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Índice
Metodologia Transdisciplinar
Conflito de Lógicas
Lógica Clássica
Lógica do Terceiro Termo Incluído
Níveis de Realidade
Referências
Metodologia Transdisciplinar
Um dos principais impactos culturais da revolução quântica foi o questionamento do dogma filosófico contemporâneo da existência
de um único nível de Realidade. A revolução quântica desempenhou um papel importante no nascimento de uma nova abordagem, ao
ransdisciplinaridade[1].
mesmo tempo científica, cultural, social e espiritual, a T
A Metodologia Transdisciplinar foi formulada pelo físico teórico Basarab Nicolescu em 1999. Partindo da área Física, fundamentada
na lógica quântica, Nicolescu considerou os conceitos da teoria da Complexidade, e formulou a lógica do terceiro incluído. A
Transdiciplinaridade é sustentada por três pilares[1]:
A lógica clássica aristotélica justificou a exclusão de um terceiro termo, de algo que é diferente. De certo modo, deu abertura a
filosofias fundamentalistas, racistas e cientificistas, separando, inclusive, o "bem" do "mal" (Maniqueísmo)[2].
Segundo Nicolescu, a transdisciplinaridade "transcende" as disciplinas do conhecimento humano, ou seja, ela está "entre", "através" e
"além" delas. Sendo assim, a noção de transdisciplinaridade permite, ao transgredir as fronteiras epistemológicas de cada ciência
disciplinar, construir um conhecimento que se dá "através" das ciências e que está integrado em função da humanidade, resgatando as
relações de interdependência[2].
Conflito de Lógicas
A lógica clássica é binária, ou seja, ela é constituída a partir de apenas dois valores de verdade: verdadeiro ou falso. Tal lógica,
[1].
elaborada inicialmente porAristóteles, é intuitiva, uma vez que ela está em conformação ao raciocínio humano
A lógica clássica está baseada na Lei do Terceiro Excluído, onde temos o seguinte
raciocínio lógico: "ou A é A ou não é não-A e não há uma terceira possibilidade T". Dessa
forma, dentro da lógica da Lei do Terceiro Excluído, não existe um terceiro estado no qual
A possa ser A e não-A ao mesmo tempo, ou seja, não existe um estado e dualidade T para
A[1].
Sendo assim, a lógica clássica é considerada como “a lógica da realidade”, pois ela está
fundamentada na própria estrutura da realidade, ou seja, ela, naturalmente, faz parte do
raciocínio humano. Isso a tornou amplamente dominante na pesquisa e no ensino, criando a
[1].
necessidade de um conhecimento construído na objetividade plena e na não contradição
A Física Quântica forneceu, portanto, elementos para a formulação desta nova ferramenta conceitual que é a lógica do Terceiro
Incluído[1].
Lógica Clássica
A lógica clássica está baseada em três axiomas:
1. Axioma da Identidade:A é A;
A contradição entre a identidade e a não-identidade é observada nas partículas, dentro da Física Quântica. O filósofo Stéphane
Lupasco aceita esta contradição como um dado inevitável da experiência no que diz respeito à suposta identidade das partículas, uma
tendência à heterogeneidade em um mundo que parece superficialmente dedicado à lidar com ahomogeneidade[3].
Ao desenvolver o seu formalismo axiomático, Lupasco a postula a existência de um terceiro tipo de dinâmica, antagônica, que
coexiste com a dinâmica da heterogeneidade (a qual matéria viva), e com a da homogeneidade (a qual governa a matéria física
macroscópica). Esse novo mecanismo dinâmico demanda a existência de um estado de equilíbrio rigoroso, exato, entre os polos de
uma contradição, em uma semi-atualização e semi-potencialização estritamente
iguais. Esse estado, chamado por Lupasco de estado T (“T” sendo a inicial do
“terceiro incluído”), caracteriza o mundo microscópico, o mundo das partículas,
ou seja, o objeto de estudo da Quântica. Portanto, o princípio de superposição
quântica e de dualidade, por exemplo, pode ser melhor compreendido por meio
de uma lógica não-clássica. Na Mecânica Quântica, um terceiro estado T é
incluído. Devido ao próprio Princípio de Incerteza postulado por Werner
Heisenberg, a combinação entre os estados de “existência” e “não-existência” é
um estado físico admitido[3].
O filósofo romeno Stéphane Lupasco
Por outro lado, na lógica clássica, o determinante é o raciocínio não-
responsável por desenvolver uma lógica
contraditório, algo que se consolidou na concepção e organização do
não-aristotélica.
conhecimento ao longo dos séculos. Sendo assim, o conhecimento ficou
“enclausurado” em um único nível de realidade, onde não seria lógico que dois
estados contraditórios pudessem existir, pois, até então, nunca de havia observado
algo desta natureza[1].
Dentro da lógica do terceiro incluído, os opostos não são eliminados, eles coexistem.
Desse modo, ela não abole a lógica Aristotélica do "sim" e do "não", uma vez que
apenas não se considera a existência de apenas dois termos mas, sim, de três; um
terceiro que é o Terceiro Termo Incluído[2]. Werner Heisenberg, físico
responsável por construir as bases
A lógica do Terceiro Termo Incluído permite o cruzamento de diferentes
da Física Quântica.
perspectivas, onde um sistema coerente e, ao mesmo tempo, aberto, é construído,
permitindo uma melhor compreensão não só de fenômenos científicos, como no caso
da Física Quântica, mas, também políticos e sociais[2].
Níveis de Realidade
O axioma do terceiro incluído (onde se admite a existência de um terceiro termo T que é ao mesmo tempo A e não-A) pode ser
melhor compreendido por meio da noção de “níveis de Realidade”, que são um conjunto de sistemas invariável à ação de um número
de leis gerais[1].
A lógica do Terceiro Incluído, ao pressupor a existência de diferentes níveis de realidade, permite que a realidade seja concebida
como um processo dinâmico, em contínua interação, que leva a relativização da própria “verdade científica”. Sendo assim, a lógica
[1].
do Terceiro Incluído torna-se um instrumento que sempre considera as “verdades” como provisórias e dinâmicas
Ao estabelecer que o primeiro pilar da metodologia transdisciplinar é a existência de diferentes níveis de realidade e,
correspondentemente, diferentes níveis de percepção, Nicolescu descreve que a mudança de um nível para outro depende das leis,
[1].
lógicas e conceitos próprios de cada nível, isto é, cada nível é regido por lei, lógicas e conceitos diferentes
Na Mecânica Quântica, por exemplo, as entidades quânticas estão submetidas às leis quânticas, as quais são complexas de serem
aplicadas ao mundo macroscópico. Desse modo, observa-se que existe uma “ruptura” entre o universo Clássico e o Quântico, ou seja,
estes dois “Níveis de Realidade” são diferentes, havendo uma ruptura das leis e dos conceitos fundamentais (como, por exemplo, o da
causalidade). E equações e princípios daMecânica Clássica estão restritos
ao mundo clássico. Para que seja possível compreender o universo quântico, são
necessários conceitos e uma mecânica mais adequada. Não existe, contudo, um
formalismo matemático que permita a passagem rigorosa de um universo para o
outro. As teorias de Decoerência Quântica tratam da coexistência do universo
Clássico com o Quântico, não descrevendo rigorosamente, entretanto, como se dá a
passagem de um para o outro[1][3].
Referências
1. Akiko Santos; Ana Cristina Souza dos Santos; Ana Maria Crepaldi Chiquier . «A DIALÓGICA DE EDGAR MORIN E
O TERCEIRO INCLUÍDO DE BASARAB NICOLESCU: UMA NOV A MANEIRA DE OLHAR E INTERAGIR COM O
MUNDO» (http://www.ceped.ueg.br/anais/IIIedipe/pdfs/4_conferencias/conf_a_dialogica_de_edgar_morin.pdf)(PDF)
2. Akiko Santos. «O QUE É TRANSDISCIPLINARIDADE»(http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/O_QUE_e_TRANSDIS
CIPLINARIDADE.pdf) (PDF)
3. Basarab Nicolescu. "CONTRADIÇÃO, LÓGICA DO TERCEIRO INCLUÍDO E NÍVEIS DE REALIDADE (http://cetran
s.com.br/textos/contradicao-logica-do-terceiro-incluido-e-niveis-de-realidade.pdf)
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