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LIÇÃO 1

SUBSÍDIO PARA O ESTUDO DA 1ª LIÇÃO DO 1º TRIMESTRE DE


2019 – DOMINGO, 6 DE JANEIRO DE 2018

BATALHA ESPIRITUAL – A REALIDADE NÃO


PODE SER SUBESTIMADA

Texto áureo

“Vigiai e orai, para que não


entreis em tentação; na verdade,
o espírito está pronto, mas a
carne é fraca.” (Mt 26.41)
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE – 1 Pe 5.5-9.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Meu Distinto e nobre Amigo Leitor, pela graça de Deus iniciaremos o nosso 1º
Trimestre das Lições Bíblicas, deste ano que já começou, com um tema atualíssimo
– Batalha Espiritual –, mas que infelizmente muitos cristãos estão ignorando de
forma irresponsável.

Logo, nesta Lição aprenderemos que a Batalha Espiritual é uma realidade


bíblica e que muitos ensinos sobre este tema estão equivocados.

Pois bem, neste 1º Trimestre o nosso comentarista é o Pr. Esequias Soares,


líder da Igreja evangélica Assembleia de Deus em Jundiaí. Presidente da Comissão
de Apologética da CGADB, graduado em Hebraico pela Universidade de São Paulo
e Mestre em Ciências da Religião.

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Será apresentado o conceito de Batalha Espiritual, ressaltando sua realidade
bíblica e distorções; Pontuar-se-á as principais “crenças” da pseudobatalha
espiritual; e, como desconstruir em essas “crenças” por meio da análise bíblica.

Portanto, amado amigo leitor - boa leitura e bons estudos!

I – A BATALHA ESPIRITUAL

1. O conceito de Batalha Espiritual.

Antes de conceituarmos Batalha Espiritual, vamos entender o significado de


“batalha” em nossa língua portuguesa. Segundo o Aurélio, este étimo significa:
“conjunto de combates simultâneos ou sucessivos, travados numa guerra”;
“Qualquer combate ou luta”. Portanto, Batalha Espiritual diz respeito aos embates
simultâneos ou sucessivos que o cristão enfrenta no mundo espiritual. É luta mesmo,
combate ferrenho, oposição ao reino das trevas, resistência com as armas
espirituais que estão ao nosso dispor: pregação do evangelho, oração, jejum,
intercessão, etc (Ef 6. 1-18; 1 Pe 5. 8,9; Is 59.17) .

Claro, o cristão não vai ficar agora atordoado ou preocupado, e até


perturbado com tudo que está ao seu redor como sendo tudo atribuído ao reino das
trevas, ou ao diabo, não! Calma, somos como peregrinos neste mundo, mas ainda
estamos nele. Existem coisas que nos sobrevém por causa de nossas paixões
carnais, que fazem parte da natureza pecaminosa e cumpre a nós dominá-las. (Tg
1.13-15; Gl 5. 16-21), embora o mundo jazer no maligno (1 Jo 5.19).

2. Uma realidade Bíblica.

O versículo oito da primeira carta de Pedro, do capítulo cinco, diz: “Sede


sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como
leão, buscando a quem possa tragar”.

Isso nos faz lembrar o que disse Barclay, sobre o ministério da resistência:

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Existe a lei da resistência cristã. O diabo sempre está buscando a
quem arruinar. Novamente Pedro deve ter lembrado como o diabo o
tinha vencido e como havia negado a seu Senhor. O diabo é o
inimigo jurado do homem e a fé de este tem que ser sólida como
uma muralha para que os ataques diabólicos se despedacem ao se
chocar contra ela. O diabo é como qualquer covarde: retira-se
quando corajosamente se resiste com a força e com a companhia de
Jesus Cristo.

Mas antes de o diabo se afastar de nós temos que resisti-lo como fez Jesus –
com a arma certa, a Palavra de Deus (Mt 4; Lc 4). Não estamos praticando uma
espécie de roleta russa espiritual, nem estamos em um circo, mas num mundo sob a
atuação de Satanás, em que a Igreja está inserida, e tudo isso, evidentemente, sob
o domínio de nosso Deus.

Em 2 Ts 2.7a, assim está escrito: “Pois o mistério da iniquidade já opera...”.


Que mistério é este? É justamente o reino de Satanás, nosso adversário, que
arregimentou legiões de demônios para investir contra tudo que se diz de Deus, mas
a sua igreja não será detida! (Mt 16.18). Como já se tem dito: “O cristão não é
chamado para sonhar, mas sim para lutar, não para ficar quieto, mas sim para
escalar. Não só é chamado para o maior privilégio no mundo, mas também para a
maior tarefa”.

3. O que não é Batalha Espiritual.

O autor da nossa lição nos alerta para este tema nos advertindo de que muita
coisa que se tem escrito neste campo de estudo na verdade são noções distorcidas
da realidade espiritual. Ele acrescenta: “trata-se de uma cosmovisão abrangente de
culturas antigas como a da Mesopotâmia e do Egito, influenciada pela magia e pelo
ocultismo”. Deixe-me explicar um pouco este pensamento. Praticamente todas as
crenças orientais admitiam um poder do mal assim como o poder do bem.

Pensavam numa espécie de guerra entre Deus e esse poder maligno. Por
exemplo, os babilônios relatavam que Tiamat, o dragão, rebelou-se contra Marduk, o
criador, e tinha sido destruído na batalha final.

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Os judeus também tinham esta concepção. O poder satânico era chamado de
Belial ou mais corretamente Beliar. Quando desejavam descrever ao homem como
extremamente mau eles o chamavam filho de Beliar. (Deuteronômio 13.13; 1 Reis
21.10, 13; 2 Samuel 22. 5.

Existia a crença muito difundida de que numa batalha final Deus triunfaria e
essa força antiDeus seria definitivamente destruída. Mais pela frente, a Cabala (a
parte mística do judaísmo) e o esoterismo introduziram outros ensinamentos sobre
este e outros assuntos, de modo que o ocultismo começou a prevalecer sobre
muitos temas, e um desses foi o que estamos a tratar neste trimestre.

Começou-se a supervalorizar o poder das trevas e a mesclar certos conceitos


com a superstição, causando uma confusão de ideias. Hoje há quem diga que não
existe nada de Batalha Espiritual, subestimam completamente este conceito, são na
verdade crentes carnais, que admite que tudo que acontece depende totalmente da
ação e pensamento humanos, estes dizem, que essa questão de guerra espiritual é
coisa de crente fanático – estes são os crentes liberais, adeptos de Bultman e seus
seguidores mundo afora.

II – PRINCIPAIS CRENÇAS DA PSEUDOBATALHA ESPIRITUAL

Pois, bem, agora, vejamos estas principais crenças sobre supracitado tema.
Mas antes cabe aqui um pequeno relato de quem foi o precursor deste tema
estudado.

Segundo Esequias Soares, o idealizador deste conceito de Mapeamento


espiritual, maldição hereditária e crentes endemoninhados foi o Missionário Britânico
James Ostra Fraser, missionário na China. Mas quem foi este homem?

Segundo a sua Biógrafa Eileen Fraser Crossman, em seu livro: Mountain


Rain: A Biography of James Ostra Fraser – Pionner Missionary to China, “James O.
Fraser, da China Inland Mission, era um desses escolhidos servos de Deus que
estava satisfeito com o trabalho na obscuridade quase total. Este homem foi um
pregador talentoso, estudioso de línguas, gênio musical e engenheiro.

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Ele veio para a província de Yunnan na China, em 1910, com um anseio do coração
para as almas dos Lisu, povo tribal quase esquecido.

Como Fraser deu-se ao trabalho de alcançar o Lisu, ele ficou um pouco


esquecido. Durante anos, ele morava sozinho, escondido atrás das grandes cadeias
de montanhas do extremo oeste da China. Havia um ar de mistério sobre este
homem talentoso que tinha escolhido uma vida num mundo primitivo e distante do
que estar entre a nobreza inglesa sobre os aplausos em uma sala de concertos
Inglês.

Depois de dominar a difícil língua Lisu, ele desenvolveu seu próprio “Fraser
Script” e traduziu a Bíblia para o dialeto tribal. Em 1916 houve um movimento real do
Espírito entre os Lisu, resultando em sessenta mil batismos em apenas dois anos. A
igreja Lisu continuou a crescer e, eventualmente, tornou-se um dos maiores grupos
cristãos tribais no mundo.

Em 1913-1914, James Fraser passou por um momento de profunda opressão


espiritual que o obrigou a lidar com questões que muitos preferem ignorar. Como
Fraser estendeu a mão para o povo Lisu, que estava espiritualmente cego e
trancafiado pelos ferrolhos do inferno, ele se tornou o objeto de um ataque
demoníaco intenso. Ele acabou entrando em uma depressão paralisante e
desesperadora. Ele logo começou a questionar até mesmo os próprios fundamentos
da sua fé em Deus. ‘Profundamente eram as fundações abaladas naqueles dias e
noites de conflito, até Fraser percebeu que por trás de tudo eram poderes das
trevas’, buscando dominá-lo”. O relato segue, mas basta por aqui.

Bem, teria sido a partir deste momento em que ele teria formulado os
conceitos descritos nesta lição. A questão é mais complexa do que pensamos, pois
não se pode julgar toda a vida de uma pessoa por algum momento de dificuldade
espiritual. Evidentemente, que não se pode, também, desenvolver uma doutrina em
experiências pessoais ou textos isolados. Este, pois, teria sido o seu grande erro.

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1. Mapeamento espiritual.

Segundo os adeptos destes ensinamentos, Mapeamento Espiritual é: “o


processo em que se comparam as informações e dados de uma região ou pessoas,
colocando-as sobre um mapa ou gráfico. As informações colhidas são usadas na
guerra espiritual com o fim de arrancar as pessoas das mãos do inimigo. O
mapeamento espiritual é como uma grande luz lançada numa região escura.
Permite-nos ver a estratégia do inimigo, e expõe os planos ocultos de Satanás para
aquela região ou algum grupo especial”.

Como nos dias o autor da lição, “a doutrina consiste na crença de que


Satanás designou seus correligionários para cada país, região ou cidade”. Portanto,
só haveria completa vitória quando um servo de Deus, um cristão cheio do poder de
Deus expulsasse esses espíritos malignos daquelas regiões. Citam textos como Mc
4.22; Jr 51. 20-21; 1 Tm 6.12; Nm 13. 1,2, 17-20, 29; At 17. 16, 22,23; Dn 10. 13,20;
1 Rs 11.33; Ez 8.14; Ex 7.9; Ex 7.17; Ex 8.2; Ex 9. 8-12,18; Ex 10.4; Ex 10.21, Mc
5.10, e muitos outros.

2. A maldição hereditária.

Segundo o Pr. João Flávio Martinez, uma das distorções doutrinárias mais
difundidas entre o povo de Deus ultimamente é o ensino das “maldições
hereditárias”, conhecido também como “maldição de família ou “pecado de geração”.
Estes conceitos circulam bastante através da televisão, rádio, literatura e seminários
nas igrejas. Muitos líderes, ministérios e igrejas, antes sólidos e confiáveis,
acabaram sucumbindo a mais esse ensino controvertido e importado dos Estados
Unidos.

Os pregadores da maldição afirmam que se alguém tem algum problema


relacionado com alcoolismo, pornografia, depressão, adultério, nervosismo, divórcio,
diabete, câncer e muitos outros, é porque algum antepassado viveu aquela situação
ou praticou aquele pecado e transmitiu tal pecado ou maldição a um descendente. A
pessoa deve então orar a Deus a fim de que lhe seja revelado qual é a geração no
passado que o está afetando.

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Uma vez que se saiba qual, pede-se perdão por aquele antepassado ou pela
geração revelada e o problema estará resolvido, isto é, estará desfeita a maldição.

Marilyn Hickey, autora norte-americana e que já esteve várias vezes no Brasil


em conferências da Adhonep (Associação de Homens de Negócios do Evangelho
Pleno), promove constantemente este ensino. Note suas palavras:

Se você ou algum de seus ancestrais deu lugar ao diabo, sua família poderá
estar sob a “Maldição Hereditária”, e esta se transmitirá a seus filhos. Não
permita que sua descendência seja atingida pelo diabo através das
maldições de geração. Os pecados dos pais podem passar de uma a outra
geração, e assim consecutivamente. Há na sua família casos de câncer,
pobreza, alcoolismo, alergia, doenças do coração, perturbações mentais e
emocionais, abusos sexuais, obesidade, adultério’? Estas são algumas das
características que fazem parte da maldição hereditária nas famílias.
Contudo, elas podem ser quebradas!

Ainda segundo o Pr. Martinez, um dos textos bíblicos mais usados


pelos pregadores da maldição hereditária para defender este ensino é Êxodo
20:4-6: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do
que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da
terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR teu
Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e
quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia até mil
gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos”.

Mas, de fato, isso é verdade? A Bíblia realmente ensina assim?


Veremos, isso, mais adiante.

3. “Crentes endemoninhados”.

Um dos temas mais polêmicos que a batalha espiritual tem gerado é se um


cristão pode ter demônios. Segue o Pr. Martinez, muitos ministérios de libertação
incluíram algum ritual para expulsar demônios de crentes em seus programas e isso
tem acontecido em simpósios de batalha espiritual em muitas igrejas. Alguns
teólogos também passaram, nos últimos anos, a aderir a tal posição e muitos deles
reconhecem que o assunto é controvertido.
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De qualquer forma, a Bíblia Sagrada tem a palavra final sobre esta questão
ou sobre qualquer outro assunto relacionado com a vida espiritual e o cristão.

Uma autora no Brasil demonstra ter opinião concordante com o tema, ao


declarar:

“Muitos defendem que, uma vez que o crente é habitação do Espírito (1


Coríntios 6.19), torna-se impossível um demônio habitar onde o Espírito habita (…) o
fato de o nosso corpo ter-se tornado o templo do Espírito Santo não quer dizer que
jamais poderá ser ocupado por maus espíritos. Não deveria, mas é possível (…) To-
dos quantos se envolvem no ministério de libertação testemunham a manifestação
de demônios em cristãos”.

Certa líder na área da batalha espiritual segue a mesma linha dessa autora e
conclui:

“Se partirmos do pressuposto de que os crentes não podem ter demônios ou


não podem ficar endemoninhados, corremos o risco de deixar muitos crentes
opressos dentro da igreja, vivendo uma vida de grande prisão, mornidão, com uma
dificuldade tremenda para crescer. Afinal, o inimigo deseja uma vida cristã medíocre.
E aqui é preciso esclarecer a questão da terminologia usada. De acordo com
dezenas de estudiosos do grego, daimonozomenai significa “ter demônios” e é
melhor traduzido pela palavra “endemoninhado”, nunca possesso, pois no Novo
Testamento não vemos o uso do termo (…) Endemoninhado tem um significado lato,
indicando o estado da pessoa que tenha um demônio ou até muitos demônios
perturbando ou oprimindo sua vida. Quanto ao local onde ele fica, não é o mais
importante. Ele pode ficar no corpo, fora do corpo, na alma da pessoa.”(Neuza
Etioka).

E aí segue outros adeptos desse pensamento.

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III – VAMOS A BÍBLIA

1. Sobre o mapeamento espiritual.

Alguém já escreveu: Que Cristianismo é esse? Que evangelho é esse? Que


doutrinas são estas? Ora, esse não é e nunca foi o evangelho anunciado pelos
apóstolos. Antes pelo contrário, este é o evangelho que alguns dos evangélicos
fabricaram! Infelizmente, a Igreja deixou de ser a comunidade da palavra de Deus
cuja fé se fundamenta nas Escrituras Sagradas, para ser a comunidade da
pseudoexperiência, do dualismo, do misticismo e do neomaniqueismo! Por favor,
pare, pense e responda: Por acaso, a Bíblia nos relata o apostolo Paulo escrevendo
aos crentes da igreja primitiva a fim de exortá-los a fazer um mapeamento espiritual
das cidades onde moravam? Por acaso o Senhor Jesus nos ensina no sermão do
monte a descobrirmos os nomes dos demônios que oprimem uma nação, a fim de
que os amarremos? E Pedro? Você o vê em suas epístolas exortando os cristãos a
descobrirem os pontos nevrálgicos de uma cidade a fim de que vençamos satanás?

Caro distinto leitor, as Sagradas Escrituras em momento algum nos ensinam


estratégias mirabolantes de batalha. Se junta a isso o fato de que em nenhum
instante, o Novo Testamento nos concede respaldo teológico para o ensino do
mapeamento espiritual. Além disso, o Senhor Jesus Cristo, em nenhum episódio,
nos orienta a mapear regiões, ou descobrir nomes de demônios e amarrá-los. O que
nos cabe fazer é obedecer integralmente suas ordens pregando o evangelho integral
do Senhor Jesus Cristo a toda criatura, crendo que ele é poderoso para a salvação
de todo aquele que nele crê como também para expulsar da vida dos homens toda
sorte de espíritos malignos.

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do


Pai, e do filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas
que vos tenho ordenado.” (Mt 29.18,19); “Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura”. ( Mc 16.15).

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2. Sobre a maldição hereditária (Ez. 18.20; Jr 31.28; Dt 24.16; 2Rs 14.6).

Pois bem, retornemos a questão deixada ainda no subtópico 2, do Tópico II.


Ouçamos o Pr. Martinez: “De que trata, afinal, tal passagem? Alcoolismo,
pornografia, depressão, ou problemas do gênero? É óbvio que não. O texto fala de
idolatria e não oferece qualquer base para alguém afirmar que herdamos maldições
espirituais de nossos antepassados em qualquer área das dificuldades humanas.

A narrativa do Antigo Testamento nos informa que sempre que a nação de


Israel esteve num relacionamento de amor com Deus, ela não podia ser
amaldiçoada. Vemos a prova disso em Números 23.7, 8, quando Balaque pediu a
Balaão que amaldiçoasse a Israel. A resposta de Balaão aparece no versículo 23.
“Pois contra Jacó não vale encantamento, nem adivinhação contra Israel”. Por outro
lado, sempre que a nação quebrou a aliança de amor com Deus, ela ficou exposta a
maldição, calamidades e cativeiro.

É verdade que os filhos que repetem os pecados de seus pais têm toda a
possibilidade de colher o que seus pais colheram. Os pais que vivem no alcoolismo
têm grande possibilidade de ter filhos alcoólatras. Os que vivem blasfemando, ou na
imoralidade e vícios, estão estabelecendo um padrão de comportamento que, com
grande probabilidade, será seguido por seus filhos, pois “aquilo que o homem
semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Isso poderá suceder até que uma geração se
arrependa, volte-se para Deus e entre num relacionamento de amor com ele através
de Jesus Cristo. Cessou aí toda a maldição. Note que no final do versículo cinco do
capítulo vinte de Êxodo, a Palavra de Deus declara que a maldição viria apenas
sobre aqueles que aborrecem a Deus, algo que não se passa com o cristão”.

3. Sobre a possibilidade de um cristão ser possesso.

Eis algumas razões bíblicas da impossibilidade de um cristão genuíno ser


possesso:

1o – razão: o crente é santuário do Espírito Santo. “Acaso não sabeis que o vosso
corpo é santuário do Espírito Santo que está em vós, o qual tendes da parte de

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Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora,
pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” (1 Co 6.19, 20.)

O Espírito Santo não é um visitante esporádico na vida do crente. É morador


definitivo, e não se ausenta de sua morada.Paulo garante que não há possibilidade
de convivência entre Cristo (Rm 8.9) e o maligno (Ef .:2.) “Que harmonia entre Cristo
e o maligno?” (2 Co 6.15.)

2o – razão: o Espírito Santo é zeloso pelo seu santuário. “Ou supondes que em vão
afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar
em nós?” (Tg 4.5.).

O Espírito Santo é a pessoa da trindade santa para a qual Jesus mais


reivindicou o nosso cuidado na análise de fatos ou no evitar de palavras
precipitadas. “Por isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos
homens; mas a blasfêmia contra o Espírito ‘Santo não será perdoada. Se alguém
proferir alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas se
alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo
nem no porvir.” (Mt 12.31, 32.)

Atribuir as obras de Jesus ao poder de Belzebu, o maioral dos demônios, já


era pecado e blasfêmia contra o Espírito Santo, que estava sobre Jesus (Lc 4.18,
19), pois o Espírito Santo não pode ser veículo usado por Satanás. Diante de tal
santidade e zelo será possível admitirmos que o Espírito Santo permitiria a entrada
de força maligna em seu santuário? Louvado seja o seu nome porque ele não
permite.

3o – razão: o crente é propriedade de Deus. É maravilhosa a declaração, de Paulo


em Efésios 1.13, 14: “Em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da
verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados
com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança até ao
resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.” No verso 14, os crentes são
chamados de “propriedade de Deus”. O sublime de tudo isto é que o Espírito Santo
é o “penhor” da nossa ressurreição futura, ou seja, a garantia de que não estamos

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órfãos (Jo 14:18) e de que seremos transformados na ressurreição (1 Co 15.52.). A
presença do Espírito Santo em nós é a garantia de que somos propriedade de Deus.

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pe 2.9.)

A propriedade é exclusiva. Essa “propriedade” não será loteada e vendida ao


diabo.

4o – razão: Jesus é o valente que tomou posse da propriedade.

“Quando o valente, bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em


segurança todos os seus bens. Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele
vence-o, tira-lhe a armadura em que confiava e lhe divide os despojos”. (Lc 11.21,
22.).

O Senhor Jesus veio ao mundo “para destruir as obras do diabo.” (1 Jo 3.8.)

Jesus é o Senhor absoluto de sua casa (1 Pe 2.5) e de seu tabernáculo (2 Co


5.1), que são os nossos corpos.

5o – razão: O Espírito Santo intercede pelos crentes em suas fraquezas.

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza;


porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós
sobremaneira com gemidos inexprimíveis.” (Rm 8.26.)

É porque o Espírito Santo perscruta até mesmo as profundezas de Deus que


Ele pode interceder por nós de acordo com a vontade perfeita do profundo e
humanamente insondável coração de Deus.

“Porque, qual dos homens sabe as cousas do homem, senão o seu próprio
espírito que nele está? Assim também as cousas de Deus ninguém as conhece,
senão o Espírito de Deus.” (1 Co 2.11.)

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6o – razão: O imutável amor de Cristo garante a segurança.

“Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio
daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem morte, nem vida,
nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes,
nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Rm 8.37-39.)

O que nos dá segurança é o fato de o amor ser o de Cristo Jesus. Seu amor é
sublime e leal, “é forte como a morte” (Ct 8.6) e a sua fidelidade está para além da
fidelidade do crente, porque “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira
nenhuma pode negar-se a si mesmo”. (2 Tm 2.13.)

“Bem-aventurado o homem que confia no amor de Cristo por sua vida. A


promessa para ele é: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua
direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite a lua, O Senhor te guardará de
todo o mal; guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada,
desde agora e para sempre.” (Si 121.5-7.)

O crente jamais será esquecido pelo amado Senhor Jesus, pois o seu nome
está nas palmas de Sua mão. “Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que
ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que
esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas
palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante
mim.”(Is 49.15, 16). O crente pode reivindicar todas as promessas da Palavra de
Deus, “Porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim; porquanto
também por ele é o amém para a glória de Deus, por nosso intermédio” (2 Co 1.20.)

Um filho de Deus jamais ficará possesso por espíritos malignos. Esta é a


confiança.

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4. O homem segundo a Bíblia.

A Bíblia diz em João 4.24: “Deus é Espírito, e é necessário que os que o


adoram o adorem em espírito e em verdade”.

Ora, se Deus é Espírito, então o homem não pode ser! Portanto, esse
ensinamento de que o Homem é espírito está equivocado. Ora se o homem é
espírito, então Jesus ao andar aqui na terra era espírito também! Ledo engano, pois
a Bíblia declara que o verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). Ele era de
carne e osso, embora fosse Deus. Isso é um mistério, só a eternidade nos explicará
com clareza esta verdade.

A Biblia ensina claramente que o homem veio do pó da terra e ao ser-lhe


soprado o fôlego de vida em suas narinas tornou-se alma vivente (Gn 2.7).

E interessante que o animal tem corpo mortal e é considerado um animal


irracional, pois lhe falta a parte imaterial.

Os anjos não tem corpo material e são considerados espíritos.

Já o homem, foi criado do pó da terra e na combinação do pó da terra com o


sopro de Deus, este se fez alma vivente. Logo se conclui que ele não é espírito.

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CONCLUSÃO

Logo, como bem escreveu o comentarista da Lição: “Há necessidade de


equilíbrio para que os exageros dessas aberrações doutrinárias não levem o crente
ao ceticismo, porque a batalha espiritual existe e ninguém deve subestimá-la”.

Destarte, cantemos ao Senhor Jesus com este belo coro – extraído do hino
de número 305 – da nossa Harpa Cristã, sabedores de que “a Batalha Espiritual é
uma realidade bíblica que consiste na luta contínua da Igreja contra o reino das
trevas.”

Quem pode o seu amor contar?


Quem pode o seu amor contar?
O grande amor do salvador,
Quem poderá contar?

[Jairo Vinicius da Silva Rocha. Professor. Teólogo. Tradutor. Bacharel em


Biblioteconomia – Presbítero, Superintendente e Professor da E.B.D da Assembleia
de Deus no Pinheiro.]
Maceió, 5 de janeiro de 2019.

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