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DIÁLOGOS SOCIOEMOCIONAIS

Manual de Aplicação do Instrumento

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APRESENTAÇÃO

O conceito de educação Integral se relaciona mais ao propósito das atividades


de ensino e aprendizagem do que ao aumento da jornada escolar propriamente dita.
Diversos marcos nacionais e internacionais de educação e direitos humanos
esclarecem que o direito à educação está atrelado não só ao acesso à escola e ao
conhecimento, mas à formação em todas as dimensões do ser humano. Documentos
de referência, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Base Nacional Comum
Curricular e o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), são
claros na proposta de oferecer aos estudantes muito mais do que um acúmulo de
conteúdo.
Para isso, é preciso situar o estudante no centro do processo e construir
estratégias para que ele possa aprender a ser, a conviver, a conhecer e a fazer1. No
que tange aos conhecimentos mais tradicionais, não há dúvidas de que ainda é preciso
superar muitos desafios educacionais básicos – como os relacionados à alfabetização,
ao numeramento e à aprendizagem de conteúdos curriculares tradicionais –, mas
também deve-se reconhecer que a escola deve se voltar para as competências
socioemocionais como assertividade, persistência e determinação com a mesma
intencionalidade que tem para os demais desafios; tanto por serem fundamentais
para o desenvolvimento integral quanto por contribuírem com a superação dos
complexos desafios educacionais básicos.
Em linhas gerais, competências socioemocionais se referem à capacidade
individual de mobilizar, articular e colocar em prática conhecimentos, valores,
atitudes e habilidades para se relacionar com os outros e consigo mesmo, assim como
estabelecer e atingir objetivos e enfrentar situações adversas de maneira criativa e
construtiva. Elas podem ser manifestadas em pensamentos, sentimentos e
comportamentos de cada pessoa e também podem ser desenvolvidas por meio de
experiências formais e informais de aprendizagem, sendo importantes
impulsionadoras de resultados ao longo da vida.
O objetivo da utilização do instrumento componente da Solução Educacional
Diálogos Socioemocionais é o de oportunizar a estudantes e professores momentos
de reflexão e diálogo sobre o desenvolvimento das competências socioemocionais dos
estudantes, dando visibilidade clara e objetiva sobre seus níveis e servindo como fonte
de informação importante que permite a orientação de estratégias pedagógicas
intencionais para a aprendizagem dessas competências e/ou sobre eventuais ajustes

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Quatro pilares traçados pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século
21 para a UNESCO.

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necessários no percurso formativo. Ao lado disso, os resultados derivados do uso
desse instrumento podem oferecer informações úteis, relevantes e pertinentes aos
estudantes e professores para compreender, na relação entre ambos, as
potencialidades da avaliação formativa em prol da aprendizagem das competências
socioemocionais, à gestão escolar para potencializar o apoio à realização do trabalho
e à rede sobre como apoiar suas escolas para que possam fazê-lo.

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O eduLab21

O eduLab21 é um laboratório dedicado à produção e disseminação de


conhecimento científico para apoiar a formulação de políticas públicas para uma
educação integral e de qualidade. Iniciativa do Instituto Ayrton Senna, o laboratório se
insere no histórico de atuação da organização, contando com as mesmas premissas e
perspectivas sobre o propósito da educação para reunir uma rede multidisciplinar de
parceiros ao redor do mundo, entre universidades, pesquisadores, organizações
internacionais e gestores de políticas educacionais.
A missão do eduLab21 é apoiar a busca por respostas para questões crucias da
educação a partir da contribuição das ciências. Para isso, promove o debate entre
pesquisadores com reconhecidas expertises em várias ciências, entre estes educadores e
gestores da educação, visando produzir soluções que sejam conectadas com a sala de aula,
relevantes às redes de ensino e baseadas em evidências científicas. Assim, a atuação eo
eduLab21 acontece em três frentes: produção, disseminação e customização de conteúdo.
O eduLab21 incentiva a produção de novos conhecimentos e o mapeamento de
informações existentes sobre as competências importantes para a vida no século 21,
como desenvolvê-las na escola e como avaliar as iniciativas destinadas ao seu
desenvolvimento. Esses conhecimentos, em constante desenvolvimento, estão sendo
produzidos em parceria com as redes de ensino, universidades, pesquisadores,
organizações da sociedade civil e instituições internacionais.
Dentre os conhecimentos desenvolvidos desta maneira, pode-se citar o
desenvolvimento do Instrumento Senna- um inventário respondido pelos próprios
estudantes e que promove o mapeamento de como eles costumam desempenhar cada
uma das competências socioemocionais na vida e quão bem eles acreditam ser capazes
de dominar essas competências -, e do Instrumento componente da Solução Educacional
denominada Diálogos Socioemocionais, projeto ao qual o presente manual pertence.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................... 1
O eduLab21 ................................................................................................................................................................... 5
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 7
2. INSTRUÇÕES PARA APLICAÇÃO DAS RUBRICAS SOCIOEMOCIONAIS ............................ 18
A APLICAÇÃO PASSO A PASSO ........................................................................................................................... 19
Orientações gerais para o aplicador/professor no preenchimento do instrumento em
sua versão em lápis e papel. ....................................................................................................................... 19
1ª (Pimeira) Aplicação ................................................................................................................................. 20

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INTRODUÇÃO

1.1 As 17 competências do Diálogos Socioemocionais


Sabe-se que existe uma variedade considerável de modelos que visam a
organização operacional de competências socioemocionais e que elas se manifestam
de diferentes formas entre os indivíduos e também entre culturas. A partir dos anos
60, o conhecimento científico acumulado permitiu a identificação recorrente em
diversos contextos e localidades e com base em evidências oriundas de pesquisas de
grande amostragem, de cinco fatores principais que resumem de modo abrangente e
parcimonioso, ao mesmo tempo, a variação de competências socioemocionais
existentes: são as chamadas Macrocompetências. Os autores que mais contribuíram
ao modelo à época foram Lewis Goldberg, Robert R. McCrae e Paul T. Costa, Jerry
Wiggins e Oliver John. Na organização resultante de estudos desenvolvidos pelo
eduLab21, essas cinco Macrocompetências são denominadas Abertura ao novo,
Autogestão, Engajamento com os outros, Amabilidade e Resiliência Emocional.

Para ressaltar a importância do tema, John, que atua como professor de


psicologia na Universidade da Califórnia em Berkley, é membro do Conselho Científico
do eduLab21 e é autor do The Big Five Personality Test - um dos mais robustos testes
de avaliação dos traços de personalidade - analisa que pela primeira vez na história é
possível entender o que acontece com os indivíduos. “Temos a chance de conectá-los
às escolas, e as competências socioemocionais são atributos que não podemos
subestimar”, afirma.

Sob as cinco macrocompetências, foram derivadas 17 competências em nível


mais granular consideradas importantes no contexto escolar. Elas estão relacionadas
a seguir, junto com as respectivas macrocompetências:

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Figura 1. As macrocompetências e as competências socioemocionais

I – MACROCOMPETÊNCIA AUTOGESTÃO: inclinação a ser organizado, esforçado e


responsável. O indivíduo é eficiente, organizado, autônomo, disciplinado, não
impulsivo e orientado para seus objetivos.

Competências socioemocionais:
Determinação
Diz respeito a objetivos, ambição e motivação para trabalhar duro, sobre fazer mais
do que apenas o mínimo que se espera. Quando temos determinação, estabelecemos
padrões elevados e trabalhamos intensamente para progredir. Isso significa nos
motivar e mesmo nos forçar a investir todo o tempo e esforço que pudermos.
Organização
Consiste em ser ordeiro, eficiente, apresentável e pontual. Organização aplica-se aos
nossos pertences pessoais e aos da escola, bem como ao planejamento de nossos
horários, atividades e objetivos futuros. Coordenar nossa vida e planos de forma
organizada, e mantê-los assim, requer o uso cuidadoso de tempo, atenção e estrutura.
Foco
Consiste em "atenção seletiva" — isto é, a capacidade de selecionar um objetivo,
tarefa ou atividade e então direcionar toda nossa atenção apenas na tarefa
"selecionada" e nada mais. Quando estamos altamente focados, somos capazes de

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nos concentrar e evitar ceder a estímulos distratores. Permanecer focado é
especialmente difícil quando a tarefa em que estamos trabalhando não é muito
interessante para nós, ou é repetitiva ou desafiadora.
Persistência
Diz respeito a completar tarefas e terminar o que assumimos/começamos, ao invés
de procrastinar ou desistir quando as coisas ficam difíceis ou desconfortáveis.
Persistência nos permite continuar a trabalhar em um problema desafiador, tarefa ou
projeto, não desistir e superar as dificuldades até "o trabalho estar feito".
Responsabilidade
Consiste em gerenciar a nós mesmos a fim de conseguir realizar nossas tarefas,
cumprir compromissos e promessas que fizemos, mesmo quando é difícil ou
inconveniente para nós. Isso significa agir de forma confiável, consistente e previsível,
para que outras pessoas sintam que podem contar conosco e assim confiar em nós no
futuro.

II – MACROCOMPETÊNCIA ENGAJAMENTO COM OS OUTROS: orientação de


interesses e energia em direção ao mundo externo, pessoas e coisas. O indivíduo é
caracterizado como amigável, sociável, autoconfiante, energético, aventureiro e
entusiasmado.

Competências socioemocionais:
Iniciativa social
Diz respeito a aproximar-se e relacionar-se com os outros, como os amigos,
professores e pessoas novas que podem, eventualmente, tornarem-se amigas.
Especificamente, trata-se de iniciar, manter e apreciar as relações e o contato social.
Praticar iniciativa social nos torna mais hábeis no trabalho em equipe, na comunicação
expressiva e para falar em público (por exemplo, falar em um grupo de pessoas, ou na
frente da classe).

Assertividade
Diz respeito a demonstrar coragem quando a situação exige, precisamos ser capazes
de fazer-nos ouvir para dar voz aos sentimentos, necessidades, opiniões e de exercer
influência social. A capacidade de afirmar nossas próprias ideias e vontades é muito

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relevante para a realização de metas importantes para nós mesmos ou de nosso grupo
diante da oposição ou injustiça, tais como assumir uma posição, imprimir liderança,
ou mesmo confrontar os outros, se necessário. Além disso, a assertividade permite
fazer análises e tomadas de decisões rápidas, bem como decidir considerando
diversas variáveis.

Entusiasmo
Significa envolver-se ativamente com a vida e com outras pessoas e a fazê-lo de uma
forma positiva, alegre e afirmativa — sentir "gosto pela vida." Quando somos
entusiasmados, encaramos nossas tarefas diárias com alegria e interesse. Entusiasmo
nos permite apreciar o que fazemos e mostrar nossa paixão ao outro. Simplificando,
o entusiasmo é ter uma atitude positiva: encarar o dia-a-dia com alegria, energia e
emoção.

III – MACROCOMPETÊNCIA AMABILIDADE: tendência a agir de modo cooperativo e


não egoísta. O indivíduo amável ou cooperativo se caracteriza como tolerante,
altruísta, modesto, simpático, não teimoso e objetivo.

Competências socioemocionais:
Empatia
Usar nossa compreensão da realidade, da vida e habilidades para entender as
necessidades e sentimentos dos outros, agir sobre esse entendimento com bondade
e respeito e investir em nossos relacionamentos, ajudando e prestando apoio,
assistência e sendo solidário.

Respeito
Consiste em tratar as outras pessoas com bondade, consideração, lealdade e
tolerância — ou seja, da forma como gostamos de ser tratados. Significa mostrar o
devido respeito aos sentimentos, desejos, direitos, crenças ou tradições dos outros.
Existem muitas maneiras de desrespeitar alguém, como não ouvir, não dar atenção a
sua fala, dizer coisas maldosas e ofensivas, gritar, intimidar ou ferir. Às vezes, o
respeito nos obriga a controlar impulsos agressivos ou egoístas, porque não queremos
ferir os direitos ou sentimentos de outra pessoa.

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Confiança
É a capacidade de desenvolver expectativas positivas sobre as pessoas que participam
de nossa vida. Diz respeito a acreditar que as outras pessoas são importantes para o
nosso crescimento, quer seja quando podemos confiar em suas boas intenções, ou
quando precisamos perdoar por terem feito algo errado. Em vez de ser rude e julgar
os outros, a confiança nos permite dar outra chance.

IV – MACROCOMPETÊNCIA RESILIÊNCIA EMOCIONAL: previsibilidade, consistência e


equilíbrio de reações emocionais, sem mudanças bruscas de humor. Em sua carga
inversa, o indivíduo é emocionalmente instável e é caracterizado como preocupado,
irritadiço, ansioso, impulsivo e não-autoconfiante.

Competências socioemocionais:
Tolerância ao estresse
Estresse, medo, ansiedade e preocupação são reações normais que todos nós
experimentamos quando temos de enfrentar situações difíceis ou desafiadoras, como
fazer uma prova ou apresentar uma ideia para outras pessoas que podem ser críticas
e não gostarem dela. Tolerância ao estresse diz respeito a quão efetivamente
podemos administrar nossos sentimentos negativos nessas situações. Em vez de se
sentir oprimido ou "entrar em pânico" e simplesmente fugir daquela situação,
precisamos aceitar que estresse e ansiedade são parte da vida e que realmente não
podemos evita-los. Em vez disso, podemos aprender maneiras de lidar com eles de
forma construtiva e positiva. Quando fazemos isso, vivemos relativamente livres de
preocupação excessiva e somos capazes de resolver nossos problemas calmamente.

Autoconfiança
Consiste em um sentimento de força interior— é sentir-se bem com o que somos e
com a vida que vivemos, manter expectativas otimistas sobre o futuro. É a voz interior
que diz "sim, eu posso", mesmo se, no momento, as coisas parecem difíceis ou não
estão indo tão bem. Quando encaramos a vida com autoconfiança, não temos que nos
preocupar e reclamar o tempo todo sobre nossas falhas, decepções ou contratempos.

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Em vez disso, temos pensamentos positivos, desejamos ter sucesso naquilo que
fazemos e adotamos a mentalidade do "eu posso".

Tolerância à Frustração
Significa usar estratégias eficazes para regular o sentimento, raiva e irritação,
mantendo a tranquilidade e serenidade perante às frustrações, evitando assim o mal
humor, fácil perturbação ou a instabilidade.

V – MACROCOMPETÊNCIA ABERTURA AO NOVO: tendência a ser aberto a novas


experiências estéticas, culturais e intelectuais. O indivíduo aberto a novas
experiências caracteriza-se como imaginativo, artístico, excitável, curioso, não
convencional e com amplos interesses.

Competências socioemocionais:
Curiosidade para aprender
A curiosidade para aprender refere-se ao forte desejo de aprender e de adquirir
conhecimentos e habilidades. Quando somos curiosos, reunimos interesses em ideias
e uma paixão pela aprendizagem, exploração intelectual e compreensão.
Simplificando, a curiosidade é uma mentalidade inquisitiva que facilita a investigação,
pesquisa, o pensamento crítico e a resolução de problemas.

Imaginação criativa
Diz respeito a gerar novas/inéditas e interessantes formas de pensar sobre as coisas
ou fazer coisas. Podemos fazer isso de várias maneiras, por meio de "tentativa e erro",
ajustes, combinação de conhecimentos, aprendendo com as falhas ou tendo uma
ideia ou uma visão quando descobrimos algo que nós não sabíamos ou entendíamos
antes. Desta forma, as coisas podem realmente "existir" apenas em nossa imaginação.

Interesse artístico
Diz respeito a valorizar, admirar e apreciar produções artísticas e desenvolver
sensibilidade para ver beleza em suas formas. Podemos usar nossa imaginação e
habilidades criativas para produzir ou vivenciar a arte em muitos domínios diferentes,

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tais como visual (pintura, fotografias, grafite, vídeos), verbal, oral e escrita (histórias,
poemas, drama, literatura), musical (música, instrumento musical, dança) e muitas
outras linguagens (arquitetura, desenho industrial - como o design de um telefone
celular).

1.2 O Protagonismo Juvenil

Conectar a escola com os propósitos de formação de estudantes protagonistas


requer a criação de espaços efetivos de corresponsabilidade dos jovens pelo processo
educativo. Esse desenho envolve o estabelecimento de um contrato pedagógico claro
(Perrenoud, 1999), no qual estudante e professor são corresponsáveis pela
construção do conhecimento.

Para isso, a forma como são estabelecidas as relações de aprendizagem na


escola ganha maior importância. O foco no conteúdo programático e no professor
como único detentor de sua transmissão inviabiliza a proposta de
corresponsabilização.

Entre os modelos mais usuais de participação juvenil no contexto escolar,


destacam-se a manipulada, a representativa e o ativismo:

 Na manipulada, a relação de poder é assimétrica, o professor abre espaço


restrito e direcionado para a participação juvenil que acaba cumprindo tarefas
pré-definidas.
 Na representativa, os estudantes participam por meio de implantação de
grêmios estudantis e da escolha de representantes de turmas. Há experiências
interessantes nesse modelo, mas na maioria das vezes, a participação acaba
ficando apenas restrita a alguns grupos.
 No ativismo, a escola se envolve na resolução de algum problema social real,
mas sem que se ofereça as condições reais de orientações, pesquisas e estudos
para que de fato a aprendizagem aconteça.

O protagonismo juvenil é um modelo de participação escolar diferenciado dos


citados anteriormente, pois parte do princípio da criação de intencionalidade e
espaços no currículo para que o estudante de fato esteja no centro da aprendizagem,
passa gradualmente a participar das decisões de forma estratégica e responsável,
participa do desenvolvimento das diversas etapas da sequência didática e da avaliação

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da aprendizagem. Um processo em que o professor orienta, acompanha e vê o
estudante caminhar com as próprias pernas. Essa é a forma que garante o
desenvolvimento consistente das competências socioemocionais.

Uma maneira de promover o protagonismo, acompanhar o percurso de


desenvolvimento do estudante e a constante reflexão e qualificação do projeto
educativo é embasar-se na avaliação formativa. Ela possibilita o planejamento da
sequência didática e momentos de diálogos entre professores e alunos pautados na
corresponsabilidade pela aprendizagem. O diálogo qualificado entre professores e
estudantes e o acompanhamento do desenvolvimento de competências dos últimos
por meio de um instrumento que registre o percurso formativo deles permitem a
elaboração de estratégias que objetivam o desenvolvimento intencional das
competências socioemocionais em âmbito escolar e/ou ajustes de rota no processo
de ensino-aprendizagem. É importante ressaltar, também que é necessário haver
feedbacks claros e objetivos por parte do professor, sempre com vistas a alcançar o(s)
objetivo(s) combinado(s) inicialmente com o estudante.

1.3 A avaliação formativa


A avaliação formativa é uma proposta pedagógica que visa acompanhar o
percurso de ensino aprendizagem. Sua metodologia se configura por trazer ao
professor subsídios necessários para que ele possa conhecer e intervir eficazmente na
regulação da aprendizagem até que o estudante alcance objetivo(s) determinado(s).
Para isso, o professor, como mediador da aprendizagem, precisa:

 deixar claro o percurso sugerido;


 propor atividades nas quais o estudante tem a oportunidade de se
desenvolver;
 checar e conversar sobre a aprendizagem por meio de feedbacks ao longo do
caminho;
 corrigir a rota quantas vezes forem necessárias, buscando o melhor resultado
possível para aquela situação.

As principais características da avaliação formativa são:

 Ser em si um próprio processo didático-educativo como uma maneira de


cuidar e acompanhar todo o processo didático, assim como é esperado no
Diálogos Socioemocionais.

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 Ser dinâmica porque fornece feedbacks do processo de ensino-aprendizagem.
Os feedbacks tornam possível clarear as evidências do que se está aprendendo
em cada etapa, assim tanto o professor quanto o estudante podem reorientar
o processo de ensino-aprendizagem. É importante, portanto, que o tempo do
feedback ocorra enquanto a aprendizagem ocorre e não depois dela.
No Diálogos Socioemocionais, o professor pode propor momentos individuais
nos quais os estudantes respondem aos instrumentos isoladamente.
 Ser transparente porque a todo o momento os estudantes sabem o que se
espera deles (objetivo, desenvolvimento, critérios claros e combinados). Essa
condição é fundamental para que o estudante também se responsabilize pelo
seu processo de aprendizagem.
 Ser individual ou em grupo porque permite respeitar os diferentes ritmos de
aprendizagem. Com essa característica é possível trabalhar com todos e cada
um.

Tais características são condições propícias e desejáveis para o desenvolvimento


intencional das competências socioemocionais e acompanhamento dele. Além disso,
a avaliação formativa permite a autonomia do professor, fomenta o protagonismo e
a participação ativa do estudante e considera diferentes oportunidades de
abordagens, de condução e de desenvolvimento.

Nesse sentido, ao invés de haver apenas um meio de condução, muitos são os


instrumentos que permitem o acompanhamento, a observação e a metacognição.
Todos partem do princípio de planejar atividades abertas, colaborativas, que
permitam a autoavaliação, tais como produções textuais, dinâmicas em grupo, uso de
rubricas instrucionais, entre outras.

Em suma, a avaliação formativa ocorre quando: (a) o tempo da interpretação dos


resultados da avaliação permite que ela seja feita de modo a favorecer a
aprendizagem ao longo do período em que ela ocorre e; (b) quando a finalidade do
uso da informação é fornecer feedback aos estudantes de modo a contribuir com seu
processo de aprendizagem ao longo desse mesmo período. Assim, veja que o que
caracteriza a avaliação formativa (para a aprendizagem) é o tempo da interpretação e
a finalidade para qual ela será usada e não o(s) instrumento(s) em si utilizado(s) como
fonte(s) de informação, sendo possível, assim, lançar mão de diversos tipos
combinados de instrumentos e de outras fontes de informação para se interpretar
resultados de maneira que atendam aos critérios a) e b) descritos neste parágrafo.

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1.4 Rubrica
Rubricas instrucionais são métodos que embasam instrumentos de
acompanhamento e são cada vez mais usadas na educação, pois permitem guiar os
individuos envolvidos a fim de que atinjam o(s) objetivo(s) estabelecido(s)
inicialmente a partir de critérios previamente estabelecidos e ordenados em um
percurso crescente de desenvolvimento de modo que o desenvolvimento do aluno
nesse percurso fique claro à professores e estudantes.

Entre as principais características das rubricas, destacam-se (Biagiotti, 2005):

 são feitas sob medida para as tarefas ou produtos que se pretende


acompanhar;
 descrevem níveis de desempenho, de competências, na realização de tarefas
específicas ou de um produto específico;
 tornam fácil avaliar trabalhos/ sistemas complexos;
 tornam possível avaliar qualquer tema de maneira objetiva;
 evidenciam o que o professor espera do estudante tanto em uma tarefa
individual quanto em grupo e favorecem a criação de um diálogo construtivo
entre ambos, pois eles são corresponsáveis pela aprendizagem;
 permitem graduar e tornar o processo de aprendizagem transparente para o
professor e para o estudante.

Ao se estabelecer e explicitar a expectativa de aprendizagem para um


determinado conteúdo ou competência, a rubrica permite que ambos (professor e
estudante) conheçam os níveis de desenvolvimento e possam se responsabilizar pelo
sucesso na aprendizagem. Sendo assim, as rubricas podem ser utilizadas para
pontuar o passo a passo do percurso de desenvolvimento, facilitando e
evidenciando a elaboração ou o acompanhamento de critérios avaliativos, visando
alcançar os objetivos de aprendizagem determinados.

A contribuição do instrumento componente da Solução Educacional denominada


Diálogos Socioemocionais para com as equipes escolares reside na possibilidade de
utilização de rubricas para avaliação de competências socioemocionais que
expressam quatro níveis crescentes de desenvolvimento e de estágios intermediários
entre esses níveis. A seguir um exemplo da rubrica de Empatia desenvolvida para
esse instrumento:

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Figura 2. Rubrica da Empatia – Diálogos Socioemocionais

Repare que sua leitura sugere um desenvolvimento crescente e permite ao


leitor tomar consciência sobre o que se entende por empatia, na medida em que
pretende encontrar o nível que melhor representa o degrau que o estudante acredita
ter atingido no momento da avaliação ou, ainda, a percepção do professor a esse
respeito.

Concernente ao papel do professor no Diálogos Socioemocionais, ele assume


o papel de provocador e orientador da autoavaliação, motivando os estudantes a
refletirem sobre si mesmos, solicitando exemplos, buscando resgatar evidências que
ilustrem o nível escolhido, direcionando para que melhorem em relação ao próprio
desempenho nessa competência socioemocional sempre que isso fizer sentido para
eles de modo que esse desempenho os apoie para o alcance de objetivos por eles
estabelecidos. A seguir, trataremos de como esse trabalho pode ser conduzido no
Diálogos Socioemocionais, detalhando a aplicação passo a passo do instrumento
embasado por rubricas socioemocionais em sua versão em lápis e papel.

Desse modo, tais instruções para aplicação direcionam-se aos aplicadores


(professores) do instrumento para que orientem os estudantes, bem como encontrem
orientações sobre o seu papel como professor-mediador de todo processo. Por fim,
neste momento, detalhamos apenas os procedimentos a seguir para a 1ª (Primeira)
aplicação, sendo que os procedimentos referentes à 2ª (Segunda) aplicação e demais
serão fornecidos oportunamente.

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1. INSTRUÇÕES PARA APLICAÇÃO DAS RUBRICAS SOCIOEMOCIONAIS

Para que seja possível aplicar as rubricas socioemocionais nos estudantes e aos
professores responde-las também, já que esses também os avaliam, é ESSENCIAL que
o aplicador tenha em mãos os seguintes materiais e se familiarize de antemão com
eles:

 Este Manual do Aplicador;


 Caderno de Respostas contendo, na seguinte ordem:
o Folha de Rosto, onde os estudantes e professores são
devidamente identificados (uma página para cada ano do
Ensino Médio);
o Instruções sobre como responder as rubricas;
o Folhas de respostas contendo as Rubricas Socioemocionais,
sendo que cada competência socioemocional tem a sua folha
específicas;

Apenas por meio do estudo prévio deste Manual, bem como do Caderno de
Folhas de Resposta será possível ter clareza a respeito de todo o processo a percorrer
para a aplicação, passo a passo, das rubricas para acompanhamento do
desenvolvimento das competências socioemocionais dos estudantes. Além disso,
procedimentos padronizados de aplicação do instrumento, da forma como estão
orientados neste manual, permitirão a obtenção de respostas válidas dos estudantes
e dos professores para que seu uso seja confiável para propósitos formativos.

Em hipótese alguma as instruções de aplicação podem ser modificadas


quando da aplicação das rubricas nos alunos, de modo que TODAS ELAS devem ser
respeitadas exatamente da forma como constam neste manual e/ou no Caderno de
Respostas, SEMPRE PRECEDIDAS pelas instruções de preenchimento (rubrica de
exemplo sobre o cuidado com os dentes) no mesmo Caderno.

A seguir, destacamos os procedimentos passo a passo para auxiliar os


aplicadores/professores a administrarem o instrumento nos estudantes, bem como
orientações sobre como o professor também deverá responder ao mesmo
instrumento a respeito de seus alunos.

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A APLICAÇÃO PASSO A PASSO

Orientações gerais para o aplicador/professor no preenchimento do


instrumento em sua versão em lápis e papel.

 Munidos dessas instruções, os aplicadores/professores aplicarão em seus


alunos o instrumento em sua versão lápis e papel.
 Munidos dessas instruções, os professores responderão ao mesmo
instrumento sobre seus alunos também em sua versão lápis e papel NO
MESMO CADERNO DE RESPOSTAS QUE O ESTUDANTE UTILIZOU.
 Os aplicadores/professores devem assegurar que o instrumento seja aplicado
em ambiente confortável (sala de aula, preferivelmente), com boa
luminosidade e em condições adequadas para possibilitar as respostas sem
qualquer tipo de pressão ou desconforto.
 Os aplicadores/professores devem explicar aos estudantes que não existem
respostas certas ou erradas. Os alunos devem responder às questões com
calma, buscando marcar aquelas alternativas com as quais mais se identificam;
 Não é indicado aos estudantes e professores responder com pressa. É
importante responder a todas as questões com seriedade.
 O aplicador/professor poderá tirar dúvidas dos alunos, como, por exemplo, as
de vocabulário ou preenchimento.
 O aplicador/professor deverá informar aos alunos que eles podem fazer
perguntas em caso de dúvidas sobre o sentido das palavras usadas ou sobre o
preenchimento. É muito importante que o aluno entenda o que está sendo
perguntado. O professor pode tirar dúvidas sobre o vocabulário esclarecendo
o sentido da palavra. Se for o caso pode-se consultar o dicionário. Evitar dar
exemplos que influenciem a resposta do aluno.
 Caso o aluno não saiba seu código do INEP para sua identificação na Folha de
Rosto do Caderno de Respostas, ele deverá solicitá-lo ao professor que deverá
ter a lista em fácil acesso para não desestimular o aluno a responder o
questionário.

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1ª (Pimeira) Aplicação

1º PASSO – a autoavaliação do estudante

Neste primeiro passo, os alunos deverão se auto avaliar considerando 4 degraus


(1; 2; 3; ou 4) e estágios intermediários entre eles (1-2; 2-3; ou 3-4) que representam
níveis de desenvolvimento nas rubricas. Os degraus 1, 2, 3 e 4 são acompanhados por
uma descrição/frases. Já os degraus intermediários (1-2, 2-3, 3-4) referem-se a
situações intermediárias entre as apresentadas nos degraus 1, 2, 3 e 4; nelas o
estudante considera que o seu degrau de desenvolvimento na rubrica é maior do que
o anterior, mas não chega ao posterior (por exemplo: o aluno responderia no degrau
intermediário “1-2” se considerasse que já passou do nível descrito no degrau 1, mas
ainda não chegou ao nível descrito no degrau 2).

Primeiro, os estudantes se identificarão na Folha de Rosto (primeira página de


seus Cadernos de Respostas). Depois disso, lerão instruções e responderão a rubricas
de exemplo para entender melhor como responder o instrumento. Em seguida,
responderão as rubricas socioemocionais, sendo que sempre responderão primeiro a
uma rubrica pensando em uma situação específica descrita na Folha de Respostas
(Rubrica 1) para cada competência e, em seguida, pensando em como se comportam
de modo geral também para cada competência (Rubrica 2). Para as Rubricas 1 e
Rubricas 2 será importante e solicitado a eles na Folha de Respostas que dêem
justificativas e comentem os motivos que os levaram a se avaliar nos degraus que
escolheram.

Antes de distribuir aos estudantes o Caderno de Folhas de Respostas, o


aplicador/professor deve dizer:

“Você receberá agora um caderno com instruções de preenchimento e folhas


de resposta de um instrumento com o objetivo de conhecer melhor suas
competências socioemocionais, ou “competências para a vida”. Vou distribuir
a seguir esse caderno. Não façam nada até que eu tenha terminado de
distribuí-lo”

Quando terminar de distribuir o Caderno de Respostas, dizer:

“Antes de começar a responder, por favor, certifiquem-se de que no topo da


primeira página do caderno (Folha de Rosto) o seu ano escolar está claramente

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identificado. Em seguida, escreva nos locais indicados nesta página o Nome da
Escola, Nome do Professor(a), seu Nome, sua Turma e seu Código no INEP.
Caso você não saiba seu Código no INEP, levante a mão agora e pergunte ao
seu professor(a)”.

Exemplo da Folha de Rosto:

Figura 3. Exemplo de folha de rosto referente ao Caderno de Respostas do 1º ano do


Ensino Médio – Diálogos Socioemocionais

Neste momento, o aplicador/professor deve ter em mãos uma lista contendo


os Códigos no INEP de seus alunos, caso seja necessário busca-los nela, e orientá-los
caso tenham outras dúvidas no preenchimento de suas informações na primeira
página.

Quando todos terminarem de se identificar no topo da Folha de Rosto, dizer:

“Por favor, virem a página e leiam as instruções com cuidado. Vocês verão um
exemplo prático para ajudá-los a entender a maneira como responder a cada
uma das páginas em seguida. Para que seja realmente fácil de entender, o
exemplo nestas Instruções NÃO é sobre uma competência socioemocional,
mas sobre uma competência simples do nosso dia a dia: cuidar dos nossos

21
dentes ou o quão bem vocês podem cuidar dos seus dentes todos os dias.
Podem começar a ler as instruções e a responder o exemplo que faz parte
delas. Quando terminarem de ler as instruções e de responder às rubricas de
exemplo nelas, NÃO VIREM A PÁGINA ATÉ EU DIZER. As instruções têm 2
(duas) páginas. Podem começar”.

Exemplo das folhas de Instruções de preenchimento das rubricas:

Figura 3. Exemplo da página 1 de Instruções referente ao Caderno de Respostas


Diálogos Socioemocionais

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Figura 4. Exemplo da página 2 de Instruções referente ao Caderno de Respostas
Diálogos Socioemocionais

Enquanto os estudantes lêem e respondem às rubricas de exemplo das folhas


de Instruções, o aplicador/professor deve circular pela sala assegurando-se de tirar
dúvidas dos estudantes, caso necessário. É importante que todos terminem de lê-las
e de responder aos exemplos antes de prosseguir. Perceba que para assinalar os
degraus que representam suas respostas, o estudante deve preencher
completamente o círculo correspondente a ela. Exemplo: Degrau 2-3

Depois de todos terminarem de ler as instruções e de responder aos exemplos,


dizer:

“Está claro como responder? Percebam que vocês devem preencher


completamente o espaço compreendido pelo círculo correspondente à sua resposta.
Alguém tem alguma dúvida”?

[não havendo dúvida, solicitar que virem a página e prosseguir com a aplicação das
rubricas socioemocionais]

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Dizer:

“Agora vamos trabalhar com as rubricas socioemocionais. Virem a página e


podem começar a responde-las nas Folhas de Respostas conforme orientado
nelas até visualizarem “FIM DA 1ª APLICAÇÃO””.

Enquanto os estudantes lêem e respondem às rubricas socioemocionais das


folhas de resposta, o aplicador/professor deve circular pela sala assegurando-se de
tirar dúvidas dos estudantes, caso necessário. Perceba que, nesta primeira aplicação,
os estudantes responderão a duas rubricas socioemocionais para cada competência:
As Rubricas 1, sempre referentes à uma situação específica na qual ele pode (ou não)
praticar aquela competência e as Rubricas 2 que se referem a situações nas quais ele
pratica (ou não) aquela competência no geral, ou seja, habitualmente. É importante
que todos terminem de ler e de responder todas elas (referentes à primeira aplicação)
antes de prosseguir.

Quando terminarem de responder, recolher os Cadernos de Respostas e


guardá-los consigo até o 4º passo, detalhado mais adiante neste texto.

2º PASSO – a avaliação do professor a respeito de seus alunos

No segundo passo desta 1ª (Primeira) aplicação, o professor também deve


responder ao instrumento a respeito de cada estudante, seguindo as mesmas
instruções que o estudante seguiu na autoavaliação, mas agora o alvo é a percepção
do professor sobre os estudantes. Esse passo deve ocorrer paralelamente, antes, ou
depois da autoavaliação do aluno, mas é importante que o professor não se atente às
respostas dos alunos antes de responder a respeito deles para evitar que elas
enviesem sua percepção.

Para registrar suas respostas, o(a) professor(a) deve utilizar o mesmo Caderno
que o estudante utilizou para registrar as dele e assinalá-las, no espaço indicado para
ele, nas Folhas deste Caderno nos locais referentes à 1ª avaliação de cada rubrica
socioemocional avaliada.

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Figura 5. Exemplo de local no Caderno de Respostas onde o(a) professor(a) deve
registrar sua resposta referente à sua avaliação a respeito de seus alunos.

3º PASSO – consenso entre professor e aluno

Uma vez que ambos, aluno e professor, tiverem respondido ao instrumento (o


estudante sobre si e o professor sobre o estudante) utilizando as rubricas, é necessário
que ambos, em uma situação de feedback do professor e de diálogo entre eles,
cheguem a um consenso sobre qual é o degrau que melhor representa o nível de
desenvolvimento do estudante nas competências socioemocionais avaliadas. Esse
passo pressupõe um momento de diálogo entre professor e aluno (e de feedback do
professor) de forma que ambos identifiquem no Caderno de Respostas as justificativas
e comentários referentes às suas respostas e, sempre que possível, cheguem a um
consenso entre eles sobre qual degrau melhor representa o nível de desenvolvimento
do aluno naquela(s) competência(s). Essa resposta consensuada, se houver, também
deve ser registrada nas Folhas deste Caderno nos locais referentes à 1ª avaliação de
cada rubrica socioemocional.

Figura 6. Exemplo de local no Caderno de Respostas onde o(a) professor(a) deve


registrar sua resposta referente à sua avaliação a respeito de seus alunos.

O diálogo com o aluno e o momento de feedback do professor é essencial para


permitir ao professor a utilização das rubricas para conduzir a mediação pedagógica.
Segundo Mori (2004), a mediação pedagógica é toda a ação comunicacional
desenvolvida durante o processo formativo que objetiva a reconstrução do
conhecimento pelo aluno. Isso significa dizer que no Diálogos Socioemocionais

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pretende-se que a mediação pedagógica seja construída a partir de feedbacks que
podem ser:

- individuais: quando realizados com os alunos individualmente;

- coletivos: quando realizados em duplas, pequenos grupos ou a turma toda. Esse


procedimento ajuda a retomar os principais pontos da sequência didática,
considerando a aprendizagem entre pares e a identidade coletiva. Ele é excelente para
uma retomada de consciência e realinhamento do processo.

Esses momentos precisam ser previstos e guiados pelo professor que poderá
eleger qual a melhor dinâmica de feedback de acordo com os resultados por ele
esperados e com as condições que ele dispõe na escola. Atente-se ao próximo passo,
que indicará mais um assunto a ser tratado neste mesmo diálogo com o aluno.

4º PASSO – escolha da(s) competência(s) alvo(s) prioritário(s) de


desenvolvimento ao longo do período letivo.

Em seguida, neste quarto passo, o mesmo diálogo entre professor e


estudante do passo anterior também deve servir para essa etapa. Portanto, neste
passo o professor continuará atuando, por meio do diálogo com o aluno, como
mediador de modo a criar um vocabulário comum com o estudante sobre a
nomenclatura e organização das competências e o que elas significam e auxiliá-lo na
escolha(s) da competência(s) mais adequada(s) para atender às demandas dos
próprios alunos. O estudante deve, agora:

a) escolher a(s) competência(s) alvo a serem trabalhadas de modo


intencional ao longo do período letivo de forma a promover seu
desenvolvimento e;
b) se projetar no futuro e pensar para si uma trajetória desejada de
desenvolvimento da(s) competência(s) socioemocional(is) escolhida(s) no
item a) deste parágrafo, escrevendo da Folha de Rosto de seu Caderno de
Respostas os próximos degraus que ele deseja alcançar nesta(s)
competência(s), ou seja, em quais degraus ele gostaria de estar nas
próximas avaliações.

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Dessa forma, o estudante deverá escrever primeiro o próximo degrau que
deseja alcançar e explicar melhor a sua escolha e logo em seguida repetir o processo
para os próximos períodos do ano.

Para isso, o Caderno de Respostas deverá ser devolvido aos estudantes para
que eles mesmos escrevam na Folha de Rosto a trajetória de desenvolvimento
desejada para as competências escolhidas como alvo de desenvolvimento prioritário
ao longo do período letivo de forma que esse percurso faça sentido para o aluno e
também que esse desenvolvimento os apoie no cumprimento de seus objetivos e
metas de vida que eles mesmos estabeleceram para si.

Observe ainda na Folha de Rosto do Caderno de Respostas (uma para cada ano
escolar) que para cada ano escolar do Ensino Médio há um conjunto pré-definido
como possibilidades de escolha dos estudantes. Esses conjuntos seguem identificados
para cada ano:

Primeiro Ano do Ensino Médio: Iniciativa Social, Assertividade, Entusiasmo,


Tolerância ao Estresse, Autoconfiança e Tolerância à Frustração.

Segundo Ano do Ensino Médio: Iniciativa Social, Assertividade, Entusiasmo,


Empatia, Confiança e Respeito.

Terceiro Ano do Ensino Médio: Determinação, Organização, Foco, Persistência,


Responsabilidade, Curiosidade para Aprender, Imaginação Criativa e Interesse
Artístico.

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Figura 6. Exemplo de local na Folha de Rosto do Caderno de Respostas do 1º Ano do
Ensino Médio onde o(a) estudante deve registrar sua resposta referente aos degraus
que deseja alcançar nas próximas avaliações.

Depois de devolver aos estudantes seus Cadernos de Resposta, dizer:

“Agora que vocês já conversaram com seu(sua) professor(s) sobre suas


competências, a) escolha agora qual ou quais competências vocês desejam
acompanhar mais de perto porque elas têm mais a ver com os seus objetivos
e metas de vida, ou seja, podem te ajudar a alcançá-los; e b) escreva também
em quais degraus você gostaria de estar nessas competências nas próximas
avaliações? Leiam as instruções no quadro azul na primeira página de seus
Cadernos [Folha de Rosto] e prossigam com as respostas conforme indicado
nessa primeira página”

Enquanto os estudantes respondem ao que foi solicitado nas orientações


acima, escrevendo suas respostas no quadro contido em suas Folhas de Rosto, o
aplicador/professor deve circular pela sala assegurando-se de tirar dúvidas dos
estudantes, caso necessário. É importante que todos terminem de responder antes
de prosseguir.

Quando terminarem de responder, recolher os Cadernos de Respostas e


guardá-los consigo até a próxima aplicação.

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