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1.

FORNECIMENTO DE ENERGIA REATIVA - REGULAMENTAÇÃO

1.1 PRINCÍPIOS DA REGULAMENTAÇÃO


A Portaria Nº 1.569 de 23/12/93 do DNAEE - Departamento Nacional de Águas e Energia
Elétrica (atualmente incorporada na Resolução Nº 456 da ANEEL) introduziu profundas alterações
na regulamentação sobre fator de potência nos fornecimentos aos consumidores.

O fator de potência de referência estabelecido como limite para cobrança de energia reativa
excedente, por parte da concessionária passou de 0,85 para 0,92, independente do sistema tarifário,
a partir dos faturamentos correspondentes às leituras efetuadas no mês de abril de 1994.

A energia reativa capacitiva passou, a critério da concessionária, a ser medida e faturada.


Pela legislação regulamentadora anterior (Portaria DNAEE nº 222), apenas a energia reativa
indutiva era passível de verificação e faturamento.

A energia reativa indutiva deve ser medida ao longo das 24 horas do dia. Se a concessionária
decidir medir também a energia reativa capacitiva, deverá fazê-lo de 00:00 a 06:00 horas ficando,
nesse caso, a medição da energia reativa indutiva limitada ao período de 06:00 a 24:00 horas.

Os novos critérios para faturamento regulamentam a cobrança de excedentes de energia


reativa, abandonando, assim, a figura tradicional do “ajuste por baixo fator de potência” que sempre
foi associado à idéia de multa. O excedente reativo indutivo ou capacitivo, que ocorre quando o
fator de potência indutivo ou capacitivo é inferior ao valor de referência de 0,92, é cobrado com
tarifa de energia ativa e de demanda ativa (R$/kWh e R$/kW) e introduz o conceito de energia ativa
reprimida ou seja, a cobrança pelo “espaço” ocupado com a circulação de excedente reativo no
sistema elétrico.

A revisão da regulamentação foi elaborada com base em alguns princípios que revisaram a
sistemática de avaliação da energia reativa circulante no sistema elétrico, conforme caracterizado
a seguir:
 a energia reativa indutiva sobrecarrega o sistema elétrico, principalmente nos períodos do dia
em que é mais solicitada (cargas média e pesada);
 a energia reativa capacitiva é prejudicial nos períodos de carga leve, provocando elevação da
tensão, e a conseqüente necessidade de instalação de equipamentos corretivos e a realização de
manobras no sistema;
 a necessidade de liberação de capacidade do sistema elétrico;
 a promoção do uso racional da energia elétrica;
 a criação de condições para que os custos de expansão do sistema elétrico sejam distribuídos de
forma mais justa;
 a legislação do fator de potência não visa aumento de receita da concessionária.
O cálculo do fator de potência poderá ser feito de duas formas distintas:
 por avaliação mensal: através de valores de energia ativa e reativa medidos durante o ciclo de
faturamento - como era feito anteriormente - somando-se, em módulo, os valores das energias
reativas indutiva e capacitiva medidas nos períodos respectivos; e
 por avaliação horária: através de valores de energia ativa e reativa medidos de hora em hora,
seguindo-se os períodos anteriormente mencionados, para verificação de energia reativa
indutiva e capacitiva, que só pôde ser aplicada a partir do faturamento correspondente às leituras
efetuadas no mês de abril de 1996.

1.2 CÁLCULO DO EXCEDENTE DE REATIVOS


A legislação introduz nova terminologia, tanto no âmbito da medição quanto no do
faturamento:
 UFER - (Unidades FER) - montante de energia ativa reprimida, correspondente ao excedente
de consumo de energia reativa:
 FER - faturamento (R$) do excedente de consumo de energia reativa, ou seja, faturamento
(R$) do montante de energia reativa reprimida:
FER  UFER  R$ / kWh ;
e
 UFDR - (Unidades FDR) - demanda de potência ativa reprimida correspondente ao excedente
de demanda de potência reativa:
 FDR - faturamento (R$) do excedente de demanda de potência reativa, ou seja, faturamento
(R$) da demanda de potência ativa reprimida:
FDR  UFDR  R$ / kW .

A demanda de potência ativa reprimida UFDR e o montante de energia ativa reprimida


UFER são calculados através de fórmulas definidas em portaria para a avaliação mensal e para a
avaliação horária.

No caso de aplicação de tarifas horo-sazonais, estes deverão ser diferenciados de acordo com
os respectivos postos horários.

1.2.1 Avaliação mensal

0,92
UFDR  DM   DF , onde:
fm
 DM - demanda máxima ativa registrada no ciclo de faturamento, através de integralização de
15 minutos;
 DF - demanda faturável no ciclo de faturamento (maior valor da demanda, dentre a medida ou
a contratada); e
 fm - fator de potência médio mensal.

 0,92 
UFER  CA    1 , onde
 fm 
 CA - consumo ativo no ciclo de faturamento;
Com base nos dados de kWh e de kvarh obtidos pelos equipamentos de medição, o sistema
de faturamento determina os valores de fm, UFDR e UFER e efetua ainda os faturamentos FDR
e FER.

1.2.2 Avaliação horária

UFDR  DMCR  DF , onde:


 DF: demanda faturável no ciclo de faturamento (maior valor da demanda, dentre a medida ou
a contratada); e
n  0,92 
 DMCR: maior valor de demanda ativa corrigida = max  DAi 
i=1
 , sendo:
fi 
 DAi - demanda ativa registrada, integralização horária, e
 fi - fator de potência médio horário.

n   0,92   
UFER    CAi    1   , onde:
  
i=1  fi

 Cai - consumo ativo registrado de hora em hora.

O registrador digital determina a cada hora o valor de fi em função dos montantes de kWh
e de kvarh. Se esse valor for menor que o valor de referência (0,92) o registrador acumula o valor
correspondente de UFER, calculando ainda o valor de DMCR. No final do ciclo de faturamento
o registrador fornece um total acumulado de UFER e o valor máximo de DMCR. Com base nesses
valores, o sistema de faturamento calcula o valor de UFDR e os faturamentos FDR e FER.

1.3 FATURAMENTO DO EXCEDENTE


O faturamento do excedente de reativo terá as seguintes componentes para os grupos e
sistemas tarifários existentes:
 GRUPO A:
 Tarifa Convencional:
 uma componente FDR correspondente ao excedente de demanda de potência reativa, e
 uma componente FER correspondente ao excedente de consumo de energia reativa;
 Tarifa Horo-Sazonal Verde:
 uma componente FDR correspondente ao excedente de demanda de potência reativa, e
 duas componentes FERp e FERfp correspondentes ao excedente de consumo de energia
reativa nos segmentos de ponta e fora de ponta.
 Tarifa Horo-Sazonal Azul:
 duas componentes FDRp e FDRfp correspondentes ao excedente de demanda de potência
reativa nos segmentos de ponta e fora de ponta, e
 duas componentes FERp e FERfp correspondentes ao excedente de consumo de energia
reativa nos segmentos de ponta e fora de ponta;
1.4 DEMANDA, CONSUMO E MODALIDADES TARIFÁRIAS
A seguir recapitularemos alguns conceitos sobre consumo, demanda e etc...:
 demanda - carga média absorvida durante um intervalo de tempo especificado;
 demanda média - média de todas as demandas em um sistema, consumidor ou instalação, em
um determinado período de tempo, ou seja, quociente entre o consumo em kWh e o intervalo
de tempo considerado em horas;
 demanda máxima - maior de todas as demandas em um consumidor, observada durante um
determinado período de tempo (integralizada em intervalos de 15 minutos pelas concessionárias
para efeito de faturamento, identificada como demanda registrada ou medida);
 fator de carga - relação entre a demanda média de um período e a demanda máxima observada
neste mesmo intervalo de tempo;
 fator de demanda - relação entre a demanda máxima e a carga instalada;
 horário de ponta - corresponde ao intervalo de três horas consecutivas, compreendidas entre
17:00hs e 22:00hs de segunda a sexta feira, definidas por cada concessionária;
 horário de fora de ponta - corresponde às horas complementares às três horas relativas ao horário
de ponta, acrescido do total das horas dos sábados e domingos e feriados nacionais estabelecidos
na Portaria Nº 456/2000 da ANEEL;
 período seco - corresponde ao período abrangido pelas leituras dos meses de maio a novembro
de cada ano;
 período úmido - corresponde ao período abrangido pelas leituras dos meses de dezembro de um
ano a abril do ano seguinte;
 consumidor do grupo A - são todos aqueles atendidos em tensão igual ou superior a 2,3kV ou
ligados em baixa tensão em sistema de distribuição subterrâneo mas considerados, para efeito
de faturamento como de alta tensão;
 tarifa convencional (consumidores atendidos em tensão inferior a 69kV e com demanda inferior
a 300kW):
 demanda de potência - um preço único; e
 consumo de energia ativa - um preço único.
 tarifa horo-sazonal azul (aplicação compulsória a consumidores atendidos em tensão superior a
69kV e a consumidores atendidos em tensão inferior a 69kV com demanda igual ou superior a
300kW e aplicação opcional a consumidores atendidos em tensão inferior a 69kV com demanda
entre 50kW e 300kW):
 demanda de potência - um preço para a ponta e um preço para fora de ponta; e
 consumo de energia ativa - um preço para ponta em período úmido, um preço para fora de
ponta em período úmido, um preço para ponta em período seco e um preço para fora de ponta
em período seco.
 tarifa horo-sazonal verde (aplicação opcional a consumidores atendidos em tensão inferior a
69kV com demanda a partir de 50kW):
 demanda de potência - um preço único; e
 consumo de energia ativa - um preço para ponta em período úmido, um preço para fora de
ponta em período úmido, um preço para ponta em período seco e um preço para fora de ponta
em período seco.
 ultrapassagem de demanda contratada, aplicada caso os valores de demanda medidos superem
os valores contratados, sendo aplicada a tarifa de ultrapassagem (três vezes superior à tarifa
normal), sendo concedidas, no entanto, as seguintes tolerâncias:
 5% para unidade consumidora atendida em tensão igual ou superior a 69kV (tarifa horo-
sazonal Azul);
 10% para unidade consumidora atendida em tensão inferior a 69kV e que tenha tido, no mês
de faturamento, demanda contratada para o segmento fora de ponta (tarifa horo-sazonal
Azul) e demanda contratada (tarifa horo-sazonal Verde) superior a 100kW; e
 20% para unidade consumidora atendida em tensão inferior a 69kV e que tenha tido, no mês
de faturamento, demanda contratada para o segmento fora de ponta (tarifa horo-sazonal
Azul) e demanda contratada (tarifa horo-sazonal Verde) de 50kW até 100kW.

A curva de carga, abaixo apresentada, é obtida quando se representa no eixo vertical os


valores de demanda, e no eixo horizontal intervalos de tempo do período ao qual se refere a curva
(diário, mensal, etc...). A área sob a curva de carga representa o consumo (demanda x tempo).

(kW D
)
Pinst.
Dmá
x
Dmé
d
(hora
6 12 18 24 s)

É interessante observar que o fator de carga mede o aproveitamento do sistema, equipamento,


etc. Assim, se um consumidor possui fator de carga de 98%, significa que suas instalações estão
sendo utilizadas praticamente em sua capacidade total, durante todo o tempo, operando com uma
demanda sempre próxima ao valor máximo.

O fator de demanda indica a influência da simultaneidade das cargas na determinação da


demanda máxima. Este fator é, portanto, essencialmente importante para se dimensionar os
componentes do sistema elétrico a partir da potência instalada.

1.5 BENEFÍCIOS DA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


As principais vantagens da correção do fator de potência são caracterizadas a seguir:
 eliminação do pagamento pelo fornecimento de energia reativa excedente nas contas de energia
elétrica;
 redução de perdas, uma vez que as mesmas variam com o quadrado da corrente elétrica total;
 liberação da capacidade dos sistemas de geração própria (se houver), transformadores e da rede
de distribuição interna, permitindo a ligação de novas cargas sem custo adicional;
 menor manutenção em dispositivos de proteção e manobra gerando economia a longo prazo e
aumento da vida útil; e
 melhoria do nível de tensão nas cargas, em função da redução da queda de tensão nos
alimentadores obtida graças à redução do fluxo de corrente reativa.

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