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EXMO. SR. DR.

DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

____________________________________, _______________,
________________, ________________________, portador do documento de
identidade ___________________, inscrito no CPF sob o nº
___________________, não se conformando, data venia, com a r. decisão
proferida pelo Juízo da __ Vara ____________, nos autos do Processo de
n.º ___________________________, referente a ação de
___________________________ que tem o agravante como autor/réu e
_____________________________ como autor/réu, vem, pela Defensoria
Pública, com fundamento na norma contida no art. 1015, inciso V, do
NCPC, interpor

AGRAVO DE INSTRUMENTO

requerendo o seu recebimento, e, ao final, o respectivo provimento,


pelas razões em anexo.

Requer, outrossim, seja-lhe deferida a gratuidade de


justiça e a juntada dos documentos que acompanham o presente,
pois úteis a solução da controvérsia.
Ressalta, ainda, que deixa de anexar as peças
referidas nos incisos I e II do artigo 1017 do CPC, por tratar-se de
processo eletrônico, conforme estabelece o § 5º do mencionado
dispositivo legal.

Esclarece a agravante que o agravado é patrocinado


pelo Dr.___________________, OAB/RJ ____________, com escritório à
________________________________, consoante procuração em anexo.

O Agravante é assistido pela Defensoria Pública do


Estado do Rio de Janeiro, Órgão de Atuação junto à
______________________________, com endereço
_______________________________________________________.

N. Termos,
P. Deferimento.

Rio de Janeiro, ___ de _________ de 2016.

Defensor Público
Matrícula ______
Processo nº.
Origem:
Ação de
Agravante:
Agravado:

RAZÕES DE AGRAVANTE

EGRÉGIO TRIBUNAL

COLENDA CÂMARA

1 - DA TEMPESTIVIDADE DO AGRAVO

Inicialmente, faz-se mister esclarecer acerca da


tempestividade do presente recurso. Consoante termos de vista dos
autos/intimação eletrônica de fls. ___ da ação de ______________, o
Defensor Público só foi intimado da decisão recorrida em ___/__/2016,
começando a fluir o prazo de 15 dias úteis para a interposição do
recurso de agravo em ___/___/2016 (art. 186, §1º c/c art.1003, §5º,
ambos do NCPC).

Destarte, considerando a prerrogativa de prazo em dobro


que é assegurada a todos os membros da Defensoria Pública pela
norma contida no art. 128, inciso I, da Lei Complementar 80/94,
assim como pelo art. 186 do NCPC, evidentemente tempestiva a
presente interposição, visto que protocolada antes do término do prazo
legal, que se encerraria em _____________.

2 – DO CABIMENTO DO RECURSO

Em preliminar, faz-se mister esclarecer acerca do


cabimento do recurso de agravo para impugnação da decisão
recorrida. No caso em tela, o recurso de agravo tem por escopo
impugnar a decisão interlocutória que indeferiu a gratuidade de justiça
integral ao agravante, deferindo apenas _____________, e determinando
o recolhimento das custas no percentual restante por parte do
agravante.
A decisão que defere a gratuidade de justiça parcial
equivale à que indefere a gratuidade de justiça integral, razão pela qual
o cabimento do agravo encontra previsão na norma contida no art.
101, assim como no inciso V do art. 1015, ambos do NCPC. Em
outras palavras :
“Também é agravável a decisão que : (a) defere beneficio
modulado, quando a parte o pleiteou integralmente –
situação que se equipara à decisão de indeferimento; (b)
converte o benefício integral em modulado, de ofício ou
mediante provocação da parte ou de terceiro – situação que
se equipara à decisão de revogação. Percebe que, em ambos
os casos, a decisão que modula o benefício pode ser
impugnada por agravo de instrumento pelo beneficiário;
não, porém, pelo impugnante, se a decisão decorre de
impugnação sua. Essa é a lógica que preside o art. 101,
caput, e o art. 1015, V, do CPC : conferir ao beneficiário um
instrumento de impugnação imediata.”1

Neste sentido, ainda, o teor do Enunciado 612 do Fórum


Permanente de Processualistas Civis :

“Cabe agravo de instrumento contra decisão


interlocutória que, apreciando pedido de
concessão integral da gratuidade da Justiça, defere
a redução percentual ou o parcelamento de
despesas processuais.”

1
Didier Jr, Fredie, e da Cunha, Leonardo Carneiro. Curso de Direito Processual Civil , vol. 3. Salvador : Ed.
JusPodivm, 2016. p .219/201
3 - DA DISPENSA DE PREPARO ATÉ A DECISÃO FINAL DO
AGRAVO DE INSTRUMENTO

Tratando-se de decisão que indefere (ainda que


parcialmente) a gratuidade de justiça postulada pela agravante, e
sendo o objeto do agravo justamente o exame do direito à gratuidade
de justiça, incide ao caso a norma legal do §1º do art. 101 do NCPC,
que dispensa o preparo do agravo de instrumento :

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a


gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação
caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for
resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação.
§ 1º : O recorrente estará dispensado do
recolhimento de custas até decisão do relator sobre a
questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.

No caso do agravo de instrumento interposto contra


decisão que indefere a gratuidade de justiça, portanto, a própria lei já
prevê que a parte está dispensada do recolhimento do preparo até a
decisão do relator sobre a gratuidade (art. 101, §1º CPC), sendo
desnecessária, neste ponto, a antecipação da tutela recursal quanto ao
tema.

Tal dispensa, por óbvio, visa resguardar o direito da parte


de ter seu recurso examinado pelo colegiado, razão pela qual,
consoante entendimento doutrinário, caso o recurso venha a ser
julgado pelo relator, a dispensa do preparo deve se estender até a
decisão colegiada sobre o mérito do agravo de instrumento, ainda que
somente seja provocada pela via do agravo interno.

Neste sentido o enunciado 613 do Fórum Permanente de


Processualistas Civis :
“A interposição do agravo interno prolonga a
dispensa provisória de adiantamento de despesa
processual de que trata o §7º do art. 99, sendo
desnecessário postular a tutela provisória recursal.”

Ademais, o disposto no art. 102, também do CPC, assim


determina :
“Sobrevindo o trânsito em julgado da decisão que
revoga a gratuidade, a parte deverá efetuar o recolhimento de
todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive
as relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz,
sem prejuízo da aplicação das sanções previstas em lei.”

Não restam dúvidas, portanto, que o recolhimento das


custas, no caso de denegação da gratuidade de justiça, somente pode
ser exigido após o trânsito em julgado da decisão que indefere a
gratuidade.

São evidentes os danos a serem sofridos pelo agravante


no caso de não reconhecimento da dispensa do preparo até a decisão
final do agravo, com a imposição do ônus de recolhimento das custas
antes da submissão da questão ao colegiado. Ora, não tendo a parte o
numerário para recolhimento nem de parcela das custas, até mesmo o
julgamento de seu recurso está fadado a ser inviabilizado ainda no
juízo de admissibilidade.

Sobre o tema, deve-se destacar a lição sempre precisa de


José Augusto Garcia de Souza :
“Vejamos aqui, especificamente, o § 7.º. É positivo que seja o
recorrente dispensado de recolher o preparo. Mas o que vem depois,
no dispositivo, preocupa. Explique-se.
O que acontecerá se o relator, tal como previsto no § 7.º, indeferir
o requerimento de gratuidade e fixar prazo para o recolhimento do
preparo? Neste caso, o recorrente será exposto a dilema insuperável:
se não proceder ao preparo, terá como consequência a deserção; se
proceder, isso poderá ser visto como admissão de que não merece a
gratuidade, tanto assim que o recolhimento foi feito. Ou seja, obriga-
se o recorrente, como única forma de evitar a deserção, a adotar
comportamento contraditório (venire contra factum proprium), o que
é francamente contrário ao devido processo legal.
Para evitar tal distorção, só há um remédio: prestigiar-se o
princípio da colegialidade, com a admissão de agravo interno em face
da decisão do relator determinando o recolhimento do preparo.
(...)
Também aqui, portanto, é de se sustentar a solução dada em
relação à hipótese do § 7.º do art. 99, qual seja: cabimento do agravo
interno em face da decisão do relator. Por sinal, a letra do § 2.º do
art. 101 favorece tal interpretação, ao aludir a “órgão colegiado”.
Essa saída hermenêutica é a única que, diante dos termos
imperfeitos do CPC/2015, parece preservar minimamente a situação
do recorrente. Ressalve-se, porém: está longe de ser uma saída ideal.
Afinal de contas, o julgamento do agravo interno concernente ao
recolhimento das custas abrigará, exatamente, a mesma discussão a
ser travada no recurso originário da parte. Em ambos se analisará o
direito da parte à gratuidade, plasmando redundância que,
evidentemente, não se mostra recomendável.
O ideal, por isso, seria dar ao recurso contra a decisão
denegatória da gratuidade livre acesso ao colegiado de segundo
grau, não podendo ser desviado do destino em função da própria
matéria que está sendo questionada no recurso. Em outras palavras,
se o mérito do recurso diz sobre o direito à gratuidade, tal questão
não poderia jamais ocupar o terreno das preliminares desse mesmo
recurso. Cuida-se, vale insistir, de uma exigência – elementar – do
devido processo legal.
A propósito, o Superior Tribunal de Justiça já acolheu várias
reclamações contra decisões de tribunais locais que, alegando
deserção, impediram o acesso de agravos ao STJ nos quais se
discutia justamente a questão da gratuidade (exemplificativamente,
consulte-se a Rcl 1.036, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1.ª Seção, j.
24.09.2003).”2

Destarte, faz-se necessário seja reconhecido que a


dispensa do recolhimento das custas perdura até decisão colegiada
sobre o tema, seja esta decisão proferida no julgamento deste agravo
de instrumento, ou pela via de eventual agravo interno a ser interposto
contra decisão do relator.

4 - MÉRITO DO RECURSO

O presente agravo é interposto de decisão que indeferiu o


requerimento de concessão da gratuidade de justiça integral, deferindo
apenas a redução percentual de despesas processuais, fundamentada

2
Passo, CABRAL, Antonio d., CRAMER, (orgs.). Comentários ao Novo Código de
Processo Civil. Rio de Janeiro : Forense, 2015.
nos seguintes argumentos :
_________________________________________________________

A decisão recorrida a toda evidência não pode prosperar,


vez que em desacordo com as normas constitucionais e legais que
regem a matéria, em especial o disposto no art. 5º, inciso LXXIV da
Constituição Federal, e no art. 98 do CPC, que asseguram ao
hipossuficiente econômico o direito à assistência jurídica integral e
gratuita, bem como à gratuidade de justiça, com a isenção de
pagamento de todas as despesas processuais.

4.1 - DA PRESUNÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA

A opção legislativa, em tema de gratuidade de justiça, foi


pelo estabelecimento de uma presunção legal de hipossuficiência
financeira da pessoa natural, decorrente da afirmação do requerente
neste sentido. A presunção iuris tantum encontra-se prevista no art. 98
§ 3º, do novo CPC, e para ser afastada requer prova a ser produzida,
no momento próprio, pela parte contrária, a quem cabe o respectivo
ônus, e não pelo magistrado, de ofício e sem indícios nos autos que a
corroborem.

Antes mesmo da entrada em vigor do novo CPC, que


disciplinou a matéria, esta já era, inclusive, a orientação do Superior
Tribunal de Justiça, consoante ementas que ora se pede vênia para
colacionar :
““PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PESSOA NATURAL.
DECLARAÇÃO DE MISERABILIDADE. PRESUNÇÃO JURIS
TANTUM OPERANDO EM FAVOR DO REQUERENTE DO
BENEFÍCIO. RECURSO PROVIDO. 1. O art. 4º, § 1º, da
Lei 1.060/50 traz a presunção juris tantum de que a
pessoa natural que pleiteia o benefício de
assistência judiciária gratuita não possui condições
de arcar com as despesas do processo sem
comprometer seu próprio sustento ou de sua família.
Por isso, a princípio, basta o simples requerimento,
sem qualquer comprovação prévia, para que lhe seja
concedida a assistência judiciária gratuita. Embora
seja tal presunção relativa, somente pode ser
afastada quando a parte contrária demonstrar a
inexistência do estado de miserabilidade ou o
magistrado encontrar elementos que infirmem a
hipossuficiência do requerente. 2. Na hipótese, as
instâncias ordinárias, ignorando a boa lógica jurídica e
contrariando a norma do art. 4º, § 1º, da Lei 1.060/50,
inverteram a presunção legal e, sem fundadas razões ou
elementos concretos de convicção, exigiram a cabal
comprovação de fato negativo, ou seja, de não ter o
requerente condições de arcar com as despesas do
processo. 3. Recurso especial provido, para se conceder à
recorrente o benefício da assistência judiciária gratuita.”
(REsp 1178595 /RS - QUARTA TURMA – rel. Ministro
RAUL ARAÚJO - DJe 04/11/2010)

PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO DE INTERDIÇÃO - PEDIDO DE


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA - PRESUNÇÃO DE
VERACIDADE DA DECLARAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA -
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1 - O v. acórdão, ao examinar o caso, afastou o benefício
da justiça gratuita, essencialmente, sob o argumento de
que o artigo 4º, da Lei 1.060/50 não teria sido
recepcionado pelo preceito contido no artigo 5º, inciso
LXXIV, da Constituição Federal. Entretanto, equivocou-se o
decisum hostilizado. Com efeito, o STF já declarou que o
referido dispositivo legal foi recepcionado.
2 - Assim sendo, esta Corte já firmou entendimento
no sentido de que tem presunção legal de veracidade
a declaração firmada pela parte, sob as penalidades
da lei, de que o pagamento das custas e despesas
processuais ensejará prejuízo do sustento próprio ou
da família.
3 - Recurso provido, para, reformando o v. acórdão
recorrido, conceder ao recorrente os benefícios da
assistência judiciária gratuita.” (STJ, 4a Turma, REsp.
710624/SP, rel. Min. Jorge Scartezzini, julg. em
28.06.2005, In DJ de 29.08.2005, p. 362; g.n.).

“Para o benefício de assistência judiciária basta


requerimento em que a parte afirme a sua pobreza,
somente sendo afastada por prova inequívoca em
contrário a cargo do impugnante. Precedentes.” (STJ,
3a Turma, AgRg no Ag 509905/RJ, rel. Min. Humberto
Gomes de Barros, julg. em 29.11.2006, In DJ de
11.12.2006, p. 352).
O art. 99 e seu parágrafo terceiro do novo CPC, a fim de
espancar quaisquer dúvidas sobre o tema, estabelecem uma
presunção legal iures tantum de insuficiência financeira decorrente da
simples afirmação de tal condição feita nos autos do processo em que é
requerida a gratuidade, impondo a necessidade de prova em sentido
contrário para derrubar tal presunção.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode


ser formulado na petição inicial, na contestação, na
petição para ingresso de terceiro no processo ou em
recurso. (...) § 3º Presume-se verdadeira a alegação
de insuficiência deduzida exclusivamente por
pessoa natural.

4.2 -DA AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO REQUERENTE

Por outro lado, caso se entenda que a situação fática do


requerente precise ser comprovada documentalmente para que possa
ser-lhe assegurado o direito à gratuidade de justiça, caberia ao
magistrado ter determinado sua intimação para tanto, como condição
necessária ao exame e eventual denegação de seu pedido de concessão
do direito à gratuidade.

Com efeito, o disposto no art. 99, §2º do CPC determina


que antes de indeferir o pedido de gratuidade de justiça, deve o
magistrado intimar a parte para que comprove o preenchimento dos
seus pressupostos. Trata-se de norma coerente com o conteúdo dos
princípios do contraditório, da colaboração e da boa-fé processual que
norteiam todo o CPC.

No caso em tela, portanto, houve claro error in


procedendo na decisão agravada, haja vista que o requerimento de
gratuidade de justiça foi indeferido sem que o juízo a quo tivesse
oportunizado ao requerente a complementação da documentação
juntada aos autos, para melhor instrução do pedido, em clara violação
à norma do art. 99, §2º do CPC, o que desde já se prequestiona.

4.3 - DA SITUAÇÃO FÁTICA

No caso dos autos, o decisum foi lastreado no fato de que


__________________________________________

Deve ser esclarecido, contudo, que a decisão guerreada,


data venia, partiu de uma premissa equivocada. Com efeito, a
concessão do direito a gratuidade de Justiça deve levar em
consideração a condição financeira do requerente no momento da
propositura da ação, ou seja, sua possibilidade ou não de arcar com as
custas do processo sem prejuízo de seu sustento, e não (o proveito
econômico que venha a ser aferido através do processo judicial /o
patrimônio de que seja detentor), como ocorreu.
A difícil situação financeira do agravante pode ser
verificada pelos documentos que instruem a inicial (juntados a este
instrumento), em especial pelo fato de ____________________
.
In casu, o requerente não possui condições de arcar com
pagamento nem de parcela dos honorários advocatícios e custas
judiciais sem que isto venha prejudicar seu próprio sustento. A
manutenção da decisão agravada, e a exigência de recolhimento de
parcela das custas implicam em negativa ao direito
constitucionalmente assegurado de acesso à Justiça, além de negativa
de vigência ao art. 98 da Lei 13.105/15.

Ademais, importa relembrar que, a prosperar tal decisum,


estar-se-ia reduzindo em muito a possibilidade de pessoas
economicamente hipossuficientes postularem seus direitos através do
Poder Judiciário, vez que o requerente em um processo judicial sempre
visa alcançar um benefício econômico, muitas vezes de valor muito
superior ao ora postulado, sem que isso implique em que este possa
adiantar as custas e arcar com os honorários advocatícios. Ou

Urge ser esclarecido que a concessão do benefício da


gratuidade de Justiça deve levar em consideração a condição
financeira do requerente no momento da propositura da ação, ou seja,
sua possibilidade ou não de arcar com as custas do processo sem
prejuízo de seu sustento, e não eventual patrimônio imobiliário de que
seja detentor (e que, longe de lhe trazer renda, somente lhe traz
despesas).
Tal situação deve ser analisada caso a caso, sendo
possível o deferimento da gratuidade de justiça integral para pessoa
que possui patrimônio considerável, bastando demonstrar o
comprometimento de boa parte de sua renda. É notório que, para o
deferimento da gratuidade judiciária, não se exige o estado de penúria
ou miséria absoluta do requerente, sendo que a existência de aparente
condição econômica privilegiada não afasta o direito, se ausente prova
que evidencie a atual possibilidade financeira de ingressar em juízo,
sem prejuízo do sustento próprio ou da família, ante a insuficiência de
recursos disponíveis para tanto.

Para gozar do direito à gratuidade integral, basta que a


sua situação econômica seja tal, que restaria sensivelmente ameaçada
se tivesse de suportar o ônus de uma demanda judicial, violando o
princípio constitucional da igualdade material, e inibindo o direito de
submeter qualquer lesão ou ameaça de direito à apreciação do
Judiciário (C.R.F.B., art. 5º, XXXV). É este o conteúdo do termo
“insuficiência de recursos” contido no art. 98 do CPC.

Acrescente-se que a gratuidade de justiça não é um


benefício, como muitos preferem apelidá-la. Não se trata de esmola do
Poder Público. Consiste em direito de fundamento constitucional,
regulado inicialmente na Lei nº 1.060/50 e, atualmente, no novo CPC.
Por tais razões, não poderia o d. magistrado indeferir o direito por uma
simples presunção despida de qualquer amparo na realidade.
A conclusão a que se chega é que merece integral reforma
a decisão atacada, quer por ter o agravante cumprido os requisitos
legais ao afirmar sua hipossuficiência, quer por estar realmente
caracterizada sua hipossuficiência.

5 – DO PREQUESTIONAMENTO

A fim de viabilizar eventual recurso aos tribunais


superiores, pugna desde já para que seja examinada a compatibilidade
da decisão recorrida com as normas constitucionais e legais
mencionadas no curso da fundamentação, em especial com as normas
contidas nos incisos XXXV e LXXIV do artigo 5º da Constituição
Federal, e nos artigos 98, art. 99 §§2º e 3º, art. 101, §2º e art. 102,
todos da Lei 13.105/15 (CPC).

6 – DOS PEDIDOS:

Por tudo exposto, requer o agravante o conhecimento do


presente agravo de instrumento, assim como os pedidos abaixo
enumerados:

a) seja reconhecido que a dispensa do recolhimento das custas,


prevista no o §1º do art. 101 do novo CPC, perdura até decisão
colegiada sobre o tema, seja esta decisão proferida neste agravo de
instrumento, ou pela via de eventual agravo interno a ser interposto
contra decisão do relator.

b) caso seja identificada a ausência da cópia de qualquer peça ou


algum outro vício que comprometa a admissibilidade do agravo de
instrumento, que seja intimado o defensor público que atua junto a
esta Câmara para que supra a falta, como determina o disposto no
art. 1017, §3º, c/c 932, parágrafo único, ambos do CPC;

c) o provimento do agravo de instrumento, com a reforma da decisão


guerreada, concedendo-se a gratuidade de justiça integral para a
prática de todos os atos processuais.

Termos em que,
Espera deferimento.

Rio de Janeiro, ___ de ___________ de 2016.

Defensor Público
Matrícula

Defensoria Pública
Av. Marechal Câmara, 314/2º andar
Centro, Rio de Janeiro

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