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Jorge Tufic

Vênus

Dá-me, Apeles, o sangue dos teus dedos

e as cores deste mar, espuma ardente

em que Vênus ressoa e se reparte

entre deuses e bichos, céus e terras,

para que a louve, prostituta imensa

feita de orgasmo e sol. Pombos e cisnes

a conduzem nos braços da Volúpia

onde ela exerce, pleno, o seu domínio.

Mas, de repente, queda-se cativa

de um mortal como Adônis. Tão completa

me parece esta deusa que seu brilho

tem, sobre nós, a calma perspectiva

de uma fúria saciada: um simples nome

que a eternidade rútila consome.

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