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IMPACTOS

SOCIOECONÔMICOS
E URBANOS
DA 99 NA REGIÃO
METROPOLITANA
DE SÃO PAULO
IMPACTOS
SOCIOECONÔMICOS
E URBANOS
DA 99 NA REGIÃO
METROPOLITANA
DE SÃO PAULO

Pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas


Econômicas a pedido, com suporte técnico, de dados
e financiamento da 99. A independência acadêmica foi
respeitada em todas as etapas do processo, especialmente
em relação aos resultados.

EQUIPE TÉCNICA:

Fipe
Eduardo Amaral Haddad (coordenador)
Eduardo Germani
Fernando Barreto
Miguel Luiz Bucalem
Pedro Levy Sayon
Renato Schwambach Vieira

99
Ana Waksberg Guerrini
Miguel Stevanato Jacob

Apresentação dos resultados: 99


Contato institucional: policy@99app.com

São Paulo, novembro de 2018

1
ÍNDICE

FOREWORD 99 3

FOREWORD FIPE 4

SUMÁRIO EXECUTIVO 5

INTRODUÇÃO 8

DADOS 12

SÍNTESE METODOLÓGICA 14

RESULTADOS 24

REFERÊNCIAS 35

2
FOREWORD
99

A
99 foi fundada em 2012 aplicativo a fim de levantarem-
por três brasileiros que se hipóteses que são tratadas
buscavam conectar internamente ou em parceria com
motoristas e passageiros, universidades ou organizações
ofertantes e demandantes de multilaterais. Neste contexto, a Fipe
viagens de carro. A ideia mudou a e a 99 realizaram, conjuntamente,
forma como milhões de pessoas um estudo cujo resultado é
se deslocam nas cidades, o apresentado nesse relatório.
que gera impactos urbanos e
Procuramos entender qual é o
socioeconômicos consideráveis.
sentido e a magnitude do efeito
Alguns deles são diretamente
que a 99 gera sobre algumas
deriváveis; por exemplo, o serviço
variáveis econômicas e urbanas:
prestado pela 99 é uma forma clara
demanda por vagas de garagem,
de como a tecnologia pode ser
tempo médio de deslocamento,
utilizada para diminuir a assimetria
salários, desigualdades de renda
de informações e aumentar a
dos trabalhadores e de tempo
eficiência no uso de recursos
gasto nas viagens, produto regional
de um setor. Aferir os efeitos
da economia e concentração de
urbanos e econômicos, por outro
postos de trabalho. Calibramos
lado, é algo mais complexo – mas
nosso entendimento sobre o uso
não impossível. Ao compreender
do transporte como um serviço e
melhor tais impactos, a 99 entende
tornamos aqui essas informações
que contribuirá mais para a
públicas à comunidade interessada.
transformação positiva das cidades.
A 99 agradece à Fipe pela frutífera
Para tal, a 99 conta com uma área parceria, e espera poder contribuir
de pesquisa dedicada a analisar com pesquisas futuras.
os dados gerados nas milhões
de viagens intermediadas pelo ANA WAKSBERG GUERRINI

3
FOREWORD
FIPE

A
Fundação Instituto de na fronteira do conhecimento, busca
Pesquisas Econômicas (Fipe) dar continuidade ao desenvolvimento
foi constituída em 1973 para e utilização de instrumentais
apoiar o Departamento de Economia analíticos, baseados em técnicas
da Faculdade de Economia, modernas de modelagem, para o
Administração e Contabilidade da estudo de fenômenos econômicos
Universidade de São Paulo (FEA USP), específicos, enfatizando-se o
com destacada atuação nas áreas papel das interações espaciais e a
de pesquisa e ensino. Nestes 45 distribuição da atividade e da renda
anos desde sua criação, a Fipe tem no espaço econômico.
aproximado a academia de entidades
Este relatório, produto de parceria
públicas e privadas, promovendo
entre a Fipe e a 99, apresenta
pesquisas acadêmicas e aplicadas
os resultados dos impactos
com a finalidade de diagnosticar,
socioeconômicos da introdução
quantificar e avaliar os impactos das
do tipo de serviço prestado pela
políticas econômicas e sociais.
empresa 99 no transporte da Região
Em relação à área de Economia Metropolitana de São Paulo (RMSP)
Regional e Urbana, a atuação da frente a cenários de projeção do
Fipe tem estreita relação com os crescimento da demanda e de novas
pesquisadores vinculados ao Núcleo modalidades de serviços, como
de Economia Regional e Urbana da o compartilhamento de veículos.
USP (Nereus), que tem se firmado Trata-se de versão consolidada de
como centro de excelência nacional e um estudo de fôlego que envolveu
internacional, com capacitação única pesquisadores das duas instituições
para implementação de modelos e contou também com o apoio da
de grande escala. A equipe agrega equipe técnica da consultoria TTC.
professores e pós-graduandos O que se segue é uma apresentação
com interesse em diversas áreas da síntese metodológica utilizada,
de economia aplicada, em que a destacando-se os principais
dimensão espacial torna-se elemento parâmetros utilizados, seguido da
fundamental de análise. Essa área apresentação dos impactos espaciais
de pesquisa é responsável pelo e agregados, em um ano típico (2017)
desenvolvimento de capacitação de operação dos serviços da 99,
analítica para a avaliação de novas sobre indicadores socioeconômicos
iniciativas de política econômica selecionados.
no Brasil e em outros países. Em
desenvolvimento contínuo, sempre EDUARDO AMARAL HADDAD

4
SUMÁRIO
EXECUTIVO

N
a Região Metropolitana mais de 3 milhões de passageiros,
de São Paulo (RMSP) respectivamente, ofertantes e
residem aproximadamente demandantes de viagens urbanas.
20 milhões de pessoas, que
Em qualquer setor aferir impactos
realizam mais de 43 milhões – isto é, isolar efeitos espúrios
de deslocamentos por dia. Por e imputar um efeito a uma
ser um dos polos econômicos e ação – é tarefa difícil, sobre a
tecnológicos do país, a RMSP é qual economistas se debruçam
palco de mudanças ensejadas diariamente. Não é diferente em
ou catalisadas pela inovação. O relação ao presente tema: há
transporte urbano, parte de um alguns trabalhos que objetivam
sistema complexo e integrado à entender qual é a transferência
sociedade, não poderia estar alheio modal e os impactos do e-hailing
a tais mudanças. sobre, entre outros, o trânsito
e o número de passageiros do
Durante os últimos anos, nas transporte público. Não havia, no
maiores cidades brasileiras, entanto, avaliações de impacto
tornou-se possível usar um realizadas com dados reais de
automóvel sem necessariamente viagens assim como não havia
possuir esse bem. A 99 é um dos aferição do efeito do P2P sobre
exemplos de empresa que, através variáveis econômicas como renda
de um aplicativo, viabiliza o uso e produtividade dos trabalhadores.
do transporte individual como Ademais, pouquíssimos trabalhos
um serviço: hoje, conectamos exploram tais questões no mercado
mais de 500 mil motoristas a latino-americano.

5
Este relatório apresenta os resultados � Cenário 4: idêntico ao anterior, mas
de uma pesquisa que busca preencher supondo uma substituição de 50% das
tais lacunas, realizada pela Fipe em viagens;
parceria com a 99. Foram cruzados dados
� Cenário 5: idêntico ao anterior, mas
da 99 com outros, majoritariamente
supondo uma substituição de 100% das
provenientes das pesquisas de origem
viagens;
e destino do Metrô de São Paulo, e
realizadas simulações. Utilizando Uma vez que a 99 se expandiu do início
métodos econométricos e de engenharia de 2018 até o momento atual, podemos
de transportes (regressões, modelos de dizer que estamos em algum ponto
Quatro Etapas e Espacial de Equilíbrio entre os cenários 1 e 2. Eles captam os
Geral Computável), uma estática impactos do serviço da 99 tal como ele
comparativa foi possível para aferir é hoje. Os três cenários subsequentes
mudanças no cenário base. Uma vez que dão uma perspectiva dos efeitos de um
as pesquisas OD ainda não contemplam a compartilhamento massivo de viagens,
intermediação de viagens peer-to-peer, os algo que vai ao encontro do que se espera
dados da 99 são incluídos nos modelos de para o futuro do transporte como um
demanda – que servem como um insumo serviço sob demanda.
para o modelo de equilíbrio geral – como
se advindos de um choque exógeno na
matriz de transportes.
PRINCIPAIS RESULTADOS
A seguir, são apresentados os principais
resultados, explorados a fundo no decorrer � Estimou-se que, hoje, 85% das
do relatório. Anteriormente, porém, vale viagens da 99 são compostas por
mencionar que os impactos foram aferidos deslocamentos que antes eram feitos
em relação a um baseline para cinco por modais privados (especialmente
cenários, elaborados conjuntamente entre carros próprios) e, 15%, por transporte
a 99 e a Fipe. O cenário base é tal qual a público
situação do transporte na RMSP em 2017
� Na média, o tempo das viagens fica
e os dados dizem respeito a um dia típico praticamente inalterado (queda de
na região. Os impactos econômicos são 0,02% no Cenário 1, aumento de 0,04%
calculados para o curto e para o longo- no Cenário 2). Isso indica que um
prazo. eventual aumento de congestionamento
� Cenário 1: viagens da 99 no início de causado pela substituição do transporte
2018; coletivo pelo e-hailing nos moldes
atuais deve ser compensado por
� Cenário 2: viagens da 99 expandidas ganhos de acessibilidade – uma vez
a um número que representa uma que a desigualdade de tempo de
razoável expansão de mercado deslocamento diminui (0,01%-1,31%, a
pretendida pela 99 nos próximos anos; depender da medida e do horizonte de
� Cenário 3: 99 passa a substituir 10% tempo)
das viagens que hoje são feitas por � O aumento de acessibilidade também
pessoas dirigindo seus próprios carros é denotado pelo aumento no número
– por um modo privado compartilhado de postos de trabalho que os usuários
entre três passageiros que dividem o da 99 atingem – em relação ao que
mesmo par de origem e destino de atingiam no baseline. Este aumenta em
viagens; 0,06%-0,25%

6
� O salário médio dos trabalhadores é o Produto da economia (aumento de
impactado positivamente em 0,01%- 0,04%-1,089%)
0,04% o Acessibilidade (aumento de 0,69%-
� O produto da RMSP é impactado, 6,66%)
também positivamente, em 0,002%- o Demanda por vagas de garagem
0,013%. Os impactos são maiores nos (queda de 6,4%-79,4%)
municípios vizinhos do que na capital É possível dizer que os benefícios do
� A 99 já reduziu a demanda por vagas de uso da 99 na RMSP vêm superando os
estacionamento na RMSP em 78-420 mil eventuais pontos negativos. É bastante
vagas (0,6%-3,3%) possível que as pessoas venham
calculando e substituindo seus modos de
� Os cenários que supõem um deslocamento em função da economia de
compartilhamento massivo de tempo gerada.
viagens (3, 4 e 5) apresentam ganhos
Aponta-se, por fim, para um futuro
potencializados de:
onde o transporte privado é otimizado e
o Tempo de deslocamento (queda de potencializa seus benefícios às cidades se
4,49%-23,22%), ele for compartilhado e integrado com as
linhas de transporte estrutural da cidade,
o Salários (aumento de 0,30%-2,15%) substituindo o automóvel próprio.

7
INTRODUÇÃO

A
quase universalização 20122, faz parte dessa categoria
do acesso à internet via de serviço de intermediação de
celulares, presentes hoje contrato de transporte individual.
em 92,6% dos lares brasileiros1, Popularmente conhecido como
trouxe consigo inúmeras inovações “transporte por aplicativos”, o
relacionadas ao transporte serviço é denominado, nesse
urbano. Sua maioria é baseada relatório, P2P (peer-to-peer),
em aplicativos cuja diversidade e-hailing ou, ainda, 99Pop, o nome
de propostas é abundante. Desde desse serviço dentro da plataforma
o início da década, por exemplo, da 99.
popularizaram-se aplicativos que
Tal cenário de mudança tecnológica
oferecem consultas gratuitas a
trouxe consigo mudanças
mapas e horários do transporte
comportamentais importantes.
público, roteamento de viagens em
Utilizar diversos modos de
diversos modais utilizando mapas e
transporte, sem necessariamente
o posicionamento do aparelho.
possuí-los, algo que seria um
Mais recentes, mas não menos paradoxo há poucos anos, hoje
importantes, estão aplicativos se coloca como uma realidade.
que oferecem a intermediação A lógica de prestação de serviço,
entre demandantes e ofertantes previamente adotada pelo
de viagens urbanas, par-a-par. A transporte público ou táxis,
99, empresa brasileira fundada em se expandiu para serviços de
1. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/ 2. Posteriormente, em janeiro de 2018, a 99
agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de- foi avaliada em US$ 1 bilhão e integralmente
noticias/releases/20073-pnad-continua-tic- adquirida pela empresa chinesa DiDi
2016-94-2-das-pessoas-que-utilizaram-a- Chuxing, a empresa do setor que mais realiza
internet-o-fizeram-para-trocar-mensagens viagens por dia.

8
transporte independentes da provisão ou Murphy & Feigon (2016) analisam as
concessão pública. E esse movimento tem motivações e características das viagens
crescido: iniciou-se com os carros, mas de 4500 pessoas, concluindo que as
rapidamente se transferiu para bicicletas viagens tendem a ser mais voltadas ao
e, hoje, patinetes elétricos entram na lazer e ocorrem em horários em que a
moda e conquistam usuários. A ubiquidade oferta de transporte público é reduzida.
dos aparelhos celulares e do acesso móvel Usuários desses aplicativos tendem a ser
à internet foram condições necessárias maiores utilizadores de transporte público
para tal. e tendem a dirigir menos.
Essa inovação despertou o interesse da Da mesma forma, Rayle, Shaheen,
sociedade, ficando em evidência também Chan, Dai, & Cervero (2014) entrevistou
em estudos acadêmicos. Os próximos passageiros de serviços de carona sobre
parágrafos fazem uma breve descrição de a motivação de suas viagens; seus
estudos recentes que tratam do tema. resultados indicam que tais serviços
tendem a possuir um tempo de espera
Primeiro, vale destacar os trabalhos que
menor que o de taxis comuns e apresenta
pretendem alguma inferência sobre a
resultados ambíguos em relação à
alteração modal dos atuais passageiros
substituição modal por transporte público.
de P2P e outras variações de transporte
intermediado por aplicativos, bem com Shaheen, Elliot, & Bansal (2018), no
o consequente impacto no trânsito e trabalho mais recente sobre o tema,
no transporte público. A maioria dos identificam os efeitos do uso do P2P em
estudos o fazem através da análise de algumas variáveis. Vale destacar o efeito
questionários com passageiros. nulo sobre o uso do transporte público

9
– uma vez que há movimentos tanto seria amplamente beneficiada dado que as
de afluência, quanto de abandono dos viagens seriam mais rápidas e mais baratas,
coletivos – e que, ainda que pouco mais e os diferencias espaciais de acessibilidade
de 3% dos usuários disseram ter vendido urbana seriam praticamente eliminados.
seus veículos próprios, 14% das pessoas
Um outro trabalho simula os efeitos
comprariam um veículo caso os serviços
do compartilhamento de viagens
de e-hailing deixassem de existir.
de táxi através de um algoritmo
Um dos poucos estudos que exploram desenvolvido pelos autores (Alonso-
dados de viagens é o de Hoffmann, Mora, Samaranayake, Wallar, Frazzoli,
Ipeirotis, & Sundararajan (2016) que & Rus, 2017), encontrando resultados
explora o fechamento de estações de semelhantes ao do trabalho da OCDE,
metrô em Nova Iorque como choques além de mostrar que é possível realizar
exógenos no sistema de transporte. Ainda viagens compartilhadas sem que os
em fase preliminar, o trabalho aponta para passageiros tenham que gastar muito mais
uma correlação positiva de substiutição tempo em suas corridas.
entre os modos.
Nota-se, porém, uma lacuna na literatura,
Para além dos estudos de avaliação de provavelmente engendrada pela recente
impacto, há outros que encontram efeitos difusão do serviço de P2P. Não há,
positivos do e-hailing sobre acidentes de documentados, avaliações de impactos
trânsito causados por bebida e direção urbano e econômico dos serviços de
(Dills & Mulholland, 2018; Greenwood intermediação de contrato de transporte
& Wattal, 2015) e outros que buscam individual de pessoas. Não há avaliações
encontrar os efeitos do P2P sobre o de impacto realizadas com dados reais de
mercado de trabalho (Nie, 2017). viagens. Ainda, são poucos os trabalhos
Em outra vertente, há trabalhos que que analisam o contexto da América
buscam, através de simulações, aferir os Latina; a maioria analisa o mercado dos
impactos do uso do e-hailing. Um relatório Estados Unidos. Nesse sentido, o presente
da OCDE e do International Transport trabalho busca preencher tal lacuna.
Forum (2016), por exemplo, simulou
No início de 2018, a Fundação Instituto
a substituição de todas as viagens de
de Pesquisas Econômicas (Fipe) e a
carro e ônibus na cidade de Lisboa por
99 iniciaram uma pesquisa conjunta,
um serviço de compartilhamento por
comissionada pela 99, buscando
demanda que utilizaria veículos com
quantificar os impactos socioeconômicos
diferentes capacidades de passageiros.
do 99Pop na Região Metropolitana de São
Os resultados da simulação indicam
Paulo (RMSP). Ainda, inspirados pelos dois
como principais impactos a eliminação
últimos trabalhos mencionados na breve
de congestionamentos, a redução de
revisão de literatura acima (Alonso-Mora
aproximadamente 33% na emissão de
et al., 2017; OECD/ITF, 2016), buscamos
poluentes e a queda de 95% na área
entender quais seriam os efeitos de um
demandada para estacionamentos. A
compartilhamento massivo de viagens
redução de congestionamento estaria
na RMSP. Os resultados da análise são
associada à substituição de viagens
apresentados nesse relatório, bem como
privadas por modais compartilhados, e
suas fontes de dados, metodologia e
a redução de emissões seria explicada
outros detalhes técnicos.
pelo menor ciclo de vida dos veículos
utilizados no cenário de simulação. Por Basicamente, a pesquisa foi dividida em
fim, o estudo pondera que a sociedade três etapas, subsequentes a uma extensa

10
discussão entre as equipes para que No primeiro cenário, são calculados
fossem definidas variáveis de interesse e o efeito da inserção da 99 na RMSP.
cenários de análise. No segundo, expande-se o número de
viagens a um número que representa
A primeira etapa consistiu na consolidação o crescimento projetado da 99 nos
de bases de dados secundárias e próximos anos. Como a 99 se expandiu
primárias. Essas são geradas a partir das do início de 2018 (quando os dados foram
viagens intermediadas pela 99 no 99Pop incorporados ao modelo, sobre os quais
e, aquelas, vêm majoritariamente das a pesquisa se fundamenta) até agora, é
pesquisas de origem e destino (ODs) – possível afirmar que estamos em algum
no caso, formuladas e aplicadas pela lugar entre os cenários 1 e 2.
Companhia do Metropolitano de São Paulo
Nos três cenários seguintes, supõe-se
(Metrô). Resultaram dessa primeira fase
que a 99 passa a substituir as viagens
matrizes agregadas de origem e destino
que hoje são feitas por pessoas dirigindo
cuja principal unidade de análise são
seus próprios carros por um modo privado
pares de zonas de tráfego definidas nas
compartilhado entre três passageiros
ODs. Para cada par, foram consolidadas
que dividem o mesmo par de origem e
informações já contidas nas pesquisas,
destino de viagens. O Cenário 3 supõe
projeções que as atualizam e dados
que 10% dessas viagens são substituídas;
anonimizados e agregados da 99.
nos cenários 4 e 5, respectivamente, 50%
Como segundo passo, foram quantificados e 100% dos deslocamentos passam a ser
impactos no transporte urbano, através do realizados por veículos compartilhados
Método de Quatro Etapas, cujo subproduto intermediados pela 99.
principal foram indicadores de tempo e Os dois primeiros cenários respondem às
custo de viagem para os modos individuais questões colocadas anteriormente: quais
e coletivos de transporte, agregados em são os efeitos urbanos e econômicos da
matrizes de origem e destino. introdução do serviço da 99 na RMSP?
Os três últimos, por sua vez, fazem
Tais indicadores alimentaram o modelo
a vez de um teste de sensibilidade
utilizado na terceira e mais importante
desses impactos: passamos a entender
fase do projeto. Nesta, um Modelo Espacial
qual é o potencial benefício de um
de Equilíbrio Geral Computável (ME-EGC)
compartilhamento massivo de viagens,
estimou, econometricamente, a variação
em linha com a visão da 99 de que o
de produtividade da economia decorrente
transporte urbano do futuro tende a ser
de alterações no sistema de transporte
compartilhado e consumido como um
causadas pela inserção da 99; o ME-EGC
serviço – e não sustentado na posse dos
gera, então, resultados abrangentes sobre
modos que se deseja utilizar.
todo o sistema econômico.
No presente relatório, além desta seção
Por fim, cabe explicar que foram introdutória, há mais 3 outras. Em ordem,
elaborados cinco cenários sobre os quais são apresentados e explicados os dados
foram realizadas as simulações e aferidos utilizados, além de algumas premissas
os impactos sobre o baseline, que é um sobre eles. Na seguinte, é apresentada
dia típico do início de 2017. O baseline, uma síntese metodológica, afim de que
no entanto, não considera as viagens os métodos sejam introduzidos em nível
intermediadas pelas companhias de intermediário de detalhe. Por último, os
e-hailing que já existiam nessa época. resultados são apresentados.

11
DADOS

O
modelo integrado de Portanto, a esses dados pré-
análise escolhido faz uso de organizados foi adicionada uma
informações de diferentes amostra de uma semana típica de
bases de dados relativas à rede de viagens da 99 na RMSP, cuja média
transportes e de viagens urbanas foi posteriormente agregada a nível
cotidianas na RMSP. Utilizaram- diário. As viagens (cuja origem e
se, para fins de construção de destino são georreferenciadas na
um modelo representativo das forma de coordenadas, além de
viagens realizadas em uma semana conter outras informações como
típica, os microdados da Pesquisa custo e duração) foram agrupadas
(domiciliar) de Origem e Destino no mesmo nível de subzona de
do Metrô de 2007 e da Pesquisa tráfego das pesquisas de origem
de Mobilidade Urbana de 20123, e destino mencionadas acima. O
realizada pela mesma instituição, número médio de viagens, bem
bem como projeções do sistema de como seu valor e duração médios,
transporte feitas pelos autores. foi adicionado ao modelo detalhado
nos parágrafos anteriores. Desta
Cabe mencionar que, em 2012,
forma, a janela de tempo entre as
os serviços de intermediação
ODs se torna uma oportunidade
de viagens existiam de maneira
de especificação dos modelos
incipiente na RMSP, sendo a
aqui utilizados, na medida em que
própria 99 uma das empresas que
os dados da 99 se somam aos
surgiam para oferecer a taxistas
dados coletados previamente à sua
e passageiros uma nova forma de
existência.
contratação do serviço. Ou seja,
o e-hailing como conhecemos Tal agregação de dados fornece,
em 2018 sequer existia, portanto então, matrizes de origem e destino
não é refletido como um modal de diferentes modais, incluindo
específico nos dados utilizados e distinguindo as viagens feitas
para a construção do modelo de intermediadas pela 99. A principal
viagens acima mencionado. unidade de análise do modelo
são os pares de zonas de tráfego
3. Que segue a mesma lógica da pesquisa definidos nas pesquisas de origem
de 2007, porém com uma amostra reduzida
para fins de atualização de tendências gerais. e destino da RMSP.

12
Neste ponto, uma dificuldade se seria possível prever o número de viagens
apresenta, uma vez que o crescimento da 99 através dos números de viagens
do 99Pop na RMSP se deu nessa janela por cada modal observados na OD.
entre as pesquisas: não se sabe, para cada Formalmente, o modelo proposto pode
um dos deslocamentos, qual foi o modal ser descrito pela Equação (1), a seguir.
substituído pelo carro utilizado naquela
Onde:
viagem, tampouco se ela foi induzida
pela simples existência do serviço. Isto é: (1)
se a 99 não existisse, como tais viagens
teriam sido feitas? Como elas eram feitas � : é o número de viagens da 99
antes? Quantas pessoas trocaram o por par OD
deslocamento feito por modais privados
� : é o número de viagens por
pelo 99Pop e quantas deixaram de utilizar
Transporte Público observadas antes
o transporte público coletivo?
da expansão da 99
Tal problema é acentuado pela recente
expansão desses serviços e pela ausência � : é o número de viagens por
de estudos causais. Ou seja, essa é uma Transporte Privado observadas antes
questão que ainda se encontra indefinida da expansão da 99
na literatura e tal substituição modal ou � corresponde à substituição
indução de viagem causada pela 99 é uma modal do transporte público para a 99
questão fundamental para a calibração do
modelo integrado de análise. � : corresponde à substituição
modal do transporte privado para a 99
Para o presente estudo, nós propomos
explorar a heterogeneidade espacial da � : é um termo de erro que
distribuição modal observada na Pesquisa captura as variáveis não observadas
de Origem e Destino de 2007 para Os coeficientes da especificação acima
identificar os parâmetros de substituição mostram o número de viagens de cada
para a 99. A ideia desse exercício é que, modal que foi substituído por viagens
se nós assumirmos uma taxa constante equivalentes na 99. Por exemplo, se o
de substituição para cada modal, então resultado de um deles for igual a 0.005,
isso significa que, a cada 100 viagens do
modal observadas na Pesquisa de Origem
e Destino de 2007, estima-se que 0.5
delas passaram a ser feitas com a 99. Os
dados acima são hipotéticos e a 99 se
reserva a não revelar os resultados dessa
regressão, uma vez que elas trariam o
número de viagens da empresa em um
mercado altamente competitivo. Porém,
é possível dizer que os modelos com
melhor ajuste apresentam um coeficiente
de substituição cuja ordem de grandeza
está na casa dos milésimos.
A estimação revela, também, que, 85%
das viagens da 99 eram antes feitas de
modos privados (especialmente carro
próprio) e, 15%, de transporte público.

13
SÍNTESE
METODOLÓGICA

E
sta seção tem por
objetivo apresentar a Introdução das viagens atuais da
CENÁRIO 1 99 no baseline
estrutura metodológica
que foi utilizada no cálculo dos
impactos socioeconômicos dos Tal qual o primeiro cenário,
porém expandindo o número
cinco cenários do estudo. É
CENÁRIO 2 de viagens a um número que
importante salientar que tais representa um crescimento
impactos foram calculados com projetado da 99 nos próximos
anos
abertura espacial e setorial,
considerando, sempre que
possível, os efeitos sobre as Introdução de um serviço de
economias municipais. Assim, compartilhamento, no qual as
viagens são divididas entre vários
foi possível mensurar variações passageiros que as contrataram
na renda e nível de atividade individualmente (pooling).
Neste cenário, adotou-se uma
para os 39 municípios da Região
CENÁRIO 3 demanda de 10% do número
Metropolitana de São Paulo de viagens que atualmente
(RMSP), além dos impactos são feitas por pessoas dirigindo
seus próprios carros (ou seja,
no restante do Estado de São um serviço de pooling da 99
Paulo e no restante do Brasil. substituindo 10% das atuais
viagens de carro da RMSP)
Como já mencionado, para
realizar a avaliação de impacto
ex ante do efeito da 99 sobre Tal qual o terceiro, porém
o tráfego e a economia na considerando uma substituição
CENÁRIO 4 de 50% das viagens que
RMSP proposta, criaram-se atualmente utilizam o automóvel
cenários que serão avaliados
em um contexto de estática
Tal qual o terceiro, porém
comparativa. Tais cenários, considerando uma substituição
CENÁRIO 5
explicitados abaixo, são de 100% das viagens que
comparados com o cenário atualmente utilizam o automóvel

atual (baseline) de oferta de


transporte no início de 2017 na TABELA 1: Cenários elaborados.
RMSP, isto é, praticamente sem Todos são comparados com o baseline de
a presença da 99 ou de outras oferta e demanda de transportes no início de
operadoras de intermediação 2017, considerados ausentes os serviços de
de viagens: e-hailing na RMSP.

14
Vale mencionar que os últimos cenários
(especialmente o quinto) funcionam como
um teste de sensibilidade de quais seriam
os efeitos da inserção de um transporte
individual compartilhado privado sob
demanda sobre as variáveis econômicas
e urbanas. Para eles, foram adotadas as
seguintes premissas:

� Foi adotada uma taxa de ocupação


média de 3 pessoas/veículo para os
automóveis que operariam dentro da
lógica proposta, utilizando a 99. Dados
da última pesquisa OD apontam uma
ocupação média de 1,4 pessoa/veículo
para as viagens de automóveis, número
também assumido como sendo o de
ocupação média dos veículos da 99;

� Compartilham o mesmo veículo


somente viagens com o mesmo par de
zonas de tráfego (origem e destino). Ou
seja, tal teste de sensibilidade ainda
não considera viagens que poderiam ser
compartilhadas por terem algum ponto
de seus trajetos em comum, podendo,
até, serem potencializados.

� Não foi considerada mudança de


itinerário das viagens da 99 em relação resultados observados da Pesquisa OD
do Metrô e em dados socioeconômicos
ao automóvel particular.
obtidos de diversas fontes. As etapas do
A seguir, são descritos em maiores modelo são:
detalhes os dois modelos utilizados
1. Modelos de Geração de Viagens -
para que se chegassem nos resultados Determinam a quantidade de viagens
apresentados na próxima seção. geradas (produzidas e atraídas) em
cada zona de tráfego
2. Modelos de Distribuição de Viagens
MODELO DE DEMANDA – Determinam, a partir do total de
viagens geradas em cada zona, a
DE VIAGENS distribuição das mesmas entre as
demais zonas de tráfego, obtendo-se
Para aferir os impactos das alterações na
uma matriz de origem e destino das
infraestrutura e operações do sistema de
viagens
transportes da Região Metropolitana de
São Paulo (RMSP), foi utilizado o modelo 3. Modelos de Divisão Modal - Definem
de simulação de demanda por transportes a distribuição das viagens nos vários
desenvolvido pela consultoria TTC. modos de transporte
Tal modelo, formalmente conhecido como 4. Modelos de Alocação de Fluxo -
método de quatro etapas, consiste na Produzem a distribuição do fluxo de
modelagem da demanda baseado nos viagens na rede de transporte

15
FIGURA 1: Fluxograma
do Modelo de Quatro Etapas

Custo Oferta de
generalizado transportes

Viagens
e variáveis Geração Distribuição Divisão Alocação de
socioeconômicas de Viagens de Viagens Modal Viagens
(Pesquisa OD)

Como resultado dessa etapa, surgem extraídos os vetores de produção e


estimações de impacto nos tempos e atração de viagens. Estes vetores serão
custos dispendidos pelos usuários para a o ponto de partida para os modelos de
realização de suas viagens, após alguma geração de viagens e foram divididos em
alteração no sistema de transportes. base domiciliar motivo trabalho (BDT),
Como mencionado acima, os tempos base domiciliar motivo estudo (BDE),
e custos das viagens realizadas numa base domiciliar com outros motivos
situação teste (cada um dos cenários) são (BDO) e base não domiciliar (BND). Já
então comparados com os da situação para o modelo de distribuição, devem
referencial (baseline) onde se pode ser extraídas matrizes subdivididas nos
perceber alterações comportamentais nas mesmos motivos acima descritos. Por fim,
escolhas de caminhos. O indicador adotado foram extraídas matrizes para os modos
para quantificar os tempos e custos de de viagem individual e coletivo. Estas
viagem é chamado de custo generalizado, matrizes foram a base para a regressão do
que consiste na combinação linear dos modelo de divisão modal.
componentes ponderados de tempo
A distinção entre origens e destinos e
(caminhada, espera, dentro do veículo,
produção e atração é necessária para
etc.), de distância e de custo financeiro
a execução dos modelos de geração
(gastos com combustível, tarifa de
de viagens. Estes modelos utilizam
transporte coletivo, estacionamento, etc.)
características socioeconômicas das
dispendidos para a realização da viagem.
zonas para explicar a quantidade de
O zoneamento de dados adotado neste viagens produzidas e atraídas pelas
estudo foi o mesmo utilizado para efeitos mesmas. Mesmo uma viagem do trabalho
de simulação pelo Metrô em 2007, na qual para casa é explicada por dados de
a RMSP foi dividida em 1.895 subzonas de residência, daí a necessidade de utilizar os
tráfego, a partir das 460 zonas de pesquisa. conceitos de produção e atração. Como
as características das zonas são baseadas
Para a elaboração dos modelos de
em pesquisas realizadas nos domicílios,
demanda, o ponto de partida é a pesquisa
deve-se utilizar a produção e atração de
OD (2007) realizada pelo Metrô para toda
viagens extraídas da OD para a calibração
a RMSP. A partir destes dados, foram
do modelo de geração.

16
Como detalhado na seção anterior, foi valor adicionado (PRB/PIB) no território
necessário inferir a transferência de metropolitano associado às novas
demanda dos modais tradicionais para a 99. intervenções no sistema de transporte de
passageiros, complementando a análise
Por fim, o método descrito nessa
com outros resultados, alguns deles já
subseção teve, como resultado, matrizes
apresentados.
agregadas de origem e destino de zonas
de tráfego, com informações consolidadas Sendo assim, em resumo, o processo
sobre o impacto da entrada da 99 sobre adotado foi o de identificar os fluxos de
os seguintes indicadores de tempo e causalidade e estimar as reações iniciais
distância da viagem nos modais individuais a partir da modelagem apresentada
e coletivos de transporte. acima, cujos resultados são utilizados
para alimentar um modelo espacial de
Tais indicadores alimentaram o modelo
equilíbrio geral computável (ME-EGC).
utilizado na etapa seguinte do projeto,
descrita a seguir. A modelagem em larga escala depende
da integração ou interligação de
diferentes submodelos. O processo
usual de integração de modelos consiste
em “endogenizar” componentes
MODELO DE exógenos de um modelo em outro(s). A
EQUILÍBRIO ESPACIAL integração ocorre nos casos em que os
pesquisadores são capazes de conciliar
modelos em um sistema unificado em
Para identificar os impactos econômicos que os componentes estão ligados através
da 99, é necessário considerar os de hard links. Quando os modelos são
prováveis canais de difusão dos impactos tratados separadamente, a estratégia mais
decorrentes da inclusão desse serviço comum é a de tê-los ligados em série,
no sistema. Ou seja, é necessário ou seja, os resultados de um modelo são
identificar como a introdução da 99 afeta utilizados nos seguintes a partir de soft
determinados fatores que, por sua vez, links (Boyce, 1988; Hewings, Nazara, &
impactarão os elementos cuja variação Dridi, 2004). O uso de soft links requer
se deseja observar: tempo médio de que as variáveis endógenas de um modelo
deslocamento, salários, produto da sejam convertidas em variáveis exógenas
economia, Gini locacional de emprego e de outro(s) modelo(s). No entanto, pode
acessibilidade no mercado de trabalho. haver casos em que pesquisadores
desejam gerar resultados consistentes
No que se segue, discutiremos a
com um dado subconjunto de variáveis
estratégia de modelagem utilizada
endógenas para ambos os modelos, e isso
neste trabalho, centrada em um modelo
é realizado através da utilização de hard
espacial de equilíbrio geral computável
links mais complexos. Neste trabalho,
(ME-EGC). A modelagem parte de uma
utilizamos uma abordagem intermediária
estimação econométrica da variação da
para essa questão, através de relações
produtividade decorrente de alterações
semi-iterativas entre os modelos, de
no sistema de transporte (como por
forma que a conexão seja baseada em
exemplo, a introdução de serviços de
várias rodadas de integração através de
compartilhamento de viagens) e tais
soft links.
resultados alimentam o ME-EGC, o qual
gera os resultados abrangentes sobre todo Em essência, os impactos seguem a
o sistema econômico. Apresentaremos, estrutura denotada na Figura 2. Partimos
então, os resultados empíricos do estudo, de um modelo de demanda de viagens
que exploram as diferenças em termos simulado com o software Emme 4,
de produtividade dos trabalhadores e do apresentado na subseção anterior.

17
FIGURA 2: Fluxograma da Modelagem Integrada

Rede de Introdução de
Matriz O-D Transportes ridesharing Modelo de
demanda de
viagens

Índice de Tempo de Emprego por


Acessibilidade Deslocamento Setor

Efeitos
Produtividade Modelo EGC Sistêmicos

Características Estrutura Outros


Pessoais Urbana Efeitos

Mix de Setores

Modelo de Modelo
produtividade espacial EGC

A matriz de tempo de deslocamento, trabalhadores. O tempo de deslocamento


juntamente com a base de dados das ao trabalho e o índice de acessibilidade da
pesquisas OD, fornece a informação região de moradia do trabalhador fornecem,
necessária para a construção de um índice para a fase de calibragem, os soft links
de acessibilidade, outra variável chave com o modelo de demanda de viagens.
na modelagem integrada. Esse índice Espera-se que deslocamentos mais longos
mede o acesso aos empregos em cada diminuam a produtividade dos agentes,
zona em consideração a partir de uma pois induzem o trabalhador a chegar mais
formulação gravitacional (Hansen, 1959), tarde ao trabalho ou a sair mais cedo,
que pondera as oportunidades de acordo além de aumentar o número de faltas
com a impedância para alcançá-las (Vieira (Van Ommeren & Gutiérrez-i-Puigarnau,
& Haddad, 2015). A variável que conecta 2011); além disso, os trabalhadores que
essa modelagem com o ME-EGC é a realizam deslocamentos mais curtos
produtividade do trabalho da mão de obra apresentam maiores níveis de esforço
de cada par de regiões de origem-destino. no trabalho (Zenou, 2002). As economias
de aglomeração (captadas pelo índice
O modelo da produtividade baseia-se na
de acessibilidade), também influenciam
estimativa de uma equação econométrica
positivamente o ganho dos indivíduos, já
para o salário dos trabalhadores.
que os trabalhadores tendem a ser mais
Tal modelo é calculado a partir dos
bem pagos em mercados maiores e mais
microdados da OD de 2007, onde a variável
densos (Graham & Melo, 2009).
dependente é o salário individual dos

18
O modelo econométrico controla os produtividade do trabalho são calculadas,
resultados da acessibilidade e do tempo por zona de residência e zona de trabalho,
através de um vetor de características e em seguida tal informação é agregada
individuais (anos de escolaridade, idade e ao nível dos municípios, de modo que seja
sexo), além de dummies para o município utilizada como input para criar um choque
(local de trabalho) e dummies setoriais. na produtividade do trabalho no ME-EGC.
Enquanto as primeiras tentam capturar a
estrutura urbana e a superfície de salários
em uma configuração urbana multicêntrica
(Fujita & Ogawa, 1982), as setoriais levam
ESTIMANDO OS IMPACTOS
em conta a estrutura industrial e as
ABRANGENTES NOS NÍVEIS
diferenças de ganhos (e produtividade) REGIONAL E NACIONAL
entre os diferentes setores da economia.
A etapa de simulação permite considerar
Quando estendido a uma estrutura multi-
mudanças na estrutura de rede de
regional, a modelagem apresentada acima
transporte urbano que terão impactos
é capaz de designar a distribuição espacial
diretos sobre os custos generalizados das
dos impactos.
viagens, seja pela variação dos tempos de
deslocamento, seja pelo incremento direto A especificação do ME-EGC parte do
no custo monetário direto das viagens. modelo B-MARIA, desenvolvido por
O desafio passa a ser a identificação da Haddad (1999) e Haddad & Hewings
forma como essas políticas traduzem-se (2005). O modelo B-MARIA – e suas
em mudanças na matriz de produtividade extensões – tem sido amplamente
do trabalho a partir de mudanças na utilizado para avaliar os impactos
matriz de tempo de deslocamento entre regionais das políticas econômicas no
as regiões. Tal matriz integra a demanda Brasil. Desde a publicação do texto
por viagens aos modelos de produtividade de referência, vários estudos têm sido
do ME-EGC na fase de simulação. realizados utilizando, como ferramenta
analítica básica, variações do modelo
Na fase de calibragem assume-se que
original, estando a estrutura teórica do
a matriz de produtividade do trabalho
modelo B-MARIA bem documentada.
no ano de referência seja unitária, e que
Os resultados são baseados em uma
variações percentuais sejam calculadas
abordagem bottom-up – ou seja, os
sobre os valores iniciais de modo que
resultados nacionais são obtidos a partir
seja criada uma interface com o ME-
da agregação dos resultados regionais. O
EGC. Como na calibragem das equações
modelo identifica diferentes setores de
de demanda de trabalho as variáveis de
produção/investimento em cada região
produtividade do trabalho também são
produtora de diferentes matérias-primas,
definidas unitariamente, as informações
uma família representativa de cada região,
geradas pela demanda de viagens e pelo
os governos regionais e um governo
modelo de produtividade podem ser
federal, e uma única área externa que
corretamente incorporadas no ME-EGC.
comercializa com cada região nacional
Assim, as transformações da estrutura de através de uma rede de portos de saída e
rede de transporte urbano vão gerar novas de entrada. Três fatores primários locais
estimativas de tempo de deslocamento (terra, capital e trabalho) são usados
através do modelo de demanda de no processo de produção conforme as
viagens, os quais, por sua vez, afetam dotaçõesde cada região.
a produtividade tanto de forma direta
O modelo B-MARIA inclui explicitamente
como indireta (através de mudanças na
alguns elementos importantes de um
acessibilidade). Com este novo conjunto
sistema inter-regional que são necessários
de informações, as mudanças na
para se compreender os fenômenos

19
espaciais macro: os fluxos inter-regionais economia espacial. A calibragem do ME-
de bens e serviços, os custos de EGC baseia-se em um sistema de insumo-
transporte com base nos pares de origem- produto inter-regional especificado com
destino, o movimento inter-regional os municípios que compõem RMSP, 56
de fatores primários, a regionalização setores e 110 produtos a partir de um
das transações do setor público, e os banco de dados no nível municipal para
mercados de trabalho segmentados o ano de 2008. No caso do modelo para
regionalmente. Nós também introduzimos São Paulo, são 41 regiões – 39 referentes
a possibilidade de retornos não constantes aos municípios da RMSP. Além disso, o
(externos) no processo produtivo, modelo mapeia as relações interindustriais
conforme Haddad e Hewings (2005). Essa por local de produção, sendo que os
extensão é essencial para representar pagamentos ao fator trabalho ocorrem no
adequadamente um importante município de trabalho, e a estrutura de
mecanismo de funcionamento de uma consumo no local de residência (Figura 3).

FIGURA 3: Relações de Insumo-Produto incluídas no ME-EGC

ATIVIDADES, FAMÍLIAS,
ATIVIDADES
FIRMAS E GOVERNO

Consumo Demanda local


Valor adicionado Importação
Produto bruto interregional

FAMÍLIAS, FIRMA E
FATORES DE PRODUÇÃO
GOVERNO

Consumo Rendas de trabalho


Valor adicionado Outras rendas
Produto bruto Impostos e transferências

COMMODITIES COMMODITIES

Produção local Demanda local


Exportação Importação
interregional interregional

20
A primeira rodada de execução do ME- cálculo dos choques de produtividade e
EGC utiliza como insumo as mudanças chegando aos impactos gerais em toda a
de produtividade calculadas a partir das economia.
informações sobre a matriz de tempo de
Como já descrito, utilizou-se o modelo
deslocamento pós-choque e as micro
de demanda por viagens, cujos resultados
simulações não comportamentais baseadas
são considerados no ME-EGC. Depois que
nos coeficientes estimados para variações
o modelo de produtividade é estimado
nos tempos de deslocamento e variações
com as informações da base de dados da
na acessibilidade. Os efeitos sistêmicos
pesquisa OD, os parâmetros estimados são
são calculados e incluem as mudanças
utilizados para projetar as mudanças de
no emprego por setor nas regiões do
produtividade nos grupos de trabalhadores
modelo. Esta informação substitui os
do banco de dados do ME-EGC.
valores originais de postos de trabalho por
região, provocando mudanças na medida Para cada trabalhador da amostra, os
da acessibilidade de cada local, a qual, por parâmetros da regressão são combinados
sua vez, produz novas mudanças na matriz de forma a se obter um valor estimado
de produtividade. Uma segunda rodada para os salários individuais. Esta
do ME-EGC tem lugar, e este processo se informação é agregada de acordo com
repete até que a convergência iterativa dos os grupos do ME-EGC (condicionados
resultados seja atingida. à localização geográfica) sendo um
contra factual (rendimentos do trabalho
Após se estabelecer a convergência entre
estimados em uma economia com
os modelos, os resultados podem ser
a 99) comparado a um cenário base
analisados. Vale salientar que o uso de
(rendimentos salariais “observados”).
micro-simulações permite também que
uma série de resultados referentes aos Os resultados do ME-EGC para o
impactos distributivos dos cenários sejam cenário com os novos corredores foram
contemplados. Maiores detalhes podem ser computados utilizando-se o procedimento
encontrados em Haddad et al. (2018), que de Gragg 2-4-6 com extrapolação em
apresenta a versão do sistema integrado de dois fechamentos (Tabela 2), sendo
modelagem utilizada neste estudo. um de curto prazo, com os efeitos de
aglomeração e com os estoques de capital
exógenos, e um segundo fechamento
misto de longo-prazo (os estoques de
capital são endógenos, já os estoques de
IMPACTOS residência e a localização das moradias
SOCIOECONÔMICOS são fixos).
A Figura 2 mostra as principais relações
causais subjacentes aos resultados.
No que se segue, descrevemos os O exercício de simulação parte das
principais canais de transmissão através estimativas de aumentos (reduções) na
da cadeia de modelagem, partindo do produtividade dos trabalhadores que,

EFEITO ESTOQUE DE
AJUSTAMENTO PERÍODO
ACESSIBILIDADE CAPITAL

Curto prazo 1-3 anos Sim Exógeno

Longo prazo 3-10 anos Sim Exógeno

TABELA 2: Síntese dos fechamentos utilizados

21
direta ou indiretamente, beneficiam-se
dos serviços da 99 para realizar seus
deslocamentos diários. De acordo com
a estrutura do modelo, isso representa,
por um lado, uma redução (aumento)
do preço dos bens compostos, o que
afeta positivamente (negativamente) a
renda regional real: nesta abordagem
de custo-competitividade, as empresas
tornam-se mais (menos) competitivas
– dado que os custos de produção
reduzem (aumentam) (insumos estão As variações de preço de segunda ordem
mais baratos); os investidores preveem apontam para ambas as direções – aumento
retornos potenciais mais altos (baixos) e redução. O efeito líquido dessa variação
– já que o custo de produção de capital será determinado pelo valor relativo das
também reduz (aumenta); e as famílias forças envolvidas. A Figura 4 resume os
aumentam (reduzem) sua renda real, mecanismos de transmissão associados
com maiores (menores) possibilidades aos principais efeitos de primeira e segunda
de consumo. Uma renda real maior ordem que são relevantes no processo de
(menor) gera maior (menor) demanda ajustamento subjacente aos resultados
doméstica, enquanto que um aumento agregados do modelo.
(redução) da competitividade dos produtos No longo prazo, um mecanismo de
nacionais e regionais (des)estimula a ajustamento adicional torna-se relevante: o
demanda externa. Isso cria espaço para efeito “re-localização”. Como os fatores de
um aumento (redução) na produção das produção podem mover-se entre regiões,
empresas – destinada para os mercados novas decisões de investimento definem a
interno e internacional – o que exige mais “re-localização” marginal das atividades, no
(menos) insumos e fatores primários. Esse sentido da distribuição espacial do estoque
aumento (redução) da demanda pressiona de capital total da economia e da dinâmica
os preços dos mercados de fatores, ao populacional. As mesmas forças que afetam
mesmo tempo gerando expectativas o desempenho das economias regionais
de que os preços dos bens domésticos são responsáveis pela criação de capital no
subam (caiam). longo prazo. Com custos de produção mais
Por outro lado, o aumento (redução) da baixos (altos), o acesso a bens de capitais
produtividade do trabalho também está não-locais aumenta (reduz), potencialmente,
associado com uma redução (aumento) a taxa de retorno das regiões. Ao mesmo
no requisito de trabalho por unidade de tempo em que isto beneficia (prejudica) as
produção nos setores que empregam regiões importadoras de bens de capital,
trabalhadores afetados pelas mudanças ocorre um impacto positivo (negativo) sobre
nos tempos de deslocamento. Como os setores de bens de capital nas regiões
a produção torna-se menos (mais) produtoras. Por outro lado, regiões com
intensiva em trabalho, ceteris paribus, áreas de mercado ampliadas (reduzidas)
a demanda por mão de obra cai (sobe), e, consequentemente, receitas mais
ocasionando um excesso (escassez) de altas (baixas), vislumbram maior (menor)
oferta de trabalho no sistema econômico. remuneração ao capital, impactando,
Isso cria uma pressão negativa (positiva) também, sua rentabilidade relativa.
sobre os salários, bem como sobre a Finalmente, as regiões podem ser afetadas
renda do capital, dada a possibilidade de negativamente (positivamente) através da
substituição imperfeita entre os fatores reorientação de fluxos de comércio (desvio
primários, que são repassados na forma de de comércio), visto que a produtividade
preços mais baixos (altos). relativa é alterada no sistema.

22
FIGURA 4: Relações de causalidade no sistema de equações do ME-EGC para
variações de produtividade

Aumento da produtividade Redução no requisito de trabalho por


no trabalho unidade de produto

Redução do preço do bem composto Redução na demanda por trabalho

Aumento (redução) da renda regional Pressão sobre o preço da mão de obra


real: firmas, investores, famílias para reduzir (aumentar)

Firmas: mais (menos) competitivas


Investidores: retornos potenciais Excesso de oferta de mão de obra
maiores (menores)
Famílias: “mais pobres” (“ricas”)

Maior (menor) demanda doméstica


Maior (menor) demanda externa

Maior (menor) produção das firmas

Maior (menor) demanda por fatores


primários

Pressão sobre os preços dos fatores Redução no preço da mão de obra


primários para aumentar (reduzir)

Aumento (redução) de preços Redução de preços

23
RESULTADOS

N
esta seção, são apresentados se deve, provavelmente, à troca
os principais resultados da realizada entre modais menos
presente pesquisa. Há duas velozes do que o automóvel, ainda
subseções: uma com os resultados que esta seja menor do que a troca
das variáveis econômicas do ME- automóvel-automóvel.
EGC e, outra, com os impactos
Tal hipótese é corroborada pelo
sobre a demanda por vagas de
seguinte fato: os indicadores de
estacionamento, derivada do
desigualdade no tempo de viagem
modelo de demanda de viagens.
diminuem. O Gini de tempo de
viagem cai 0,01% no curto e no
longo prazo. Se dividirmos o tempo
RESULTADOS DO ME-EGC médio levado pelo percentil mais
desfavorecido pelo que se desloca
mais rapidamente (P90/P10), a queda
Nesta subseção, são listadas as é ainda mais expressiva: 0,47% no
principais conclusões do ME-EGC. Os curto prazo e no longo prazo. Ou
resultados, apresentados na Tabela 3, seja, há uma evidência de que a
podem ser divididos em três grupos troca de outros modais pela 99 está
de variáveis, apresentados abaixo. causando uma queda no tempo de
viagens, claramente beneficiando
aqueles que mais demoram em seus
GRUPO 1: TEMPO DE deslocamentos cotidianos.
DESLOCAMENTO No Cenário 2 (que denota onde a 99
O primeiro diz respeito ao tempo pode chegar nos próximos anos),
médio de viagem das pessoas na os valores de curto e longo prazo
RMSP, cujo valor do baseline é de tempo médio de deslocamento
de 45 minutos. No Cenário 1 (99 aumentam em relação ao baseline
hoje), tal valor diminui para 44,99 em 0,04%. Os indicadores de
minutos, ou seja, diminuindo 0,02% desigualdade, Gini e P90/P10, caem,
no curto e no longo prazo. Isto respectivamente, 0,13% e 1,31%.

24
diminua 4,49%, 18,13% e 23,22% caso,
respectivamente, 10%, 50% e 100% das
HOJE, A 99 PRATICAMENTE viagens que hoje são realizadas de
automóvel (próprio, não intermediado por
NÃO ALTERA O TEMPO aplicativos) fossem feitas compartilhadas
MÉDIO DE VIAGENS NA em veículos com uma ocupação média de
três passageiros. Isso representaria, no
RMSP (QUEDA DE 0,02%- cenário extremo, dez minutos e meio a
0,04%). A DESIGUALDADE menos, em média, por viagem.

NO TEMPO MÉDIO DOS


DESLOCAMENTOS (P90/ UM COMPARTILHAMENTO
P10), PORÉM, DIMINUI MASSIVO DE VIAGENS PODE
CONSIDERAVELMENTE REDUZIR O TEMPO DAS
(0,45%) VIAGENS DA RMSP EM 23%

Conclui-se que, hoje, a 99 beneficia – ou, O efeito sobre a desigualdade é menos


praticamente não altera – o tempo médio linear: para os Cenários 3 e 4, o Gini sobe
das viagens da cidade. Adicionalmente, (0,99% e 7,41%), porém volta a cair no
o presente trabalho também realizou, Cenário 5 (6,68%). Já o indicador P90/P10 cai
em sua primeira etapa, um teste de (-1,40%), sobe (5,63%) e volta a cair (0,13%)
sensibilidade de mitigação de tal impacto em relação ao baseline. Estudos com foco
negativo. Essa avaliação está alinhada com em desigualdade devem ser conduzidos
a visão da 99, de que o compartilhamento para que tais resultados sejam refinados.
de viagens e o uso do transporte como
Tais resultados podem ser, no entanto,
um serviço são o futuro do transporte
potencializados, uma vez que a
individual. Para que os impactos sejam
metodologia do presente trabalho
ainda mais positivos, a ocupação de
assume que apenas são compartilhadas
passageiros por veículo teria de subir de
as viagens que têm o mesmo par de
atuais (supostos) 1,4 para 2. Ou seja, ainda
origem e destino. Com algoritmos que
que existam efeitos positivos, a introdução
permitem o compartilhamento de viagens
de viagens de carro substituindo
que permitem que quaisquer viagens
aquelas feitas por modos ativos ou pelo
que tenham um ponto das rotas em
transporte público é benéfica até um
comum, otimiza-se o resultado, tal qual
determinado ponto, a partir do qual o
apresentado em Alonso-Mora et al. (2017).
compartilhamento se faz necessário para
que não exista impacto no tempo médio
das viagens da cidade.
GRUPO 2: SALÁRIOS
O compartilhamento sob demanda de E ACESSIBILIDADE
viagens, na forma de um transporte
Como mencionado na seção metodológica,
individual privado, pode, então, apresentar
ganhos de acessibilidade ou de
vantagens às cidades? Buscando responder
produtividade podem levar a ganhos
a essa questão, os Cenários 3, 4 e 5 testam
nos salários dos trabalhadores. Ainda
quais seriam os efeitos de uma divisão
que não seja possível separar os
massiva de deslocamentos urbanos.
resultados relativos à produtividade,
Respectivamente, espera-se que a os de acessibilidade são dissociáveis.
média de tempo das viagens na RMSP Esta subseção apresenta os resultados

25
do ME-EGC relativos aos salários de RMSP é apresentada, para cada cenário, na
trabalhadores e da acessibilidade de Figura 5. Este indicador está diretamente
empregos. associado aos benefícios sobre o bem-
A introdução da 99 como uma opção de estar da população.
deslocamento aumentou o número médio
de empregos que um trabalhador da RMSP
consegue atingir, dadas suas restrições de A INTRODUÇÃO DOS
tempo e opções modais. Estes passam de,
em média, 2,98 milhões para 2,99 milhões. SERVIÇOS DA 99 NA
(ou 0,06% a mais). No Cenário 2, tal RMSP CAUSOU UM
diferença é 0,25% positiva e, nos cenários
de compartilhamento, tal impacto vai de IMPACTO POSITIVO NO
0,69% a 6,66%, chegando a 3,18 milhões de SALÁRIO MÉDIO DOS
postos de trabalho.
Estima-se, então, que a entrada da 99 já
TRABALHADORES,
gerou um efeito positivo sobre os salários DEVIDO AO AUMENTO
da população da RMSP de 0,01%. Tal
impacto chega a 0,04% no longo prazo do
DE ACESSIBILIDADE A
segundo cenário e pode chegar a 2,15% no POSTOS DE TRABALHO. A
Cenário 5. Os indicadores de desigualdade
são difusos para os Cenários de
DESIGUALDADE SALARIAL
compartilhamento, tal qual os de tempo APRESENTA UM IMPACTO
de viagem e podem ser verificados na
NEGATIVO
Tabela 3. No entanto, já hoje é verificada
a diminuição de desigualdade salarial
com a entrada da 99. O indicador P90/
P10 apresenta um resultado de -0,04%
Com a democratização do acesso ao
no Cenário 1 e de -0,21% no Cenário 2.
mercado de trabalho, há também uma
A melhora na distribuição da renda dos
desconcentração da atividade econômica
trabalhadores estaria associada a um
a partir do município de São Paulo,
maior nível salarial médio, refletindo
gerando mais oportunidades de trabalho
ganhos da produtividade agregada.
em outros municípios da RMSP, o que
A distribuição espacial dos efeitos sobre pode ser verificado pelo Gini locacional
o salário real das famílias residentes na de trabalho.

26
FIGURA 5: Distribuição espacial dos efeitos sobre o salário real das famílias residentes na RMSP

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2

Salário Real Salário Real


Longo Prazo Longo Prazo

CENÁRIO 3 CENÁRIO 4

Salário Real Salário Real


Longo Prazo Longo Prazo

CENÁRIO 5

Salário Real
Longo Prazo

27
Vale mencionar que tais resultados são
apenas relacionados aos ganhos de NOS CENÁRIOS 1 E 2, HÁ UM
acessibilidade dos trabalhadores que
podem utilizar a 99. Não se consideraram,
IMPACTO POSITIVO NO PIB
para esse trabalho, os efeitos econômicos DA RMSP E NACIONAL. NOS
de custos e ganhos de motoristas TESTES QUE CONSIDERAM O
parceiros do aplicativo, o que será COMPARTILHAMENTO, O PIB
explorado em uma pesquisa futura.
DA RMSP PODE AUMENTAR
EM 1% NO LONGO PRAZO
GRUPO 3: PRODUTO NO CENÁRIO 5, DE 100%
DA ECONOMIA
DE VIAGENS COM CARROS
Os ganhos agregados de produtividade, COMPARTILHADOS
que estariam associados aos ganhos de
acessibilidade ao mercado de trabalho,
A Figura 6 apresenta os impactos sobre
geram impactos positivos sobre o PIB da
o PIB nos municípios da RMSP sob uma
RMSP e sobre o PIB das demais regiões
perspectiva espacial. Destaca-se que
brasileiras. Estes ganhos são magnificados
os efeitos econômicos não são apenas
no longo prazo.
localizados na região de influência
Em valores monetários, tais ganhos seriam imediata da concentração dos serviços
da ordem de USD 15,2 milhões (Cenário 1) e da 99 (Cenários 1 e 2) – eles estão
USD 62,4 milhões (cenário 2). No segundo, espalhados por toda a área através
os ganhos de acessibilidade associados aos das conexões de produção e de renda.
serviços expandidos da 99 fariam com que Podemos ver também que os impactos do
o PIB nacional (regional) em 2017 fosse USD compartilhamento de viagens (cenários 3
62,4 milhões (USD 59,6 milhões) maior que a 5) variam consideravelmente entre os
o verificado no baseline. municípios da RMSP.

28
FIGURA 6: Distribuição espacial da variação do PIB nos municípios da RMSP – Longo Prazo.

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2

PIB Regional PIB Regional


Longo Prazo Longo Prazo

CENÁRIO 3 CENÁRIO 4

PIB Regional PIB Regional


Longo Prazo Longo Prazo

CENÁRIO 5

PIB Regional
Longo Prazo

29
TABELA 3: Impactos da 99, em cada cenário e variável, sobre o baseline.

Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5


Curto Longo Longo Curto Longo Curto Longo Curto Longo
Baseline Curto prazo
prazo prazo prazo prazo prazo prazo prazo prazo prazo
TEMPO
DEDESLOCA-
MENTO
Média (min) 45 44,99 44,99 45,02 45,02 42,98 42,98 36,84 36,84 34,55 34,55
Delta
-0,02% -0,02% 0,04% 0,04% -4,49% -4,49% -18,13% -18,13% -23,22% -23,22%
baseline
Gini 0,35792 0,35789 0,35789 0,35745 0,35745 0,36147 0,36147 0,38443 0,38443 0,38184 0,38184
Delta base-
-0,01% -0,01% -0,13% -0,13% 0,99% 0,99% 7,41% 7,41% 6,68% 6,68%
line
P90/P10 7 6,967 6,967 6,908 6,908 6,902 6,902 7,394 7,394 7,009 7,009
Delta
-0,47% -0,47% -1,31% -1,31% -1,40% -1,40% 5,63% 5,63% 0,13% 0,13%
baseline

SALÁRIOS
Média (BRL) 1.652,92 1.653,15 1.653,17 1.653,47 1.653,56 1.657,84 1.658,43 1.676,14 1.679,75 1.680,08 1.688,49
Delta base-
0,01% 0,02% 0,03% 0,04% 0,30% 0,33% 1,40% 1,62% 1,64% 2,15%
line
Gini 0,40785 0,40785 0,40785 0,40779 0,40779 0,40797 0,40797 0,40835 0,40835 0,40584 0,40583
Delta
0,00% 0,00% -0,01% -0,01% 0,03% 0,03% 0,12% 0,12% -0,49% -0,50%
baseline
P90/P10 7,003 7 7 6,988 6,988 7,003 7,003 7,027 7,027 7,022 7,022
Delta
-0,04% -0,04% -0,21% -0,21% 0,00% 0,00% 0,34% 0,34% 0,27% 0,27%
baseline

PRODUTO DA
ECONOMIA
RMSP
(variação em 9 14,6 33,6 59,6 203,1 361,7 1.223,4 2.181,7 2.758,7 5.062,7
USD milhões)
RMSP (%
0,002 0,003 0,007 0,013 0,044 0,078 0,263 0,469 0,593 1,089
variação)
Brasil
(variação em 9,4 15,2 35,1 62,4 212,3 378,1 1.279 2.280,8 2.884 5.292,5
USD milhões)
Brasil (%
0 0,001 0,001 0,002 0,008 0,014 0,049 0,087 0,11 0,201
variação)

GINI
LOCACIONAL
(EMPREGO)

Pesos iguais 0,7796 0,7796 0,7796 0,7796 0,7796 0,7795 0,7795 0,7789 0,7789 0,7793 0,7792
Delta
0,00% 0,00% 0,00% 0,00% -0,01% -0,01% -0,09% -0,09% -0,04% -0,05%
baseline
Pesos popu-
0,018 0,018 0,018 0,018 0,018 0,0178 0,0178 0,017 0,0169 0,0175 0,0174
lacionais
Delta
0,00% 0,00% 0,00% 0,00% -1,11% -1,11% -5,56% -6,11% -2,78% -3,33%
baseline

ACESSIBI-
LIDADE DO
MRECADO DE
TRABALHO
Número
médio de
postos alca- 2.989.524 2.991.220 2.991.216 2.997.060 2.997.032 3.010.207 3.010.265 3.098.739 3.099.179 3.187.834 3.188.745
nçados por
trabalhadores
Relativo ao
0,06% 0,06% 0,25% 0,25% 0,69% 0,69% 3,65% 3,67% 6,63% 6,66%
baseline

30
O universo analisado englobou apenas
IMPACTO NA DEMANDA POR viagens realizadas por automóveis,
onde o modo principal é “dirigindo
VAGAS DE ESTACIONAMENTO automóvel”, o que automaticamente
transforma a unidade viagens em veículos,
e foram desconsideradas as viagens
Uma pessoa que substitui uma viagem exclusivamente realizadas para levar ou
de carro próprio por uma intermediada buscar outra pessoa.
pela 99 deixa de demandar vagas de
O custo médio do estacionamento por
garagem em sua origem e/ou destino.
zona de tráfego foi calculado através
Assim, além dos impactos sobre as
de uma média ponderada dos preços
variáveis explicitadas na subseção anterior,
aplicados daquela zona pelo número
também foi mensurado o efeito da entrada
de veículos que as utilizam, por tipo de
da 99 sobre a demanda por vagas de
estacionamento pago (rotativo no meio fio,
estacionamento no destino das viagens. avulso, mensal). Para os estacionamentos
Para tal, novamente, a pesquisa OD serviu mensais, foi considerado um valor diário
de base para caracterizar os usuários, como sendo 20 vezes menor que o valor
os modais utilizados nas viagens, suas da mensalidade. Os valores monetários
origens e destinos, período das viagens, constantes na pesquisa OD/07 foram
motivo das viagens, tipo e custo de atualizados para o ano de 2018 aplicando-
estacionamento, entre outros. se a variação do IPCA no período de
01/01/2008 a 01/01/2018.
Uma vez aplicada a essas viagens a
metodologia já apresentada neste Da pesquisa domiciliar OD/2007,
relatório, é possível inferir, diretamente, observamos que apenas 8,3% das
quantas viagens (do baseline) deixaram viagens de automóveis da RMSP pagam
de utilizar vagas de estacionamento pelo estacionamento do veículo – o que
funciona, do ponto de vista de políticas
dos seguintes tipos: a) rotativo na via
públicas, como um subsídio indireto (ou
(Zona Azul/Zona Marrom, b) patrocinado
direto) à viagem de automóvel.
(pago por terceiros), c) próprio, d) meio-
fio, e) avulso e f) mensal. Também A Tabela 4, a seguir, apresenta a
foram consideradas as viagens que proporção de viagens média por tipo de
não estacionaram. As viagens que estacionamento em três regiões: RMSP
não responderam sobre a forma de (460 zonas), no centro expandido (107
estacionamento foram desconsideradas. zonas) e no Centro de São Paulo (8 zonas).

Proporção de pagantes por região

Tipo RMSP Centro exp. Centro

Zona Azul/Zona Marrom 0,70% 1,70% 2,40%

Avulso + Mensal 7,60% 15,20% 22,60%

Total pagantes 8,30% 16,90% 25,10%

Patrocinado 53,90% 48,70% 46,40%

Próprio 11,90% 9,50% 9,00%

Meio-fio 25,40% 23,90% 18,30%


TABELA 4: Proporção
de pagantes por Não estacionou 1,50% 1,10% 1,20%
estacionamento em
Total não-pagantes 91,70% 83,10% 74,90%
cada região da RMSP.

31
Assim, as tabelas 5 e 6 a seguir apresentam na RMSP em cada um dos cenários
comparações de resultados do número apresentados durante o pico da manhã,
de veículos demandando estacionamento sempre comparando com o cenário base.

TABELA 5: Impactos da 99, em cada cenário, sobre a demanda por


estacionamentos no baseline. Horários de pico da manhã.

BASELINE CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5

Tipo de Cenário/
Cenário/ Cenário/ Cenário/ Cenário/ Cenário - Cenário/ Cenário/ Cenário/ Cenário/
estaciona- Veículos Veículos
baseline baseline
Veículos
baseline baseline
Veículos
baseline baseline
Veículos
baseline baseline
Veículos base-
baseline
line
mento
Não 15.464 15.344 120 -0,8% 14.832 632 -4,1% 14.267 1.197 -7,7% 9.337 6.127 -39,6% 3.189 12.275 -79,4%
estacionou
Zona Azul/
Zona 7.825 7.722 103 -1,3% 7.352 473 -6,0% 6.811 1.014 -13,0% 3.449 4.376 -55,9% 1.613 6.212 -79,4%
Marrom
Patrocinado 354.575 351.380 3.195 -0,9% 339.052 15.523 -4,4% 323.954 30.621 -8,6% 207.063 147.512 -41,6% 73.108 281.467 -79,4%

Próprio 557.013 553.953 3.060 -0,5% 539.888 17.125 -3,1% 524.741 32.272 -5,8% 361.236 195.777 -35,1% 114.848 442.165 -79,4%

Meio-fio 214.561 212.974 1.587 -0,7% 20.6276 82.85 -3,9% 198.230 16.331 -7,6% 125.690 88.871 -41,4% 44.239 170.322 -79,4%

Avulso 28.778 28.411 367 -1,3% 27.009 1.769 -6,1% 25.216 3.562 -12,4% 13.159 15.619 -54,3% 5.934 22.844 -79,4%

Mensal 33.059 32.603 456 -1,4% 30.853 2.206 -6,7% 28.714 4.345 -13,1% 14.247 18.812 -56,9% 6.816 26.243 -79,4%

Total 1.195.810 1.187.044 8.766 -0,7% 1.150.430 45.380 -3,8% 1.107.666 88.144 -7,4% 724.844 470.966 -39,4% 246.558 94.9252 -79,4%
(estacionou)

TABELA 6: Impactos da 99, em cada cenário, sobre a o valor individual gasto


com estacionamentos no baseline. Horários de pico da manhã.

BASELINE CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5

Tipo de Cenário
Cenário - Cenário/ Cenário - Cenário/ Cenário - Cenário/ Cenário - Cenário/ Cenário/
estaciona- Custo Custo
baseline baseline
Custo
baseline baseline
Custo
baseline baseline
Custo
baseline baseline
Custo - base-
baseline
line
mento
Zona Azul/
Zona Mar- R$25.494 R$25.159 335 -1,3% R$23.953 1.541 -6,0% R$22.191 3.303 -13,0% R$11.237 14.257 -55,9% R$5.256 20.238 -79,4%
rom

Avulso R$434.669 R$428.204 6.465 -1,5% R$405.573 29.096 -6,7% R$374.441 60.228 -13,9% R$178.021 256.648 -59,0% R$89.622 345.047 -79,4%

Mensal R$294.922 R$290.318 4.604 -1,6% R$273.211 21.711 -7,4% R$252.011 42.911 -14,5% R$119.350 175.572 -59,5% R$60.809 234.113 -79,4%

Total (esta- R$755.085 R$743.681 11.404 -1,5% R$702.737 52.348 -6,9% R$648.643 106.442 -14,1% R$308.608 446.477 -59,1% R$155.687 599.398 -79,4%
cionou)

Das tabelas 5 e 6 se pode notar que Para o Cenário 2, a redução total na


para o Cenário 1, pela manhã, houve uma quantidade de vagas é de 45.380, o que
redução de 8.766 vagas demandadas pela representa 3,8% de decréscimo quando
parcela de usuários analisados – ou 0,7% comparada ao que era utilizado antes
menos em comparação com o baseline. O da existência da 99. Novamente os
estacionamentos mais afetados são os
maior impacto se dá nos estacionamentos
pagos, com redução da ordem de 6%,
pagos, que sofrem uma redução de 1,3%
sendo de 6,7% no mensal. Se analisamos
a 1,4%. Durante o dia todo a redução o decorrer de um dia típico completo,
percentual é semelhante, mas o impacto esse resultado é potencializado para
sobe para quase 80 mil vagas. uma redução de 420 mil vagas.

32
Das tabelas 7 e 8 apresentadas se pode
JÁ HOJE, A 99 REDUZIU notar que no cenário 1 houve uma redução
no custo dispendido com estacionamento
A DEMANDA POR VAGAS
de R$ 11.404, o que representa uma redução
DE ESTACIONAMENTO EM, de 1,5% no custo do cenário base. O custo
mais representativo é o do estacionamento
NO MÍNIMO, 78 MIL VAGAS
mensal, que reduziu 1,6%. O cenário 2
DURANTE UM DIA TÍPICO. apresenta uma redução de R$ 52.347, ou
6,9% do cenário base. Já o cenário 5 pode
COM O CRESCIMENTO DA
representar uma redução de R$ 599.397,00
QUANTIDADE DE VIAGENS, somente na hora pico da manhã.
ESSE NÚMERO DEVE CHEGAR Analisando o efeito durante um dia
típico completo, os percentuais entre
EM 420 MIL VAGAS
os cenários são muito semelhantes em
relação à hora pico; entretanto pode-se
Já para os cenários 3, 4 e 5 se observa verificar que o resultado é magnificado
uma redução considerável da demanda em termos financeiros, variando de 93 mil
por estacionamento na RMSP, chegando- reais no Cenário 1 a mais de 5 milhões de
se a uma queda de 79% na utilização de reais no Cenário 5.
estacionamentos caso 100% das viagens
fossem compartilhadas. Durante um dia
todo, isso representaria quase dez milhões ALÉM DA REDUÇÃO DE
de vagas. Caso a RMSP transforme apenas
10% das viagens totais atuais em outras, ESPAÇO DEMANDADO, QUE
compartilhadas, já há uma redução de PODE SER UTILIZADO PARA
quase 7,5% na demanda, ou 88 mil vagas;
para um dia típico todo, tal impacto é da OUTRAS FINALIDADES, A
ordem de 818 mil vagas. REDUÇÃO DA DEMANDA POR
ESTACIONAMENTOS RESULTA
SE APENAS 10% DAS VIAGENS EM GANHOS FINANCEIROS:
QUE HOJE SÃO FEITAS HOJE, JÁ SE ECONOMIZA 93
COM CARROS PRÓPRIOS MIL REAIS POR DIA, VALOR
FOREM COMPARTILHADAS, QUE PODE ESTAR PRÓXIMO
A DEMANDA POR VAGAS DE 452 MIL REAIS COM A
DE ESTACIONAMENTO NA EXPANSÃO DA 99. EM UM
RMSP JÁ DEVE DIMINUIR EM CENÁRIO DE COMPLETO
QUASE UM MILHÃO COMPARTILHAMENTO,
SERIAM MAIS DE 5
A seguir, nas tabelas 7 e 8 são apresentados MILHÕES DE REAIS POR
os resultados de análises similares ao
de número de veículos demandando DIA ECONOMIZADOS PELAS
estacionamento, mas agora monetizado PESSOAS QUE SUBSTITUÍREM
considerando os custos referentes ao
estacionamento. Note que para essa análise O CARRO PRÓPRIO PELO
somente estão presentes os tipos de 99POP
estacionamento pagos pelo usuário.

33
TABELA 7: Impactos da 99, em cada cenário, sobre a demanda por
estacionamentos no baseline. Dia típico.

BASELINE CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5

Tipo de
estaciona- 162.131 161.053 1.078 -0,7% 156.215 5.916 -3,6% 151.038 11.093 -6,8% 101.729 60.402 -37,3% 33.429 128.702 -79,4%
mento
Não 65.686 64.842 844 -1,3% 61.689 3.997 -6,1% 57.280 8.406 -12,8% 29.158 36.528 -55,6% 13.544 52.142 -79,4%
estacionou
Zona Azul/
Zona 3.361.233 3.334.996 26.237 -0,8% 3.231.859 129.374 -3,8% 3.106.063 255.170 -7,6% 2.075.968 1.285.265 -38,2% 693.037 2.668.196 -79,4%
Marrom
Patrocinado 6.535.733 6.504.864 30.869 -0,5% 6.357.063 178.670 -2,7% 6.200.816 334.917 -5,1% 4.371.447 2.164.286 -33,1% 1.347.573 5.188.160 -79,4%

Próprio 2.201.031 2.186.999 14.032 -0,6% 2.126.043 74.988 -3,4% 2.053.210 147.821 -6,7% 1.361.521 839.510 -38,1% 453.821 1.747.210 -79,4%

Meio-fio 254.590 251.519 3.071 -1,2% 239.779 14.811 -5,8% 224.779 29.811 -11,7% 121.196 133.394 -52,4% 52.493 202.097 -79,4%

Avulso 279.500 275.901 3.599 -1,3% 261.539 17.961 -6,4% 244.009 35.491 -12,7% 121.073 158.427 -56,7% 57.629 221.871 -79,4%

Mensal 12.697.773 12.619.121 78.652 -0,6% 12.277.972 419.801 -3,3% 11.886.157 811.616 -6,4% 8.080.363 4.617.410 -36,4% 2.618.097 10.079.676 -79,4%

Total 12.697.773 12.619.121 78.652 -0,6% 12.277.972 419.801 -3,3% 11.886.157 811.616 -6,4% 8.080.363 4.617.410 -36,4% 2.618.097 10.079.676 -79,4%
(estacionou)

TABELA 8: Impactos da 99, em cada cenário, sobre a o valor individual gasto


com estacionamentos no baseline. Dia típico.

BASELINE CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5

Tipo de
Cenário - Cenário/ Cenário - Cenário/ Cenário - Cenário/ Cenário - Cenário/ Cenário - Cenário/
estaciona- Custo Custo
baseline baseline
Custo
baseline baseline
Custo
baseline baseline
Custo
baseline baseline
Custo
baseline baseline
mento
Zona Azul/
Zona Mar- R$214.005 R$211.256 2.749 -1,3% R$200.981 13.024 -6,1% R$186.617 27.388 -12,8% R$94.995 119.010 -55,6% R$44.125 169.880 -79,4%
rom

Avulso R$3.685.666 R$3.630.725 54.941 -1,5% R$3.444.744 240.922 -6,5% R$3.189.083 496.583 -13,5% R$1.568.385 2.117.281 -57,4% R$759.931 2.925.735 -79,4%

Mensal R$2.426.911 R$2.391.523 35.388 -1,5% R$2.255.465 171.446 -7,1% R$2.085.693 341.218 -14,1% R$991.481 1.435.430 -59,1% R$500.394 1.926.517 -79,4%

Total (esta- R$6.326.582 R$6.233.504 93.078 -1,5% R$5.901.190 425.392 -6,7% R$5.461.393 865.189 -13,7% R$2.654.861 36.71.721 -58,0% R$1.304.450 5.022.132 -79,4%
cionou)

34
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