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Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm>.
Marina Vanelli1
Histórico
1
Bacharel de Direito pela Unoesc. Aluna do Modulo I da Esmesc- Extensão de Itajaí.
serviços públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e estigmatização
das pessoas e dos serviços que as atendam".
Em que pese os tópicos supramencionados sejam cruciais, dois
dispositivos merecem uma atenção mais detida. São eles: o art. 28 e o art. 33.
O cerne do art. 28 está na expressão "consumo pessoal". Sobre tal
artigo o STF já se pronunciou no sentido de que ele não representa hipótese de
abolitio criminis e que houve apenas despenalização.2
O art. 33, caput, por sua vez trata do tráfico, com as suas formas
equiparadas no §1º. Já no §3º figura o chamado tráfico privilegiado e assim dispõe:
"oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem". O entendimento da Corte Suprema é no
sentido para a proibição judicial de eventos públicos de defesa da legalização ou da
descriminalização do uso de entorpecentes ofende o direito fundamental de
reunião.3
2
RE 635.659, de São Paulo.
3
ADI 4274
4
Advogado. Palestra: Dependência Química e Lei de Drogas- EMERJ.Disponível
em:<https://www.youtube.com/watch?v=VI_rFRcCSxY>.
sua explanação com a advertência de que o direito penal, no que se refere às
drogas, vem sendo usado como primeira racio.
Chamando atenção para a história das drogas, Tiago Luís5 relata
que “o racismo, a discriminação e o preconceito orientam a política antidrogas desde
o seu início. As drogas não foram criminalizadas por conta de seu potencial lesivo,
mas sim por causa de determinados grupos sociais que utilizavam essas drogas”.
Nas palavras de Rubens Roberto Casara6, o proibicionismo presente
na lei de drogas é incompatível com políticas públicas que visem a manutenção de
uma vida digna.
Conclusão
Por tudo o que foi exposto, fica evidente que se trata de lei um tanto
vaga, fato que dificulta a sua eficácia. Inspirada em ideologias ainda muito
arraigadas ao senso comum negativo e difundidas por quem detém o poder, seja
político ou midiático, a mudança real se torna um processo difícil.
O leigo diz que o usuário é bandido e que sustenta o tráfico. O
combate ao tráfico é tratado como heroico pelos programas sensacionalistas.
Exerce-se a desinformação da população. Com esse conjunto de fatores, o que
realmente importa fica em segundo plano. Debates que poderiam gerar soluções
são abafados.
A regulação da produção e da venda pelo Estado, poderia se
mostrar mais efetiva que a repressão. Os que sofrem com o uso e o abuso
problemático das drogas contrariam com uma rede de proteção mais eficiente e
condizendo com os parâmetros basilares do Sistema Nacional de Políticas Públicas.
A dinâmica da lei permite que pessoas sem o preparo necessário
enquadre no tipo penal de tráfico, aquilo que poderia ser tido como uso, amparado
pela multiplicidade de verbos presentes no art. 33. Isso acaba afetando de
sobremaneira o sistema carcerário.
5
Delegado. Palestra: Drogas: Legalização mais controle. Disponível
em:<https://www.youtube.com/watch?v=hLIuRPANOnU>.
6
Juiz de Direito.Drogas: dos perigos da proibição à necessidade de legalização. Disponível em:<
https://www.youtube.com/watch?v=78vDG4IiXGY>.
No plano de fundo da lei está um ranço de exclusão velada, que
autoriza a perpetuação do status quo. Uma rotulação disfarçada que divide o mundo
entre bons e maus. Uma guerra autorizada, estatizada e sem propósito.