dele, então o sentimento de sua força nunca me deixaria. E eu queria muito
mais de sua boca, do jeito que tinha gosto de cítrico, que era tão semelhante
ao perfume sexy de sua colônia.

Minha mente estava lutando com a minha boceta. Uma sabia que eu não
deveria deixar isso acontecer, a outra estava pulsando e só conseguia pensar
em Huck. Eu deveria ser mais forte que isso. Eu deveria saber melhor do que
nunca deixar ele me tocar.

– Arin. – ele gemeu em minha boca.

Sua mão subiu ao meu lado e parou logo abaixo da minha caixa torácica,
a ponta de seu polegar acariciando o meu mamilo sobre a minha camisa. Eu
queria que ele o beliscasse - e ele beliscou. Ele apertou o bico sensível, e
então ele puxou, exatamente como eu fiz quando me toquei.

Ele estava lendo perfeitamente o meu corpo.

E eu adorei.

– Diga-me. – ele sussurrou. Isso saiu como um gemido e correspondi


com um ainda mais alto.

Não conseguia esconder o jeito que ele me fazia sentir. Com seus lábios
nos meus, seus dedos no meu peito, seu pau pressionando a virilha do meu
jeans, seu peso ainda me segurando contra a parede, eu senti como se
pudesse explodir.

Virei meu rosto para longe apenas brevemente para tomar fôlego, e sua
boca foi para o meu pescoço, beijando e lambendo debaixo da minha orelha,
no meu queixo e em toda a minha garganta. Em certos pontos, ele beliscou
minha pele com os dentes.
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Minha visão ficou embaçada.

Eu não conseguia pensar direito.

Arrepios preencheram o resto do meu corpo.

– Diga-me. – ele repetiu.

Minhas mãos pressionaram no peito dele. Seus músculos eram tão duros,
suaves e tão gostosos. Eu caí um pouco mais e encontrei seu abdômen. Eles
flexionaram sob o meu toque, e eu nunca senti nada que definisse isso antes,
certamente não tão musculoso.

– Vá mais para baixo. – ele me encorajou.

Um cinto segurava seu jeans, mas havia espaço suficiente para meus
dedos deslizarem. Não estava mais do que um centímetro quando senti seu
pau. Era tão grande; esticou todo o caminho até o elástico de sua cueca
boxer. Meu polegar deslizou em sua ponta, espalhando uma gota de seu pré-
sêmen. Eu estava tão tentada a enfiar o dedo na boca e prová-lo.

– Diga-me que posso rasgar sua roupa. – ele disse.

Enquanto ele falava, seus lábios se moveram sobre minha garganta e sua
mão foi para minha bunda. Ao contrário de como ele a pegou mais cedo, ele
estava apertando-a com uma força que eu não senti dele antes.

Deus, aqueles dedos eram tão longos e bonitos. Eu só podia imaginar


como seria ter um deles dentro de mim.

Circulando.

Enfiando.

Eu queria isso.

Agora mesmo.

Endireitei meu pescoço para olhar o rosto do Huck e dizer a ele para me
levar até a cama mais próxima, mas quando meu olhar subiu por seu peito,
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dei uma olhada em sua tatuagem. Era a cauda da cobra. Enrolava-se ao redor
do fundo de sua clavícula e isso foi mais do que vi por sua camisa.

– Arin...

Nossos olhos se encontraram, a cobra ainda fazia parte da minha visão e,


de repente, tudo dentro de mim parou bruscamente.

Que porra eu estou fazendo?

Balancei a cabeça, tentando encontrar minha voz. Estava lá; Eu só tinha


que cavar fundo para encontrá-la.

– Diga-me que posso ter essa boceta. – ele alcançou minha bunda e
esfregou a minha entrada. – Que posso te foder contra esta parede. – ele foi
mais alto, tocando a parte do meu jeans que pressionava sobre o meu clitóris.

Era tão bom; Isso me tirou dos meus pensamentos novamente.

Meus quadris balançaram para frente e para trás, o calor e a luxúria


completamente tomando conta do meu corpo até que meu olhar se abaixou e
eu vi sua tatuagem novamente.

Eu tinha que fazer isso parar.

Seu toque.

O beijo dele.

As sensações que ele estava provocando dentro de mim.

Tudo isso.

Precisava da segurança do Huck. Sua hospedagem. Eu precisava fazer


alguns telefonemas.

E depois, eu precisava voltar para os Estados Unidos.

O sexo não poderia fazer parte desse plano.

Não poderia.
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– Huck…

Antes que eu tivesse a chance de dizer mais alguma coisa, minhas costas
estavam escorregando pela parede, e ele estava me colocando de pé. Suas
mãos deixaram meu corpo, mas não antes de tocarem meu rosto.

– É uma pena. – ele disse com o tom de sua voz me dizendo que leu
minha mente. – Você teria realmente gostado do jeito que eu comeria sua
boceta. – ele pegou no meu lábio inferior, puxando-o para baixo apenas um
pouco e com seus olhos se aproximando como se ele estivesse se impedindo
de mordê-lo.

Por que sua tatuagem tem que ser de uma cobra?

– Huck. – gritei quando ele se afastou de mim.

Ele não se virou. Nem olhou por cima do ombro. Ele continuou andando
até chegar ao final do corredor, e então, ouvi uma porta bater.

– Huck! – eu gritei de novo.

Não adiantou.

Ele se foi.

Eu esperei a noite toda para o Huck retornar. Eu não poderia ter dormido
mais do que algumas horas. Estava com muito medo de fechar os olhos com
medo de não ouvi-lo bater na porta. Eu percebi que era tudo que recebia dele,
e se eu perdesse o som, ele não voltaria.

Mas não houve uma batida ou giro da maçaneta.

Houve apenas silêncio.

E solidão.
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Na manhã seguinte, Lawan me visitou, trouxe comida e roupas, e
verificou se eu estava indo bem. Huck não parou depois dela ou daquela
tarde ou noite. E ele também não veio no dia seguinte.

Este foi o mais longo que eu passei sem vê-lo.

Eu odiei isso.

No terceiro dia ainda sem o Huck, Lawan entrou enquanto eu estava


fazendo um pouco de ioga no chão, tentando fazer com que meu corpo se
sentisse normal novamente e reabilitado. Ela estava segurando roupas
parecidas com roupas de enfermagem, do mesmo tipo que vi o ajudante
vestir no andar de baixo.

– Hora de trabalhar, Arin.– ela disse.

Levantei da minha pose e peguei as roupas dela, desdobrando-as no ar


para verificar seu tamanho. Sabia que elas serviriam. – Vou estar ajudando as
meninas?

Ela balançou a cabeça. – Não. Eu. Eu te dou tarefas; você as completa.

– Então, eu não vou estar com os homens?

Só porque eu tinha estado fora dos limites há alguns dias não significava
que ainda se aplicava. O que aconteceu no corredor poderia facilmente ter
feito o Huck mudar de ideia.

– Não. O Senhor quer você comigo. – ela também estava segurando um


par de tênis, que colocou no chão na minha frente. – Troque as suas
roupas. Vou esperar do lado de fora.

Assim que ela saiu do quarto, tirei o pijama que estava usando e
coloquei o avental. Havia um par de meias dentro do tênis, então coloquei as
meias primeiro, depois amarrei os cadarços. A roupa era confortável, não
restringindo nada, um tecido mais macio do que usei o tempo todo em que
estive aqui. Também não era lisonjeiro. Eu me perguntei se o Huck tinha
feito isso de propósito, já que ele poderia ter feito a Lawan me vestir para
qualquer coisa.
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Peguei meu celular no caminho e a encontrei no corredor.

– O elevador fica no andar seguinte. – ela disse enquanto caminhávamos


para as escadas. – Você só tem que descer no andar debaixo.

Huck nunca mencionou isso. Não que ele precisasse. Nem sequer
cheguei à sétima escada. Se eu tivesse ido mais longe, tinha certeza de que
ele teria me levado ao elevador. Todas as outras vezes que estive na escada,
ele me carregou. Eu não fiquei surpresa com isso. Com seu tipo de músculo,
ele não parecia o tipo que pegava o elevador com frequência.

Mas agora, ele não estava em lugar nenhum. Era só a Lawan e eu e um


monte de escadas para descer.

Ela segurou meu braço enquanto eu avançava a ponta do meu tênis até o
final do primeiro degrau. Foi devagar, mas tinha um pouco mais de energia
do que a última vez que tentei. Lawan ficou ao meu lado, me segurando para
me apoiar, me encorajando toda vez que eu levantava meu pé. Se eu caísse,
não havia como ela me pegar. Ela era tão pequena quanto eu, talvez ainda
menor, e ela não parecia tão forte assim.

Não importava. Não precisava da força dela, estava determinada a


descer esses passos, a cercar as pessoas e fazer o meu trabalho porque não
aguentava mais um segundo de solidão.

E eu fiz.

Eu fiz isso.

Dentro do elevador, respirei fundo e pressionei minhas costas na parede


enquanto agradecia ao meu corpo por não ceder. Eu estava melhorando, o
que significava que o meu tempo em Banguecoque estava chegando ao fim.

– Apenas algumas horas hoje. – ela disse quando a porta se abriu para o
primeiro andar. Nós saímos, indo para o corredor. – Mais amanhã.

Eu a segui até o quarto onde o Huck me trouxe para ver seu o poço de
cobras. Mais uma vez, não consegui tirar os olhos dele nem da cobra que
estava tomando sol no fundo, perto das plantas. Parecia muito com a imagem
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que estava pendurada no meu quarto. Seus olhos me disseram que era
imprevisível e astuta.

Assim como o Huck.

– Sente-se aqui. – Lawan disse, desviando minha atenção para longe do


poço.

Ela apontou para um banco que ficava perto das mesas de maquiagem,
não longe do banheiro, e eu caminhei até lá. Ao lado do banco, ela colocou
duas cestas - uma que estava cheia de toalhas recém-lavadas, o cheiro me
lembrando de casa, e um segundo que estava vazio.

– Dobre. Vou te dar mais quando você terminar.

Ela saiu do quarto e eu tirei uma toalha da cesta, coloquei no meu colo e
continuei a dobrá-la até que fosse um retângulo perfeito. Depois, coloquei na
outra cesta e repeti todo o processo.

Havia um punhado de garotas no quarto comigo. Observei quando elas


entraram para ficarem prontas. Algumas foram embora quando todas
estavam prontas, e outras pareciam estar no intervalo. Não conseguia
entender nada do que diziam, mas elas sorriram para mim e acenaram com a
cabeça em minha direção. Correspondi o gesto, desejando poder me
comunicar com elas. Queria fazer perguntas sobre o Huck - se ele as salvou
ou comprou, se elas moraram no meu quarto em algum momento.

– Mais. – Lawan disse, tirando-me dos meus pensamentos enquanto ela


colocava mais duas cestas na minha frente. – Quando você terminar, vou
levá-la para fora.

Eu não estava lá fora desde que cheguei ao bordel. Eu nem tinha aberto
as janelas para sentir o cheiro do ar. Ainda assim, via o sol todas as
manhãs. Eu ficava ao lado da janela e sentia na minha pele. E, quando fechei
os olhos, voltava para casa, no parque onde sempre tomava meu café.

Eu me perguntei se a vida seria a mesma quando voltasse para ela.

Eu ficaria satisfeita com o normal que tinha em casa, ou depois de tudo


o que aconteceu, eu precisaria de algo mais?
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Sentei-me atrás do bordel em um local perto de onde a Lawan me


encontrou na noite em que cheguei aqui. Minha pele estava quente e um
pouco vermelha. As pontas do meu cabelo estavam enroladas pela
umidade. Havia um pouquinho de suor na parte inferior das costas. A vista
não era bonita. Eu estava olhando para a parte de trás de vários prédios, e
não havia ninguém aqui para conversar, mas o ar e o sol ainda eram ótimos.

Durou cerca de trinta minutos antes de eu ficar cansada demais para


ficar lá fora por mais tempo. Os músculos do meu abdômen estavam me
incomodando e eu sabia que precisava me deitar.

Mandei uma mensagem para a Lawan dizendo que estava pronta e ela
me levou de volta ao elevador. Subimos juntas, e então ela me acompanhou
até a ponta da escada.

Cruzei meus braços sobre o estômago e olhei para cada um. Havia
tantos. Eles precisariam de muito mais energia, pois era mais difícil do que
os debaixo.

– Eu não sei – minha voz interrompeu quando vi que a Lawan tinha ido
embora.

Ela estava de pé atrás de mim, e eu estava tão focada na escalada que


nem a tinha ouvido sair.

Porra, Lawan.

Como ela poderia ter feito isso comigo? Abandonar-me quando ela
sabia a forma em que eu estava?

Eu não sabia se poderia subir as escadas. Tudo que sabia era que tinha
que pelo menos tentar.

Eu não queria, mas também não queria dormir no último degrau. Eu


precisava de uma cama macia e, em breve, precisaria de um banheiro.
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Envolvi minha mão ao redor do corrimão e levantei meu pé. Oh Deus,
isso matou meu estômago. Os músculos lá no fundo pareciam que eu estava
colocando-os em um moedor de carne. E eu nem sequer tinha os dois pés no
degrau. Eu só tinha um. Quando levantei o meu outro pé, um par de mãos
agarrou a minha cintura atrás de mim e um par de lábios pressionou logo
abaixo da minha orelha.

Eu suspirei.

– Estou aqui. – Huck disse.

– Huck... – isso saiu como um sussurro quando o alívio inundou-me ao


ponto em que quase quis chorar.

– Você realmente pensou que iria deixar você?

Os bigodes de sua barba encostaram em mim. Eles eram ásperos na


minha pele, e eu gostei.

– Eu... eu não sei.

Seus braços pareciam tão bons ao meu redor. Seus dedos se espalharam,
cobrindo meus lados e parte do meu umbigo. Ele estava quente, como o sol
tinha sido, e eu só queria fechar meus olhos e cair sobre ele.

– Você nunca voltou para o meu quarto. Faz dias desde que vi você.

O rosto dele abaixou no meu pescoço, e ele me respirou. – Você queria


que eu viesse até você?

Meus olhos se fecharam por conta própria. – Sim.

– O que a fez mudar de idéia?

Senti falta dele. Mais do que estava disposta a admitir para mim mesma.

E todo o meu corpo estava formigando com o seu retorno.

Mas o que mudou?

Talvez, fossem os formigamentos que queriam seu toque.


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Talvez fosse a solidão que cobiçava sua voz.

Tudo que eu sabia era que queria esse homem.

– Tempo. – respondi. – Era o que eu precisava, e você deu para mim.

Ele lentamente me virou em direção a ele, então o movimento não


causou qualquer dor, e os meus olhos se abriram.

– Diga-me o que você quer, Arin.

Peguei seu rosto com a minha mão pressionando sua bochecha, com um
dedo abaixando até que acariciou seus lábios. Eles estavam tão inchados e
um pouco molhados dele só lambendo eles. Eu sabia que não deveria tocá-
lo. Eu sabia que não deveria estar gostando.

Mas eu estava.

Eu queria mais.

– Sua boca. – eu disse a ele.

Nem mesmo um segundo se passou antes que ele me desse.


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Garoto

Antes...
Sou o mais quieto da escola. Observo mais do que
falo. Não estou apenas observando; Estou prestando
atenção. Então, pego as coisas que a maioria das pessoas não
entendem. Quem fala sem parar definitivamente não vê tudo
o que faço. Eles também me incomodam, mas isso é
irrelevante. Por causa da minha quietude, algumas crianças
me chamam de idiota. Até mesmo alguns professores
disseram isso para mim.
Meu silêncio os deixam nervosos, acho.
Porque não sou idiota.
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Eu sei disso.
Mas então, por que não consigo entender a sua última
carta?
Você disse que tudo o que tinha que fazer era sequestrar a
minha mãe antes que alguém a encontrasse. Então, você
sequestrou, e deu a ela um presente, que era eu. Então, o que
aconteceu com o bebê que já estava em sua barriga, o que você
disse que era o filho do Beard? Aquele que não podia ser eu,
porque sou o seu filho.
Eu tenho um irmão ou uma irmã que não conheço?
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Shank

Antes...
Com cada carta que o garoto mandou, soube que ele tinha mais coisas
em comum comigo do que ele provavelmente imaginou. Como eu também
tinha sido a pessoa quieta da escola. Que eu tinha sido chamado de muitos
nomes, estúpido era um. Aqueles anos na juventude foram os mais
barulhentos, porque tinha tido o mínimo de conversa. Eles também foram os
mais fortes porque foi quando aprendi a ler as pessoas. Analisava suas
linguagens corporais, os pequenos sinais que me mostravam seus humores e
se eles estavam mentindo.

Eu os chamei de meus anos de pesquisa.

Então, eu abri a prisão e usei essas habilidades enquanto torturava.

Agora eu era um maldito especialista.

Se eu pudesse sair desse lugar, ensinaria ao garoto tudo que eu


sabia. Mesmo que ele não quisesse entrar no negócio, eu ainda mostraria a
ele como identificar um mentiroso. Ele deveria ter essa habilidade se não
tivesse herdado isso de mim. Porra, todo mundo deveria.

Fazia apenas duas semanas desde que lhe enviei minha última carta. Eu
não esperava que ele respondesse tão rápido.
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Isso era outra coisa que tínhamos em comum.

Persistência.

E isso me fez sorrir.

Como expliquei na minha última carta, sua mãe estava em um pequeno


apartamento na costa leste. A prisão estava lotada naquela época, então não
consegui falar com ela por alguns meses. Mas, quando finalmente cheguei lá,
encontrei o apartamento dela, e eu a vigiei por alguns dias para aprender seus
hábitos. Ela trancava a porta quando tirava o lixo, só saía de casa durante o
dia e sempre usava boné e óculos de sol grandes, mesmo quando estava
nublado. Não falava com ninguém do lado de fora - nem um vizinho,
ninguém na mercearia, nem mesmo o morador de rua que lhe pedia esmola.

Não que tivesse passado muito tempo desde que ela fingiu sua morte,
então eu suspeitava que essa fosse sua maneira de manter um perfil discreto.

Na terceira noite da minha visita, abri a fechadura da porta dos fundos e


contornei o alarme de segurança. Então, fui até o quarto dela. Enquanto ela
dormia, injetei no pé dela um sedativo. A quantia que dei a ela não iria
colocá-la para dormir, embora isso fosse o que já estava fazendo. Também
não a deixaria inconsciente. Era apenas o suficiente para ela estar
completamente relaxada e muito complacente.

Do jeito que eu precisava que ela ficasse.

A picada da agulha a acordou, e ela gritou: – Que porra é isso? – seu


cabelo estava todo bagunçado de dormir, e sua expressão combinava com
isso.

Em poucos segundos, a droga entrou em ação. Seus olhos ficaram


menos aterrorizados, sua voz baixa e arrastada, sua boca ficou mole quando
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ela perdeu um pouco de controle sobre ela. Apenas no caso de não mantê-la
assim, prendi as mãos na cabeceira da cama.

– Não sou do Achurdy. – eu disse a ela.

Como ela nunca tinha visto meu rosto antes, presumi que ela pensasse
que eu fazia parte dessa organização. Que a Mina, a mulher que estava
encarregada de todas as garotas do Achurdy, percebeu que Tyler ainda estava
viva e me mandou aqui para matá-la.

Eu fiquei ao lado da cama e olhei para ela. – Você deveria desejar que
eu fosse eles... – coloquei meu rosto diretamente sobre o dela e segurei seu
nariz entre meus dentes. Mordi com força suficiente até sentir a pele começar
a se romper, e então, me afastei. Se eu provasse o seu sangue, ela não
sobreviveria a noite. – Porque eu sou muito pior do que eles.

Se ela não tivesse sido tão drogada, teria começado a chorar e implorar
por sua vida. Isso que odiava sobre os sedativos; eles tiravam quase toda a
emoção. Então, a Tyler não teve o tipo de reação que eu
gostava. Especialmente não do tipo que recebi dos meus prisioneiros.

Uma das minhas partes favoritas no processo de assassinato era quando


o prisioneiro acordava e via meu rosto, e eu dizia que ia fazer com eles. Suas
primeiras respostas eram tão bonitas. Tão animalescas. Apavorada. Histérica.

Eu não conseguiria isso de Tyler até que as drogas passassem.

– Quem... – ela indagou.

Eu soltei o nariz dela e ri. Sentei-me na cama, puxando o cobertor para


que eu pudesse colocar minha mão em sua barriga. Nas fotos, houve um
pequeno solavanco. Eu não podia sentir agora, enquanto esfregava a minha
mão em um círculo.

– O bebê de Jae está aqui.

– Não. – ela balançou a cabeça com força suficiente para que eu


soubesse que iria deixá-la tonta. – Ele se foi.
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Essa era outra coisa que eu odiava sobre as drogas. Às vezes fazia as
pessoas agirem como idiotas.

Apertei suas bochechas entre meus dedos. – O que você quer dizer com
isso?

Ela ficou imóvel. – Desapareceu. Poof. Tchau tchau.

– Você matou ele, caralho?

O barulho ofegante ficou preso em sua garganta, e ela arrastou. –


Nãooo. – ela levantou as pernas no ar e as moveu como se estivesse andando
de bicicleta. – Perdi ele.

Ela havia perdido o maldito bebê?

– Não acredito em você. – eu disse a ela, não soltando as suas


bochechas. Mesmo que minha voz não tenha aumentado, cuspi as palavras
em seu rosto.

Suas pernas finalmente pararam de se mover. – Na gaveta. – ela riu. –


Ao lado do forno microondas.

Eu me levantei da cama e fui para a cozinha. Quando encontrei a gaveta,


puxei o puxador, e ela saiu por completo, direto das dobradiças, e bateu no
chão. Dois pedaços de papel estavam em cima com um logotipo do hospital
impresso no canto. Foi um relatório detalhado do procedimento que havia
sido feito, com o trabalho de laboratório e os resultados do teste final.

Ela realmente perdeu a porra do bebê.

A data mostrava que tinha acontecido há quase dois meses, o que


aconteceu logo depois que o detetive tirou aquelas fotos dela.

Voltei para o quarto e sentei no mesmo lugar. Eu me inclinei, então, a


minha boca estava a centímetros acima da dela. – Você fez isso de
propósito? Colocou alguma coisa na sua boceta que matou esse bebê?

– Nãooo. – ela segurou a palavra por muito tempo. – Amava ele. Ele e o
bebê.
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Ela estava falando sobre o Beard.

Mas aquela vadia não o amava.

Se ela tivesse, ela não teria colocado sua vida em perigo, continuando a
sair com ele. Se o Achurdy tivesse descoberto o relacionamento deles, teriam
me contratado para matá-lo. Então, as coisas teriam ficado muito confusas
entre meu melhor amigo e um dos meus maiores clientes.

Tyler era uma prostituta egoísta.

– Foi tudo o que me restou. – ela virou a cabeça para o lado, e um pouco
de baba se formou em seu lábio inferior. – Agora nada.

Ela perdeu a única coisa que ela tinha de Beard. Eu tinha a sensação de
que ela iria querer substituí-lo por outra coisa. Possivelmente até a coisa real.

Foda-se isso.

Desde que entrou em sua vida, Beard não era a mesma pessoa. Eu
precisava que ele fosse o durão que ele era antes. Eu não tinha tempo para o
covarde que ele se transformou. Nós tínhamos um trabalho a fazer e nossos
clientes precisavam ficar felizes, então continuariam nos contratando.

Beard me ajudou a construir esta prisão.

Ele não ia ser o único a ser destruído.

Tyler tinha que morrer.

Mas eu não poderia fazer isso nesta cama ou em qualquer lugar desta
cidade. Prometi nunca mais matar nos Estados Unidos depois que matei a
mãe do Beard. Isso significava que eu tinha que levar a Tyler para a prisão, e
eu acabaria com a sua vida lá.

Peguei meu celular e digitei o número do celular de Diego. – Ouça-me. –


eu disse enquanto ele atendia. – Em alguns minutos, vou enviar um endereço
por texto para você. Quero que você conecte isso ao nosso sistema e encontre
o aeroporto mais próximo onde o nosso avião pode pousar. Agende o voo e
envie-me uma mensagem de texto sobre a hora de chegada do avião. Eu
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quero esta viagem fora dos registros - faça o registro e o tempo de voo
desaparecerem.

– Sem problema. – disse Diego. – É só isso?

Tyler estava fazendo bolhas com o cuspe dela. Se não me movesse para
outro lado do quarto, essas bolhas logo ficariam vermelho-escuras. Levantei-
me e andei até a janela.

– Eu preciso que você esvazie a cela doze e mantenha-a reservada para


mim. Quem quer que esteja lá, se livre dele. Não quero que o áudio ou o
vídeo apareça em nosso monitor, mas quero que tudo seja salvo em um
servidor separado. Manipule o nosso monitor para mostrar uma imagem
dupla de uma das outras celas, então não há uma cela faltando. Você
entendeu?

– Sim. Eu preciso saber?

Olhei na direção da Tyler. Sua posição fez com que as cordas se


esticassem ao redor de seus pulsos. Tinha certeza de que estavam deixando
uma marca. Uma marca que estava totalmente exposta. Exposta o suficiente
para quase causar sangue.

Foda-se.

– Não. – eu disse.

– Você precisa de mais alguma coisa?

Eu me virei para encarar a janela. – Quando eu estiver no barco,


exatamente a quinze minutos da nossa doca, vou mandar uma mensagem
para você. Se o Beard estiver na prisão, você terá muito tempo para levá-lo
para o andar de cima. Mantenha-o ocupado, alimente-o, faça o que tiver que
fazer, mas ele não pode estar lá embaixo.

– Ele está muito mal, cara. Toy está substituindo-o como guarda,
enquanto você está fora.
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Isso significava que o Beard estava drogado, como eu precisava que ele
estivesse.

– Diego, ele não pode estar na prisão quando eu chegar. Você me


entendeu?

– Sim, eu vou cuidar disso.

Diego nunca fez muitas perguntas. Fazia o que eu mandava fazer. Mais
pessoas deveriam ser como ele.

– Espere pela minha mensagem de texto. – eu disse e desliguei a ligação.

Voltei para o lado da Tyler. Desde que eu fui embora, uma poça de baba
se formou em seu travesseiro. Era muito menor do que as poças de sangue
que drenavam dos meus prisioneiros, mas era da mesma forma.

Quando eu matasse essa prostituta, iria me divertir tanto.

– Leve-me para o Beard.

Suspirei. – É isso que você quer?

– Uhumm.

Eu adorava quando estava certo.

Essa vadia definitivamente tinha que morrer.

A mensagem de texto do Diego chegou e disse que ele não conseguiria


levar os pilotos até a noite seguinte, então continuei injetando nela sedativos
durante toda a noite e no dia seguinte. Quando chegou a hora, eu a levei para
o aeroporto e injetei nela um coquetel diferente que a faria dormir durante o
voo. Assim que chegamos à Venezuela, eu a carreguei do avião e entrei em
nosso barco onde o Toy estava esperando. Quando estávamos a quinze
minutos da prisão, mandei uma mensagem para o Diego, lembrando que ele
precisava manter o Beard fora do porão. Ele respondeu imediatamente e me
disse que tudo estava definido.
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No cais, o Toy amarrou o barco e eu pendurei sua mãe no meu ombro e
a trouxe para a cela doze. Joguei-a no canto e ela acordou quando bateu no
chão. Eu não fui gentil. Não havia razão para isso. A morte viria se houvesse
hematomas na sua bunda ou não.

Eu poderia dizer que ela ainda estava grogue de sua última injeção, e eu
a observei lentamente rastejar até o vaso sanitário e se agarrar a ele com as
duas mãos.

– Onde estou?

Saí do quarto e fiquei na entrada. – Trouxe você para o meu playground.

Ela olhou ao redor da cela. – Seu o quê? – ela soltou o vaso sanitário
para esfregar o olho. – Isso parece mais uma prisão.

– Isto é. Eu só gosto de chamá-la de meu playground. – agarrei uma das


grades e deslizei a minha mão para cima e para baixo no metal. – Aqui, em
geral, não temos população. Nós só temos o corredor da morte. Não há
liberdade condicional. Não há datas de soltura. Quando você é enviado para
esta prisão, você morre aqui.

– Não. Não. Nããão.

Porra, eu amei o som dos seus gritos.

Ela inclinou o rosto sobre o vaso e vomitou. Ela não tinha nada em seu
corpo para vomitar. Nem mesmo cuspe saiu de seus lábios. Isso não a
impediu de tentar, seu rosto ficou vermelho e os lábios tão abertos quanto ela
podia fazê-los.

Quando ela finalmente olhou para mim, estava apoiando o rosto na


lateral do vaso. – Você disse que não fazia parte do Achurdy, então por que
estou aqui? Quem mais faria isso comigo?

– Eu.

Ela balançou a cabeça, como se estivesse me vendo pela primeira vez. –


Quem é você?
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– Eu sou a pessoa que vai matar você.

Eu andei até o meio da cela e me ajoelhei, para que ela pudesse ver
diretamente os meus olhos. Ela estava cheia de pânico e ansiedade, e eu amei
isso.

– Quando eu sair, quero que você fique quieta. Se você fizer um som,
sua morte será a tortura mais dolorosa e excruciante que eu já cometi. Eu não
vou me incomodar em enfiar uma faca no seu corpo. Isso é muito fácil, e não
te machucaria o suficiente. Eu vou te matar de dentro para fora. E você sabe
como vou entrar em você? Vou entrar pela sua boceta. Você me entendeu?

Ela acenou com a cabeça, e as lágrimas começaram a escorrer tão rápido


pelos seus olhos.

Mas eu tive o suficiente daquelas e dela babar.

Eu estava pronto para ver o maldito sangue dela.

Tranquei a cela atrás de mim e entrei no The Eyes - o quarto onde todos
os guardas ficavam quando estávamos de plantão, onde os monitores
mostravam a atividade em cada cela e nas três salas de operações. Diego
estava sentado na mesa e eu fui até ele para ver as telas que ele estava
olhando. Você tinha que encará-lo de perto, mas as imagens da cela doze
tinha sido substituída pela cela três. Beard nunca descobriria.

Diego fez tudo o que eu pedi.

Eu deixei minha mão no ombro dele e apertei. – Bom homem.

Quando olhei para baixo, vi o Demon no colo de Diego. Eu peguei o


pequeno filho da puta e coloquei-o apenas ao lado do meu pescoço. Eu senti
falta dele enquanto eu estava fora.

– Como está o Beard? – perguntei.

Diego se virou para mim. – Ele andou por aqui um pouquinho e eu o


levei de volta para o andar de cima. Suas palavras estavam todas arrastadas,
as pálpebras mal abertas. Ele se foi, cara.
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– Não será por muito mais tempo.

– Você tem um jeito de ajudá-lo?

Passei minha mão pelo o Demon e abaixei sua longa cauda. – Ainda
não. – eu precisava encontrar uma maneira de substituir a Tyler e dar a Beard
o que ele estava perdendo, para que pudéssemos tê-lo de volta. – Mas, eu
vou. – eu disse a ele.

Minha caneta bateu na parte inferior da folha, e quando fui buscar uma
em branco, percebi que estava sem papel. Ainda havia muita história para
contar, mas levaria pelo menos uma semana para conseguir mais folhas. Eu
teria que subornar um dos guardas com um boquete para ele me deixar entrar
na cela que estava a quatro portas de distância. Então, o preso que vivia lá
iria querer minha bunda em troca dos materiais. Ele não iria apenas me foder
uma vez. Ele iria querer o meu buraco de novo e de novo ao longo de um
período de vários dias.

Ah, foda-se.

Enfiei o que havia escrito em um envelope, lacrei e escrevi o endereço


do garoto na frente.

Ele só teria que esperar um pouco mais para ouvir o resto.


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Huck
Arin precisava de mim.

Ela mostrou por toda a maldita cara dela.

Agora, meus lábios estavam pressionados nos dela, e estavam sugando


todo o ar para fora de mim. Eu não conseguia o suficiente dela. Então, eu
envolvi suas pernas em volta da minha cintura e a carreguei para as escadas
enquanto tentava não quebrá-la com o meu aperto. Eu estava tão excitado.

Com o corpo dela em volta do meu, eu podia sentir o ar de Banguecoque


em sua pele. Eu podia sentir o cheiro salgado do suor dela. Eu suspeitava que
ela estivesse dolorida também. Um pouco de água quente e vapor relaxariam
seus músculos. Mas não queria que ela usasse seu último pouco de energia
ao ficar no chuveiro. Eu queria que ela fosse capaz de se sentar. O banheiro
de hóspedes não foi projetado para isso, mas o do meu quarto foi. Eu
construí um banco de pedra ao longo de um dos lados, então a levei lá e a
coloquei em cima dele.

– Por que estou aqui? – ela perguntou.

Eu me afastei dela e ela deu uma olhada rápida ao redor.

Recuei alguns passos em direção à porta do chuveiro e quase ri de como


ela estava vestida. Pedi a Lawan para colocá-la no maior avental que
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tínhamos, porque, se algum dos clientes a visse, eu queria que ficasse claro
que ela não estava à venda. Eu perderia a porra da minha mente se um deles
tentasse algo com ela, se eles respirassem perto dela. Mas, agora que eu
estava olhando para ela de frente, a roupa era tão grande que eu nem
conseguia ver o contorno do corpo dela. Ela não faria o pau de ninguém
levantar com isso.

– Então, você pode se sentar e tomar um banho. – eu disse a ela.

Ela olhou para o chuveiro de mão que estava no canto e o embutido no


teto acima. – Aonde você vai?

Sua boca era a única coisa que ela me deu. Se fosse sua boceta, eu teria
arrancado suas roupas com meus malditos dentes. Mas, por enquanto, era
mais seguro sair desse lugar.

– No lado de fora.

– Por quê?

– Porque, se eu ver você ficar nua, eu não serei capaz de me impedir de


tocar em você.

– Huck, eu não quero que você vá para fora. – sua voz sumiu quando ela
agarrou a parte inferior de sua camisa e levantou-a acima de seu umbigo e
seios e, finalmente, sobre a cabeça. – Eu quero que você me veja. – ela jogou
no canto do chuveiro e tirou o sutiã em seguida. Então, se inclinou sobre as
pernas, para que pudesse puxar as calças para baixo. Sua calcinha também
caiu, e ela chutou tudo para o canto junto com seus tênis.

Ela era linda pra caralho.

Seus cabelos bagunçados e escuros estavam em volta de seu rosto, e


aqueles olhos azuis estavam fixos em mim, silenciosamente me implorando
para fazê-la se sentir bem.

Ela não teve que implorar.

Meu pau já estava latejando.


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Minhas mãos estavam se contorcendo para sentir sua pele.

Eu olhei para baixo um pouco mais onde as tetas dela estavam no meio
do peito, com mamilos duros e esperando pelos meus dentes. Meu olhar caiu
novamente e eu gemi. Sua vagina era a coisa mais perfeita que eu já vi.

Sem pelo.

Firme.

Dois pequenos lábios cobrindo um clitóris fino.

Minha língua salivou quando pensei em lambê-la de sua bunda para sua
boceta.

Eu poderia ter olhado para sua boceta para sempre. Mas Arin estava no
meu banheiro, nua, esperando para ficar ainda mais molhada. Então, eu movi
o puxador e coloquei no quente. O jato saiu do teto e eu acionei um segundo
botão para o de mão ligar.

Quando o vapor começou a encher o lugar, ela lentamente se levantou


do banco e se moveu sob o jato do teto.

– Sente-se. – eu pedi.

Ela sorriu da maneira mais maliciosa enquanto passava as mãos sobre os


seios encharcados, virando-se de tal forma que as costas dela estavam agora
debaixo do jato. E então, ela se virou novamente, e as gotas escorreram pelo
rosto, desaparecendo quando chegaram à sua boceta. Seus olhos se
encontraram com os meus quando ela foi até o banco e sentou-se. – Você
pode me passar o xampu?

Ela estava em pé na frente do frasco. Não havia razão para ela não ter
conseguido pegá-lo.

– O que você quer, Arin?

Eu fiz essa pergunta tantas vezes.

Nunca pareceu ser fácil para ela responder.


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Até agora.

– Eu quero que você me dê banho. – ela disse.

– Eu teria que tocar em você.

– Eu sei.

Eu agarrei o topo da estrutura onde o metal encontrou o vidro e apertei o


filho da puta, como se estivesse me preparando para demonstrá-lo. – Diga-
me, Arin.

– Eu quero que você me toque. Por favor, Huck, não me faça esperar
mais um segundo.

Eu entrei no chuveiro, o jato do chuveiro batendo nas minhas roupas,


fazendo meu jeans ficar pesado, minha camisa grudada em mim, minhas
botas rangendo. Não me importava. Levantei o frasco de xampu da prateleira
e esguichei algum pouco em minhas mãos e as coloquei sobre a cabeça dela,
movendo meus dedos em círculos sobre o couro cabeludo. As bolhas e
espuma se espalharam por todos os fios.

Sua respiração mudou. Gemidos leves encheram meus ouvidos.

Porra, eu amei esses sons.

A umidade do meu jeans estava pesando no meu pau. Eu queria arrancá-


la, levantá-la até a cintura e afundar dentro dela. Mas ela não me deu
permissão para fazer isso ainda. Foi por isso que fiquei vestido - para me
impedir de fodê-la e manter meu pau longe dela.

Ela fechou os olhos quando inclinou a cabeça para trás e uma calma se
espalhou por seu rosto. Era o mesmo que parecia quando ela
dormia. Completamente em paz.

Eu a fiz sentir assim.

E eu queria que ficasse assim, para esvaziar sua mente de todos os seus
pensamentos. Para ela confiar em minhas mãos sempre que estivessem perto
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dela, porque eu nunca faria qualquer coisa que fizesse suas pálpebras se
abrirem.

– Huck. – ela gemeu.

Eu passei uma pequena quantidade de bolhas sobre a sua bochecha. –


Sim?

– Você parece tão incrível. Você está me deixando com sono.

– Então, adormeça.

Ela olhou para mim através de seus cílios. Eles eram longos e gotas de
água se agarravam a eles. – Eu não estou pronta para dormir. – ela pegou
uma das minhas mãos e segurou-a entre as suas. – Pelo menos, não até você
me dar banho.

Levantei o chuveiro de mão para enxaguar o cabelo e tirar o xampu dos


meus dedos. Quando todas as bolhas se foram, enchi as palmas das minhas
mãos com sabonete e esfreguei ambos os lados até ficarem completamente
cobertos. Então, comecei a massagear os ombros da Arin, usando a mesma
pressão que tinha em seu couro cabeludo. Eu girei através de cada músculo,
apertando no meu caminho por seus braços e sobre o peito até chegar aos
seios dela. Eu os segurei, passando pelas pontas de cada mamilo. Eles
estavam duros e a pele ao redor deles enrugada.

Sua boca estava aberta, os dentes à mostra, como se ela estivesse prestes
a rosnar.

Eu sabia que ela gostava de dor.

Eu sabia que ela gostou da surpresa ainda mais.

Então, soltei as tetas dela e passei os dedos pelo seu umbigo. Havia
pontos onde ela ainda estava machucada, mas todos os dias, eles estavam se
aproximando de uma cor normal. E, como ela não estremeceu ao tocá-los, eu
sabia que eles estavam começando a melhorar.

Uma vez que cheguei a sua boceta, eu não seria capaz de tirar minhas
mãos, então evitei ir até as pernas dela. Ajoelhei-me nos azulejos e passei
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pelo lado de fora das coxas, circulando em volta dos joelhos, acariciando as
panturrilhas e descendo até os pés. Até eles eram lindos. Eu pressionei meus
dedos no entre seus dedos e atrás de cada dedo do pé.

– Ah, meu Deus. – ela suspirou, segurando a beirada do banco com as


duas mãos, parecendo que estava se agarrando com cada força que ela não
tinha para escorregar.

Aos poucos, me levantei de novo, meus polegares indo primeiro


enquanto esfregava suas coxas. Suas pernas se separaram, e eu me movi
entre elas, olhando para o centro onde as duas dobras perfeitas abrigavam o
clitóris que eu queria lamber. Eu tive que me segurar para me inclinar para
frente e o chupar na minha boca.

Sua vagina era tudo que eu queria.

Tudo o que eu pensava sobre todas as noites desde que seu corpo ficou
frio no corredor, e eu sabia que ela mudou de idéia, então eu a deixei lá.

Mas, toda vez que eu a via se despir e olhar para a cobra e tocar sua
boceta, eu pensei sobre o gosto da sua boceta. E isso tinha sido diário porque
era com que frequência que ela se tocava desde o nosso último beijo.

– O que você quer, Huck?

Ela usou minhas palavras, mas elas não chamaram minha atenção. Eu
estava muito focado para olhar para o rosto dela.

Eu tinha visto tantas bocetas na minha vida - em fotos que eu costumava


anunciar no bordel, em monitores ao vivo, toda vez que eu passava pelo
museu quando uma garota mostrava a dela para um cliente, e então havia as
que eu tinha.

Nenhuma era tão sexy quanto a de Arin.

Eu queria saber como seria a sensação de deslizar minha língua sobre


cada lado de seu clitóris, como ela soaria quando eu mexesse no final, se ela
implorasse por meus dentes, meus dedos ou ambos.

– Eu quero provar você. – eu sussurrei.


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Ela colocou os pés na beirada do banco e dobrou os dedos em torno
dele. Então, ela moveu a bunda tão perto da beirada como ela poderia
conseguir. – Por favor, faça isso. – ela pediu.

Eu finalmente olhei em seus olhos. – Mais alto, Arin. Eu preciso ouvir


você implorar.

Minhas mãos estavam enquadrando sua boceta, criando o triângulo


perfeito em torno dela. Eles ainda estavam molhados e ensaboados e podiam
facilmente mergulhar e escorregar para dentro.

Mas ela não conseguiria nada até que eu conseguisse o que precisava
ouvir.

– Eu quero que você me prove. – ela gemeu. – Muito.

Lá estava.

A resposta que eu estava esperando.

Eu lambi meu lábio inferior enquanto meu olhar caía, absorvendo toda a
parte do corpo dela que eu ia comer. Quanto mais esperei, mais me
provocou. Minha boca ficou molhada por sua boceta. Meus dedos doíam
para saber como seria o interior dela.

Primeiro, eu precisava saber seu cheiro.

Eu enfiei meu nariz entre o buraco dela e a fenda, e eu inalei. O cheiro


de sabonete não foi o que me encheu. Arin era mais doce que isso. Isto era
como o mel que eu tinha cheirado nela antes e do bordô que eu tive durante
uma de minhas viagens ao Reino Unido.

Mantendo meu nariz contra ela, eu abri minha boca e lambi toda a borda
de sua boceta. Então, lentamente - tão lentamente - eu arrastei a ponta até o
topo de seus lábios e desci até sua bunda.

Hummm.

Seu gosto era tão bom quanto seu cheiro, como se eu tivesse despejado
açúcar no meio da minha língua.
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Eu queria esfregar todo o meu rosto em sua boceta só para que eu
pudesse manter seu perfume e seu sabor em mim. Então, eu poderia ter os
dois assim que saísse do chuveiro, quando chegasse a hora de estocar meu
pau e esvaziar todo o esperma dele.

– Huck. – ela engasgou quando desci e subi novamente, beliscando o


topo de seu clitóris. – Isso é tão bom. – sua mão pressionou no lado do meu
rosto, como se ela estivesse tentando me impedir de ir a qualquer lugar.

Ela não precisava se preocupar. Minha boca não estava saindo.

Cheguei atrás de mim para tirar o sabonete da minha mão. Uma vez que
foi tirado, eu dirigi dois dedos dentro da sua vagina. Ela estava tão
apertada. Tão molhada.

– Ah, meu Deus. – ela suspirou. – Isso é tão bom.

Havia uma diferença entre a água e a maciez dentro da boceta de uma


mulher. O que senti em Arin não era água. Ela estava excitada. E, enquanto
eu passava minha língua através daquela umidade, eu podia sentir o quanto
excitada ela estava.

Eu enfiei os dois dedos quando apontei minha língua sobre seu clitóris, e
comecei a movê-lo.

Comer foi para mim. O mover foi agora para ela.

Eu fui implacável.

E o orgasmo que ela estava prestes a ter seria para nós dois.

Dei-lhe um terceiro dedo, esticando os três e dobrando-os enquanto


empurravam para dentro e para fora. Minha língua não se moveu do topo de
seus lábios, mas minha velocidade e pressão aumentaram. Eu sabia que ela
estava perto quando seus quadris começaram a balançar no meu ritmo. Ela
estava gemendo, quase levemente gritando com todo o prazer. Ela apertou
meus dedos e soltou. Então, eu passei minha língua, cobrindo tudo dela, e me
movi em movimentos rápidos e fortes.
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Observei seu rosto quando seu orgasmo foi construído. Seus olhos se
fecharam, com seus lábios entreabertos. Sua pele ficou ruborizada e seu peito
arfava. Não foram apenas os sons dela que me disseram que ela estava
gozando. Foi o jeito que sua vagina se envolveu e pulsou em volta dos meus
dedos. Foi ela cobrindo a minha pele com uma umidade que era ainda mais
espessa do que antes. E foi assim que seu umbigo tremeu em espasmos
quando cada estremecimento percorreu seu corpo.

Quando ela finalmente parou, seus olhos se abriram e eu gentilmente


tirei meus dedos. Mas não movi meu rosto nem meus lábios. Eu os mantive
pressionados contra ela, pegando cada gota que caía e engolindo todos
elas. Seu perfume era ainda mais forte agora que ela gozou. E ainda mais
delicioso.

– Pronta para dormir? – perguntei, olhando para cima.

Suas pernas ainda estavam afastadas, os dedos dos pés curvados ao redor
da beirada, mas sua respiração finalmente estava sob controle. – E você?

– E quanto a mim?

– Não é a sua vez?

Ela foi para pegar meu pau, e eu peguei a mão dela e parei de me mover.

– Essa foi a minha vez, Arin.

Havia tantos lugares que eu queria enfiar meu pau. Virando-a ao redor,
colocando-a de joelhos, e deslizando-o diretamente em sua bunda, foi uma
delas.

Mas, agora, ela precisava de descanso.

– Espere aqui. – eu disse a ela.

Fui para fora do chuveiro, e sabendo que ela estava me observando


através do vidro, mantive minhas costas para ela e tirei minhas roupas. Nu,
peguei uma toalha e a envolvi em volta da minha cintura. Então, peguei uma
segunda e trouxe para a Arin.
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O que parecia choque encheu seus olhos. – Suas tatuagens. – ela disse.

Amarrei a toalha em volta dela e a levantei em meus braços. Assim que


cheguei no tapete do banheiro, coloquei os pés em cima e comecei a enxugá-
la. Seus olhos ficaram na minha tatuagem, que cobria quase todo o meu
tronco e costas.

– Você tem muitas delas. – ela continuou.

Ela viu aquelas em minhas mãos e os desenhos que apareciam na gola


da minha camisa. Ela não deveria estar surpresa que eu tivesse mais no meu
corpo.

– Eu não terminei. – eu disse a ela. – Minhas pernas serão as próximas.

– Uau. – ela disse quando a levantei novamente e levei-a para o quarto


dela.

Em vez de colocar qualquer roupa nela, eu a coloquei na cama e a


coloquei debaixo das cobertas. Eu a queria nua, então quando vi do meu
quarto, com seu cheiro no meu rosto e minha mão ao redor do meu pau, eu
pude ver seus mamilos cutucar o lençol e a escuridão onde sua boceta estava
embaixo.

– Boa noite, Arin. – assim que eu estava prestes a fechar a porta do


quarto, ouvi meu nome. Eu me virei e disse: – Sim?

– Nunca foi tão intenso antes. – os seus olhos caíram no meu peito. Ela
respirou fundo e levantou-os novamente.

Isso foi porque eu amava comer sua boceta. Porque eu queria viver entre
as pernas dela, ter sua boceta aberta sobre a minha boca e ter seu maldito
gosto fluindo continuamente pela minha garganta.

A maioria dos homens não eram como eu.

Eles não ansiavam como eu.

Minha mordida pode ser tão feroz quanto a de uma cobra, mas eu tinha
uma fraqueza.
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O sabor de uma boa boceta.

E da Arin era a melhor que eu tive.

– Espere até você conseguir meu pau. – eu disse.

Então, fechei a porta.


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Arin
Ontem à noite foi a melhor noite de sono que eu tive desde que cheguei
a Banguecoque. Meu corpo estava completamente relaxado. Mesmo a minha
mente não teve nenhum problema em se desligar, o que me surpreendeu
depois de tudo o que aconteceu com o Huck.

Eu dei a ele permissão para ter a minha boca, então sabia que ele ia
aceitar. Só não tinha pensado que seria tão bom ou que eu gostasse tanto.

Ou que os seus lábios estariam na minha boceta e a única coisa que ele
esperaria em troca era o meu orgasmo.

Eu tive um com ele.

E foi o mais intenso que já passou pelo meu corpo.

O que diabos eu estou fazendo?

Eu sabia que ia ceder no segundo em que ele me tocou na parte inferior


das escadas. Sabia o quanto era errado. Eu também sabia que não adiantava
lutar contra isso. Esse homem fez algo comigo que eu não estava
acostumada. Ele me fez sentir um desejo que eu não sabia que tinha. Ele não
tinha enfiado o seu pau em mim e me fodeu como um coelho. Ele me
saboreou. Ele tomou seu tempo.
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Duas outras bocas estavam no mesmo lugar antes. Nem uma me lambeu
com tanta ferocidade e com tanta necessidade de me fazer gozar.

Durante o meu tempo aqui, Huck e eu seríamos íntimos. E no segundo


em que saí de Banguecoque, tudo entre nós ia acabar.

Tinha que acabar.

Isso também significava que eu precisava escolher uma data de


retorno. Não poderia ficar aqui para sempre. Mas também não podia voltar
para casa sem a documentação apropriada.

Eu precisava trabalhar nisso.

Mas hoje eu tinha que trabalhar para o Huck. Eu saí da cama um pouco
mais cedo do que o normal para ter certeza de ter feito meu alongamento,
tomar um banho e pentear o cabelo. Lawan estava me esperando no meu
quarto quando saí do banheiro. Ela me entregou um novo avental que parecia
tão grande quanto o último. Eu o coloquei e amarrei meus tênis, e ela me
ajudou a descer as escadas. A dor começou a diminuir um pouco mais, e não
foi tão ruim quanto ontem. Meu saldo melhorou um pouco também.

Depois de pegar o elevador até o primeiro andar, ela me levou ao quarto


dos fundos e à penteadeira de cosméticos. – Encha. – ela apontou para atrás
para os frascos dos shampoos. – E isso. – então, ela me levou para um
cubículo que não estava longe de onde estávamos. Ela me entregou uma
chave. – Para destrancá-lo. Não a perca.

– Eu não vou.

– Quando você terminar, vai voltar para fora. Isso ajudará a construir a
sua força.

– Obrigada. – eu disse quando ela saiu do lugar.

Usei a chave para abrir o cubículo, que acabou por ser uma
despensa. Não tinha certeza se as garotas eram confiáveis, então toda vez que
eu pegava alguma coisa, eu trancava a porta atrás de mim, reabastecia o item,
e depois destrancava novamente para pegar a próxima coisa.
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Foi tedioso.

Foi muito melhor do que gastar tempo no meu quarto.

Estava na metade do caminho de reabastecer a penteadeira quando uma


garota se aproximou da pia ao meu lado e apoiou a mão em cima do pote de
cotonetes. Ela olhou para mim como se estivesse pedindo permissão para
tirar um.

– Vá em frente. – eu disse a ela. – Fique a vontade.

Fiquei surpreso quando ela disse: – Obrigada. – e eu ainda fiz uma nota
mental que eu provavelmente deveria usar gestos da próxima vez, se eu
pudesse.

– Você fala inglês?

Ela esfregou o cotonete abaixo de seus olhos, removendo um pouco da


maquiagem preta que havia borrado. – O suficiente para sobreviver. – ela
respondeu com um sorriso.

Peguei um saco de camisinhas do armário e comecei a enfiar os pacotes


de papel alumínio em um frasco de vidro. Havia frascos para tudo. – Por
quanto tempo você trabalha aqui?

Ela jogou o cotonete no lixo e pegou um frasco de spray de cabelo,


segurando suas raízes e espirrando-o até as pontas. Baseado no jeito que ela
parecia, eu suspeitava que ela acabou de terminar com um cliente.

– Dois anos, eu acho.

– Você é daqui?

– Sim. – ela olhou para mim e fez uma vez mais, e então sua atenção
voltou para seu cabelo. – Porque está aqui? Você é Americana. Você não
precisa estar aqui.

– Vou voltar para casa em breve.


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Ela arrancou algumas toalhas de papel e dobrou-as em um quadrado,
encharcando-as em água e depois cobrindo tudo com sabonete.

– Por que você trabalha aqui? – perguntei, esvaziando um saco de bolas


de algodão em um pote.

Huck tinha me dito para não fazer nenhuma pergunta a Lawan, mas ele
não disse nada sobre as garotas. Então, no que me dizia respeito, não havia
nada de errado em conversar com elas. Realmente, eu só queria entender
como tudo funcionava por aqui. Sabia que as garotas vieram da mesma
maneira que eu. Huck disse que elas estavam em pior forma do que eu.

Huck forçou-as a vender seu corpo? Essa garota tinha sido jogada nas
docas em um saco de estopa também?

– Precisa do dinheiro. – ela disse. – Este lugar tem muito, então trabalho
aqui.

Não havia razão para ela me contar a verdade, embora eu sentisse que
ela não estava mentindo.

– Você gosta daqui?

Ela colocou a toalha de papel debaixo da saia e começou a se limpar. Eu


não tinha certeza se deveria desviar o olhar. Ela não parecia consciente
disso. Quando outra garota entrou, ela não parou de se limpar e não tentou
esconder o que estava fazendo. Na verdade, ela molhou uma segunda toalha,
acrescentou mais sabonete e voltou para uma segunda limpeza.

– Tem que ter cuidado. – ela disse. – Preservativos dão infecções


vaginais.

Isso foi algo que eu nunca tive que me preocupar com qualquer um dos
trabalhos que eu tive.

Nós vivemos vidas tão diferentes. No entanto, ela sorriu enquanto se


esfregava, da mesma maneira que sorria quando usava um cotonete em seus
olhos. Ela foi completamente insensibilizada por este lugar ou ela estava
verdadeiramente feliz aqui.
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– Eu gosto daqui. – ela disse. – Trabalhei em outros lugares - não foi
bom. O Chefe era malvado. Muito abusivo. Huck não é nada disso. Ele cuida
de nós.

Com base nesse quarto e nas coisas que eu estava reabastecendo, não
fiquei surpresa em ouvir isso.

– Você é casada? – perguntei.

Eu não podia dizer a idade dela. Ela não tinha rugas. Nem nenhuma das
outras mulheres que vi trabalhando aqui.

– Sim e dois filhos.

– Seu marido não se importa?

Ela jogou o segundo maço de toalhas de papel no lixo e pegou outro


para se secar. – Meu marido perdeu a perna. Acidente de pesca. – ela jogou a
toalha e colocou dois preservativos na lateral do sutiã. – Ele anda até as
docas, mas com uma perna faltando. Eu sou a única que estou bem. Eu tenho
que nos sustentar. Isso me dá muito dinheiro. – ela lavou as mãos, ensaboou-
as com creme e se virou para mim. – Você vai para casa. Este não é um lugar
para você. – ela fez uma reverência e caminhou até a porta, deixando-me
com mais perguntas.

Teria sido um aviso?

Devo seguir o conselho dela e sair daqui apressadamente?

Talvez, não tenha sido um aviso.

Eu não sabia.

Eu só sabia que ela parecia feliz. Que este lugar lhe dava um meio de
sustentar sua família. E parecia que ela realmente respeitava o Huck.

Claro, que tudo poderia ser uma mentira.


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– Hora de sair. – Lawan disse, quando ela me encontrou no quarto dos


fundos.

De alguma forma, ela sabia que eu tinha acabado de reabastecer todos os


frascos e garrafas, e reorganizar a despensa. Também arrumei a roupa,
mesmo que ela não tivesse me pedido.

– Você acha que estaria tudo bem se eu saísse para passear?

Ela assentiu e me levou até a porta onde eu saí da última vez. – Tem o
seu celular com você? Não quero que você se perca.

Eu tirei do meu bolso para mostrar a ela. – Eu o tenho.

– Me escreva quando você quiser entrar.

Eu não tinha uma chave para voltar para dentro, e nunca tinha entrado
pela frente, nem sabia o que aquela porta parecia mesmo além do que eu
podia ver da janela do meu quarto. – Eu vou. – eu disse a ela.

Ela fez uma reverência e eu saí, ouvindo a fechadura fechar atrás de


mim.

Eu estava sozinho.

E esta foi a primeira vez que o Huck e a Lawan não estavam de olho em
mim.

Respirei fundo e comecei a andar, lembrando-me do caminho para poder


voltar. Atrás do bordel havia uma série de becos que passavam entre vários
prédios diferentes. Estava quieto demais aqui. Era muito estressante. Alguém
poderia pular e me assustar, e eu não queria estar em uma posição onde isso
pudesse acontecer.

Eu precisava estar onde as pessoas estavam.


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Então, virei para um beco lateral e cheguei à mesma rua em que o bordel
estava. Eu permaneci na calçada apesar de quão estreita era, compartilhando
o espaço com tantas outras pessoas, bicicletas, carros e muitos animais.

Esta parte do mundo parecia muito diferente da Índia. O ritmo parecia


mais rápido, o ar estava cheio de maresia ali perto e havia comida por toda
parte. Todos que estavam do lado da rua pareciam estar vendendo algo que
podia ser comido. E então, cheguei ao mercado alguns quarteirões abaixo, e
isso tinha ainda mais comida. Os vendedores estavam enfileirados em
cabanas de palha com cestas de produtos, tanques de peixe e até gaiolas de
galinhas.

Eu não tenho dinheiro.

Eu não precisava de comida.

Eu me movi para a parte de trás do mercado, onde a comida se


transformava em têxtil, e havia vendedores de roupas, sapatos e bolsas. Eu
passei minhas mãos sobre os tecidos. Eles eram tão ricos em cores, e muito
disso parecia feito à mão.

– Você quer? – perguntou um vendedor.

Eu olhei para o beco diretamente atrás de seu estande e depois de volta


para ele. – Não, obrigado.

Ele falou algo em tailandês para outro cliente, um homem que estava
olhando para uma camisa ao meu lado, e começaram uma breve conversa.

Continuei andando, pegando a esquerda para o beco e indo dois


quarteirões até chegar a uma loja. Não era como as lojas de conveniência que
tínhamos nos Estados Unidos. Este tinha insetos e répteis na frente. Eles
estavam em tanques, separados por tipo. Vi gafanhotos e escorpiões e algum
tipo de vermes. Eles me deram muito enjoo, que eu tive que parar de olhar.

Enquanto entrava pela frente da loja, lembrei-me dos catorze números


que decorei na cabeça desde que entrei no avião do aeroporto JFK.
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– Você fala Inglês? – perguntei ao homem que estava ao lado da caixa
registradora. Peguei uma mecha de cabelo e a girei na minha mão,
certificando-se de que ele viu o que eu estava fazendo.

O homem levantou os dedos no ar e notei que ele tinha perdido um. Era
o dedo mindinho dele. Mas, usando o polegar e o indicador, ele os gesticulou
até que estivessem a apenas um centímetro de distância.

Ele estava me dizendo que falava um pouco de inglês.

Ele era o homem que eu precisava falar então.

Eu sorri, dando um último giro no meu cabelo antes de colocá-lo atrás


da minha orelha. – Posso usar seu telefone?

Ele chegou debaixo do balcão e me entregou um celular. Não era o tipo


que o Huck tinha me dado. Este era um celular de flip.

– Você se importa se eu for para os fundos da loja?

Ele usou a mão rosada para me dispensar.

Enquanto me dirigia para o outro lado do lugar, digitei o código de dez


dígitos do cartão de visitas. Quando a gravação atendeu, pressionei o meu
pin de quatro dígitos.

E, depois de dois toques, a ligação foi atendida e eu disse: – Oi, papai.

– Ah, baby, eu senti tanto a sua falta.

Minha respiração prendeu na minha garganta e falei através das lágrimas


que estavam se formando. – Eu também senti sua falta.

E eu senti.

Muito mais do que percebi agora que eu estava finalmente ouvindo sua
voz novamente.

– Você está bem? – ele perguntou.


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Inclinei as minhas costas contra o que parecia ser uma prateleira de
frutas e tentei esconder meu rosto. – Estou bem.

– Bom, Bom. Eu estive preocupado com você. Já faz muito tempo desde
que você entrou em contato. Eu temia que algo tivesse acontecido.

– Não, papai, estou bem.

– Claro que você está, minha doce menina.

Eu queria contar a ele tudo o que aconteceu comigo. Dizer a ele onde eu
estava e que voltaria logo aos Estados Unidos.

Mas eu não podia dizer essas coisas para ele.

– Quando eu vou ver você, princesa?

Princesa.

Era assim que a minha mãe também me chamava.

Fechei os olhos e as lágrimas começaram a escorrer. Enxuguei-as com a


manga da camisa que estava pendurada na minha mão, a que era grande
demais para mim. A única que a Lawan me vestia para o bordel que eu agora
estava empregada.

– Logo. – eu disse. – Muito em breve.

– Eu estava esperando que você dissesse isso.

Eu rapidamente olhei por cima do ombro, percebendo que a loja tinha


ficado muito mais cheia. Vários dos clientes não estavam muito longe de
mim. Um deles estava olhando para a fruta que estava nas prateleiras que eu
estava apoiada.

– Eu tenho que ir, papai. Eu só queria checar você.

– Estou feliz que você fez.

– Adeus. – minha voz falhou.


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Eu não queria desligar.

Mas eu desliguei.

Enxuguei o rosto com a camisa e caminhei de volta para a caixa


registradora, onde entreguei o celular ao homem cor-de-rosa. – Obrigada.

Ele balançou a cabeça e piscou enquanto o tirava de mim.

Eu não correspondi o gesto.

E assim que saí, respirei fundo para acalmar a ansiedade em meu peito e
comecei a voltar para o bordel.

Eu me perguntei se o Huck estaria me esperando no final da escada.

Eu me perguntei se ele me levaria para seu quarto novamente e me daria


mais do que apenas sua língua.

Eu me perguntei se papai ficaria desapontado comigo se descobrisse que


eu estava com o dono daquele bordel. Eu definitivamente sabia a resposta
para isso.
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Garoto

Antes...
Quebrei meu pulso hoje. Estava andando de skate pela
calçada e um carro apareceu na minha frente. Não tive
tempo para parar. A frente do skate bateu no pneu do carro,
e voei por cima do capô, bati no para-brisa, o quebrei e caí do
outro lado.
O motorista baixou a janela e disse: – Tudo bem, garoto?
Você é a única pessoa que me chama assim.
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Tive que olhar duas vezes para ver se era você atrás do
volante. Mas o cara não se parecia nada comigo ou com a
imagem que tenho de você.
Isso dói muito. O médico disse, que uma vez que o inchaço
diminuir um pouco, vou ter um gesso, do meu pulso até o meu
ombro.
Ainda bem que era a minha mão direita, ou não teria
sido capaz de escrever também.
Você já quebrou um osso enquanto estava na prisão? Se
cortou onde você precisou de pontos? Não de maneira
desajeitada. Eu não acho que você seja assim. Só estou
querendo saber se você nunca se machucou ou se apenas sentiu
dor.
Caso você tenha esquecido, aqui estão as coisas que sei da
sua última carta. Beard estava todo confuso com as drogas, a
minha mãe estava dentro de uma cela em sua prisão e tinha
acabado de perder o bebê do Beard, e você tinha todas as
intenções de matá-la, mas sei que isso não aconteceu porque eu
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fui concebido e nasci, e nós todos morávamos juntos até não
mais.
O que eu não sei... sobre a minha existência.
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Shank

Antes...
Saí da cela que estava a quatro celas abaixo com uma pequena pilha de
papel em minhas mãos e como um idiota que estava tão dolorido. Eu estava
certo sobre o detento que eu precisava negociar. Para conseguir o papel, ele
queria a minha bunda por uma semana em vez das três fodas que ele
normalmente cobrava. Depois que ele conseguiu, exigiu uma segunda
semana. Eu acabei de completar meu décimo quarto dia.

Eu queria pau. Eu ansiava por pau. Eu gostei que eu pudesse ter tanto na
prisão. Eu queria ser fodido com raiva a minha bunda devastada tão forte e
tão rápido quanto ele poderia dar para mim. E ele tinha.

Esse não era o problema.

O preso não era o único cara a pegar um pedaço de mim. O guarda


estava também, porque ele não me deixava sair da minha cela a menos que
eu chupasse seu pau.

Esse não era o problema também.

Foi minha boca. Doía como o inferno do guarda atingindo o meu dente
esta manhã. Ele apertou meu crânio, então não pude virar minha cabeça, e
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ele enfiou o pau dele. Ele não tinha ido em direção à minha garganta. Ele
bateu do lado e direto em um molar. Eu precisava ver um dentista por um
tempo. Esta prisão venezuelana não acreditava neles. Eles também não
acreditavam em médicos. Havia uma enfermeira e ela só estava aqui para
tratar os moribundos.

Desejei ter tido um pequeno aviso antes que o meu dente saísse de sua
cavidade porque, segundos depois que aconteceu, enquanto ainda estava
mole em minha boca, ele encheu o buraco com seu esperma.

Eu adivinhei que era uma maneira de limpá-lo.

Embora cuspir e enxaguar no chuveiro provavelmente teria sido melhor


para ele.

O mesmo guarda estava agora me levando de volta para minha cela. Ele
abriu minhas algemas e disse: – Mesma hora amanhã?

– Sim.

Mesmo que tivesse cumprido o meu compromisso, talvez eu conseguisse


convencer o preso a ficar quinze dias.

– Bom. – disse o guarda. – Da próxima vez, vou apontar para a fileira de


cima.

Ele fez isso de propósito.

Idiota.

Mas talvez eu deva agradecê-lo. O molar estava me incomodando há um


tempo, e agora que estava fora, podia curar.

Esfreguei a minha língua sobre o buraco que havia deixado quando me


sentei na cama com a minha nova pilha de papel. E, quando comecei a
escrever, engoli o esperma que eu estava mantendo em minha boca.

Não da guarda.

Ele era meu.


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Foi o esperma que eu tinha liberado, enquanto o preso estava me
fodendo. Eu tinha lambido da minha mão e guardei lá por segurança.

Garoto, você estava certo sobre o Beard. Ele estava todo drogado.

Quanto a Diego, ele sabia que eu estava alojando alguém dentro de


nossa prisão, mas não contei quem era.

E a sua mãe, ela estava em sua cela, e estava ficando bem quieta na
esperança de que não a matasse.

Com o Beard estando muito drogado para fazer o seu trabalho, Toy o
substituiu como um guarda. Essa parte funcionou perfeitamente desde que eu
tive que manter o Beard longe da cela doze.

Isso também significava que, a cada dia que passava, o Beard se


afundava em seu vício.

Mas, a prisão estava muito ocupada que nós realmente precisávamos


dele. Recebemos clientes de todo o mundo e tivemos uma lista de espera de
pelo menos alguns meses. Nossos pilotos trabalhavam em tempo
integral. Nós não poderíamos matar rápido o suficiente. O que nos sustentou
foi a tortura. Você vê, alguns de nossos clientes queriam informações dos
prisioneiros. Em casos assim, torturávamos até os prisioneiros
confessarem. Às vezes, aqueles filhos da puta podiam receber uma grande
quantidade de dor, e não se confessavam por dias. Isso arruinaria os nossos
horários. Isso faria nossas listas de espera crescerem ainda mais, e ter Tyler
ocupando uma de nossas celas estava estragando nossa produção.

Eu não tinha ideia do por que eu não a tinha matado ainda. Algo estava
me dizendo para mantê-la viva e, Jesus, eu estava feliz por ter mantido.
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Porque, uma noite, pouco depois de Tyler ter sido encarcerada, Beard
desceu para a prisão. Diego estava em seu quarto, dormindo na hora, Toy
estava na sala de operações e eu estava checando os prisioneiros.

– Grite para mim. – Beard se arrastou do outro lado do bloco de celas.

Contornei o corredor em direção a cela e o vi. Estava todo fodido. Ele


continuou perdendo o equilíbrio, segurando as grades apenas para se manter
de pé. Ele mal conseguia levantar a cabeça.

– Grite para mim. – ele resmungou novamente enquanto se arrastava


para a segunda cela.

Não foi a primeira vez que o ouvi dizer isso.

Mas foi a primeira vez que ele esteve aqui desde que a Tyler chegou.

Tinha que me certificar de que ela mantivesse a boca fechada. A última


coisa que eu precisava era que ela reconhecesse a voz dele, gritasse para ele
e estragasse tudo.

Então, eu entrei em sua cela e tranquei atrás de mim. Ela estava enrolada
como uma bola, dormindo entre o vaso sanitário e a pia. Coloquei um Xanax
em sua comida algumas horas antes, e isso obviamente a derrubou.

Eu me ajoelhei na frente dela e coloquei minha mão sobre sua boca. Eu


a puxei contra o peito e disse: – Não faça um som.

Ela assentiu, e a levantei, caminhando até o canto da cela, perto das


grades. Ela exalou através dos meus dedos, as narinas dilatadas enquanto
tentava respirar mais ar. Lágrimas escorriam tão rápido, e todo o seu corpo
tremeu.

– Grite para mim. – Beard exclamou.

Ela ouviu a voz dele. Eu podia sentir quando o entendimento passou por
ela. Ela se restringiu e começou a tremer. A agitação foi por medo. O tremor
era da linha da vida que ela achava que poderia alcançar.

– Grite para mim. – Beard repetiu.


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– Quieta. – eu disse em seu ouvido, no caso dela tentar gritar por entre
os meus dedos.

Sua voz poderia ter permanecido em silêncio, mas seu corpo não. Agora,
ela estava empurrando, e sua bunda estava movendo contra o meu pau. Eu
sabia que ela não estava tentando me fazer ficar duro. Ela estava tentando se
mover para longe de mim.

Eu não ia deixar isso acontecer.

Toda vez que eu tentava apertar ela para parar de me mover, ela batia em
mim ainda mais forte.

Foi tão bom ter uma bela bunda redonda batendo no meu pau. Todo o
atrito, todas as lágrimas, todo o medo e pânico e desespero me deram a maior
tesão do caralho.

Não havia como fazê-lo parar. Não a menos que eu tivesse gozado. E
isso não estaria acontecendo por horas, não com o Toy dentro da sala de
operações e depois ele tendo que fazer várias viagens para o incinerador logo
depois.

Não vi uma razão para esperar. Não quando havia dois buracos perfeitos
esfregando contra mim.

– Silêncio. – eu a lembrei. – Sem um maldito som.

Ainda segurando a boca dela, abaixei e desabotoei a calça jeans dela. Ela
tentou me morder quando percebeu o que eu estava fazendo, e eu a chutei
nas costas de suas pernas. Ela caiu de joelhos e soltou um grito abafado.

– Tente de novo. – avisei. – E vou chegar dentro da sua boceta e


arrancar seus ovários.

Ela era tão mal-humorada.

Toda vez que ela revidava, me lembrava de quando eu era mais jovem e
ia caçar em outros países. Isso foi muito divertido. Mas também estava
rasgando a calça jeans de sua mãe e me preparando para enfiar meu pau em
sua boceta.
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– Grite para mim. – Beard murmurou.

Humm, pensei. Eu vou fazer essa cadela gritar para ele, então.

Coloquei o lóbulo da orelha dela na minha boca e mordi até sentir


sangue na língua. O gosto era tão bom. Tão metálico e quente e apenas o que
eu precisava. – Se você respirar muito alto, eu vou enfiar meus dedos em sua
boca, e vou sufocá-la, arrancando a sua maldita garganta. – virei o pescoço
dela até que olhou para mim, segurando seu rosto com tanta força que
provavelmente deixaria cicatrizes. – Você entendeu?

Seus olhos estavam tão arregalados e tão molhados, e ela estremeceu


tanto quando acenou.

Eu agarrei sua cintura e a coloquei de pé novamente. Então, enquanto eu


estava atrás dela, empurrei-a para o canto, e me certifiquei de que sua
calcinha estivesse tão baixa quanto a calça jeans.

– Grite para mim. – Beard disse.

– Você o ouviu? – sussurrei no ouvido dela.

Ela assentiu novamente.

Sem aviso, sem cuspir, eu empurrei meu pau em sua boceta. Eu enterrei,
inclinando meus quadris para trás e enfiando uma segunda vez. Sua secura
estava irritando minha pele, então cuspi na minha mão, cobri o meu pau e
empurrei.

– Grite para ele. – eu disse a ela, apertando o pescoço na minha mão e


apertando para que ela engasgasse. – Mas eu estou te avisando agora; se você
fizer alguma coisa para alertá-lo de que você está nesta cela, você perderá a
porra da sua língua.

Ela arrastou as unhas no concreto. Um delas se inclinou para trás e


sangrou. Eu provei o sangue dela, mas esta foi a minha primeira vez vendo
isso. Isso me deixou tão excitado que eu penetrei nela ainda mais forte.
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– Faça isso. – eu sussurrei em seu ouvido. Eu agarrei seu cabelo e puxei
sua cabeça para trás, então os seus lábios estavam apontados para as
grades. – Faça agora mesmo.

– Ahhh! – ela gritou.

Ouvi um estrondo e dei uma rápida olhada pelas grades para ver o que
era.

Beard caiu no chão, aterrissando de quatro, e ele estava rastejando em


nossa direção. – Grite para mim.

– Faça de novo. – eu sussurrei.

– Ahhh! – ela gritou.

Ela secou novamente, então peguei o ranho que havia caído de seu nariz
e o cuspe que se formou nas laterais de seus lábios, e esfreguei tudo sobre o
meu pau.

– Grite para mim! – Beard gritou mais alto.

Quando chequei, ele estava apenas a uma cela de distância.

– Mais uma vez. – eu disse a ela.

Enquanto ela gritava, ele se moveu na frente da cela doze, colocou as


costas contra as grades e as usou como uma parede. Com ele a apenas 30
centímetros de distância, permitiu que ele a ouvisse ainda melhor. E o jeito
de fazê-la gritar mais alto era fodê-la o máximo que eu podia.

O que me deu esse impulso de energia foi o sangue.

Eu tirei das unhas dela e pintei sobre o meu pau e observei ele deslizar
para dentro e para fora de sua boceta.

Desta vez, eu não tive que dizer a ela para gritar. Ela já estava fazendo
muito disso.

O som que ela fez foi penetrante.


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Estava cheio de dor.

Ódio.

Ressentimento.

Enquanto respirava, Beard gemeu: – Grite para mim.

Eu não sabia por que ela se sentia assim.

Como ela deveria ter se sentido que estava com muita sorte - sorte que
eu a deixasse viver e ainda mais sorte que eu tivesse dado a ela meu pau.

– Grite para mim. – Beard disse.

Tyler abriu a boca para gritar, mas nada mais do que alguns suspiros
roucos saíram. Ela perdeu a voz e quase não restou nada.

Ela tentou mais uma vez, e saiu como um grito ofegante.

Foi quando olhei para o sangue e escutei os gritos de Tyler e os gemidos


de Beard, que deixei o orgasmo me transpor.

Ela não tinha sangrado o suficiente, então não havia uma poça para eu
gozar.

Então, eu peguei as duas mãos dela e as segurei na minha, e as empurrei


contra a parede enquanto mantinha meus quadris em um círculo.

– Ah. – ela murmurou quando o primeiro fluxo de esperma disparou


nela.

Havia mais dois, mas ela não emitiu nenhum som.

Ela estava oficialmente sem voz.

Foi muito ruim também. Eu teria gostado de ouvir um suspiro cada vez
que um espasmo agitava através de mim.

Quando tirei meu pau, a cela ficou completamente silenciosa.


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Beard se ajoelhou e se pôs de pé. Ele nunca se virou para ver quem
havia dado os gritos. E, enquanto se movia em direção ao começo do bloco
de celas, ele nunca olhou por cima do ombro.

Ele não precisava.

Ele conseguiu o que estava pedindo desde a morte de sua mãe.

Quando Beard encontrou Tyler no chão de seu apartamento, coberto de


sangue, ela não emitiu nenhum som. Ele a sacudiu, abraçou-a, tentou fazê-la
respirar. Tudo o que queria era que ela gritasse, então saberia que ela estava
viva.

Ele ficou em silêncio.

Mas não esta noite.

Hoje à noite, ele tinha conseguido a coisa real.

Da mulher que ele queria ouvir.

Só não percebeu que era ela, que eu a forcei a fazer aqueles gritos. Que
o meu pau tinha gozado com cada segundo disso.

Adivinha o que aconteceu de manhã?

Eu tive meu melhor amigo de volta.

Você vê, eu era a porra do herói - um herói que nunca quebrou um único
osso em seu corpo.

Olhei para todas as palavras que escrevi, e, porra, mesmo que a minha
bunda estivesse dolorida, eu queria um pau novamente. Escrever sobre todo
aquele sangue e esperma tinha me dado muito trabalhado. Meu pau parecia
em carne viva com o quanto duro eu estava.
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Carne viva era bom.

Carne viva significava que eu senti alguma coisa.

Carne viva significava que eu não precisava de sangue para sentir ele.

Eu dobrei a carta e enfiei dentro de um envelope.

A história estava longe de terminar, mas por enquanto era suficiente. Eu


já estava me segurando. Era uma pena também. Havia tantos detalhes dentro
da minha cabeça que eu poderia ter compartilhado com ele - como se a
boceta da Tyler tinha sido peluda ou sem pelos e como ela se parecia em
meu pau em comparação com toda a bunda em que eu estive e sobre o
sangue que tinha escorrido por suas pernas depois que eu saí. Não tinha
vindo das unhas dela. Isso foi da boceta dela. Eu fui muito rude com ela. Mas
eu tinha que ser duro. Ela precisava gritar para o Beard; sua voz precisava
puxá-lo para fora do nevoeiro.

Eu não tinha deixado o sangue dela se perder.

Eu tinha ficado de joelhos e lambi todos os traços.

E então, saí da cela e disse através das grades: – Se ele não estiver
melhor de manhã, eu voltarei amanhã à noite, e não precisarei implorar para
você gritar. Vou te torturar tanto, gritos serão tudo o que você terá.

Ela caiu no chão e olhou para mim através das grades. – Você é um
maldito monstro. – ela murmurou. Então, se arrastou para o pequeno buraco
que estava entre o banheiro e a pia.

Mas eu não escrevi nada disso.

Algumas coisas você simplesmente não diz ao seu filho.

Porra, até eu sabia disso.


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Huck
Quando encontrei a Arin no final da escada depois da sua caminhada,
seus olhos estavam inchados e vermelhos. Suas bochechas estavam
coradas. Eu nunca tinha a visto tão emotiva e queria fazer algo para consertar
isso.

Não sabia por onde começar, então eu disse: – Você está bem?

Ela balançou a cabeça devagar. – Estou tão cansada.

– Diga-me o que posso fazer.

Esperava que isso fosse verdade, e ela não estava chateada por alguma
coisa. A última coisa que queria era que ela se machucasse mais do que ela já
estava.

– Leve-me para cima. – ela disse. – A cama irá me fazer bem.

Envolvi um braço sob as pernas dela e um em volta dela, e eu a levantei


contra o meu peito. O rosto dela caiu no meu pescoço e senti cada respiração
que ela dava quando subi os degraus. Ela se encaixava perfeitamente em meu
corpo; Eu não queria colocá-la no chão. Mas sabendo o quanto ela queria sua
cama, a levei direto para ela e puxei os cobertores, a deitei e a cobri.
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Quando comecei a me afastar, suas mãos ficaram ao meu redor, seu
olhar me dizendo que ela queria que eu a beijasse.

Observei os olhos vermelhos e inchados mais uma vez, eu tirei as mãos


dela e a beijei na testa.

– Onde você está indo? – ela perguntou quando caminhei até a porta.

– Tenho trabalho a fazer.

– Agora? Mas…

Ela queria a minha língua novamente. Ela só não queria dizer isso. Deve
ter se sentido desconfortável. Por mais alto que ela tenha gemido ontem,
hoje, ela estava muito mais quieta e reservada.

Eu tinha a sensação de que tinha algo a ver com as lágrimas.

E, com base em como seus olhos pareciam tristes, suspeitei que houve
muitas delas.

– Mas, o quê? – perguntei.

– Pensei que você ficaria, e nós poderíamos tomar banho juntos.

A sua pele estava ainda mais pegajosa do que ontem e sabia que ela
estava dolorida, então a pressão da água seria inacreditável. A minha língua
também. Ela teria as duas coisas. Ela só tinha que esperar.

– Eu não posso agora, Arin.

– Você vai voltar?

– Descanse um pouco. – disse a ela antes de fechar a porta atrás de mim.

Saí do meu apartamento e entrei no meu escritório, certificando-me de


que a porta adjacente entre os dois estava trancada, para que a Arin não
pudesse entrar aqui se tentasse. Meu líder de segurança já estava lá dentro,
esperando por mim. Eu sabia que ele havia retornado. Ele me mandou uma
mensagem antes de eu encontrar a Arin no final da escada.
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– Alguém a incomodou? – perguntei a ele em tailandês.

Arin era minha responsabilidade. Queria ter certeza que nada aconteceu
com ela no bordel, e eu com certeza queria ter certeza que nada aconteceu
com ela enquanto estava lá fora. Sua segurança era tão importante quanto a
minha curiosidade. Então, o fiz segui-la durante sua caminhada.

– Não, senhor. Mas, algumas coisas interessantes aconteceram.

Sentei na minha cadeira e apoiei as minhas mãos em cima da mesa. –


Conte-me.

– Eu a segui pelo mercado. – ele disse em tailandês. – Ela atravessou o


meio, entrou em uma das vielas e entrou em um mercado fechado. Ela disse
alguma coisa para o caixa e ele lhe deu um telefone para usar.

Eu dei a ela um celular para usar.

E não tinha usado para fazer um telefonema. Nem sequer uma vez. Ela
navegou na Internet e olhou para o site para a embaixada dos EUA e no meu
site. Ela checou o seu e-mail, mas não respondeu a nenhuma das mensagens,
e não tinha feito login em nenhuma conta de rede social.

– Para quem diabos ela ligou? – perguntei em tailandês.

– Alguém chamado papai.

Papai?

– Se você estiver mentindo para mim...

– Eu não estou, senhor.

Ela me disse que não tinha ninguém em casa, ninguém para ligar para
lhe mandar dinheiro. E agora ela tinha... um papai?

– Ela estava chorando, senhor. – o segurança disse em tailandês. – Ela


disse que sentia falta dele, e ela o veria em breve.

– Você ouviu a voz dele?


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– Não senhor. Não posso confirmar que era um homem do outro lado.

Cerrei meus dentes juntos. – O que mais você pode me dizer?

– Eles falaram brevemente. Ela parecia chateada o tempo todo. Tudo


aconteceu na parte dos fundos do mercado. Percebi que ela tinha ido lá para
ter alguma privacidade desde que a frente da loja estava lotada. Eles
terminaram de falar, ela devolveu o telefone e voltou para cá.

Isso não faz nenhum sentido.

Cheguei na gaveta da minha escrivaninha, peguei um chumaço de baht e


entreguei a ele. – Você fez bem. Se ela continuar a fazer mais caminhadas,
quero que a siga.

Ele concordou, fez uma reverência e saiu do meu escritório.

Uma vez que ele fechou minha porta, liguei o monitor do quarto da
Arin. Ela estava de pé na janela, segurando a borda e olhando para a rua.

Que porra você está fazendo, Arin?

Ela afastou o rosto do vidro e olhou para a foto da cobra. Algo sobre
aquela cobra a intrigava. O mesmo aconteceu com as tatuagens no meu
corpo.

Eu estava prestes a descobrir o porquê.

Entrei no meu apartamento, e quando estava prestes a pegar a Yellow de


seu poço, envolvendo todos os seus metros e meio ao redor do meu braço,
meu celular vibrou no meu bolso. Verifiquei a tela, e havia um texto de Uel.

Ainda não há notícias sobre Jack. Me desculpe, cara.

Balancei a cabeça e enfiei a mão no poço. Enrolei a Yellow ao redor do


meu antebraço, e então eu a levei para o quarto de Arin e bati em sua porta.

– Entre. – ela disse.

Quando entrei, segurei o rosto da Yellow até o meu. Sua língua deslizou
alguns centímetros, seus olhos redondos não desviavam do meu olhar. Ela
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tinha comido um ratinho ontem, então sabia que ela estava cheia. Depois que
ela se alimentou, ela tende a ser um pouco mais carinhosa.

Eu a abaixei para olhar para a Arin. – Essa é a Yellow.

De pé na janela, ela recuou até chegar ao canto do quarto. Foi o ponto


mais distante de mim.

– Por favor, não traga essa coisa aqui.

Coisa.

Não é o que eu esperava.

Ainda assim, fiquei na porta, deixando a Yellow subir pelo meu braço e
ao redor do meu pescoço. – Pensei que você gostaria de segurá-la.

– Segurá-la? – podia ouvir o tremor em sua voz. – Não. Definitivamente


não.

– Você não parecia tão assustada quando te levei para o meu poço de
cobras. – enquanto a Yellow circulava em volta do meu pescoço e através
dos meus outros bíceps, passei os meus dedos por seu corpo. Eu amava a
sensação de sua pele.

Isso me acalmava.

Isso me impediu de ir direto ao ponto, que estava perguntando a Arin se


papai era realmente o pai dela. Mas respostas exigentes não eram do jeito
que eu precisava para fazer isso.

Tinha que lidar com ela com muito mais cuidado.

– Posso tolerá-las quando estão dentro de um vidro ou em uma foto. –


ela olhou para a Yellow, e jurei que ela estremeceu. – Mas, pessoalmente,
não confio nelas. Eu sinto que elas vão me picar.

Ela não tem esse medo sobre mim?


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Porque eu iria fodê-la também. Iria direto para seu mamilo e afundaria
os meus dentes naquela carne sensível, e continuaria mordendo até que ela
gemesse.

– Esta não vai. – eu disse a ela. – Venha acariciá-la.

Era do mesmo tipo de cobra e da mesma cor que a que ela olhava na
foto. O que ela tinha tirado várias vezes agora. Ela deveria querer tocá-la,
saber como é, então poderia pensar sobre a aspereza de seu corpo na próxima
vez que ela estivesse esfregando seu clitóris.

– De jeito nenhum. – seus braços abraçaram sua cintura. – Livre-se


disso, Huck. Por favor.

– Não, acho que vamos ficar aqui por um pouco mais de tempo. – tirei a
Yellow do meu pescoço e a envolvi em volta do meu braço novamente. –
Veja como a coloração dela é perfeita. – ela deslizou até o meu ombro e
cheirou ao redor da minha garganta. – E a pele dela, Arin, é tão foda.

– Huck! – ela gritou. – Por favor, tire-a daqui.

Eu encontrei seu ponto fraco.

E ela estava bem longe disso.

– Tem certeza de que não quer dar a ela um toque de despedida?

– Huck! – ela gritou novamente. – Eu quero dizer; coloque-a para fora


agora.

– Você está ferindo os sentimentos dela. – eu disse quando a trouxe para


a porta. – Ela não quer...

– Huuuck!

Ri quando a levei para meu quarto e coloquei-a em seu tanque. Quando


voltei para a Arin, ela estava na cama. Ela estava de costas contra os
travesseiros, os braços apoiados no cobertor que estava puxado até o queixo.
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Sentei-me na cama aos seus pés e segurei-os, esfregando em cima
através do cobertor. – Eu não sabia que você as temia tanto assim.

Parecia que ela estava pensando na minha pergunta, já que demorou


alguns segundos para responder. – Não temos cobras na cidade de Nova
York. Pelo menos nenhuma que vi, e eu realmente não vou a lojas de animais
onde elas são vendidas. Vi uma recentemente e... – ela se concentrou em
suas mãos, olhando para elas e zoneando, como se estivesse recordando de
uma lembrança. – Eu simplesmente não gosto delas.

Levantei seu queixo, então os seus olhos retornaram aos meus. – Meu
corpo está coberto por elas.

– Eu sei.

Não parecia um problema quando minha língua lambia sua boceta. Mas
isso foi antes de eu tirar a roupa, e ela ainda não tinha visto todas as minhas
tatuagens.

– Se incomoda você...

– Não. – ela se inclinou para frente e pegou a minha mão. Seus olhos
começaram a mudar. A tristeza e o medo desapareceram. Em seu lugar
estava fome. Necessidade. Desejo. – Estou bem com isso, prometo. Fiquei
um pouco chocada quando vi quantas você tinha. – ela olhou para os meus
dedos e continuou: – Nunca estive com um homem que fez de seu corpo uma
obra de arte. – seu olhar se aprofundou, e ela começou a me fode com os
olhos. – Mas, agora, quero ver mais das suas tatuagens. Quero ver todas
elas. De perto. E eu quero tocá-las.

Isso estava indo do jeito que eu precisava.

– Eu não tenho tatuagem no meu pau, Arin. Você quer ver ele de perto
também? Você quer tocá-lo? Quer sentir ele dentro de você?

Ela corou quando subi em cima dela, com a minha parte superior do
corpo pairando acima dela. Sabendo que ela não aguentava todo o meu peso,
agarrei a cabeceira para me manter firme.
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Minha outra mão agarrou seu rosto, e esfreguei minha barba nela
enquanto sussurrava em seu ouvido: – Seu pulso está acelerado. É isso que
faço com você?

– Não consigo parar de pensar em ontem e o que você disse para mim.

– O que foi que eu disse?

– Você me disse que eu poderia ter sua língua novamente e...

– Você a quer.

– Sim. – ela gemeu quando respirei em seu pescoço. Podia sentir o


cheiro da boceta molhada dela. – Mas eu quero mais do que isso, Huck.

Meu plano estava indo tão perfeitamente.

– O que você quer, Arin?

Quando meus lábios pressionaram em sua garganta, seu pulso acelerou


ainda mais rápido. Ela empurrou o cobertor até os pés, para que ela pudesse
envolver as pernas em volta de mim e se aproximar.

– Diga as palavras para mim. – pedi.

Com dois dedos, encontrei seu mamilo e belisquei-o.

Suas costas arquearam e ela gemeu. – Quero que você me foda.

Isso me fez sorrir tão severamente.

Mas ela não podia ver isso, não com o meu rosto enterrado em seu
pescoço.
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Arin
No segundo, que disse a Huck que queria que ele me fodesse, sua boca
subiu pelo meu pescoço, por cima da minha orelha, minha bochecha e
finalmente pousou em meus lábios. Então, suas mãos estavam ao meu lado, e
ele nos levantou da cama e nos tirou do meu quarto.

Ele tinha um gosto tão masculino, tão limpo, seu aroma cítrico enchendo
o meu nariz, seu bigode acariciando minha pele, enquanto eu ficava colada a
ele.

Sabia o quanto bom ele ia me fazer sentir e não conseguia tirar a minha
mente dele.

Ou aquelas cobras.

De repente, nossos corpos estavam baixando e minhas costas atingiram


em algo macio. Meus olhos se abriram e vi a cama embaixo de mim, uma
TV na parede à minha frente, um sofá à minha esquerda e um enorme tanque
para as cobras à direita. Este tanque era menor do que o do andar de baixo e
tinha apenas alguns metros de altura, mas pegava toda a largura da
sala. Estava escuro demais para ver a maior parte como da última vez, mas
eu tinha certeza de que estava em seu quarto.

Com as minhas costas agora totalmente na cama, Huck estava no final


do colchão e pegou meu shorts, puxando-o com minha calcinha. Felizmente,
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eu tinha me trocado desde que cheguei em casa da minha caminhada e não
estava mais usando aquelas roupas horríveis. Uma vez que essas atingiram o
chão, minha regata saiu em seguida. Eu não me preocupei em colocar um
sutiã. Pelo jeito que ele olhou para os meus seios, eu sabia que ele gostava
disso.

Quando me sentei e peguei o botão em seu jeans, ele apertou os meus


pulsos e segurou-os.

– Você quer isso? – ele perguntou. Ele estava segurando-os diretamente


sobre seu pau, então sabia que era disso que ele estava falando.

– Sim.

– Quanto?

– O suficiente para que eu não parasse de pensar nisso o dia todo.

O olhei, esperando por sua próxima direção. Isso nunca veio. Então,
estiquei meu dedo para alcançar seu jeans e esfreguei para cima e para baixo
na sua ereção.

– Isso é tudo o que você tem, Arin?

Eu lentamente olhei para o rosto dele. – Quero colocar você na minha


boca.

– Mostre-me sem a sua boca.

Pressionei mais forte com o meu dedo até que ele não me deixasse fazer
isso também.

– E sem suas mãos.

Ele não quer que eu os use para mostrar a ele o quanto eu o quero?

– Seja criativa. – acrescentou.

Ele deve ter visto a confusão no meu rosto.

Eu olhei para o seu corpo e dei uma olhada ao redor do seu quarto.
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Eu tive uma ideia.

Mas, primeiro, eu tive que deslizar um pouco para o lado para dar-lhe
algum espaço. – Sente-se. – eu disse a ele.

– Você está me dando ordens?

Eu fiquei ao lado dele e coloquei minhas mãos em seus ombros. – Sim, é


exatamente isso que estou fazendo.

Enquanto eu o guiava para o colchão, ele tinha o sorriso mais sexy em


seu rosto. Isso alimentou minha coragem e, para isso, eu definitivamente
precisaria disso.

– Todo o caminho. – disse enquanto eu apontava para os travesseiros.

Quando ele chegou ao topo da cama, ele se virou de costas e cruzou os


braços atrás da cabeça quando abriu as pernas. – Estou aqui. Agora me
mostre.

Com nada cobrindo meu corpo, fui até o tanque de cobras. Havia três lá
dentro - a amarela que ele trouxera para o meu quarto, uma vermelha e preta,
e outra marrom e verde.

Eu era tudo sobre a amarela.

Estava tomando sol debaixo de uma lâmpada no meio do tanque, e me


mudei para perto dela. Não escorregou para longe. Não vacilou. Não fez nem
um som.

Neste lado do vidro, eu estava segura. A amarela não conseguia se


aproximar de mim. Ela não podia me picar. Mas, no segundo em que abri em
cima da jaula, era só eu e ela. Não tinha nada comigo para me proteger. Nada
para impedir ela de me matar.

Huck disse que não precisava me preocupar, que ela não me


machucaria. Não havia como ele saber disso. A amarela pode ter sido uma
parte dele, mas a cobra agia por conta própria.

Uma porra de cobra.


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Uma que significava tudo para o Huck.

O suficiente para que ele fizesse sua pele parecer uma.

Destravei o topo da gaiola vários centímetros para me dar espaço


suficiente para deslizar minha mão para dentro. Meu coração estava batendo
no meu peito. Meus dedos começaram a formigar quando eu os abaixei. Eu
senti os olhos do Huck me perfurando. Não podia esperar outro segundo. Eu
tive que fazer isso. Então, gentilmente acariciei os meus dedos no lado da
Amarela.

Eu prendi a respiração, tentando desacelerar meu coração.

Amarela olhou para mim quando dei a ela um segundo toque. Sua
textura era grossa e úmida, não suave como eu pensava. Ela quase ficou mais
áspera, quanto mais eu a tocava, e seu corpo começou a se mover alguns
centímetros para frente. O som dela deslizando sobre as lascas de madeira
enviou arrepios para o meu corpo. Com ela agora um pouco mais abaixo, eu
me concentrei em sua cauda. Ficou mais fina no final.

Ela enrolou em volta do meu dedo indicador.

Huck resmungou.

Respirei muito devagar. Quando senti meu ritmo cardíaco diminuir


ainda mais, tirei a mão da gaiola e fechei a tampa. Fui até o final do colchão
e olhei diretamente nos olhos dele. Eu já estava nua, então não havia nada
para me despir. Mas havia muitas coisas que eu poderia fazer ao meu corpo
para mostrar a ele o quanto eu o queria.

Usando a mesma mão com a qual toquei a Amarela, comecei na parte


inferior do meu umbigo. Meus dedos esfregaram círculos sobre a pele nua,
provocando seu caminho mais baixo até que senti os arranhões das minhas
unhas no topo do meu clitóris.

– Amarela te excitou. – ele disse, com os seus olhos nunca deixando os


meus.

Amarela parecia a da foto que estava pendurada no meu quarto e a que


eu tinha feito em pedaços.
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Aquela que eu amei matar.

Ofeguei pela sensação de como era bom, mesmo que o meu próprio
toque não fosse uma surpresa. – Sim.

Meus dedos continuaram a deslizar até que eles encontraram a minha


abertura e fizeram mergulhos rápidos e rasos dentro dela.

– Como você está molhada?

Eu os tirei e arrastei as pontas dos meus dedos até o meu clitóris. –


Pingando.

Ouvi seu gemido suave quando fiz uma varredura rápida e rápida através
dele, minha outra mão trabalhando em direção a um dos meus seios.

– Aperte. – disse ele, referindo-se ao meu mamilo.

Eu o puxei. Forte. – Isso foi incrível. – mantendo a minha mão no meu


clitóris, eu inseri na minha umidade, estendendo-se para a minha articulação
mais distante. – Huck... – gemi.

– Mais forte. – ele rugiu.

Eu dirigi com mais velocidade, moendo contra o meu clitóris ao mesmo


tempo, apertando meu mamilo ao ponto onde eu gritava.

– Mais forte. – ele gritou.

A umidade cobria agora toda a minha mão e o interior das minhas


coxas. – Ah, Deus.

Ele se levantou da cama e veio atrás de mim. Ele não me tocou. Ele
apenas inclinou o rosto para o meu pescoço, para que eu pudesse sentir cada
uma de suas respirações. – Você gozará?

Ele deu a volta em torno de mim uma vez enquanto eu dizia: – Por
favor. Eu quero.

E então, ele andou em volta de mim uma segunda vez e parou quando
estava atrás de mim. – Deixe-me ouvir você. – ele pediu no meu ouvido.
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Apoiei a minha bochecha em seu peito. Meus lábios pressionaram sua
camisa. Dei a ele todo som que veio através de mim, cada respiração, cada
sentimento que entrava no meu corpo.

– Huck. – gemi quando o orgasmo começou a crescer.

– Diga-me.

O calor de sua boca me fez tremer.

Eu estava a segundos de perder o controle, e cheguei atrás de mim e


pressionei minha mão em seu pau. Ele não precisava me dar para me fazer
gozar. Eu só queria segurá-lo, sentir sua ereção sob a minha pele.

– Vou...

– Arin. – ele disse, interrompendo-me.

A intensidade estava quase no pico. – Sim?

– Conte-me sobre o seu pai.

– Meu pai? – eu disse, parecendo surpresa, diminuindo o movimento da


minha mão por causa da pergunta de Huck, com a sensação diminuindo tão
rápido.

Ele virou meu rosto com os nossos olhos focados.

Ele me lembrou da Amarela.

Da que eu matei.

– Sim, Arin. Quero saber tudo sobre o seu pai.


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Anônimo

Antes...
Você sabe o que é ter alguém que ama ser tirado de
você?
Eu sei.
Você também saberá.
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Shank

Antes...
Depois que terminei meu banho, em que um pouco de sabonete e água
tocou a minha pele, voltei para minha cela. Havia um envelope na minha
cama de cobertores. Eu não tive que abrir para saber de quem era. Eu poderia
dizer pela caligrafia.

Anônimo Covarde.

Olhei para ele por um tempo. Não havia motivo para rasgá-lo
imediatamente. Nada escrito mudaria qualquer coisa. Eu estava aqui. A
ameaça vinha de algum lugar fora dessas grades.

Eu estava desamparado.

Mas, até agora, ainda estava vivo e a última carta tinha sido um monte
de besteiras.

Meio-dia depois foi quando finalmente li.

Você também.

Eu sorri quando li a última palavra.


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Mentiras.

Tudo isso.

Eu estava sozinho, dentro desta maldita prisão, e não tinha ninguém do


lado de fora.

Você não poderia tirar algo do nada. Tudo o que aquele idiota tinha era
algum jornal, um endereço e as malditas ameaças vazias.

Eu não estava com medo.

Jogos mentais não funcionaram comigo.

Mas, então um pensamento passou por mim. E se o Anônimo estiver


falando sobre o garoto? Essa coisa passou tão rápido quanto veio porque não
havia como ele rastrear o garoto até mim. Nós não tínhamos o mesmo
sobrenome. Eu não estava na certidão de nascimento dele. Nós não tínhamos
estado em contato por tanto tempo.

Foda-se ele.

Rasguei a carta, a enfiei no vaso sanitário e dei descarga.

Eu não mijei dessa vez.

O Anônimo nem merecia isso.


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Garoto

Antes...
Toda vez que acho que te conheço, uma de suas cartas
chega, e aprendo que realmente não sei nada.
Toda vez que penso que me conheço, descubro que há uma
parte de mim que nunca esperei.
Uma parte que não tenho certeza se quero conhecer.
Uma parte que dói pensar.
A parte que herdei de você.
Mas, quando me olho no espelho, eu me vejo.
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O velho eu normal.
Estudante. Skatista. Amante de praias.
Mas, eu venho de você, então significa que tenho outro
lado também?
Isso significa que sou capaz das coisas que você fez?
Isso significa que eu nunca serei normal?
Eu sei que o meu começo foi diferente do que a
maioria. Eu sei que vivi em uma prisão. Eu sei que estava
cercado por morte, sangue e violência.
Eu sei que amei um rato empalhado por sua causa.
Eu sei todas as coisas que herdei da minha mãe.
Agora eu sei o que herdei de você.
E isso me assusta.
Você não ama a minha mãe.
Você realmente a desprezava.
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Eu não tenho problema com isso.
Meu problema é o que você fez com ela. O quanto horrível
você foi com ela.
O que você tomou sem o consentimento dela.
Deus, espero que não foi como ela ficou grávida.
Eu me preocupo, é que eu fui concebido durante a porra
dela gritando.
Sinto-me doente.
Eu não quero ser você.
Eu nunca serei você.
E sei que provavelmente deveria parar de te escrever.
Mas eu não posso.
Pelo menos não até eu ouvir o resto.
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Shank

Antes...
Já fazia um mês desde que recebi a carta do Anônimo. Ela estava cheio
de mentiras, assim como eu suspeitava. Se a ameaça dele fosse séria, ele já
teria matado o garoto agora. Um mês era muito longo para esperar,
especialmente quando estava lidando com um especialista como eu. Quatro
semanas me deram tempo para planejar e colocar as coisas em ação e
proteger o garoto se eu estivesse preocupado com sua segurança. Eu não
estava. Eu sabia que aquele filho da puta não tinha ideia de que o garoto era
meu filho.

O Anônimo poderia chupar o meu pau.

Esse não era o problema.

Era o garoto e a porra da resposta que ele me enviou. Ele estava sentindo
pena de si mesmo e chorando pelo que eu fiz para a mãe dele.

O que diabos ele esperava? Eu dizer a ele que a peguei em uma cama
com rosas? Que levei meu tempo e me certifiquei de que ela tivesse gozado?

Porra, isso me fez rir.

Beard precisava dos gritos, então dei a ele um pouco.


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Eu precisava gozar, então eu fiz.

Não havia nada de errado com o que eu fiz.

E eu não dava a mínima se eu chateava o garoto.

Ele pediu a verdade, e ele não podia lidar com isso.

Esse não era o meu problema.

Mas agora ele queria ouvir mais.

Peguei a pequena pilha de papel, uma caneta e comecei a escrever.

Como eu disse na minha última carta, Beard estava de volta. Na manhã


depois que ouviu os gritos da sua mãe, ele era como uma pessoa totalmente
nova. Ele jogou todas as pílulas. Ele começou a dormir. Ele tomava banho
regularmente. Estava vivo novamente. E ele nunca quis sair da prisão. Ele
queria trabalhar todos os dias sem sair.

Agora que ele não estava se enterrando em drogas, um ódio ferveu


dentro dele. Eu fiquei animado, apenas pensando em como ele estava com
raiva dele naquela época. Era tão ruim, que às vezes os prisioneiros teriam
sorte se caíssem na minha sala de operações e não na de Beard. Isso diz
muito, vindo de mim.

Ele sempre gostou de trabalhar na prisão.

Mas agora ele tinha um lugar para brincar.

Ter Beard de volta significava que a Tyler não poderia ficar em sua
cela. E, porque ele voltou para nós tão rápido e queria ir direto ao trabalho,
eu tive que tirá-la rápido de lá.

Eu nem tive tempo suficiente para matá-la primeiro.


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Então, enquanto o Diego o distraía, Toy e eu a levamos para fora. Então,
uma vez que ela estava longe do prédio e em um carro que o Toy havia
alugado, Diego consertou o monitor, então apareciam todas as celas. O áudio
e o vídeo que foram gravados dela foram excluídos do servidor separado e
salvos em um pen-drive.

Eu mantive essa coisa no meu maldito bolso.

Assim que o Toy e eu saímos dela, tirei alguns dias de folga. Eu disse
aos caras que o Toy e eu precisávamos de algum tempo, e estávamos indo
para Caracas. Realmente, estávamos procurando um lugar para colocar a
Tyler.

Depois de algumas paradas, finalmente encontramos algo. Era uma


pequena cabana a alguns quilômetros da prisão. Tinha um quarto, banheiro e
uma cozinha. Foi isso. Nós não precisamos de muitos. Nós só precisávamos
de um lugar para colocá-la até que eu pudesse descobrir o que diabos faria
com ela.

Você vê, eu não matei na Venezuela a menos que estivesse na prisão.

Eu não podia matá-la nos Estados Unidos. Isso era muito arriscado.

Eu teria que transportá-la para algum lugar da América do Sul.

Mas, com o tempo, isso provou ser complicado. Beard estava envolvido
nos planos de voo e no agendamento. Ele sabia quem estava no avião em
todos os momentos, e ele era amigo dos pilotos. Eu poderia ter inventado
uma mentira e ter todos a bordo sem que eles soubessem quem estava
mentindo. Mas aprendi ao longo dos anos que as pessoas eram terríveis
mentirosos.

Então, até que eu pudesse bolar um plano, Toy e Tyler iriam morar na
cabana, e Toy se asseguraria de que ela não escapasse. Eu odiava tê-lo
lá. Odiava não ter acesso a ele sempre que eu queria, odiava ter que contratar
outro guarda para substituí-lo.

Não tive outra escolha. Ele era a única pessoa em quem eu podia confiar
para fazer isso.
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Todos os dias eu os visitava. Trazia comida, roupas e o que eles
precisavam.

Nós não deixamos a Tyler vagar livremente. Nós a colocamos em uma


gaiola, como uma porra de um animal. Demos espaço suficiente para ela se
sentar e trocar de posição. Porra, não era tão menor do que a cela em que eu
morava agora.

Por um tempo, as coisas estavam perfeitas.

Mas isso não durou.

Tyler acordou uma manhã e vomitou. Ela ficou doente o dia inteiro e, na
quarta manhã, não melhorou. Toy achou que ela estava grávida. Eu pensei
que ele estava doido. Ela já estava grávida e perdeu o bebê de Beard. Eu
tinha visto a papelada do hospital para confirmar. E, desde que ela abortou,
duvidei que tivesse fodido alguém. Ela mal havia deixado seu apartamento.

Para agradar, comprei um teste de gravidez. Quando cheguei na cabana,


rasguei o topo da caixa e eu enfiei os dois bastões nas grades. – Faça xixi
sobre eles. – eu resmunguei.

Ela estava um caos. O lugar inteiro cheirava a vômito. Toy rasgou


metade de sua camiseta. Ele a envolveu sobre o nariz e a boca, e a amarrou
atrás da cabeça. Eu não culpo o cara. Eu não seria capaz de sentar aqui e
cheirá-la o dia todo e a noite também.

– Você pode me pegar o balde? – ela apontou para a lixeira de plástico


branco que estava na pia da cozinha.

Deve ser o que Toy dava a ela para mijar. Eu nunca estive por perto para
ver isso.

Eu tive que abrir o trinco e a pequena porta da gaiola para pegar o balde.

Ela nem tentou sair antes de eu trancá-la.

Ela era uma boa prisioneira.


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Ela destampou os dois bastões. Então, ela puxou as calças do pijama e se
agachou sobre o balde. Os testes estavam lado a lado na mão dela, e ela os
colocou debaixo dela.

– É isso. – eu disse a ela, observando a cor amarela espalhar sobre o


bastão. – Tire todo o xixi da sua boceta suja. – quando ela terminou, eu disse:
– Dê para mim.

Ela os entregou para mim através das grades.

A caixa dizia que os resultados levariam cinco minutos, então eu disse a


Toy para me seguir até o banheiro, e eu tranquei a porta.

Ele baixou a camiseta da boca e disse: – Estou lhe dizendo, cara, ela está
grávida. Eu sei lá no fundo.

– Toy, para com essa besteira, caralho. – coloquei os testes na pia e me


virei para ele. – Ela segurou o almoço dela. Ela está bem.

Ele balançou a cabeça, suas mãos se movendo para a cintura, enquanto


ele olhava para baixo. – Não, ela não fez. Esqueci de te contar, ela vomitou
ele também.

– Talvez, ela esteja provocando o vômito, esperando que tenhamos pena


dela e a deixe ir.

– Eu a observei, Shank. Ela fica pálida antes de ficar doente. Provocar


vômito não faz com que a sua pele mude de cor.

Eu odiava o tom de sua voz.

Eu o machuquei e odiei ainda mais.

Eu andei de um lado para outro no chuveiro do banheiro e voltei. – Ela


pegou um vírus ou algo assim.

– Como? – ele perguntou. – Ela não sai da gaiola. Ela ainda caga dentro
dessa porra. E, se ela pegasse alguma coisa, ela teria conseguido isso de você
ou de mim, e nenhum de nós está doente.
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Ele estava zangado comigo.

Eu não merecia isso.

Eu não era o idiota nesta cabana. Ele era.

Eu o enfrentei, com os meus dentes cerrados com tanta força, eu pensei


que um deles seria esmagado em pó. – Não tem jeito, Toy. De jeito nenhum,
então tire isso da sua cabeça.

Ele foi até a pia e levantou ambos os testes para o ar.

As pequenas janelas no topo nos deram a resposta.

Grávida.

– Deve ter havido um. – ele disse. – Porque ela está grávida, assim como
eu te disse que ela estava.

Soquei o espelho acima da pia e o vidro quebrou por todo o lugar. – Eu a


peguei uma vez, Toy. Uma vez.

Ele colocou a mão sobre a minha boca para me silenciar. – Pare. Eu não
quero ouvir isso. – quando ele percebeu que o sangue estava pingando de
cada um dos meus dedos, ele colocou uma toalha sobre minha mão e limpou
os cortes.

– Toy. – murmurei, puxando os dedos dos meus lábios. – Nós temos que
conversar sobre isso.

– Não, nós não temos. Você já sabe como me sinto sobre o que você
fez. É o bastante.

– Eu não fiz isso para te magoar.

– Me magoar? – seu tom mudou novamente, agora imitando a palavra


que ele tinha acabado de latir. – Você não vê o que você fez? – ele balançou
a cabeça enquanto algumas lágrimas escorriam para seu queixo. – Eu sei que
você não sabe, e você nunca vai. É só quem você é e essa porra me mata.

Ele estava perturbado.


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Isso me incomodou.

Mas, além dessas lágrimas, ele sabia que eu não tinha escolha. Tinha
que ter Beard de volta e transar com a Tyler tinha sido o único caminho. Não
era como se eu quisesse foder uma boceta.

– Você vai ser pai. – ele disse. – E isso não aconteceu do jeito que eu
queria.

Suas lágrimas começaram a fazer algo para mim.

Algo que eu não gostei.

Elas estavam me fazendo sentir.

E a sensação no meu peito, eu só queria me livrar dela.

Mas, a cada segundo que eu olhava para ele, eu me lembrava do que ele
queria.

Um garoto.

Ele deixou esse desejo muito claro durante uma conversa telefônica
antes de se mudar para a Venezuela, e eu deixei meu desgosto pelas crianças
tão claro. Foi o único desentendimento que já tivemos. A briga tinha acabado
comigo em um avião, indo para San Diego, muita bebida e sexo de
reconciliação depois que cheguei. Nós não falamos sobre isso desde então.

Nós não iríamos falar sobre isso agora também.

Peguei os dois testes e saí de perto dele. Eu fui até a gaiola e gritei: –
Você está grávida!

– Eu sei.

Ela estava como uma bola no canto, sentada se balançando.

– Você sabe? Como diabos você sabe?


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– Senti o mesmo quando estava grávida do filho do Beard. – ela ficou
pálida. Então, se inclinou sobre o balde de lixo e vomitou. – Não tive enjôo
matinal. – ela limpou a boca com as costas da mão. – Enjoei toda hora.

– De quem ele é?

Ela afastou o balde e colocou os braços ao redor dos joelhos. – Seu. – o


cabelo cobriu a parte superior de seu rosto. Ela olhou para mim através dos
fios. – Estava tão preocupada que o Achurdy de alguma forma me
encontraria e me mandaria para algum lugar, e meu bebê e eu morrêssemos.
– a bola em que estava parecia tensa, e ela parou de balançar. – Engraçado,
tudo isso aconteceu de qualquer forma, por sua causa. Parabéns,
Shank. Você me estuprou e agora vai ser pai.

Eu chutei a gaiola com tanta força que a cabeça dela bateu contra o topo
dela.

– Diga isso de novo, e você não terá mais a língua. – eu avisei. Então,
olhei para Toy. – Eu a quero morta agora mesmo. Quero aquela coisa dentro
dela morta também. Eu quero que você alcance a sua boceta e a rasgue, e
coloque uma faca através dela.

Toy não disse nada.

Nem Tyler.

Eu saí do inferno e voltei para a prisão.

Um pai?

Foda-se isso.

E foda-se ela.

Eu tinha a prisão. Tinha o Toy. Tinha o Demon. Eu tinha os meus bebês.

Eu não queria uma criança fodida.

Mas, no dia seguinte, recebi uma ligação de Toy e ele me deu algumas
notícias.
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Notícias que eu não queria ouvir.

Quando dobrei a carta e coloquei no envelope, pensei em Toy. Eu era


tão jovem quando o conheci. Inferno, eu era jovem quando o perdi também.

Ele era o único cara que eu já namorei.

Nós tínhamos passado por tanta coisa juntos.

Nós sobrevivemos.

Então, nós passamos por mais merda.

Porra, eu sinto falta dele.


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Huck
Arin ficou ao pé da cama com a mão ainda pressionada na boceta
dela. Ela estava esfregando o seu clitóris e se masturbando. Isso foi segundos
atrás. Agora, tinha certeza de que o orgasmo havia acabado antes de atingir o
auge. Seu corpo estava rígido. Nossos olhos estavam encontrados enquanto
as minhas mãos seguravam o seu rosto, para que ela não pudesse desviar o
olhar.

Lentamente - tão devagar - ela começou a processar o que eu disse.

– Quero saber tudo sobre o seu pai.

Sua mão caiu de sua boceta. Seu corpo se afrouxou e enrijeceu


novamente. E então, uma expressão passou pelo rosto dela. Não de
raiva. Parecia que ela estava chateada. – Você me seguiu? – sua voz estava
cheia de descrença.

– Eu não te segui, Arin. Um dos meus seguranças seguiu.

Ela balançou a cabeça, levantando os braços cruzando no peito para


esconder seus seios. – Por que você faria isso?

– Por quê? Você foi traficada para Banguecoque e pensou que eu apenas
deixaria você correr para a cidade sem fazer da sua segurança a minha
principal prioridade? – seus lábios se abriram, e eu a parei antes que ela
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pudesse dizer qualquer coisa. – Posso ter certeza que nada aconteça com
você enquanto estiver neste bordel, mas uma vez que você esteja fora,
providenciar segurança é a única maneira que posso ter certeza de que nada
aconteça com você lá fora.

Ela olhou para mim como se estivesse atacando ela, como se eu fosse o
inimigo, como se eu tivesse feito algo errado. – Você não achou que era
importante me dizer?

– Eu não preciso dizer meus planos para você, Arin. – quando ela tentou
se afastar de mim, eu agarrei seu braço, e repeti a minha pergunta: – Quem é
esse seu pai?

Silêncio.

Isso foi tudo o que passou entre nós.

Ela não vê que estou tentando protegê-la? Ela já tinha ficado nas mãos
erradas uma vez; Eu não deixaria isso acontecer novamente.

Se ela não fosse me responder, eu precisava tentar outra coisa. Então,


soltei seu rosto removendo minhas mãos e disse: – Por que você mentiu para
mim?

– Do que você está falando, Huck? Eu não menti para você.

– Você me disse que não tinha ninguém para ligar nos Estados
Unidos. Mas você tem alguém e o nome dele é papai. E você obviamente não
queria que eu soubesse que estava ligando para ele porque você não usou o
celular que eu tinha lhe dado. Você usou o do mercado.

– Eu não posso acreditar nisso. – ela sussurrou.

Isso fazia dois de nós.

Ela estava olhando para a cama, com a sua pequena estrutura balançando
suavemente para frente e para trás. – Como você pode pensar que eu estava
tentando esconder algo de você? Eu tenho sido nada mais do que honesta o
tempo todo que eu estive aqui. – ela olhou para cima, e a dor em seu rosto
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me apunhalou. – Eu não sou desonesta. O fato de você ter pensado isso. –
sua voz era tão suave. – Me mata.

– Prove-me que eu estava errado, então.

Ela respirou fundo algumas vezes. – Esta manhã foi a primeira vez que
me senti forte o suficiente para dar um passeio. Só queria sair e olhar
Banguecoque. Tudo o que eu vi é esse bordel e os becos que eu peguei para
chegar aqui na noite que cheguei. – poderia dizer que a memória lhe causou
alguma dor. – Então, caminhei e encontrei um mercado. As roupas que eles
vendiam eram tão bonitas, e eu vi algo que queria comprar para você, mas
não tinha dinheiro. De qualquer forma, havia aquela camisa masculina, e isso
me lembrou de uma que o meu antigo colega de quarto costumava usar - o da
Índia que eu lhe contei. Faz tanto tempo desde que eu falei com ele... – sua
voz sumiu, e seus olhos me deixaram. Eu a observei vagar para um lugar
onde sua carranca começou a levantar. – Sinto falta dele, Huck. Muita. E eu
só queria falar com ele mas eu não podia ligar para ele do celular que você
tinha me dado porque esqueci de carregar na noite anterior, e ele estava
descarregado. Então, fui à primeira loja que encontrei e pedi para usar o
telefone.

Eu olhei para ela.

Nos olhos dela.

Eu os li.

– Se você não acredita em mim, entre no meu quarto e verifique o meu


celular. Você verá que está conectado e a bateria ainda está muito baixa. Só
está carregando desde que voltei.

Durante a caminhada, verifiquei o sinal do celular dela. Não houve


nenhum. Então, sabia que estava desligado ou descarregado. Eu não duvidei
que estava no quarto dela, carregando agora. Ela não teria inventado isso
quando seria fácil eu entrar e olhar.

– Você ainda mentiu. – eu disse.


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– Porque eu lhe disse que não tinha ninguém nos Estados Unidos para
pedir ajuda?

Eu assenti.

– Varij, a quem apelidamos de papai na faculdade - uma longa história


que envolve muito álcool - não mora nos Estados Unidos. Ele está em
Toronto. – seu olhar encontrou meus olhos. – Ele é tudo que eu tenho,
Huck. Não há mais ninguém para eu ligar. Ele é o meu melhor amigo e eu o
amo. Não da maneira como soa. – ela esclareceu. – Só quero dizer, que eu
me importo muito com ele.

A pesquisa que eu fiz dela mostrou os apartamentos em Nova York em


que ela morava, mas nenhum deles estava listado com um colega de
quarto. Isso não significa nada; colegas de quarto muitas vezes não eram
documentados.

Também não significava que confiava nela.

– Eu não mentiria para você. – ela disse. – Nunca e especialmente não


depois de tudo que você fez por mim. Eu não tomo sua generosidade como
garantida. Eu aprecio cada segundo dela.

Continuei a ler seus olhos. Eles não me mostraram nada.

– É melhor você não mentir para mim. – eu não precisava ameaçar. O


som da minha voz disse a ela que eu não estava brincando.

Ela sorriu quando deu vários passos para frente e pegou minha mão. - Eu
não vou; Não se preocupe. – ela colocou meus dedos em seu umbigo e
começou a movê-los em direção a seus peitos. – Eu toquei a sua cobra. Eu
masturbei a minha boceta. Eu fiz tudo o que você pediu. O que mais preciso
fazer para tirar sua roupa?

Ela ainda queria me foder.

Não tinha que confiar nela para dar a ela meu pau.
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– Hummm. – murmurei quando estendi a mão e puxei seu corpo contra o
meu. Sua pele estava tão quente e eu podia sentir o cheiro de sua doçura. –
Você tem certeza que quer o meu pau?

Depois do que aconteceu, eu precisava ouvir as palavras novamente.

– Deus, sim. Eu quero que você me foda.


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Arin
Eu queria que o Huck me fudesse.

E eu precisava disso agora.

Estava cansada de discutir sobre a minha caminhada e as coisas que o


Huck achava que eu estava mentindo.

Ele não tinha certeza de mim. Ele não confiava em mim ainda. Tudo
bem.

Pelo menos agora eu sabia que ele se importava o suficiente para que um
de seus seguranças me seguisse. Se eu fosse qualquer garota que tivesse
chegado em um barco, duvidaria que ele tomasse as mesmas medidas.

Ah, Huck. As coisas que você não vai me dizer, mas gostaria que você
falasse.

Segurei a sua mão contra o meu estômago e, gradualmente, passei para o


fundo dos meus seios e para o topo da minha boceta. Eu fiz isso de novo,
desta vez indo um pouco mais longe, então ele acariciou meu mamilo e o
meu clitóris. Na terceira vez, forcei-o a apertar o meu mamilo, liberando-o
imediatamente para que eu pudesse abaixá-lo pela última vez. Eu pressionei
meu dedo em cima dele e usei os dois para circular meu clitóris.

– Hummm. – eu gemi.
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Estava pensando sobre isso desde o momento em que ele me encontrou
nas escadas.

Eu ansiava por isso.

Eu faria quase qualquer coisa por isso.

Eu faria.

E eu finalmente estava entendendo.

Ele afastou a mão, apertou minha cintura e me levantou no ar. – Vou te


devorar pra caralho. – ele sussurrou, levando-me para a cama e me
colocando em cima dela.

Quando me senti à vontade, ouvi o som do zíper dele e vi-o descer


devagar. O topo de sua calça jeans estava agora aberto, revelando sua cueca
boxer. Tantos tendões de músculos moviam quando ele tirou a camisa. Eles
não estavam apenas em seus braços e peito. Ele tinha totalmente definido o
abdômen e um V que desapareceu quando encontrou sua virilha. Quando
seus jeans caíram no chão, vi que as suas pernas eram tão esculpidas
quanto. E definitivamente tão deliciosa.

Meu Deus.

As tatuagens de cobra ainda me chocavam toda vez que as via. Eu não


sabia se alguma vez me acostumaria com elas. Não que isso importasse. Eu
provavelmente não estaria aqui por mais do que algumas semanas. Isso me
daria tempo suficiente para memorizar o seu corpo perfeito, então quando
voltasse para Nova York, poderia pensar nele quando me tocasse.

E pensar na maneira como ele me tocou.

Do seu peito e esses braços enormes e fortes.

A maneira como a barba dele parecia em minha pele.

O cheiro dele.

Suas cobras.
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Era difícil acreditar que esse homem fosse solteiro.

Quando esfreguei seu jeans não muito tempo atrás, senti o contorno do
seu pau. Meus dedos tinham até acariciado a ponta dele. Mas não foi nada
comparado a realmente ver ele.

Longo e grosso com uma coroa de cogumelo e uma veia que percorria
por baixo em direção ao seu pelo escuro curto e aparado.

Era bonito.

Quando olhei para cima, ele estava sorrindo para mim.

Ele me pegou.

Eu não me importei.

Ele era tão lindo.

Sua aparência não era do tipo que chamaria imediatamente a sua


atenção. Era mais como uma queimadura lenta. E, quando sua personalidade
surgia, ela o deixava ainda mais sexy. Sua misteriosidade fazia seus olhos
destacarem. Sua nitidez fazia sua boca erótica. O limite do comportamento
dele o fazia atraente.

Tudo isso estava me encarando enquanto ele estava parado, paralisado e


nu, na frente de sua mesa de cabeceira.

– Você está parando de propósito? – perguntei.

Ele sorriu novamente quando chegou dentro da gaveta e tirou uma


embalagem de camisinha que ele deixou cair na cama ao meu lado. – Gosto
de olhar para você.

– Você pode fazer mais do que apenas olhar para mim, Huck. Você pode
estar dentro de mim.

Ele subiu na cama e montou na minha cintura, sua ereção se estendendo


para frente de seu corpo, o pequeno buraco no meio começando a vazar com
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o pré-sêmen. Ele precisava ser lambido com a minha língua. Eu tinha certeza
que ele queria isso. Eu queria tanto assim.

Ele olhou para mim e olhei entre ele e o pau dele. Ele estava me
provocando. Chamando por mim. Eu estava esperando por seu comando, e
tinha certeza que ele sabia disso. Cada vez que eu olhava dele para sua coroa,
eu absorvia mais de seu corpo. Os músculos, a tensão de sua pele enquanto
se estendia através deles, os montes e vales entre cada um.

Minha boca ficou molhada por tudo isso.

– Chupe. – ele pediu.

Eu olhei para ele enquanto me inclinei para frente e ampliei meus lábios
para dar uma olhada na cabeça. Sua pele estava tão gostosa. Era quente,
cítrica e sabonete, tudo misturado. Cobrindo seu pau inteiro, engoli até o fim
e girei minha boca até o meio.

Sua mão agarrou a parte de trás da minha cabeça para me guiar. – É isso.
– ele disse. – Leve fundo. – eu poderia dizer pelo tom dele que não era uma
ordem ou mesmo palavras de encorajamento. Essa era a sua maneira de me
dizer como eu estava indo bem.

Com a outra mão, peguei suas bolas, juntando toda a saliva que pingava
da minha boca e a esfreguei no saco. Quando precisei engolir, eu peguei uma
das bolas dele na minha boca e gentilmente fiz cócegas com a minha língua.

– Porra. – Huck gemeu quando me movi para a outra bola.

Chupei da mesma forma, acariciando e voltei ao seu pau. Enquanto eu


balançava, ele tirou a embalagem da cama, rasgou a canto com os dentes e a
colocou na mão.

Nossos olhos se encontraram mais uma vez, e quando deslizei de volta


em seu pau, logo antes de deslizar novamente, ele tirou o pau dele da minha
boca.

Eu não terminei. Nem mesmo perto.


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– Você tem uma língua do caralho. – ele disse, desenrolando a
camisinha. – Mas agora, quero usar a minha. – ele afastou meu corpo até que
minha cabeça atingir os travesseiros, e seu rosto desapareceu entre minhas
pernas. – Boa e molhada. – ele lambeu. – Do jeito que eu quero que você
seja.

Envolvi minhas mãos ao redor do lençol e o apertei entre os meus


dedos. Mal conseguia respirar; ele parecia tão bom. A ponta da sua língua
estava passando pelo meu clitóris, e eu imediatamente senti a compilação. Eu
estava tão perto antes que ele trouxesse a coisa do papai, e agora, estava
voltando de novo.

– Ah, meu Deus. – eu gemi.

Ele lambeu com força.

Ele lambeu rápido.

Então, ele lambeu muito mais e muito mais rápido.

Huck levantou as minhas pernas, então as minhas coxas apoiaram em


meus seios e ele chupou o meu clitóris. Tudo dentro de mim estava se
apertando. Não conseguia controlar o quanto rápido estava se intensificando.

– Goze no meu rosto, Arin.

– Mas...

Ele bateu no meu clitóris. – Agora.

Isso foi tudo que eu precisava ouvir.

O orgasmo veio rapidamente e forte. Ele pegou minhas entranhas e as


sacudiu ao ponto de eu gritar. Eu não pude ver. Eu não consegui ouvir. Eu
não podia fazer nada além de andar na sensação que estava pulsando através
do meu corpo.

Assim que terminou, fui preenchida novamente. Desta vez, com o pau
do Huck.
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E eu gritei mais uma vez.

Suas bolas bateram em mim, cada centímetro dele agora completamente


enterrado dentro de mim. Ele era tão grande, tão grosso. Ele se moveu com
tal poder que jurei que outro orgasmo estava vindo.

– Você está muito apertada. – ele sussurrou, empurrando as minhas


canelas, então minhas coxas ficaram contra o meu peito. Isso deu a ele
acesso total à minha boceta sem qualquer restrição, nem mesmo as minhas
pernas para impedi-lo de usar toda a sua força.

E ele usou toda ela.

O topo do meu crânio bateu na cabeceira da cama enquanto ele se


balançava em mim. Ele tentou proteger minha cabeça com a mão e eu parei e
disse: – Mais forte.

Ele gemeu, se afastando apenas o tempo suficiente para me virar de


bruços. Ele se moveu atrás de mim antes de se empurrar de volta.

– Meu Deus.

– Sabia que você gostaria desta posição. – ele murmurou. – Ela me deixa
ainda mais fundo.

Eu pensei que tinha tudo dele quando estava de costas.

Eu pensei que tinha sido incrível.

Mas eu estava errada.

Tão, tão errada.

Nada nunca tinha sido assim.

Ele colocou a mão debaixo de mim, a deslizou até o meu mamilo e o


beliscou.

– Huck…
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– Eu sei, Baby. Posso dizer como é bom sentir isso. – ele levantou os
meus quadris até que a altura me obrigou a ficar de joelhos. – Fique assim. –
ele disse quando minhas palmas se apoiaram na cama. – Isso me dá mais
acesso ao seu corpo.

Baby.

Essa palavra, sua voz, tudo me fez tremer. O mesmo aconteceu com as
mãos dele passando sobre mim, revezando-se apertando os meus mamilos e
esfregando o meu clitóris.

Não demorou muito para eu estar novamente no limite. Huck parecia


sentir isso porque ele dirigiu para dentro de mim ainda mais rápido, seus
dedos circulando o meu clitóris como a sua língua.

– Deixe-me ouvir, Arin.

Dei duas respirações e estava lá, me mantendo como refém, possuindo o


ar que entrava em meus pulmões e as sensações que irrompiam pelo meu
corpo. Eu dei a ele o que pediu, gemendo tão alto que não pude ouvir sua
resposta.

Mas eu a senti.

Ele me atingiu, certificando-se de dar ao meu clitóris bastante atrito e


meus mamilos bastante aperto. E, assim que os sentimentos começaram a
sair, ele me virou novamente. Ele montou minhas pernas em volta de sua
cintura enquanto ele estava sentado de costas contra a cabeceira da cama, e
agora eu era a única em cima.

– Monte-me. – ele pediu. Eu me levantei em direção a sua ponta, e ele


sussurrou: – Quero suas unhas nas minhas costas. Quero que elas cravem tão
forte, que me faça sangrar.

Havia cobras nas costas dele. Toneladas delas. Suas cabeças, olhos e
corpos longos. E elas estavam de todas as cores diferentes em sua pele.

Eu ficaria feliz em espetar uma.


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– Assim. – ele me disse enquanto as minhas unhas perfuravam seu
corpo. – Mas, mais forte.

Eu fiz o que ele pediu e me movi para frente e para trás sobre o seu pau,
encontrando um ritmo para nós dois. Ele desceu a boca e pegou um dos meus
mamilos entre os dentes. Ele mordeu meu dorso e chupou a frente, e eu me
vi me perdendo tudo de novo.

Mesmo sendo agora a única no controle, esse homem não passava de


prazer.

Eu queria que ele se sentisse tão bem quanto eu.

Queria que ele estivesse fazendo os sons que estavam saindo da minha
boca.

Então, cravei minhas unhas com mais força, e as usei como alavanca
para balançar, levantar e girar, balançar, levantar e girar. Eu fiz isso mais e
mais. Pela maneira como ele mordeu meu mamilo e apertou o topo do meu
clitóris, eu sabia que estava funcionando.

– Jesus, porra. – ele gemeu. Nossos olhos se encontraram. – Você está


tentando me fazer gozar.

– Sim. – mal tive a respiração para dizer isso.

– Você tem certeza de que é o que você quer? – seus dentes pousaram
no meu outro mamilo antes de soltá-lo. – Eu queria que você me montasse
até que sua boceta estivesse muito dolorida para sair novamente.

– Eu não posso, Huck.

Suas mãos se moveram para o meu rosto e ele as usou para me


aproximar. Seus lábios pressionaram os meus onde ele os dominou por
vários segundos antes de dizer: – Eu sei que você ainda está se recuperando.

Eu balancei a cabeça, revivendo e ele entendeu. – Não quero que você


me quebre. Eu quero que você me conserte.
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Seu olhar sustentou o meu com tanta força que senti em todo o meu
corpo. –Você quer que eu seja a única a fazer isso?

– Sim.

– Arin. – ele gemeu. Quando ele me beijou, desta vez, foi diferente. Não
foi forte e carente. Foi suave. Simples. Apenas uma pressão nos lábios e uma
expiração nas minhas bochechas.

Mas causou tantas emoções.

E o meu corpo estremeceu com isso.

Seus dedos enfiaram em meu cabelo, e ele puxou até que o meu pescoço
inteiro estivesse exposto, o qual ele então beijou, lambeu e mordeu. – Olhe
para mim. – seus lábios pairaram sobre os meus. – Foda-me, então eu posso
gozar.

Eu tomei fôlego, esperando que fosse o suficiente para abastecer meus


músculos, e olhei em seus olhos enquanto o montava tão fundo quanto minha
boceta poderia aguentar. Ele empurrou as mãos para trás e inclinou o pau
para frente, e alonguei os meus golpes. Levou tudo que eu tinha. E, quando
comecei a me sentir perdendo energia, seu abdômen se enrijeceu e os seus
quadris se moveram comigo. Ele ia gozar.

– Beije-me. – ele gritou.

Parei de cravar minhas unhas em suas costas, segurei seu rosto barbudo,
e provei seus lábios.

Cada gemido que ele soltava, cada vez que terminava. – Arin. – me dizia
que ele estava preenchendo a camisinha com longos e grossos jatos de
esperma.

E, quando ele agarrou meus quadris para me acalmar, eu sabia que ele
tinha terminado.

– Porra, isso foi bom. – ele disse, esfregando o nariz na minha


bochecha. – Diga-me que você está bem.
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Neste ponto, eu não tinha certeza de quantos orgasmos eu tive. – Estou
mais do que bem.

– Você está pronta para um banho?

– Sim.

Ele saiu de mim, mas me manteve em seus braços enquanto nos levava
ao banheiro. Ele me colocou no banco dentro do chuveiro. Ele me deixou lá
para pegar uma toalhinha do armário e, no caminho de volta, jogou a
camisinha no vaso sanitário.

Com o chuveiro ligado, Huck segurou o pano debaixo dele. Uma vez
que estava molhado, ele pressionou o pano na minha boceta.

– Você não gozou em mim. – eu disse a ele, confusa com o gesto.

Ele sorriu.

Deus, eu nunca enjoaria de vê-lo fazer isso agora que ele me deu um
sorriso completo.

– Não, mas está dolorida, tenho certeza, e isso fará com que se sinta
melhor.

Eu me senti.

Eu me senti relaxada.

Mas de uma forma boa.

Ele alcançou a prateleira para pegar o sabonete e esguichou um pouco


em sua mão. – Agora, vou dar banho em você.

Foi então que notei a tatuagem do lado dele. Ela pegou todo o seu torso,
passando de sua axila até a cintura. Eu não sabia porque não tinha visto ela
antes. Talvez, houvesse apenas muitas para olhar. Mas, essa cobra era
diferente das outras. Era toda amarela e tinha uma fina faixa vermelha no
centro.

Era idêntica a da foto.


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Idêntica a que eu matei.

Eu não podia fugir dela.

E agora, até o corpo dele era um lembrete.

Um lembrete do porquê eu precisava sair daqui e voltar para casa.


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Garoto

Antes...
Eu não estou surpreso que você queria a minha mãe
morta.
Eu não estou surpreso que você queria ter me arrancado
de seu corpo e que o Toy me apunhalasse com uma faca.
Nada sobre você me surpreende neste momento.
Espere…
Eu menti.
Algo me surpreende, na verdade.
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Estou surpreso por ainda estar vivo.
Por que você decidiu me manter?
Ou devo dizer, por que você decidiu não matar minha
mãe?
Eu acho que já sei a resposta.
É por causa do Toy, não é?
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Shank

Antes...
O garoto achou que eu era o único que era mau aqui.

Ele pensou que era só eu que o queria morto.

Ele estava tão errado.

Eu disse a ele desde o começo que sua mãe era uma puta, uma prostituta
que não prestava para nada.

O que eu estava prestes a dizer a ele provaria isso.

Caminhei até a minha cama de cobertores para pegar minhas folhas de


papel, e quando me endireitei novamente, não senti nada. Nenhuma dor na
minha bunda. Não há tensão do prisioneiro estocando no meu buraco. Minha
porra de queixo não tinha sido aberto a alguns dias.

Eu sabia que esta carta estava chegando.

Eu estive pensando muito sobre isso.


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Toy achou que eu precisava de tempo para esfriar, e ele me disse para
não ir a cabana por uma semana inteira. Essa foi a notícia que ele me deu
quando me ligou no dia seguinte. Eu não sabia do que diabos ele estava
falando porque não precisava de um tempo.

Eu queria aquela prostituta e o bebê dela morto.

Meu pensamento não ia mudar.

Mas Toy me disse que eu precisava pensar sobre isso, sobre o que eu
estava pedindo para ele fazer e, enquanto isso, ele não queria me ver.

Eu fiquei sete dias sem falar com ele.

Sem estar em sua presença.

Sem ter seus lábios ao redor do final do meu pau.

Na manhã do oitavo dia, eu não consegui tirar a minha bunda da cama


rápido o suficiente. Assim que terminei de me vestir, Toy estava ligando para
o meu celular. Ele sabia que eu estaria lá cedinho, então ele provavelmente
estava tentando me dizer o que levar.

– Shank! – ele gritou enquanto eu respondia, soando em pânico como o


inferno.

– Toy...

– Venha aqui agora mesmo.

– Eu estarei aí...

– AGORA.

O celular desligou, então peguei minhas chaves e fui para lá o mais


rápido que pude.
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Não tinha ideia do que o deixou tão excitado. Ele não era dramático. Ele
raramente gritava. Ele era no fundo dedicado, constantemente querendo me
agradar e nunca exigindo nada.

Até agora.

Eu dirigi para lá tão rápido, que quase me esqueci de estacionar o carro


antes de sair dele. Correndo até a porta da frente, eu a destranquei, e quando
entrei, não pude acreditar no que diabos eu vi.

Sabia que Toy estava gritando. Tyler provavelmente também estava. Eu


não ouvi nada do que eles disseram.

Porque eu estava muito focado.

No chão.

No sangue.

Estava por todo lugar.

E havia uma poça não muito longe da porta.

Meu pau instantaneamente ficou duro, e eu caí de joelhos, rastejando em


direção a ele. Meus dedos mergulharam na poça, e os levantei na minha
frente, para que pudesse vê-lo pingar em cada junta, a cor agora se
espalhando para a palma da minha mão.

Eu não pude resistir; Eu precisava dele demais.

Eu aproximei meus dedos e os esfreguei no rosto. O cheiro metálico me


atingiu. Porra, eu amava esse cheiro.

Havia muito mais que ainda não estava em mim. Queria que
estivesse. Eu queria tirar minha roupa e me banhar nela.

Mas, quando eu alcancei a parte inferior da minha camisa para levantá-la


sobre a minha cabeça, um ruído penetrou nos meus ouvidos. Era o Toy.

Ele estava gritando: – Shaaank!


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Eu desvie meus olhos da poça e olhei para a minha direita.

– Vem aqui. – Toy me ordenou.

Ele estava encolhido em cima da gaiola, se esticando dentro dela,


lutando para tirar algo das mãos da Tyler. Ambos estavam cobertos de
sangue. Então, a gaiola e o chão estavam na frente deles. O rio fino
terminava na poça aos meus pés.

– Toy, você está ferido? – perguntei.

– Eu estarei se você não vir aqui. – ele gritou.

– O que diabos está acontecendo? – perguntei. Eu ainda não tinha dado


um passo. Eu não iria até que eu soubesse porque Tyler estava nua, porque
Toy estava brigando com ela, porque tudo estava vermelho.

– Você! – Tyler gritou. – Você é o que aconteceu, porra. – ela olhou


para mim através das grades de metal. Seus olhos eram fendas finas e com os
dentes à mostra. Havia até sangue no final do nariz dela. Ela era maníaca. E,
pela primeira vez desde que a prostituta entrou em minha vida, pude ver por
que Beard se sentia atraído por ela. Ela parecia tão linda, toda
ensanguentada, presa e animalesca. – Você me estuprou e me engravidou. –
os braços dela balançaram no ar, e eles escaparam do aperto de Toy. Quando
eles dispararam de volta, houve outro jato de sangue. – Eu não quero, não
quero. Tire isso de mim, tire isso de mim. Tire isso de mim, caralho.

– Shank! – Toy gritou uma vez que a Tyler se acalmou. – Ajude-me a


estabilizá-la, para que eu possa tirar as colheres de suas mãos.

Colheres? Que porra ela está fazendo com colheres?

Ela poderia ter parado de gritar, mas estava chutando, golpeando e


socando o Toy enquanto ele tentava controlá-la.

Inferno. Porra. Não.

Eu ia parar com isso agora.


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Fui para a cozinha e abri a gaveta onde sabia que o Toy havia escondido
a seringa de quando tínhamos transportado a Tyler até aqui. Enchi um quarto
da seringa e levei-a para a gaiola.

– Vai se foder! – Ela gritava. – Vai se foder!

Um pouco do seu cuspe atingiu a minha bochecha e outro cobriu o


exterior do meu olho.

– Toy, segure-a. – coloquei a seringa entre as barras o mais perto que


pude chegar ao seu braço.

– O que você está fazendo? – ele perguntou, sem fôlego, tentando


mantê-los levantados sobre a cabeça dela.

Eu tentei apontar a ponta da agulha, mas ela ainda estava se movendo


muito para ter uma boa chance. – Eu estou acalmando-a. Segure-a firme.

– Você não pode dar essa merda para ela. – ele disse. – Ela está
grávida. Isso é ruim para o bebê.

Não me incomodei em olhá-lo. O que ele disse era muito ridículo. Quem
diabos se importa com o que é ruim para o bebê? Não teria tempo suficiente
para nascer.

– Toy...

– Shank, eu quero dizer isso; não dê nada a ela.

Eu tive o suficiente.

– Toy! – gritei o mais alto que pude, fazendo com que Tyler parasse por
apenas um segundo. Isso me deu tempo suficiente para espetá-la e esvaziar
as drogas em seu corpo.

Ele bateu nela imediatamente, e ela relaxou e começou a cair para frente.

– Eu não posso acreditar em você. – Toy disse quando as suas mãos


deixaram a gaiola com as colheres. – Eu lhe disse para não dar nada a ela, e
você deu.
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– Toy. – eu disse contrariado.

Agarrei o braço dele e o puxei para longe da gaiola. Ele havia se


perdido. Precisava dele de volta aqui comigo e não pensando nela.

– Olhe para mim. – esperei mais do que eu queria. – Olhe. Para. Mim. –
quando nossos olhos finalmente se encontraram, eu disse: – Ela ia machucar
você. Nada do que fiz mudará o resultado. Ela vai morrer. – eu poderia dizer
que ainda não tinha a atenção dele, então virei de costas para ela. – Diga-me
o que aconteceu.

– Precisávamos de comida, então fui para a cidade para pegar algumas


coisas. – ele passou o braço pela testa, e deixou uma enorme mancha de
sangue. – Quando voltei, ela tinha duas colheres presas dentro dela. Shank…
– ele tentou engolir, e eu poderia dizer que era difícil para ele. – Ela estava
tentando abortar.

Não podia bater a garota pela criatividade. As colheres eram certamente


uma escolha interessante, embora fossem provavelmente as únicas coisas que
ela podia pegar.

– Todo esse sangue é da boceta dela? E o bebê?

Jesus, eu poderia estar espalhando o garoto por toda a minha maldita


cara, e eu nem saberia disso.

– Não é de dentro dela. Eu as tirei a tempo antes que qualquer coisa


acontecesse. – ele olhou para baixo, como se eu tivesse acabado de levantar
meu joelho e atingir seu estômago. – Mas, uma vez que eu as tirei, ela de
alguma forma as roubou de mim e começou a atacar o seu corpo. – ele
respirou, e seu rosto se preencheu com mais emoção. – Ela queria se abrir,
para poder arrancar o bebê.

Olhei por cima do ombro e finalmente vi que ele estava falando. Cortes
longos, grossos e furiosos atravessaram a barriga dela, e havia mais em suas
coxas.

Eles combinavam com os que estavam em seus pulsos, embora aqueles


estivessem curados agora.
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Porra, essa garota não podia nem matar quando ela estava realmente
tentando.

– Você acha que ainda está vivo?

Ele colocou as mãos nas bochechas. Todos os dez dedos estavam


vermelho-escuro. – Acho que sim. Se ela tivesse perdido, eu teria visto algo
sair. – ele olhou para cima novamente. – Isso não aconteceu; Tenho certeza
disso. – ele pegou as colheres do bolso onde as guardou. – Veja o que ela fez
com isso. – o canto da maçaneta estava reduzido a um ponto. – É com isso
que ela estava se cortando. Ela deve ter raspado nas grades de metal ou o
chão enquanto eu dormia para ter aquela ponta afiada.

Havia sangue nas costas da mão dele que ainda pingava. Ele já tinha
secado. Isso significava que ela o cortou. Eu a levantei no meu rosto para
inspecionar e vi um corte profundo. Eu passei a minha língua por cima,
esperando que meu cuspe ajudasse a curar.

– Livre-se dela, Toy. – beijei o centro da ferida. – Vai ser nove meses
disso, se ela não se matar antes deles.

Ele balançou a cabeça e nossos olhos se encontraram. – Eu não posso.

– Sim, você pode. – eu rugi. – E você vai, porra.

– Aquele bebê é seu, Shank. Eu já o amo. – ele virou a mão e agarrou a


minha com tanta força. – Fiz tudo o que você me pediu para fazer na prisão,
mas não posso matar seu filho. Não me faça fazer isso. Por favor, não me
obrigue. Ele respirou fundo. – Se isso significa que tenho que viver nesta
cabana com os dois para o resto da minha vida, então eu vou.

– Toy, não. Eu não vou deixar isso acontecer. Ela tem que morrer.

Ele puxou a mão do meu aperto e bateu contra o meu peito. Seu outro
punho se juntou, e os dois bateram e bateram o mais forte que puderam. Não
doeu. Mas, Toy não estava tentando me machucar. Ele foi o único a se
machucar.

Ele apertou minha camisa em suas mãos. – Não tire a única coisa que eu
quero. – ele prendeu um pouco de ar, e soou tão rouco. – Não me machuque
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porque você não o quer. Eu nunca pedi nada. Essa é a única coisa que
quero. Você me salvou, então agora, deixe-me salvar esta criança.

Eu nunca tinha visto esse lado dele - essa quantidade de emoção, esse
nível de necessidade. Ele estava certo; ele nunca pediu porra nenhuma para
mim. E agora ele queria esse bebê?

– Toy, não posso. Você não entende?

Ele me puxou para mais perto com nossos corpos agora pressionados. –
Você não precisa fazer nada. Você não precisa ter nada a ver com isso. Vai
ser meu. Eu cuidarei dele. Você não terá que se preocupar com nada.

– Não...

– Não me faça escolher, Shank, porque, se me colocar nessa posição, eu


vou escolhe-los. Eu juro, vou escolhe-los.

Não era nem uma ameaça. Ele estava me dizendo a verdade. Ele queria
aquele bebê tanto, ele estava disposto a perder tudo por ele.

Maldito seja. Essa foi a decisão mais difícil da minha vida.

Eu amei esse homem.

Eu queria dar-lhe tudo.

Eu não queria que esse fosse o fim para nós.

Não seria.

Eu não sabia como isso funcionaria. Eu não sabia se poderíamos impedir


que a Tyler se matasse. Mas, isso não era problema meu; Era dele.

Toy não queria que ela morresse, então eu retirei a ordem que eu tinha
dado a ele e disse: – Se você puder mantê-la viva, então o bebê é seu. Nós
vamos resolver isso.

Ele caiu em meus braços e eu o abracei. Inferno, eu abracei aquele filho


da puta com tudo que eu tinha, e então eu o beijei.
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Eu poderia sentir o gosto do sangue da sua mãe em seus lábios.

Porra, era gostoso.

O garoto estava certo sobre Toy. Ele era a única pessoa que o queria
vivo. Se dependesse de mim, teria destruído a Tyler naquela mesma
manhã. Eu teria cortado o seu corpo e trazido ela para o incinerador na
prisão. Mesmo que o Beard me visse, ele não teria reconhecido sua garota
quando ela fosse cúbica como pedaços de gelo.

Não importava; Eu nunca tive a chance de matá-la.

Tyler continuava viva.

Toy pegou o bebê dela.

E então, todo o inferno se soltou.

Mas, não estava pronto para contar essa parte ainda. O garoto precisava
de algum tempo para entender sua mãe prostituta.
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Arin
O turno de ontem completou uma semana inteira de trabalho no bordel,
então, Lawan me chamou para sua mesa esta manhã e me entregou um
envelope.

– Seu pagamento. – ela disse com um sorriso e um arco.

Eu nunca discuti dinheiro com o Huck. Eu não tinha ideia do quanto ele
pretendia me pagar. Eu só sabia que continuaria trabalhando até o momento
em que entrasse no avião para voltar para os Estados Unidos. Não importa o
que aconteceu entre nós, eu não esperava nada disso de graça.

– Parece pesado. – eu disse a ela, abrindo a aba para ver o quanto estava
dentro.

Eu fiz uma contagem rápida; eram trinta e cinco mil baht. Fazendo as
contas em minha cabeça, calculei que isso fosse um pouco mais de mil
dólares.

Foi mais do que eu esperava.

Mais como triplo.


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Não havia como as mulheres neste bordel, as que trabalhavam na mesma
posição que eu, recebessem tanto. Elas provavelmente nem ganhavam isso
em três meses.

Só porque eu estava dormindo com o chefe não significava que merecia


um salário maior.

Eu precisava falar com o Huck.

– Posso manter o dinheiro trancado em sua mesa até o final do meu


turno? – perguntei a ela.

Ela pegou uma mecha do meu cabelo e passou os dedos ao redor, como
se estivesse tentando domar o frizz. – Claro.

Pensei que ela afastaria e ficaria louca enquanto eu me curasse. Apenas


o oposto era verdade. Quanto mais tempo eu passava aqui, mais calorosa ela
ficava perto de mim.

Foi o toque dela que eu mais gostei.

Era suave e maternal. Por um breve segundo, eu só queria fechar os


olhos e deixar que isso me trouxesse de volta para minha mãe quando ela
fazia o mesmo comigo.

Seu toque era sua coisa.

Mas eu não conseguia fechar os olhos e não queria me emocionar, então


respirei fundo e perguntei: – Você se importa se eu levar meu lanche para o
lado de fora?

Ela soltou meu cabelo para alcançar dentro de sua mesa, retornando com
uma chave que ela colocou na minha mão. Era para a porta dos fundos. Eu a
estava usando todos os dias desde a minha caminhada.

– Traga de volta quando você terminar.

Eu também sabia disso.

– Obrigada. – eu disse, inclinando a cabeça enquanto saía.


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Peguei uma xícara de manga e levei para fora comigo. Eu me sentei no
chão, encostando minhas costas no prédio. Enquanto comia, verifiquei a
internet no celular e encontrei o site da embaixada. Eu já havia pesquisado o
processo, a papelada de que precisavam e, agora, eu tinha o dinheiro
necessário.

Uma vez que mandassem o meu passaporte substituto, eu voltaria para


casa.

Eu digitei minhas respostas ao longo de cada pergunta, e então saí do


site e trouxe minha xícara vazia de manga de volta para dentro do
bordel. Estava quente demais para passar mais tempo ao sol.

Enquanto caminhava para a mesa de Lawan para devolver a chave, um


homem se levantou de uma das cadeiras do salão e começou a se aproximar
de mim. Quanto mais perto ele ficava, mais ele espelhava meu caminho. Se
eu pisasse para a direita, ele também o fazia, e o mesmo quando me movi
para a esquerda.

Ele era alto, como o Huck, mas ele não era tão forte, e provavelmente
estava em algum lugar por volta dos vinte e poucos anos. Sua coloração clara
me disse que ele não era da índia.

Eu nunca o tinha visto antes.

Quando eu não pude dar outro passo sem correr para ele, eu disse: –
Posso te ajudar com alguma coisa?

Nunca falei com um cliente. Nem sabia se era permitido. Huck deixou
bem claro que não os queria em nenhum lugar perto de mim. Talvez, eu
esperasse pela resposta desse cara, e então gentilmente pediria para ele sair
do meu caminho.

– Quanto você é? – ele gritou.

Quanto eu sou?

Ele quer me comprar?


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Ele era americano. Por alguma razão, isso fez sua pergunta doer ainda
mais.

Seu olhar caiu nos meus seios, e ele lambeu o lábio superior, mostrando
os dentes escuros e lascados.

Eu senti como se estivesse doente.

– Eu não estou à venda.

Quando sua mão passou pela minha bochecha, eu tentei me afastar, mas
ele agarrou meus dois pulsos com a outra mão. Ele era muito mais forte que
eu.

– Solte-me. – eu gritei. – Deixe-me ir agora mesmo.

Ele me ignorou, continuando sua jornada até o outro lado do meu rosto,
onde ele parou no canto da minha boca.

– Não estou brincando. Tire suas mãos de mim ou eu...

Ele apertou minhas bochechas, então não pude abrir minha boca. – Você
vai o que? Gritar? Parece que você não pode fazer isso agora, pode?

O pânico me percorreu.

Onde está Lawan? O segurança? Por que esse homem está me tocando
e ninguém o está impedindo?

Olhei um pouco além do seu corpo para ver onde todos estavam. Lawan
estava de pé ao lado de sua mesa, falando com um cliente e a garota que ele
havia escolhido. Ela estava de costas para mim; portanto, ela não tinha ideia
do que estava acontecendo. Olhei para a direita, e o segurança estava
revistando em um grupo de homens que acabou de entrar. Ele estava
ocupado demais para me notar.

– Humm. – eu tentei sussurrar para chamar a atenção de alguém.

Um joelho atingiu meu estômago e todo o ar foi expulso do meu corpo.

– Faça outro som, e eu vou enfiar meu punho em sua boceta.


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Tentei respirar pelo meu nariz, mas estava tão agitada que não consegui
me acalmar o suficiente para deixar entrar ar. Meu corpo ficou
dormente. Ansiedade tinha preenchido completamente meu peito. Eu estava
tremendo. Estava vendo pontos pretos.

Ele soltou as minhas bochechas e abri minha boca o suficiente para


preencher meus pulmões. Mas o ar não foi a única coisa que entrou. Seus
dedos também, abrindo minha mandíbula o máximo possível. Quando tentei
fazer um barulho, ele empurrou minha língua e me amordaçou.

– Ela vai fazer. – ele disse.

Meu batimento cardíaco acelerou ainda mais quando outro homem se


juntou a nós e disse: – Acha que podemos levá-la de volta ao nosso motel?

O novo homem se moveu atrás de mim enquanto o primeiro cara


continuava a inspecionar a minha boca. Tão fortemente que a saliva escorria
no meu queixo. Minhas narinas estavam ardendo e eu ainda não estava
recebendo ar suficiente.

Havia mãos na minha bunda que estavam ao redor de cada nádega e na


minha fenda, e elas subiram pelas minhas costas até os meus ombros.

– Sim, ela é de verdade. – disse o agarrador. – Devo ser capaz de jogá-la


por cima do meu ombro.

Com o outro cara ainda segurando meus pulsos, não podia socar. Com
ele ainda na minha boca, eu não conseguia gritar. Mas eu poderia chutar, e
fiz o mais que pude.

No instante que o meu dedo do pé atingiu sua perna, o agarrador rugiu


no meu ouvido: – Não lute, querida, ou você vai nos forçar a ficarmos rudes
com você aqui.

Não havia saída disso.

A bile começou a se agitar no meu estômago.

– Nós oferecemos duzentos para levá-la? – o cara na minha boca disse.


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– Isso? – o agarrador disse. – Não há nada de especial nela.

– Então, vou oferecer-lhes cinquenta. Se eles quiserem mais, vou buscá-


la e vou sair andando.

– Eles não vão nos impedir. Vou me certificar disso.

Os dedos foram repentinamente tirados da minha boca e uma mão foi


esbofeteada, então não pude gritar. Então, havia braços em volta de mim e
fui pega no ar.

Meu nariz estava tapado. Não estava permitindo nenhum ar. Não
conseguia gritar. Eu não tinha nada para lutar. Não conseguia nem me mexer
agora que ele estava me segurando com tanta força. Meus pulmões estavam
ardendo. Minha garganta parecia seca e apertada. O sangue corria para
minha cabeça e os pontos pretos retornavam.

Eu estava prestes a desmaiar.

Eu precisava de ar.

Não houve nenhum.

Os pontos pretos estavam se transformando em círculos gigantescos.

Eles cresceram novamente.

Rapidamente.

– Coloque-a no chão. – eu ouvi.

Eu ainda me sentia nos movendo.

Eu ainda não tinha ar.

Mas eu conhecia essa voz. Essa voz grave e erótica.

E então, ouvi a mesma voz dizer: – Coloque-a no chão agora, ou eu vou


estripar você aqui.

– Ele tem uma arma, cara.


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Queria ver os rostos dos caras uma última vez, como se eu pudesse ver o
rosto do homem em Mumbai. Eu queria ver as mãos deles, como as que eu
tinha memorizado na Índia.

E eu queria ver o do Huck.

Mas, não vi nada. Apenas os grandes círculos pretos que estavam


preenchendo todos os pontos brancos.

Meu corpo bateu em algo duro.

Tudo dentro de mim saltou.

Então, eu atingi a dureza novamente.

Eu senti dor.

Eu senti nada.

A escuridão cresceu até que assumiu completamente.


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Huck
– Lawan. – eu disse, com os meus dentes apertados com tanta força que
eu mal conseguia falar. – Se você entrar neste quarto, eu vou te matar.

Ela estava na porta com seus malditos olhos cheios de lágrimas. – Mas,
senhor, estou tão preocupada com a Arin. Ela está bem?

Pressionei meu corpo contra a Arin enquanto ela estava deitada imóvel e
quieta na minha cama. – Lawan. – gritei. – Feche a porta e volte para baixo.

– Senhor...

– Lawan, feche a porra da porta!

A porta gentilmente se fechou e ouvi os pés de Lawan se moverem pelo


corredor, em direção às escadas.

Eu não estava brincando. Eu queria matar essa mulher.

O guarda de segurança também.

Quando a imagem veio através do meu monitor, mostrando um cara com


as mãos em Arin, não tinha olhado para ver onde a Lawan e o segurança
estavam. Eu corri pelas minhas escadas o mais rápido que pude, e uma vez
que ele jogou a Arin no chão, eu coloquei aqueles dois filhos da puta no
chão.
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Malditos americanos.

Voltariam para casa com as costelas quebradas e os olhos


arrebentados. Um deles agora só tinha oito dedos, e estava certo de que o
outro nunca mais conseguiria sua audição.

Eu não brinquei.

Eu não fui suave.

Não quando se tratava de pessoas com quem eu me importava.

Eles escolheram o bordel errado e a garota errada.

Não foi até que eu peguei Arin na minha cama e verifiquei tudo para ter
certeza de que nada parecia cortado ou quebrado que eu rebobinasse e
assistisse a todos os monitores. Quando o primeiro cara chegou a Arin,
Lawan estava com um cliente. Ela não tinha visto nada. O guarda de
segurança estava com um grupo de rapazes e seus olhos também não
estavam em Arin.

Cada um deles estava fazendo seu trabalho no momento.

Eu não me importo.

Eu precisava mais do que isso. Eu esperava mais dos meus funcionários.

Prometi a Arin que nada aconteceria com ela dentro ou fora desse
bordel.

Eu falhei com ela.

Ambos os homens a tocaram.

E eles a tocaram em um lugar onde ela deveria estar mais segura, no


meu próprio maldito saguão.

Se o monitor não tivesse me chamado a atenção, se eu estivesse no meu


apartamento e não no meu escritório, poderia tê-la perdido.

Para sempre.
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O pensamento disso me afetou mais do que deveria.

Eu estava transando com ela todos os dias desde o momento em que ela
me deu permissão. Meu pau estava passando tanto tempo dentro da sua
vagina, eu a fiz parar de dormir no quarto de hóspedes, e ela agora passava
todas as noites na minha cama. Eu não precisava mais carregá-la pelo
corredor. Se eu quisesse tocar sua boceta, eu poderia. Se eu quisesse a
comer, só tinha que abaixar a cabeça debaixo do cobertor.

Eu estava gostando disso.

Tudo isso.

E eu não sabia o que isso significava.

Mas eu sabia que, uma vez que ela acordasse, havia uma chance de que
tudo isso pudesse mudar. Do jeito que aqueles filhos da puta puseram as
mãos sobre ela, como eles apertaram sua boca e apalparam sua bunda,
poderia muito bem trazer de volta memórias de Mumbai. Memórias que ela
estava tentando esquecer. E aqui, em um lugar onde eu sabia que ela estava
se sentindo confortável, ela quase foi traficada novamente.

Eu a ouvi estremecer e seu braço se moveu. Então, a parte de trás de sua


cabeça começou a esfregar contra o travesseiro. Eu fiquei perto, esperando
que os seus olhos se abrissem. Demorou quase um minuto antes disso
acontecer.

E assim que o fiz, imediatamente lhe assegurei: – Eles se foram. Nunca


mais tocarão em você. – eu afastei o cabelo que havia caído em seu rosto. –
Como você está se sentindo?

Seu peito subiu lentamente e ela exalou em meu rosto. – O que você fez
com eles?

Fiquei surpreso com a pergunta dela. Achei que aqueles homens eram a
última coisa que ela gostaria de falar.

Ainda assim, ela merecia uma resposta honesta.

– Eu tive dois dos meus seguranças espancando-os.


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Seus olhos percorreram meu rosto. – Eles ainda estão vivos?

– Sim, eles estão vivos. – eu quase ri. – Você pensou que eu iria matá-
los?

Quando ela virou a cabeça para o lado, uma única lágrima deslizou para
fora do canto do olho. – Eu não sei. – ela enxugou-a antes que eu tivesse a
chance.

Eu não matei.

Eu machucava quando era necessário, mas eu nunca matei porra.

– É minha culpa que isso aconteceu. – disse a ela. – Eu te fiz uma


promessa, e eu...

– Huck, por favor, pare. – ela estava olhando para mim novamente. Ela
pegou a minha mão, que agora descansava ao seu lado, e ela levantou-a para
o rosto. – Não é sua culpa. Você estava lá em cima, trabalhando. Lawan
estava distraída. O segurança também estava.

– Não dê desculpas para nós.

– Eu não estou.

Eu me inclinei mais perto, para que ela pudesse sentir minhas palavras, e
eu segurei sua bochecha. – Quando eu faço uma promessa, eu cumpro. Não
há exceções. O que aconteceu com você é indesculpável. Além de mim,
ninguém nesta cidade tem o direito de tocar em você.

Ela colocou a mão em cima da minha. – Bem, isso pode acontecer


novamente amanhã porque é quando vou voltar ao trabalho.

Essa garota era louca se ela pensasse que eu a deixaria voltar naquele
saguão ou em qualquer lugar perto desses clientes novamente.

– Não, você não vai.

– Huck, não discuta comigo. – ela sentou-se um pouco, e eu poderia


dizer que ela estava dolorida, mas não o suficiente para que ela fizesse um
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som. – Eles não me quebraram, e os outros antes deles também não. Eu não
posso ficar trancada em um quarto pelo resto da minha vida. As coisas vão
acontecer e eu vou lidar com elas.

– Você não está trabalhando no bordel. – eu gritei.

– Então, você está me demitindo?

– Sim.

– Então, eu vou trabalhar de graça. – ela afastou a minha mão dela. –


Você me deu o suficiente para pagar meu passaporte e uma passagem de
avião. Eu não preciso mais do seu dinheiro.

Jesus, essa garota. Nem mesmo ser agredida mudou a sua ética de
trabalho. Nem foder o seu chefe. Ela se levantava ao nascer do sol todas as
manhãs e descia as escadas sem a minha ajuda. Ela ficaria lá até que Lawan a
dispensasse. Fiquei muito impressionado.

Isso não significava que eu mudaria de ideia.

– Quanto tempo até que um novo passaporte chegue? – perguntei.

– Duas semanas. Talvez, menos. Depende de como eles foram salvos.

Eu acenei.

Eu não sabia o que dizer.

Ela tinha uma vida em Nova York. Ela ia começar um novo emprego em
marketing. Ela ia pagar seus empréstimos estudantis para poder morar em
um apartamento maior. Ela me disse isso duas noites atrás.

– Você não parece animado que eu vou ir em breve.

Eu pressionei minha mão contra seu umbigo, circulando a pele macia ao


redor dele. – Eu não estou.

Ela sorriu. Foi lento e forçado, mas estava lá.


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Não tinha certeza se ela me daria um desses por um tempo, ou nunca. Eu
estava tão feliz em o ver, que eu a beijei.

– Você quer que eu fique? – ela perguntou quando me afastei.

Essa resposta importava. Isso poderia mudar as coisas. Eu tinha que


saber exatamente o que queria e ainda não estava naquele lugar.

As coisas pareciam boas.

Mas pedir que ela ficasse seria permanente. Foi algo que eu não pude me
arrepender. Estava me colocando em uma posição onde ela poderia me
recusar, e eu não queria isso.

Então, evitei e disse: – Quero você nesta cama pelo resto da tarde, a
noite toda e o dia todo amanhã.

– Huck...

– Se você se sentir bem o suficiente amanhã à noite, então podemos


conversar sobre você fazendo algum trabalho dentro do meu escritório. Mas,
a sua antiga posição não é mais uma opção e não se atreva a tentar fazê-la
sem minha permissão.

– Isso é justo.

Eu balancei a cabeça, surpresa por ela ter cedido tão facilmente, e me


levantei da cama.

Ela pegou minha mão antes de eu dar um passo. – Aonde você vai?

– Conseguir algo para você comer.

Suas sobrancelhas se juntaram. – Sério? Agora mesmo? Por que você


está sempre tentando me alimentar?

– A comida vai fazer você ficar forte.

– Huck, eu não preciso de comida.

– Então, do que você precisa?


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– Você. – sua voz estava tão ferida. Queria rasgar a roupa dela e usar
minha boca para fazê-la esquecer alguém, mas não a toquei. – Venha deitar-
se comigo.

Voltei para a cama e deslizei meus braços ao redor de seu corpo. Eu


pressionei meu rosto em seu cabelo e a respirei. Eu queria mais disso.

Isso foi o que eu queria.

Mas eu não contei isso a ela.


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Garoto

Antes...
Eu sei que já faz um tempo desde que eu escrevi.
Tenho certeza que você sabe por quê.
Aquela última carta que você enviou... droga. Doeu saber
tudo aquilo.
Alguns dias se passaram e esquecia as coisas que você
escreveu. Então, eu me sentava para fazer um dever de casa,
via a sua carta na minha mesa e doía tudo de novo.
Nenhum dos meus pais me queria.
Isso é uma coisa pesada para engolir.
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Sabendo disso.
Ouvir os detalhes disso é uma coisa totalmente diferente.
Uma coisa que me manteve acordado algumas noites.
Uma coisa que mudou quem eu sou.
Não parece bom, dizendo que nenhum dos dois conseguiu
o que queria.
Mas é a verdade.
Eu nasci. Fui criado. E, de alguma forma, consegui sair
da cabana.
Essa é a parte da história que quero ouvir.
A parte em que você, a minha mãe e eu estávamos todos
vivendo na prisão.
Juntos.
Como diabos isso aconteceu?
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Shank

Antes...
Quando eu cheguei na prisão, costumava acompanhar os dias. Mas isso
rapidamente se transformou em uma contagem regressiva de quantos eu
havia deixado na minha sentença, e esse número só me irritaria. Raiva como
aquela me levara para o confinamento solitário, que era o modo como os
prisioneiros eram punidos. Na maioria das prisões, era uma cela menor, sem
pátio e vinte e quatro horas trancados. Aqui, eles colocam você em um
buraco que foi cavado no chão. Tinha barras por cima, luz solar direta,
insetos e merda de animais.

Isso me deixou louco.

Eu não precisava desse tipo de ira, então parei de contar e pedir a data.

Foi por isso que, quando recebi a carta do garoto, não sabia quanto
tempo tinha passado desde a última vez que ouvi falar dele. Eu acho que foi
uma tonelada de meses. Cristo, provavelmente mais de um ano.

O garoto claramente tinha muita coisa para resolver desde que eu disse a
ele que ambos os pais o queriam morto. E, além disso, ele já havia aprendido
o quanto prostituta sua mãe era.
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Ele aprenderia mais uma vez quando lesse a carta que eu estava prestes a
escrever.

Fora a história que eu disse a ele até agora, essa era a parte que mais me
irritava.

A parte em que tudo mudou.

Beard, Diego e eu nunca pensamos que seríamos pegos. Nós nunca


planejamos o que aconteceria depois. Nós certamente nunca antecipamos o
que realmente aconteceu no final.

Eu com certeza não esperava uma mulher magra, de aparência comum,


com uma boceta que não fosse tão apertada para nos destruir.

Mas ela tinha.

Eu encontrei meu papel e caneta no canto da minha cela. A coisa tinha


muito pó, eu tive que assoprá-lo antes de começar a escrever.

Você vê, garoto, as coisas mudaram depois que você nasceu. Você se
tornou a obsessão de Toy, e ele ficou mole e protetor pra caralho. Ele estava
tão feliz por estar morando na cabana com você. Você era tudo o que ele via,
tudo o que ele falava, tudo o que ele queria.

Deveria ter me incomodado. Inferno, isso deveria ter me deixado com


ciúmes.

Isso não aconteceu.

Mesmo que a razão fosse você e não eu, gostava de vê-lo sorrindo o
tempo todo, sem usar drogas e sem beber. Ele estava de volta a ser o cara que
eu conheci no Bairro Gaslamp.
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Sua mãe não era como Toy. Alguns dias, ela nem sequer segurava você
quando estava te alimentando. Toy tinha que pressionar seus lábios contra o
seu peito, e você chupava dele. Mas isso mudou, e ela finalmente aceitou
você, até começou a te amar, e ela e Toy estavam agindo como seus pais - ou
o que quer que essa merda fosse chamada.

Eu disse a Toy para não confiar naquela prostituta.

Eu disse a ele para não deixá-la passar tanto tempo fora da gaiola.

Eu disse a ele, no segundo que ela teve uma chance, ela pegaria o bebê e
fugiria.

Eu estava certo.

Aquela vadia escapou no meio da noite sem sequer deixar um maldito


rastro.

Ela ficou mais esperta desde que a encontrei em seu apartamento na


Costa Leste. Ela agora sabia como se esconder, e ela fez um ótimo trabalho
nisso. Eu não consegui encontrá-la em lugar algum, e nem o meu PI.

Toy estava muito destruído.

Eu tranquei a cabana e o trouxe de volta para a prisão. Ele começou a


agir como Beard - você sabe, quando ele estava usando o tempo todo e
misturando as drogas com álcool. Porra, em um ponto, Toy até teve uma
overdose.

Ele sentiu sua falta, garoto. Ele te queria de volta, e não havia nada que
eu pudesse fazer sobre isso.

Mas, de tudo o que aconteceu, você sabe o que me irritou mais?

Quando sua mãe fugiu, ela levou o meu pen-drive com ela. Como um
idiota, eu deixei na cabana. Naquela época, Tyler não sabia o que estava
nele. Ela não poderia saber. Mas ela deve ter visto isso sair do meu bolso e
sabia que tinha que ser algo importante.

Era mais do que importante.


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Era a prova de que ela ainda estava viva, que ela tinha vivido na prisão,
que eu tinha fodido ela enquanto ouvíamos Beard gritar: – Grite para mim. -
do lado de fora de sua cela.

Eu tinha a sensação de que, um dia, ela mostraria o conteúdo daquele


pen-drive para alguém importante.

Mais uma vez, eu estava certo.

Você vê, nós forçamos Beard a dar um tempo, e em vez de ir para casa
em San Diego, ele foi para Miami. Ele não estava lá muito tempo quando
conheceu Layla e sua namorada, a stripper. Essas duas lésbicas tinham uma
agenda infernal. Elas não estavam apenas tentando foder com o meu melhor
amigo. Elas estavam tentando descobrir se sua mãe estava realmente morta e
pensaram que o Beard lhes contaria.

A verdade é que essas duas vadias não eram realmente lésbicas. Elas não
eram quem representavam.

Elas faziam parte do Achurdy.

Layla, cujo nome verdadeiro era Mina, era responsável por todas as
garotas. Ela recrutou sua mãe, orientou-a, fez dela a mentirosa ladra que ela
era. E o nome verdadeiro da stripper era Wynter, uma antiga colega de
quarto da sua mãe e puta de estimação de Mina.

Quando a sua mãe fugiu da cabana, ela deve ter começado a vigiar o
Beard porque viu o que a Mina e a Wynter estavam fazendo. Por alguma
razão, que eu nunca entendi, Tyler se envolveu para proteger o Beard. Ela
encontrou meu pai em San Diego e disse que queria contratar a prisão. Meu
pai não sabia quem diabos ela era e ele queria que ela fosse embora.

Aquela prostituta não estava indo embora até que conseguisse o que
queria.

Então, ela deu ao meu pai o pen-drive e disse para ele assistir.

Bem ali, na frente dela, meu pai viu a filmagem de mim fodendo a
Tyler. Do ângulo da câmera, ele podia ver o Beard fora da cela. Ele também
podia ouvir tudo isso.
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Agora ela tinha a atenção dele.

Ele ouviu suas exigências. Então, ele concordou em mandar a Mina e a


Wynter para a prisão, e ele permitiu que a Tyler fosse até lá e visse tudo
acontecer. Os dois trabalharam juntos para montar a logística e, logo, sua
mãe, meu pai e você estavam em um avião para a Venezuela.

Clientes não eram autorizados a ir para a prisão.

Nunca.

Meu pai fez uma exceção. Tyler não era apenas um cliente pagante; ela
era a mãe de seu neto.

Quando ele me disse que a Mina e a Wynter estavam indo para a prisão,
eu não sabia que a Tyler tinha algo a ver com isso. Meu pai a manteve em
segredo. Tudo o que eu sabia era que as duas mulheres seriam presas,
torturadas e mortas.

Assim que eu coloquei aquelas vadias em uma cela, Beard ligou em


pânico. Ele achava que suas lésbicas haviam sido sequestradas. Ele não
percebeu que elas realmente tinham, e nós éramos aqueles que tinham feito
isso. Eu disse a ele para voltar para casa, e mandei-lhe um avião.

Minutos depois, meu pai ligou e disse que precisava falar comigo no
meu quarto. Eu nem sabia que ele estava na cidade. Então, Diego e Toy
cobriram meu turno e eu subi. Quando abri a porta, perdi a porra da minha
mente.

– O que diabos eles estão fazendo aqui? – eu gritei para o meu pai.

Mas meus olhos não estavam nele.

Eles estavam em você e sua mãe.

Ele entrou na minha frente para bloquear vocês dois e ele disse: –
Acalme-se, Seth.

Ele nunca usou meu nome verdadeiro.


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– Você quer que eu me acalme? – rugi. – Então, tire ela e esse maldito
bebê daqui.

– Seth...

– Você sabe o que Beard vai fazer quando ele descobrir que o bebê não
é dele? – eu disse. – Ele vai perder a cabeça e vou ter que matá-lo. Preciso
dele aqui. Tê-lo morto não me fará bem algum.

Meu pai andou em minha direção e colocou as mãos nos meus ombros. –
Isso não vai acontecer, filho. Tyler não está aqui para te denunciar. Tudo o
que ela queria era proteger o Beard e o bebê dela.

Olhei para o meu pai e disse a Tyler: – Seu bebê?

– Sim. – ela disse. – É do Beard. Estou supondo que você está bem com
isso?

Ela estava calma. Ela não parecia apavorada. Ela nem sequer parecia
zangada.

Eu tinha certeza de que meu pai a estava acolhida.

Meu olhar passou entre os dois. – Ela só vai dizer a Beard que é filho
dele e mentir sobre a idade dele e agir como a prisão, a gaiola e a cabana
nunca aconteceram?

– Sim. – ela disse. – Isso é exatamente o que vou fazer. Eu quero estar
com Beard e o Bond quer ver seu neto. Achamos que esse acordo funcionará
bem.

Porra, ela realmente foi acolhida pelo meu pai.

Eu com certeza não ia dizer nada para o Beard. Eu simplesmente não


conseguia acreditar que essa vadia poderia manter a boca fechada.

– Eu estou bem com isso. – eu disse a ambos. – Mas, estou te avisando


agora; se Beard descobrir, você está morta.

– Combinado. – Tyler disse.


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– Isso não vai acontecer, meu filho. – meu pai disse.

Por mais difícil que fosse acreditar, nós três mantivemos essa promessa.

E, como eu pensava que aconteceria, Beard ficou feliz em ver a sua mãe
e vocês dois entraram direto na prisão.

Com todos nós morando lá juntos, a coisa foi boa por um longo
tempo. Meu pai visitava mais vezes, então ele poderia sair com você. Beard
pensou que você era filho dele e tratou você como um. Toy agia como a sua
maldita babá e passava a maior parte do tempo com você. E eu te levei para a
praia todos os dias. Essa era a nossa coisa.

Sua mãe nos observava o tempo todo. Podia senti-la olhando para nós da
janela dela. Ela pensou que eu ia te matar, então não confiava em mim.

Eu não queria te matar, garoto.

Realmente gostei de você. Você não podia falar; você não poderia
repetir as coisas que eu te dizia. E, às vezes, você faria algo tão estúpido que
me fazia rir.

Então, sim, tudo funcionou entre nós. Éramos uma grande e feliz
família.

Mas, de alguma forma, o Achurdy descobriu que éramos os que levaram


Mina e a Wynter. Meu pai, sem saber, os levou direto para nossa prisão. Eles
não entraram e tentaram conversar. Eles atravessaram a maldita porta e
explodiram todo o lugar. Tudo explodiu em chamas.

Eu perdi tudo naquele fogo.

E eu deveria ter morrido.

Em vez disso, fui preso.

A polícia venezuelana não se importava em pagarmos todos os meses


para ficar longe de nosso prédio e avião. Mas, quando houve uma explosão,
fogo e escombros voando para o ar, eles precisavam de alguém para culpar.
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Não só perdi tudo naquele dia.

Mas também perdi minha liberdade.

Tudo por causa da prostituta da sua mãe.

Aquela vadia.

Minhas mãos ainda tremiam quando pensava nela.

Nunca a perdoaria por me fazer perder tudo. Só queria que ela estivesse
aqui, então poderia puni-la. Então, poderia colocar as minhas mãos em volta
do pescoço dela e a estrangular como eu deveria ter feito quando ela estava
na minha própria prisão.

Mas eu não consegui matar a vadia.

E isso só alimentou minha raiva.


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Anônimo

Antes...
Eu acho que você está se sentindo um pouco confortável
demais.
É hora de mudar isso.
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Arin
Meu passaporte estava pronto. Ele realmente chegou há três dias. Eu
simplesmente não tinha ido buscá-lo. Sabia que não deveria deixar nos
correios, mas gostava de passar tempo com o Huck. Eu gostava de não ter a
identificação pesando em mim porque, no momento em que eu a possuísse,
sabia que seria hora de ir para casa.

Meu Deus, esses sentimentos ainda eram tão inesperados. Nunca pensei
que gostaria de estar aqui ou que gostaria de ficar com ele por mais tempo do
que eu precisava. Nunca pensei que acharia o corpo dele tão sexy, que
acharia a barba dele tão gostosa. Eu nunca pensei que gostaria de provar seu
esperma.

Eu certamente nunca pensei que meu coração se abriria para ele.

Mas isso aconteceu.

Eu não estava apenas passando todas as noites em sua cama e comendo


todas as minhas refeições com ele, mas também estava trabalhando com
ele. Como aqueles homens me agarraram e tentaram me tirar do bordel,
Huck não me deixou retomar minha posição no andar de baixo.

Na verdade, ele mal me deixou fora de sua vista.


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Era fofo que ele tivesse tomado conta da situação, e achei muito sexy
que ele estava tentando me proteger.

Ainda assim, insisti em fazer algo para ganhar o dinheiro que ele me
deu; caso contrário, eu me sentiria como uma prostituta, como se estivesse
me pagando para fazer sexo com ele. Então, agora, eu trabalhava em seu
escritório todos os dias e não me sentia culpada. Vendo como as coisas eram
executadas nos bastidores me ensinou muito sobre seus negócios, bem como
o quão bem sucedido era.

Sabia que o Huck tinha o construído a partir do zero. Sabia que ele tinha
alguma ajuda financeira, mas parecia que o trabalho duro e diário era feito
apenas por ele. Pelo que eu ouvi, havia bordéis por toda Banguecoque; ele
acabou fazendo isso diferente dos outros.

Não poderia ter sido fácil, fazer tudo sozinho.

Mas algo me dizia que o Huck não gostava de facilidade.

Ele queria ser diferente.

E ele era.

Eu olhei para ele do outro lado da mesa. Minhas mãos apoiaram no


notebook que estava em minhas coxas, mas os meus dedos não estavam
pressionando nenhuma tecla, imputando o inventário que eu deveria ter
terminado agora. Isso foi porque não conseguia parar de olhar para ele. Seus
olhos estavam colados na tela do computador. Periodicamente, mordia o
canto do lábio. Seus dedos puxariam para fora de sua boca, e então ele a
mordia de novo.

Eu sentiria falta disso.

Eu sentiria falta dos lábios dele também. Eles eram tão excitantes.

– Vou dar uma caminhada. – eu disse a ele.

Ele finalmente olhou para cima de seu monitor. – Um dos seguranças irá
com você.
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Tentei dar um passeio pelo menos a cada dois dias e, a cada vez, Huck
dizia a mesma coisa. Eu não me importei. O segurança ficava vários passos
atrás de mim e mal sabia que ele estava lá. No entanto, se algo acontecesse,
eu estaria segura. Essa era a parte importante.

– Tudo bem. – eu disse.

Não que isso importasse. Eu já aprendi que não tinha nada a dizer sobre
isso.

– Vou ter alguém para encontrar você na porta dos fundos. – ele chegou
dentro de sua mesa e me entregou a chave, já que eu não tinha mais que sair
com a Lawan. – Pegue isso.

Eu enfiei no meu bolso e me movi para a porta. – Vou pegar algo para
comermos no jantar, enquanto eu estiver no mercado.

Ele se inclinou para o lado para tirar a carteira e eu o observei puxar um


pouco de baht. – Aqui...

– Não, eu tenho. – envolvi minha mão ao redor da maçaneta. – Vou te


ver daqui a pouco.

– Você não tem que pagar pelo jantar, Arin.

– Eu sei. Eu quero. – dei a ele um rápido sorriso antes de fechar a porta e


ir para a escada.

Eu me movi quase sem dor agora. Nem sequer tive que segurar o
corrimão, mas eu segurei apenas no caso. E quando cheguei ao elevador, não
o peguei. Eu desci os outros dois andares porque eu queria o exercício.

Huck estava certo sobre as minhas pernas. Elas haviam se curado


completamente. Até as minhas contusões haviam desaparecido.

Pelo amor de Deus, esses caras não tinham que me bater tanto. Eles
poderiam ter me chutado algumas vezes e me dado um soco no rosto. Eu não
sabia por que levaram isso ao extremo.
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Foi um milagre ter chegado ao Huck porque não exagerei nem um pouco
com aquela dor.

Pelo menos eu estava curada agora.

Assim que cheguei ao andar de baixo, o segurança estava me esperando


na porta dos fundos. Eu não sabia o nome dele, mas ele me acompanhou
antes. Também sabia que ele falava mau inglês e que tinha sido útil antes.

Embora, não seria hoje.

Senti-o atrás de mim enquanto caminhava pelo beco, em direção à rua


principal. Felizmente, eu estava vestida com roupas normais, e meu short e
camiseta eram muito melhores para o calor. Eu não usava o uniforme desde a
noite em que fui agredida. Eu tinha a sensação de que o Huck me preferia em
roupas que eram muito mais apertadas do que o uniforme de enfermagem, e
foi por isso que a Lawan nunca as trouxe de novo.

Cheguei à entrada do mercado, então sabia que o correio estava no


quarteirão seguinte. Não era como os grandes da cidade. Ele era semelhante
a uma loja de material de escritório que tinha uma pequena seção de caixas
que você poderia alugar.

Quando cheguei na frente do correio, me virei, para que o segurança


pudesse alcançá-la. – Você pode me esperar aqui. – eu disse.

Ele olhou além de mim para olhar para o correio. A única pessoa ali era
o homem atrás do balcão. – Um minuto. – ele disse. – Se você não sair, eu
entro.

Eu balancei a cabeça, sabendo que não me levaria tanto tempo.

Entrei e imediatamente me aproximei do balcão. – Você fala inglês? –


perguntei, embora tivesse vindo preparada se ele não o falasse.

– Sim. – ele disse. – Correio hoje?

Eu balancei a cabeça e dei uma rápida olhada atrás de mim. O segurança


estava me observando do lado de fora da porta.
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– Você tem uma chave para mim. Meu nome é Arin e é para a caixa seis.

– Ah, sim. – ele caminhou até sua mesa e abriu a segunda gaveta. Ele
pegou uma chave e deu para mim. – Bem ali. – ele apontou para a pequena
parede de caixas de correio.

– Obrigada.

Fui até o local que apontou e usei a chave para abrir a caixa seis. Dentro
havia um envelope branco com o meu nome e endereço escrito na frente. Eu
sorri quando levantei a aba e peguei o passaporte que estava dentro.

Certificando-se de que as minhas costas estavam de frente para o


segurança, eu segurei o passaporte no meu rosto, sentindo o exterior de
couro. Meus olhos se fecharam por apenas um segundo enquanto procurava
por um cheiro particular. Não de papel, mas mais de um aroma picante.

Não estava lá.

O envelope o havia mascarado.

Rasguei a embalagem em pedaços e disse ao homem atrás do balcão: –


Você se importa em jogar isso fora para mim?

Larguei cada pedaço do envelope na sua mão e observei-o colocando-o


no lixo. Uma vez que ele retornou, dei a ele a chave e agradeci novamente.

O bolso de trás do meu short era largo o suficiente para levar o meu
passaporte, então o enfiei e encontrei o segurança na porta. – Estou pronta. –
eu disse a ele. Então, eu caminhei para o mercado.

Eu sabia que o Huck adorava peixe fresco e comíamos muito no


apartamento dele. A maioria dos que ele serviu, eu nem tinha ouvido falar, e
eu não conseguia me lembrar de nenhum dos seus nomes. Então, quando
cheguei à seção de frutos do mar, verifiquei a variedade para ver se algum
deles parecia familiar. Não pareciam e as placas eram todas em tailandês,
então isso não ajudou também.

Eu chamei o segurança e disse: – Você pode me dizer qual é o melhor?


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– Esse. – ele disse, apontando para os vermelhos no final.

Eles ainda tinham a cabeça, o rabo e toda a pele. Eu não tinha ideia de
como iria cozinhar, mas tinha certeza de encontrar algumas instruções na
Internet.

Levantei quatro dedos, dizendo a vendedora quantos queria, e dei-lhe


baht suficiente para compra-los. Ao segurar o saco de peixe na mão, fui até o
produto e enchi uma cesta com cebolinhas, ervilhas, cogumelos shitake e bok
choy. Mostrei os legumes a vendedora e paguei o preço que ela pediu.

Tudo chegou a oito dólares.

Se eu tivesse comprado isso em Nova York, teria custado seis vezes esse
valor. Era tão barato viver aqui. E, agora que eu tinha visto os números de
Huck no mês, eu sabia o que ele recebia e o que ele tinha que pagar, eu me
perguntava por que ele não dava uma vida melhor para si mesmo. Seu
apartamento poderia ter sido muito melhor, e suas roupas poderiam ser de
grife. Ele poderia ter contratado alguém para administrar as coisas que
supervisionava no escritório.

Eu me perguntei por que ele não fez isso.

E eu me perguntava o que ele fazia com todo o seu dinheiro, porque


certamente não gastava para si mesmo.

Um homem que tinha e não ostentava isso. Deus, isso o deixou ainda
mais sexy.

Eu queria que não deixasse.

Bok choy: variedades de repolho cultivadas e largamente usadas na


culinária oriental.
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Huck
– Vou tomar um banho. – Arin disse, abrindo a porta do escritório
apenas o suficiente para que ela pudesse enfiar a cabeça. – Quer se juntar a
mim?

Porra, eu queria tanto. Mas, recebi uma mensagem do segurança que


acompanhou a Arin em sua caminhada e a mensagem dizia que ele precisava
falar comigo.

– Eu te encontrarei lá. Eu tenho que terminar algo bem rápido.

– Não demore muito. – ela sorriu e fechou a porta.

Do monitor, eu a vi entrar no meu apartamento e colocar algo na


geladeira. Então, ela foi ao banheiro e começou a tirar a roupa. Uma vez que
ela entrou no chuveiro, liguei para o segurança.

– Diga-me o que aconteceu. – eu disse em tailandês quando ele se


moveu para a frente da minha mesa.

Ele apoiou as mãos na beirada da madeira e mudou seu peso entre as


duas pernas. – Ela foi até ao correio no mercado. No balcão, ela disse algo
para o cara e ele lhe entregou uma chave. Ela usou para destrancar uma das
caixas de correio e tirou um envelope. Ela abriu e enfiou no bolso o que quer
que estava dentro.
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– O que você quer dizer, com o que quer que tenha dentro? O que diabos
estava dentro dele?

– Eu não tenho certeza, senhor. Não entrei no correio com ela.

Contrariado, me inclinei na mesa para me aproximar dele porque não


achei que o tivesse ouvido direito. – Você... o que?

Ele quebrou o contato visual, olhando para as mãos, que agora


seguravam a mesa da mesma maneira que eu. – Desculpe-me senhor. Ela me
pediu para esperar do lado de fora. O correio não tinha ninguém. Eu não
achei que seria um problema.

– Você não achou que seria um problema?. – gritar com o segurança não
mudaria o que havia acontecido. A única coisa que mudaria era que ele
nunca escoltaria a Arin novamente. Ninguém recebia ordens dela. Eu era o
chefe. Eles só recebiam ordens minhas. – Termine. – eu gritei em tailandês.

– Não posso ter certeza, mas o que ela tirou do envelope parecia um
passaporte. Era marinho; Eu sei muito disso.

– Algo mais?

Ele balançou sua cabeça.

– Veja você mesmo.

Virei-me para a tela do computador e observei a Arin sob o jato, com a


cabeça inclinada para trás enquanto a água jorrava sobre a sua cabeça.

Arin, pare de me confundir.

Apenas quando as coisas ficavam boas, ela me afastava de novo e me


fazia questionar o quanto ela poderia ser confiável. Ela sabia que o segurança
falaria para mim. Ela sabia que poderia me dizer qualquer coisa. Não era
como se eu estivesse mantendo-a aqui contra a vontade dela ou que eu
tentasse impedi-la de ir.
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Então, por que diabos ela não mencionou isso antes do banho? Ela
estava fazendo isso de propósito? Ela tinha alguma outra agenda que eu não
sabia?

Eu tinha que saber.

E eu tinha que saber agora.

Eu me levantei da minha cadeira e fui para o meu apartamento, indo


para a geladeira primeiro para ver o que ela havia colocado dentro
dela. Havia quatro grandes tabs tim6 em um saco junto com uma cesta cheia
de legumes no balcão. Ela tinha conseguido o jantar, como ela disse que
faria, e aconteceu de ser o meu tipo favorito de peixe. Eu me perguntei se ela
se lembrava disso ou se era apenas uma coincidência.

Caminhei pelo corredor até o meu quarto e, quando entrei no banheiro,


ela disse: – Finalmente.

Eu tirei minha camisa e a larguei no chão.

– Eu pensei que você fosse me abandonar.

– Não. – tirei meu jeans e botas e joguei ao lado da camiseta e me juntei


a ela sob o jato. – Quando digo que vou fazer algo, você pode esperar.

– O que isso deveria significar?

– Isso significa, que mantenho a minha palavra. – minhas mãos correram


para os lados, e meus polegares acariciaram seus mamilos, continuando para
cima até que cheguei ao seu pescoço. Gentilmente pressionei sua garganta, e
então deslizei para a parte de trás de sua cabeça e segurei. – Como foi a sua
caminhada?

– Foi curta. – ela traçou círculos em todo o meu abdômen. – Eu consegui


um pouco de comida do mercado. Quando eu sair do banho, vou descobrir
como cozinhá-la.

Ela não tinha cozinhado o tempo todo que esteve aqui. Não havia razão
para ela começar agora. Ela não estava familiarizada com comida tailandesa,
os molhos ou legumes que comemos. Eu não me importava de fazer isso, e
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gostava de saber que eu era a razão pela qual ela estava ganhando os quilos
que seu corpo precisava.

Apenas mais alguns, e ela seria do tamanho perfeito.

Eu segurei sua cabeça firme e pressionei meu corpo contra o dela. –


Conte-me sobre o correio, Arin.

– Você não está falando sério.

– Eu pareço que estou brincando?

– O que você quer saber? – ela deslizou para fora do meu aperto, pegou
o shampoo e moveu-se para o outro lado do chuveiro.

– O que você estava fazendo lá?

Ela esguichou um pouco em suas mãos e esfregou em seus cabelos. – Eu


tenho alguma privacidade? Estou morando no seu apartamento. Estou
trabalhando no seu escritório. Tenho um homem me seguindo em todo lugar
que vou. E agora, não posso nem entrar em um correio sem ser perguntada o
que estava fazendo lá. – suas mãos caíram de sua cabeça quando ela
alcançou o chuveiro. – O que mais me magoa é, mais uma vez, você pensa
que eu estava fazendo algo obscuro, e essa é a única razão pela qual você
está me fazendo todas essas perguntas.

Eu me afastei da água e me aproximei dela. – Responda a pergunta,


Arin.

Eu não precisava justificar meu raciocínio. Eu queria saber o que diabos


ela estava fazendo, e eu tinha todo o direito de perguntar enquanto ela
vivesse sob o meu teto.

– Estava lá para pegar meu passaporte. Você está feliz agora? Conseguiu
tudo o que queria de mim?

Nem mesmo perto.

– Por que você enviou para lá?


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Ela enxaguou o shampoo do cabelo antes de dizer: – A embaixada pediu
um endereço. Dado o que acontece aqui, achei que seria mais apropriado
usar o correio do que um bordel.

Esta foi a primeira vez que ela foi ao correio, então, teve que coordenar
tudo isso online porque ela ainda não havia feito uma ligação de seu celular.

– Você alugou uma caixa?

– Isto é inacreditável.

Ela tentou sair do chuveiro e eu a parei.

– Responda-me.

– Ou o que? Você vai me expulsar? Você vai parar de me pagar? Qual é


a ameaça, Huck? Porque eu sinto que deveria ser a única a te ameaçar por me
fazer passar por isso toda vez que faço algo sem ter sua aprovação primeiro.

– Arin...

– Gostaria que você apenas confiasse em mim. – sua voz ficou tão
suave.

Eu queria confiar nela. Estava realmente começando a me importar com


ela de uma maneira que eu não sentia por qualquer outra garota, e eu odiava
ter que questioná-la toda vez que ela voltasse para casa. Mas, porra, ela fez
isso muito mais difícil do que precisava ser.

Nós ficamos em silêncio.

Então, lentamente, seus braços se levantaram e ela cruzou-os sobre o


peito para bloquear minha visão de seus seios. – Não aluguei uma caixa. –
disse ela. – Pedi ao cavalheiro a minha correspondência. Ele colocou em uma
caixa porque era prioridade, e veio da embaixada. Então, peguei o meu
passaporte, enfiei no bolso e saí. – seus braços caíram. Não havia raiva ou
frustração no rosto dela. Ela parecia completamente derrotada. – O que mais
você quer de mim?
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Eu não entendia porque ela não tinha usado o endereço do meu
apartamento ou porque pediu ao segurança para esperar lá fora. Mas, de
acordo com ela, era sobre privacidade, e isso era algo que nunca entenderia.

– Você ia me dizer?

– Sim. – ela sussurrou. – Ia esperar e ver como me sentia de manhã.

– Por quê?

– Porque eu amo acordar perto de você. Toda manhã, parece melhor e


melhor. E eu queria adiar essa conversa pelo maior tempo possível porque,
agora que tenho meu passaporte, não há mais motivos para eu ficar aqui.

Porra.

Ela estava certa.

Cheguei para frente, agarrei-a e a puxei contra o meu corpo nu. A


sensação dela imediatamente fez o meu pau endurecer e as minhas bolas
enrijecerem. – Eu sou o motivo.

Ela olhou para mim. – Sim, mas nenhum de nós disse isso em voz alta
ainda.

– Só precisamos de tempo juntos.

– Eu quero isso também.

Ela parecia incrível em minhas mãos. Sua pele era lisa, macia e sedosa, e
esfregou contra a minha áspera. Essa maldita garota estava sempre me
testando. No entanto, ela sempre poderia justificar isso.

– Eu quero saber de uma coisa. – ela disse, com os seus dedos traçando
as cobras nos meus ombros. – Acho que, depois de tudo isso, ganhei uma
resposta.

– É? – eu ri. Tirei o sabonete da prateleira e esguichei um pouco em


minhas mãos antes de começar a massagear o corpo dela. – O que você quer
saber?
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– Por que você ama cobras?

Essa era sua pergunta favorita. Eu esperava isso.

Eu já tinha ouvido tantas vezes.

Talvez fosse hora de dar uma resposta.

Eu ensaboei seu pescoço e sobre seu peito, e segurei cada seio na minha
mão. – Cresci com cobras, tinha-as como animais de estimação. Meu pai as
amava. Acho que você poderia dizer que ele se sentia confortável em torno
delas. Com o passar dos anos, fiquei mais ligado a elas. Eu aprendi tudo
sobre o comportamento delas e as estudei, então comecei minha própria
coleção.

Ela tirou minhas mãos dela para olhar para elas. Então, ela inspecionou
meus braços, peito e laterais até chegar ao meu pau. – Então, você queria se
cobrir delas também?

– Elas são uma parte de mim, Arin.

Ela assentiu, embora eu soubesse que ela não entendia.

– Há uma outra coisa. – ela nos puxou para baixo do jato e manteve as
mãos nos meus ombros. – Eu sei que não sou a única que você salvou, mas
quantas outras moraram com você em seu apartamento?

Eu procurei seus olhos e vi o que ela estava realmente perguntando. –


Não, elas ficaram em um quarto no bordel até que eu as mandasse embora. –
tirei minha mão da dela e coloquei na bochecha dela para enfatizar a resposta
que ela realmente queria ouvir. – Eu não fodi nenhuma delas.

Seu corpo relaxou um pouco. – Para onde elas foram?

Não queria falar sobre isso. Era parte do meu passado que nunca
precisou ser discutido.

– Huck, por favor, me responda.


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Eu respirei e movi a cabeça para trás, então seu rosto estava inclinado
em minha direção. – Eu as ajudei a voltar para casa. Foi o que fizemos com
todas as garotas que compramos. Nós as identificamos, demos dinheiro a
elas e as transportamos. Custasse o que custasse - fazíamos acontecer. Nós
demos a elas uma segunda chance.

Eu disse mais que o suficiente. Mas tudo que eu disse era a verdade.

– Você não as ajuda mais?

– Não.

– Por quê?

– Você não está recebendo essa resposta.

– Ok. – suas mãos caíram para o meu abdômen novamente, e ela passou
os dedos nas minhas bolas e de volta para cima. – Bem, então, você vai
responder a uma diferente?

Eu senti a faca começar a espetar minha garganta. Fazia um tempo desde


que eu senti isso. Eu precisava do intervalo e agora estava me esfaqueando
pior do que nunca. – O que?

– O que nós somos?

A ponta da faca perfurou meu pomo de adão e girou em círculo até que
não houvesse nenhum ar no meu corpo.

Porra.

– Alguém que não está mais na minha vida.– eu disse a ela.

– Huck...

– Nenhuma outra palavra, Arin.

Puxei a cabeça dela para trás ainda mais, e eu me perdi em seu pescoço,
beijando sua garganta e descendo até as tetas dela, chupando um de seus
mamilos na minha boca.
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Eu não podia falar sobre o Jack.

Agora não.

Nunca.

Então, eu a levantei do chuveiro, e a levei para a minha cama, onde eu


devastei sua boceta até que seus gemidos eram o único ruído dentro da
minha cabeça.

6. Tabs tim: espécie de peixe.


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Anônimo

Antes...
Acabou o tempo.
Eu espero que você tenha dito adeus.
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Garoto

Antes...
Sei que faz alguns anos desde que te escrevi. Não tenho
muito o que dizer. E, porque sei o que aconteceu depois da
explosão - ouvi essa parte da história muitas vezes - não achei
que houvesse motivo para escrever novamente por um tempo.
Agora eu tenho um.
Toy foi encontrado morto na semana passada. Com um
tiro direto no peito. Isso foi tudo o que aconteceu.
Mas tem mais.
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Porra, eu nem quero entrar nisso, mas quem quer que
tenha feito, eles queriam que ele sofresse.
Foi ruim, Shank.
Pior que ruim.
Agora sou como você.
Sozinho.
Se você escrever de volta, não envie para o endereço
antigo. Eu não moro mais lá. Envie para o que está no
envelope.
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Shank

Antes...
Enquanto eu olhava para a carta do garoto e a do Anônimo, ambas
chegando a apenas um dia de distância, as minhas mãos se fecharam em
punhos. Meu coração estava batendo tão forte e os meus ouvidos estavam
zumbindo.

– Não! – gritei dentro da minha cela. – Porra... nãooo!

Se eu tivesse comida em mim, teria passado mal.

Mas eu estava vazio e meu coração estava doido.

Toy estava morto.

Eu não acreditei nas cartas do Anônimo. Pensei que elas estavam cheias
de besteiras. Então, joguei no canto da minha cela, e não pensei mais sobre
isso até que a carta da criança chegou.

Não, não, nãooo.

O Anônimo deveria ter chegado a essa prisão e colocado uma bala no


meu peito, em vez de ir ao Toy. Ele estava atrás de vingança e estava lidando
com o filho da puta errado.
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Eu não tinha medo.

Eu não tinha nada e ninguém para me esconder.

Quando pusesse minhas mãos nesse bastardo, ele estaria morto, e o


assassinato dele não seria rápido. Eu adicionaria um mês de tortura para cada
carta que ele me enviou e outros seis meses para o que tinha feito para o
Toy. Eu não faria dano suficiente para fazer seu coração parar de bater. Eu o
levaria até o limite, onde ele acharia que seria o fim, e depois o deixaria lá,
gritando, definhando e com a dor mais excruciante. E então, começaria tudo
de novo.

Seria a mais longa tortura que eu já cometi.

E, justamente quando pensasse que eu iria colocá-lo fora de sua miséria,


eu aumentaria sua sentença de tortura.

Porra, era o mínimo que ele merecia por matar aquele homem.

Mesmo tendo passado muitos anos desde que ficamos juntos, eu ainda o
amava tanto. Ele não tinha sido uma vítima da explosão, mas nosso
relacionamento tinha. Quando ele deu o último suspiro, soube que ele havia
pensado em mim. Ele ainda me amava.

Porque o que eu tive com o Toy nunca morreria.

Eu acabei de aprender que o amor não poderia nos salvar.

Demorou alguns dias antes que eu pudesse responder ao garoto. Eu não


estava pronto para falar sobre o Toy ainda. Mas, quando senti as palavras
dentro de mim, peguei o papel. Eu só tinha uma folha sobrando e não tinha
como pegar mais nada. O prisioneiro de quatro celas abaixo foi libertado há
um ano. O guarda que eu costumava chupar havia sumido por mais tempo
que isso.

Eu estava sozinho aqui.

Assim como o garoto.


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Era hora de falar sobre o seu pai. Eu não. Não aquele que pensava que
havia matado sua mãe. Eu estava falando sobre o homem que te amava mais
do que qualquer pessoa neste mundo e que colocava sua vida antes da dele.

Toy.

Desde que ele sabia o dia em que sua mãe engravidou, ele foi capaz de
rastrear toda a sua gravidez e estimar a sua data de vencimento. Ela estava
enorme. Miserável. A cabana estava sempre tão quente e ela estava
constantemente suando. Toy fez tudo o que pôde para fazê-la feliz. Ele
pressionou panos molhados no rosto dela. Ele esfregou gelo em sua pele. Ele
massageou as costas e os pés dela. Ele não queria que houvesse qualquer
estresse em você, então tentou cuidar da Tyler da melhor forma que podia.

Quando estava perto do parto, eu comecei a passar mais tempo na


cabana. Eu não queria que o Toy estivesse lá sozinho e tivesse que lidar com
toda essa merda sozinho. Então, eu estava lá quando as contrações da sua
mãe começaram e quando a bolsa de água dela estourou.

Eu não tinha ideia do que fazer.

Mas Toy sabia.

Durante as horas que a sua mãe dormiu, ele estava pesquisando sobre
partos domiciliares. Ele sabia o que procurar e como verificar o progresso
dela e se ela estava dilatada o suficiente para começar a empurrar.

Ele assumiu o comando.

E, quando o topo da sua cabeça apareceu, Toy sentou-se entre as pernas


da sua mãe e ele colocou os dedos dentro dela e a instruiu através da coisa
toda.

Eu andei de um lado para o outro na sala, me preparando para todo o


sangue que estava prestes a sair, tentando não ficar excitado o suficiente
onde eu o lamberia de você.
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Sua mãe, porra, gritou como eu nunca tinha ouvido antes. Eram sons que
eu sabia que o Beard adoraria ouvir. Ela estava com muita dor, eu pensei que
ela ia morrer. Eu estava feliz que a prostituta estaria fora da minha vida para
sempre. Mas, o Toy manteve-a focada. Ele a fez respirar, a apoiou durante
todo o trabalho de parto, e então ele te puxou para fora.

– É um menino. – ele disse.

Você chorou tão alto, eu sabia que você herdaria os pulmões da sua mãe.

Minha cabeça virou na direção do Toy, e ele estava cortando o cordão


umbilical que estava preso a você. Então, ele te lavou e envolveu você em
uma toalha e te segurou nos braços enquanto você chorava.

Toy também chorou.

Ele sussurrou para você e te balançou, e tentou acalmá-lo enquanto as


lágrimas continuavam escorrendo pelo rosto do filho da puta.

Sua mãe te observou do chão. Ela não pediu por você. Ela não fez
barulho algum. Ela apenas ficou lá com as coxas cobertas de sangue e o rosto
completamente sem emoção. Ela precisava ser limpa, e eu com certeza não ia
fazer isso.

Então, disse para o Toy: – Dê-o para mim. – estendi meus braços. – E vá
cuidar da mãe dele.

Toy não queria deixar você. Ele não queria quebrar o vínculo que estava
formando com você. Mas, porque se importava tanto com você, ele colocou
você em minhas mãos, e foi ajudar a Tyler.

Porra, você era tão pequeno. Quando você abriu a boca, havia apenas
gengivas. Quando você chorou, todo o seu corpo se apertou e lágrimas quase
tão grandes quanto os seus olhos escorriam.

– Garoto. – eu sussurrei, tentando mover meus braços de uma forma que


iria acalmá-lo. – Você definitivamente não se parece com o Beard; isso está
muito, claro.
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Você começou a se aquietar um pouco, como se tivesse se desgastado ou
algo assim.

– Toy vai cuidar tão bem de você. Ele construiu uma pequena cama e
encheu-a com cobertores, e arranjou algumas coisas para você brincar. Você
realmente vai gostar dele.

Eu estava falando com você como se você pudesse me entender. Mas eu


me vi tendo que dizer essas coisas, e não tinha certeza do porquê.

– Eu vou dividir você com ele, então é melhor você ser bom para ele,
Garoto. É melhor você ouvir o que ele tem a dizer. É melhor aprender com
ele porque prometo que ele será a melhor coisa que já aconteceu para você.

Ele foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Quando olhei para cima, Toy estava andando até nós. Suas mãos
estavam molhadas de tê-las lavado, e sua mãe estava enrolada em uma bola
no meio de sua gaiola. Ela cobriu o rosto, então não podia nos ver.

Toy não tinha palavras. Ele apenas estendeu os braços e eu coloquei


você em cima deles. Ele puxou você até o rosto dele e cheirou sua testa e
beijou sua bochecha.

Eu observei vocês dois.

Eu observei com muita admiração.

Eu nunca vi alguém amar tanto alguém.

Toy virou você, então você me encarou. – Ele parece com você. – ele
disse. Ele abaixou os lábios e beijou seu pequeno nariz. – Isso me faz amá-lo
ainda mais.

Jesus, Garoto, amei esse homem. Eu o amava tanto quanto ele te amava.

E só porque não estávamos juntos quando ele morreu não significava


que meus sentimentos por ele haviam acabado.
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Eu poderia te prometer uma coisa. Se eu descobrisse quem o matou, eu
me certificaria de que ele sofresse.

Coloquei a carta em um envelope e escrevi o novo endereço do garoto


na frente. Coloquei no canto do minha cela, para que pudesse enviá-la pela
manhã.

Ficou silencioso dentro do meu bloco de cela. As luzes estavam


piscando, e sabia que elas apagariam em breve. Cortei muito o meu braço
esta manhã e ainda estava sangrando.

Não fez nada para mim.

Nada pelo meu pau.

Eu nem queria um orgasmo.

Eu queria o Toy.

A única coisa que tinha dele era a carta que enviou durante o primeiro
mês em que eu estava preso. Foi a única vez que ele me escreveu. A última
vez também. Coloquei dentro do meu travesseiro, dentro da espuma, para
que nenhum dos guardas pudesse pegá-la.

Precisava me sentir perto dele novamente. Eu precisava de mais do que


apenas as lembranças que tinha dele. Então, peguei a carta e segurei em
minhas mãos. O papel estava gasto com a idade e a tinta havia diminuído ao
longo dos anos. Mas eu ainda conseguia entender as palavras.

Shank,
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Estou seguro.
Eu encontrei um lugar para morar e gosto daqui. É um bom
lugar para começar de novo.
Eu acho que é disso que eu preciso.
Eu acho que estou perdido há muito tempo. Acho que estava
fazendo coisas para agradar você.
Agradar-te foi onde encontrei a minha felicidade.
Foi também onde encontrei a minha fraqueza.
Quando a Tyler teve o bebê, percebi que, apesar de eu ter
vivido e te amado, não foi você que me deixou mais feliz.
Foi ele.
Eu queria que a explosão não tivesse acontecido. Não era
assim que as coisas deveriam ter acabado. Mas eu sou grato que
isso aconteceu também, porque me afastou daquele lugar, e me
trouxe para onde eu precisava estar.
Você os viu chegando e jogou aquela mala de dinheiro para
mim. Você me disse para levar o bebê e fugir. Se você não tivesse
me dado essa ordem e esse dinheiro, eu não teria conseguido. O
bebê e eu teríamos morrido naquele incêndio.
Obrigado por me salvar.
Não uma vez, mas duas vezes.
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Obrigado por me dar um filho. Ele saberá quem você é, mas
nunca saberá quem você realmente é. Eu vou deixar você dizer a
ele se ele te der uma chance.
Esta será a última vez que eu entro em contato com você.
Você é uma parte de mim. Isso é algo que nunca mudará.
No meu coração.
Nas minhas memórias.
Nas marcas que você deixou no meu corpo.
Mas você nunca mais estará na minha vida.

Toy
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Arin
Ainda estava em Banguecoque. E ainda dormindo na cama do
Huck. Ainda estava trabalhando em seu escritório. Exceto, que algo mudou
desde que peguei o meu passaporte.

Foi o Huck.

Depois de minhas caminhadas, ele não mais me questionou sobre as


paradas que fiz ou porque eu tinha ido a uma determinada loja, e ele nunca
ficou com raiva se eu pedisse ao segurança para ficar do lado de fora.

Ele estava fazendo acordos.

Então, lentamente, comecei a testá-lo mais. Eu não iria apenas visitar


lojas. Eu iria a bancos, centros de pedidos de dinheiro e outras lojas de
correspondência.

Ele não me confrontou sobre nada disso.

Não era que ele não tivesse dito o que eu estava fazendo. Eu tinha
certeza de que o segurança estava reportando ao Huck sobre cada movimento
que eu fiz. Ele também poderia rastrear meu paradeiro através do meu
celular, o que ele insistiu que eu sempre tivesse comigo.

A mudança aconteceu porque ele estava aprendendo a confiar em mim.


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Nós não estávamos apenas fodendo, trabalhando e vivendo juntos. Nós
estávamos juntos em um sentido real.

Por mais fortes que esses sentimentos fossem para ele, eles ainda eram
um choque.

O mesmo aconteceu toda vez que eu olhava para ele - como agora,
enquanto passava os dedos pela barba, falando ao telefone em tailandês.

Ele era sensual, mesmo quando não estava tentando, e carismático,


apesar de eu não ser capaz de entender o que ele estava dizendo. Ele só tinha
aquele rosto e um tom de voz que atingia algo dentro de mim.

Talvez tenha sido porque hoje foi meu aniversário de três meses de estar
em Banguecoque ou que eu tinha falado com o papai ontem e eu já estava
emocionada, mas assim que o Huck desligou o telefone, eu pedi para ele dar
uma volta.

– Agora mesmo? – ele disse.

Ele nunca saiu durante o dia. Eu tive dificuldade em puxá-lo para o


jantar. E ele estava tão ocupado com o fim do mês, que se levantou mais
cedo esta manhã só para conseguir mais tempo de trabalho.

Eu assenti. – Eu não pediria se não fosse importante.

Ele não me disse para esperar um minuto. Ele nem sequer fechou o que
ele estava trabalhando. Ele apenas pegou a chave da gaveta, empurrou a
cadeira e colocou a mão na minha. Descemos as escadas e saímos pela porta
dos fundos e, quando chegamos à entrada do beco, parei.

– O que há de errado, Arin?

Fechei os olhos, sabendo que parecia chateada, e senti sua mão deslizar
pela minha cintura. A sensação de seus dedos se movendo na minha pele nua
fez minhas pálpebras se abrirem.

– Eu não sei o caminho.

– Onde você quer ir, baby?


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Aquela palavra causou arrepios em todo o meu corpo.

– Nas docas. – eu disse a ele. – Eu quero voltar para onde tudo começou.

Ele procurou meus olhos e pressionou as palmas das mãos no meu


rosto. Meu olhar não se moveu do dele.

– Eu preciso ver, Huck. Eu preciso desse fechamento.

– O que você vai fazer com isso depois de tê-lo?

Eu teria o fechamento e deixaria este país, ou eu aceitaria que as coisas


que aconteceram em Mumbai me trouxeram até aqui, e de alguma maneira
doente e distorcida, eu estava grata por isso?

– Eu não sei. – eu disse a ele.

– Vire à direita.

Quando as mãos dele caíram das minhas bochechas, entrelacei meus


dedos ao redor dos dele e ele me levou para as docas.

A última vez que peguei esse caminho, estava escuro lá fora. Meu corpo
estava doendo muito, era impossível respirar fundo. Meus pés estavam
descalços e lembrei-me de pequenas pedras e pedaços de vidro grudados
neles e do quanto haviam cortado. Lembrei-me de me segurar no lado de um
prédio como se o tijolo pudesse me manter de pé. Eu me lembrei do cheiro
da maresia e quanto diferente ele cheirava de volta para casa e como ele
ficou mais fraco, quanto mais eu chegava nas docas.

– Estamos aqui. – Huck disse.

Eu o senti olhar para mim.

Meus olhos estavam na marina que estava na nossa frente. Era em forma
de ferradura e ficamos na parte de trás. Parecia muito diferente à luz do
dia. As docas pareciam menores do que naquela noite, e havia menos do que
eu pensei.
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Um barquinho com dois pescadores estava chegando a um. Eu nunca vi
o barco que me levou a Banguecoque, mas imaginei que fosse do mesmo
tamanho. Os dois homens deste barco usavam chapéus para bloquear o sol e
tinham sacos cheios de peixes que jogavam no píer de madeira.

Eu sabia como era ser jogada daquele jeito.

Eu sabia como era bater na superfície dura.

– Lá. – eu disse, apontando para as docas todo o caminho para a


direita. Era o mais distante, o mais próximo do mar aberto para lhes dar a
fuga mais rápida. – É onde eles me deixaram. – segui os passos que eu tinha
tomado, passando pelo pequeno prédio onde os funcionários da marina
trabalhavam e para a área arenosa onde eventualmente encontrava o cascalho
e onde terminava o asfalto. – E foi assim que eu fui. – eu disse, usando meu
dedo para traçar o caminho no ar. – Eu não sei quanto tempo levei para
chegar até você. Eu só me lembro de segurar o meu estômago e correr. Eu
estava com muita dor, Huck.

Ele resmungou em resposta e depois disse: – E agora?

Eu me virei para ele, absorvendo seu rosto e sua preocupação.

Isso era compreensível. Ele não queria que eu temesse que isso
acontecesse novamente. Ele certamente tomou todas as medidas para evitar
isso.

– Eu não sinto nada.

Essa foi a verdade.

Mas então acrescentei: – Não sinto dor alguma. Eu me sinto segura com
você.

Ele me puxou para mais perto dele. – Eu faço você se sentir assim?

– Sim, desde o momento em que você me levou para fora daquele beco.
– senti a leveza começar a bater no meu rosto. – Isso ajuda que você está
deliciosamente quente.
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– Deliciosamente quente, hein?

Quando ele sorriu, senti-me começar a ficar molhada. A maneira como


os lábios dele se espalharam pelos dentes era incrivelmente sexy.

– Eu não quero ir para casa.

– Eu não estou te levando.

Eu ri e passei a mão pelo lado da barba dele. – Você deixou isso


óbvio. O que quero dizer é que gostaria de ficar se você deixar.

Seu olhar era tão intenso que senti mover-se através de mim. – Eu não
esperava que você escolhesse Banguecoque.

– Eu não escolhi, Huck. Eu escolhi você.

– E o emprego em casa? E o seu apartamento?

– Estava em contato com a minha síndica. Ela é capaz de alugar meu


apartamento até que o meu contrato termine. Ela até se ofereceu para levar
minhas coisas para um depósito, e eu pago essa conta todo mês. A parte do
trabalho é fácil. Vou apenas deixá-los saber que meus planos mudaram.

– Você esteve ocupada.

Eu tinha certeza de que ele estava ligando todas as paradas que fiz
durante as minhas caminhadas, reunindo as que me ajudaram a chegar a essa
decisão.

Esse pensamento me fez rir um pouco.

– Você está desistindo de tudo? – ele perguntou.

Enquanto eu continuava a tocar sua bochecha, meu polegar desceu, e eu


acariciei o seu lábio inferior. – Eu não vejo dessa maneira. Acho que estou
ganhando mais do que estou perdendo.

Ele ainda não comentou sobre ficar comigo. Era quase como se estivesse
tentando me convencer disso.
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– Se isso não é o que você quer, eu...

– Arin. – ele murmurou. Seus braços rapidamente envolveram minha


cintura e ele me levantou no ar. – Eu não ia deixar você ir de qualquer forma.

Eu sorri tanto que me fez rir. – Eu quero manter meu trabalho em seu
escritório. Eu pagarei aluguel e as despesas. Eu me recuso a viver com você
de graça. Se você preferir que não trabalhemos juntos, tudo bem. Vou
procurar um emprego em outro lugar.

Como Huck ficou muito mais ocupado com o fim do mês, ele me deu
mais responsabilidade. Eu estava contando as gorjetas e distribuindo o
dinheiro para cada uma das meninas, e eu estava coordenando com a Lawan
para ter certeza de que todas estavam felizes e sendo bem cuidadas.

Eu gostei do que estava fazendo.

– Você vai ficar trabalhando para mim, mas vou construir um escritório
em nosso apartamento, então você tem o seu próprio espaço e a privacidade
que está querendo.

– Você está me dando privacidade?

Nosso apartamento.

Eu não tinha perdido essa parte também.

– Você ganhou. – ele disse.

Parecia que a resposta foi muito mais profunda.

Eu sabia que ele havia aprendido a confiar em mim.

Agora, ele acabou de confirmar.

– Você me deu tudo o que eu quero. – eu disse a ele.

– Eu estive esperando por aquela sua língua toda a manhã. Agora, dê


para mim, Arin.
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Ao pressionar meus lábios nos dele, dei uma olhada rápida na marina, no
local onde eu havia sido jogada no cais de madeira.

Todas essas contusões valeram a pena.

A melhor parte era que nenhuma delas se transformara em cicatrizes.


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Huck
Arin trabalhava sete dias por semana nos últimos meses. Ela estava
ajudando a Lawan com as meninas, preparando as novas sobre o que esperar,
e fazendo melhorias em todas as suas fantasias. Ela estava até tentando
aprender tailandês, para poder se comunicar com todos.

Minha garota estava em torno de sexo o dia todo.

No momento em que ela entrou no meu escritório, eu sabia exatamente o


que ela precisava. Geralmente começava com a minha língua em seu
clitóris. Ela amava isso. Depois do primeiro orgasmo, ela iria querer
estocadas fortes e rápidas. E o que eu queria era me perder nela, em cada
gemido que saísse de sua boca, cada gota que vinha de sua vagina.

Ainda assim, ela precisava de uma pausa deste lugar.

Eu também.

Dei uma olhada final em toda a papelada que estava na minha mesa,
folheando as folhas para ter certeza de que tinha a data correta, e então fui
para a internet e reservei uma viagem. Uma vez que o meu cartão de crédito
foi pago e o site me enviou uma confirmação, entrei no escritório da Arin.

O quarto em que ela ficou quando chegou aqui tinha sido recentemente
convertido em seu espaço de trabalho. Eu tinha movido a cama e as paredes
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pintadas, e ela decorou com uma mesa, plantas, arte e aquela porra da foto da
cobra que ela não me deixaria passar para um quarto diferente.

Eu parei na porta e a observei olhando para a tela do computador. Eu


não mais acompanhava sua atividade on-line, então não sabia para o que ela
estava olhando. Mas ela estava com um vestido comprido e havia alças finas
sobre os ombros. Seu cabelo estava solto e um pouco ondulado, e a única
maquiagem que ela usava era algo para escurecer os cílios e um brilho que
deixava seus lábios sensuais pra caralho.

Porra, ela é linda.

– Você só vai ficar aí, ou você vai entrar?

Meus olhos finalmente deixaram seu corpo para se encontrar com o


olhar dela. – Se eu entrar, vou tirar essas coisas da mesa e jogá-la em cima
dela.

– E quebrar o meu computador?

– Eu vou comprar um novo para você.

– Então, venha até aqui.

Ela gostava de foder tanto quanto eu.

Porra, eu amava isso nela.

Tirei o meu celular do bolso e verifiquei a hora. – Não posso, baby. Eu


tenho uma reunião em vinte minutos.

– Você pode ser rápido? – ela afastou a cadeira para trás e se levantou,
movendo-se para frente de sua mesa e encostou na beirada.

– Quando foi que fui rápido quando estou dentro de você?

Ela riu. – Isso é muito verdade. – ela se aproximou e envolveu os seus


braços em volta de mim, arranhando minhas costas com as unhas. Ela sabia o
que isso fazia comigo, como isso me afetava quando elas perfuravam meu
corpo. Mas tudo o que ela estava me dando era uma provocação.
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– Eu quero levar você embora. – eu disse a ela.

– Para longe?

Inclinei-me em seu pescoço e senti uma brisa em sua pele, os lados do


cabelo fazendo cócegas no meu rosto antes de me afastar. – Sim, para
longe. Longe do trabalho e longe de Banguecoque. Eu quero você em um
biquíni, bebendo algo gelado e tropical, enquanto a minha língua está em sua
boceta.

– Deus, podemos sair agora?

Coloquei as minhas mãos em sua cintura, deslizando-as ao redor dela até


que eu agarrei o topo de sua bunda. – Você irá?

– Claro que eu vou. – ela pressionou todas as dez unhas em cima dos
meus ombros. – Para onde você está me levando?

– Nós estaremos fora por duas semanas, e vamos para dois pontos
diferentes. Então, peça roupas on-line ou faça compras - o que você precisar
fazer. Apenas esteja pronta na próxima sexta-feira.

– Estou pronta agora.

Minhas mãos subiram até chegarem a parte de trás de sua cabeça, e eu


peguei um punhado de cabelo e usei-o para puxar seu rosto para o meu. Seus
lábios tinham um gosto tão bom, e eu sabia que os que estavam em sua
boceta seriam tão doces. Ela moveu seu corpo contra o meu, e eu podia sentir
seus mamilos cutucando através de seu vestido e direto para mim.

– Hummm. – murmurei, levantando a cabeça para trás para afastar a


boca da minha. – Estou indo para o meu escritório. Depois da minha reunião,
voltarei para comer o resto de você.

– Depressa. – ela disse enquanto eu saía do seu escritório.

Descendo o corredor, meu celular tocou. A tela mostrava que Uel estava
ligando e eu respondi: – Você achou alguma coisa?
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– Nada, Huck. Liguei para todos que conheço e revi todos os contatos
que tenho.

– Porra.

– Apenas fique tranquilo.

– Eu não sei se posso. – eu disse a ele. Entrei no meu escritório, fechei a


porta e sentei na minha cadeira.

– Granada não é como costumava ser, Huck. Muitas caras diferentes por
aqui agora. Uma geração mais jovem que se recusa a se reportar a qualquer
um dos veteranos como eu. Se eles estão envolvidos, não há como eu saber,
mas com certeza parece algo que eles fariam.

Ele estava me dizendo que não havia uma maldita coisa que eu poderia
fazer sobre o Jack.

Eu não gostei dessa resposta.

Uel tinha mais recursos do que eu, e se ele não conseguisse descobrir
nada, eu também não conseguiria.

Isso me matou por pensar isso.

– Obrigado por me ligar. – eu disse a ele.

– Eu estarei vendo você em breve?

Olhei para a tela do computador, que mostrava a confirmação de nossos


planos de viagem. – Em algumas semanas. Como isso soa?

Ele riu. – Parece muito bom, Huck.

Desliguei a ligação e olhei para o meu celular.

Eu sempre aceitarei que não há uma resposta?

Porra, não.

Mas também sabia que não tinha outra escolha.


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Anônimo

Antes...
Eu sei que você está saindo.
Você sabe que não terminei.
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Shank

Dia da soltura...
O guarda me entregou um saco de lixo esta manhã e me disse para
esvaziar a minha cela. Como não podíamos levar nada conosco quando
saímos da prisão, tudo precisava terminar. Era uma regra estúpida, e os filhos
da puta que dirigiam este lugar eram alguns bastardos baratos. Eles não
podiam nem mesmo me dar um saco grande. Eles me deram um pequeno que
nunca seguraria tudo.

Eu me espreguicei na minha cama de cobertores e, quando estava prestes


a enfiar o travesseiro, parei.

A carta do Toy estava na espuma.

Eu a peguei de dentro, segurei na minha mão, e acariciei os meus dedos


sobre suas palavras.

Pensei em levar comigo, mas não precisava dessa carta para me lembrar
dele. Eu tinha muitas lembranças para isso. Então, joguei a carta junto com
todas as lascas de sabonete e os meus frascos de xampu. Todas, exceto uma,
estavam cheias de cartas do garoto. Eu peguei a mais recente que ele havia
mandado - o que eu recebi há dois dias, que disse, estou ansioso para você
sair, Shank - e deixei de lado.
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As únicas coisas que restavam eram os rolos de papel higiênico de
papelão que coletava e meus tubos vazios de pasta de dente que seguravam
minhas lâminas de barbear e as embalagens plásticas que eu tinha
lambido. Deve ter havido centenas dessas embalagens plásticas. Eu as peguei
dos guardas. Sempre que eles comiam algo doce, deixavam a embalagem na
minha cela para me provocar. Aqueles idiotas sabiam que eu mal conseguia
engolir a comida e o cheiro do plástico só faria meu estômago roncar.

Houve momentos em que eu estava com tanta fome que comi o plástico.

Empurrei o saco de lixo no canto da cela. Como estava cheio, comecei a


colocar o lixo em cima dele. Foi divertido. Eu costumava ter faxineiros para
fazer esse trabalho, e agora, eu me tornei um na minha própria cela.

Houve muitos anos ruins aqui.

Tantas noites quando eu olhava para as grades e não conseguia dormir.

Tantos dias que eu não consegui encontrar um lugar no meu corpo para
cortar que já não fosse grosso com tecido cicatrizado.

Eu não sentiria falta daqui.

Depois que tudo estava no canto, levantei a carta do garoto e enrolei o


mais fino que consegui. Então, peguei uma das embalagens plásticas e juntei
as duas. Movendo toda a saliva ao redor da minha boca, eu cuspi na minha
mão e a coloquei sobre o plástico. E, finalmente, eu trouxe para a base da
minha bunda e enfiei-a no meu maldito buraco.

Já fazia um tempo desde que qualquer coisa estava lá.

Porra, eu precisava de um pouco de pau.

Eu me movi para frente da minha cela e envolvi meus braços ao redor


das grades, para que eu pudesse olhar para o corredor.

O guarda no final do bloco da cela me viu e disse: – Você está pronto?

– Porra, sim.
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– Não pareça muito animado, preso. Os caras da porta não respondem
bem a sorrisos e tonturas.

Eu não estava muito tonto.

Eu nem sabia o que diabos era tonto.

Mas, no final do turno deste babaca, eu garanto que ele estava ansioso
para ir para casa e sair desse inferno. Se ele tivesse pegado vinte e cinco
anos, como eu, eu tinha certeza que ele estaria ainda mais animado.

Se eu o encontrasse do lado de fora, eu ia cortar um sorriso em seu rosto


só por ser um idiota no dia da minha soltura.

Porra, sair significava que eu seria confrontado com uma questão


totalmente nova.

Anônimo.

Ele sabia que eu estava sendo solto, e agora eu sabia que ele não tinha
terminado de matar.

Se ele planejasse vir atrás de mim, eu esperava que ele não esperasse
muito. Quem quer que fosse, eu queria aquele desgraçado nas minhas
mãos. E, finalmente, depois de toda a tortura que cometeria com ele, eu
queria o sangue dele. Queria que fosse drenado para fazer a maior poça. Eu
queria cobrir cada centímetro daquela poça com o meu esperma.

– Vire-se. – disse o guarda quando chegou a minha cela. – Coloque suas


mãos na abertura.

Eu virei de costas para ele e coloquei meus pulsos no buraco onde ele
colocou um par de algemas ao redor deles. Uma vez que a minha cela foi
destrancada, eu saí para o corredor, e ele seguiu atrás de mim, mantendo
alguns dedos no metal entre as minhas mãos.

– Ande. – ele ordenou.

Verifiquei os outros presos quando passei por suas celas. Eu não tinha
falado muito com eles. Parecia que havia novos prisioneiros a cada duas
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semanas. Não sabia o que tinha acontecido com os que saíram - se morreram
ou se foram libertados. Palavras não eram trocadas aqui. Apenas choros e
fodidos gritos.

Um monte de maricas. Eles nunca teriam sobrevivido à minha sentença.

Não disse nada para eles enquanto eu passava. Eu apenas olhei nos olhos
deles e sorri.

Fiquei feliz em vê-los do outro lado das grades.

Sofrimento.

Apodrecimento.

Eu ia precisar machucar alguém logo.

No final do corredor, o guarda disse: – Abra a porta e vire à direita.

Suas instruções me levaram a outro corredor onde havia um escritório


no final. Um homem estava sentado atrás de uma parede de vidro, e o guarda
me levou até a frente dele.

O homem atrás do vidro olhou para mim e depois para a tela do


computador, e eu percebi que ele estava lendo alguma coisa.

– Número. – ele gritou.

– Doze, doze, doze. – eu disse.

Doze era a cela em que eu havia colocado a Tyler.

Mais uma ironia do caralho.

– Solte-o. – o cara atrás do vidro disse ao guarda.

As algemas foram tiradas dos meus pulsos e eu juntei as minhas mãos e


as esfreguei.
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– Por ali. – o guarda disse apontando para uma porta a poucos metros de
mim. – Você pode querer se mover rápido. Às vezes, gostamos de mudar de
idéia.

Ele estava definitivamente morto se eu o visse do lado de fora.

Mas, aqui, eu não disse nada e não olhei para nenhum deles novamente.

Corri em direção à porta. Abri e saí do lado de fora. Eu tive que colocar
minha mão sobre meus olhos para bloquear o sol. Fazia muito tempo desde
que eu o vi. Eu não conseguia nem lembrar quando os guardas tinham me
levado para fora.

Havia uma cerca em volta de toda a propriedade, e bloqueava a minha


visão do que quer que tenha passado. Eu fui até lá e bati em um dos postes
para deixar os guardas saberem que eu queria que abrissem. Quando o metal
passou por cima do asfalto, fez o mais alto barulho. Ele se moveu lentamente
como o inferno. Mas, assim que o espaço ficou amplo o suficiente, sai por
ele.

Eu não estava a mais que alguns passos da abertura quando vi um


homem parado ao lado de um Furgão. Eu bloqueei os meus olhos do sol
novamente e dei-lhe uma boa olhada. Parte de mim esperava que fosse o
Beard ou Diego. Porra, eu me perguntei como que aqueles caras pareciam
vinte e cinco anos depois. Então, lembrei-me da explosão e como isso
transformou meus dois melhores amigos e meu pai em cinzas.

Eu não precisava ficar olhando para saber quem era esse homem.

Ele nunca me enviou uma foto.

Ele não precisava.

Ele parecia igual a mim.

E ele veio aqui, no meu dia de soltura.

Ele veio para conhecer seu pai.


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Algo no meu peito começou a bater, e não sabia o que diabos era. Doeu
muito, tudo que eu pude fazer era sussurrar: – Oi, garoto.
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Huck
– Oi, garoto. – meu pai sussurrou enquanto eu estava na frente do
Furgão que eu aluguei no aeroporto da Ilha Margarita depois que a Arin e eu
voamos na noite passada.

A Venezuela foi nossa primeira parada. Granada seria a nossa segunda.

Para Arin entender quem eu realmente era, que deveria ser o próximo
passo em nosso relacionamento, ela tinha que ver de onde eu tinha vindo.

E de quem eu vim.

Eu pensei sobre esse momento, em conhecer meu pai pela primeira vez,
por tantos anos. Até algumas semanas atrás, eu não tinha certeza de que
viria. Eu não suportava a pessoa que ele era e as coisas que ele tinha feito
para a minha família, e eu não sabia se poderia estar em sua presença sem
querer machucá-lo. Mas dei uma olhada em sua última carta, aquela em que
ele me deu sua data de soltura, e reservei a viagem.

Tinha que conhecê-lo. Eu tinha que saber como ele era agora em
comparação com a foto que tinha dele. Eu tinha que saber como era apertar
sua mão. Eu tive que ligar todas as cartas para ter uma pessoa real, não
aquela sobre a qual eu tinha lido, e eu tinha que ver se ele ainda era aquele
desgraçado nojento ou se a prisão o transformou em alguém diferente.
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E agora, depois de sua sentença de vinte e cinco anos, depois de trocar
tantas palavras, finalmente estava acontecendo, e estávamos caminhando em
direção um ao outro naquele longo trecho de asfalto.

Dei um passo e outro, e Shank fez o mesmo.

Ele era muito menor do que eu esperava. Ele era pelo menos alguns
centímetros mais baixo que eu e magro como o inferno. Eu tinha certeza de
que a comida na prisão era a razão disso, porque o Jack nunca o descreveu
como magro. Mas havia também uma familiaridade ali. Não estava nas
formas do nosso corpo ou nos nossos rostos; Não foi nem como
andamos. Foi no verde dos nossos olhos. A cor era idêntica.

Eu esperava que não tivesse herdado nada dele além de ser canhoto.

Eu dei outro passo e mais um.

Este foi o homem que desprezou minha mãe.

Este era o homem que queria a minha mãe morta.

Este era o homem que me queria morto.

Ele não a amava. Não tinha tido um pouco de misericórdia.

Ele a estuprou.

Ele não estava nem um pouco envergonhado disso também. Ele me


contou todos os detalhes em suas cartas, e o pensamento me fez sentir
mal. Ele tinha sido tão brutal, tão implacável, tão convencido de que estava
fazendo isso para ajudar o Beard.

Eu não sabia por que ela não tentou matá-lo.

Eu imaginei que matar não era coisa dela.

Era dele.

Meu ritmo começou a diminuir, e o mesmo aconteceu com o dele.


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Ele estava a pouca de distância do carro e senti a faca no fundo da minha
garganta. Eu não sabia porque ela estava me esfaqueando agora, a ponta
gradualmente subiu até atingir minhas amígdalas, e foi aí que desceu.

Doeu encher meus pulmões. Isso fez minhas malditas mãos tremerem.

Ele parou a uma distância apropriada e disse: – Garoto.

– Oi. – essa foi a única palavra que eu poderia deixar sair, e até mesmo
aquela queimou.

Ele não fez nenhuma tentativa de dar um abraço. Também não estendeu
os dedos, então eu estendi. Ele agarrou-os e agitamos. Sua pele estava áspera
e ele não me apertou nem um pouco.

Isso me surpreendeu.

– Eu não acho que você viria. – ele disse.

Ele tinha tatuagens no pescoço e um piercing na bochecha, ambas que


eu me lembrava da foto dele. Mas a foto não mostrara a intensidade de seus
olhos. Quanto mais eu olhava para eles, mais eu percebia que eles não eram
nada como os meus. Eles podem ser da mesma cor, mas no fundo aquele
verde era muito mau, e era tão forte que eu podia senti-lo no ar entre nós.

– Eu queria conhecer você. – eu disse.

O ardor aumentou, e eu tentei engolir um pouco de ar para ajudar a


aliviá-lo.

– Ficará por um tempo? Ou você está aqui apenas para testemunhar


minha saída?

Seu tom era uma mistura de um rugido e uma rouquidão com um toque
de sotaque espanhol, apesar de ele ser dos Estados Unidos. Agora que eu
sabia como ele soava, eu podia ouvir cada palavra em sua voz.

A faca girou em círculo, saiu e esfaqueou de novo.

– Reservei um hotel para nós por algumas noites.


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Sua expressão não mudou.

– Eu não sabia quais eram seus planos ou se você tinha um lugar para ir,
então, reservei um para você também.

Ele observou o espaço ao nosso redor, olhando para a rua, e então olhou
para trás, para o portão. – Quem somos nós?

– Minha namorada, Arin. Ela veio comigo.

Seus olhos estavam nos meus novamente. – Onde ela está?

– No Furgão.

Ele tentou olhar através das janelas, mas elas estavam muito escuras. –
Ela é da Tailândia?

– Isso importa?

Suas pálpebras se estreitaram. – Sim, isso importa.

– Ela é dos EUA.

– Onde?

– Nova york.

Ele assentiu. – Entendo.

Ele não parecia nervoso. Ele parecia quase agitado e impaciente, como
se quisesse acelerar essa parte. Eu me perguntava por que ele estava fazendo
tantas perguntas sobre a Arin e nada sobre mim.

Talvez eu só precisasse levá-lo para longe da prisão.

– Você está com fome? – perguntei a ele. – Você quer pegar algo para
comer?

– Sim. – ele começou a andar em direção ao Furgão, então eu o segui. –


Há um lugar que ficava perto da prisão onde o Toy e eu costumávamos ir o
tempo todo. Não sei se ainda está lá, mas devemos ir e ver.
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– Tudo bem. – eu disse a ele. – Você se importa de ficar no banco de
trás?

Ele não respondeu. Apenas foi para a porta de trás e subiu.

– Arin. – eu disse, inclinando-se para ela para lhe dar um beijo rápido. –
Este é o Shank, meu pai.

Eu não conseguia ler a expressão no rosto dela.

Eu tinha certeza de que tudo era um pouco esmagador, uma vez que ela
nem sabia onde estávamos indo até chegarmos ao Aeroporto Internacional de
Banguecoque.

Ela se virou em seu assento e olhou para ele por vários segundos antes
de estender a mão. – É bom conhecer você, Shank.

Ele não disse nada, mas através do espelho, eu o observei apertar sua
mão e olhá-la por baixo. Não de uma maneira sexual, mais como se ele
estivesse tentando descobrir ela.

Esperei que ela virasse para frente novamente antes de ligar o Furgão e
sair do estacionamento da prisão. – Você vai ter que me dizer como chegar
lá. – eu disse a ele. – Ou, se você tiver o nome do restaurante, posso obter as
instruções no meu celular.

– Celulares fazem isso agora? Porra. – ele olhou para trás, como se
estivesse checando para ver se alguém estava nos seguindo. – Vire à
esquerda.

O rádio estava desligado. O único som aqui era o ar-condicionado


soprando através das aberturas.

Quando eu estava prestes a dizer algo, ele disse: – Já esteve na


Venezuela, Arin?

– Esta é a minha primeira vez. – ela respondeu.

– E você, Garoto? Você já voltou?


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– Não. Eu viajei por toda parte, mas nunca parei aqui.

– Vire à esquerda. – ele disse, movendo-se entre os nossos lugares.

Com ele estando tão perto, senti o cheiro dele. Ele cheirava a velho,
como fumaça e suor, e suas roupas estavam tão sujas e manchadas de preto.

Depois de alguns minutos, ele apontou através do para-brisa. – Está bem


ali. Parece que ainda está aberto.

Estacionei em um ponto diretamente em frente ao restaurante e esperei


que todos saíssem antes de eu trancar.

Todos nós entramos e meu pai disse alguma coisa em espanhol para o
garçom mais próximo de nós. O garçom respondeu, e então meu pai nos
levou até a mesa mais à esquerda e nos sentou diretamente ao lado da
janela. Ele escolheu o assento que dava para a entrada e nos sentamos em
frente a ele.

– Vou pedir um pouco de tudo e podemos compartilhá-lo. – ele disse.

Olhei para Arin e, embora ainda não tivéssemos um cardápio, eu disse: –


Você está bem com isso?

– Tudo bem. – ela respondeu.

O garçom estava servindo outra mesa, mas meu pai gritou alguma coisa
em espanhol para ele. O garçom olhou para nós e meu pai segurou três dedos
no ar.

Então, ele voltou sua atenção para nós. – Você está aqui por alguns dias
e depois voltará para Banguecoque?

– Granada. – estiquei para o colo de Arin e envolvi minha mão sobre sua
coxa. – Arin nunca esteve lá também.

– Ficará na casa do Toy, ou você a vendeu?

Durante o voo aqui, expliquei a Arin o básico da minha infância. Ela


sabia que o Jack tinha se tornado meu guardião algum tempo antes de eu
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completar dois anos e que todos na Venezuela o chamavam de Toy e que ele
estava em um relacionamento com o meu pai. Ela sabia que ele tinha ido
embora e que ele tinha sido encontrado morto. Ela sabia sobre a prisão e a
explosão e como minha mãe morrera no incêndio. Havia algumas coisas que
eu não lhe contei, como o propósito real da prisão e as coisas que haviam
acontecido ali, qualquer coisa a ver com o Achurdy e a maneira como minha
mãe engravidou.

Talvez, um dia, eu contasse a ela.

Não seria hoje.

– Eu vendi sua casa um mês depois que ele morreu. – eu disse. – Eu fui
lá primeiro e limpei tudo e... – porra, minha garganta começou a se sentir
bem novamente, mas agora, a faca estava começando a provocá-la. – Eu tive
que enterrar todos os seus animais, e então levei algumas de suas coisas para
casa comigo.

– O que você levou? – Arin perguntou.

Eu me virei para ela. – Um colar que ele sempre usava, algumas fotos...
coisas assim.

– Aquele filho da puta tinha um monte de ratos, não era? Eu sabia que
ele amava tanto aqueles bebês, mas eu não sabia que ele tinha começado sua
própria coleção.

– Nós não tínhamos ratos. – eu disse. – Nós tínhamos cobras.

– Cobras? – ele parecia surpreso. – Ah, isso foi por causa de sua língua,
não foi?

Ele riu e pela primeira vez vi seus dentes. A maioria deles eram escuros.

Ele estava certo; A língua de Jack era a razão pela qual ele conseguiu
sua primeira cobra. Foi um presente do nosso vizinho porque achou que seria
engraçado ver o Jack e a cobra mostrarem a língua. Mas Jack se apaixonou
pela jibóia e começou a comprar mais.

– Sua língua? – Arin perguntou.


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– Eu dividi no meio.

– Eu não entendo. – Arin disse.

Shank manteve os braços sobre a mesa, mas inclinou-se para se


aproximar dela. – Eu queria que ele fizesse uma boquete melhor, então eu
peguei uma serra e pressionei-a contra a sua língua e dividi a porra da coisa
ao meio. – ele olhou para mim. – Alguma ideia de quem o matou?

Eu apertei sua coxa e ela não olhou para mim. Seu peito estava subindo
e descendo tão rápido, então eu sabia que ela estava respirando. Finalmente,
depois de alguns segundos, ela colocou a mão em cima da minha e apertou
também.

– Não. – eu disse, respondendo ao meu pai. – Isso é um beco sem saída.

O garçom colocou uma água na minha frente e eu tomei um gole.

– Meus amigos não conseguiram descobrir nada.

– Isso é foda. – ele disse. – Mas não se preocupe, garoto. Quando eu


encontrar esse bastardo, vou matá-lo.

O silêncio passou entre nós três.

E então, do nada, Arin perguntou: – Você sabe quem poderia ter feito
isso, Shank?

Eu observei seu rosto enquanto ele processava sua pergunta. Seu olhar
se intensificou. Seu lábio superior quase se curvou um pouco. – Todo mundo
que eu conheço está morto. – o seu olhar moveu para mim tão lentamente. –
Exceto você.

A porta do restaurante se abriu e seu olhar imediatamente se voltou para


frente. Eu poderia dizer que a pessoa estava andando para o outro lado do
lugar porque os olhos do meu pai o seguiram e pararam de se mover quando
a pessoa deve ter se sentado.

Então, seu olhar estava de volta em mim, caindo na minha mão, que
estava descansando em cima da mesa. – Onde você conseguiu essa cicatriz?
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– Isso não é de quebrar o seu braço? – Arin perguntou.

Eu lentamente a encarei. – Como você sabia disso?

Além de Jack, que me levou ao hospital, e Shank, a quem escrevi sobre


isso em uma carta, nunca falei sobre isso com ninguém.

– Você me disse. – suas bochechas ficaram um pouco vermelhas. –Você


não se lembra?

– Não, eu não lembro.

Ela sorriu e isso foi mais sedutor do que doce. – Aconteceu algumas
semanas atrás, quando estávamos comendo naquele restaurante perto do
mercado. Nós dividimos aquelas taças de bebida e, em algum momento, você
mencionou que havia quebrado o seu braço.

– Meu pulso. – eu disse.

– Foi isso que eu quis dizer.

Eu me lembrei da noite em que ela estava falando - o restaurante e toda


a bebida que compartilhamos. Cada um de nós tinha um bom burburinho
acontecendo, mas eu não conseguia me lembrar dessa conversa.

– Essa também foi a noite que você me contou sobre a Rada. – ela
acrescentou.

Rada foi minha ex. Inferno, eu não me lembro de falar sobre ela
também. Eu devo ter ficado muito mais bêbado do que eu pensava.

– Malditas taças de bebidas. – eu ri.

Arin inclinou os dedos e os entrelaçou com os meus.

– Surpresa uma pausa deixou uma cicatriz como essa. – meu pai disse.

Minha cabeça se moveu diretamente para olhá-lo e eu disse: – Acabei


fazendo uma cirurgia; foi o que deixou a cicatriz.

– O que você achou que foi? – Arin perguntou a ele.


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– Não sei. Talvez você goste de cortá-lo quando você monta seu pênis. –
a atenção do meu pai mudou novamente, e desta vez, estava em Arin. – Ele
tem metade de mim. Eu esperaria que ele gostasse disso de verdade.

Eu não tinha certeza de onde esta conversa estava indo e como isso tinha
acontecido primeiramente, mas quando eu tentei pará-lo, Arin disse: – Seu
filho não está com a língua dividida ou com ganchos e fios ou me fazendo ter
minhas iniciais em seu corpo. Então, eu diria que ele é um pouco mais do
lado do domador.

Shank não disse nada.

Eu também estava em silêncio, ainda sem saber como começamos a


falar sobre sexo primeiramente. Era um assunto que eu não queria discutir na
frente dele, e certamente não queria ouvir mais sobre os homens com quem
ele estava. Eu li o suficiente disso em suas cartas.

Enquanto eu pensava em algo para dizer, vi meu pai continuar a olhar


para ela.

Então, de repente, ele se levantou da mesa e disse: – Posso falar com


você, garoto?

– Agora?

– Claro, porra agora. – sua voz era aguda. – Me siga.

Uma vez que ele se afastou da mesa, eu me inclinei até a bochecha de


Arin e a beijei. – Você vai ficar bem se eu te deixar aqui por um minuto?

Ela assentiu. – Estou bem; Não se preocupe.

– Eu já volto. – encontrei meu pai fora.

– O que está acontecendo?

– Eu não gosto dela. – ele andou entre o Furgão e a porta, com seus
olhos frenéticos e suas mãos se movendo tão rápido quanto seus pés.

– Quem você não gosta?


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– Arin.

– Você não gosta da Arin? – não podia acreditar no que estava


ouvindo. – Você não precisa gostar dela. Mas ela é minha namorada e você a
respeitará.

Ele caminhou de volta para o Furgão e parou na minha frente durante o


seu retorno. – Ela não é muito boa, garoto. Livre-se dela agora mesmo.

– Você já perdeu a cabeça? Você acha que eu iria me livrar da minha


namorada por você? – minha voz estava aumentando, e não me importei. Eu
estava chateado, furioso por ele ter me trazido até aqui para falar sobre a
Arin, que ele queria que eu a largasse, que ele estava mesmo focado nela em
primeiro lugar.

– Ela não é boa. – suas mãos caíram para os lados, com os seus dedos
agora apertando. – Você não sabe isso, garoto? Estou surpreso com você.

– Surpreso? Com o que você está surpreso?

– Para começar, ela sabia sobre o seu pulso, e você nunca disse a ela.

Suspirei, sacudindo minha maldita cabeça. – Tenho certeza que eu disse


a ela. Eu estava bêbado. Não me lembro muito daquela noite. Além disso, há
uma foto minha na minha sala de estar onde estou usando o gesso. Tenho
certeza de que Arin viu.

– O quanto você contou a ela sobre o Toy? Ela sabe de todas as suas
cicatrizes?

– Suas cicatrizes? – repeti. – O que lhe daria essa impressão? Ela nunca
disse nada a você sobre as cicatrizes de Toy.

– Jesus, garoto. – seu olhar se intensificou para onde eu podia sentir na


porra do meu peito. – Estou te dizendo uma última vez. Livre-se dela.

Eu pressionei os meus dentes. – Foda-se isso e foda-se você.


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– Me foder? – Shank riu, com uma leveza passando agora por seu
rosto. – Você não sabe que não deveria falar com seu pai desse jeito? Estou
apenas tentando te salvar.

– Eu não preciso ser salvo.

– Garoto...

– Ouça-me. – eu gritei. – Você nunca gostou de ninguém que tenha


tirado a atenção de você. Você odiava a mãe do Beard e a minha mãe por
esse motivo. Diego provavelmente não se atreveu a trazer alguém ao seu
redor por medo de matá-los. – diminuí minha voz, mas me certifiquei de que
ele soubesse o quanto sério eu estava. – Não há nada errado com a Arin. Ela
é quem eu me importo, e as coisas são muito boas entre nós. Se você não
quer estar perto dela, então eu vou trocar nossas passagens, e nós vamos ir
embora amanhã de manhã.

Ele não disse nada. Ele apenas continuou a olhar para mim.

E então, lentamente, ele sorriu, mostrando-me sua boca cheia de preto.

Suas mãos pararam de se mexer. Seus pés ainda movendo.

– Não mude o seu voo. – ele disse. – Vamos. Vamos comer, garoto.
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Shank
Fazia muito tempo desde que eu provei sangue.

Não do tipo que eu recebi do guarda na prisão quando cortei a porra da


palma da mão dele. Quis dizer, sangue que foi drenado de um corpo. Sangue
que poderia cobrir toda a minha pele e não perder um maldito lugar. Sangue
que eu poderia receber.

Sangue que pingava de alguém que me temia.

Esse tipo de sangue era o mais doce.

E, neste momento, o sangue era mais importante do que encontrar


alguém para foder.

O hotel que o garoto reservou ficava no meio da cidade. Ele era


chique. Cheirava tudo limpo, a cama era macia e o cobertor não me
arranhou.

Eu não consegui dormir.

Isso fez minha mente vagar.

O quarto era um lugar certo para ficar, mas não era para matar. Além
disso, eu não podia matar enquanto o garoto estava no quarto ao lado do
meu.
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Então, eu saí da cama e, a alguns quarteirões de distância, encontrei um
carro para levar. O filho da puta deixou a carteira no porta-luvas e havia
bastante dinheiro lá dentro. Agora eu tinha o que precisava.

Lembrei-me de haver um motel perto da prisão que era perfeito para


isso, então foi para lá que eu fui primeiro. Quando eu fui até a janela para
dizer ao cara o que eu queria, pedi dois quartos um ao lado do outro no final
do corredor.

Ele me entregou duas chaves e depois fui embora para fazer


compras. Nunca fiz isso na Venezuela antes. Eu sempre enviava um
faxineiro se eu precisasse de algo para minha sala de operações. Mas, Deus,
eu gostaria de tê-lo porque era muito divertido entrar em uma loja de
ferragens e escolher tudo com o que eu queria brincar.

Eu encontrei um moedor que cortaria o osso e pegaria o que destruiria a


carne.

Havia tantas outras opções agora que enchi meu carrinho inteiro.

E, porra, meu pau estava tão duro quando eu olhei para todas as minhas
novas lâminas de metal brilhantes.

Logo, eu estaria ganhando um orgasmo.

Muito em breve.

Mas ainda não.

Eu trouxe tudo de volta para o quarto do hotel e arrumei tudo. Fazia


tanto tempo desde que eu fiz isso, mas era como andar de bicicleta.

Fechei as persianas, cobri o chão e a cama com grossos lençóis de


plástico. Então, coloquei todas as ferramentas, enfileirando-as da mais fraca
a mais forte, dependendo de quanto áspero era no corpo. Uma vez que tudo
estava organizado e pronto para ser usado, voltei para o meu carro e dirigi.

Era a hora da caça.

Não demorou muito para encontrar minha presa.


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Meu alvo era uma mulher. Ela era de estatura mediana, magra, vestida
com roupas de ginástica com o cabelo preso em um rabo de cavalo e sua
bunda balançando enquanto corria.

Ela não tinha ideia que este seria seu último dia viva.

Eu não poderia ter cronometrado isso mais perfeitamente.

Dirigi vários quarteirões à sua frente e estacionei perto da calçada entre


um arbusto e outro carro e secretamente a observei se aproximar. Quando ela
chegou ao primeiro galho, eu pulei e a agarrei, batendo minha mão sobre sua
boca antes que ela tivesse a chance de gritar.

– Cala a boca. – eu avisei. – Isso será muito mais fácil para você se você
não fizer um som.

Eu recoloquei minha mão com um pano que enfiei em sua boca, e selei
com fita adesiva.

Ela estremeceu quando eu amarrei a corda em torno de suas mãos, que


agora estavam atrás das costas, e novamente quando eu a joguei no banco do
passageiro. Eu me abaixei e amarrei os pés dela, e usei o cinto de segurança
para prendê-la no lugar.

Suas narinas inflaram quando ela tentou sugar ar. Lágrimas brotaram
nos olhos dela. A vermelhidão encheu seu doce rosto.

Nada disso a ajudaria agora.

Fechei a porta e entrei no lado do motorista, e então comecei a ir em


direção ao hotel.

– Pare de fazer sons. – eu gritei.

Sua respiração e seu choro estavam ficando sob a porra do meu corpo.

– Gosto de silêncio. Quanto mais alto você ficar, mais vou te machucar.

Houve mais um choro e ela ficou quieta.

– Essa é uma boa menina.


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Quando chegamos ao hotel, assegurei-me de que ninguém estava do
lado de fora para nos ver, e então a carreguei para dentro. Coloquei-a em
cima do plástico e peguei uma das facas.

Eu apontei na base de sua garganta. – Essa coisa? Isso é o que está


fazendo você chorar mais? – olhei dela para a faca. – Este é o brinquedo
menos doloroso que comprei, então não deixe essa lâmina de oito polegadas
te assustar. Não é tão ruim quanto parece.

Eu ri quando eu apunhalei a faca no topo de sua camisa e a arrastei pelo


centro. A camisa se partiu ao meio e eu tirei do corpo dela. Eu fiz o mesmo
com suas calças apertadas. A vadia não estava nem usando calcinha, então eu
não tive que cortá-la. Quando cheguei ao sutiã dela, um celular caiu de entre
as tetas dela. Não era como qualquer coisa que tivéssemos tido antes de eu
estar preso. Este era grande e retangular, e se iluminou quando bateu no
chão.

Eu carreguei suas coisas para o banheiro e as joguei em um saco de lixo,


e voltei para ela.

Jesus, se eu gostasse de boceta, eu teria me enterrado dentro dela. Mas


não havia nada sobre aquelas duas dobras sem pelo que faziam qualquer
coisa para mim. Eu estava mais excitado com a faca na mão.

Pelo pensamento de seu sangue.

Sabendo que eu estava a poucas horas de chegar no centro de uma linda


e grande poça vermelha.

Enquanto eu montava na sua cintura, seus olhos azuis estavam tão


arregalados e lacrimejantes. Eu me perguntei qual seria o gosto das suas
lágrimas, então me inclinei e passei minha língua sobre sua bochecha. Era
salgada, não metálica, como eu queria.

Porra, eu não posso esperar para provar o sangue dela.

Fiquei onde estava, para que ela pudesse me ouvir, para que ela pudesse
me sentir em cima dela, para que ela pudesse sentir o meu cheiro. – Já que
não tenho mais um playground, eu precisei improvisar. Eu me desculpo,
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princesa. Este quarto não é tão divertido quanto a minha sala de operações,
mas eu prometo, ainda vamos nos divertir.

Levantei uma das picaretas, e a coloquei sob o umbigo dela e puxei-


a. Eu soube que a pressão foi até a vagina de uma mulher. Eu poderia dizer
pelos sons que ela fez que estava sentindo essa pressão agora.

– Nós vamos levar as coisas devagar, dolorosamente devagar, e você vai


sofrer pra caralho. Quando tudo estiver terminado e quando eu tiver decidido
que você já teve o suficiente, eu vou te matar. – movi a minha boca para o
lado de seu rosto e levei-a para o ouvido dela. – Você sabe por que estou
fazendo isso?

Eu sabia que ela não poderia responder, mas ainda fiz uma pausa, para
que ela pudesse pensar sobre isso.

– Porque não confio em você. Acho que você está tramando algo. E,
quando terminar de te torturar, vou saber exatamente o que está escondendo
de mim, Arin.
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Huck
Quando acordei, o quarto estava escuro. Havia persianas nas janelas, e
elas estavam fechadas, então nenhuma delas iluminou. Pisquei várias vezes,
tentando descobrir por que nada parecia familiar, e então veio a mim. Eu
estava na Venezuela, visitando meu pai, e este era o quarto de hotel que eu
aluguei.

Eu virei para o meu lado e estendi a mão na cama, mas não senti nada,
exceto lençóis frios.

Arin não estava lá.

Fui para o outro lado e bati em diferentes partes da lâmpada até


encontrar uma maçaneta e virá-la, e então acendi a luz.

Arin não estava no sofá. Ela não estava no closet que estava ao lado da
cama também.

– Arin. – eu chamei, sabendo que ela tinha que estar no banheiro. – Eu


estou entrando. Eu tenho que mijar.

Eu entrei no corredor. A porta do banheiro estava aberta e a luz estava


desligada. Quando olhei para dentro, ela não estava lá.

Que porra é essa?


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Fiz uma procura rápida por todo o quarto, e foi quando vi o bilhete que
estava escrito com a caligrafia da Arin na mesa.

Fui para uma corrida,


Volto em uma hora.
XX, A

Essa garota perdeu sua maldita mente?

Ela nunca tinha estado na Venezuela antes. Ela não tinha a menor idéia
de onde ela estava correndo ou de quem ela poderia estar fugindo.

Esta área estava cheia de crime.

Não era seguro.

Com certeza não era o tipo de lugar onde uma garota deveria estar
sozinha na rua e desarmada.

Entrei no banheiro e, enquanto eu mijava, peguei um aplicativo no meu


celular. Foi para rastrear o celular de Arin. Eu nunca desativei isso. Isso não
foi porque eu não confiava nela; era porque eu estava preocupado que algo
acontecesse durante uma de suas caminhadas, e eu precisaria encontrá-la.

Com o seu local carregando, saí do banheiro e caminhei de volta para a


cama. Quando o ponto inteiro apareceu e ele piscou na tela, me dizendo que
seu celular estava ativo e ligado, pressionei o mapa e ele mostrou a distância.

Ela estava a quase nove quilômetros de distância.

Eu fiz isso de novo, não acreditando na medição.

Deu-me o mesmo número na segunda vez.


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Arin não tinha corrido mais do que um quilômetro e meio desde que ela
se curou. Ela ainda estava conseguindo sua resistência de volta.

Então, ela estaria indo para uma corrida de dezoito quilômetros hoje?

De jeito nenhum.

Continuei a olhar para o ponto e não se mexeu. Atualizei o aplicativo, e


nada aconteceu depois.

Algo não estava certo.

Vesti as minhas roupas, peguei a chave do quarto e me dirigi para a


porta. Quando cheguei ao Furgão, saí do estacionamento e fui direto para ela.

Não havia muitas pessoas na rua. Também não havia muitos


semáforos. Nem sabia qual era o limite de velocidade. Não me
importava. Pressionei o pedal do acelerador no chão e desviei a cada
curva. As instruções me levaram para um hotel.

Assim que vi o lugar, meu estômago doeu.

Não havia razão para ela estar aqui.

Alguém tinha que ter a trazido aqui.

Saí do Furgão e deixei o ponto piscando me guiar.

Levou-me para o outro lado do hotel e até o último quarto.

Eu não tinha nada para me proteger. Nenhuma arma. Apenas os meus


punhos, botas e a minha maldita boca.

Eu não bati.

Foda-se para isso.

Apontei a ponta da minha bota no centro da porta, e chutei essa porra


para abrir.
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A luz atrás de mim filtrou para dentro, e iluminou a cena na minha
frente.

Uma cena que não apenas enviou a ponta de uma faca para o fundo da
minha garganta. Ela enviou uma para o meu estômago, outra para o meu
peito e direto para as minhas bolas.

Meu pai.

Meu maldito pai.

Seu perfil me encarou enquanto ele se aconchegava na frente de um


corpo que estava no chão. O plástico estava abaixo deles. Sangue estava em
todas as suas mãos.

O corpo estava nu.

Era uma garota.

A minha garota.

Um corpo que eu adorava em todas as partes, usando a minha língua, as


minhas mãos, a minha barba e o meu pau.

Meu coração.

Ele estava segurando algo contra sua pele.

Minha porra de pele.

Ele estava puxando-a para baixo do estômago e mais sangue veio à tona.

Meu maldito sangue.

Ele parou, como se tivesse chegado a um bom lugar para fazer uma
pausa e olhou para mim. – Garoto...

– Tire suas malditas mãos dela. – eu gritei.


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Seu olhar voltou para Arin. – Desculpe, garoto. Eu não posso fazer isso.
– o que quer que ele estivesse segurando, ele agora levantou no ar, e enfiou
no braço de Arin.

Algo estava cobrindo a sua boca, então tudo que ela podia fazer era
gemer. Sua cabeça balançou para frente e para trás, todo o seu corpo
tremendo, com as lágrimas escorrendo pelas suas bochechas sangrando.

Corri para trás dele, tirei a ferramenta da mão dele e a joguei pelo
quarto. Envolvi o meu braço sob o queixo dele. – Que porra você está
fazendo?

Seus dedos foram para o meu antebraço e ele tentou afastá-lo. Eu não
senti isso ou o jeito que as unhas dele estavam me arranhando. A adrenalina
havia assumido completamente o meu corpo. Tudo que eu vi foi sangue, e eu
tinha que levá-lo para longe dela.

– Eu te disse, ela não é boa para você.

– Então, você só ia matá-la? – eu gritei. – Porque você não acha que ela
é boa para mim? Que porra está errado com você?

Levantei-o enquanto me levantava, puxando-o mais alto até que suas


costas estavam pressionadas contra o meu peito. Isso só me deu mais poder
para segurá-lo.

– Estou te salvando, garoto. Da mesma maneira que salvei o Beard.

Não pude acreditar no que estava ouvindo. Ele estava justificando suas
ações e tentando me fazer acreditar que isso era o que eu precisava.

Agora eu vi quem ele realmente era.

Paranóico.

Narcisista.

Tudo que eu já tinha pensado dele era verdade.

O homem nunca pensou que fizesse algo errado.


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Ele achava que ele era um herói.

E ele não tinha acabado de fazer isso com seu pai e seu melhor amigo.

Agora, ele estava fazendo isso com o seu próprio filho.

Este homem era muito tóxico, um câncer que destruía tudo de bom que
estava perto dele. Ele deveria ter morrido naquela explosão ou na prisão que
acabou de soltá-lo.

Eu apertei o meu aperto e o ouvi chiar.

– Você não está me salvando. – disse a ele. – Você está tirando alguém
que eu amo. Como diabos você não vê isso?

– Você não entende, garoto. Essa garota...

– Cala a boca! Eu não quero nunca mais ouvir você dizer outra palavra.
– eu o levei para o outro lado do quarto, com os seus pés arrastando e as suas
mãos arranhando meus braços para soltá-lo.

Mas eu não pude soltá-lo.

Eu tive que apertar mais.

Tinha que ter certeza que ele nunca chegasse perto de Arin novamente.

– Arin! – eu gritei. – Mova-se para mim, baby, então saberei que você
está bem.

– Humm. – ela gemeu, com os seus dedos subindo tão alto quanto as
cordas permitiriam.

– Você não é forte o suficiente para fazer isso. – ele murmurou. – Você
é muito mole, assim como o Beard. Você não será capaz de viver com você
depois. – ele tentou respirar, e soou como uma tosse. – Suas cartas me
mostraram que você é nada além de um covarde.

– Você não sabe nada sobre mim.


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Quando cheguei ao lado mais distante do quarto, eu o soltei por apenas
um segundo, para que eu pudesse virá-lo. Então, apertei minha mão ao redor
de sua garganta e segurei-o contra a parede.

– Assim como sua mãe vadia. Fraco.

– Você é a razão que eu estou fazendo isso. – eu o levantei mais alto até
que seus pés estavam fora do chão, e movi meu peso para frente para colocar
toda a minha força em sua garganta. – Você fodeu tudo. Você poderia ter
saído da prisão e recomeçado. Mas você tinha que voltar como a pessoa que
você era antes.

– Eu sou... – ele engasgou. – Seu pai. – seu rosto estava vermelho. Seus
olhos começaram a inchar.

– Você é o homem que estuprou a minha mãe e a engravidou.

Suas mãos começaram a se soltar do meu braço.

– Você arruinou a vida do seu pai. Você arruinou a vida do Beard. Você
arruinou a vida do Toy e tentou arruinar a minha novamente. Estou fazendo
isso por eles, Shank - por todos que você machucou e pela minha garota que
está sangrando naquele chão porque você é um filho da puta doente.

Uma tosse saiu de sua boca e um cuspe voou no ar.

– Garoto. – ele sussurrou.

– Eu não sou seu maldito garoto. Foda-se, Shank.

Suas pernas pararam de se mover.

Suas mãos me soltaram completamente.

Seu corpo tremia com força, como se uma corrente elétrica tivesse
explodido, e ele ficou perfeitamente imóvel.

E então, tudo que ouvi foi o silêncio.

Quando eu endireitei meus dedos e as minhas mãos deixaram a sua


garganta, Shank caiu no chão. Eu me inclinei e verifiquei seu pulso.
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Não houve nenhum.

Eu não dei outra olhada nele.

Em vez disso, passei por cima do corpo dele e fui até a Arin. Eu peguei
uma das facas do chão. Seus olhos se arregalaram quando ela viu ao meu
alcance, e ela tentou se afastar de mim.

Ela sabia que era eu.

Ela me viu entrar. Ela me ouviu falar com ela, e ela me respondeu com
um gemido.

Deus, espero que ele não tenha a arruinado.

Eu segurei a faca na frente do rosto dela, para que ela pudesse ver, e eu
disse: – Sou eu, baby. Eu não vou te machucar. Eu nunca faria isso. Eu só
quero cortar a corda das suas mãos e pés. OK?

– Humm. – ela gritou por trás da fita adesiva.

Gentilmente serrei até que os pulsos dela estavam soltos o suficiente


para sair. Então, serrei em seus pés e os desamarrei também. Ela estava
tentando tirar a fita de seus lábios e não podia, então segurei seu rosto em
uma mão e levantei o canto da fita com a outra.

Suas lágrimas escorriam pelos meus dedos.

– Está quase acabando; Não se preocupe. – eu disse a ela.

Seu corpo estremeceu e havia sangue por toda parte, mas estava muito
focado para ver todos os pontos de onde vinha.

Quando eu tinha um pedaço grande o suficiente para pegar, eu disse: –


Eu vou arrancar ele todo, ok?

Ela concordou.

Fazer isso devagar só a machucaria mais. Então, eu segurei o rosto dela


ainda, e o arranquei o mais rápido que pude. No segundo em que sua boca
ficou livre, ela gritou e eu imediatamente a puxei para os meus braços.
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– Eu estou aqui.

– Huuuck. – ela gemeu.

– Eu sei, Baby. Você está segura agora.

Ela não disse nada.

Ela apenas chorou e balançou, e a segurei contra mim. Eu não a deixaria


ela sair.

Eu prometi que nada iria acontecer com ela novamente.

E isso aconteceu.

Com o meu maldito pai.

– Eu sinto muito. – enterrei meu rosto em seu pescoço. – Eu sinto muito


por isso.

Ele disse que eu era muito fraco. Ele disse que eu não seria capaz de
viver comigo mesmo.

Ele estava errado.

Fui eu quem colocou aquele monstro no chão.

E tudo que senti foi alívio.


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Arin
Inalei o mais profundamente que pude, enchendo os meus pulmões e
acalmando a minha respiração para me impedir de hiperventilar. Eu ainda
segurava o Huck com tanta força, forçando meu corpo a não tremer mais, e
mantive meu rosto em seu pescoço. Eu não queria que ele me visse, e eu não
estava pronta para vê-lo ainda. Mas, quando me agarrei ao corpo dele,
sentindo minha pele nua e minhas feridas ensanguentadas pressionarem
contra ele, olhei por cima do ombro dele.

Shank sentou-se, caído no chão, parte de suas costas quase descansando


na parede.

Seus olhos estavam abertos.

Seus lábios se separaram.

Seu olhar não se moveu.

Ele finalmente estava morto.

Eu suspirei tão forte internamente, que meus membros tremeram.

– Eu te amo. – eu sussurrei.

Agora que eu tinha conseguido minha respiração sob controle, eu podia


sorrir.
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Huck não podia ver isso.

Ele só podia me sentir e me ouvir, e eu sabia que ele podia, porque ele
me apertou também.
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Huck
Nós estávamos de volta em Banguecoque há mais de um mês, tendo
pulado a parte de Granada de nossa viagem para voltar para casa para que
Arin pudesse se curar.

Novamente.

Eu a encontrei antes que o Shank pudesse causar algum dano físico


sério. Ela tinha uma facada no braço e vários cortes profundos em seu
estômago. Muitos deles deixaram cicatrizes, mas nada era tão ruim quanto a
tortura mental de ser sequestrada, amarrada e dizer que você ia morrer.

A lembrança daquele dia ficaria para sempre na cabeça dela e a minha.

Sua recuperação não seria um processo rápido.

Minha garota passou por tanta coisa.

Dois sequestros, uma tentativa de sequestro e muitas mãos fodidas em


seu corpo.

Ela sobreviveu a cada um deles e voltou a trabalhar logo depois que


aconteceram. Por um tempo, eu tentei fazer com que ela tirasse um tempo, e
implorei para ela ficar na cama e relaxar. Ela não ficou. E então, lentamente,
comecei a entender por que o trabalho era tão importante para ela. Ela podia
controlar as tarefas que eu lhe dava, ela podia fazê-las em seu ritmo, e ela era
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a chefe quando se tratava de suas responsabilidades. As coisas que esses
homens fizeram, estavam fora de seu controle.

Então, parei de questioná-la. Eu parei de pedir para ela relaxar.

E, no fundo, eu esperava que ela entrasse em um avião e voltasse para os


Estados Unidos.

Isso não aconteceu. Quanto mais tempo se passava, percebi que não ia
acontecer. Quase todos os dias, ela me dizia que não ia deixar Banguecoque,
o bordel ou eu. Era como se ela soubesse que eu precisava ouvir isso.

Não falamos muito sobre Shank desde que chegamos em casa. Nenhum
de nós havia o mencionado ou falado sobre as horas que passei enterrando-o
na praia enquanto ela esperava no Furgão. Havia muito sobre o Shank que
foi deixado por dizer. Eu não queria arrancar a informação dela se ela não
estivesse pronta para discutir tudo, mas eu queria que ela soubesse que ele
era a razão pela qual eu fazia certas coisas.

Eu esperei até que nós dois estivéssemos na cama uma noite, debaixo
das cobertas, a cabeça dela descansando no meu peito. Eu estava passando
minhas mãos pelos cabelos dela, ouvindo-a respirando, inalando seu perfume
de lavanda enquanto suavemente se aproximava do meu nariz.

– Eu quero contar uma história. – eu disse.

Ela inclinou a cabeça no meu peito, para que ela pudesse olhar para o
meu rosto. – OK.

– Quando eu era adolescente, comecei a ficar curioso sobre o meu


pai. Jack me disse que o Shank estava na cadeia e que todos nós morávamos
juntos na Venezuela. Eu não sabia sobre a prisão ou o que Jack e o Shank
faziam para viver. Jack estava tentando me proteger e eu respeitava
isso. Mas, ainda assim, queria mais. Então, estendi a mão para o Shank. Nós
escrevemos cartas um para o outro e ele me contou tudo.

Ela rolou de barriga para baixo, então não machucou o pescoço, e olhou
nos meus olhos enquanto descrevia a tortura e a morte que aconteceram na
prisão. Depois que ela experimentou o Shank em primeira mão, eu não podia
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imaginar que ela ficou surpresa ao ouvir isso. Ela provavelmente ficou mais
surpresa por eu ter esperado tanto tempo para contar a ela. Ela ficou em
silêncio o tempo todo que falei e me deixou esclarecer tudo.

Assim que terminei a parte sobre a explosão, eu disse: – Eu queria uma


maneira recompensar, fazer as coisas certas depois do que o Shank havia
feito de errado. Eu tinha viajado para Banguecoque antes. Eu estive em
alguns dos bordéis e vi como as mulheres eram tratadas. Foi quando eu
decidi me mudar para cá permanentemente e abrir um lugar que não era
como nenhum daqueles malditos buracos em que eu estive. – beijei o topo de
sua cabeça, sentindo o cheiro de seu shampoo, conhecendo as partes mais
difíceis desta história que estava chegando. – Pago minhas meninas mais do
que qualquer lugar neste país. Eu as alimento e alimento suas famílias. Eu
lhes dou tudo o que precisam. Mas, mesmo depois de tudo isso, ainda não é
suficiente para mim.

– As meninas. – ela sussurrou.

E eu sabia do que ela estava falando.

– Sim. Aquelas meninas. Então, eu fiz um acordo com Chati, que cobria
o turno de noite no píer, e ele me ligava quando chegava uma. Jack
encontrou um contato em Granada que poderia nos dar passaportes e
qualquer outra identificação que precisássemos. Dentro de algumas semanas,
comprei minha primeira garota. Eu a curei e o Jack nos conseguiu
documentos. Logo, ela estava em um avião e voltou para seus pais. Porra,
não foi fácil. Nem sempre correu bem, e me custou muito dinheiro, mas era o
que eu queria.

– Então é para onde todo o seu dinheiro foi.

– Muito dele, sim. O resto está no banco. Como você sabe, eu realmente
não gasto muito.

Ela sorriu. – As garotas trabalhavam no bordel?

– Não, nunca. Elas estavam aqui para ficar saudáveis e recuperar suas
vidas. Uma vez que o seu quarto estivesse vazio, eu comprava outra
garota. Isso continuou por anos.
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Sua mão se moveu em cima da minha e ela passou os dedos pela minha
palma. – E você parou quando Jack foi morto.

Eu concordei. – Eu não tinha seus contatos em Granada. Não conhecia o


cara que ele pegou os passaportes. Esse era o seu acordo; a cura era minha. –
peguei uma mecha de cabelo dela e coloquei atrás da sua orelha. – No
começo, foi muito difícil ter você aqui. Tudo o que você fez foi me lembrar
do que eu fiz com o Jack, e doeu muito.

– Você o perdeu.

A faca havia retornado, mas desta vez foi diferente. Não era afiada; era
apenas uma raspagem maçante. – Muito. Ele não era apenas meu pai; Ele era
meu melhor amigo. Eu perdi todos, menos ele.

Ela passou os dedos pela minha barba e parou quando chegou ao meu
queixo. – Acho que sei como sua mãe ficou grávida. Eu ouvi você dizer isso
quando você estava estrangulando o Shank.

Eu não tinha dito a ela. Principalmente porque teria me feito sentir ainda
mais um idiota por não avisá-la que ele era capaz de algo assim.

– Ele a estuprou?

– Sim.

Um olhar de dor cruzou o rosto dela.

Eu disse: – Shank pegou o que quis. Ele nunca pediu permissão. Em sua
mente, nada estava fora dos limites. – balancei a cabeça enquanto pensava
sobre aquele maldito bastardo. – É por isso, que sempre perguntei antes de
tocar em você. Por que eu precisava ouvir sua aprovação antes da minha
boca chegar perto de você. Porque você tinha que me dizer que me queria
tantas vezes antes do meu pau entrar em você. – eu respirei. – Eu sei que
parece estúpido, mas precisava dessas palavras, e eu precisava ouvi-las
repetidamente por causa dele. Eu precisava saber que não era nada parecido
com ele.

– Você não é o seu pai. Você não é nada como ele. – sua outra mão foi
para o meu rosto, e ela me segurou. Foi uma jogada que eu fiz muitas vezes
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antes. – Você sabe disso, certo? Você sabe que, debaixo de todos os seus
grunhidos, bordas e camadas sombrias, você é o homem mais gentil com um
coração tão grande, bonito e protetor.

Eu olhei em seus penetrantes olhos azuis e vi uma mulher que eu amava


com tanta força. – Eu sei. – eu finalmente disse.

Ela se moveu mais alto na cama até que suas pernas estavam ao redor da
minha cintura, suas mãos estavam nos meus ombros e sua boca estava tão
perto da minha.

– Preciso de você, Arin. Eu preciso sentir você no meu pau. Eu preciso


sentir que ainda é você, que ele não te tirou de mim. Que você ainda é
minha.

Ela se levantou sobre meu colo, meu pau já estava tão duro, e ela moveu
seu short minúsculo para o lado, para que ela pudesse afundar no meu pau. –
Sou sua.

Gemi quando o meu pau inteiro foi enterrado dentro dela. – Você é
minha.

Ela levantou na minha coroa e caiu na base do meu pau novamente.

– E você é tão apertada e tão molhada pra caralho.

Eu rasguei a sua blusa e chupei um de seus mamilos, usando meus


dentes para morder o bico. Seus quadris se empurraram sobre mim enquanto
eu dava a dor que ela precisava.

Mesmo isso não foi suficiente.

Eu precisava de mais.

Ela me deu seu corpo e eu sabia que ainda era meu.

Mas precisava estar tão fundo dentro dela que nada chegaria aos pontos
que eu atingi.

Eu precisava roubar sua boceta.


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E nem uma maldita coisa me seguraria a menos que fossem as suas
palavras me dizendo para parar.

Eu soltei o mamilo e disse: – Arin...

Ela olhou nos meus olhos enquanto as minhas mãos apertavam a sua
cintura. – Eu sou sua, Huck. Agora me foda.

Essa era a minha garota, sempre me dando as palavras que eu queria


ouvir.

Eu a levantei da cama e a movi para a parede mais próxima. Eu a segurei


contra ela. Minhas mãos deslizaram para suas coxas, e eu as abri quando
lentamente afundava nela. Minhas bolas bateram contra a sua bunda, e eu me
afastei para fazer isso novamente.

– Sim. – ela suspirou.

Arqueei minhas costas, enquanto eu circulava meus quadris ao mesmo


tempo, empurrando até que eu não pudesse subir mais. – Esse é o local. – eu
disse a ela. – Qual eu quero viver.

Suas unhas alcançaram a parte de trás dos meus ombros e arranharam


diretamente em minha pele. Não houve provocação, nem insultos. Ela foi
direto para o sangue. E quando olhei para os olhos dela, eles me mostraram
como ela estava faminta.

Ela não sentiu nada ainda, mas eu estava prestes a alimentar a sua
boceta.

– Baby, não me solte. – exigi. Então, eu me afastei e estoquei nela.

Suas unhas me arranharam tão forte que eu sabia que elas deixariam
cicatrizes. Mas eu as queria porque queria que elas combinassem com as que
ela tinha no estômago e nos braços.

Então, eu disse: – Arranhe-me mais forte.


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Minhas mãos deslizaram por baixo dela, e eu segurei seu peso com uma
mão. Com o outro, eu tirei um pouco da umidade de sua boceta e esfreguei
em torno de sua bunda antes de deslizar um dedo para dentro.

– Meu Deus.

Não era a primeira vez que eu estava lá, mas era a primeira vez que eu
dava a ela mais de um dedo, já que, agora, um segundo estava entrando e
saindo.

– Hummm. – ela gemeu, com a sua respiração vibrando em meu peito.

Os pelos curtos acima do meu pau estavam esfregando contra o seu


clitóris, e eu estava preenchendo cada um dos seus buracos. Eu podia sentir o
quanto perto ela estava ficando quando ela apertou em volta do meu pau.

Eu me afastei, sabendo que seria o último movimento lento que ela


receberia de mim, e eu pressionei meus lábios nos dela. Quando ela suspirou,
eu não podia mais esperar. Eu inclinei para trás e apareci para frente, e eu a
peguei com tudo que eu tinha.

Respirações curtas escaparam pela boca, cada uma terminando em um


gemido.

Meus dedos se moveram e bombearam. A área em cima do meu pau


enterrou dentro nela. Golpes longos, profundos e fortes encheram sua vagina.

Ela estava prestes a ter um tipo de prazer que não sentia antes.

E, assim como eu queria, ela gozou com tanta força.

Eu senti.

Eu ouvi isso.

Eu continuei empurrando, dirigindo para dentro dela, até que as minhas


bolas se apertaram, e o orgasmo percorreu no meu pau. Assim que eu atirei
meu primeiro jato nela, senti-a gozar novamente.
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– Arin. – gritei enquanto ela tirou um segundo jato de mim. – Porra,
baby.

Cada espasmo que disparou através dela fez com que ela se apertasse ao
meu redor, e uma nova sensação surgiu com cada movimento.

Quando eu finalmente parei, eu coloquei os meus lábios logo acima dos


dela e provei o ar que ela estava ofegando no meu rosto.

– Você é um maldito selvagem. – ela disse.

Estendi a mão no seu clitóris, peguei um pouco da umidade e chupei dos


meus dedos. – Eu posso provar o quanto você gostou.

Ela colocou a cabeça no meu pescoço e beijou meu ouvido. Ela parou
quando ela estava na abertura. – Agora, me diga que você é meu.

Porra.

Não eram palavras que eu estava esperando.

Mas elas eram o que eu queria ouvir.


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Epílogo

Arin

Seis meses depois...


O contrato de aluguel estava no meu apartamento e a síndica me mandou
um e-mail, perguntando para onde devolver o meu depósito de garantia. Eu
ainda tinha todas as minhas coisas no depósito. A maior parte não importava,
exceto por algumas fotos e um anel que tinha a forma de um leão que
realmente queria manter. Em vez de mandá-lo ela embarcar, achei que seria
divertido levar o Huck para os Estados Unidos. Ele nunca tinha ido, e queria
que ele visse onde eu morava e passaria a parte posterior da minha vida.

Os primeiros dias em que estivemos lá foram principalmente todos os


passeios turísticos. Huck esteve em cidades de todo o mundo, mas nenhuma
era como Nova York. Eu o alimentei com pizza, bagels e cachorros-quentes -
coisas que poderíamos conseguir em Banguecoque, mas não eram tão boas.

No nosso último dia, fiz uma pequena surpresa.

Nós dois tínhamos compromissos em um estúdio de tatuagem na parte


baixa de Manhattan, e finalmente iríamos nos unir.
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Estava tão nervosa quando entrei na porta do estúdio. Meu corpo vibrou
com energia. Meus olhos percorreram o lugar até encontrar o que eu estava
procurando.

E então, eu sorri.

Sorri tanto que sabia que meu rosto estava vermelho e meus pés estavam
praticamente saltando.

– Você sabe o que está ganhando? – Huck perguntou quando estava no


balcão atrás de mim depois de dizer a mulher que chegamos para nosso
compromisso.

Fiquei séria, fechando os lábios e me virei para encará-lo. – Eu sei.

– Você vai primeiro, e o nome do seu tatuador é Steve. – disse a mulher


do balcão para o Huck. Então ela olhou para mim. – Você vai depois, e seu
tatuador vir e te pegar quando ele estiver pronto.

– Obrigada. – eu disse.

Huck e eu nos sentamos no sofá.

Quando Steve veio e nos levou, ele nos levou a sua sala.

Huck sentou-se na mesa, estendeu a mão e disse: – Gostaria de uma


cobra. Apenas uma pequena, listras laranja e preta, e faça-a começar aqui. –
ele apontou logo acima do polegar. – E termine aqui. – ela iria até a unha do
seu dedo indicador.

– Ficaria bem se eu fizesse em mão livre? – Steve perguntou.

– Sim, vá em frente. – Huck respondeu.

Sentei-me no banquinho ao lado de Huck e observei Steve desenhar a


cobra de preto. Então, preencheu cada linha escura e mudou para laranja para
colorir as listras. Quando ele terminou, levantou para eu olhar.

– Eu amo isso. – eu disse a ele.


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– Bom. – Huck disse. – Eu também.

Steve esfregou um pouco de remédio sobre a tatuagem e envolveu-a em


plástico.

Assim que terminou, um homem se aproximou de nós. – Você é a Arin?


– o homem perguntou. Ele usava óculos de aros pretos que eu gostava muito.

– Sim. – eu disse.

Ele estendeu a mão para eu balançar. – Sou o Nix. Estarei fazendo sua
tatuagem hoje. Se vocês tiverem terminado aqui, você pode me seguir.

Segurei a outra mão do Huck e fomos até uma mesa no lado oposto do
estúdio. Nix sentou-se em um banquinho ao lado da mesa em que eu estava
agora deitada em cima.

Ele pegou um estêncil de sua mesa, e disse: – Eu peguei o que você me


mandou no e-mail, e coloquei minha própria versão diferente. Vou colocá-la
no lugar que você quiser, e então pode me dizer se gostaria que algo
mudasse.

Eu quase ri.

– Não precisa. – eu disse a ele. – Tenho certeza que é perfeito. Apenas


vá em frente e comece a tatuar.

Ele amassou o estêncil. – Vou fazer isso à mão livre, então. Não deve
demorar muito tempo.

Eu sei.

– Tudo bem. – eu disse.

Ele abaixou a arma na tinta preta e segurou minha mão para baixo e a
cobriu, então só ele e eu podíamos ver.

Cada vez que o Nix se movia, ele me enviava um pouco do seu cheiro.

Foi o aroma mais picante.


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Um perfume que eu tentei encontrar no meu passaporte, mas o envelope
o tinha apagado.

– Traga a cadeira até aqui. – eu disse a Huck, apontando para o que


estava na frente da mesa do Nix.

Huck trouxe e sentou do meu outro lado. – Como se sente?

No táxi a caminho daqui, eu lhe disse que estava um pouco ansiosa.

Ele pensou que era porque era minha primeira tatuagem, e eu não tinha
certeza sobre o processo e o quanto isso machucaria.

Ele estava errado em assumir isso.

– Não dói nada. – eu disse a ele.

– Minha garota durona.

Coloquei a minha mão no meu estômago e esfreguei em um círculo,


enquanto ouvia o zumbido da máquina. Eu nunca tinha vindo a este estúdio,
então olhei ao redor da mesa do Nix nos diferentes animais que ele pintou
que estavam emoldurados em suas paredes e nas fotos dos que ele tinha
tatuado.

Algo no chão me chamou a atenção.

Foi uma bolsa. Um grande com duas alças redondas em cima e um corpo
que poderia conter pelo menos alguns cadernos.

Era o tipo de bolsa que era usada por alguém que tinha muitas tarefas
para completar e muitas coisas para carregar com ela.

Foi uma que eu precisava na minha vida anterior.

A vida antes de Banguecoque, eu gostava de pensar assim.

Colocado na parte de cima da bolsa havia várias folhas de papel branco.

Eu sabia o que estava escrito nelas.


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Elas eram as cartas que eu não tinha enviado.

E eu sabia que nome eu tinha assinado no final.

Anônimo.

Eu adorei que o Nix trouxe a minha bolsa para mim. Eu tinha certeza de
que, se eu abrisse o bolso interno, o anel estaria lá. E do que eu faria uma vez
que todos terminássemos aqui.

Nix pegou uma toalha de papel e limpou minha pele, removendo todo o
excesso de tinta.

Ele fez centenas destas ao longo dos anos.

Eu tinha certeza que a minha a melhor.

Enquanto o Nix continuava a limpar e cuidar da tatuagem, ele disse: –


Você já deu um nomeou ao bebê?

– Ainda não decidimos um. – Huck disse. – Eu tenho um favorito, minha


garota aqui tem um favorito, e não conseguimos concordar.

– O que você está tendo? – Nix perguntou.

– É uma menina. – Huck respondeu.

Nix olhou para mim. – Qual é a sua escolha?

– Gostaria de nomeá-la de Mina. – olhei para o meu marido e depois de


volta para o Nix. – Huck não gosta desse nome porque lembra de alguém que
sua mãe não gostou, mas acho que seria perfeito.

– É um nome bonito. – Nix disse com uma piscada. Ele puxou a toalha
de papel e soltou minha mão, não antes de dar um pequeno aperto. – Você
pode conferir agora.

Um calor passou por mim quando levantei a minha mão no ar para


mostrar para o Huck.
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Ele olhou para essa parte e disse: – Por que você quis isso?

Ele estava confuso.

Ele não entendeu.

Eu imaginei que não poderia culpá-lo.

Afinal, era um desenho que estava na mão de sua mãe e agora estava na
minha.

Mas o meu foi um pouco diferente. Através do topo da parte havia uma
cobra. Toda amarela com uma fina faixa vermelha no centro. A cobra foi
tecida embaixo do crânio de veado que ficava entre meus dedos e escorregou
por trás.

– A cobra é para nós. – eu disse a ele. – É a primeira que vi no seu


quarto de hóspedes, a que sei que você amava tanto, a que foi morta quando
Jack morreu.

Também foi a mesma que eu matei, mas Huck nunca saberia disso.

Tive que começar de algum lugar, e Jack foi o mais fácil de encontrar.

– E sobre o crânio de cervo? – Huck me perguntou. Ele pegou a minha


mão e puxou para mais perto dele. – É como da minha mãe. – ele olhou para
mim. – Por que, Arin?

Mordi o canto do meu lábio, enquanto circulava o meu estômago, me


lembrando de cada passo que tinha dado para nos levar até aqui.

– Eu vi a foto da sua mãe que está pendurada na nossa sala e queria


honrá-la de alguma forma, especialmente depois de tudo o que aconteceu
com o Shank. Eu não quero dar um nome para nosso bebê depois dela; Isso
só parece estranho. Mas colocar uma marca na minha mão era algo que eu
poderia fazer. – segurei meus dedos ao redor dele. – Agora, eu tenho uma
parte de você, Jack e da sua mãe, todos combinados em um.

Ele ainda não disse nada.


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– Você odiou isso?

Ele balançou sua cabeça. – Não, estou surpreso que você fez isso por
nós.

Eu sorri.

Eu fiz muito mais do que isso.

E o Huck fez algo por mim na Venezuela.

Ele também não sabia disso.

Meu sorriso aumentou e me senti corar. – Venha me beijar.

Ele se levantou da cadeira, inclinou-se e pressionou os lábios nos


meus. Seu cheiro não era nada parecido com o tempero que tinha cheirado,
enquanto tinha a minha tatuagem, mas o Huck era um que eu tinha aprendido
a amar.

Quando nossas bocas finalmente se separaram, eu o abracei.

Eu fechei meus olhos.

Vi a cobra que eu tinha atirado, e ouvi as palavras que tinham sido


gritadas para mim e a expressão no rosto daquele homem e todo o silêncio
que se seguiu.

Eu andei em círculos.

Mas, Deus, eu ainda odiava o silêncio.

Eu odiava quando as pessoas eram tiradas de mim.

Não precisava me preocupar porque isso nunca aconteceria novamente.

Huck me amava demais, e ele não permitiria isso.

Abri os olhos e notei Nix parado vários metros atrás de Huck. Ele estava
naquele lugar, então pude vê-lo.
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Afastei meus lábios do pescoço do Huck. Eu sorri uma última vez, e
falei, senti sua falta, papai.

Fim
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