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TRABALHISTA
(*)
Doutorando em Função Social do Direito pela Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo.
Mestre em Direito Agroambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso. Juiz do Trabalho
no TRT da 23ª Região. Autor de livros jurídicos. Coordenador Acadêmico da Pós-graduação em
Direito e Processo do Trabalho da Escola Superior da Magistratura Trabalhista de Mato Grosso
nos biênios 2011 a 2013 e 2013 a 2015. Membro do Comitê Executivo do Fórum de Assuntos
Fundiários do Conselho Nacional de Justiça de 2013 a 2014. Professor das disciplinas Teoria
Geral do Processo, Direito Processual Civil, Direito Processual do Trabalho e Direito Ambiental
do Trabalho. Tem atuado ultimamente como professor visitante na Escola Nacional de Formação
e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT) e nas Escolas Judiciais dos TRTs da
3ª, 5ª, 6ª, 7ª, 9ª, 14ª, 15ª, 18ª e 23ª Regiões. Endereços eletrônicos:
www.facebook.com/prof.joaohumbertocesario, www.facebook.com/prof.joaohumbertocesarioII e
@joaohumbertocesario (instagram).
1 ROCHA, Osiris. Recurso ordinário, embargos declaratórios, recurso de revista, embargos
1
Derem ao mesmo dispositivo de lei federal
interpretação diversa da que lhe houver dado outro
Tribunal Regional do Trabalho, no seu pleno ou turma,
ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de
jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal;
Derem ao mesmo dispositivo de lei estadual,
convenção coletiva de trabalho, acordo coletivo,
sentença normativa ou regulamento empresarial de
observância obrigatória em área territorial que exceda a
jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão
recorrida, interpretação divergente, na forma do item
anterior;
Proferidas com violação literal de disposição de lei
federal ou afronta direta e literal à Constituição Federal.
2Dissemos a princípio, pois, como veremos adiante, a cabeça do art. 896-C da CLT estabelece
que quando houver multiplicidade de recursos de revista fundados em idêntica questão de direito,
a questão poderá ser afetada à Seção Especializada em Dissídios Individuais ou ao Tribunal
Pleno.
2
remissão expressa ao artigo 896 da CLT, configura erro grosseiro, insuscetível
de autorizar o seu recebimento como recurso ordinário, em face do disposto no
art. 895, “b”, da CLT. No mesmo diapasão, outrossim, a súmula 218 do TST
estabelece ser incabível recurso de revista interposto de acórdão regional
prolatado em agravo de instrumento. Além disso, nos termos da S. 126 do TST
é incabível o recurso de revista para reexame de fatos e provas.
Insta pontuar que, regra geral, das decisões proferidas pelos Tribunais
Regionais do Trabalho ou por suas turmas, em execução de sentença, inclusive
em processo incidente de embargos de terceiro, não caberá recurso de revista,
salvo na hipótese de ofensa direta e literal de norma da Constituição Federal (§
2º do artigo 896 da CLT). Nesse sentido, a súmula 266 do TST estatui que a
admissibilidade do recurso de revista interposto de acórdão proferido em agravo
de petição, na liquidação de sentença ou em processo incidente na execução,
inclusive os embargos de terceiro, depende de demonstração inequívoca de
violência direta à Constituição Federal. Como exceção ao mencionado
regramento geral, porém, vale notar que o § 10 do artigo 896 da CLT diz caber
recurso de revista por violação à lei federal, por divergência jurisprudencial e por
ofensa à Constituição Federal nas execuções fiscais e nas controvérsias da fase
de execução que envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT),
criada pela Lei no 12.440-2011 (vide o art. 642-A da CLT).
De igual tom, nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente
será admitido recurso de revista por contrariedade a ‘súmula’ de jurisprudência
uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo
Tribunal Federal e por violação direta da Constituição Federal. (§ 9º do artigo
896 da CLT). Aliás, o TST se mostra tão comprometido com tal baliza, que a sua
súmula de nº 442 estabelece, sem titubear, que nas causas sujeitas ao
procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de recurso de revista está limitada
à demonstração de violação direta a dispositivo da Constituição Federal ou
contrariedade a ‘súmula’ do Tribunal Superior do Trabalho, não se admitindo o
recurso por contrariedade a ‘orientação jurisprudencial’ deste tribunal, ante a
ausência de previsão no art. 896, § 9º, da CLT.
2 PRAZO E PREPARO
3
O prazo para a interposição de recurso de revista, seguindo a regra geral
do artigo 6º da Lei 5.584-1970, é de oito dias, contados da publicação do
acórdão. Já em relação ao preparo, algumas observações mais detalhadas
necessitam vir à tona no presente momento. Observe-se, primeiramente, o que
a súmula nº 25 do TST dispõe quanto às custas:
4
intimação, a pagar as custas fixadas na sentença originária, se quiser recorrer
de revista. Já no segundo caso, se houver a inversão do ônus da sucumbência
em segundo grau, porém sem acréscimo ou atualização do valor das custas,
uma vez tendo sido elas devidamente recolhidas, descaberá um novo
pagamento pela parte vencida ao recorrer de revista, sendo certo, porém, que
se ela for sucumbente ao final de tudo, deverá reembolsar a quantia àquele que
procedeu o depósito3.
O item III, de sua vez, regula a seguinte situação. Imagine-se que um
empregador foi parcialmente sucumbente no primeiro grau. Diante da parcial
sucumbência, ambas as partes, ou seja, empregado e empregador, recorrem
ordinariamente, sendo as custas, diante do disposto no 789, § 1º, da CLT,
recolhidas pelo último (empregador). No caso, se ao julgar ambos os recursos
ordinários, o TRT desprover o do empregador e der provimento ao do
empregado, irá majorar o valor da condenação, quando, então, o empregador
terá interesse em suscitar a revista perante turma do TST. Se tal ocorrer,
relativamente ao preparo das custas, teremos uma das seguintes situações. Na
primeira delas, o TRT além de não fixar ou calcular o valor devido a título de
custas, tampouco intima a parte para o preparo do recurso de revista. Nesse
caso, o interessado poderá recorrer ao TST, sem que o recolhimento de custas
provoque a deserção da revista interposta (sendo as custas pagas ao final). Por
outro lado, se as custas acrescidas forem calculadas ou fixadas, o interessado
deverá complementá-las ao recorrer para o TST, sob pena de deserção,
mormente se a tanto tiver sido instado. Vale notar que naqueles Regionais que
prolatam acórdãos líquidos, essa segunda hipótese é a mais comum.
Finalmente, o item IV da multicitada súmula nº 25 esclarece que se uma
parte, para chegar ao TST por via de revista, necessitar em algum momento
recolher as custas, a parte contrária, em sendo sucumbente ao final de tudo,
deverá reembolsar o recorrente-vencedor das custas recolhidas, ainda que o
reembolsante seja uma pessoa jurídica de direito público, como, por exemplo, a
União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e
fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem
5
atividade econômica. Tal se dá em virtude do confronto entre o inciso I e o
parágrafo único, parte final, do artigo 790-A da CLT, que, à toda evidência,
diferencia a isenção do pagamento de custas, do reembolso das despesas
judiciais realizadas pela parte vencedora.
Já quanto ao depósito recursal, comprovável dentro do prazo para a
interposição do recurso (artigo 7º da Lei 5.584-1970), importa deixar claro que o
recorrente deverá depositá-lo integralmente ou até o limite da condenação, já
que o item I da súmula nº 128 do TST é inequívoco ao estatuir que é ônus da
parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em relação a cada novo
recurso interposto, sob pena de deserção, sendo certo, todavia, que uma vez
atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer
recurso.
3.1 INTRODUÇÃO
6
3.2 RECURSO DE REVISTA POR DIVERGÊNCIA: ESPECIFICIDADES
DA INTERPOSIÇÃO
7
material, entretanto, incluem-se, além dos tipos acima, as
medidas provisórias, leis delegadas e até mesmo os
decretos do Poder Executivo.4
4DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 2 ed. São Paulo: LTr, 2003, p.
151 e 152.
8
ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo
Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho. Confirmando tal regra, a súmula nº 333 do TST estabelece
que não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa, notória e
atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho5.
De outro quadrante, relativamente à ‘especificidade jurídica e fática da
divergência justificadora da revista’, os itens I e II da súmula nº 296 do TST
esclarecem, respectivamente, que a divergência jurisprudencial ensejadora da
admissibilidade, do prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser
específica, revelando a existência de teses diversas na interpretação de um
mesmo dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram, não
ofendendo o artigo 896 da CLT decisão de Turma que, examinando premissas
concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo revisional,
conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso. Segue-se, acerca
da especificidade, dois interessantes julgados da SBDI I do TST (embora não
necessariamente concordemos com as suas conclusões de fundo):
9
da categoria profissional, com o mesmo objetivo, mostra-
se inespecífico o aresto colacionado, que trata da
configuração da litispendência entre ação individual e ação
civil pública. Com esse entendimento, a SDBI-I, por
maioria, não conheceu dos embargos. Ressaltou-se, no
caso, que, embora haja tendência da Subseção a equiparar
a ação coletiva e a ação civil pública em questões de
substituição processual, ainda remanesce controvertida a
possibilidade de se aplicar os critérios previstos no Código
de Defesa do Consumidor a ambas as ações. Vencidos os
Ministros Augusto César Leite de Carvalho, Luiz Philippe
Vieira de Mello Filho, José Roberto Freire Pimenta e
Delaíde Miranda Arantes, que conheciam dos embargos ao
fundamento de, quanto aos critérios para a verificação da
litispendência, não haver distinção ontológica entre a ação
civil pública e a ação coletiva que inviabilize o exame da
especificidade da divergência jurisprudencial.6
10
pedido de estabilidade provisória em razão de acidente de
trabalho no curso de contrato por prazo determinado regido
pela Lei n.º 6.019/74, o embargante colacionou arestos que
versavam sobre estabilidade provisória durante contrato de
experiência previsto no art. 443 da CLT. Vencidos os
Ministros Horácio Raymundo de Senna Pires, José Roberto
Freire Pimenta, Delaíde Miranda Arantes e Luiz Philippe
Vieira de Mello Filho, os quais vislumbravam a existência
de divergência jurisprudencial específica pois, ainda que o
contrato temporário e o contrato de experiência estejam
previstos em dispositivos de lei distintos, a questão central,
tanto da decisão recorrida quanto dos arestos
colacionados, diz respeito ao trabalhador que sofre
acidente no curso de contrato com data de extinção
previamente ajustada, existindo, portanto, identidade de
situação fática apta a ensejar o conhecimento do recurso.7
11
incumbe ao recorrente o ônus de produzir prova da divergência jurisprudencial,
mediante certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou
credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicada a
decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na internet,
com indicação da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
Adensando tal exigência, temos a súmula nº 337 do TST, com o seguinte
conteúdo:
12
divergente; b) aponte o sítio de onde foi extraído; e c)
decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão
e a data da respectiva publicação no Diário Eletrônico da
Justiça do Trabalho; V – A existência do código de
autenticidade na cópia, em formato pdf, do inteiro teor do
aresto paradigma, juntada aos autos, torna-a equivalente
ao documento original e também supre a ausência de
indicação da fonte oficial de publicação.
13
maioria dos casos, o que não quer dizer que o recorrente, na confecção do
recurso, possa abdicar do uso de técnica processual mais refinada.
Ocorre que, nesse segundo tipo de recurso de revista, a sua
admissibilidade tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de
lei ou da Constituição tido como violado (S. 221 do TST), o que não significa
dizer, é bom que se frise, que a invocação expressa no recurso de revista dos
preceitos legais ou constitucionais tidos como violados exija do interessado a
utilização das expressões ‘contrariar’, ‘ferir’, ‘violar, etc. (OJ 257 da SBDI I do
TST).
Há de se notar quanto ao tema, que não são incomuns afirmações de que
decisões que deram razoável interpretação a um determinado preceito legal,
ainda que ela não seja a melhor, não abrem margem à interposição de recurso
de revista8. Em tal sentido, aliás, ainda hoje existe a súmula nº 400 do STF, de
resto não cancelada, que embora tratando do recurso extraordinário, labora
nesse viés. Cremos, todavia, que tal ponto de vista deva ser enxergado com
parcimônia, pois, afinal, uma interpretação de determinado dispositivo, ainda que
razoável, poderá sim malferir o texto legal quando não for a melhor. Não é por
outra razão que o TST, evoluindo na análise do tema, cancelou o antigo item II
da sua súmula 221, que dizia justamente que a interpretação razoável de
preceito de lei, ainda que não fosse a melhor, não dava ensejo à admissibilidade
ou ao conhecimento de recurso de revista com base na alínea "c" do art. 896 da
CLT. Nesses casos, com efeito, poderemos ter excepcionalmente a necessidade
de comprovação da existência de dissídios jurisprudenciais acerca da
interpretação de um mesmo preceito, a fim de que o TST possa fixar o standard
prevalecente.
Há de se ter em mente, em que pese o quanto antes dissemos, que o
maltrato à dicção constitucional capaz de estribar a revista será o direto e não o
reflexo. Com efeito, não será lícito ao interessado ventilar, como fundamento do
recurso em tela, ofensa a preceitos constitucionais genéricos, como, v.g., os
princípios da legalidade, do devido processo legal ou do contraditório, que, no
mais das vezes, clamam pela análise do regramento infraconstitucional.
14
Ventilado argumento de tal jaez, a revista será conhecida, no máximo e com boa
vontade, no arrimo de possível ultraje à lei federal, mas jamais por injúria direta
à Constituição. Aqui, embora tratando do recurso extraordinário e não
propriamente da revista, a súmula nº 636 do STF, com base em lógica idêntica
à do nosso raciocínio, aduz que não cabe recurso extraordinário por
contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação
pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela
decisão recorrida.
Dito tudo isso, podemos agora trazer, como exemplos de interposição de
recurso de revista por violação, algumas situações, a saber: a) intento de
redução ou de aumento de indenização por danos materiais e/ou morais, com
indicação de maltrato aos artigos 944 do CC e 5º, V, da CRFB; b) alegação de
nulidade de negativa de prestação jurisdicional, com remissão expressa de
malferimento aos artigos 832 da CLT, 489 do CPC e 93, IX da CRFB (S. 459 do
TST); c) insurgência contra a incidência da multa do artigo 523, § 1º, do CPC em
face de violação ao artigo 880 da CLT9.
Sobre a possibilidade de aumento ou de redução do valor arbitrado a título
de danos civis, algumas palavras merecem ser alinhavadas com mais vagar.
Ocorre que, consoante dissemos um pouco mais atrás, o maltrato à dicção
constitucional, capaz de justificar a revista será o direto e não o reflexo, não
sendo lícito ao interessado ventilar, como fundamento dos recursos de revista
ou extraordinário, ofensa a preceitos constitucionais genéricos. Sem embargo da
manutenção dessa acertada linha jurisprudencial, entretanto, o Tribunal Superior
do Trabalho vem conferindo conhecimento a recurso de revista arrimado em
ofensa direta ao princípio da proporcionalidade previsto no artigo 5º, V e X, da
15
CRFB (e também no artigo 944, caput, do CC, é bom que se diga), de modo a
se pronunciar sobre a redução ou a majoração de indenização arbitrada a título
de indenização por danos materiais e/ou morais. Há de se indagar, assim, se tal
comportamento estaria correto.
No nosso ponto de vista, o posicionamento em questão é acertado, na
medida em que na hipótese não há que se cogitar da ocorrência de mera ofensa
reflexa à Magna Carta, mas sim de malferimento direto ao postulado
constitucional da proporcionalidade, que determina, com tintas fortes, que a
indenização seja proporcional ao agravo. Como se não bastasse, ainda que não
admitíssemos ofensa à Constituição, a violação, ad argumentandum, justificar-
se-ia na ofensa ao artigo 944, caput, do Código Civil. Assim, as instâncias
ordinárias, guiadas pelo vetor constitucional e infraconstitucional da
proporcionalidade, deverão estabelecer por arbitramento racional a exata
extensão da compensação devida àquele que suporta um dano causado por
outrem à sua intimidade, vida privada, honra ou imagem, sob pena de verem os
seus vereditos corrigidos no âmbito da recorribilidade extraordinária. Em tais
casos, com efeito, serão pelo menos dois os elementos lineadores de um
arbitramento equânime, materializados na agressividade do dano praticado e na
capacidade econômica do ofensor, de forma que o montante indenizatório seja
capaz de satisfazer aos anseios de preservação do regramento constitucional
fundamental, além de destinar uma admoestação pedagógica para quem o
suporta. Tomem-se, abaixo, duas decisões do TST que tocam no tema:
16
regional, incontroverso no feito que o pai do autor, ex-
empregado da reclamada, passou a perceber auxílio-
doença em 26.5.77, vindo a se aposentar por invalidez em
1º.9.79, falecendo treze anos depois, no dia 2.10.92,
quando tinha 53 anos de idade, de doença profissional, em
decorrência do trabalho exercido na reclamada. Ao impor
a condenação, o Magistrado deve se ater ao grau de culpa
da reclamada, a extensão das lesões, a situação
econômica das partes, a necessidade de se imprimir
caráter pedagógico à pena e de se evitar o enriquecimento
injustificado do ofendido. Tais aspectos não foram
observados pelo TRT, principalmente levando-se em
consideração a extensão do dano, que culminou com a
morte do ex-empregado, por complicações advindas da
doença profissional adquirida. Evidenciada a violação ao
artigo 944 do Código Civil, em face da
desproporcionalidade entre o dano e a reparação, majora-
se o valor fixado para R$100.000,00. Recurso de revista de
que se conhece e a que se dá provimento.10
10
TST-RR-67000-51.2008.5.03.0091. 7ª T., rel. Min. Pedro Paulo Manus, 02.04.2013. Disponível
em http://tinyurl.com/d8hvfhq. Acesso em 12.02.2017.
17
valor da indenização por danos morais e materiais
decorrentes de acidente de trabalho, especialmente por
serem mínimas as chances de identidade fática entre o
aresto paradigma e a decisão recorrida, apta a ensejar o
conhecimento do recurso por divergência jurisprudencial.
Com base nesse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade,
conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial,
e, no mérito, por maioria, deu-lhes provimento para, fixada
a premissa de que o art. 944, do CC permite a análise dos
critérios de valoração da indenização por dano moral
decorrente de acidente de trabalho, determinar o retorno
dos autos à Turma para que examine a apontada violação
como entender de direito. Vencidos os Ministros Ives
Gandra Martins Filho e João Oreste Dalazen.11
ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de processo civil: tutela dos direitos
mediante procedimento comum. Vol. 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 545 e 546,
que embora tratando dos recursos especial e extraordinário, calha justa para a boa compreensão
do quanto afirmamos: “Refere o art. 1.029 que o recurso extraordinário e o recurso especial, nos
casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-
presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: I - a exposição do fato e do
direito; II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; III - as razões do pedido de
reforma ou de invalidação da decisão recorrida. (...) Isso quer dizer que em recurso extraordinário
e em recurso especial a parte não apenas pode, mas na verdade tem o ônus de caracterizar os
fatos do caso – ou melhor, de delinear o caso em todos os seus aspectos fático-jurídicos (art.
18
4 PREQUESTIONAMENTO
1.029, I). Daí que é tecnicamente incorreto afirmar que não se pode conhecer de fatos em recurso
extraordinário e em recurso especial: o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de
Justiça podem conhecer de fatos, porque do contrário não teriam como conhecer do próprio caso
levado à consideração mediante recurso extraordinário e recurso especial. O material que pode
ser trabalhado em recurso extraordinário e em recurso especial, portanto, é composto de fatos e
de direito – até mesmo porque fato e direito se interpenetram no processo de delimitação do
caso, interpretação e aplicação do direito. O que não é possível é rediscutir a existência ou
inexistência dos fatos em recurso extraordinário e em recurso especial (Súmula 279 do STF, e
Súmula 7 do STJ). (...) Consequentemente, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal
de Justiça não podem considerar existente fato considerado inexistente ou considerar inexistente
fato considerado existente pela decisão recorrida. Essa perspectiva teórica explica a razão pela
qual, por exemplo, é possível obter do Superior Tribunal de Justiça pronúncia voltada ao
adequado dimensionamento da reparação de danos civis, notadamente de danos morais. Em
situações dessa ordem, discute-se o caso em todos os seus aspectos, mas não se interfere na
conformação do caso outorgada pela decisão recorrida”.
13
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual civil. Vol. 3.
13 ed. reform. Salvador: Jus Podivm, 2016, p. 310.
19
Outrossim, segundo a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho,
prequestionar “significa obter a definição precisa da matéria ou questão, nos
seus exatos contornos fático-jurídicos, evidenciadores de explícita tese de direito
a ser reexaminada pela instância extraordinária, razão pela qual constitui ônus
da parte debater no juízo a quo a matéria que pretende ver reexaminada em
razão de recurso de natureza extraordinária (revista e/ou embargos), sob pena
de seu não conhecimento pelo juízo ad quem, ante o óbice da falta de
prequestionamento”14.
Com efeito, a admissibilidade da revista fica jungida à necessidade de
explicitação prévia do tema jurídico que a justificará, não se satisfazendo, no
mais das vezes, com um pronunciamento tácito ou subentendido. Podemos
afirmar, portanto, que o prequestionamento é um pressuposto imprescindível à
cognição do recurso de índole extraordinária. Não é por outra razão que o § 1º-
A do artigo 896 da CLT estabelece que sob pena de não conhecimento, é ônus
da parte ao interpor recurso de revista a) indicar o trecho da decisão recorrida
que consubstancia o prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de
revista; b) indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo
de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho
que conflite com a decisão regional; c) expor as razões do pedido de reforma,
impugnando todos os fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive
mediante demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição
Federal, de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte; d)
transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade de
julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos
declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre questão
veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que rejeitou os
embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de plano, da ocorrência
da omissão. Nessa linha, o artigo 932, III, parte final, do CPC, é firme ao estatuir
que o relator não deve conhecer recurso que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida.
Na prática, com efeito, ocorrerá uma das seguintes hipóteses: a) ou o
acórdão a ser impugnado traz nas razões de decidir, com clareza, a matéria a
20
ser debatida; b) ou, caso contrário, uma vez sendo omissa a decisão hostilizável,
a parte interessada no recurso deverá instigar a corte a se manifestar sobre o
tema, pela via dos embargos de declaração. Temos, por isso, a súmula nº 297
do TST, vazada em três itens. Pelo primeiro deles, se diz prequestionada a
matéria ou a questão, quando na decisão impugnada haja sido adotada,
explicitamente, tese a respeito. Nessa hipótese, obviamente, é desnecessário o
avivamento de embargos de declaração, sendo imperioso, todavia, que para
tanto haja no acórdão, de maneira clara, elementos que levem à conclusão de
que o Regional adotou uma tese contrária à lei ou à súmula (OJ 256 da SBDI I
do TST). Há de se ficar claro, entretanto, que havendo tese explícita sobre a
matéria na decisão recorrida, será desnecessário que dela conste referência
expressa ao dispositivo legal insultado (OJ 118 da SDI-I do TST). Já o segundo
item da súmula nº 297 do TST, que rege o tema quando o acórdão regional
objurgável for omisso, estabelece que incumbe à parte interessada, desde que
a matéria haja sido invocada no recurso principal (no recurso ordinário, portanto),
opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema, sob
pena de preclusão. Finalmente, o terceiro item da súmula nº 297 do TST estatui
que se considera prequestionada a questão jurídica invocada no recurso
principal sobre a qual se omite o tribunal de pronunciar tese, não obstante
opostos embargos de declaração, quando, então, temos aquilo que a doutrina
denomina como prequestionamento ficto.
Pode-se concluir, de tudo o quanto foi dito até aqui, que no mais das vezes
(regra geral) a violação justificadora da revista nasce na sentença de primeiro
grau, devendo ser eriçada no recurso ordinário, para que sobre ela o TRT se
manifeste no acórdão. Não se manifestando o Regional sobre o tema, haverá
omissão na decisão colegiada, de modo a justificar o aviamento dos embargos
de declaração com finalidade prequestinatória, abrindo-se ensanchas, a partir
daí, à interposição da revista. Cumpre ressaltar, no pertinente do antedito
aspecto, que segundo a OJ 151 da SBDI I do TST, a decisão regional que
simplesmente adota os fundamentos da decisão de primeiro grau não preenche
a exigência do prequestionamento. É importante anotar finalmente, no entanto,
que se a violação nascer no próprio acórdão a ser atacado, o requisito do
prequestionamento na prática já estará atendido, sendo admissível a
21
interposição direta do recurso de revista (inteligência da OJ 119 da SBDI I do
TST).
5.1 INTRODUÇÃO
22
Sobre a questão dos embargos declaração, aliás, não é demasiado
pontuar que se houver omissão no juízo de admissibilidade do recurso de revista
quanto a um ou mais temas, é ônus da parte interpor embargos de declaração
para o órgão prolator da decisão embargada supri-la (CPC, art. 1024, § 2º), sob
pena de preclusão (art. 1º, § 1º, da IN 40-2016 do TST). Há de se ficar claro,
além disso, que incorre em nulidade a decisão regional que se abstiver de
exercer controle de admissibilidade sobre qualquer tema objeto de recurso de
revista, não obstante interpostos embargos de declaração (CF/88, art. 93, inciso
IX e § 1º do art. 489 do CPC de 2015 - art. 1º, § 2º, da IN 40-2016 do TST). Como
se não bastasse, na hipótese anterior, sem prejuízo da nulidade, a recusa do
presidente do Tribunal Regional do Trabalho a emitir juízo de admissibilidade
sobre qualquer tema equivale à decisão denegatória, sendo ônus da parte,
assim, após a intimação da decisão dos embargos de declaração, impugná-la
mediante agravo de instrumento (CLT, art. 896, § 12), sob pena de preclusão
(art. 1º, § 3º, da IN 40-2016 do TST). Nessa última situação, indo o caso para o
TST (uma vez interposto o agravo de instrumento), faculta-se ao Ministro Relator,
por decisão irrecorrível, determinar a restituição do agravo de instrumento ao
Presidente do Tribunal Regional do Trabalho de origem para que complemente
o juízo de admissibilidade, desde que interpostos embargos de declaração (art.
1º, § 4º, da IN 40-2016 do TST).
Sobre o trancamento apenas parcial da revista interposta, algumas
palavras merecem ainda ser escritas. Ocorre que ao tempo de vigência da
súmula nº 285 do TST, o agitamento do agravo de instrumento era no caso
despiciendo, já que o apelo de qualquer modo subia ao TST, onde ficava
automaticamente exposto a novo juízo de admissibilidade. Entretanto, o fato é
que o mencionado verbete sumular foi cancelado pela resolução 204-2016
(divulgada no DEJT em 17, 18 e 21.03.2016), sendo a matéria atualmente regida
pelo artigo 1º, caput, da IN 40-2016 do TST, que estabelece que quando admitido
apenas parcialmente o recurso de revista, constitui ônus da parte impugnar,
mediante agravo de instrumento, o capítulo denegatório da decisão, sob pena
de preclusão.
Finalmente, satisfeitos os pressupostos de admissão, o presidente dará
vistas ao recorrido para contrarrazões, pelo prazo de oito dias (artigo 6º da Lei
5.584-70), podendo esse último, no aludido interregno, recorrer adesivamente
23
(S. 283 do TST), ficando a eventual revista adesiva igualmente sujeita a
contrarrazões. Cumpridas tais balizas, o feito é remetido ao Tribunal Superior do
Trabalho.
24
no que coubesse, o incidente de uniformização de jurisprudência previsto nos
termos do Capítulo I do Título IX do Livro I da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de
1973 (Código de Processo Civil). Acerca do assunto, o artigo 2º da IN 40-2016
do TST estabelecia que após a vigência do Código de Processo Civil de 2015,
subsistia o Incidente de Uniformização de Jurisprudência da CLT (art. 896, §§
3º, 4º, 5º e 6º), observado o procedimento previsto no regimento interno do
Tribunal Regional do Trabalho.
Outrossim, uma vez resolvido o incidente em questão, o § 6º do artigo 896
da CLT asseverava que após o julgamento unicamente a súmula regional ou a
tese jurídica prevalecente no Tribunal Regional do Trabalho e não conflitante
com súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho
serviria como paradigma para viabilizar o conhecimento do recurso de revista,
por divergência.
Isso equivalia a dizer, segundo prelecionava Manoel Antônio Teixeira
Filho, que uma vez “resolvido (...) o incidente de uniformização de jurisprudência,
somente poderão [poderiam] ser indicados como elementos paradigmáticos para
o exame da admissibilidade do recurso de revista, no TST, a súmula regional ou
a tese jurídica predominante no Tribunal Regional, desde que uma e outra não
conflitem [conflitassem] com súmula ou orientação jurisprudencial do TST”15.
Como já frisado, contudo, a reforma trabalhista (Lei nº 13.467-2017), de
maneira inexplicável, revogou todas as disposições celetistas de regência da
matéria. Parece-nos, assim, que pelo menos por ora não há mais que se falar no
processamento da revista na hipótese de instauração de incidente prévio de
uniformização de jurisprudência. É imperioso destacar, todavia, que tal fato de
modo algum inibirá os Regionais de adotarem mecanismos regimentais de
uniformização das suas jurisprudências.
15 TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Comentários à lei nº 13.015/2014. São Paulo: LTr, 2014,
p. 35.
25
recurso de revista, no que couber, as normas do Código de Processo Civil
relativas ao julgamento dos recursos extraordinário e especial repetitivos. Na
sequência, embora já tenhamos visto que a competência funcional para o
conhecimento de recurso de revista pertence às turmas do TST (inteligência do
art. 896, caput, da CLT), o fato é que o artigo 896-C da CLT ressalva que quando
houver multiplicidade de recursos de revista fundados em idêntica questão de
direito, a questão poderá ser afetada à Seção Especializada em Dissídios
Individuais16 ou ao Tribunal Pleno, por decisão da maioria simples de seus
membros, mediante requerimento de um dos Ministros que compõem a Seção
Especializada, considerando a relevância da matéria ou a existência de
entendimentos divergentes entre os Ministros dessa Seção ou das Turmas do
Tribunal. Estão delineados nesses dois preceitos, com efeito, o microssistema
legal que regerá a resolução dos recursos de revista e de embargos que
versarem sobre matéria repetitiva.
Percebe-se, de tudo o quanto se disse até agora, que são quatro os
requisitos, não necessariamente cumuláveis, para a afetação da revista ao
Tribunal Pleno ou à Seção Especializada em Dissídios Individuais, quais sejam:
a) a multiplicidade de recursos; b) a idêntica questão de direito; c) a relevância
da matéria; d) ou a existência de entendimentos divergentes entre os Ministros
da Seção Especializada ou das Turmas do Tribunal.
A multiplicidade, regra geral, é imperiosa, haja vista que no caso estamos
a tratar, como já pontuamos, da litigiosidade de massa. A idêntica questão de
direito se funda na constatação de que no âmbito da recorribilidade
extraordinária enfrentamos apenas matéria jurídica e não questões propriamente
fáticas (S. 126 do TST). De sua vez, a divergência é exigível, pois, se ela
26
inexistisse, não haveria motivo palpável que justificaria a preocupação para com
a unificação do pensamento do tribunal, a ser realizada em nome da segurança
jurídica e da isonomia. Vale anotar, contudo, que a relevância da matéria poderá
se configurar independentemente da existência de múltiplos processos com
tema idêntico. Tangenciado o tema, o artigo 20 da IN 38-2015 esclarece, por
exemplo, que quando o julgamento dos embargos à SBDI-1 envolver relevante
questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos
processos, mas a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou a
composição de divergência entre as turmas ou os demais órgãos fracionários do
Tribunal Superior do Trabalho, poderá a SBDI-1, por iniciativa de um de seus
membros e após a aprovação da maioria de seus integrantes, afetar o seu
julgamento ao Tribunal Pleno.
No pertinente ao processamento, os recursos de revista repetitivos têm a
regência ditada pelo artigo 896-C da CLT, bem como pelas disposições da IN
38-2015 do Tribunal Superior do Trabalho. O rito em questão começa por uma
‘proposta de afetação’. O requerimento de afetação, a princípio, deverá ser
apresentado por um dos Ministros da Subseção de Dissídios Individuais I, sendo
formulado por escrito diretamente ao Presidente da SBDI-1 ou, oralmente, em
questão preliminar suscitada quando do julgamento de processo incluído na
pauta de julgamentos da Subseção (art. 896-C, caput, da CLT c/c art. 2º, § 1º,
da IN 38-2015 do TST). De forma concorrente, quando a turma do Tribunal
Superior do Trabalho entender necessária a adoção do procedimento de
julgamento de recursos de revista repetitivos, seu presidente deverá submeter
ao presidente da Subseção de Dissídios Individuais I a proposta de afetação do
recurso de revista, para os efeitos dos artigos 896-B e 896-C da CLT (art. 2º, §
2º, da IN 38-2015 do TST). Em ambas as hipóteses, o requerimento indicará um
ou mais recursos de revista ou de embargos representativos da controvérsia
para julgamento (artigos 2º, § 1º, da IN 38-2015 do TST e 896-C, § 1º, da CLT).
Uma vez recebida a proposta de afetação, o presidente da Subseção a
submeterá ao colegiado, se formulada por escrito, no prazo máximo de 30 dias
de seu recebimento, ou de imediato, se suscitada em questão preliminar, quando
do julgamento de determinado processo pela SBDI-1 (§ 3º, do art. 2º, da IN 38-
27
2015 do TST) 17. Uma vez debatida a aludida proposta (não se admitindo, é bom
que se frise, sustentação oral no caso - § 4º, do art. 2º, da IN 38-2015 do TST),
ela será acolhida por maioria simples (maioria simples, evidentemente, é aquela
formada por metade mais um dos votos), nos termos do artigo 896-C, caput, da
CLT, quando, então, o colegiado também decidirá se a questão será analisada
pela própria SBDI I ou pelo Tribunal Pleno (art. 2º, § 3º, I, da IN 38-2015 do TST).
Uma boa indagação quanto ao assunto, é o que justificará a afetação à SBDI I
ou ao Tribunal Pleno, já que a lei não carrega consigo a resposta almejada.
Segundo a professora Juliane Facó, “em se tratando de matéria relevante,
recomenda-se que o julgamento seja submetido ao Tribunal Pleno, em face da
substancialidade de sua composição. Por outro lado, se a matéria for objeto de
divergência interna no âmbito do TST (entre os ministros da SDI ou das turmas),
a apreciação do incidente compete à Subseção Especializada em Dissídios
Individuais”18. Além disso, é claro, caso haja discussão que potencialmente
conduza à declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder
público, a afetação deverá ser feita ao Tribunal Pleno, diante da cláusula
constitucional de reserva de plenário (art. 97 da CRFB e S.V. nº 10 do STF)19.
Por outro lado, se rejeitada a proposta, os autos serão devolvidos ao órgão
julgador respectivo, para que o julgamento do recurso prossiga regularmente
(art. 2º, § 3º, IV, da IN 38-2015 do TST). Diversamente, no caso de acolhimento
da proposta de afetação, o processo será distribuído a um relator e a um revisor
do órgão jurisdicional correspondente (SBDI I ou Tribunal Pleno, conforme o
caso - § 6º do art. 896-C da CLT), para sua tramitação nos termos do artigo 896-
C da CLT (art. 2º, § 3º, III, da IN 38-2015 do TST). Nessa circunstância, ou seja,
no caso de acolhimento da proposta, a desistência da ação ou do recurso não
afetada e julgada sob o rito dos recursos repetitivos também contenha questão constitucional, a
decisão proferida pelo Tribunal Pleno não obstará o conhecimento de eventuais recursos
extraordinários sobre a questão constitucional.
28
impedirá a análise da questão objeto de julgamento de recursos repetitivos (art.
2º, § 3º, II, da IN 38-2015 do TST). Tal regramento, à toda evidência se funda na
inteligência do parágrafo único do artigo 998 do CPC, demonstrando,
eloquentemente, aquilo que afirmamos alhures, quando dissemos que as cortes
de vértice são imediatamente cortes de precedentes e apenas mediatamente
cortes de justiça.
Vale anotar, de outro tanto, que o presidente da turma ou da Seção
Especializada que afetar processo para julgamento sob o rito dos recursos
repetitivos deverá expedir comunicação aos demais presidentes de turma ou de
Seção Especializada, que poderão afetar outros processos sobre a questão para
julgamento conjunto, a fim de conferir ao órgão julgador visão global da questão
(art. 896-C, § 2º, da CLT c/c art. 3º da IN 38-2015 do TST). Insta pontuar que
somente poderão ser afetados recursos representativos da controvérsia que
sejam admissíveis e que, a critério do relator do incidente de julgamento dos
recursos repetitivos, contenham abrangente argumentação e discussão a
respeito da questão a ser decidida (art. 4º, caput, da IN 38-2015 do TST), sendo
indiscutível, porém, que o relator desse incidente não fica vinculado às propostas
de afetação de que trata o artigo 3º da IN 38-2015 do TST, podendo recusá-las
por desatenderem aos requisitos previstos no caput do artigo 4º e, ainda,
selecionar outros recursos representativos da controvérsia. Como se vê, a ideia
central dos recursos aptos à afetação, é que eles contenham abrangente
argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida. Tal exigência
colima, adiantando desde já o que deveríamos dizer mais à frente, que ao decidir
o colegiado desafie inúmeros argumentos, todos sofisticados e requintados, a
fim de que o precedente formado vincule os juízos de base e os jurisdicionados
não apenas em respeito à autoridade jurisdicional do órgão prolator, mas,
principalmente, em virtude da qualidade da decisão tomada.
Já de outro aspecto, o artigo 5º da IN 38-2015 do TST estatui que uma
vez selecionados os recursos, o relator, na Subseção Especializada em
Dissídios Individuais ou no Tribunal Pleno, constatada a presença do
pressuposto do caput do art. 896-C da CLT, proferirá ‘decisão de afetação’,
sempre fundamentada, na qual: a) identificará com precisão a questão a ser
submetida a julgamento; b) poderá determinar a suspensão dos recursos de
29
revista ou de embargos de que trata o § 5º do artigo 896-C da CLT20; c) poderá
solicitar aos Tribunais Regionais do Trabalho informações a respeito da
controvérsia, a serem prestadas no prazo de 15 (quinze) dias, e requisitar aos
Presidentes ou Vice-Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho a
remessa de até dois recursos de revista representativos da controvérsia (§§ 4º e
7º do art. 896-C da CLT)21; d) concederá o prazo de 15 (quinze) dias para a
manifestação escrita das pessoas, órgãos ou entidades interessados na
controvérsia, que poderão ser admitidos como amici curiae (§ 8º do art. 896-C
da CLT); e) informará aos demais Ministros sobre a decisão de afetação (§ 10
do art. 896-C da CLT); f) poderá conceder vista ao Ministério Público e às partes,
nos termos e para os efeitos do § 9º do artigo 896-C da CLT.
Após, nos termos dos artigos 896-C, § 3º, da CLT e 6º da IN 38-2015 do
TST, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho oficiará os Presidentes dos
Tribunais Regionais do Trabalho, com cópia da decisão de afetação, para que
suspendam os recursos de revista interpostos em casos idênticos aos afetados
como recursos repetitivos e ainda não encaminhados a este Tribunal, bem como
os recursos ordinários interpostos contra as sentenças proferidas em casos
idênticos aos afetados como recursos repetitivos, até o pronunciamento
definitivo do Tribunal Superior do Trabalho. Uma excelente pergunta é se
também os processos em curso no primeiro grau de jurisdição haveriam de ser
suspensos. A resposta, ao que nos parece, é positiva, já que o artigo 14, III, da
IN 38-2015 do TST a tanto sinaliza, ao dizer que uma vez publicado o acórdão
paradigma, os processos porventura suspensos em ‘primeiro’ e segundo graus
caberá ao presidente do tribunal de origem, caso receba a requisição, admitir até dois recursos
representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Tribunal Superior do Trabalho.
Se, contudo, após receber os recursos de revista selecionados pelo presidente ou vice-
presidente do Tribunal Regional do Trabalho, não se proceder à sua afetação, o relator, no
Tribunal Superior do Trabalho, comunicará o fato ao presidente ou vice-presidente que os houver
enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão referida no artigo 896-C, § 4º, da CLT.
30
de jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese firmada pelo
Tribunal Superior do Trabalho. Acreditamos, todavia, que como o artigo 356 do
CPC/15 admite a prolatação de decisões parciais de mérito, a suspensão deverá
ficar restrita ao tema em discussão no TST.
Em qualquer hipótese, todavia, o artigo 9º da IN 38-2015 do TST dispõe
que as partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu processo,
a ser proferida pelo respectivo relator. De qualquer sorte, o § 1º do aludido artigo
estabelece que a parte poderá requerer o prosseguimento de seu processo se
demonstrar a intempestividade do recurso nele interposto ou a existência de
distinção entre a questão de direito a ser decidida no seu processo e aquela a
ser julgada sob o rito dos recursos repetitivos, sendo tal requerimento, nos
termos do que dispõe o § 2º do mencionado artigo 9º, dirigido: a) ao juiz, se o
processo sobrestado estiver em primeiro grau (eis aqui mais um indicativo claro
do cabimento do sobrestamento também em primeiro grau); b) ao relator, se o
processo sobrestado estiver no tribunal de origem; c) ao relator do acórdão
recorrido, se for sobrestado recurso de revista no tribunal de origem; d) ao
relator, no Tribunal Superior do Trabalho, do recurso de revista ou de embargos
cujo processamento houver sido sobrestado. Na sequência, aduz o § 3º do artigo
9º da IN 38-2015 do TST que a outra parte deverá ser ouvida sobre o
requerimento, no prazo de cinco dias. Com efeito, se for reconhecida a distinção
no caso, o § 4º do artigo 9º da IN 38-2015 do TST esclarece, basicamente, que
o feito terá prosseguimento. Finalmente, o § 5º do multicitado artigo 9º da IN 38-
2015 do TST deixa claro que a decisão que resolver o requerimento de
prosseguimento é irrecorrível de imediato, nos termos do artigo 893, § 1º, da
CLT.
Uma vez analisada a proposta de afetação, sendo ela acatada e, via de
consequência, prolatada a decisão de afetação, com a posterior tomada das
providências preliminares antes estudadas, passaremos à ‘fase instrutória’.
Descortinando o seu rito, o artigo 10 da IN 38-2015 do TST estabelece que para
instruir o procedimento, pode o relator fixar data para, em audiência pública, ouvir
depoimentos de pessoas com experiência e conhecimento na matéria, sempre
que entender necessário o esclarecimento de questões ou circunstâncias de fato
subjacentes à controvérsia objeto do incidente de recursos repetitivos. Além
disso, consoante dispõe o § 1º do artigo 10, o relator poderá também admitir,
31
tanto na audiência pública quanto no curso do procedimento, a manifestação,
como amici curiae, de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na
controvérsia, considerando a relevância da matéria e assegurando o
contraditório e a isonomia de tratamento (art. 896-C, § 8º, da CLT), porém, como
esclarece o § 2º do artigo 10, a manifestação somente será admitida até a
inclusão do processo em pauta. Tais disposições possuem inspiração
abertamente democrática, sendo, portanto, absolutamente saudáveis, até
mesmo porque a decisão que será tomada vinculará toda a sociedade. Assim,
nada mais correto do que a questão, por transcender em muito o mero interesse
subjetivo de alguns poucos litigantes, ser amplamente discutida em contraditório,
de modo a que todos aqueles que suportarão os efeitos do decidido, possam
influenciar concretamente na formação da compreensão do tribunal.
Outrossim, nos termos do artigo 11 da IN 38-2015 do TST, os recursos
afetados deverão ser julgados no prazo de um ano e terão preferência sobre os
demais feitos (§ 10 do art. 986-C da CLT). Na hipótese de não ocorrer o
julgamento no prazo de um ano a contar da publicação da decisão de afetação,
o § 1º do mencionado artigo 11 da IN 38-2015 do TST explica que cessam
automaticamente, em todo o território nacional, a afetação e a suspensão dos
processos, que retomarão seu curso normal. Nada obstante, o § 2º do aludido
artigo 11 permite a formulação de outra proposta de afetação de processos
representativos da controvérsia para instauração e julgamento de recursos
repetitivos para ser apreciada e decidida.
É importante destacar, que em virtude do seu caráter modelar, o conteúdo
do acórdão paradigma, de acordo com o artigo 12 da IN 38-2015 do TST,
abrangerá a análise de todos os fundamentos da tese jurídica discutida,
favoráveis ou contrários, sendo vedado ao órgão colegiado decidir, para os fins
vinculativos do artigo 896-C da CLT, questão não delimitada na decisão de
afetação. Isso demonstra, de modo contundente, que o procedimento de análise
de recursos de revista repetitivos deverá ser todo permeado pelas noções de
contraditório robustecido e fundamentação minudente. Com os olhos pousados
na disposição em comento, aliás, o artigo 15, V, da IN 39-2016 do TST
estabelece que a decisão que aplica a tese jurídica firmada em precedente não
precisa enfrentar os fundamentos já analisados na decisão paradigma, sendo
suficiente, para fins de atendimento das exigências constantes no art. 489, § 1º,
32
do CPC, a correlação fática e jurídica entre o caso concreto e aquele apreciado
no incidente de solução concentrada.
Por outra vertente, o § 11 do artigo 896-C da CLT explica que uma vez
publicado o acórdão do Tribunal Superior do Trabalho, os recursos de revista
sobrestados na origem tomarão um dos seguintes caminhos22: a) terão
seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a
orientação a respeito da matéria no Tribunal Superior do Trabalho; ou b) serão
novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão
recorrido divergir da orientação do Tribunal Superior do Trabalho a respeito da
matéria, quando, então, teremos em tela o chamado efeito recursal regressivo.
Nesse último caso, estabelecem os § 2º e 3º do artigo 15 da IN 38-2015 do TST,
respectivamente, que uma vez realizado o juízo de retratação, com alteração do
acórdão divergente, o tribunal de origem, se for o caso, decidirá as demais
questões ainda não decididas, cujo enfrentamento se tornou necessário em
decorrência da alteração, sendo certo que quando for alterado o acórdão
divergente e o recurso anteriormente interposto versar sobre outras questões, o
presidente ou vice-presidente do Tribunal Regional, independentemente de
ratificação do recurso, procederá a novo juízo de admissibilidade, retomando o
processo o seu curso normal. Além disso, o § 12 do artigo 896-C da CLT
esclarece que na hipótese de ser mantida a decisão divergente pelo tribunal de
origem, o que somente ocorrerá se o órgão que proferiu o acórdão recorrido
demonstrar a existência de distinção por se tratar de caso particularizado por
hipótese fática distinta ou questão jurídica não examinada a impor solução
22 Na linha do art. 896-C, § 11, da CLT, o artigo 14 da IN 38-2015 do TST estabelece o seguinte:
Art. 14. Publicado o acórdão paradigma: I – o presidente ou vice-presidente do Tribunal de origem
negará seguimento aos recursos de revista sobrestados na origem, se o acórdão recorrido
coincidir com a orientação do Tribunal Superior do Trabalho; II – o órgão que proferiu o acórdão
recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência originária ou o recurso
anteriormente julgado, na hipótese de o acórdão recorrido contrariar a orientação do Tribunal
Superior do Trabalho; III – os processos porventura suspensos em primeiro e segundo graus de
jurisdição retomarão o curso para julgamento e aplicação da tese firmada pelo Tribunal Superior
do Trabalho. Além disso, almejando evitar a prolatação de decisões desnecessárias, o artigo 16
da IN 38-2015 do TST estimula a desistência de ação ajuizada no primeiro grau, quando o
interessado notar, de antemão, que uma vez decidida a questão no TST, passará a litigar contra
o entendimento formado na corte de vértice. Tome-se a redação do mencionado preceito: Art.
16. A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida
a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da
controvérsia. § 1º Se a desistência ocorrer antes de oferecida a defesa, a parte, se for o caso,
ficará dispensada do pagamento de custas e de honorários de advogado. § 2º A desistência
apresentada nos termos do caput deste artigo independe de consentimento do reclamado, ainda
que apresentada contestação.
33
diversa (art. 15, caput, da IN 38-2015 do TST), far-se-á novo exame de
admissibilidade do recurso de revista, retomando o processo igualmente o seu
curso normal (art. 896-C, § 12, da CLT c/c o parágrafo único do art. 15 da IN 38-
2015 do TST).
Vale assentar que nos termos do artigo 926 do CPC, os tribunais devem
uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.
Estabilidade da jurisprudência, todavia, não significa imutabilidade. Assim,
atentos a essa última afirmação, tanto o § 17 do artigo 896-C da CLT, quanto o
artigo 17 da IN 38-2015 esclarecem que caberá revisão da decisão firmada em
julgamento de recursos repetitivos quando se alterar a situação econômica,
social ou jurídica, caso em que será respeitada a segurança jurídica das relações
firmadas sob a égide da decisão anterior, podendo o Tribunal Superior do
Trabalho modular os efeitos da decisão que atenha alterado. No que tange ao
tema, fomentando a participação democrática da sociedade e a proteção da
confiança, os §§ 2º, 3º e 4º do artigo 927 do CPC estabelecem que: a) a alteração
de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos
repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de
pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese;
b) na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal
Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e
no da segurança jurídica; c) a modificação de enunciado de súmula, de
jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos
observará a necessidade de fundamentação adequada e específica,
considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da
isonomia.
Finalmente, não custa destacar que em honra ao princípio constitucional
da publicidade (arts. 5º, LX e 93, IX, da CRFB), o § 5º do artigo 927 do CPC
impõe que os tribunais deem publicidade a seus precedentes, organizando-os
por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede
mundial de computadores. Adensando a disposição em questão, a cabeça do
artigo 21 da IN 38-2015 do TST, bem como o seu parágrafo único, dispõem,
respectivamente, que o Tribunal Superior do Trabalho deverá manter e dar
publicidade às questões de direito objeto dos recursos repetitivos já julgados,
34
pendentes de julgamento ou já reputadas sem relevância, bem como daquelas
objeto das decisões proferidas por sua composição plenária, nos termos do § 13
do artigo 896 da CLT e do artigo 20 da própria IN 38-2015, sendo certo, ainda,
que as decisões, organizadas por questão jurídica julgada, serão divulgadas,
preferencialmente, na rede mundial de computadores e constarão do Banco
Nacional de Jurisprudência Uniformizadora – BANJUR, instituído pelo artigo 7º
da Instrução Normativa nº 37/2015.
35
cumpre-nos indagar: a) o que é elevado valor da causa? b) em qual ação
trabalhista não está em disputa a postulação, por reclamante-recorrente, de
direito social constitucionalmente assegurado?
Percebe-se, à toda evidência, que as perguntas são muitas e as respostas
legislativas inexistem. Espera-se, assim, que o TST se debruce com energia
sobre o assunto, vez que a interposição excessivamente aberta da revista, em
casos sem repercussão, consubstancia-se em iniludível entrave ao postulado
constitucional-fundamental da razoável duração do processo.
Até agora, entretanto, o fato concreto é que o TST tratou timidamente do
assunto, se limitando a praticamente reproduzir, nos artigos 246 a 249 do seu
Regimento Interno, com algumas poucas exceções, aquilo que já foi dito pelo
legislador no corpo da consolidação.
De verdadeiramente relevante, pode-se destacar apenas o conteúdo do
artigo 246 do antedito Regimento Interno, que enfrentando a questão da
intertemporalidade, esclarece que as normas relativas ao exame da
transcendência dos recursos de revista, previstas no art. 896-A da CLT, somente
incidirão naqueles interpostos contra decisões proferidas pelos Tribunais
Regionais do Trabalho publicadas a partir de 11/11/2017, data da vigência da
Lei n.º 13.467/2017.
No mais, o Regimento Interno, no máximo corroborando o que já se
encontra delineado nos §§ 2º a 6º do artigo 896 da CLT, estabelece que poderá
o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não
demonstrar transcendência, cabendo agravo apenas das decisões em que não
reconhecida a transcendência pelo relator, sendo facultada a sustentação oral
ao recorrente, durante 5 (cinco) minutos em sessão, e ao recorrido, apenas no
caso de divergência entre os componentes da Turma quanto à transcendência
da matéria. Nesse último caso, uma vez mantido o voto do relator quanto ao não
reconhecimento da transcendência do recurso, será lavrado acórdão com
fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do
Tribunal.
Vale destacar, outrossim, que o juízo de admissibilidade do recurso de
revista exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais do Trabalho limitar-
se-á à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não
abrangendo o critério da transcendência das questões nele veiculadas. Além
36
disso, será irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de
instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da
matéria.
Finalmente, o artigo 249 do Regimento Interno do TST, em disposição
elogiável, estabelece que o Tribunal Superior do Trabalho organizará banco de
dados em que constarão os temas a respeito dos quais houver sido reconhecida
a transcendência.
7 BREVES CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 2 ed. São Paulo:
LTr, 2003.
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de direito processual
civil. Vol. 3. 13 ed. reform. Salvador: Jus Podivm, 2016.
MIESSA, Élisson. Manual dos recursos trabalhistas – teoria e prática. 2 ed. rev.,
atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2017.
38