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Laura Sandroni

Um retrato do Amazonas em imagens artesanais


e versos de Thiago de Mello

Amazonas: águas, pássaros, seres e milagres, de Thiago de Mello. Ilustrações: Antônia


Diniz, Ângela, Marilu e Sávia Dumont sobre desenhos de Demóstenes. Editora
Salamandra, 48 páginas. R$ 14,90
‘Amazonas: águas, pássaros, seres e milagres", obra recente de Thiago de Mello, integra
a coleção intitulada "Dias bordados: memórias do Brasil", com textos de qualidade para
jovens - e adultos também - sobre diversas regiões do país, tendo a unificá-la as
ilustrações, sempre reproduções dos bordados da família Dumont, bordadeiras da cidade
de Pirapora, em Minas, nas barrancas do Rio São Francisco.
O autor do texto, um dos mais conhecidos poetas brasileiros, evita a aridez e o didatismo
comuns aos livros informativos para a juventude e, em prosa poética, passa ao leitor a
noção precisa das riquezas do Amazonas. E ele tem todas a condições para realizar tal
obra pois é um homem da região. Nnasceu num lugarejo chamado Bom Socorro, às
margens do Rio Paraná do Ramos, e nos primeiros dias de vida foi banhado em suas
águas. O batismo marcou-o com o amor profundo que sua obra sempre demonstrou pela
terra natal.
De início ele conta como, no ano de 1500, o espanhol Vicente Pinzón navegou o rio pela
primeira vez ao distingui-lo do oceano Atlântico, e relaciona os nomes que lhe foram
dados, no correr do tempo, desde o inicial Mar Dulce ao atual Amazonas. Segue-se a
descrição do rio e das nascentes, na cordilheira dos Andes, acompanhando as águas que
mudam a cada curva, as enchentes e vazantes, os ventos que passeiam na imensidão da
floresta. Logo são os pássaros da mais fantástica variedade, sobre os quais o poeta
constrói belos versos.
Os peixes merecem um capítulo no qual é valorizada a pesca como principal trabalho do
homem ribeirinho. Entre eles há lugar para a lenda do boto, contada com graça. As
árvores dão o tom verde que impregna todo o universo amazônico. São mais de duas mil
espécies, sem contar os arbustos. Além disso há as belíssimas plantas aquáticas, com
suas flores de variados tons. O autor nomeia ainda várias ervas medicinais, algumas já
exploradas pela indústria farmacêutica e as de "banho de cheiro". A última parte descreve
em versos emocionados a casa do avô do poeta, onde ele viveu quando menino.
Os bordados das filhas Ângela, Marilu, Martha e Sávia Dumont, sobre desenhos do irmão
Demóstenes e as vistas da mãe e mestra Antônia, são uma explosão de beleza que
surpreende aos que ainda não os conhecem. As cores vibrantes surgem dos pontos que
criam texturas diversas, enquanto os suaves contornos das formas dão a ilusão de
movimento em cada uma das cenas retratadas. A edição perfeita na qual o papel cuchê
valoriza a ilustração, torna o livro um momento de beleza e sensibilidade.

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