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“Vínculo afetivo mãe-bebê: da gestação aos primeiros anos de vida”

O vínculo afetivo mãe-bebê é considerado e reconhecido como essencial para a


construção da vida psíquica do ser humano; é a partir do vínculo com a mãe que o bebê
vai experimentar o mundo, assim, é a mãe, fundamentalmente, quem apresenta o mundo
ao bebê.

O que caracteriza o vínculo afetivo mãe-bebê?


É uma relação de afeto que se caracteriza pela reciprocidade. Quando nasce um bebê a
demanda com seus cuidados físicos é muito mobilizadora, pois há uma necessidade de
garantir a sua sobrevivência. Ocorre que esses cuidados representam e simbolizam o
investimento afetivo da mãe no bebê; este então recebe esses cuidados, gratifica-se com
eles, ou não, e assim responde a eles. Então o bebê chora porque está com fome, a mãe
oferece o alimento e o bebê se acalma, e isso gratifica a mãe. Estabelece-se, então um
ciclo de reciprocidade, permeado pelo afeto entre mãe e bebê. É a partir, e através, desse
processo contínuo de interações entre a mãe e o bebê que o vínculo afetivo entre eles vai
se construindo.

Qual a importância do vínculo afetivo para o bebê?


É através dessa relação afetiva, recíproca e ativa, entre a mãe e seu bebê, que se constrói
a base para o estabelecimento dos outros vínculos afetivos que serão formados no
decorrer da vida. Não seria exagero considerar que esse primeiro vínculo afetivo
assume, dentro da vida emocional do indivíduo, um papel determinante nos
relacionamentos e escolhas mais importantes de sua vida. A relação de confiança que o
ser humano estabelece com o mundo, baseia-se no vínculo mãe-bebê.

Desde a gestação é possível favorecer um bom vínculo afetivo entre a mãe e o bebê?
Sim, na medida em que já existe um relacionamento entre eles desde a gestação. O
relacionamento corporal entre a mãe e o bebê durante os meses de gestação, favorece
devido à proximidade e intensidade. Então, quando uma mãe sente seu bebê mexer
ainda no ventre, estabelece com ele uma relação, pois este acontecimento a mobiliza
emocionalmente estimulando uma reação, assim ela pode falar amorosamente com ele,
ou falar do incômodo que sente quando o bebê mexe.
Esse é apenas um exemplo diante das várias possibilidades de favorecimento do vínculo
afetivo mãe-bebê.

Como a mãe pode estabelecer um contato afetivo com seu bebê desde a gestação?
A mãe pode dedicar uma atenção dirigida ao bebê em alguns momentos do dia, como
por exemplo, conversar com ele descrevendo atividades em que estará envolvida,
anunciando os preparativos que ela está providenciando para a chegada do seu filho,
colocar músicas que sejam agradáveis, cantarolar cantigas de ninar, acariciar o ventre e
compartilhar sentimentos para estabelecer uma relação de confiança, segurança e
otimismo. O importante é que a mãe haja de forma natural e espontânea, pois a verdade
é o espaço mais seguro, por onde o amor pode circular com segurança, onde a
construção dos laços afetivos segue seu curso natural.

O momento após o parto é o mais importante para a mãe e o bebê?


Sem dúvida as primeiras semanas após o parto são muito importantes para o vínculo. É
um momento onde a intensidade da relação é determinante na construção do vínculo.
Ainda que a mãe ofereça uma dedicação quase que exclusiva, e o bebê nasça
“equipado” para apegar-se à mãe através dos seus sentidos, é uma fase muito delicada.
Mãe e bebê precisam de apoio, vindo do pai, das avós ou das amigas, para que eles se
reconheçam, para que construam, juntos, um espaço afetivo harmônico. Mãe e bebê
precisam estar juntos, próximos, a mãe está recebendo seu bebê, e está fisiologicamente
preparada para isto. A amamentação é o momento de proximidade mais importante, é
neste momento, principalmente, onde são estimulados mecanismos sensoriais,
hormonais, fisiológicos, imunológicos e emocionais. Mas, se não há possibilidade de
amamentar, ainda assim, o momento da mamada pode ser estimulador para a relação
mãe-bebê, pois, também pode proporcionar proximidade, afeto e segurança.

Existe algum tipo de apoio profissional na promoção do vínculo afetivo mãe-bebê?


Durante a gestação a mãe pode participar de programas de pré-natal psicológico, com
profissional especializado, onde é oferecido um suporte emocional específico para esta
fase da vida da mulher. Pode ser realizado individualmente, e de forma breve, ou em
grupo, onde o compartilhar de experiências, técnicas de relaxamento e visualização são
usadas para favorecer o vínculo mãe-bebê. Também de caráter informativo, essas
propostas auxiliam as mães a lidarem com as fantasias e dúvidas em relação ao parto e
ao pós-parto.
Existe também um trabalho de apoio aos pais e bebês no período do pós-parto,
oferecendo suporte emocional quando existem dificuldades no manejo desse período
por diversos motivos, por exemplo: depressão materna, dificuldade no estabelecimento
de um vínculo positivo, dificuldades de amamentação, perdas e separações, doenças ou
malformações, etc. O importante é a família pedir ajuda quando sente que tem
dificuldades, e isso é mais comum do que se imagina; essa atitude pode resultar no
resgate do equilíbrio emocional dos pais e do bebê.

Rosângele Monteiro Prado


Psicóloga – CRP 06/59888-7
Acompanhamento da gestação, parto e pós-parto
rosangele.monteiro@itelefonica.com.br

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