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CARVALHO, EM BAURU-SP, BRASIL
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F. S. Pedrotti, G. P. da Silva, H. L. N. L. Correa, J. Lamente, M. A. Armigliato, N. de Mello, P. C. Araújo; S. Bovolenta;
S. Zanardi; T. C. de Carvalho

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24
Pluris2006

QUALIDADE DE ESPAÇOS PÚBLICOS URBANOS: UM ESTUDO NO


CALÇADÃO DA BATISTA DE CARVALHO, EM BAURU-SP, BRASIL

M.S.G.de C. Fontes, P. Ananian , G. B. Pasquotto, A. T. Gushiken, D. A. da Costa,


A. C. Cataneo, E. C. C. Sanches, F. S. Pedrotti, G. P. da Silva, H. L. N. L. Correa, J.
Lamente, M. A. Armigliato, N. de Mello, P. C. Araújo; S. Bovolenta; S. Zanardi; T.
C. de Carvalho

RESUMO

Este trabalho apresenta o resultado de um estudo realizado no calçadão da Rua Batista de


Carvalho em Bauru-SP, Brasil. A qualidade desse importante espaço público foi avaliada a
partir da utilização da metodologia da avaliação pós-ocupação, com ênfase nos aspectos
físicos, funcionais e comportamentais. Para isso, foram levantadas características de uso e
ocupação, estado de conservação das lojas e mobiliário, além da percepção e o perfil dos
usuários. Os principais aspectos negativos encontrados foram a carência de sombreamento
e a acessibilidade inadequada nas lojas e ruas, aos portadores de necessidades especiais.
Problemas relacionados à limpeza e conservação do patrimônio histórico, falta de unidade
do mobiliário e paisagismo, escoamento de águas pluviais, entre outros, também foram
identificados. Dentro do processo da revitalização de áreas centrais, este trabalho pretende
contribuir com diretrizes projetuais, que visam solucionar os problemas identificados e,
conseqüentemente, melhorar a qualidade de vida dos usuários desse importante espaço
público.

1 INTRODUÇÃO

As ruas de pedestres, conhecidas como calçadões, foram implantadas no Brasil na década


de 70, com o objetivo de garantir fluidez, segurança, tranqüilidade dos transeuntes, além de
procurar estimular o uso do centro como lugar de lazer, comércio e serviços. Em geral, elas
são providas de mobiliário, equipamentos e tratamento paisagístico que visam garantir uma
melhor qualidade de vida urbana (Ananian, 2005). Contudo, a qualidade do espaço público
depende também de muitos outros aspectos como conforto ambiental, valorização do
patrimônio histórico, estado de conservação e manutenção dos equipamentos e mobiliário,
entre outros. Alguns aspectos qualificadores do espaço como a presença de vegetação,
corpos d´água, equipamentos urbanos e de lazer, podem estimular ou não a utilização e a
permanência no espaço público (Fontes et al., 2005, Perreti & Montacchini, 2002,
Nikolopoulou et al., 2001, entre outros).

De acordo com Fontes et al. (2005), a presença de áreas sombreadas contribui


significativamente para o incremento dos usos e da permanência das pessoas em espaços
públicos abertos, durante o período diurno. Fato que evidencia a forte relação entre uso dos
espaços em função das suas características microclimáticas. Ao avaliar as características
físicas, microclimáticas e de uso e ocupação de oito espaços públicos abertos (praças) de
grande importância para a cidade Bauru os autores identificaram, ainda, outros aspectos
relevantes no processo de qualificação e apropriação dos mesmos, tais como a presença de
mobiliário, a inserção urbana e desenho do espaço.
Dentro desse contexto, sobre aspectos qualificadores do espaço urbano, foi avaliada uma
rua de pedestre denominada “Calçadão da Batista de Carvalho”, em Bauru-SP, Brasil, no
sentido de identificar os principais aspectos que contribuem ou não para a qualidade de
vida dos usuários, desse importante espaço público. Esse calçadão, localizado em área
central, está inserido dentro de um processo de revitalização de áreas centrais – política
pública ou de iniciativa pública/privada, caracterizada por várias medidas políticas,
técnicas, sociais e econômicas, que são estruturadas de acordo com prazos de ação (curto,
médio e longo prazos). Essas medidas visam, ainda, a valorização do patrimônio
arquitetônico, a melhoria do mobiliário e a conservação do espaço público, entre outras.

Para efetivação dessa política de revitalização da área central de Bauru, algumas medidas
já foram implementadas, entre elas a Lei Municipal 4951/02 (Bauru, 2002), que determina
a renovação das fachadas comerciais da área central, a partir da despoluição visual e
valorização do patrimônio arquitetônico, tais como a limitação de painéis publicitários,
pintura do estabelecimento comercial, padronização dos toldos, entre outras (Ananian,
2005). Entretanto, questões relevantes não foram inseridas dentro do processo de
revitalização, mas se tornaram evidentes a partir dos primeiros resultados da aplicação da
referida lei, tais como a necessidade de uma nova proposta para a coberturas/pórticos para
suprir problemas de falta de sombreamento e proteção contra chuva, entre outros.

Com o objetivo de contribuir para esse processo de revitalização, este trabalho buscou
avaliar as características de uso e ocupação das sete quadras que compõem o calçadão, a
quantificação do mobiliário, seu estado de conservação e do piso, além das questões
relacionadas com a preservação do patrimônio arquitetônico, acessibilidade aos portadores
de necessidades especiais e com aspectos que comprometem a qualidade física e estética
do calçadão como um todo. Para isso, foram feitos registros fotográficos e aplicados
questionários juntos aos usuários (comerciantes, comerciários e transeuntes), com a
finalidade de obter informações sobre a percepção e o perfil dos usuários. Para as questões
levantadas foram atribuídas escalas de valores, que permitiram visualizar, em ordem
prioritária, os principais problemas destacados em cada segmento de usuários.

2 METODOLOGIA

Para atingir os objetivos do trabalho, foi realizada uma Avaliação Pós-Ocupação (Ornstein,
1992) no calçadão da rua Batista de Carvalho, em Bauru-SP, de acordo com ênfase nos
aspectos físicos, funcionais e comportamentais, que segue as seguintes etapas
metodológicas:

o Levantamento do uso e ocupação do solo – quantidade e tipos de estabelecimentos


comerciais (roupas, calçados, lanchonetes, farmárcias, óticas, entre outras);
o Quantificação do mobiliário, em cada quadra;
o Identificação do estado de conservação do mobiliário, equipamentos e piso;
o Identificação de barreiras arquitetônicas (ruas e lojas) para portadores necessidades
especiais;
o Levantamentos de aspectos que contribuem para a poluição visual (toldos,
propagandas e fiação aparente);
o Levantamento do perfil dos usuários e grau de satisfação com o espaço, através da
aplicação de 253 questionários (60 entre comerciantes; 95 entre comerciários e 98
entrevistas com usuários comuns - transeuntes). Nessa etapa foi possível identificar
os principais problemas do calçadão, a partir do ponto de vista de cada segmento de
usuários;
o Confecção do “Diagrama de Paretto” de acordo com Ornstein (1992). Esses
diagramas permitem a visualização, por ordem de prioridade, dos principais
aspectos que devem ser revistos, para que o ambiente construído apresente
qualidade.

Os dados levantados em campo e a pesquisa junto aos usuários permitiram traçar um


diagnóstico das condições atuais do calçadão, assim como propor diretrizes de intervenção
projetual, que possam contribuir para a qualidade dos usuários desse espaço público, assim
como para o processo de revitalização da área central de Bauru.

3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O calçadão da Rua Batista de Carvalho (Figura 1) está situado na área central da cidade de
Bauru – SP (Brasil), ele é composto por sete quadras, próximas, cortadas por ruas
transversais. A primeira quadra (QD1) é a mais próxima do ponto B, da figura, que
corresponde a Praça Machado de Melo e a última quadra (QD7) fica próxima a Praça Rui
Barbosa (ponto D). Essa rua tem uma importância histórica significativa, pois já foi o
portão de entrada, da cidade, dos passageiros que desembarcavam na “Estação Ferroviária
Noroeste do Brasil”, um grande entroncamento ferroviário. Mesmo com a decadência
desse tipo de transporte, o calçadão, que liga a Praça Machado de Melo a Praça Rui
Barbosa, se tornou um pólo de atração do comércio da cidade e da região de Bauru.

A - ESTAÇÃO FERROVIÁRIA D - PRAÇA RUI BARBOSA


B - PRAÇA MACHADO DE MELO E - CATEDRAL
C - CALÇADÃO RUA BATISTA DE
CARVALHO

A D
B
C

E
Fig. 1 Implantação esquemática do calçadão da Rua Batista de Carvalho
Fonte: Ananian (2005)

Devido a grande movimentação diária e os conflitos gerados entre pedestres e automóveis,


especialmente em véspera de datas festivas, a Prefeitura Municipal de Bauru decidiu
transformar a rua Batista de Carvalho em calçadão, em 1992 (Figura 2). Apesar da
circulação de automóveis continuar existindo nas ruas transversais, o interior das sete
quadras ficou restrito ao uso dos pedestres. Para qualificar esse novo espaço público foram
criados mobiliário e equipamento próprios, tais como: luminárias, bancos, lixeiras e
coberturas/pórticos que foram implantados em toda extensão do calçadão (Figura3).

Em parceria com a Prefeitura Municipal foi criada a Associação dos Empresários do


Calçadão (AEC), responsável por várias atribuições, entre elas a manutenção do espaço
físico, vigilância noturna e promoções comerciais envolvendo os lojistas de todos os
setores do calçadão e inclusive das ruas transversais, em datas especiais (dia das crianças,
Natal, dia dos namorados). Os setores comerciais contemplados nos estabelecimentos do
calçadão são variados, entretanto, a maioria, que corresponde a 35,17% do total das lojas
comercializam roupas (Tabela 1). Nas observações in loco verificou-se que existe certa
especialização em algumas quadras, a quadra 6, por exemplo, reúne as principais lojas de
eletroeletrônicos e a quadra 5, as principais lojas de departamentos.

Fig. 2 Conflito entre pedestres e automóveis na rua Batista de Carvalho


Fonte: Arquivo Jornal da Cidade, 1992

Fig. 3 Calçadão da Batista de Carvalho – quadra 5

Tabela 1 Tipos de lojas do calçadão


Tipo de Estabelecimento Quantidade Porcentagem (%)
Roupa 51 35,17
Calçados 12 8,27
Departamento 5 3,45
Farmácia/perfumaria 7 4,82
1,99 6 4,13
Alimentação 13 8,96
Tecido 3 2,07
Eletroeletrônico 4 2,75
Ótica 5 3,45
Jóias/bijuteria 10 6,89
Papelaria 2 1,38
Outros 27 18,62
Total 145 100

O calçadão da Batista está inserido na política de revitalização da área central,


efetivamente em vigor desde 2002, com a recuperação de fachadas do perímetro central. A
Lei Municipal 4951/02 (Bauru, 2002) regulamenta e padroniza as fachadas e a publicidade
veiculada, através de limitação de letreiros, recuperação de alvenaria, repintura, retirada
dos suportes metálicos, que obstruem as fachadas com o objetivo de resgatar a imagem do
centro da cidade, e a arquitetura local, predominantemente eclética. O calçadão comporta,
ainda, alguns edifícios tombados pelo Patrimônio Histórico. Atualmente, a maioria das
fachadas do calçadão foram recuperadas, entretanto, outras medidas de revitalização
devem ser tomadas com o objetivo de proporcionar melhor qualidade do espaço.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A análise dos resultados aborda inicialmente a caracterização do mobiliário urbano, seu


estado de conservação e questões relacionadas com a acessibilidade e conservação,
manutenção das lojas (valorização do patrimônio). Em seguida foram identificados o perfil
dos usuários e seu grau de satisfação com o espaço físico. Com base nas análises anteriores
são propostas diretrizes de intervenção projetual, que visam melhorar a qualidade de vida
dos usuários do calçadão.

4.1 Mobiliário, acessibilidade e preservação do patrimônio arquitetônico

A Tabela 2 mostra os tipos e quantidades de mobiliário e equipamentos existentes em cada


quadra (QD1 a QD7) do calçadão da Batista de Carvalho, que são compostos de: lixeiras,
jardineiras, bancos (de concreto e de madeira), suportes para telefones públicos,
luminárias, postes de iluminação, semáforos de pedestre e caixas de correio. Além desse
mobiliário permanente, o calçadão possui coberturas/pórticos, cabines que vendem cartões
telefônicos e também mobiliário temporário, que os comerciantes colocam e retiram
diariamente no calçadão como uma extensão da loja, principalmente mesas e cadeiras das
lanchonetes.

Tabela 2 Quantificação do mobiliário/equipamentos existentes no calçadão

Tipo QD 1 QD 2 QD 3 QD 4 QD 5 QD 6 QD 7 Total
Lixeira 6 8 8 6 6 8 7 49
Jardineiras 8 8 8 8 8 8 8 56
Bancos concreto 1 3 2 1 5 5 5 22
Bancos madeira 2 2 2 2 2 2 2 14
Orelhões 1 1 1 - 2 1 1 7
Luminárias 4 4 4 4 4 4 4 28
Postes (altos) 4 4 4 4 4 5 5 30
Semáforo (pedestres) 2 4 4 4 4 4 2 24
Caixas de Correio 1 - 1 - - - - 2
Quiosque telefônico - - - 1 1 - 1 3
Cobertura/pórtico 2 2 2 2 2 2 2 14
Pórticos sem cobertura 4 4 4 4 4 4 4 28
Ainda de acordo com a tabela 2, pode-se perceber uma homogeneidade de distribuição de
lixeiras, jardineiras, bancos de madeira e luminárias, ao longo de todas as quadras. Já a
distribuição dos bancos de concreto não é uniforme, e variam de 1 a 5, em cada quadra.
Observa-se, que as quadras são equipadas com 1 orelhão, cada uma, exceto a quadra 4.
Percebe-se, ainda, que as caixas de correio não são bem distribuídas e a localização das
cabines de venda de cartões telefônicos está concentrada nas quadras 4, 5 e 7. As duas
primeiras (4 e 5) são caracterizadas por grande movimento, já a quadra 7 possui
pouquíssimo movimento. Vale ressaltar, que a localização das cabines constitui uma
barreira à passagem dos consumidores.

As Tabela 3 e 4 mostram as características do mobiliário existente e seu estado de


conservação. Pode-se perceber que apesar das lixeiras, jardineiras e bancos apresentarem
bom estado de conservação, existe uma falta de linguagem e unidade entre eles, que gera
desarmonia, desconforto visual e compromete a qualidade estética do ambiente. A forma
como estão distribuídos no calçadão também constitui um problema, pois servem de
barreiras, não apenas aos portadores de deficiência visual, mas aos usuários distraídos, que
esbarram constantemente nas sapatas dos pórticos, jardineiras, quiosques, entre outros.

Tabela 3 Caracterização do mobiliário utilizado diretamente pelo usuário.

Mobiliário Imagens Estado de Conservação

Lixeira
De metal azul e branco, em
bom estado

As jardineiras estão bem


conservadas. Em algumas
quadras as espécies arbustivas
Jardineiras
escolhidas possui manutenção
freqüente, em outras quadras
isso não ocorre.

Bancos concreto
Alguns bancos são de concreto
e estão bem conservados
Outros bancos em madeira
Bancos madeira
foram projetados junto às
jardineiras e também estão bem
conservados

Foram observadas duas


Orelhões
tipologias de orelhões. Ambos
agridem visualmente o
calçadão

Caixas de Correio
Possuem projeto padronizado
dos correios

Quiosque
Constituem barreira à
telefônico
passagem de pedestres e são
poluídos visualmente

O prolongamento das
lanchonetes no calçadão
proporciona um ambiente
Particulares agradável para os
consumidores, entretanto
atrapalha a passagem dos
transeuntes

Tabela 4 Caracterização do mobiliário utilizado indiretamente pelo usuário.

Mobiliário Imagens Estado de Conservação


Luminárias
De metal preto e globo leitoso,
em bom estado de conservação

Postes (altos) Os postes, juntamente com a


fiação, contribuem para a
poluição visual

Facilitam a circulação de
Semáforo pedestre, que atravessam as
ruas transversais, onde o
trânsito é intenso

As coberturas em forma de arco


são de material plástico, na cor
azul e estão sujas. A estrutura é
Cobertura Arco de aço fixo ao chão através de
sapatas aparente, que
constituem barreira aos
pedestres

Além da quantificação do mobiliário e avaliação do seu estado de conservação, também


foram avaliadas questões como a acessibilidade aos portadores de necessidades especiais,
resgate da arquitetura local e preservação do patrimônio arquitetônico A Tabela 5
exemplifica essas questões, onde se pode observar que a acessibilidade aos portadores de
necessidades especiais, ainda não é levada a sério pelo poder público municipal e pela
maioria dos comerciantes. Existe uma lei que garante a acessibilidade plena, mas a mesma
não é fiscalizada.

Alves e Soledade (2005) reforçam essa questão através de um estudo de caso, sobre a
acessibilidade em áreas centrais, que evidencia uma série de problemas, tais como:
travessia de ruas; a existência de degraus na entrada dos estabelecimentos comerciais;
pisos com buracos, mal assentados ou desnivelados; a presença de ambulantes ou mesas de
lanchonetes atrapalhando a passagem nas calçadas; guias de rebaixamento colocadas fora
da faixa de pedestres, ou com buracos na frente impedindo seu uso, entre outros. As
autoras ressaltam, ainda, que barreiras arquitetônicas, também são obstáculos para os
cidadãos ditos “normais”. Essas barreiras podem ser evitadas através da aplicação de
normas de acessibilidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como a
NBR 9050 (1994), que possui recomendações para garantir acessibilidade as edificações,
espaço urbano, mobiliário e equipamentos urbanos.

Quanto ao aspecto de conservação dos estabelecimentos comerciais, o processo de


recuperação das fachadas do calçadão com base na Lei n° 4951/02, que proporcionou
incentivo fiscal aos comerciantes, teve apoio da maioria dos lojistas do calçadão. Os
resultados desse processo foram visíveis e contribuiu para o resgate da arquitetura local,
predominantemente eclética e com alguns edifícios tombados pelo patrimônio histórico.
Entretanto, como o benefício fiscal se restringiu aos anos 2003 e 2004, uma grande parte
dos comerciantes não se preocupou em fazer manutenção das lojas. Desta forma, muitas
delas já se encontram parcialmente degradadas, necessitando, portanto, de uma nova
renovação.

Tabela 5 Aspectos da acessibilidade e conservação/manutenção da lojas do Calçadão


da Batista de Carvalho, Bauru-SP

Questões Imagens Avaliação


Os rebaixos nas calçadas, para
facilitar acesso aos cadeirantes
são mal feitos e não coincidem
com a faixa de pedestre. Além
Acessibilidade
disso, pouquíssimas lojas
possuem acesso adequado, tais
como rampas ou ausência de
degrau entre rua/loja.

As reformas das fachadas das


lojas apoiados na Lei n°
4951/02, contribuiu para uma
Conservação e
maior apreensão da arquitetura
manutenção das lojas
local. Entretanto, atualmente
muitas fachadas carecem de
manutenção

Outro problema identificado, mais em menor proporção é a poluição visual causada pelo
excesso de propaganda, pois mesmo com a redução da mesma, causada pela reforma das
fachadas, dentro do processo de revitalização da área, que limita o tamanho da placa com o
nome da loja, ainda se observa uma necessidade de alguns lojistas em expor cartazes na
tentativa de chamar a atenção dos consumidores.

4.2 Perfil e opinião dos usuários

Com a aplicação dos questionários, junto aos usuários do calçadão, foi possível identificar
o perfil dos diversos segmentos, que engloba os comerciantes, comerciários e transeuntes.
A Tabela 6 mostra as características quanto ao sexo, idade, escolaridade, renda mensal e
meio de transporte utilizado para acessar o calçadão. Pode-se observar que entre os
usuários-comerciantes, 63% são do sexo masculino, possuem uma renda mensal de
R$1000,00 a R$3000,00 mensais (48%) e utilizam carro particular (70%), como meio de
transporte. A maioria dos comerciários (77%) e os transeuntes (54%) são do sexo
feminino, e ganham em geral de R$500,00 a R$1000,00 mensais. Os comerciantes e
comerciários compreendem, em geral, uma faixa etária entre 21 a 40 anos e possuem na
maioria, o segundo grau completo. Já os transeuntes, possuem uma faixa etária menos
elevada (16 a 30 anos) e 29% deles possuem o segundo grau incompleto.

Tabela 6 Perfil dos usuários do calçadão da Batista de Carvalho

Características Comerciantes Comerciários Transeuntes


63 % masculino 77 % Feminino 54 % Feminino
Sexo 37 % Feminino 23 % masculino 46 % masculino
30 % 21 a 30 anos 43 % 21 a 30 anos 38 % 21 e 30 anos
Idade 30 % 31 a 40 anos 17 % 31 a 40 anos 21 % 16 a 20 anos
50 % 2° grau completo 70% 2° grau completo 29 % 2° grau
Escolaridade 26 % 3°grau completo 11% 2° grau incompleto incompleto
15 % 3° grau incompleto 5% 3° completo 24 % 2° grau completo
48% de 1000 a 3000 54% de 500 a 1000 36% de 500 a 1000
reais reais reais
Renda Mensal 28% 500 a 1000 reais 28% acima de 1000 33% até 500 reais
24% Acima de 3000 18% até 500 reais 31% acima de 1.000
70% utilizam carro 70% utilizam ônibus 56% utilizam o ônibus
Meio de 22% vão a pé 13% utilizam carro 21% utilizam o carro
Transporte 9% ônibus e moto 17% outros 23% outros

A Tabela 7 mostra o ponto de vista dos usuários em relação aos aspectos de segurança,
limpeza, calçamento, acessibilidade, sombreamento, aparência, entre outros. Para os
comerciantes, os aspectos mais favoráveis (bom, ótimo) foram: acessibilidade, calçamento,
conservação do mobiliário. Os comerciários apontaram a iluminação, conservação do
mobiliário e limpeza. Já os transeuntes ressaltaram o calçamento, a iluminação e a
segurança. Assim, pode-se constatar que o calçamento, a conservação do mobiliário e a
iluminação, são os aspectos que mais agradam os usuários do local. A acessibilidade
também foi lembrada pelos comerciantes, entretanto o que se observou in loco foi a
inexistência em quase todas as lojas de rampas de acessos para “portadores de
necessidades especiais”, além das condições precárias relacionadas ao espaço público.

Os aspectos que receberam as piores atribuições conceituais (precário e péssimo) por parte
dos comerciantes foram: ruído, paisagismo, limpeza. Os comerciários apontaram a falta de
sombreamento, acessibilidade inadequada e problemas com o intenso barulho local. Já os
transeuntes, ressaltaram a falta de sombreamento, a acessibilidade deficiente e a carência
de um paisagismo mais eficiente. Outra forma de visualização desses resultados é a
aplicação do “Diagrama de Paretto”. A Figura 4 mostra uma aplicação do mesmo para o
segmento dos comerciários, onde se podem visualizar, na parte superior do eixo vertical, as
questões que receberam as piores atribuições, que foram: 14 (sombreamento), 13
(acessibilidade) e 19 (ruído). Com base nesses resultados, pode-se constatar que os
aspectos relacionados com paisagismo, sombreamento, acessibilidade e ruído necessitam
de ajustes para melhorar a qualidade do ambiente analisado e gerar satisfação dos usuários.

Tabela 7 Opinião dos usuários do calçadão sobre aspectos locais


Aspectos Comerciantes Comerciários Transeuntes
41% boa/ótima 40% razoável 42% razoável
Segurança 33% razoável 31% boa/ótima 37% boa
26% precária e péssima 29% precária e péssima outros 21%
48% boa/ótima 40% razoável 46% razoável
limpeza 30% precária e péssima 39% boa/ótima 27% boa ótima
22% razoável 21% precária e péssima 26 % precária e péssima
61% bom/ótimo 36% bom/ótimo 49% bom/ótimo
calçamento 35% razoável 34 % razoável 31% razoável
4% precário e péssimo 30% precário e péssimo 20% precário e péssimo
61% boa/ótima 36% precária/péssima 49% precária/péssima
acessibilidade 35% razoável 33 % razoável 31% boa/ótima
4% precária e péssima 31% bom/ótimo 20 % razoável
37% razoável 43% precário/péssimo 50% precário/péssimo
Sombreamento 35% boa/ótima 34 % razoável 29 % bom a ótimo
28 % precário/péssimo 23% bom e ótimo 21 % razoável
41 % boa/ótima 43 % razoável 36 % razoável
Aparência 30 % razoável 31 % boa/ótima 32 % boa/ótima
28 % precária/péssima 26% precária/ péssima 32 % precária/péssima
57% boa/ótima 39 % boa/ótima 36 % razoável
Conservação
26% razoável 32% razoável 32 % boa/ótima
do mobiliário 17 % precária/péssima 29 % precária e péssima 32 % precária a péssima
50 % boa/ótima 48 % boa/ótima 47 % boa/ótima
Iluminação 43 % razoável 34 % razoável 28 % razoável
7 % precária e péssima 18 % precária e péssima 25 % precária e péssima
46 % bom/ótimo 33 % razoável 45 % precário/péssimo
Paisagismo 33% precário/péssimo 33% bom/ótimo 32 % bom/ótimo
22 % razoável 32 % precário/péssimo 23 % razoável
43 % razoável 52% razoável 47 % razoável
Ruído 35 % precário/péssimo 38 % precário/péssimo 38 % precário/péssimo
22 % bom 10 % bom 15 % bom

14
13
19
Questões

17
15
12
10
11
18
16

0 5 10
10- Segurança 11- Limpeza 12- Calçamento 13- Acessibilidade 14- Área Sombreada
Escala de 0 a 10 (5 média mínima aceita)
15- Aparência 16- Transporte 17 - conserva ção do Mobiliário 18- Iluminação 19- Paisagismo
Escala de 0 a 10 (5 mínima aceitável)

Fig. 4 Diagrama de Paretto aplicado ao segmento dos comerciários do Calçadão da


Batista de Carvalho, Bauru-SP

4.3 Diretrizes projetuais

A partir da análise dos resultados da avaliação pós-ocupação do calçadão foi possível


visualizar uma série de aspectos que necessitam de uma intervenção projetual, com o
objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos seus usuários. Algumas
dessas diretrizes foram apontadas pelos vários segmentos dos usuários, outras foram
identificadas pela equipe que realizou o trabalho. Uma síntese dos resultados é apresentada
na Tabela 8, que elenca as principais necessidades de intervenção projetual do calçadão.
Ressalta-se que a qualidade desse importante espaço público depende de uma série de
medidas, que carecem de um planejamento em longo prazo, para que sejam de fato
efetivadas.

Tabela 8 Recomendações projetuais para o calçadão da Batista de Carvalho em


Bauru-SP

Aspectos Recomendações
Existe uma necessidade real de proposta de redesign das atuais
coberturas/pórticos locados ao longo do calçadão. Além de problemas
relacionado com a altura das mesmas, que são incompatíveis com as
Sombreamento exigências do corpo de bombeiros, elas estão degradadas e além disso, existe
uma demanda por áreas mais sombreadas e que protejam os transeuntes em
dias de chuva
Todas as lojas devem ter acesso aos portadores de necessidades especiais.
Aspecto que deve ser estendido aos espaço público. Sugere-se que o piso do
Acessibilidade calçadão seja nivelado nas passagens da ruas transversais. A colocação de um
e Calçamento piso táctil para facilitar o trânsito dos deficientes visuais, também é
recomendada. O novo piso deverá ter um bom escoamento de água pluviais.
Atualmente existem problemas de empossamento, quando chove.
Padronização do mobiliário existente, com o intuito de melhorar qualidade
estética, de manutenção e buscar uma identidade visual. Além disso, é
Mobiliário necessário que todo o mobiliário e equipamentos sejam locados em faixa
urbano única, para liberar fluxo de pedestres e acabar comas diversas barreiras aos
transeuntes.
O paisagismo deverá ser adequado a nova proposta de mobiliário urbano. Para
Tratamento melhorar questões de manutenção de mudas e linguagem visual, é necessário a
paisagístico escolha de espécies mais resistentes e adequadas ao clima de Bauru
Melhorar a iluminação no período noturno e instalação de um posto policial
Segurança móvel, em posição central. Contudo, a principal medida para o aumento de
segurança é o incentivo da habitação no centro.
Os problemas de ruído foram apontados pelos comerciários, por isso
Ruído recomenda-se estudos especializados nas lojas, que culminará em
recomendações específicas para cada caso
Canalização subterrânea da fiação, para melhorar aspecto de poluição visual
Aparência causada pelo excesso de fiação

5 CONCLUSÃO

A avaliação pós-ocupação no calçadão da Batista de Carvalho em Bauru, com destaque


para os aspectos físicos, funcionais e comportamentais, permitiu a identificação dos
principais aspectos positivos e negativos desse ambiente construído. Destaca-se o fato de
que apesar do mobiliário apresentar bom estado de conservação, problemas relacionados
com a falta de unidade visual e sua distribuição aleatória, comprometem a estética e o
desempenho funcional do calçadão. Esse mobiliário, ao mesmo tempo em que atende às
necessidades dos usuários, também constitui barreira física aos transeuntes.A falta de
medidas arquitetônicas que atendam as necessidades dos portadores de necessidades
especiais também é evidente. Os acessos às lojas, ruas são inadequados e inexiste
sinalização sonora e piso táctil para os deficientes visuais.
Outro aspecto, bastante crítico, diz respeito à carência de sombreamento das quadras, uma
vez que as áreas de sombreamento, causadas pelas atuais coberturas, são reduzidas. Por
isso, faz-se necessário uma nova proposta de cobertura, que proteja os transeuntes da
radiacao solar direta e garanta proteção em dias de chuva. O estudo dessa nova cobertura
deverá, no entanto, contemplar as diferenças no fator de visão do céu de cada quadra. Além
disso, aspectos de conforto térmico local, a partir do ponto de vista dos usuários, deverão
ser considerados. Para isso, pretende-se pesquisar sobre os microclimas locais (diários e
sazonais), e a sensação e percepcão térmica dos transeuntes. Aspectos importantes para o
projeto comprometido com a sustentabilidade urbana.

No contexto da requalificação da área central de Bauru, torna-se fundamental que as


medidas já implementadas tenham uma continuidade, a partir de incentivos fiscais,
iniciados pela Lei 4951/02. Entretanto, é importante ressaltar que a requalificação do
centro como um todo, requer muitas outras medidas, como o incentivo do repovoamento
da área central, principalmente a partir da reciclagem de edifícios existentes para a
finalidade habitacional, como são destacados em estudos específicos da área.

6 REFERÊNCIAS

Alves, S. A., Soledade, M. M.(2005) Barreiras arquitetônicas em espaço público. Estudo


de caso: área central de Bauru, Anais do 1° Congresso Luso Brasileiro para o
Planejamento Urbano Regional Integrado Sustentável, 20-30 setembro 2005.

Ananian, P. (2005) A influência do equipamento na revitalização de áreas centrais. 150


f. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial) – Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Bauru.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050 (1994): Acessibilidade de pessoas


portadoras de deficiência a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. Rio de
Janeiro, 1994.

Bauru, Leis e Decretos. Lei n° 4951 de 31 de dezembro de 2002. Dispõe sobre a


publicidade ao ar livre e nas fachadas na área central comercial.

Fontes, M. S. G. de, Giacomeli, D. C., Hamada, M., Ribeiro, Marcela de O. Murata, D.


M., Beatriz, E., Gasparini Júnior, R. A., Melo, L. F. (2005) Qualidade dos principais
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Construído e IV Encontro Latino americano sobre Conforto no Ambiente
Construído, ANTAC, Maceió, 5-7 outubro 2005.

Nikolopoulou, M., Baker, N., Steemers, K (2001) Thermal comfort in outdoor spaces: the
humam parameter. Solar Energy, 70 (3).

Ornstein, S. (1992) Avaliação pós-ocupação (APO) do ambiente construído. Sheila


Ornstein, Marcelo Romero (colaboradores), Studio Nobel, Editora da Universidade de São
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Peretti, G., Montacchini, E. (2002) Environmental quality of open spaces, Proceedings


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