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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS – UFPEL

Centro de Desenvolvimento Tecnológico – CDTec

Curso de Graduação em Engenharia Hídrica

Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Piratini

Eduardo Moraes Rosa

Pelotas, 2018
Eduardo Moraes Rosa

Caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Piratini

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Centro de
Desenvolvimento Tecnológico da
Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Hídrica.

Orientador: Tamara Leitzke Caldeira

Pelotas, 2018

Sumário
1 Introdução...................................................................................................... 16
2 Revisão bibliografica...................................................................................... 23
. 2.1 Bacia Hidrografica.............................................................................. 33
3 Materiais e Métodos....................................................................................... 42
. 3.1 Caracterização da área de estud........................................................43
4 Resultados e Discuçao.................................................................................. 53
5 Considerações finais .................................................................................... 78
Referências ...................................................................................................... 81
Apêndices ........................................................................................................ 85
Anexos ........................................................................................................... 100
I. Introdução

3 Metodologia

3.1 Obtenção do MDE e delimitação da Bacia

Utilizou-se como fonte para a obtenção dos Modelos Digitais de Elevação


(MDEs) quatro cenas SRTM (Shuttle Radar Topography Misson), retiradas do
site Earth Explorer com dados oferecidos pela NASA (USGS, 2018), com
resolução espacial de 30 x 30 m, e tratadas em ambiente de sistema de
informação geográfica (SIG), por meio do software ArcGis 10.3/Arcmap. Foi
empregado o sistema de projeção cartográfica UTM e datum SIRGAS 2000
(BRASIL, 2005) para o georreferenciamento de todo os dados.

Figura xx – Localização da bacia hidrográfica rio Piratini (BHRP), utilizada no presente estudo.
Inicialmente refinou-se a hidrografia obtida no modelo digital,
caracterizando o caminho preferencial do escoamento superficial, que se deve à
suavização da rede de drenagem, o que orienta a hidrografia no sentido
nascente-foz, segundo Marques et al., (2009). A primeira etapa do
processamento foi a composição do MDE da bacia do Rio Piratini, onde utilizou-
se o comando Mosaic para juntar das quatro cenas adquiridas. O MDE gerado a
partir de dados do SRTM pode apresentar falhas, depressões no relevo. As
depressões são consideradas erros por padrão, pois são morfologias raras no
relevo real, entretanto comuns no interpolador devido aos erros sistêmico do
processo (HUTCHINSON, 1989).

As depressões influenciam diretamente nas análises de escoamento


superficial na bacia hidrográfica. Para correção dessas falhas utilizou-se Fill
(preencher), esta função permite correções no MDE, de modo que esta
considera as altitudes dos pixels vizinhos para preencher, suavizando a
consistência no mapa do MDE.

Em seguida após as correções, iniciou-se a análise do escoamento


superficial a partir da definição da direção do fluxo, bem como o cálculo do
acumulo do fluxo, utilizando as ferramentas flow direction e flow accumulation.
Com o exutório já escolhido, foi possível delimitar a bacia hidrográfica com o
comando Watershed.

Segundo Rennó et al. (2008), as relações hidrológicas entre pontos


diferentes dentro de uma bacia hidrográfica definem a direção de fluxo. Sendo
assim, para que uma drenagem funcional posso existir é necessário
continuidade topológica para as direções de fluxo.

O fluxo acumulado é um parâmetro indicativo do grau de confluência do


escoamento e pode ser associado ao fator comprimento de rampa aplicado em
duas dimensões. O fluxo acumulado, apresenta obtenção complexa, manual ou
computacional, uma vez que reúne, além de características do comprimento de
rampa (conexão com divisores de água a montante), também a curvatura
horizontal (confluência e divergência) (VALERIANO, 2008).
Com a bacia delimitada e utilizando o comando “extract by mask”,
permitiu-se a extração dos dados gerados somente para dentro da área de
interesse (figura).

Ao obter o MDE hidrologicamente consistente, as direções de fluxo foram


reproduzidas conforme algoritmo de Jenson; Domingue (1988), o qual considera
uma única direção de fluxo para cada pixel do MDE, optando pela direção com
maior declividade em relação aos pixels vizinhos. De posse das direções de
fluxo, obtevese o fluxo acumulado, dado pela somatória de células drenadas até
a célula de análise (MOORE et al., 1991).

Para construção da rede hidrográfica (figura) da bacia foi empregada a


ferramenta raster calculator, onde se utilizou como condicionante 200 pixels de
fluxo acumulado para a formação de curso d’água, sendo assim para que um
pixel seja considerado parte da rede hidrográfica, é necessário que tenha no
mínimo 200 pixels contribuindo a montante.

Na elaboração da classificação do uso e ocupação da terra, optou-se


por duas imagens orbitais. Sendo assim, as imagens utilizadas no trabalho são
dos anos 2005 e 2015.

A classificação da imagem, para a elaboração do mapa de uso e


ocupação da Terra, se deu através do software Envi 5.1 e para a edição dos
mapas e cálculo de área utilizou-se o software ArcGis 10.3. As imagens foram
obtidas através do portal online do Serviço Geológico dos Estados Unidos
(USGS, 2018).

Na classificação das imagens utilizou-se o algoritmo Maxver (máxima


verossimilhança), que é um algoritmo de classificação supervisionada, que usa
parâmetros estatísticos na classificação, visando áreas homogêneas ou de
mesmo valor numérico. Para que a classificação por MaxVer seja precisa, é
necessário um número razoavelmente elevado de pixels para cada conjunto de
treinamento, esse número permite uma base segura para tratamento estatístico
(CRÓSTA, 2002).
3.2 Determinação dos parâmetros morfométricos

Após a delimitação da bacia foram obtidas diversas características


morfométricas: área da bacia (A), perímetro da bacia (P), coeficiente de
compacidade (Kc), fator de forma (F), índice de circularidade (IC), declividade,
altitude, densidade de drenagem (Dd) e ordem dos cursos d’água.

O Coeficiente de compacidade (Kc) estabelece uma relação entre a


circunferência de um círculo de área igual à da bacia e o seu perímetro. Segundo
Villela e Mattos (1975), este coeficiente indica um valor adimensional que varia
com a forma da bacia, e independe do seu tamanho. Quanto mais irregular a sua
forma, maior será o coeficiente de compacidade. Desse modo, um coeficiente
mínimo igual à unidade corresponderia a uma bacia circular e, para uma bacia
alongada, seu valor é significativamente superior a 1. Uma bacia será mais
suscetível a enchentes mais acentuadas quando seu coeficiente for mais
próximo da unidade. O Kc foi determinado baseado na seguinte equação:

𝑃
𝑘𝑐 = 0.28 × (𝐸𝑞. 1)
√𝐴

Sendo: Kc= coeficiente de compacidade, adimensional; A= área da bacia


(m²); P= perímetro da bacia, (m).

O fator de forma (F) relaciona um retângulo com o formato da bacia,


comparando à razão entre a largura média e o comprimento axial da bacia (da
foz ao ponto mais longínquo do espigão). Quanto menor for o fator de forma,
menos sujeita a enchentes que a outra de mesmo tamanho, porém com fator de
forma maior, segundo Villela & Mattos (1975). O fator de forma é determinado
utilizando a equação 2:

𝐴
𝐹= (𝐸𝑞. 2)
𝐿2
Sendo: F= fator de forma, adimensional; A = área de drenagem, (m2); L=
comprimento do eixo da bacia, (m).

Quanto ao índice de circularidade (Ic), conforme Cardoso et al. (2006), o


índice tende para um à medida que a bacia se aproxima da forma circular e
diminui à medida que a forma torna alongada, simultaneamente ao coeficiente
de compacidade. Para obter o índice de circularidade, utilizou-se a seguinte
equação em que IC é o índice de circularidade, A a área de drenagem (m2) e P
o perímetro (m):

(12.57 × 𝐴)
𝐼𝐶 = (𝐸𝑞. 3)
𝑃2

Quanto às altitudes e declividades médias, máximas e mínimas foram


obtidas automaticamente através do MDEHC, utilizando a classificação da
EMBRAPA (2009) para classificar as classes de declividade da bacia.

A densidade de drenagem (Dd ) é a relação entre a área da bacia e o


comprimento total de canais, para seu cálculo devem-se considerar todos os rios
tanto os perenes como os temporários (HORTON, 1945). Na caracterização da
rede de drenagem, foram determinados o comprimento do canal principal, o
comprimento total dos canais, o comprimento vetorial do canal principal, a
densidade de drenagem e a ordem da bacia.

Segundo Christofoletti (1969), valores elevados de Dd indicam áreas com


pouca infiltração e melhor estruturação dos canais

𝐿𝑡
𝐷𝑑 = (𝐸𝑞. 4)
𝐴

Para concluir, foi feita a ordem dos cursos d’água utilizando a metodologia
estabelecida por Strahler (1957), na qual os canais sem tributários são
designados de primeira ordem. Os canais de segunda ordem são os que se
originam da confluência de dois canais de primeira ordem, podendo ter afluentes
também de primeira ordem. Os canais de terceira ordem originam-se da
confluência de dois canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de
segunda e primeira ordens, e assim sucessivamente (SILVEIRA, 2001).

3.3 Estudo Hidrológico

Para a realização do estudo, analisaram-se os dados consistidos de 12 estações


pluviométricas pertencentes à rede hidrometeorológica da Agência Nacional de
Águas (ANA). Com base na análise dos dados disponíveis, optou-se por
selecionar o período-base de 1966-2017.

Foi utilizado o programa Sigmaplot 12.0 para plotar os gráficos de chuva total
anual e média total anual para cada uma das 12 estações.

4 Resultados e Discussão
Figura – Modelo digital de elevação da Bacia Hidrográfica do Rio Piratini obtido a partir do MDE
SRTM 30.
Figura xx – Mapa de declividade da BHAC, segundo classificação de EMBRAPA (1979), derivado
do MDE SRTM 30.
Figura 9 – Mapa de uso e ocupação do solo para a bacia hidrográfica do Rio Piratini.
Figura xx – Mapa de direção de fluxo da BHRP derivado do MDE SRTM 30.
Figura xx – Pontos de monitoramento das séries históricas hidrometeorológicas, empregadas
neste estudo.
Figura – Comportamento natural da curva de permanência do Rio Piratini – Brasil.
Fonte: ANA/HidroWeb (2018). Org. Rosa, E. M. (2018).

Figura – Precipitação média, máxima e mínima diária mensal de vazões de saída correspondente na
bacia hidrográfica do Rio Piratini - Brasil.
Figura 2 - Precipitação média anual da bacia hidrográfica do Rio Piratini – Brasil.
Fonte: ANA/HidroWeb (2018). Org. Rosa, E. M. (2018).
Figura 3 - Precipitação média anual da bacia hidrográfica do Rio Piratini – Brasil.
Fonte: ANA/HidroWeb (2018). Org. Rosa, E. M. (2018).
Figura 4 - Precipitação média anual da bacia hidrográfica do Rio Piratini – Brasil.
Fonte: ANA/HidroWeb (2018). Org. Rosa, E. M. (2018).
Referencias

EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos – Rio de Janeiro:


Embrapa, p. 412, 2009.

BRASIL. Dá nova redação ao art. 21 e revoga o art. 22 do Decreto no 89.817.


Decreto Nº 5.334 de 6 de janeiro de 2005.

CARDOSO, C. A.; DIAS, H. C. T.; SOARES, C. P.; MARTINS, S. V.


Caracterização Morfométrica da Bacia Hidrográfica do Rio Debossan.
Revista Árvore, Nova Friburgo-RJ, 2006, v. 30, p. 241- 248.

CHRISTOFOLETTI, A. Análise morfométrica de bacias hidrográficas. Notícia


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HUTCHINSON, M. F. A new procedure for gridding elevation and stream line


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MARQUES, F. de A. et al. AQUORA - Sistema multi-usuário para gestão de


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RENNÓ, C.D.; NOBRE, A.D.; CUARTAS, L.A.; SOARES, J.V.; HODNETT, M.G.;
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2018).

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VILLELA, S.M., MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. São Paulo: McGraw – Hill do


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