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COLEÇÃO ANTROPOLOGI

A Coleção Antropologia vem ao encontro da


crescente demanda do mundo acadêmico e
universitário por obras clássicas dos grandes
autores que demarcaram os estudos
antropológicos.

Iniciada com As estrutuas elementares do


paretesco, de Claude Levi-Strauss seguida
por A mete do ser humano pimitivo, de
Franz Boa, orgulhase agora em traer ao
leitor esta obra de Arnold van Gennep
dedicada ao estudo dos ritos de passagem

ISBN 978-85326408-6

,1�!l11 n1i � 11


w.vozescombr
Arnold van Gennep

COLEÇÃO ATROPOLOGI
 A estruturas eementares do parentesco
Claude Léi-Strauss
- Os ritos de passagem
Aold van Gennep
Os ritos de passagem
 A mente do ser humano primitiv o \
Franz Boas Estudo sistemático dos ritos da porta e da soleira, da hospitalidade, da
adoção, gravidez e parto, nascimento, inncia, puberdade, iniciação,
ordenação, coroação, noivado, casamento, fnerais, estações, etc.
FICHA CATALGFICA
(Prearada eo entro de atagçãnafte 
Sndcato Nacona s Edtores de ros, RI
Tradução: Mariano Ferreira
Gnep, Arold va. Apresentação Roberto da Matta
G292r s rtos e passagem: stuo sstmátco os
rtos a porta  a solera, a osptaa, a
aoção, gravz e parto, ascmeto, fâca,
pubra, cação, coroação, ovao, casameto,
ras, estaçõs, etc; traução  Marao
Ferrra, aprstação  Roberto a Matta 3 
Ptrópols, Vozes, 2011
184 p (Atropologa, 11)
Do orgal em acês Ls rts  passag
Bblograa
1 Atropologa soca 2 Rtos  crmôas 
Aspectos socas I Títlo II Sér
CDD3012
3014
390 I EDITOR
CDU 30116 Y VOZES
770612 39 Petrópolis
© by Suzanne Bitsch
Título d oginal ncês: Les rites de passage

Direitos de pubcação em língua portuguesa


1977, Editora Vozes Ltda
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25689-900 Petrópolis, RJ
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Brasil
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Lídi
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Loraine Oleniki
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João Batista Kreuch

Projetoáfco: AGSR Desenv Gráfco A Suzanne e Ald Bétant


Capa: Felipe / Aspectos

ISBN 9788532640826 (edição brasileira)

Editado conrme o novo acordo ortográfco

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diante da impossibdade de encontrar os detentores dos direitos autorais,
os direitos fcam reserados (DR) para as providências cabíveis

ste ro  cooso e mresso ea ora oes da


Sumário

Apresentação, 9
Roberto da Matta
Prefácio, 21

Capítulo I -Classicação dos ritos, 23


O mundo prono e o mundo sagrado. - A etapas da vida individual. -O estudo
dos ritos. -A escola animista e a escola do contágio A escola dinamista -
Classifcação dos ritos: animistas ou inaistas, simpáticos ou de contágio,
positivos ou negativos, iretos ou indiretos -O esquema dos ritos de passagem 
A noção de sagrado -Religião e magia
Capítulo II A passagem material, 33
Fronteiras
soleira, e marcos
o pórtico. Tabus
s de passagem.
divindades - zonas
da passagem. sagradas.
Os ritos -A porta,
de entrada. Os a
sacricios de ndação. -Os ritos de saída.
Capítulo III Os inivíduos e os grupos, 41
A situação e o caráter do estrangeiro. Ritos de agregação do estrangeiro. A
comensalidade.  A trocas como rito de agregação. A aternização. Os ritos de
saudação. Ritos sexuais de agregação. O domicílio do estrangeiro. -O viajante:
ritos de partida e de retorno. A adoção.  mudança de senhor. -Guerra,
vendeta, paz
Capítulo IV -A gravidez e o parto, 5 3
A reclusão; os tabus; os ritos proláticos e simpáticos. -A gravidez como período
de margem. -Os ritos de reintegração e o retoo social do parto. -O caráter
social dos ritos do parto.
Capítulo V -O nascimento e a inância, 60
O corte do cordão umbilical A moradia das crianças antes do nascimento -Os
ritos de separação e de agregação -Índia, China. -A denominação -O batismo. 
A apresentação e a exposição ao sol e à lua.
Cílo  s ros de ncção, 7
 berdde solgc e  berdde socl  crcncsão s çes
corors Clãstoêcos Freddes gicoregoss Soceddes secres. 
Soceds oícse gerrers.Clsses de dde sérosngos Relges
nverslss  bso Conrs regoss rgens e ross
sgrds Clsses, css e rosses  ordenção do dre e do go 
enronzção do ce e dos res  exconão e  exclsão  eríodo de Roberto d M
rge

Cílo    novdo e o csento, 07


 novdo coo eríodo de rge Ctegors de ros qe conse s
cerôns do novdo e do csento Crer socl e econôco do cseno
 rge enre os Klke (olgnos), os Tod e os Bo (olndros) s Dos clásscos escrtos ou nsprdos pel chamd escol socológc ces",
ros de serção: os rtos cdos de ro Ros de sodredde sexl ese livro de Van Genep é, alvez, um dos mis mosos e disctidos Is so não de
restrt Ros de soldreddeco bse no rentesco Rtos de soldredde de ser rôico, pos Vn Geep nsceu em 1873 em Ldwgsburg, n le1, e
locl Rtos de serção Ros de gregção  exensão e  sgncção do  sempre hostilzdo plos membros dest trdição de esdos socs  verdde,
eíodo de rge s csenos úllos sncrôncos Seelnçs enre s porém, é qe Vn Gennep produz dialogdo com Drkhe e ses segidores,
cerôns do csento e s d doção, d enronzção, d ncção s ros tendo ese livro fcdo como um prov vv de s nclusão deológc nest esco
do dvrco l,  despeto do mbente de dvsões qe provocou s seprção
Hoje, pssdos tntos nos de su publcção, o lvro de Van Gennep ve sen
Cío  s ners, 2
do lrgmente utlzdo e estuddo, sej como bse bblogrfc pr nálse dos
orânc relv dos ros de serção, de rge e de gregção ns cermons, sej como ponto de prtd pr m reexão sobre o nverso ds re
cerôns nerrs  lo coo ro de serção e coo ro de rge 
lções socs rmlzds entre os hoens, os grupos, os espços  s posções so-
s ners e ds es  vge deste ndo o oro  s obsclos
ers oosos à ssge dos oros  gregção à socedde dos oros  cs fxs, sej nd como um nte de nsprção terc pr o proble bá
Toogr do ndo dos oros  rensceno codno do oro no gto sco d nturez socolgc dos rtos e tos ters, esss ções que torn  rotn
ngo Plrldde dos ndos dos oros oros qe não ode gregrse dár senão sportável ou just, pelo menos revesten com um cero toqe de
à socedde ger dos oros Rtos de renscento e de reencrnção Ros mséro, dgndd e e elegânc Ass, se os rtos não resolve  vd socl, sbe
qndo o docílo do oro é s cs, se úlo o o ceéro st dos os qe se eles  socedde hmn não exisr coo lgo conscente, m  d
rtos de serção e de gregção mensão  ser vvencd e não smp lesmente vvd, coo ocorre com os gestos ms
pesdos d rotn cotdn As cermôns, como muto bem percebe Vn Gen
Cío X tros gros de ros de ssge, 4 nep, são coo s eps de um cclo que se desej mrcr e revelr,  espéce de
 gs ros de ssge consderdos soldente  º) cbelos°)2vé °) moldur especl, mesmo qundo o qudro qe el deermn, crcnscreve e torn
língs esecs 4°) rtos sexs 5 °) ncds e gelção 6 °)  rer vez  conscene, é bnl ou eso cruel E, de o, nós zeos rtos qndo mos e
Cerôns ns, szons, enss, codns ore e rensceno 
zlos; do mesmo odo qe exisem rtos mrcndo  exproprção e meso 
Scrcos, eregrnção, voos s rgens Prlelso rl ssezdo no
gto ngo opressão e  tortr, coo não lm tos e teros revolconáros, messâncos,
lbertáros, todos nuncndo coo um ríete  novo ndo, um nov mdr
Cílo X Conclses, 60 gd lvre de mldde e de explo rção O ro, ssm, tmbém enqdr n s co

 Feceu em Paris, em 1957.

9
erêcia cêica gradiosa ou medíocre  aquilo que está aquém e além da repetição Mas, para etedermos a importâcia �dste movimeto, é essecial situar o estu
das coisas reais " e cocretas" do mudo rotieiro. Pois o rito igualmete sugere e do em questão o cotexto de sua época. E preciso que se demostre brevemete
isiua a esperaça de todos os homes a sua iesgotável votade de passar e fcar, como os ômeos mágicos ( ou da magia) eram vistos pelos atropólogos vitoria
de escoder e mostrar, de cotrolar e libertar, esta costate trasrmação do os, todos evolucioistas, todos mais ou meos covecidos da superioridade ite
mudo e de si mesmo que está iscrita o verbo viver em sociedade. gral (biológica e cultura) dos europeus da segda metade do séc. X sobre os cha
O livro de Van Gennep discute e sses p roblemas e introduz, certamente pela pri mados selvages" ou primitvos".
meira vez no campo da Antropologia Social ( ou Sociologia Comparada), o ritual e Para esses estdiosos, o rital ão surgia como algo socialmete relevate, já que
seus mecanismos básicos como um tópico de estudo relevante. Aliás, po de-se mesmo em o domíio do social existia como algo idepedete, autôomo, costituido
dizer que é neste livro que Van Gennep insinua tomar a própria vida social na ua dia- uma área apropriada para a reexão. Assim é que os estdos sociológicos ( ou atro
lética entre rotinas e ceroniais, repetições e inaugurações, homens e muheres, ve- pológicos) desta se, os padrões de comportameto social, valores e ideologias,
lhos e moços, nascimentos e mortes, etc., como um ritua, posto que o mundo social eram explicados tedo por base duas reduções muito importates. De um lado, redu
se nda em atos rmais cuja lógica tem raízes na própria decisão coletiva e nunca em zia-se o social ( e/ou cultral) a uma aparêcia de um jogo de rças biológicas, de
tos biológicos, marcas raciais ou atos individuais. Assim, o rito seria, senão a chave, modo que os ômeos da sociedade eram vistos como resultates acos ( e, às ve
pelo menos um dos elementos críticos da vida social humana, conorme se coloca a zes, iexpressivos) de tesões e caracteres raciais ( ou biológicos) já estabelecidos, dos
discussão modea deste assunto, sobretdo a partir da obra de Victor Turner ( cf. quais pouco adiatava gir. O social, etão, submergia o biológico do mesmo
Processo ritual: Estrutura e antiestrutura, nesta coleção, e também The Forest of modo que o dierete ( o outro) desaparecia a sua história atural. Sabemos que i
Symbols: Aspects ofNdembuRitual. Nova York: Ithaca, Coell Univ Press, 1967),
assim que Morga, por exemplo, explicou as termiologias de paretesco ão euro
de Clird Geertz The ( Interetation of Cultures. Nova York Basic Books, 1973),
peias, cuo padrão dierete i por ele reduzido a uma rma atiga de relacioa
de E.R. Leach Reen
( san do a antropologia. São Pa ulo: Perspectiva, 1974), de Mary
meto amiliar e de casameto, a qual tia por base a promiscuidade primitiva e a
Douglas Pure
( za e pero. São Paulo: Perspectiva, 1976) e, evidentemente, o traba
lho seminal de Claude Lévi-Strauss, sobretudo seus estudos sobre os sist emas de total ausêcia de propriedade privada.
Uma seguda vertete explicativa iguaet ecotrada a tropologia do
classifcaç ão tribais ( cTotemismo hoje. Petrópolis: Vozes, 1975 e O pensament o sel-
séc. X é aquela que EvasPritchard chaou de explicação itelectualista" ou psi
vagem. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1970). De resto, e para lar ape nas em
cológica do eômeo social. Nós sabemos que Evas-Pritchard estava se reerido
estudos de rituais tomando o caso do Brasil como base de ree xão, eu tenho tenta
aos eômeos religiosos, mas explicar o regioso era como explcar aquilo que mui
do a mpliar os achados de Van Gennep, apr ondandoo s, suponho, n a direção de
tos tomavam como o próprio coração do social, coorme z prova o trabao de
mostrar que ar em vida social é lar em ritualização, donde minhas preocupa
Leszek Kolawski, A revache do sagrado a cultura proaa", esaio escrito em
ções com o enômeno da transrmação e passagem do gesto rotineiro ao ato ritual
1973 e publicado com uma discussão o c itado úmero da revistaRelião e Socieda-
e também minhas reexões sobre os m ovimentos sociais coletivos, quando todo o
' '
de. Na iterpretação itelectualista ou psicológica, o social se reduz à votade de
sistema passa por um período especial, ivertedo, eutralizado ou rerçado a
agetes idividuais, votade que depois é projetada por meio de umfat obscuro para
realidade cotidiaa ( c. DA MTA. O caraval como um rito de passagem". :
toda a sociedade. Tylor é um excelete exemplo desta posição. Ele explica a srcem
Ensaios de Antropologia Estrutural, esta coleção, e também Caravais, paradas e
da religião como uma especulação a creça da alma, especulação que asce dos so
procissões: Reexões sobre o mudo dos ritos".Relião e Sociedade, . 1, maio de
nhos dos primitivos. Soado com tudo e pricipalmete com os mortos, os ho
1977 São Paulo).
mes primitivos descobrem  diz Tylor  a oção de aa, de imagem, de duplo e as
De qualque modo, é básico saletar que Va Geep i provavelmete o pri
sim costroem o domíio do outro mudo", o domíio do sagrado e do sobreat
meiro a tomar o rito como um eômeo a ser estdado como possuido um espaço
ral Descobrem também, segdo o mesmo estdioso, que pode haver uma relação
idepedete, isto é, como um objeto dotado de uma autoomia relativa em termos
etre os dois domíios e procuram etão cotrolar um pelo outro. Estaria agora 
de outros domíios do mudo social, e ão mais como um dado secudário, uma es
dada a estrtura mais elemetar da religião a creça em espíritos e em amas e a co
pécie de apêdice ou agete específco e obre dos atos classifcados como mágicos
dição ecessária a esta creça, a divisão etre o mudo dos vivos e dos mortos Daí,
pelos estudiosos.
como sabemos, o ome aimismo" para desigar a religiosidade básica e egaada

10 li
do primitivo Nesta perspectiva psicológica, que engloba estudiosos de Tylor até
2
• para as posições dierenciadas no sistema é atribuda a tores de ordem religiosa e
razer, o interesse é discutir o religioso em suas rmas mais primitivas, zendo um nunca a uma inraestrutura biológica (ou racial"), da qual ningém pode se livrar O
corte evidente entre as religiões com tradição escrita (do Ocidente e, às vezes, das mesmo ocorre com o geográfco. Não há dúvida de que o to ecológico é ndamen
grandes civilizações) e a magia, rma de religiosidade vigente nos grupos tribais, sel tal no esenvolvimento de um dado sistema social, mas nem sempre as sociedades
vagens e primitivos lançam mão destes tores como ponto de interpretação para dierenças entre siste
Dexando e lado o conjnto de problemas que cada uma destas posições englo mas Sabemos que as direnças geográfcas são, não obstante, um elemento muito
ba, é preciso ressaltar que tanto na redução biológica quanto na redução psicológica, signifcativo na obra de al gs estdiosos do enômeno humano
o to social deixa de existir enquanto algo autônomo e independente A outra ver Quando isso ocorre, isto é, um destes elementos passa a ocupar um lugar signi
tente expcativa da mesma época era a redução ecológica ou geográfca, quando o cativo para dramatizações de posições sociais direnciadas, justifcativas de opressão
mundo social se redzia à dinâmica de climas, solos, vegetações, regime de chuvas e econômica, poltica e social, distinção de caráter nacional ou étnico, etc, é que o ele
de ventos. Todos, como se observa, lquidam o social como um campo especfco de mento passa a ser socialmente signfcativo Ele então tem um peso coercitivo espec
estdo, do mesmo modo que não admitem sitar num mesmo eixo humano socieda fco, um peso poltico ndamental, um papel crtico na dramatização (ou ritaliza
des contemporâneas umas das outras, pois reduzem umas aos primórdios da história ção) das situações sociais e, consequentemente, passa a ser um to da consciência
da humanidade. um to social
A tomada do to social como um enômeno não explicável nem pela psicologia, Diria, assim, que perguntar o que é sociamente signifcativo numa dada rma
nem pela geografa, nasce na tradição ancesa de Comte e, sobretudo, de Émile ção social nada tem de redundante, sendo equivalente a procurar descobrir a ideolo
Durkheim Aqui, já não se trata mais de subdividir o social par estdálo, azendo gia dos agentes sociais nela implicados. Essa, parece-me, é uma questão crítica dos es
dele um enômeno individualizado e redutvel a ma de suas partes, mas tomar o es tdos sociais, questão nem sempre estudada, sobretudo no caso brasileiro, onde as
tdo da sociedade partindo da totalidade O social, assim, a partir dos trabaos de Ciências Sociais admitem com relutância a posição totalizadora de Durkheim e o so
Durkheim e seus segidores, adquire aquelas caractersticas que ele próprio desco cial é geralmente reduzido ao que é econômica ou politicamente signifcativo
briu como
dutveis nemndamentais: são tos
à geografa, nem capazes
à biologia, deàcoagir
nem e, sobretdo,
psicologia de não serem
(ou ao indivduo) re
É claro Mas no incio do século X, quando Van Gennep escrevia e publicava seu livro, o
que era socialmente signifcativo nos estudos sociais era a religião", vsta da perspec
que os tos sociais têm aspectos individuais, geográfcos, econômicos, ecológicos e tiva do indiviualismo vitoriano, esse individualismo que os antropólogos ingleses
psicológicos, mas não é isso que az deles enômenos socialmente signifcativos. Ao projetavam nas suas explanações o mundo social e tomavam como princpios uni
contrário, na perspectiva sociológica, é básico  de acordo com a mensagem de versais. Por causa disso, tdo era reduzido a uma questão de lógica mental e de espe
Durkheim  tomar o psicológico, o econômico, o ecológico e o biológico só quando culação individual, como se nós pudéssemos descobrir mais sobre os cavalos, utili
eles se tornam socialmente signifcativos. O social, assim, não se reduz a nenhum e zando o truque de nos colocarmos no lugar deles, conorme chamou atenção Radcli
nômeno individual, mas adota sempre a perspectiva da totidade onde vários ele e-Brown quando denominou o método de Tylor (e de outros vitorianos) o argu
mentos podem toarse ou não socialmente signifcativos. O biológico, por exem mento do se eu sse um cavalo" Embora a rmula tenha um certo toque de brta
plo, enquanto uma ideologia de dierenciação social, é muito mais socialmente signi lidade anglo-saxnica, ela é verdadeira na medida em que revela como Spencer, Tylor
fcativo em algmas sociedades, preocupadas com o estabelecimento de hierarquias
no seu corpo social, do que em outras. Em outras palavras, embora o biológico seja e razer operavam em suas análises, colocandose, eles mesmos, no lugar de um sel
um dado inraestrutral da realidade humana, ele nem sempre é transrmado em vagem e imaginando como seriam seus problemas e soluções
smbolo de posições sociais dierenciadas ou em elemento básico de elaboração dra A ruptura com tal modo individualista de ver a sociedade só chegou quando tais
máca, capaz de jstcarem vrios planos, sobretdo no jurdico e econômco, a posi explanações começaram a ser abandonadas, e quando já não se tornava mais o bioló
ção superior e( inerior) de certos grpos sociais uns em relação aos outros. Issoocorre, gico, o geográfco e o psicológico como dimensões exclusivas na explicação socioló
por exemplo, no caso americano, mas não ocorreu no caso indiano, onde a justifcativa gica. O primeiro passo i quando se tentou sair do universasmo individualista (tí
pico da Eurpa Ocidental) que somente travava contato com leis universais, desliga
das de readades especfcas (vejam-se as leis das magias descobertas por razer), e se
2 Para mim a melhor dscussão do assunto aqu tratado de modo breve e elementar, é o estudo magistra procurou estabelecer relações especfcas entre os vários planos de uma sociedade.
de EVAS-PRTCH, E.ETheores ofPmitive Relion. Oxord: Clarendon Press 1965

12 13
No caso do estudo da magia, Sir James razer i pioneiro em realizar esta tenta mas puras (categorias de categorias, como sugeriu Claude Lévi-Strauss para o mana,
tiva, pois o seu livro mais amoso,The Golden Bough ( de 1890), começa com um es estdado por Mauss), onde o mago e o mundo mágico aziam sua aparição 4•
tdo do regicídio nas civizações da nti gidade. Como sabemos, i procurando o Les Rtes de Passage, Van Gennep também estda os rituais, mas ele o az 
esclarecer um verdadeiro paradoxo do poder político, o to de o Rei do Bosque po como verá o leitor  de um modo um tanto diverso. Aqui não se toma mais o rito
der ser morto por algum inimigo, que, quebrando o ramo de certa árore (daí o títu como um apêndice do mundo mágico ou religioso, mas como algo em si mesmo.
lo da obra) no Santário de Diana do Bosque, tinha o direito de desafar o sacerdote e Como um enômeno dotado de certos mecanismos recorrentes (no tempo e no espa
reinar em seu lugar matandoo em duelo, que ez razer iniciar sua monumental ço), e também de certo conjunto de signifcados, o principal deles sendo realizar uma
obra. De to, a ábula do sacerdote, que dentro do Santuário de emi reinava abso espécie de cosra entre posições e domínios, pois a sociedade é concebida pelo nosso
luto até que al gém o pudesse matar, azia com que o exercício do seu poder estivesse autor como uma totadade dividida internamente.
conjugado com a morte e como bem percebeu razer  com a etea vigilância. Foi Mas como Van Gennep realiza suas descobertas e toma os ritos como objetos de
enrentando esse paradoxo, expresso nesta quase parábola da dialética entre o poder e estdo?
a aqueza, o poder secular e o espiritual, que razer especulou vigorosamente em Primeiro, é preciso indicar que Van Gennep tem uma ideia da sociedad e. Não é,
torno do poder total, pessoalizado e controlador, poder que se exercia ligado ao do evidentemente, uma teoria completa ou mesmo sosticada na sociedade, como indi
mínio da magia. Em suma, um tipo de poder relacional, totalizado, mágico, político, ca Max Gluckman e Meyer Fortes em suas vigorosas críticas5, mas é uma ideia da so
social e regioso simultaneamente ciedade bastante poderosa. E poderosa principalmente porque Van Gennep nesta
Foi assim que razer estabeleceu a separação entre magia e ciência (como técni época (estamos no início do século X) estava entre a visão de Durkheim, segundo a
cas de controle da natureza, uma errada e outra certa, respectivamente) e a religião. qual a sociedade era composta de um sistema coercitivo de regras, sobretdo de r�
Na magia e na ciência, existe o poder; na religião há a é, a adoração, o sacricio e a gras penais e religiosas, com uma divisão interna entre o sagrado e o proano. E a v
são vitoriaa e mentalista, segndo a qual a sociedade se reduzia a mecanismos ge
solidariedade. Foi, portanto, ao longo desta problemática clássica dos estudos religi
rais, universais, vigentes no espírito dos seus indivíduos. Van Gennep, dierentemen
osos que Durkheim e seus se gidores estabeleceram o seu programa de trabalho.
Assim, é na França que se estabelece o estudo da religião como o coração da so te de uns e outros, concebe o sistema social omo estando compartimentazado,
como uma casa  ele diz numa metára que se me afgra muito liz : com os ritais
ciedade. E mais, é entre os pesquisadores anceses, gente como Henr Hubert e Ro sempre ajudando e demarcando esses quartos e salas, esses corredores e varandas, por
bert Hertz, Marcel Mauss e Celestin Bouglé, que, juntamente com Durkheim, inau onde circulam as pessoas e os grupos na sua trajetória social.
gra-se a pesquisa do humano enquanto realidade social e não mais  como vimos Concebendo a sociedade como internamente dividida, Van Gennep introduz 
brevemente  como realidade apenas individual, ecológica ou biológica. Mas nos es dinamismo no mundo social que nem vitorianos nem os seguidores de Durkheim 
tdos de religião esses sociólogos tomaram temas especiais. Assim, Marcel Mauss es ram capazes de reconhecer. Tal namismo i concebido como sendo recheado de
creveu páginas imorredouras sobre a magia (com Hubert e sozinho), sobre a prece, a contrastes, inrmado sobretdo pela dialética do tipológico e do estrutral, da clas
reciprocidade e natralmente o sacricio (também com Hubert). Durkheim, por seu sifcação e da perspectiva combinatória, da visão estática do rito, e pelo cerimonial
trno, escreveu também sobre a magia e a religião, mas o seu co é a religião ele concebido como sequências. Assim, é possível perceber nitidamente como a visão ti
mentar, as rmas mais simples da vida religiosa mbos laram dos ritais (ou ceri
3

pológica, apresentada logo nas primeiras páginas do livro, cede lugar a uma visão es
moniais), mas seu objeto de estdo não era esse aspecto do mundo religioso", de trutral, ndad a não mais numa classifcação exclusiva e complicada de tipos de rit
modo que em nehum deles o rito surge como um objeto básico de investigação. ais, mas em princípios organizatórios, dos quais a necessidad e de incorporar o novo,
Penso que esse ponto é importante, porque ele ajuda a revelar a enorme passagem
que a contribuição de Van Gennep ajudou a azer, numa época em que o rito (e a ce
rimônia) eram tomados como produtos (ou melhor, subprodutos) de atos estranhos,
dotados de efcácia, sitados na esera interdita do sagrado. Ou seja, quase como r  Cf. LÉVI-STUSS, C. Inodução à socioloia e anoloia, de Marcel Mauss. São Paulo: Editora
Pedagógica e Universitária/Editora da Universidade de São Paulo, 1974.
5 Cf. GLUCKN, M Les ites de Passage, e FORTES, M Rtual and Oce in Tribal So�ie' n:
 Cf. DUREIM, E. The Elementa Fos ofelious l: [ s.l.]: Coer Books:  edição, 1912] • GLUCKN, M. ( org) Essays on the itual ofSocial elations. Manchester: Manchester Umv Press,
A rras do método socioico.São Pauo Cia Editora Nacional, 1937 1962

IS
14
reduzr a certeza e realzar a passagem de posção para posção, um deslocar cos margas (gravdez, ovado, cação, etc), a sequêca rtual veste as marges
tate, é dametal ou a lmardade do objeto em estado de rtaização
Vedo o mudo socal como um ato de deslocarse o tempo e o espaço, pos A posção de Va Genep é, parece-me, muito mportate Noto que ele ão esta
para Va Geep estas passages são equvaletes, ele chegou a uma posção muto va tomado os rtos como um objeto refcado, como era comum er o íco do sé
mportate, que a socologa de Durkhem logo sera um problema e um dlema clo, mas procrado dscerr seus mecasmos báscos, sto é, seus elemetos cost
para crítcos e se gdores Refro-me à dvsão clássca etre sagrado e proao, sedo ttvos Em segda, Va Genep revela como era possível dar setdo a u cojunto
vsto como cere e ra do própro udo socal Nesta perspectva dualsta do mu eorme de materas etnográfcos relatvos a váras áreas ctrais do globo e, ada, de
do, portato, Durkhem equetemete trabaha com um jogo do sagrado ao pro cvlzações do passado e do presete, tomado os rtuas uma sequêca Em vez de
o, do mecâco ao orgâco, do semelhate ao derete, do grpal ao ivdual, prvlegar apeas o mometo ate do rto, como zam ses cotemporâeos,
do corpo à aa, estddo a socedade em termo de um padrão smplfcado de mo ele revela que o mometo ate ada mas é do que uma se de uma sequêca
vmetos lógcos (e também hstórcos) etre domíos fos e mutuamete exclus que sstemacamete comporta outros mometos e movetos A terpretação de
vos Em outras palavras, Durkhem é m evolucosta de sequêcas duas e também ma se é sempre parcal e, por vezes, egaadora, mas o estudo do mometo ateror
um socólogo dos potos polares, jamas das marges e das posções mas cosas, e do mometo posteror é daetal para o etedeto do rtual Além sso,
quado a totaldade socal ão se ecotra em o sagrado em o proo, em Va Geep, como mas tarde chamou ateção ER . Leach (1974), tomou os rtas
aqu em lá de separação e margem como rmado uma combatóra, um todo complexo, ode
Neste trabalho de Va Geep, porém, o sagrado e o proao são totalmete re  cada parte embora pudesse ão ser o poto crítco do rto desempenhava um papel
latvos e possuem rotatvdade" (hoje, dríamos relatvdade), pos sempre haverá mportte Leach, por exemplo, demostra que os caavas ( ou mascaradas, como
um lado mas sagrado detro da própra esera tomada como sagrada, até que um ele chama) são geramete ecerrados com uma rmadade; ao passo que rtos de
ovo cotraste possa ser estabelecdo e assm ça ascer algo mas ou meos sagrado agregação (como o casameto), ode a rmadade é básca e exste equetemete
ada, um movmeto complexo de terdções de terdções Do mesmo modo, e tesão e conito em potecal(especamete em socedades tracoas), são falza
pela mesma lógca, o exo do proao é galmete esgotável Assm, em vez de to dos com mostrar
procure estas ode a lcecosdade
segdo Leach e Va tem um (lugar
Genep de destaque.
etre outros), é ãoOdear
problema, como
de estdar
mar o sagrado e o proao como polos estátcos e nitdamete separados, Va Ge o mometo teror ao rto (as ses preparatóras), o mometo meso do rto e as
ep os cocebe como posções dâmcas, com valores dados pela comparação, co suas sequêcas fas (c DA MTA, 1977) É vedo toda a combação de ses
traste e cotradção, termos que ajudam a dst gr, separar e cosequetemete  que se pode ão só ter uma vsão globazada de todo o rtl, como também saber qul
estabelecer sgfcado, corme é do cohecmeto geral a partr, sobretudo, da o poto ode ele é mas dramatzado Este sera, teorcamete, o poto crítco que r
dação da Lgístca de Saussure O setdo ão está, corme revela Va Ge ecera os elemetoschave para o seu sgnfcado
ep, equacoado a uma essêca do sagrado (ou do proao), mas a sua posção Hoje sabemos que o estudo comparatvo de rtas é  gamete básco Assm,
relatva detro de um dado cotexto de relações sera ada possível chegar a dmesões mas precsas do movmeto rtual tomado,
Fo com esta perspectva de sequecaldade que osso autor estdou os rtas por exemplo, cermôas de uma mesma socedade, comparadoas etre s por meo
E assm pôde perceber que o mometo rtal era to de al gs mecasmos smples, de seus objetvos smbólcos cotrastates Fz tal experêca o meu trabaho ctado
quase óbvos, mecasmos que se lgavam etre s por meo de sequêcas específcas (Caravas, paradas e procssões"), escohedo como poto de partda o estudo do
Estdar os rtos, etão, sera equvalete a determar como um dado elemeto ( Caraval e das paradas de Sete de Setembro como mometos rtalzados em co
dvíduo, grpo, socedade ou objeto) passava por certas operações rmas, os cer traste a socedade acoal braslera Pude assm, creo, surpreeder uma grade e
moas A grade descoberta de Va Geep é que os rtos, como o teatro, têm ses loga sequêca rtual, a socedade braslera, uma espéce de trâgulo rtal" ode
varates, que mudam de acordo com o tpo de trasção que o grpo pretede rea em cada um dos seus v értces exstem mometos altamete dramátcos, todos patro
lzar Se o rto é um eral, a tedêca das sequêcas rmas será a dreção de cados por um elemeto básco do osso uverso socal: o povo com o Caraval, as
marcar ou smbolzar separações Mas se o sujeto está mudado de grupo (ou de clã, Forças Armadas com a Semaa da Pátra e, falmete, a Igreja com a Semaa Sata
amíla ou aldea) pelo casameto, etão as sequêcas tederam a dramatzar a agre Esse tpo de comparação, porém, ão  realzado por Va Genep, embora ele t
gação dele o ovo grpo Famete, se as pessoas ou grupos passam por períodos vesse uma a gda coscêca do modo combatóro com que as sequêcas de sepa
ração, margem e agregação eram todas relatvas umas às outras

16 7
E por ter isto em mente, sabia ele que certas ses dramáticas da vida social ape rar dos nossos entes queridos que precisam ser colocados ra do nosso mundo), a
nas tendiam para salientar certas sequências. De to, num rito de margem, uando sociedade no indivíduo ( qando procuramos marcar os flhos com as rmas e valo
crianças são transrmadas em noviços e depois em homens adultos, temos, evdent res que adotamos como críticas na defnição daquilo que é verdadeiramente humano
mente, um período inicial de separação (com uma dramatização de morte dos nov e digno), o indivíduo, como símbolo da sociedade (quando investimos uma pe ssoa
ços). E, natraente, uma seqência fnal de agregação, qando o grpo retoma sua num cargo que representa todo o grupo naqilo que ele deve ter de positivo, de rte
posição no seio de suas amílias (clãs ou linhagens) e é integra o no sistema, mas e de honrado) Foi por ter poddo assim compreender a realdade social que Van
numa nova posição. Falando em iniciação, aliás, não se pode dexar de .n ?tar a pr � Gennep i capaz de antecipar alas posições básicas da Antropologia Social con
nda observação de Van Gennep que a niciação dos jovens tende a adqur, em nU- temporânea, como a importância do contexto na discussão do signifcado, o valor
tas sociedades, a espécie de autonomia, com ma recriação  de rmas alteats das seuências no estdo dos ritais, a separação radical entre os tos da biologia e
de vida social, ndadas em princípios diversos daqeles que vgoram no mndo dia os tos da sociedade  algo que Van Gennep percebeu com clareza quando trata nas
rio A ssim, por exemplo, no Caso dos índios Apinayé, que tive a oportidade de es iniciações (cap. VI) e, nalmente, o to de que o casamento não é um acontecimen
tudar (c. DA M. Um mun dividi: A esutura social s índios Apinayé,nesta to individual, como comanda a nossa ideologia de amor romântico, mas algo coleti
coleção), os noviços são retirados da aldeia e fcam acampados longe dos olhos d  o vo e grupal, que sempre mobiliza as rças sociais no sentido de criar uma nova uni
ds os seus parentes. Morrem socialmente e são assim separados do mundo cotdia dade (o casal), e além disso  procura integrar esta nova unidade no seio de al
no. No seu acampamento, fcam sob a orientação de instrutores e rmam grupos grpo mais inclusivo. Com esta posição relativa ao casmento, Van Gennep como
monossexais, pois ali temse uma sociedade de homens onde deve reinar a concór que antecipa os achados ndamentais de LéviStrauss, no seu monumental estru-
dia e a instrução. s duas moças que se ligam aos grpos de noviços (pois que eles se turas elementares  parentesco ( nesta coleção).
videm simetricamente em dois grpos) rmam uma visível minoria, e relações se
xais com elas são terminantemente proibidas. No seu acampamento, os noviços re Caberia agora, para fnalzar esta apre sentação, azer al as críticas, ainda que
cebem seus emblemas de metades e gnham também o direito de escolher um "ami para mostrar que o autor destas páginas não toma Van Gennep como um autor per
go, fcando para sempre gado a este companheiro de ritual. E rmando esta esp é eito. Uma delas, muito clara e já eita por Gluckman (op. cit.), é que nosso ator op
cie de sociedade invertida ( onde as mulheres não serem para o prazer ou reproduçao _ touque
de porcertamente
uma demonstração
obteria sehorizontal de sua tese,
tivesse realizado uma preerindo a quantidade
análse pronda à qulida
deu ns poucos ri
sexual, onde os grpos são monossexais, onde todos vivem aprendendo e em har tais Nesta horizontaidade, Van Gennep aproximou seu trabao aos dos vitoria
monia) que o período liminal das sociedades J ê-Timbira do Bra sil Centr  se revel . nos, zendo muitas observações em que tira al gns ritais do seu contexto, numa
Ali, em pleno cerrado e no meio de uma existência temporariamente margal ( ou li ânsia de demonstrar, até o ponto de exaustão, que a sua descoberta das três ses era
minal), os jovens não só aprendem os modelos mais básicos do seu sistema, mas,  verdadeira e que ela poderia ser encontrada em todos os ritos, dos grpos tribais até
zendo isso, descobrem uma rma alternativa de viver socialmente num mundo onde
as mílias e as crianças desaparecem e com elas as dierenças que constitem a princi as grandes civilizações. Por outro lado, terminamos o livro sem uma verdad ira ela
pal raiz dos seus contos cotidianos. Por isso, as iniciações e os p ríodos inais são boração teórica relativa ao signfcado prondo dos "ritos de passagem. E certo,
rmas paradoxais. Ao me smo tempo que inculcam vores e reprmem se tmentos, como diz Van Gennep, que as passagens se gem de al  modo um padrão de para
elas também apontam na direção de sistemas de comportamento alteatvos. das e movimentos, um movimento quase que có smico de alternância entre o velho e
Foi com esta posição altamente dinâmica que Van Gennep estudou os ritais de o novo, o dia e a noite, o primeiro e o último, etc., mas sabemos que tais explicações
passagem e, com isso, lançou luz sobre os modos de reunião rml, tão c ms são universais e vagas, como mandava o espírito da época.
quanto a própria existência em sociedade. Ele viu, pois, tudo como sendo consttuído A tare que os estdiosos têm agora é, por isso mesmo, a de buscarem esta res
de passagens e deslocmentos, quando as ses se resolviam entre si dialeticame te, posta. Gluckman, por exemplo, sugere que os ritos de passagem são realizados para
com a anterior sendo cancelada pela posterior e, ambas, fnaente, sendo resolvdas dividir papéis sociais em universos altamente totalizados, onde as relações sociais ten
por uma síntese ou terceira se, quando o mundo retorna ao seu curso rotineir  e dem a uma multiplicação (são, nas suas palavras, "relações multiplex) e todos se li
normal. Nesta dialética, Van Gennep encontrou o centro mesmo do mundo soal gam com todos. Nestes sistemas, que cracterizam os sistemas tribais, a teia de rela
como um processo perene de buscar a unidade na dualidade (como ocorre nos casa ções sociais tem ma relidade maior do que o indivíduo, de modo que separar pa
mentos quando a sociedade deseja azer de dois indivíduos uma entidade), a divisão péis é um ponto básico, realizado com o auxílo dos rituais, sobretdo dos ritos de
no contínuo (como ocorre nos erais quando tentamos por meio do rito nos sepa- passagem. Meyer Fortes, por seu turno, procura explicar os rituais lando de apro
priação de cargos públicos por certos indivíduos. Assim, o rito seria o elemento bási
18
19
co que permitiria relacionar uma pessoa a um ao papel social, sobretuo quano
esse papel social tem um caráte r corporao, como é o caso a s chefas. bas as teo
rias são ricas e ambas colocam o problema básico as relações entre sistemas sociais
( ou sistemas e papéis socia is) e o p roblema o rital. C reio que este passo é básico e Prefácio
eu prero esta nha àquela que toma os ritos apenas nos seus aspectos comunicati
vos , como é o caso as posições e ER. Leach , sobretuo nos seus últimos trabaos.
Creio, po rém, que o problema o porquê" os ritos e passagem está aa longe e
ser resolvio, já que o próprio term ritual precisa e uma melhor conceituação. E,
e to , este é um termo complexo, pois pensar nele equivale a pensar na própria via
As escrições etalhaas e os trabalhos monogrcos reerentes aos atos mági
social e suas qualfcações ( c DA MA, 1977).
coreligiosos acumularam-se nestes últimos anos em número muito grane. Parece,
Acho , porém, que a posição e Gluck an está basicamente coreta e que os ritos
portanto, oporno tentar uma classifcação esses atos, isto é, os ritos, e acoro
permitem inicar orientações ierenciaas, em provável correlação com a lógica o
com os progressos a ciência Várias categorias e ritos são já bem conhecias.g Jul
ei
sistema social que os elabora. Em sistemas multiplex", os ritos separam e iviem
que um grane número e outros ritos poiamg i almente ser agrpaos em uma ca
( eu diria, individualizam), retirano a pessoa a poerosa ree e relações sociais que
tegoria especial. Como se verá, encontramse em numerosas cerimônias. Mas não pa 
tene a sucá-lo, absorêlo e, até mesmo, toá-lo oente. Mas o erro seria tomar
essa perspectiva como única. Assim, é preciso não esquecer que o contrário parece rece que até agora tenha sio percebio seu vnculo íntimo e razão e ser, nem que se
ocorrer em sistemas não multiplex", em rmações sociais altamente ierenciaas, haja compreenio o motivo as semelhanças entre eles. Sobreto, não tina sio
atomizaas e iniviualizaas, como é o caso a socieae capitalista. estas socie mostrao o motvo pelo qua são executaos e acoro com eterminaa orem.
aes one o indivíuo é central , e one too o sistema" é concebio como estano Teno e tratar e assunto tão vasto, a ifculae consistia em não nos exar
a seriço o inivíuo, pois é a socieae que eve se transrmar para zer eliz o mos submergir pelos materiais. Só utilizei uma reuzia porção os que reuni, e
prerência recorreno às mais recentes e etalaas monografas, remeteno na
inivíuoOs
integrar. e não
ritosoem
contrário,
sistemaso iniviuastas,
problema não éentão,
evientemente separar,emas
seriam ocasiões juntar e
totalização, maioria as vezes , no que se reere a outros tos e, sobretuo, a pa rte relativa às ree
momentos one é possível iscernir conc retamente ou não ( epeneno o rito) rências bibliográfcas , às granes antologias comparativas Do contrári, caa capít
grpos e categorias , inclusive e pessoas. Deste moo , nossos rituais seriam mecanis lo exgiria um volme Acreito , no entanto , que minha emonstração é suciente , e
mos que objetiv a busca a totali ae equentemente inexistente ou icil e ser rogo ao leitor chegar à mesma convicção aplicano o Esquema os Ritos e Passa
percebia no nosso cotiiano. um sistema como o nosso , one o inivíuo sempre gem aos tos e seu campo pessoal e estuo.
tem primazia, to já está separao conceita ! e concretamente. Po r causa isso, aqui Uma parte a substância o presente livro i comunicaa, quase em rma e
o rito não ivie, junta. ão separa, integra. ão cria o inivíuo, mas a totalae 6 • tabela , ao Congresso e História as Religiões reunio em Oxor, em setembro úl
Não é necessário observar novamente que neum esses passos poeriam ser timo, apresentaa pelos srs. Siney Hartlan, J.G. razer e P lphané r
aos sem a contribuição e Arnol van Gennep. E sua ção , que por certo fcará en Devo agraecer também ao meu eitor e amig o, o Sr. E. our r, muito conheci
tre nós, i a e que viver socialmente é passar, passar é ritualizar. um universo o entre os lcl oristas por um pseuônimo. Interessouse pelo crescimento este vo
como o nosso , constitío estes seres ágeis e mortais , esses entes que automatizam lume, comunicoume ocumentos e eume a liberae e reestrt rálo a meu gos
ritualizano e, azeno sempre o paraoxo sua única ireção, vivem num jogo cons to. Assim, o eitor i nele vítima o sábio e o amigo. Mas, pelo menos, espero que
tante entre o iniviualizar-se e o agregarse ; enfm, num universo e homens, a rea não seja vítima o leitor.
liae mais viva é a o conito orenao e a permanência se realiza, contraitoria A.v.G.
mente, como revelou Van Gennep, na passagem.
Clart, ezembro e 1908
Jarim Ubá, julho e 1977

6 Para uma discussão da importância do indivíduo (e do individualismo) entre nós, cf. DUMONT, L.
Homo HierarchicusChicago: The Univ. o Chicago Press, 19 70, e Relion, Politics and  in India.
Mouon, 1970

20 2 1
CPITUL O' (
Classifcação dos ritos

O mundo profno e o mundo sagrado. - As etapas da vida individua  O


estudo dos ritos - A escola anista e a escola do contágio - A escola
dinamista  Cassicação dos ritos: animistas ou dinamistas, simpáticos ou
de contágio positivos ou negativos, diretos ou inretos - O esquema dos
ritos de passagem - A noção de sagrado  Região e magia

Toda socedade geral contém váras socedades especas, que são tanto mas au
tônomas e possuem contoos tanto mas dendos quanto menor o grau de cvlza
ção em que se encontra a socedade geral. Em nossas socedades modernas só há sepa
ração um pouco nítda entre a socedade lega e a socedade religosa, entre o proano e
o sagrado. Desde o Renascmento as relações entre estas duas socedades especas, no
nteror das nações e dos Estados, soera toda espéce de oscações. Ora, esta vsão
é encontrada em todos os Estados da Europa, de tal manera que as socedades legas,
de um lado, e as socedades relgosas, de outro, lgamse entre s separdamente por
suas bases essencas. Asm também a nobreza, as fnanças, a classe operára passa
aés das nações e dos Estados sem levar em conta, ao menos teorcamente, as onte
ras. Cada uma dessas categoras contém por sua vez categoras de menor amptude,
grande nobreza e fdalguia provcana, grande e pequena fnança, profssões, ocos
versos. Para passar de uma delas a qualquer das outras, para passar de camponês a
operáro e mesmo de servente de perero a pedrero, é precso satszer certas cond
ções que, entretanto, têm de comm assentarem somente em ma ba se econômca ou
ntelectual. Em vez dsso, para o ndvíduo que é lego tornar-se sacerdote, ou nversa
mente, é precso executar cermônias, sto é, atos de um gênero especal, lgados a uma
certa tendênca de ensbldade e a determnada orentação mental. Entre o mundo
proano e o mundo sagrado há ncompatbdade, a tal ponto que a passagem de um
ao outro não pode ser eta sem um estágo ntermedáro.
À medda que descemos na sére das czações, sendo esta palavra tomada no
sentdo mas amplo, constatamos a maor predomnânca do mundo sagrado sobre o
mundo proano, o qual, nas socedades menos evoluídas que conhecemos, engloba
pratcamente tdo. Nascer, parr, caçar, etc., são então atos que se prendem ao sagrado
pela maora de seus aspectos. Iguamente, as socedades especas são orgazadas so
bre bases mágco-relgosas, e a passagem de uma a outra a ssume a aparênca da passa

23
gem especial marcada entre nós por determinados ritos, batismo, ordenação, etc. An- mês ao outro (cerimônias da lua cheia, por exemplo), de uma estação a outra ( solstí-
da aí as sociedades especias permeiam várias sociedades gerais. sim, o grpo totmi cios, equinócios), de um ano ao outro (Dia do oNovo, etc.).
co constitui uma mesma nidade através das tribos da sáa,e seus membros consi- Pareceme, portanto, racional agrpar todas estas cerimônias de acordo com um
deramse irmãos, do mesmo modo que todos os padres católicos, seja qual fr o país esquema, cua elaboração detaada, entretanto, é ainda impossível. Com eeito, se o
em que vivam. O caso das castas já é mas complexo, porque à noção de parentesco estudo dos ritos nestes últimos os ez grandes progressos, estamos longe de conhe-
acrescentase uma especiadade prossional Se em nossas sociedades a soiariedade cer em todos os casos sua razão de ser e seu mecanismo, com bastante certeza para
sexual é redida ao míimo teórico, entre os semicivizados desempenha considerável poder com segrança distribuílos em categorias. O primeiro ponto obtido fi a ds
papel em consequência da separação dos sexos nas questões econômicas, poíticas e so- tinção entre duas classes de ritos: 1 º) os ritos simpáticos  ; 2°) os ritos de contágio.
bretdo mágicorelgiosas. A mía constti também entre eles a idade nda- Os ritos simpáticos são aqueles que se ndam na crença da ação de seme-
da em bases ora mais estreitas, ora mais largas do que entre nós, mas em todo caso rigo- lhante sobre o semelhante, do contrário sobre o contrário, do continente sobre
rosamente delmtadas. Toda tribo, quer ça, ou não, parte de uma unidade poca o conteúdo e reciprocamente, da parte sobre o todo e reciprocamente, do simu-
mais vasta tendendo para a nação, possui ma nividualdade, cua rigidez pode ser lacro sobre o objeto ou o ser real e reciprocamente, da palavra sobre o ato. Fo
bem compreendida pelo conhecimento das cidaes gregas. Finamente, a todas estas ram postos em evidência por E. Tylor 2 e estudados em várias de suas rmas por
rmas de grupamento acrescentase mais uma, que não tem equivalente entre nós. A. Lang 3, E. Clodd 4, E. Sidney Hartland 5, etc.; na França, por A. Réville 6, L.
Reerimonos ao grupamento das gerações ou classes de idades. Marillier 7, etc. ; na Alemanha, por Liebrecht 8 , R. Andree 9, Th. Koch 10 , F Schul-
A vida individual, qualquer que seja o tipo de sociedade, consiste em passar su- ze 1, etc. ; na Holanda, por Tiele 12 , A. Wilken 3, A.C. Kruijt 14 ; na Bélgica, por E.
cessivamente de uma idade a outra e de uma ocupação a outra. Nos lugares em que as
idades são separadas, e também as ocupações, esta passagem é acompaada por atos 1 Consero propositadamente o termo simpático, embora razer, H Hubert, Haddon, etc tenham ad
especiais, que, por exemplo, constitem, para os nossos ocios, a aprendizagem, e mitido uma magia simpática que se subdivide em magia do contágio e magia homeopática São então
que entre os semicivilizados consistem em cerimônias, porque entre eles nenhum ato obrigados a criar uma seção especia para a magia dinamista, e por outro lado à homeopática seria preciso
acrescentar a aopática ou enanteropática, etc ( cf meu resumo das Lectures o the e his ofthe Kg
éduo
absolutamente independente do sagrado. Toda sh, de raer,  st Rel906, t LIII, p 396-40). Do mesmo modo a classicação de Hubert e
implica aí ações e reações entre o prono e o alteração na situação
sagrado, ações de um
e reações que indiví-
devem Mauss, Esquisse d)ue the géérle de l mgie,p. 62s e 66ss, é demasiado articial cabam por zer
ser reglamentadas e vigiadas, a m de a sociedade geral não soer nenhum cons- das "representações abstratas e impessoais de semehança, conti gidade e contrariedade três ces de uma
mesma noção, que é a do sagrado, a qual é também a do m, que por sua ve "é um gênero do qual o
trangimento ou dano. É o próprio to de viver que exige as passagens sucessivas de sagrado é a espécie
uma socieade especia a outra e de uma sitação socia a outra, de tal modo que a  TYOR, EB mitive culture 2 vos. Londres,  ed., 8 ; trad anc da 2 ed., Paris, 86; 4 ed,
vida individual consiste em uma sucessão de etapas, tendo por término e começo Londres, 903
conjuntos da mesma natureza, a saber, nascimento, puberdade social, casamento, pa  LANG, AMyth,Ritul dRelio 2 vols. Londres, 89; trad .,  vol, Pari s,  898; TheMkig
ternidade, progressão de classe, especialização de ocupação, morte. A cada um desses ofRelio, Londres,  ed, 899; 2 ed, 900; Mgic d Relio,90, etc.
conjuntos achamse relacionadas cerimônias cuo objeto é idêntico, azer passar um  CLODD, E Tom Tit Tot,Londres, 898.
indivíduo de uma situação determinada a outra situação i galmente determinada.  HATLAND, ES The sciece offir tles. Londres, 89; The Leged ofPerseus 3 vols. 895896,
certos capítulos
Sendo o mesmo o objetivo, é de todo necessário que os meios para atingilo sejam  RÉVILLE, A Prolomes de hstoire des relios, Paris, 88; Les relios despeuples o-civilisésPa
pelo menos análogos, quando não se mostram idênticos nos detalhes. Alás, o indiví- ris, 2 vos, 883, etc.; dos pontos de vista do qua participa ainda REVON, M. Le shitoisme Paris,
duo modicouse, porque tem atrás de si várias etapas, e atravessou iversas ontei- 905906
ras. Daí a semeança geral das cerimôni as do nascimento, da inância, da puberdade 7 MAILLIER, L L surivce de l)âme et de deJustice Paris, 894; numerosas análises na Revue de
social, noivado, casamento, gravidez, paterndade, iniciação nas sociedades religiosas Histoire des Relios até 906
e nerais. Além do mais, nem o indivíduo nem a sociedade são independentes da na-  LIEBRECHT, Zur Volkskude,89
tureza, do universo, o qual também e stá submetido a ritmos que aetam a vida huma- 9 ANDREE, REthogrphische Prllele,duas séries, Leipig, 88 e 889
na. Também no universo há etapas e momentos de passagem, marchas para adiante e 1 KOCH, TH Zumimismus der Südmekische Id ierLeyde, 900
estágios de relativa parada, de suspensão Por isso, devemos associar as cerimônias de 11 SCHULZE,  Der FetischismusLeipig, 8; choloie r NturlkerLeipig, 900
passagens humanas às que se relacionam com as passagens cósmicas, a saber, de um 1 TIELE sire des Relios, etc.
1 WILKEN, A Het imisme biJde volke v de Idische rchel. Indische Gids, 885 886, etc.
1 KRUIJT, AC Het imisme ide Idischerchel La Hayc, 90

24 25
arugqultha, e ao atrar a dreção do mgo, quado a echa ca, a argqultha por date. Talvez se descubram ada outras classes de r tos. M as as que mecoa
sege a tagete e ere o mgo 39 • A  rça trasmtu-se, portato, por meo de um mos eglobam já um úmero cosderável. A dfculdade cosste apeas em saber
veículo e o rto é damsta, de cotágo, dreto. exatamete, em cada caso, como terpretar o rto, e a dculdade é tato ma or
Falmete, é possível dst gr ada rtos postvos, que são volções traduz porque se o mesmo rto admte váras terpretações é também equete que uma
das em ato, e rtos egatvos Estes são habtalmete chamados tabus. O tabu é uma mesma terpretação seja válda para dversos rtos muto deretes quato à r
probção, uma ordem de ão azer", de ão agr". Pscologcamete correspode à ma. A dfculdade cosste sobretudo em dst gr se um dado rto é essecalme
não vontade [nolné N. T.] , assm como o rto postvo correspode à vontade [voln te amsta ou damsta; por exemplo, se certo rto de traserêca de uma molés
é N.T .],  sto é, traduz, também ele, uma maera de querer, é um ato e ão a ega ta tem po r objetvo a trasrêca da molésta equato qualdade ou a expulsão
ção de um ato. Assm como vver ão cosste o cotíuo ão agr, assm também o do corpo do pacete de uma molésta persofcada, de um demôo ou espírto da
tabu ão pode costtr por s só um rtual, e meos ada uma maga 40  Neste set molésta. Etrado em detalhes, o rto de passar por baxo de al gma cosa ou atra
do o tabu ão é autôomo Só exste a medda em que é a cotrapartda dos rtos vés dela, que será dscutdo ma s adate, presta-se a váras terpretações, uma a
postvos Noutras palavras, todo rto egatvo tem dvdualdade própra se o co msta e dreta, a outra damsta e dreta. É precso recohecer que esta pesqusa
sderarmos soladamete, mas o tabu em ge ral só pode ser compreeddo com rela os tratados geras, os quas o auto r a maora das vezes só apreseta os elemetos
ção aos rtos atvos", com os quas coexste o rtal. O egao de Jevos, Crawley, atualmete útes de um rto, só raramete costtuem uma ajuda para chegar-se a
Salomão Reach, etc., cosste em ão te rem apreeddo esta relação de depedê al gma sstematzação aceitável. lém dsso, eles os rtos são classfcados mas de
ca recíproca. acordo com suas semelhaças rmas (c. os t rabalhos do s lclorstas) do que de
Um mesmo rto pode, portato, clur-se em quatro categoras ao me smo tem acordo com seus mecasmos.
po, havedo por cose gte 16 possbldades de classfcação para determado Em um mesmo cojuto de cermôas a mao r parte dos rtos de detalhe clu
rto, sedo que as quatro cotráras se emam, de acordo com o se gte quadro: em-se em uma mesma categora. Assm, a maora dos rtos da gravdez são dams
tas, de cotágo, dretos e egatvos. A mao ra dos rtos do parto são amstas, sm
Ritos animistas pátcos, dretos e postvos. Mas trata-se sempre tão somete de uma proporção.
Em pleo cojuto de um rtual anmsta po stvo ecotraremos, como cotrapart
tos simpáticos tos de contágio
da, um grupo de rtos damsta postvos ou amsta s de cotágo e dretos. Não
tos positivos. itos negatvos
dspodo do espaço ecessáro, ão pude em cada caso dca r a categora a qual se
Ritos diretos. tos indiretos
clu cada rto de detalhe, mas pelo meos lembrare que ão é o setdo da ter
Ritos dinamistas
pretação ulateral dos mecasmos que terpreto os umerosos rtos aqu passaos
em revsta.
Assm, para uma mulher grávda, ão comer amoras, porque sso marcara a Uma vez estabelecda a classfcação dos mecasmo s toa-se relatvamete cl
craça, é executar um rto damsta, de cotágo, dreto, egatvo. Para m mar compreeder as razões de ser das sequências cerimoniaisAda aqu obseraremos
hero que esteve em pergo de morte, oerecer como exvoto um avozho a que os teórcos mal tetaram estabelecer uma classfcação dessas sequêcas. Exstem
Nossa Sehora da Guarda é um rto amsta smpátco, dreto, postvo. E assm exceletes trabalhos sobre este ou aquele elemeto de uma sequêca, mas só é possí
vel ctar poucas pesqusas que se gem de um extremo ao outro uma sequêca te
ra, e meos ada trabaos em que estas sequêcas sejam estudadas umas com rela
 C Mythes, Lé. Aus.,p 86 ção às outras ( c o capíto X). O presete volume é cosagrado a um esao desta
0 Sobre o tabu como rito negatvo, cf VN GENNEP, A. bou Tot Mad.,1904, p 26-27, 298, atureza. Nele tete grpar todas as sequêcas cermoas que acompaham a pas
319; �UBRT, H & MUSS, M Esquisse,p. 129; e sobre o tabu como magia negativa, ZER,
JG Knp,p. 52, 54, 56, 59, assim como mnha resenha crítica deste livro,
R.  FHst.  l., sagem de uma stuação a outra, e de um mudo (cósmco ou socal) a outro. Dada a
1906, t LIII, p 396-401; e MRE. Is boo a native magic?throp Essays presented to EB mportâca dessas passages, acredto ser legítmo dstgur uma categora especal
Tyor, Oord, 1907, p 21934 Como é m ais ci enumerar o que não se deve azer do que aquio que
se deve ou pode zer, os teórcos, encontrando em todos os povos extensas séries de tabus, proibições, de Ritos de passagem, que se decompõem, quado submetdos à aálse, em Ritos de se-
etc superestimaram a portância destas

 29
paraçã, tos d mam e Ritos d agraçã. Estas três categorias secundárias não ser alternativa. O sagrado, de to, não é um valor absoluto, mas um valor que indic
são iguamente desenvolvidas em uma mesma população nem em um mesmo con situações respectivas. Um homem que vive em sua ca sa, em seu clã, vive no proano.
junto cerimonial. Os ritos de separação são mais desenvolvidos nas cerimônias dos Mas ive no sagrado logo que parte em viagem e se encontra, na quadade de esta
nerais; os rito s de agregação, nas do casamento. Quanto a os ritos de margem, po nho, na proxmidade de um acampamento de desconhecidos. Toda mulher, sendo
dem constitir uma secção portante, por exemplo, na gravidez, no noivado, na ini congetamente impura, é sagrada relativamente a todos os homens adultos. Se está
ciação, ou se reduzirem ao mínimo na adoção, no segundo parto, no novo casamen grávida, toa-se além disso sagrada para as outras muers do clã, com exceção de
to, na passagem da segunda para a terceira classe de idade, etc. Se, por conseguinte, o suas parentas próximas. São esta s outras mulheres que constituem então com relação
esquema completo dos ritos de passagem admite em teoria ritosprliminars ( separa a ela um mundo proano, que compreende também nesse momento as crianças e os
ção), liminars (margem) e pós-liminars (agregação), na prática estamos longe de en homens adultos. Todo brâmane vive no muno sagrado só pelo to de seu nasci
contrar a equivalência dos t rês grupos, quer no que diz respeito à importância deles, mento, mas há uma hierarquia das amílas de brâmanes, que são sagradas uma s com
quer no grau de elaboração que apresentam. relação às outra s. Finamente, ao praticar os ritos chamados de purifcação, a muer
Além disso, em certos casos o esquema se desdobra, o que acontece quando a que acaba de dar à l reincorpora-se à sociedade geral, mas somente em secções es
margem é bastante desenvolvida para constituir uma etapa autônoma. Assim é que peciais, a saber, seu sexo, sua amília, etc., e permanece no sagrado com relação aos
o noivado con stitui realmente um período de margem entre a adolescência e o cas a homen s iniciados e às cerimônias mágico-religiosas. Assim, alternadamente, conr
mento. Mas a passagem da adolescência ao noivado comporta uma série especial de me nos coloquemos em uma posição ou em outra da sociedade geral, há um desloca
ritos de separação, de margem e de agregação à margem. E a passagem do noivado mento dos círculos mágicos". Quem passa, no curso da vida, por estas alternatvas
ao casamento supõe uma série de ritos de separação da margem, de margem e de encontrase no momento dado, pelo próprio jogo das concepções e das classifcações,
agregação ao casamento. Esta mistra é também verifcada no conjunto constituído girando41 sobre si mesmo e olhando para o sagrado em lugar de estar voltado para o
pelos rit os da gravidez, do parto e do nascimento. Embora procure grupar toos es proano, ou inversamente. Estas modifcações do estado não deixam de perturbar a
tes ritos com a maior clareza possível, não escondo que, tratando-se de atividades, vida social e a vida individual. Um certo número de ritos de passagem destinamse a
não s poderia chegar nestas matérias a uma classifcação tão rígida quanto a dos reduzir os eeitos nocivos de tais mudanças. A prova de que esta transrmação é con
botânicos, por exemplo. siderada como real e grave encontramo-la no retorno, verifcado nas grandes cerimô
Sem dúvida, estou longe de pretender que todos os ritos de nascento, da inicia nias e entre povos muito diversos, dos ritos de morte para o mndo anterior e de res
ção, do casamento, etc., sejam ape nas ritos de pa ssagem. Porque, além de seu objeti surreição no novo mundo, dos quais  lamos no capítulo XI, ritos que constituem a
vo geral, que consiste em assegurar uma transrmação do estado ou a passagem de rma mais dramática dos ritos de passagem.
uma sociedade mágico-religiosa ou proana para outra, estas cerimônias têm cada Só me resta expor brevemente com maior exatidão o sentido das palavra s empre
qual sua fnalidade própria. Assim, as cerimônias do casamento amitem ritos de e gadas. Por dinamismo entenderemos a teoria impersonaista domana. Designamos
cundação; as do na scimento comportam ritos de proteção e de previsão; as dos e por animismo a teoria personalista, quer a potência personicada seja uma alma única
rais, ritos de deesa; as da iniciação, ritos de propiciação; as da ordenação, ritos de ou mútipla, quer se trate de umapotência anima ou vegeta (totem), antropomórfca
apropriação pela divindade, etc. Todo s estes ritos, que possuem uma fnalidade espe ou amor ( Deus). Estas teorias constitem a rliã, cua técnica ( cerimônias, ritos,
cial e atual, justapõem-se aos ritos de passagem ou se combinam com estes, às vezes culto) chamo magia. Como esta prática e esta teoria são indissolúveis, pois a teoria
de maneira tão íntima que não se sabe se tal rito de detae é, por exemplo, um rito de sem a prática toase a metasica, e a prática ndada sobre outra teoria torna-se a
proteção ou um rito de separação. E ste problema levantase, entre outros, a propósi ciência, empregarei sempre o adjetivo mágico-rlioso.
to das diversas rmas dos ritos chamados de purifcação, os quais podem ser uma
simples suspensão do tabu, e por conseginte retirar somente a quaidade impura, ou
ser ritos propriamente ativos, que dão a qualidade de pureza.
Isto me leva a lar rapidamente do que se pode chamar a rotação da noção de sa 4  Este movimento de mudança de direção já tinha sido bem percebido por Robertson Smith,Die Re-
lion der Semiten, p 327328 e índice, verbetetabu Cf as passagens do sagrado ao proano e vice-versa,
grado. E sta representação (e os ritos que lhe correspondem) tem como característica entre os Tarahumare e os Huichol do México (LUMHOTZ.UnknMéxico. Londres, 1900, 2 vols,
passim)

30
3 1
Obtém-se assim o seginte qadro:

1 TEORIA (Religião)
CAPÍTULO 
ª

dinamismo
(monista; impesonaista)
anmismo A passa gem mater ial
(duaista, etc. personaista)

totemsmo espitsmo podemonsmo teísmo


(com os estágos intemedáios) Fronteiras e marcos.  Tabus de passagem  - As zonas sagradas  A porta, a
2 ÉCNCA (Magia)
 soleira o pórtico - As divindades da passagem  Os ritos de entrada  Os
(Ritos) sacricios de fndação - Os ritos de saída

� 
simpátcos de contágo detos ndetos positvos negativos
(tabu)
A fm de xar as ideias larei preiramente da passagem material. Em nossos
dias, salvo nos raros países qe mantiveram o passaporte, esta passagem é livre nas re
giões civilizadas. A onteira, ha ideal traçada entre marcos o postos, só é visível nos
mapas, exageradamente. Mas não está tão longe assim o tempo em qe a passagem de
 país para otro e, no nterior do mesmo país, de ma província para otra, e anteri
ormente até de  doio seorial para otro, era acompanhada por diversas r
malidades, de ordem política, jrídica e econôica. Entretanto, havia também rmai
dades de ordem mágico-regiosas, por exemplo, a proibição dos cristãos, mçanos
e bdistas entrarem e permanecerem na parte do globo não sbmetida à sa é.
É este elemento mágico-religioso qe nos nteressa aq. Para vê-lo m ação plena
mente é preciso retoar a tipos de civilização nos qais o elemento mágico-religioso se
intromete, o se intrometia, naqio qe atamente é apenas m domínio leigo.
Embora em regra geral o território o cpado por ma tribo semicivilizada seja de
fnido apenas por acidentes natrais, ses habitantes e vizinhos sabem mito bem em
qe limites territoriais prevalecem ses direitos e prerrogativas. Acontece, porém,
qe o marco natral seja m rochedo o ma árore, m rio o m lago sagrados,
qe é proibido atravessar sob pena de sanções sobrenaturais Este caso parece, no en
tanto, raro. Freqentemente o limite é marcado por m objeto, poste, pórtico, ma
pedra em pé (marco, termo, etc.), qe i colocado nesse lgar com acompaamen
to de ritos de consagração. A proteção da proibição pode ser imediata o mediata
( divindades das onteiras, representadas, por exemplo, nos kdrrs babilônicos;
Hermes, Príapo , etc., divindades dos marcos, etc.). Pela colocação o fxação ceri
1

 Com a ressalva de demonstração uterior, dou a seguir minha interpretação da associação quase uni
versal dos marcos com o flo. Há: 1ª) assimilação entre o pau ou a pedra coocada de pé com o pênis em
ereção; 2 ) ideia de união, por associação com o ato sexual tendo valor de adjutório mágico; 3) ideia de
ª ª

proteção, em consequência do poder das pontas ( chies, dedos, etc.) de "rar'' a uência magna, o
gênio mazejo, etc; 4 ) muito raramenteideia de ecundação do território e de seus habitantes. O ele-
ª

mento fco dos baizas, hermes, etc., não tem, portanto, quase nada de sexual propriamente dito

32 33
a soleira. Nesse caso, é a elas somente que se dirigem as preces e os sacricios O rito carruagem ou um palanqum, de monta a cavao para viajar, etc., acompanha-se
de passagem maeial tornou-se um rito de passagem espiritual. Não é mais o ato de muitas vezes de ritos de separação na parda e de ritos e agregação na volta.
passar que constiti a passagem, e sim uma potência indvidualizada que assegura Finalmente, em algs casos os sacricios camados de ndação ou de constru
materialmente esta passagem21 • ção icluem-se na categoria do rtos de passagem . É surpeendente que tenam sido
Ora, é raro que estas duas rmas se encont em isoladas, pois na imensa maioria estdados isoadamente quando zem parte de um ojunto cerimonal omogê
dos casos pesentam-se combinadas. Vemos, com eeito, nos diversos cerimoniais o neo, a cerôna de mudança de domicílio 23 . Toda casa nova consera-se tabu até
rito diret ligar-se ao to indireto, o rito dinamista ao rito an sta, ou para asta que, mediante ritos apropriados, tena sido tornada noa Esta sspenso do tabu,
24

os obstácuos que podem opor-se à passagem ou para etuar esta própria passagem. em suas rmas e mecanismos, é a mesma que a realaa quando se trata, por exem
nte os ritos de assagem material convém anda citar os da passagem dos desf plo, de um território ou de uma muler, etc., sagrados. Há lavgm ou lusração, ou
ladeiros, e e consistem em depositar diversos objetos (pedras, trapos, pelos, etc ., comensalidade. Outras práticas têm por fnaldade zer a casa manterse inteira, sem
oerends, inocações ao gênio do lugar, etc. Marrocos (kerkur)Mongólia, Tibete desmoronar, etc . Foi um erro ter se visto em um certo númer desas riônias so
(obo), Assam, Andes, Alpes (capelas, etc. A travessia de um rio é acompanhada e brevivências e dermações de um antigo sacricio umano. Aos ritos de suspensão
quentemene p cerimônias 22 , e como rito negatvo correspondente encontra-se a do tabu, de ação de um g êno protetor, de transerência da primeira morte, de se
proibiçã o ei u do sacerdote atravessar este ou aquele rio, ou os cursos d'água em grança tura de toda espécie sucedem ritos de agregação, libaçes, visita cerimon
geral.  mesa maneira, o embarque ou o desembaue, o ato de subir para uma al, consagração das dversas partes, divisão do pão, partilha do sal, de uma bebida, re
eição em comum (na França, dar m jantar [pendre la crémare . Eses ritos são
propriamente ritos de identifcação dos turos abitantes com sua nov residência.
Quando ram os próprios abitantes, por exemplo, um noivo ou um jovm esposo
 Sobre as didades a soleira, cf. além de Trumbu, op cit., . 94ss., FELL, Anthroil ajudado por sua amília ou sua muer, etc., que construíram a casa, os ritos come
ssyspres to. Tylor Oxrd, 1907, p 82; RZER, J.G Ibid., p. 167; Chna em geral hen -hu e çam no cio da construção.
Jüü (c e GROOVAES.es tes  nnuelleent élébréesàouy Paris, 1886, p. 597ss.),
Aos ritos de entrada na casa, no templo, etc., correspondem ritos de saída, idênti
mas em Pequ também Ch)inCh)iun e Yiihihn (cf. GRUBE. Pek olksk., p. 93-94); Japão: Is
Bird. Unbeten Trksi n]pn. Londres, t I, p 117, 273; REVON, M. "Le Shinntoisme)J. . de /st cos, porém inversos. Na época de Maomé os árabes ao entrarem ou aírem acaricia
des el, 1905, t. LI, p. 389 e 390; MUNRO.Pitive ul ture inJpn  Yokoama, 1906, p. 144, etc.
vam com a mão o deus doméstico 25, de modo que o mesmo gesto, conorme o mo
 Cf. entre outros GIDOZ, H. e dieu uis du soleil. Paris, 1886, p. 65 Lembro as cerimônias de
construção e de primeira uização das pontes( cf.ponx). Quanto aos ritos de passar entre la coisa mento, era um rito de agregação ou um rito de separação. Iguaente, todo judeu pi
ou debaxo de alguma coisa, ram recolidos mMelusine e por quase todos os lcloristas. Seria o caso edoso sempre que atravessa a porta principal de sua casa toca com o ded o da mão di
de discutios dos ovaente, o que não poderia zer aqui. Só citarei, portanto, o seguinte, gse do reita a mazuza,caxinha fxada no umbral da porta e onde se aca um papel, uma i
KRSCHENINNIKV Histoire e t desrition du Kthtk. Asterdam M.M Rey, 1760, t. I, p
130 13 1 e c p. 136 "Logo depois trouxe para a iurta ramos de bétula conrme o núero das amías. xa de pano, etc., tendo escrito ou bordado o nome sagrado de Deus (Saddai). m
Cada Kamtcadal tomou um desses ramos para sua amília, e depois de tê-lo curado em círcuo, ez pas seguida beija um dedo e diz: "O Senor proteja tua saída e tua entrada,  p rtir desse
sar através dele duas vezes sua muler e seus os, que, ao saírem desse círculo, pusera-se a rodar. Isto momento e para sempr e ! 26", juntando neste caso o rito verbal ao rito manual. Obser-
cama-se entre eles puricar-se de seus erros. Ora, depreende-se das detaladas descrições de Krasce
ninnikov que a bétula é a árore santa para os Kamtcadal, sendo utilizada rituamente na maioria das
cerimônias. A interpretação, portanto, pode ser 1º) ouve snticação direta por inuência da bétua,
ue é pur; 2º) ouve transerência da ipureza das pessoas para a bét ula, o que concordaria com a conti  Sobre os sacricios de construção c SARTOI, P. Ueber s Bur. Zeitscri r Etnologie,
nuação da cerônia. "Depois de todos puricados, os Kamtcadal saírm da iurta com esses pequenos 1898 , p. 1-54, que não viu que algs são ritos de apropriação. Para os ritos anceses, c SÉBILLOT, P.
ramos pela jupana ou a primeira abertura e ram seguidos por seus parentes dos dois sexos. Quando es e olk-ore de ne Paris, 1907, t IV, p. 96-98 e para diversas teorias, TRUMBL, C. Op cit., p
tavam ra da iurta passaram pela segda vez através desse círculo de bétua, após o que enterraram estas 45-5?; WESTEMARCKThe oriin nd devele nt oforl ides Londres, t I, 1906, p 46ss. Estes
vaas ou pequeos ramos na neve, inclinando a ponta para o lado do Oriente Os Kamtcadal, depois de tos cluemse em um� categoria mais vasta que denomino ritos d prieir vez ( c capítulo IX). O en
terem jogado nesse lugar todo seu tonchitce e de ter sacudido suas roupas, entraram na iurta pela verda canto 43, 3 15 do Kauska Sutra (CALD,W. Altindishes Zubetut. La Haye, 1900, p 147-148),
deira abertura e não p ela jupana Noutras palavras, os indivíduos ivramse das impurezas materiais sa reere-se não soente à construção e à entrada, mas z menção também da mudança de moradia das pes
gradas acumuladas nas roupas, do mais importante objeto ritual, o toncitce, que constitui, juntamente soas e dos animais.
com a "eradoce, etc, a categoria dossr, e dos ramos que se tornaram recipientes do sagrado. A pas
sagem por baixo dos arcos sagrados retira automaticamente dos que passam o caráter sagrado que tinam  C. para uma cerimônia tpica, HILDBURGH. ''Notes on snhlese magc".Jou.Anthr. Inst, t
adquirido ao executarem as compcadas cerimônias, cujo m é marcado por este rito, e estes arcos são o XIII (1908), p. 190.
pórtico que separa o mundo sagrado d o undo proano. Reingressando no proano, os atores da ceri  SMITH, R. Die elio n r ei ten, p. 187.
ônia podem namente utizar a grande porta da cabana. 6 TRUMBULL, C. Threshold Cove nnt, p. 69-70 (Síria)

38 39
ve-se que, em geral, uicamete a porta pricipal, quer porque i cosagrada por
um rito especial, quer porque está orietada em uma direço vorável, é sede de ritos
de etrada e de saída. A outras aberturas o têm este mesmo caráter de margem e CPÍUtQ'Jl.·
tre o mudo miliar e o mudo exterior Daí a preferêcia dos ladrões ( subetedo
em outras civilizações diferetes da ossa) em etrarem por outro lugar e o pela Os indivíduos e os gru pos
porta Daí o coste de zer sair o cadáver pela porta traseira ou pela jaela, assim
como o cost e de o deixar etrar e sair a mulher durate a gravidez ou o período
das regras seo por a porta secudária, e também de o zer peetrar o cadáver A sitação e o caráter do estrangeiro  Rtos de agregação do estrangeiro -
do animal sagrado a o ser pela jaela ou por uma brecha, etc Estes ritos têm por A comensalidade - As trocas como rito de agregação  A faternização  Os
obetivo o poluir a passagem que deve permaecer livre, uma vez que se torou ritos de saudação  tos sexuais de agregação - O domico do
tal graças a ritos especiais. Do mesmo modo, o se deve aí cuspir, camihar, etc estrangeiro  O viajante: ritos de partida e de retorno  A adoção.  A
Às vezes o valor sagrado da soleira ecotrase em todas as soleiras da casa Vi a mudança de seor - Guerra, vendea, paz
Rssia casa s ode havia a soleira de cada quarto pregado uma destas pequeas ferra
duras que protegem o salto das botas Ora, essas casas cada quarto tinha seu ícoe
Em todo caso, para compreeder os ritos relativos à soleira, covém lembrar que Toda sociedade geral pode ser cosiderada como a espécie de casa dividida
esa é apeas um elemeto da porta, e que a maioria desses ritos devem ser tomados em quartos e corredores, com paredes tato meos espessas e portas de comuicaço
o setido direto e material de rito s de etrada, de espera e de saída, isto é, de ritos de tato mais largas e meos fechadas quato mais esta sociedade se aproxima das os
passagem sas pela rma de sua civilizaço Etre os semicivilizados, ao cotrário, estes com
partimetos so cuidadosamete isolados us dos outros, e para passar de um ao ou
tro so ecessárias
os ritos de passagemrmalidades
material deeque
cerimôias quedeapresetam
acabamos lar a maior aalogia com
Todo idivíduo ou grpo que por seu ascimeto ou por qualidades especiais
adquiridas o têm direito imediato de etrar a casa determiada desta espécie e
istalar-se em a destas subdivisões ecotram-se assim em m estado de isola
meto, que toma duas rmas, ecotradas separadamete ou combiadas São a
cos por estarem ra desta sociedade especial ou gera; so res por estarem o
mudo sagrado a vez que esta sociedade costitui para seus membros o mudo
proo Daí o diverso comportameto das populações, algas das quais mat
roubam, maltratam o estrageiro sem outras rmalidades equato outraspopl
1
,

ções temem o estrageiro, tratam-o com deferêcia, utilizam-o como um ser po
deroso ou tomam cotra ele medidas de defesa mágicoreligiosas O to do ea
geiro ser, para um grade úero de populações, um ser sagrado, dotado de pote
cialidade mágico-religiosa, sobreatralmete beazejo ou malazejo, i posto em

1 No caso de bandtsmo organzado, por exemplo, de caravanas, ou de dreto de naufá o, o enôme
no é sobretudo econômco-juríico e pouco se elacona com o aspecto mágcorelgoso. As vezes ente
tanto, como em Fj, o reto de naufágo parece ter por objeto mpedr estrangeros magcamente per
gosos de penetrarem no soo da trbo

41
40
evdênc a mut as vezes, prncpaente p or J.G. F raze r2 e E. C rawley 3. Ambos expl d a t rb o ou n a alde �a. Devem c omp rov ar de longe suas nten ões e s oe r um estágo,
cam pel o te rro r mágc o- reg oso q ue é sentdo em p resença d o estrange ro o s rtos c u  rm a c onhecd a e a enad onha leng a-leng a a rcan a. E a se p relmn ar, q ue
aos quas este é s ubmetd o, os q uas te ram por fnaldade t orná-l o ne ut ro ou benaze
du ra um tempo mas ou men os long o. Vem em seguid a o perd o de margem, com a
j o, e and a desencantálo". H. Gre rson admte este mesmo p onto de vsta, mas nte tr oca de p resentes, o oerecment o, et o pel os h abtantes, de vtuaas, estabelec
ressando se além disso pel a stuação ec onômc a e j urídc a d o estrangero4 • Suas re
ment o em um alojament o8, etc. Famente, a ce rmô a termna po r rt os de ag reg a
rêncas já e ram nume rosas, e as de Westerm arck 5 s ão and a mas eq uentes. Este au
ç ão, entr ada solene, reç ão em c omum, apert os de m ão, etc.
t or enume ra também um núme ro ma or de motv os que p odem condc onar o c om C ad a uma dessas et ap as da ap roximaç ão entre os estange ros e os ndígen as v ar a
p ortamento em ce d o estrangero ( sensbldade, nteresse postvo ou sobren atural, em compriment o e complc aç ão c oorme os pov os. Mas que r se trate de c oletvd a
9

etc.), e rejet a a te or a d o c ontág o de Crawley (o q ual só va n os rtos rel atvos ao es des, quer de ndvíd uos, o mecasmo é semp re o mesmo, a s abe r, pa rad a, espera,
tange ro um meo de suspender o tabu d o solamento dvdual"), prop ondo um a p assagem, entrad a, ag reg aç ão. N os detalhes, os rt os podem consstir em um c ontat o
outr a aind a mas esteta, a s abe r, estes rt os teram p or o bjet o destrur o m au olh ad o p rop ramente dito (b oetad a, ape rt o de m ãos, etc.), em troc a de presentes almenta
e  a mp rec aç ão c ondc onal" q ue t od o estrangero p ossu a priori P or outro l ado,
6• res, prec os os, etc., em come r, bebe r, mar (c achmb o ndígen a) c onjuntamente;

Jev ons tnha restngdo o sentdo destes rtos a serem apenas rt os de purfcaç ão em s ac rcos de anm as; em aspersões de água, de sngue, etc., ou unções; em se
c om relaç ão às roup as e aos bens do estangero, m as n ão à pessoa dele mesmo 7• am arrarem, cob r rem-se junt os, sentaremse no mesmo assento, etc. O c ont at o ind
ret o rez a-se por me o d o port a-v oz", pelo t oq ue smultâne o ou sucessvo de um
C ad a um destes p ontos de vsta vale p ara uma sé re mas ou men os consderável
objet o sag rad o, d a estáta de um a divnd ade l ocal, de um poste tiço", etc Esta
de tos de detalhe. Mas n ão se pode ra compreende r assm o sentdo do mecansmo
dos rt os relatv os ao estangero, nem a rz ão de ser d a ordem em q ue se se guem, en e raç ão ode r a ser aumentad a à v ontade, m as não dispo o aqu de lug ar p ar a
nem fnamente o m otv o d as anal og as entre estas sequênc as rtuas e a sequênca exam ar m as de peto senão al guns desses rt os.
d os rt os d a nnc a, d a ad olescênca, d o n ov ad o, d o c asamento, etc. A c omensadade, ou rt o de come r e beber em c onjunt o, de q ue volt arem os e
ar o o o o u r o o a u
quentemente a l ar neste volume, é claramente um rt o de ag reg aç ão, de un ão pr o 
são sSeubmetd
consultos oms est
s range
s d cument
ros sol asd o
qs eoudesc
os grup
evemosem
de estrange
detalhe rocerm
s ( c aranal
van as,qexe pa rsm
amente m ate ral 10, o que  chm ad o um sac rment o de c omunh ão" A un ão
pedições centífc as, etc.), verfcamos, por b ax o d a v aredade das rmas, notável  rmad a p ode ser defnitiva. M as na m a or a d as vezes d ura apen as o tempo d a
und ade d as sequêncas. A chegad a de estrangeros em g rande número tem com o dgestão, t o c onstat ad o pel o C apt ão Ly on ent re os esqumós, que o c onsderavam
c ontr aoensva at os de re rç o d a c oesão socal l ocal: os habtantes gem d a alde a e ndvdualmente c om o vsta durante vnte e q uat ro h oras1 2. Às vezesa comensalda
se regam em l ug ares bem deendd os, morros, oresta; ou ent ão echam as port as, de é altern ada, havendo então t roca de víveres, o que consttu um víncul o re rç ad o.
armamse, dão o t oq ue de reun r (  gue ras, t romp a, tamb ores, etc.); ou ent ão o che
Em out ras oc asões a troc a de vveres azse sem comensalidade, e entra ent ão n a v as
e va, soznho ou c om seus gue rre ros, ao encontro d os estrange ros, n a qualdade de t a c ateg ora d as t roc as de presentes3.
rep resentante d a soced ade e pessoa melh or muniz ad a d o q ue a gente c omum cont ra
o c ont at o c om os estrange ros. Em outr os lugares envamse nte rmedá ros especas
 Que pode ser o  a "casa comum ds jovens ou guerreros, ou o loca especal pertencente ao chee ou
ou deleg ad os escodos. Por o utro l ad o (salv o os cas os de exceç ão, de ordem políti a um no e, ou ada  caravsara, etc., ou nalmente um apart ento em uma casa habitada por
a
1

c a, p or exemplo), os estrange ros n ão p odem penetr ar med atamente n o te rrtór o uma mla loca, e entao ha mutas vezes agregação do estrangero a esta  ía, e com isso à socedade
a

geral
9  as descrições comparadas em meu Tabu, Tot,Mad, p 40-47 Há motivos para incluir nesta cate
 PRAZER, J.G The Golden Bough. 2 ed , t I, p 297-304; TRUMBULL, C. Op.
ci, p. 4-5, e passim, wa o protocolo das �ecepções de missões de embaixadores, etc, que assinal o contato de duas colet
a

só considera os ritos de entrada em relação com o sgue e a soleira


vdades noto parcularmente o ritual relativo às "boas-vindas dos austrai os centrais C

SPENCER & GILLENThe nore bes ofCenlAuslia. Londres, 1905, p 568-579


 CRWEY, E The Mysc Rose, p. 1 41, 239, 250ss 0 Cf CRWEY, Esc Rose, p. 157ss, 214, 456ss
 GERSON, H The Silent Tra, p 30-36 e 7083.
1906, p 570-596.  SMITH, R Die Relion der Semiten, p 206210; HATLND, S. The Lend ofPerseus, passim,
 WESTERCK, E. The or in and develment ofmoral idea s, t I. ondres, nos 3 vols.
6 Cf sobretudo p 586-592 e as concusões verdadeiraente simpstas da p. 390  The pvate Joual ofcapt GF. Lyon. Londres, 1824, p. 350
se compreende como o
 JEVONS, F.B. Inoducon to the his ofrel ion Londres, 1896, p. 71 Não  Para as reerências bib. cf GIERSON, H Op ci, p. 20-22 e 71, WESTERCK Or ofmo-
sem que o mesmo
vestuário e outros bens dierentes podem ser impuros, perigosos, considerados tabus ral ideas, t I, p 593-594.
aconteça com o possuidor deles, a pessoa que os trsporta ou os usa

43
42
l age, onde a conservei, ao mesmo tempo em qe zia o mensageo repetir a mes t ates da casa o às pessoas qe encontra.  diversas sadações dos cristãos, cjas
ma cerimônia na nda sperior. Terminada a operação, a xa i cortada em das, rmas arcaicas são ainda encontradas nos países eslavos, renovavam em cada ocasião
cada metade fcando presa aos nossos respectivos dedos. Daí em di ate o sltão de o laço místico criado pelo to de pertencerem os indivídos a ma mesma religião,
Chira é irmão do viajante br aco 38 • Entre os Wazaromo, Waze gra, Wasagara, etc., tal como o salam entre os mçlmanos. Ao lermos al as de scrições detalhadas ve
há troca dos sages. Os dois indivídos fcam sentados deonte m do otro com remos qe entre os semicivilizados estas sadações têm por eito: 1º) q ado se tra
as pernas entrecrzadas, enq ato m terceiro br adi acima deles m sabre, pro ta de parentes, vizos o membros da tribo renovar e rerçar a relação de perten
nnciando ma imprecação contra qem rompesse o laço de aterdade 39 • Neste cer a ma mesma sociedade, mais o menos restrita; 2 °) e qado se trata de m es
caso, é o contato qe ga, ao mesmo tempo qe a troca dos s ages, e em se gida tr ageiro, introdzi-lo em ma sociedade restrita primeiramente, e depois, se tal r
vem ma troca de presentes40 • Citei este último docmento sobretdo para mostrar se desejo, em otras sociedades restritas e ao mesmo tempo na sociedade geral. Ain
qe se comete m engano ao isolar arbitrariamente nas cerimônias de agregação os da aqi as pessoas dão-se as mãos o esegam o nariz. A pessoa separase do mndo
ritos nos qais há tizaçã o do s age, qando na realidad e estes ritos especiais rara exterior tir ado os sapatos, o manto, a cobertra da cabeça e se agrega comendo o
bebendo jnto com otras, o exect ado i ate das divindades domésticas os ritos
mente constitem por si sós a cerimônia inteira. Na imensa maioria dos casos o pro prescritos, etc. E sma, o indivído identifca-se de ma m aeira o de otra com
cesso admite simult aeamente ritos de contato, de comnhão alimentar, de trocas, aqeles qe encontra, mesmo qe seja apenas dr ate m momento. Entre os ino,
de nção (vínclo, etc.), de "lstração, etc. por exemplo, azer ma sadação é propriamente realizar m ato religioso 44• As mes
A combação desses dversos ritos de agregação por contato ireto é mito visvel, mas seqências de ritos encontramse na troca das visitas, qe por si mesma tem já es
por exemplo, nos setes costmes dos Shamar, ibo árabe. "Ene os Shamar, dz sencialmente o valor de um laço, enqanto troca, troca qe, por exemplo, é m ver
Layard, se m homem podesegrar a eemidade de ma corda o de m fo, sendo a dadeiro costme intertribal entre os astrai aos.
oa extredade segra por se imigo, toa-se imeiatamente protegido deste (dk- Na categoria dos ritos de agregação de contágio e diretos convém sitar m certo
hil). Se toca o pano da tenda o se pode lançar cona ela se bastão toase protegido número de ritos sexais, como a troca das mlheres. Se o rito é nilateral, temse o
do habitante. Se pode cspir em m homem o tocar comses dentes ag objeto qe
he pertença, toa-se sekhil, se não r caso de robo...[J Os Shamar não pilham mesma clas sedaos mheres
empréstimo da mesma(tribo
esposa, ele)45irmã,
qeflha, • Embora
parente,
em mher
algns casos
do hospedeiro
a fnalidadodes
da
nnca ma caravana qe se encona à vista dese acampamento, porqe desde qe m te empréstimo seja obter flhos, qe se jlga serem melhor dotado e mais rtes
esangeiro pode ver sas tendas já é considerado como sekhil" Neste caso, m�smo
41

(como conseqência do mana inerente a todo estr ageiro) 46, em geral, contdo, o
a visão é m contato. Os ritos desta espécie desempenha importante papel no cermo rito tem claramente o sentido de rito de agregação ao grpo, mais o menos restrito,
nial do ireito de asilo42 . Da mesma manea, o to somente de pronciar ma palavra do qal a mlher emprestada az parte. Na verdade, é m eqivalente da comensali
o ma rma, como osmpara os mçmanos, tem por eeito criar ma não, ao dade. Entre os indígenas da Astrália Central é costme enviar como mensageiros
menos temporria. É por isso qe os mçmanos procram de todo modo contoar a m homem e ma mlher, o dois homens e das mheres, qe levam como sinal de
situação para não dare o salam a m cristão 43 • sa missão m eixe de penas de cacata e ossos para o nariz ( qe são colocados no
As diversas rmas de sadação incemse i gamente na categoria dos ritos de septo perrado). Após a discssão de negócios entre os mensageiros e os homens do
agregação. Variam conrme o recém-chegado é mais o menos estranho aos habi-
 Cf. o detalhe dos ritos em BATCHELOR, J TheAinu andtheirlk-re Londres, 1891, p 188- 197
 THOMSON, J Aupays desMassa' Paris, 1886, p. 101 -102. Cf. CHAMBEL Things apanese, 1890, p 333339 (Tea ceremonies); HER men,p.
 BURTON, R. The Lake Reions in CenalAica.ondres, 1860, t I, p 114. 135 -136 e 4 17-41 8, e, em geral, as monograas etnográcas dedicadas à podez, à etiqueta, à saudação e
à hospitadade
0 Ibi, p. 115  Cf. para as teorias e as reerências: WESTERARCKThe on ofhuman maae Lones, 1891,
 LAYAD. Discovees in the ruins ofNineveh and Bbyn Londres, p 31 7ss. Sobre o dakhil, cf. ainda p. 7 375; CRAWLEY. cRe,p 248,280, 285, 479; MarcoPo,org. Yule Corier Lonres, 1905,
ROB SMITH Iúnship and maiage in earyArabia, nova ed Londres, 1 907, p. 4849, nota t, I, p. 2�4; t II, p. 48, n. 4; p 53-54; POER Sohâb and RmLonres, 1902, p 145152
 Sobre  dreito de aso, cf T RUMBUL, o ci, p. 58-99. Hewig, Das Alrecht der Naturvlker, DOUE.Meâkech,t. I, Paris, 1905, p. 149150 Em Marocos, assim como entre osCabila da Argélia,
Berlim, 1903, não viu o lado mágico-relgioso, nem s(bretudo o vínculo com o tabu e os rit_os de agrega o emprésmo das moças só se z para os "hóspedes da tenda, mas não para os "hóspedes da comna
ção do ireito de asilo entre os semicivizados, já parcilmente es�dado deste onto de vsta por Rob.  Este caso inclui-se na categoria gera dos ritos de multiplicação. Por exemplo, o empréstimo das mu
Smith, Rel. der Semiten, p 53-57 e 06-208 e CISZEWSKI, op. c, p 71 -8 6, etc. heres relatado por Marco-Polo, op ci, II, 53, que tem por nalidade garantir boas coheitas e em geral
 DOUÉ Meâkech,t. I, p. 35-38. "um grande aumento de prosperidade materia

46 47
acampamento, os primeiros conduzem as duas mulheres para um lugar situado a cer das quais acabmos de  ar. Além disso, sempre que o estrangeiro i agregado a um
ta distância do acampamento e vão embora. Se os homens do grupo visitado aceitam grupo, ao deixar este grupo deve, em teoria, ser submetido a ritos de separação. Com
a negociação, têm todos relações sexuais com as mueres. Se não aceitam, não vão eeito, na prática verifcase um pereito balanço. os ritos de chegada correspondem
ao encontro delas. Da mesma maneira, quando um grupo de gerreiros em expedi os ritos de despedida, constituídos por visitas, por uma última troca de presentes,
ção de vendea achase próximo do acampamento, tendo a intenção de matar algum uma reeição em comum, pelo viho que se bebe rapidamente no momento da pa ti
habitante, oerecem-lhe mulheres. Caso tenham relações sexuais com elas a desaven da ["coup de l'étrier], desejos e votos, acompanhamento durante um "pedaço do ca
ça está termada, porque a aceitação é snal de amizade ceitar as mueres e conti minho, e às vezes mesmo sacricios. Fatos desta natureza encontramse na maioria
nuar a vendea seria uma grave lta contra os costumes tertribais O coito é evi 47
.
dos ritos de exploração. Em todo caso, apresentmos aqui al s: " religião con
dentemente nos dois casos um ato de uão e de identifcação, o que concorda com tém, principaente entre os muçulmanos, numerosos preceitos relativos às viagens
outros tos por mim citados em dierente lugar4 e que provam que entre os austrai
8
Os livros de hadiths, os livros de adabsconsagram todos um capítulo aos viajantes
nos do centro da ustrália o ato sexual é uma ajuda mágica, mas não um rito de mul [ .. ] No norte da Árica lançase ága debaixo dos passos de quem vai partir. Quando
tiplicação. Explicam-se assim também como ritos de agregação a um grupo udo em 1902 deixamos Mogador para azer uma viagem ao interior, um membro da 
por um vínculo religioso numerosos casos de prostituição sagrada, nos quais exata mília de um de meus compaheiros muçulmanos saiu de sua casa no momento da
mente estas prostitutas, conorme é expressamente estipulado, são reservadas aos es partida e jogou um bade de á ga nos pés de seu cavalo 51  Pode ser que se trate de
trangeiros, sendo esta palavra entendida nessa ocasião de maneira mais ampla, equi
valendo, sem dúvida, a "não iniciados ou "não adoradores especiais da divindade à um rito de "purifcação ou um rito "destinado a destruir os malecios turos ou
qual as prostitutas estavam ligadas 49 . passados, conorme acredita Doutté, de acordo com as interpretações de Frazer 2

O protocolo de recepção do estrangeiro é equentemente combinado se do No meu modo de entender trata-se mais de um rito de separação, porque o viajante
regras que seria interessante mencionar. O esngeiro, por exemplo, recebe muitas ve "atravessa um rubicon artifcial. Estes ritos de separação são, entre outros, muito
zes como aojmento uma "casa com, do po dalpa em Madagáscar, a qul, con complicados na China, quando os mandarins mudam de província, por ocasião da
rme as populações, tem mais ou menos o cráter de uma"casa dos jovens ou dema partida para uma viagem 53 , etc Parece-me que todos os ritos de partida para viagens,
"casa dos homens adtos ou de a "csa dos gerreros º. Com isso fca corpora
5
expedições,
progressiva,etc., têm como
do mesmo fnaidade
modo azer com
que a agregação que em
é eita a cisão
geralnão
porseja brusca, e sim
et�pas
do, de to, não à sociedade gera, mas à sociedade especil que melhor correspondeseua
caráter de homem ativo e poderoso. Esta hospitlidade dá ao estrangero um certo nú Quanto aos ritos de retorno do viajante consistem em ritos de retirada das impure
mero de eitos itares, sexuais, poíticos. Este costme encontrase espahado sobre zas contraídas na viagem (separação), em ritos de agregação progressiva, como certos
tudo na Indonésia, naPolésia, em aas regiões da Árica, ao passo que em outraso ritos de bestialidade e al s ordálios em Madagáscar Estes ritos são visíveis, so
54

domicíio do estrangeiro é designado pelo chee ou pelo rei, personagem snto. O está bretudo, quando as aus ências, por exemplo, do marido, são periódicas
gio segnte compreende o caravansarai do Oriente e o ngo rito de agregação é subs
tuído por ibutos de diversas naturezas. É a ase purmente econôca que começa.
 DOUÉ Meâkech, p 31, 91.
Estudamos até aqui o estrangeiro enquanto tal, do ponto de vista dos indivíduos  FAZER Golden Bough,t. I, p. 303; c ainda G IERSON, H Silent Tade, p 33-34, 7274
ou g upos com os quais entra em contato. Mas todo estrangeiro tem também, em ge WESTERCK Moal ideas,t I, p 589, 594
ral, sua própria residência, de onde seria surpreendente que tivesse podido partr sem  'No momento em que o mandar m se dspõe a partr, todos os habtantes vão para as grandes estra
passar por cerimônias de sentido inverso ao das cerimônias de agregação, a respeito das Alnhamse de espaço em espaço, desde a porta da cidade pela qual deve passar até duas ou três lé gas
adante Por to da a parte veem-se mesas de beo vernz envolvidas em cetim e cobertas de doces de rutas
de lcores e de chá Todo o mundo o z parar, contra sua vontade, quando passa, obrgam-no a sentar-se,
comer e beber [  ] O que há de mas dvertdo é que todos desejam possur ala cosa que lhe perten
 SPENCER & GILLEN.Native bes ofentalusliaLondres, 1899, p 98 ça Uns tomam-lhe as botas, outros o boné, al gns seu sobretudo, mas ao mesmo tempo dão-lhe outro, e
antes que esteja ra desta multdão acontece que calce às vezes trnta pares de botas derentes" LE
 Mythes et lendes d-uslie Pars, 1906, p L VI-LVII ; sobr e o empréstmo das mulheres na Austrá COMTE, P Nouv Mém de la hinePars, 1700, t II, p 5354. Para mas detales modernos, cf
la, cf. Nat T, p 74, 106, 108, 267; Noe Tibes Londres, 1904, p. 133139 DOOLILE Social  ofthe hinese FouTchéou), t II, p 235236 e 302-303
 C os tos em HATLND, S t the temple ofMylit Anthrop. Essays pres to EB. Tylor, p  Tab Tot Mad., p. 249-251 e 169170 Sobre os rtos de retorno em geral, cf FRAZER Golden
189202 Ademas os lvros de Dulaure, Frazer, etc. Bough, t I, p 306307; dos gerreros, LFAUMoeussSauvagesmiquainsPars, 1724, t II, p
 C SCHURTZ, Hltesklassen undMannebündeBerlm, 1902, p 203 213, sobretudo para as d 19419 5, 260 Sobre os rtos de vagem na Inda Antga, CALDltindisches ZaubertualLa Haye
versas rmas de casa comum e sua evolução (Ac Néerl des S), 1908, p 46, 6364, etc

48 49
Contdo, pelo to de partir o viajante não fca totalmente separado de sua socie caso de adoção, todos os membros do clã s e reúnem e o s pais do menino dizem: "Tu
dade essencia nem da sociedade a que se tinha incorporado durante a viagem. Daí a eras meu fo por uma ação má (ap) ; agora és flho de lano por uma ação santa
necessidade de a amília praticar durante sua ausência regras de conduta, que consis (dha)". Os membros do clã aspergem a criança com arroz e o adotante dá um ban
tem em evitar todo ato que pudesse prejudicar simpática ou diretamente (por telepa quete cerionial a todos os assistentes 59 . Por fm, entre al s ameríndios o ritual da
tia) o ausente ss . Daí também o hábito de munir o viajante, por ocasião de cada parti adoção está ligado às ideias relativas ao mana ( orenda, manitu etc.) e à reencarnação.
da, de um sinal de reconhecimento (pau, téssera, carta, etc.) que o incorpora automa A tribuição do nome desempenha nele um papel importante, porque é pelo nome
ticamente a outras sociedades especiais sim é que entre os Votiake, em casos de que o indivíduo se classifca em secções do clã e matrimoniais direntes . Além disso,
doença, de epiotia, etc., recorre-se a um ustuno (variedade de xamã): "Mandase atribui-se ao adotado uma idade fctícia, o que é eito mesmo quando se trata de um
buscálo longe, a fm de não conhecer gém, é conduzido de uma aldeia para ou grupo ( adoção dos Tuscarora como "flhos pelos Oneida, dos Deaware, na qualida
tra, de acordo com as necessidades. Quando parte de sua residência, exige um 'pe de de "cozinheiros, pela Liga das Cinco Nações. Daí seu vestuário especial (emini
nhor da aldeia que o convoca. Este penhor consiste em um pedaço de pau no qual no) e sua mudança de atividade econômica) 60 .
cada che de amília inscreveu seu tamga (marca de clã e de propriedade). O us Os ritos de mudança de seor, para um cliente ou um escravo, explicam-se da
totuno dexa este pedaço de pau em sua casa, para que sua muer possa exigir que he mesma maneira, a saber, não somente o to de uma escrava dar um fo ao seu se
tragam de volta o marido. Esta rmalidade repete-se em cada passagem do usto-tuno nhor modifca-he a posição social, mas esta modifcação é acompanhada por ritos de
por uma outra aldeia, fcando sempre o pedaço de pau com os tamga da aldeia se agregação que, em al s casos, lembram as cerimônias do casamento. Os ritos de
guinte nas mãos da dona da casa de onde o usto-tuno sai Do mesmo modo, as pas
56

agregação igam-se aqui aos ritos do direito de asilo. Como rito de agregação cito a
sagens dos mensageiros austraianos através dos clãs ou das tribos são claramente ri violenta pancada com um pau dada pelo escravo de Loango ao novo senhor que esco
talizadas 5 7 . Conhecemse as práticas medievais europeias e orientais que regulavam he61 e a cerimônia chamada tombica (ou chimbica) dos Kimbunda 62. Em segida,
a chegada e a partida dos mercadores. lembrarei as cerimôas da mudança de clã, de casta, de tribo, as da naturalização,
A mesma sequência encontrase ainda no ritual da adoção . Em Roma compreen
dia: 1º) a deo sacrorum,conjunto dos ritos que separavam da classe patrícia, da etc., cuo mecanismo inclui i gaente ritos de separação, de margem e de agrega
ção.  s casos determinados serão estudados mais adiante.
gens, do antigo culto doméstico, da antiga amília estreita; 2 °) a nsitio in sacra O mecanismo é ainda o mesmo quando se trata não mais de indivíduos, porém,
conjunto dos ritos de agregação aos novos ambientes 58 . O ritual chinês inclui tam de grupos . Neste caso os ritos de separação compreendem a declaração de gerra, tri
bém o abandono do clã e do culto doméstico antigos em vor dos novos. Os ritos bal ou amiliar . Os ritos da vendeta europeia e semítica ram bem estudados nota
detahados da adoção são idênticos aos que já ram assinalados, consistindo em tro rei conse quentemente as descrições detalhadas da vendeta australiana 63, onde se verá
cas (de san ge, de presentes, etc.), laço, véu, assento comum, amamentação real ou que o partido encarregado da operação separase primeiramente da sociedade geral
simulada, nascimento simulado, etc . Os ritos de separação ram menos observados . para adquirir individualidade própria, e só retoa a ela de novo depois de executar
Registro que entre os eslavos do Sul existem as que separam indivíduos conside ritos que he retiram esta individualidade temporária e o reintegram na sociedade ge
rados aparentados porque nasceram no mesmo mês. Entre os Shamar da Índia, em ral . A vendeta tem por fnalidade, do mesmo modo que em certos casos a adoção, re
generar ua unidade social que i destruída em al  de seus pontos. Daí a seme
 O mesmo acontece por ocasião da ausência dos pescadores, caçadores, guerreiros C RAZER.
ança de vários de seus elementos com as cerimônias de passagem. A cessação da
Golden Bough, t. I, p. 2 -5; abou, ot M., 11-12, com reerências a Flacourt, Catat, aos quis se
acrescenta ELLIS, Hst ofMad., t I, p . 16; a Boéu, HE I, .E. ome eaDayak tabus.Man,
1908, p. 186-18
 V ASILIEV, I. boznie iazytcheskikh oba, suirii u iroanii Votiako Kanskoi i atskoi gu- 9 CROOKE,  n: Census ondia 190 1" Ethnogra phica Appendices. Calcutá, 190 , p 11 .
beii Kazan, 19 06, p 14. C a este propósito pubicações sobre os paus de mensagem, etc.
 C HEWI. Handbooko mericanndians" , . BurAm Ethnol, n 0, t. I, 190, v Ap-
7 Cf. SPENCER & GILLEN Natie bes,p. 9 , 159, 24; Nore bes,p. 19, 55 1; HOWI, on, p. 15-16
A.. he Natie bes of outh Et AustliaLondres, 1904, p. 68-691.
 PECHUELLOESCH. Volkskunde on LoangoStuttgart, 1 90, p . 245-246
 C DMBERG & SAGLIO Dicnn desAntiq grecqueset romaines,s.v., ado, consecrao, d e-
 Reerências em POST Akrrudenz Leipzig, 188, t I, p. 102-105 .
stio,etc.; sobre a adoção entre os semicivizados, c HARTLND, S. he Lend oferseus, t. II, p.
41ss.; RAZER. Golden Bough, t. 1, p 2ss; entre os esavos, CISZESKI, op ci, p. 10109. 3 C SPENCER & GILLEN. Nore bes,p. 556-568.

50 51
vendeta, do mesmo modo que a da guerra (ri tos de paz)64, termina por ritos idênticos
aos da aternização , da adoção de grpos primitivamente estrangeiros.
6s

Fiamente, neste mesmo capíto convém lembrar os ritos de liança com um CAPÍTULO IV
deus ou um grupo de divindades A páscoa judia66 (a própria palavra signfca passa-
gem) é uma destas cerimônias de agregação que, devido a um processo de convergên  gravidez e o parto
cia, ligou-se em seguida, por um lado, às cerimônias da passagem de uma estação à
outra, e, por outro lado, à passagem por Babilônia e re too a Jerusaém. Assim, o ri
tal desta esta apresenta, combinados, vários tipos de ritos de passagem estdados A reclusão; os tabus; os ritos profáticos e simpáticos - A gravidez como
neste volume. período de margem - Os ritos de reintegração e o retorno social do parto -
O caráter social dos ritos do parto.

As cerimônias da gravidez e do parto constituem, em geral, uma totlidade, de


tal maneira que equentemente ritos de separação são primeiramente executados,
para azer a mulher grávida sair da sociedade geral, da sociedade amiliar e às vezes
mesmo da sociedade sexal. Em seguida vêm os ritos da gravidez propriaente di
tos, a qual é um período de margem. Finalmente, os ritos de parto têm por objetivo
reintegrar a mulher nas sociedades a que pertencia anteriormente ou designar para
ela uma sitação nova na sociedade geral, na qualidade de mãe, sobretudo quando se
trataDe
dotodos
primeiro
estesparto
ritos,eosdoque
nascimento de um
rm meor menino.são os da separação por oca
e stdados
sião da gravidez e do parto. Pelo menos J. G Frazer e E . Crawley 1 ch�aram a aten
ção para alguns desses ritos, sobretdo a reclusão em cabanas especiais ou em local
especial da residência habital. Em seguida rm postos em evidência os tabus, prn
cipalmente alimentares, santuários e sexuais, e por fm os ritos chamados de purif
cação", que se devem considerar ora como ritos de suspensão dos tabus, ora como ri
tos de reintegração etiva. Ficou assim estabelecido que nesse momento a mulher é
colocada em um estado de isolamento, ou porque seja considerada impura e perigosa
ou porque pelo próprio  to de estar grávida a mulher se encontra em um estado f
siológico e social temporariamente anormal. Nada há, portanto, de mais natral do
que ser tratada então do mesmo modo que o doente, o estrangeiro, etc.
6 Cf sobre estes ritos: RTLND, S Op cit, p 250-25; CRAEY Mysc Rose,p. 377,
29246; ERKmerun p 435-438 Os ritos da gravidez, assim como os do parto, compreendem, aém disso, m gran
65. E da reconciliação individual Em Bornéu "se dos inimigos mortais encontram-se em uma casa recu de númer de ritos simpátcos ou de contágio, diretos ou indiretos, dinmistas ou ai
sam oar um para o outro até que um ango tenha sido morto, com o sangue do qul os dois indivíduos mistas, tendo po objetivo cilitar o pato e proteger a mãe e a criança, e
quentemente
são aspergidos Quando duas tribos azem a p, após a conclusão de solenes promessas, mata-se um por
co, cuo sangue cimenta o laço de amizade. STJOH, S L in the  of the Far-et.Londres, também o pi ou os prentes, e toda a mia ou o clãitero cona as más iuências,
862, t I, p 64. A palavra cimentar deve ser tomada em sentido materia e não, como em geral se z, mpessoais ou personifcadas. Estes ritos ra estdados repetidas vezes, sem dda
simbólico Este rito nada tem de comum com a soleira, como acreditava Trumbull, op cit, p 2 
6 Não sei se esta interpretação muito simples já i proposta Explica a sequência do ritos da áscoa ju
da, e a integração na áscoa cristã da ideia de mort e e renascimento, sem necessidade de emprésto aos
ritos de Adonis, etc Sendo desde o começo um cermonial de passagem, esta esta aos poucos atraiu a si e 1 PRAZER, JG The Golden Bougt. I, p 326-327 e t II, p 462; CRAWLEY, E e Mysc Rose,p
absorveu todos os lementos que são ainda independentes entre outras populações. 23, 4446, 432; lossBartels, nas passagens citadas mais adiante

52 53
porque são ao mesmo tempo os mais numerosos e os mais visíveis Não irei aqui ocu
2
• mente um período de margem por etapas, que correspondem a certos meses conside
par-me deles e só me refro a eles para indicar que não incluo em conjunto todos estes rados como mais ou menos importantes, em geral o terceiro, quito, sétimo, oitavo e
ritos na categoria dos ritos de passagem. É muitas vezes dicil distinguir claramente nono mês • O retoo à vida comum raramente é eito brscamente, mas tmbém
5

em cada caso particular quando se trata de um rito de passagem, de um rito de prote aqui há etapas que lembram os graus da iciação. Ass, o parto não é o momento
ção ou fn mente de um rito simpático (invejas, por exemplo). terminal do período de margem, pois este dura ainda para a mãe um tempo mais ou
Eis a sequência dos ritos da gravidez e do parto entre os Toda da Índia 1 º) uma 3
:
menos longo, conorme as populações. Sobre esta últa etapa insere-se o primeiro
mulher grávida não deve penetrar nas aldeias nem nos lugares sagrados; 2 ) no quin ° período de margem da inncia, do qul  laremos no capítlo seguinte.
to mês reaiza-se a cerimônia chamada abandonamos a aldeia": a mulher deve viver Sobre este ponto apresentamos dois documentos relativos aos indígenas nor
em uma cabana e special, sendo riamente separada da leiteria, indústria sagrada que teamericanos. Entre os Oraibi do Arizona o parto é um momento sagrado para a
6

é o centro da vida socia dos Toda; 3) ela invoca duas divindades, Pi e Piri; 4 )
° °
mulher". Como regra geral, a mãe desta assiste ao trabalho, e para isso a mulher per
queima cada uma das mãos em dois lugares; 5 ) cerimônia da saída da cabana; a mu
°
manece em casa. Mas a mãe não deve assistir ao parto proprimente dito, assim como
her bebe o leite sagrado; 6 ) volta a viver em seu domicílio até o sétimo mês; 7 ) no
° °
também não o marido, os flhos nem qualquer outra pessoa. Logo que a criança nas
sétimo mês, cerimônia do arco e da echa", que assegura um pai social para o tro ce a mãe vem, tira a placenta e vai enterrá-la, juntamente com o tapete, a areia, etc.,
fo, uma vez que os Toda praticam a poandria; 8 ) a muher volta para sua casa.
°

ensanguentados, em um lugar sagrado, a colina das p lacentas". Durante vinte dias a


Estas duas cerimônias só se realizam por ocasião da primeira gravidez, ou se a mulher
casouse com um novo marido ou se quer para seus fos tros um outro pai, di jovem mãe fca submetida a tabus imentares, e caso seja sua primeira gravidez não
rente daquele que tinha escoido anteriormente; 9 ) a mulher dá à luz em sua casa,
° deve sair de casa, o que pode zer desde o quinto dia se já teve flhos. No quinto, no
na presença de qulquer pessoa e sem cerimônias especiais; 10 ) dois ou três dias
° décimo e no décimo quinto dia há a lavagem do corpo e da cabeça em rma rita.
após a mãe e a criança vão viver em uma cabana especia, sendo os ritos de partida da No vigésimo dia esta cerimônia é realizada pela mulher, o flho, a mãe, o marido e
casa, de partida da cabana e de volta a casa os mesmos que nas duas cerimônias acima; aparentados. Nesse dia as mulheres do clã dão nomes à criança, que é então apresen
11º) chegados à cabana, a muher, o marido e a criança passam a ser manchados com tada ao sol. Em seguida toda a amília e as mulheres que deram nome à criança parti
a impureza chamada ichchil; 12 ) as outras cerimônias protegem contra o mau esp íri
°
cipam de um banqete, ao qual são convidados todos os habitantes do pueblo, por
to keir o retorno à vida comum é eito bebendo o leite sagrado Lendo a det hada meio de um arauto especil. A partir desse dia tdo retoa à rotina nrmal na casa,
descrição destes ritos eita por Rivers, vêse que o objetivo deles consiste em separar a para a mãe, a criança, a amília e o pueblo. A sequência é, portanto, a seginte: 1º) se
muer de seu ambiente, mantê-la em uma margem mais ou menos longa por três ve paração; 2 ) período de margem com progressiva supressão das barreiras; 3 ) reinte
° °

zes e só reintegrá-la no ambiente comum por etapas, vivendo, por exemplo, em duas gração na vida ordinária. Nas cerimônias dos Musquaki (Utagmi ou Raposa) vêse a
casas intermediárias entre a cabana que é tabu e o domicílio habital. intervenção da sociedade sexua. A muer grávida é separada das outras mueres,
Quanto aos detaes de outros procedimentos de separação durante a gravidez sendo reintegrada ao meio destas depois do parto por um rito e specil, no qual uma
(reclusão, proibições sexuais e aimentares, suspensão da atividade econômica, etc.),
remeto o leitor à obra de Ploss-Bartels Nela se verá que a gravidez constiti clara-
4
.
certa mulher, que desempenha um papel importnte nas outras cerimôas, atua
como intermediária 7

Na maioria das vezes há uma mi stra de ritos de passagem e de ritos de proteção,


 TYLOR, E.B imitive Culture4 ed Londres, 1903, t II, p 305 HRTLAND, E.S he end of
erseus, t I Londres, 1894, p 147181; HENRY, V a magie dans Vnde ntique Paris, 1904, p o que explica por que não i atribuída aos primeiros a importância que merecem. A
138144; SKET, WW Malay magic Londres, 1900, p. 320- 352; DOUE Magie et Relion dans maioria dos ritos búlgaros, por exemplo, têm como fnlidade colocar a mher, o
Z:'ique du Nord Alger, 1908, p. 233; SÉBILLOT, P e aganisme contempoin chez lespeuplescelt-la
tin Paris, 1908, p 16-33; RIÉDJKO,  Netchistasilavsudjbakh shenchtchiny-mate Etriograf Oboz
rinie, 1899, liv 12, p. 54-131; considerável coleção de tos, sobretudo russos, siberianos e caucasia
nos, que resmi na de st. des Rel,1900, t. II, p 453464  C entre outras as descrições dos ritos hindus e muçulmanos no Pendjab dadas por ROSE, H.
 RIVERS, H he odaLondres, 1906, p 313-333 ]ou ofthenth. Inst, t XXX (1905), p 271-282
 PLOSS-BATELSDas Weib8. ed Leipzig, 1905, t I, p 44, 843-846 e 858-87 7; c ainda meua 6 VOTH, HR raibi natal customs Chicago Field Columbian Museum/nthr. serv, t VI, s 2
bou et otmisme àMadParis, 1904, p. 20, 165 168 e 343; os ritos Malge de separação, de margem e (1905), p 47-50
reintegração são muito claros. Os ntimerina (Hova) consideravam mesmo a mulher grávida como mr-  MISS OWEN Folk-ore of the Musquakie Indans Londres: Publ Fo-Lore So, t. LI, 1904, p
ta e depois do parto elicitavam-na por ter ressusci(Ibi, p 165). C a este propósito o capítlo IX 63-65 Para boas descrições dos ritos do parto na rica do Sul c, entre outros, JUNOD.es a-Ronga
do presente volume Neuchâtel, 1898, p 15-19 e ILE. Die Herero Gutersloh, 1906, p 93-99

54 55
eto, e depois a criança, ao abrigo das potências maléfcas, asseguradohes boa saúde, co 10, m casamento ( social) dierente da nião (sexal), e, como se verá, ma pber
etc. O mesmo ocorre,aá, ene todos os eslavos e na moria dos povos eropes. dade social qe não coincide com a pberdade sica.
Contdo, a dethada descrição, eita por Strass8 das cerimônias búlgaras permite
,
Este retoo ocial d par em nossa sociedade tende a coincidir com o retoo do
dscernir ritos de separação, de margem e de agregação. Assim são os ritos seguintes, parto sico , tendência observada também a respeito as otras institições enme
qe enmero sem pretender, no entanto, ter razão no qe se reere a cada m deles radas, e qe está em relação direta com o progresso do conhecmento da natreza e
sem exceção, e sem esperar qe otro s, qe omiti, não sejam ritos de pa ssagem. Do de sas leis. A cerimônia entre nós chama-se relevaill [cerimônia de prifcação, na
a de Santo Inácio at é a Festa da s Calendas ( Kolieda), a tra mãe não deve lavar a igreja, qe se aziaà mlher, depois de dar à lz  N.T.J, e embora tenh a caráter mais
cabeça nem limpar sas ropas, nem pentear-se depois do anoitecer. Não deve sair de mndano do qe mágico-religioso é cil ver nela o qe era aina na Ida de Média12 , a
casa no nono mês. Não deve tirar drante ma semana os vestidos qe sava no dia saber, a reintegração da mer em sa amília, se sexo e na sociedade geral.
do parto. Conservase o go aceso até o batismo e cerca -se a cama com ma corda Finalmente, todos estes ritos de passagem complicamse caso haja alguma nor
Em seguida preparam-se bolos, devendo a partriente comer o primeiro pedaço, sen
malidade, principaente qando a mãe dá à lz gêmeos. Entre os Ichogo 3 (Con
do o restante distribído com os parentes, sem qe nenhma migalha saia da casa. Os
go), a mãe é confnada em sa cabana até qe as das crianças fqem grandes. Só
aparentados trazem presentes e cada m cospe na mãe e na criança (ritos de agrega
pode lar com os membros de sa amília e a penas se pai e sa mãe têm direito a en
ção evidentes). Vêm vêla drante toda a primeira semana. No oitavo dia relizase o
trar na cabana. Qalqer estrangeiro qe aí penetre é vendido como escravo. A mãe
batismo No d écimo qinto dia a jovem mãe prepara bolos e convida as vizinhas e as
deve viver absoltmente casta, os gêmeos são também isolados das otras crianças, a
mlheres sas coecidas para comêlos, mas cada convidada traz a rinha. A jovem
loça e todos os tensílios por eles tilizados são tabs. A casa é marcada com dois
mãe não pode sair de casa nem de se qintal, não pode ter relações sexais com o
pas fncados de cada lado da porta, tendo em cima m pedaço de pano. A soleira é
marido drante qarenta dias. Ne sse dia toma as moedas o as nozes consagradas no
primeiro bao da criança e vai, jntmente com o flho, o marido, a mãe, ma vea guarnecida com ma grande qantidade de peqenas cavilhas fncadas no chão e pin
tadas de branco. Trata-se de ritos de separação. O período de margem dra até qe as
ou a parteira à igreja, onde o padre as abençoa. Na volta a parteira, a mãe e a criança
entram em três ca sas, onde lhes dão presentes, aspergindo rinha sobre a criança No crianças tenham mais de seis anos. Eis a descrição do rital de reintegração: Drante
dia se guinte todos os parentes vêm vi sitar a jovem mãe, qe asperge em seguida com todo o dia viase diante da porta da casa das mlheres em pé, com o rosto e as pernas
á gua-benta todos os lgares da ca sa o do qintal onde esteve drante qarenta dias. pintadas de branco. Uma era a mãe (dos gêmeos), otra ma dotora A esta come
E então a vida normal retoma se crso habital. ço com m pas seio das das mlheres ao longo da ra, ma tocando m tmbor e
compasso lento, enqanto a otra cantava com es se acompanhamento. Em seguida
Aos ritos de reintegração na amília e na sociedade sexal acrescentam-se aqi ri
tos de reintegração na sociedade restrita rmada entre os eslavos pela vizinhança" as danças, os cânticos e a orgia começaram e entraram pela noite adentro. Termada
( sosiedsto), sociedade qe merecia ma monografa. a cerimônia os gêmeos tiveram a liberdade de ir e vir, tal como as otras crianças". O
passeio rit al no território da sociedade geral e a comensalidade são ritos de agre ga
As etapas da reintegração são ainda mais visíveis entre os Kota dos Nilghiri
ção de tipo conhecido, co alcance social é evidente.
Logo após o parto a mlher é transportada para ma cabna especial, mito astada,
onde permanece trinta dias. O mês se guinte, passao em ma otra cabaa especial, e Nos detaes os ritos da gravidez e do parto apresentam, aliás, m grande núme
o terceiro mês ainda em otra. Em se guida permanece algum tempo na casa de m ro de analogias com aqeles de qe lamos nos capítlos precedentes e com os qe
parente, enqanto o marido prifca" o domicílio amiliar com aspersões de água e mencionaremos nos capítlos seguintes, consistindo em passar por cima de alguma
de estrme9 A dração dessa separação, mais o menos absolta, varia com os po
vos, de dois a qarenta, cinqenta e, como no caso acima, cem dias Daí se depreende
qe o retorno do parto fsiológico não é levado e con sideração, mas existe mretor- 10Mythes, Lé. dus, p. LXII; THOMAS, NW Knsh and maia ge inAusália, 1906, p. 6-8;
ERS The Toda,p 547.
no social d par , assm como existe m parentesco social dierente do parentesco si-
 Para um rito de retorno de paro siológico, cf. ROSE, HA. Op cit, p 71
2 Cf a este respeito PLOSSBATELS Op. cit, t. II, p 40-435, onde se encontrará uma de�criçã?
dos sinais da proibição de entrar no quarto, etc., da mesma ordem que os tabus da passagem mateal a
8  STRAUSS Die Buaren. Leipzig, 1898, p 91300 ma citados
9 PLOSS-BARTELS Op ci,   p 403 Paa outros os c ibi p 414-418  DU CHAILLU LJfque sava ge Paris, 1868, p 67

56 57
coisa ou através dela, em sacricios e orações eitas em comum, etc É de notar o pa vão de casa em casa azer uma visita a todas as mães do ano, que lhes dão de beber e
pel dos itermediários, os quais, neste caso como em outras cerônas, têm por fa pequeos presentes, em troca do que eles dançam Ora, há nisso um exato paralelo
15
.

lidade não apenas neutrazar a impureza ou atrair sobre si os mecios, mas também com as estas anuais dos mortos, e um exemplo interessante de caso em que a cudi
servir realmente de ponte, de cadeia, de vínculo, em suma citar as mudanças de es dade não é ritualente estejada somente por um grupo restrito (amíia), mas por
tado sem abalos sociais violentos nem paradas brscas da vida individual e coletiva um grpo ger
O primeiro parto tem uma importância social considerável, expressa de diversas
maneiras nos dierentes povos À vezes, como entre os BontocIgororrote das Filipi
nas e outros lugares, uma moça só pode casar-se se teve um flho, dando com isso
prova de poder servir como animal reprodutor
Nas populações onde o casamento só é considerado válido depois do nascimento
de uma criça, os ritos da gravidez e do parto constitem os últimos atos das ceri
mônias do casamento (tl é o caso entre os Toda), e o período de margem estende-se
para a mulher desde o começo do noivado até o nascimento do primero fo Ao se
toar mãe sua situação moral e social aumenta Passa de muher simplesmente a
14
.

matrona, de escrava ou concubina a mher igal às mulheres livres ou legítimas


Neste caso, entre numerosas populações poliginas, muçulmanas ou não, há ritos de
passagem de primeiro estado ao novo Igalmete nas popuações onde o divórcio é
ácil entretanto, é proibido ou dicil de obter se a mulher teve um ou vários flhos
De tudo isto resulta que se deve ver nos ritos da gravidez e do parto ritos de extenso
alcance(muitas
parto individual
vezese executados
social Por exemplo,
pelo pai) eosderitos de preservação
transposição ou de(couvade
de pessoas cilitação do
pseu-
docouvode) devem realmete ser classifcados numa categoria secundária de ritos de
passagem, porque garantem precisamente aos tros pai e mãe a entrada em um
compartimento especial da sociedade, e mais importante de todos, e que representa
de certo modo o núcleo permanente da sociedade
Finaente, assinalo o seguinte to: entre os Ngente, clã das Lushei Hills, no
Assam, cada outono há uma esta que dura três dias em honra de todas as criaças
nascidas durante o ano. Nas duas primeiras noites todos os adultos sentamse para
beber e comer  No terceiro dia homens disrçados de mulher ou de Poi (clã vizinho)

 Em muitos povos o mesmo acontece com o pai, e ist o marca-se, entre outras coisas, pela tecnonímia
O pai perde o nome, sendo chamado pai de lano ou pai ?e ana. A mudança do nome é um dos ritos
do baismo, da iniciação, do casamento, da entronização E por conseguinte também como rito de passa
gem, de categorização em novo grupo especia, que convém interpretar a tecnonía Sobre a tecnonímia
cf entre outros: CRLEY.TheMystic Rose, p 428435 MEER. Diesai Berlim, 1904, p 59;
EBSTER Pimitive secret societies
Nova York, 190 7, p. 90, etc, que não viram a ligação da tecnonímia
com os outros eementos acima enumerados, ligação que é, por exempo, muito cara enre os Wabemba
do Congo "Até o nascimento do primeiro lho a mulher nunca chamou o marido por seu nome, só e
dando os nomes comuns de bana ( senhor) ou mwenzangu (companheiro). Logo que o pai reconheceu
seu rebento a mulher chama o marido pelo nome da criança precedido desi (pai de...) e ea própria recebe
o nome do recémnascido precedido dena (mãe de ) DELHSE, Ch "Ethnographie congolaise   DREBROCKN. n:Census ofÍndia 1901  t I, EthnographicalAendicesCalcutá, 1903,
chez les Wabemba Bu So Bee de Geogr.908, p 189-190 p 228.

58 59
Assinalo que, às vezes, os instrumentos utlizados por ocasião do corte do cordão
umbilical pertencem à categoria dos utensílios próprios para a atividade especia de
· CAPITULO-V
cada sexo. Quando a criança é um menino corta-se o cordão com uma ca ou com o
janco de um homem idoso da míia no Pendjab, sobre uma echa entre os Oraibi do
O nascimento e a infância iona, etc. Se é uma menina corta-se com um so no Pendjab, sobre um pau de
comprimir os grãos nos potes entre os Oraibi 3, etc., como se sse questão de fxar
então defnitivamente o sexo da criança. O mesmo se az em Samoa O corte do cor 4

dão, em numerosos casos, dá movo a reeições em comum, estas de mília, sendo


O corte do cordão umbilical  A moradia das criança s antes do neste caso claramente m rito de fnalidade não somente individual, mas coletva. O
nascimento.  Os ritos de separação e de agregação .  Índia, China.  A denomi destino dado no cordão é variado. Ora, é a própria criança que o consera, assim como
nação. O batismo.  A apresentação e a exposição ao sol e à lua. consera seus cabelos e as cortados, a fm de evitar toda diminuição de sua persona
lidade ou que algém se apodere dela. Mas às vezes é também um aparentado que se
encarrega do cordão, a fm de proteger assim a personalidade da criança (é a teoia da
ama exterior), ou a fm de manter vivo o laço deparentesco ene a criança e sua mla,
A s dos ritos que mencionos no capítulo precedente reeri se ão s � representada pelo garão do cordão. Em ouos casos inda o cordão é enterrado
mente à mãe, mas também ao fho. Nas populações em que a muer gravda e cons longe, ra do alcance de todos, ou debixo da soleira ou no qurto. Nestes últimos ca
derada impura esta impureza normalmente transmitese ao flho, o qual, por conse sos ainda sou levado a ver ritos iretos de aparentamento". Varindo de povo a povo,
ginte, é submetido a um certo número de tabus e cujo pr eiro perído de mar em a placenta e tmbém o prepúcio depois da circuncisão são submetidos aos mesmos a
coincide com o últo período de margem, até o retoo s ocial do par,da partuen tmentos. Uma e outra operações têm como eeito comm o to de marcarem ma
te. Do mesmo modo, os diversos ritos de preseração contra o mau-oado, os contá
gos, as doenças, os demônios de to da espécie, etc., vaem ao msmo tempo p ra a separação
caução. Foique
demonstrado
deve ser compensada,
pela escola inglesa
ao menose lemã
temporariamente,
que 
al s destesporritos
medidas
são simpá
de pre
mãe e para a criança. Quando se destnam especalmente a esta últma seu mecasmo
1

ticos e prepam a criança para ma mehor utzação de ses membros;' de sua rça e
nada apresenta de paticular relativamente às outras práticas da mesma natureza. agilidade. Mas outros são claramente ritos de separação com relação ao mundo asse
Ainda aqui encontrmos a sequência dos ritos de separação, de margem e e xuado ou ao mundo nterior à sociedade hmana, e ritos de agregação à sociedade se
agregação. ssim, Doutté encontrou em Marrocos, entre os Rehamna, uma op  o al e à mla, restrita ou ampla, ao clã ou à tribo. O primeio bao, a lavagem da
que poderia ser mais espalhada do que parece à primeira vista, e que daa_ satsto a cabeça, o rito de iccionar a criança, etc., ao mesmo tempo em que têm fnaidade hi
explicação de certo número de práticas. Não somente o recémnascido é sagrado", giênica parecem ser ritos de purifcação, que se incluem na categoria dos ritos que se
mas não pode nascer senão depois de ter obtido o vor de todos os assistentes" Há
1

param da mãe e também os ritos de passar a criança por cima de al gma coisa, através
neste caso, coorme se vê, uma atitude densiva do mesmo tipo que a tomada pela dela ou por baixo dela, assim como o rito de colocar a criança no chão, embora A.
coletividade com relação a um estangeiro. Dieterich o tea considerado como rito de agregação à Terra-Mãe.
5

Ora, do mesmo modo que o estrangeiro, a criança deve primeiramente ser sepa No entanto, al s dos ritos assinalados por Dieterich reerem se eetvmente à
rada de seu meio anterior. Este meio pode ser simplesmente a mãe Daí, penso, a prá própria terra, sem dexar por isso de serem ritos de separação 6 . Kurotrophos : é preciso
tica de confar a criça durante os primeiros dias a uma outra muer, prática que
não se relaciona com o tempo da apojadura. A principal separação dessa espécie ex
prime-se pela secção cerimonial do cordão umbilical ( eita com uma ca de pedra o   ROSE, HA  "Hindu birth observances in the Pujab".]o.nthr nst.,t. XII, 1907, p 22 � ;
de madeira, etc.), e pelos ritos relativos ao pedaço do cordão que, quando seco, ca VOTH, HR Orii ntlcstomsndceremoniesCol Mus. Chicago, t. VI, n 2, 1 905, p . 48 Sobre 01-
por si mesmo, depois de um número variável de dias 2

neo, ou tio sagrado, c Indntiq, 1902, p. 216, e CROOKE, W Things Indin.Londres, 1906 p.
47-473
 TUNER Smo  hndred yers go nd ng efre. Londres, 1885, p 79.
 DOUÉ Meâkech t I, p 343, 354  DIETERICH, A. Mr E Leipzig, 1905, p 121.
  Kke dos Narrinyeri, etc 6 Cf., para detalhes, ibid., p 3 ss., 39.

60 61
tomar esta expressão ao pé da letra, pos a Terra é a morada das cranças antes do nas <era explcação, que na base de um certo número de rtos de reclusão e de proteção
cmento 7, não smbolcamente, enquanto mãe, mas no sentido materal, da mesma do recém-nascdo se encontre a dea de que a crança precsa de város das de vda
manera como é a morada dos mortos. Daí as semelhanças nos detahes entre certos real para se ndvdualzar.
rtos de nascmento e al s rtos dos neras. Se ma crança que morreu antes do Os rtos de separação compreendem, em gera, todos aqueles nos quas se corta
rto de agregação ao mndo dos vvos sse enterrada e não ncnerada, sera, no meu al a cosa, prncpalmente o prmero corte de cabelos, o ato de raspar a cabeça, e
modo de ver, para devolvêla a seu lugar de orgem. Deterch ctou crenças aemãs (ha mas o rto de se vestr pela prmera vez. Os rtos de agregação, que têm por fnalda
vendo crenças dêntcas na strála, na Árca, etc.) se do as quas as amas que vão de, conorme a expressão dos Wayao da Árca Orenta 13 , ntroduzr a crança no
nascer (tomando-se a palavra ama no sendo mas amplo) vvem debaxo da terra ou mundo" ou, como dzem os Dajake de Bakarang, lançar no mundo" como um barco
nos rochedos. Entre als povos acreta-se que vvem nas árores, no mato, nas o na á ga 1, são os rtos da denomnação, de amamentação rtual, do nascmento do
res, nos lees, na oresta8, etc. Igamente espalhada é a dea de que as cranças que prmero dente, de batsmo, etc.
vão nascer vvem prmeramente nas ntes, nos lagos, nas á gas correntes 9  Como rto de separação, ctare a rectação na Índa védca  do hno no fnal do
Dto sto, consdero rtos de passagem todos os que têmor p obje zer a crança qual prende-se na crança  talsmã de ptudru (uma espéce de madera resnosa):
enar no período lnr, que ra, sedo os povos, de vnte/quarenta as e ms. Toma posse deste e tço de mortaldade [... ] Tragote o hálto e a vda. Não te en
Nos lugares em que exste a crença na transmgração e na reencarnação os rtos camnhes para as trevas negras. Conserva-te salvo. Que a luz dos vvos camnhe dan
cuja fnaldade consste em separar o recém-nascdo do mundo dos mortos e agre te de t 16 , etc." Este rto realza-se no décmo da, o últmo da reclusão da mãe. Nessa
gá-lo à socedade dos vvos, geral ou especal, são melhor sstematzados. É o caso dos ocasão são dados à crança dos nomes, um comum, que a agrega aos vvos em geral,
Arunta dos Katshe, dos Warramunga, etc., do centro da Austrála 10 . Entre os Tchw e outro que só deve ser conhecdo pela amíla. No tercero da da tercera lua clara
do Golo da Guné qundo nasce uma crança são-lhe mostrados dversos objetos que (crescente), o pa apresenta a crança à lua, rto que consdero ser uma agregação cós
pertenceram a membros lecdos da amíla, e o objeto escohdo pela crnça dent mca. A prmera sída (4° mês) e a prmera almentação sólda (6 ° mês) são  gl
caa com um ou outro de seus antepassados 11 sendo este rto sufcente para crar a
,
mente acompanhadas de cermônas. No tercero ano realzase a cermôa do pr
agregação à amíla. Em outras partes esta crença na reencarnação coexste equente mero corte dos cabelos. O to de cada mía possuir uma manera partcular de se
mente com mutas outras teoras. Tal é o caso dos Ano, que dão a segnte explca pentear, pela qual é reconhecda, e essa manera ser mposta à crança, z deste rto,
ção do período lmnar em que vvem a mãe, o pa e a crança durnte os prmeros que em s é um rto de separação 17, também um rto de agregação à socedade amli
das depos do nascmento: admtem que é a mãe que dá à crança o corpo, enquanto ar. Depos a n nca contnua, até o rto mportante ( aos 8, 1  ou 12 anos) da entra
o pa dálhe a lma, mas sto se z progressvamente, para o corpo durante a grav da na escola", que marca o começo da adolescênca.
dez, para a lma durante os ses das consecutivos ao nascmento. Nesse período o pa No Pendjab moderno, o período de margem (de mpureza) para a mãe e para a
va vver na cabana de um amgo e depos, durante os ses das consecutvos à sua vol crança é de dez das para os brâmanes, doze das para os xátras, quinze das para os
ta, na própra cabana. Só no décmo segundo da a crança é consderada um ndví
duo completo e autônomo 12 Pode ser que esta seja uma explcação elaborada apose-
•  ENER, Miss A. The Natives ofBtish CenlAicaLondres, 1906, p. 102103.
riori para um conjunto de rtos. Mas pode também ser, e penso que aí esteja a verda-  LG ROTH, H. The Natives ofSarawak and Btish or Beo Londres, 1896, t. I, p. 102
 Pa ra os tos cf. OLDENBERG, H.La relndu Véda Paris, 1903, p 363 e 39398 ; HENRY, V.
La magie dans /nde antique Paris, 1904, p 8283; CALAND, W Altindisches Zauberitual La Haye,
1900, p. 10
7 Ibid., p 5s�. Cf. BURTON. The Lake Reions ofCenlÁca Londres, 1860, t. I, p 115; entre os
Wazaroe da Arica Oriental: "no caso de abor to ou de ua criança natiorta, dize ele voltou', isto 6 OLDENBERG, M. Op ci, p. 361366, notou que o corte dos cabelos, das unhas, etc., é u ele-
é, à sua oradia na terra ento equente de nuerosas ceriônias Esse autor considerao principaente u"to de purica
ção, ua lustração Isto é exato quando se trata do sacricio, que inclui a passage do proano ao sagra
 Cf eu ivro Mythes et Lendes d'uslie,p , XIVLII; aas dos Aino no vie, do Mas estes teros são deasiado estreitos quando se trata de passagens proanas, coo as de uma ida
BATCHELOR TheAinu and their Folk-Lore. Londres, 901, p 235 de a outra, ou de ua situação socia a outra, caso e que a ablação de ua parte quaquer do corpo, u
 DIETERICH Op. ci, p. 1 8; DAN M'KENZIE. Chiren and WelsFokLore, t.  (190), p banho ou a troca de roupas não iplica quaquer ideia de ipureza a ser repeida ne de pureza que se
253282 tenha de adquirir. Cf iguaente CALAND Een indoeaansch Ltie gebruik . Versl Med. Ak Wet
0 Cf entre outros SPENCER & GILLEN. ore besp. 606608 Amst., 189 8, p 2ss., na sua interpretação da trípice circumabuação
 KGSLEY, MH. Traves in estÁca Londres, 189, p. 493 7 Para detaes, reeto aos artigos de ROSE, H.A. "Hindu ( and) Muhaedan Birth observances 
 BATCHELO TheAinu, p 240 e para os ritos do parto, da denoinação, etc, p 23523 the Punjab. Journ Anthr Inst, t II (190), p. 220260

63
62
cote e fge err aga cosa vsível. Em seguda trasporta-se a porta sucessva cosste ada em passar por debaxo da porta artfcal e este caso é possível ou su
mete para os quatro cantos do qurto e a procssão passa por ela da mesma maera, e por que a nânca, consderada como uma qualdade postva (tal como a doeça),
depos de ovo o cetro. Em segda a porta é demolda, quemam-se os agmetos  traserda para a porta e destrída, ou, e esta é a terpretação por mm preerda,
dela o quinta da casa ou a ra. Cada vez que esta cermôa é executada coecco que a porta é o lte etre dos períodos da exstêca, de ta sorte que passar por de
a-se uma pequea estáa de madera que represta a craça em or da qua se real baxo dela sgca sar do mudo da n ânca para etrar o mudo da adolescêca.
za a cermôa. Esta estatueta é conserada até a dade de 16 aos, sedo colocada ge A destrção do objeto que servu para o rto pode explcar-se por e ste to, econtra
ramete ao lado da represetação da Mãe" o quarto de dormr. Se a crança morre do, etre outros casos, a Austrála 23 e a Amérca do Sul 24, a saber, que os sacrasó
antes dos 16 aos eterra-se a estatueta juntamete com ela. Se fcar muto doete é a devem servr uma úca vez, e, portato, logo que uma  se cermoal terma é pre
estateta que se z passar debaxo da porta. Por baxo dessa porta devem passar ão cso destruílos (é a dade cetral do sacrco) ou colocálo s de lado, por terem sdo
somete a crança, ou as craças doetes, mas todas as cranças da casa e também os esvazados de sua potêca, e em cada ova se é precso sacra, às vezes ma o a
sobrhos, sobrhas, etc., que aí se ecoem esse mometo. metação corporal, um vestuáro e rtos verbas ovos 2 Falmete, lembro que a
5•

Pode-se, evdetemete, terpretar toda esta cermôa como um rto de tras Cha cada anversáro de nasceto, sobredo de 10 em 10 anos após os 50
erêca do mal, rto que, em rma de passar por baxo ou através de al ga cosa", aos 26, dá lugar a cermôas, a rtos que também marcam a passagem de um período
é muto dddo. A ém dsso, o rto é parcalmete amsta, como o taosmo quase para outro.
tero. Etretato, o to do objeto por debaxo do qual se pas sa ser um pórtco, as Vejamos agora o rto das portas em Blda 27 • ''No sétmo da após o ascmeto,
socado à satdade dos pórtcos em todo o Extremo Orente e dos pórtcos arcanos depos de ter eto a toileda crança, a partera seguraa estedda em seus braços.
de que já lamos, deve ter um setdo, que julgo ser dreto. As craças passam do Deposta-se o peto da cracha evolvda em xas um espelho redodo. E ste es
mudo pergoso para um mudo vorável ou eutro, do qual a porta é a etrada, pelho susteta o so de ar da casa, uma boeca de preparar são chea de al, f
progressvamete por meo da sêxtupla repetção, que tem este setdo, pelo desloca almete uma ptada de sal, objetos todos de uso equete as operações mágcas. A
meto da porta do cetro para os quatro catos e de ovo para o cetro, a fm de  partera, segurado os braços a crança jtamete com esses apetrechos, aprox
zer com que o quarto tero se to e um meo sado para as craças. Esta terpreta �ase da porta do quarto e balaçaa sete vezes por cma da mdjriaou cao de despe
ção de uma parte da cermôa como rto de passagem é cormada pelo to de ser JO. Faz a mesma cosa em cada porta, prcpaete a porta da s pradas, que e

repetda anda mas soleemete o mometo da matrdade" das cranças, a dade quetemete são no vestíbulo, e falmete a porta da ra, mas o teror. Cha
de 16 aos. Ao cotráro, a adoração da medda", sto é, de costelações em relação ma-se também este sétmo da o da da saída da craça (ium khroudj el mezioud). Não
com a vda e a morte, é executada em vor dos doetes seja qual r sua dade 20 
parece evdete que esta cermôa o mometo em que a crança va sar do quarto
Dexo de lado as estas e scolares (etrada a escola, em hora de Coco, pela ateo tem por faldade apresetá-la aos djns da casa torado-os propícos, par
boa marcha dos estudos, etc.) e chego à cermôa de  saída da ânca"21 • Asseme tcularmete aqueles que presdem as aberturas e saídas?"
a-se muto à cermôa da passagem pela porta, exceto ser mas mpoete e mas Cte com bastantes detalhes os rtos cheses porque permtem compreeder a
teatral". A teora é que aos 16 anos o rapaz sa da  ânca para etrar a adolescêca sequêca dos rtos que coduzem gradatvamete o dvíduo do ascmeto à da-
e a moça torna-se muer 22 • Uma vez executada a cermôa, a dvdade das craças,
a Mãe", dexa de ter as cranças sob seu cudado e o dvíduo ca debaxo da autor  Koch-Grünberg, carta partcuar
dade dos deuses em geral. Por sso, a cermôa é mutas vezes chamada agradec  Da mesa manera os Ogba ( como mtos outros semcvzados) constríam cabanas especas,
meto à Mãe". de rmas derente� para cada avdade especaizada e em cada nova ocasão, cabana que só sera uma
Dooltte sste em seguda o to de ser realmete a dade de 16 anos que mar vez, sendo em segda abanonada A cabana serva para conseho de guerra, conselho de paz, banquete
e esa, cra de um doente, solamento de um xamã, um advinho, uma muher grávda, uma crança que
ca o começo da dade da matrdade" A cermôa, alás, pode ser atecpada se a a ser cada, etc C KOHLKtschiGami Brema, 1859, t I, p 60
crança tver de casar-se em breve, ou retardada pela pobreza, etc. O rto essecal  Cf DOLILE Op c, t II, p 217-228 TRUMBULL Threshold Covenant, p 176, lembra o
cose (glês?) de dr em cada anversáro de uma crança tantas pancadas quantos os anos que aza
Este to pode ser consderado como rto de separação dos anos decorrdos.
 DOOLILE Op c, p 137-138  DESPAMET "La Maresque et es malades de l'enance   EEthnoe Socl., 1908, p
 Cf. adante o que é dto da "puberdade soca 488
 C Mythes et Lé d'us, p 134-135, nota 3  DUDLEY KIDD Savage Childhood Londres, 1906, p 81-89

66 67
em que, como acontece entre os Banto e os ameríndios, sobretudo os Pueblo e os
ameríndios centrais, a vida social e a vida cósmica são consideradas intimamente ga
das, é normal que existam ritos de agregação do recémnascido ao mundo cósmico,
quero dizer, a seus principais elementos.Daí os ritos de apresentaçãoà lua e aosol, de CAPÍTULO VI
contato com a terra 32, etc. Igalmente, se o totemismo em última análise é um siste s ritos de iniciação
ma de fnadade econômica, é normal t bém que a criança em  momento ou em
outro seja agregada realmente ao seu totem, embora já lhe seja aparentada pelo nasci
mento. Estes ritos de agregação ao grpo totêmico antropoanimal, antropovegetal
ou antropoplanetário são a exata contrapartida dos ritos de agregação à amía, a que
contdo o recém-nascido pareceria dever pertencer também automaticamente, pelo A puberdade siológica e a puberdade social - A circuncisão.  As
mutações corporais - Clãs totêmicos  Fraternidades mágicoreigiosas 
próprio to de ter nascido de certa mãe e sem dúvida de certo pai. Mas isto levanos
Sociedades secretas  Sociedades poticas e guerreiras  Classes de idade. 
novamente a considerar os ritos de agregação a determinadas sociedades especiais. Mistérios antigos.  Regiões universalistas - O Batismo - Conrarias
religiosas - Virgens e prostitutas sagradas.  Classes, castas e prossões  A
ordenação do padre e do mago -A entronização do chef e e dos reis -
A excomunhão e a exclusão  O período de margem

As classes de idade e as sociedades secretas rm recentemente objeto de duas


monografas, uma de H. Schurtz1, a outra de Webster2 nas quais, contdo, não i
,

dada a devida importância ao estudo das cerimônias que garantem o acesso a tais clas
ses e sociedades. Embora H. Webster tenha dedicado um capítul o aos ritos, só os es
tudos, isoladamente e, to curioso, não pensou em compará-los do p nto de vista de
suas sequências. Por isso, estes dois autores, imbuídos aliás da ideia que a iciação
coincidia com a puberdade, e que todas esas cerimônias têm como ponto de partida
este nômeno fsiológico, lançaramse a teorias gerais inaissíveis. Schurtz reduz
tdo ao instinto de sociabilidade", digamos o instinto gregário, mas sem chegar a  
zer compreender nem as variações das nstitições consideradas nem a natreza das
cerimônias correspondentes. W ebster constriua priori um tipo de classe de idade e
de sociedade secreta primitiva e vê a bem dizer por todo o lado desvios e degeneres
cências desse tipo hipotético.
No presente capítlo demonstrarei primeiramente que a puberdade fsiológica e
a puberdade social" são duas coisas essencialmente dierentes, que só rarmente
convergem. Em segida, examinaremos as cerimônias de iniciação de toda a espécie,
isto é, não somente as que dão acesso às classes de idade e às sociedades secretas, mas
 O sentido da apresentação ao sol coo rito de agregação é uito caro entre os Tarahuar também as que acompanham a ordenação do padre e do mago, a entronização do rei,
(LUMHOLTZ Unknown MexicoLondres, 1903, t I, p 273), os Oraibi (c acia, p 55), os Zni a consagração dos monges, das eiras, das prostittas sagradas, etc.
(Me STEVENSON,The Zuni, XI Ann Rep Bur A. Ethnol sv Bir), etc. Para casos de apre
sentação à lua, c. RAZER,J.GAnisA s Osis.2 ed. Londres, 1907, p. 373ss A aioria dos ritos
que cito são co efeito sipáticos, sendo a ideia central de que o cresciento da lu a vorece o da crian
ça. Lembro alente que a lua, o sol, etc, são às vezes totens e que nesse , coo entre alguns ae
ríndios, a apresentação ao astro é u rito d e agregação ao grupo totêico As vezes é u rito de agrega  SCHURTZ, H.Al tersklassen und nnerbünde. Leipzig, 1902
ção à divindade, sendo o recé-nascido considerado e seguida coo "lho do sol  WEBSTER, H Primitive secret societies. Nova York, 1908

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Nas moças a puberdade sica é marcada pelo entumescimento dos seios, o alar outros povos5 , ao contrário, não se pratica nesse momento nenhum rito, apesar de
gamento da bacia, o aparecimento de pelos no púbis e sobretudo pelo primeiro xo haver ritos de iniciação.
menstrual. Pareceria, portanto, sples datar desse momento a pa ssagem da incia Assim, tudo isto nos leva a pensar que a maioria destes ritos, cuo caráter propria
à adolescência. Na realidade, as coisas passamse de modo inteiramente dierente na mente sexual não poderia ser negado, dos quais se diz que tornam o indivíduo ho
vida social, o que se explica em primeiro lugar por tos de ordem siológica 1 º) O mem ou muer, ou aptos a sêlo, incluemse na mesma categoria que al s ritos de
corte do cordão umbilical, da incia e da adolescência, sendo ritos de separação do
prazer sexual não depende da puberdade, mas é sentido, confrme os indivíduos, ora mndo assexuado, seguidos de ritos de agregação ao mundo sexual, à sociedade res
antes, ora depois; o espasmo pode mesmo prodzirse vários anos ante s, de maneira trita constituída no seio de todas as outras sociedades gerais ou especiais pelos indiví
que a puberdade só tem importância no que diz respeito ao poder de concepção. 2 º) duos de um ou de outro sexo. Isto é dito sobretudo a propósito das moças 6, uma vez
O aparecimento do preiro san ge não acontece na mesma idade nas diversas raças, que a atividade social da muer é muito mais simples que a do homem.
nem no interior de uma mesma raça entre os diversos divíduos. Estas variações são A questão compcase ainda mais quando se trata dos rapazes. Neste caso a varia
extremamente consideráveis e de tal ordem que se compreende por que nenhuma
3
bilidade é tanto mais considerável quato a primeira emissão de esperma pode ser
instituição se nde sobre um elemento tão pouco determinável e tão pouco constan precedida pela emissão de muco, passando muitas vees despercebida, e prodzin
te quanto a puberdade. Mesmo na Europa estas variações não correspondem às pres do-se, por m, na maioria dos indivíduos somente por iuência de um choque exte
crições legais. Em Roma, as moças são legalment e núbeis aos 12 anos, mas somente a rior, cua data depende de circunstâncias impossíveis de prever ou dirigir Se gese
odécima parte das jovens romaas têm suas regras nessa idade, enquanto a grande que a puberdade dos rapazes é xada, pela opinião comum, por ocasio do nascimen
aioia só as têm entre os 14 e os 15 aos, e al as, muito raras, desde os 9 anos to da barba, dos pelos do púbis, etc. Mas mesmo nesse ca so as variações étnicas e in
 aris, a idade legal para o casamento é de 16 anos e seis meses. Mas a média da dividuais são consideráveis.
puberdade é 14 anos e quatro meses, se do Brierre de Boismont, e de 15 anos e Assim, num e noutro sexo a puberdade  sica é um momento muito dicil de da
quatro meses se gndo Aran. Nas classes ricas a média da puberdade ocorre mais cedo tar, e esta diculdade explica o to de tão poucos etnógrafs e exploradores terem i
que nas classes operárias. Assim, em Roma, a puberdade socialé anteror  puberdade  - to pesquisas a e ste respeito. Isto toa mais imperdoável ainda aceitarse a expressão
siogica; emPas é posrior. ritos da puberdade" para de signar o conjunto dos ritos, cerimônias, práticas de toda
Será, portanto, mais conveniente não dar aos ritos de iciação o nome de ritos espécie que marcam nos diversos povos a passagem da inncia à adoscência Con
da puberdade. Longe de mim, porém, negar que existam ritos da puberdade sioló vém, portanto, distin gir a pubede social da puberdade fica, assim como se distin
gica, os quais em al gns casos raros coicidem com os ritos de iniciação. As moças gue o parentesco fsico (consan ginidade) e o parentesco social, a maturidade fsicae a
são então isoladas, às vezes mesmo consideradas mortas, e depois ressuscitadas 4• Em matudade social (maioridade), etc.
É uma coisa notável que mesmo observadores prudentes e que elo menos publi
caram elementos exatos de apreciação não souberem que se tratava de dois enôme
 LOSS-BRTELS Das Weib8. ed Lepg, 1905, t. I, p 394420, reunu consderáves quantda nos distintos e serviramse então da palavra puberdade alternadmente em um sentido
des de documentos sobre o prmero aparecmento, normal ou anormal ( a parr de 2 meses, etc) das re e em outro. Eis aqui al s exemplos desta consão. Tendo decito com cuidado as
gras em dversas populações.  data das pr eras regras depende ao mesmo tempo do clma, do almen
to, da prossão e da heredtaredade Os obseradores, na maora mécos, têm tanta dculdade em
cerimônias da puberdade" das moças entre os índios Thomson, cerimônias executa
chegar a um acordo sobre a dade méda das prmeras regras em uma população um pouco tosa toma das longe da aldeia em uma cabana especial, incluindo tabus, lavagens, ritos simpáti
da em conjunto (França, Rússa, etc) ou mesmo em uma regão lmtada ( grande cdade, por exemplo) cos 7, etc, Teit acrescenta: a s moças equentemente eram dadas como noivas ainda
que sera er dos negros, dos habtantes da Oceana, etc, excelentes estatísticos supô-los capazes de ter
poddo descobrr a méda relatva às suas própras trbos, antes de toda pesqusa metódca sobre a uên
ca do cma e do amento Es o quadro para 584 mheres de Tóquo os 1 1 anos, 2; aos 12 anos, 2;
aos 13 anos, 26; aos 14 anos, 78; aos 15 anos, 224; aos 16 anos,228; aos 17 anos, 68; aos 1 8 anos, 44;  JENKS. The Bontoc oot.hlppnes, Dep Int, Eol. Surey ubl, t I, 1904, p 66ss
aos 19 anos, 1 0; aos 20 anos, 2 Damos a segur as médas para arca: Uoloe, 11 a 12 anos; Egto 10 a 6 Chegaríamos a restados dêntcos comparando a dade em que é executada a deoração arcal
13 anos (rnerBe) ou 9 a 10 anos (Rgler); Bogo, 16 anos; Sael, 12 a 1 3 anos; Wanjanwes, 12 a 13 (perração do hímen) e a da puberdade s duas não estão em relação, exceto raras exceções em um
anos; Bebere do Egto, 15 a 16; Somal, 16 anos; Loango, 1 4 a 15, raramente 12; árabes de Argel, 9 a mesmo pov lém dsso, a perração do hímen não é ucamente uma preparação para o coto, nupcal
10 Fean, 10 a 15 anos ou anteror ao casamento, ou ao novado Sobre este rto, c entre oros SIDNEY HRTLND,H.At
 Fatos dessa espéce ram reundos por PRZER, JG Golden Bough, t III, p. 204233; c anda em nhrop Essays presented to E.B Tylor, Oxord, 1907, p 195-1 98
the temple ofMylit,
HUER. No-Hinterland von Kerun. Brunswch, 1902, p 427; STEVENSON The Zuni. XII  TEIT, J The Thomsonndians ofBritish Columbia.Jes. N. acf Exped, t I Nova York, 1898 -1900 , p
 Rep Bur Ethnol, p 303-304, etc; DU BOIS, G.G e lionofthe LuisenioIndians fSouthe o 311321.
Calia Unv. Cal. ubl, t VIII, n. 3, 1908, p 93-96

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criaças, a homes vite aos mais veos. Só se cosiderava que estav a aptas a se A distição etre a puberdade sica e a puberdade social é aida mais itidame
casarem quado termiav a todas as cerimôias reeretes à chegada da puberdade, te observada em certas cerimônias dos Toda  7, que são poliadros e fcm oivos des
isto é, aproximad aete o décimo sétimo ou o décimo oitavo ao e às vezes o vi de os 3 aos. A g tempo ates da puberdade fsiológica um homem da secção ie
gésimo terceiro" 8 • Devemos cocordar que a puberdade sica difciete pode ser a rete daquela a que pertece a moça vem durate o dia à aldeia desta última, deita-se
causa pricipal de cerimôas tão logas, que em seus detalhes abragem várias eta ao lado dela e estede seu mato de maeira a cobrir os dois. Fic a assim al s mi
pas. Quato aos rapazes, é dito clar aete9 que o gêero de cerimôias a executar utos e em seguida o homem vai-se embora. Quize dias depois um homem bem
depede da profssão (caçador, guerreiro, etc.) que se propõem abraçar, e que cada costitído e rte, de qualquer secção e clã que seja, vem passar a oite juto da
adolescete começa a praticá-las a partir do dia, que cai geralmete etre o décimo moça, que ele deora. Isto deve azer-se antes da puberdade,havedo poucas coisas
segudo e o décmo sexto o, em que sohou pela primeira vez com ma echa, capazes de desacreditarem tato a mher quanto a ão execução desta cermônia.
uma coa ou uma muer. Do mesmo modo, as cerimôias da puberdade" etre Isso impede-a mesmo de casar-se". Só aos 15 ou 16 aos começa as cermôias do
os Lillooet da Colúmbia Britâica ada idica que se trate da puberdade sica, mas,
10
cas aeto propri aete dito, ou seja, algus aos depois da puberdade.
ao cotrário, prova, sobretdo o to de que para os joves que desej a toar-se xa As variações da idade em que é praticada a circucisão bastari a por si sós para
mãs o período durava muito tempo, que se trata, tl como etre os chieses 11 , da pu
berdade social. Lembro que da mesma maeira etre ós a idade a qul é permitido zer compreeder que se trata de um ato ão de alcace fsiológico, mas de sigifca-
o cas aeto das pessoas moças ão coicide com o mometo da puberdade fsioló   somete em umerosos povos a operação é executada em itervalos
çao so·al . Nao
gica. Se m dia estes dois mometos, um social e o outro sico, vierem a coicidir, muito distates, por exemplo, de dois em dois aos, de três em três, de quatro em
isto será cosequêcia do progresso cietífco. quatro ou de cico em cco aos, de maeira que a circucisão é praticada ao mes
Se etre os Hotetote_s rapazes permaeci a a sociedade miia e intil mo tempo em crianças de desevolvimeto sico sexual dierete. Aém disso, em
até o décimo oitavo o 12, por outro lado, etre os Elema do Golo Papua a primeira uma mesma região, habitada por populações do mesmo tipo somático (raça), eco
cerimôia é executada quad a criaça tem 5 aos, a seda quado tem 1 O e a ter tramse otáveis variações. ssim, as regiões de Marrocos 9 exploradas por Doutté
veri�ca-se que a circucisão é relizada etre os Dukâla sete a oito dias depois do
guerreiro
ceira só parece
propri
realizarse
aete dito,
muitoivre
tempo
paradepois, 1 . Em
se casarma vezresumo,
que trasrma
a questão
a criaça
proposta
em ascmeto ou aos 12 ou 13 aos; etre os Rehama, de 2 a 5 aos; em Fez, etre 2 e
por Leo Frobeius 14, que em mesmo procura respoder com exatidão, a saber, o 10 aos; em Tâger, aos 8 aos; etre os Jbala, dos 5 aos 10 aos; s arredores de
mometo do oviciado coicide em certa medida com a matridade sel?", é res Mogador, de 2 a  aos; a Argélia, aproximadamete aos 7 ou 8 aos; etre os mu
podida por mim com um claro ão, tto mais quato as cerimôas da preira çmaos ortodoxos, quado ão é eita exat aete o sétimo dia depois do asci
mestração   ou existem em populações as quais ão há ritos de iniciação ou só meto, realiza-se o mais cedo possível 2º. É possível traçar um quadro semehate
têm caráter mais acetado porque se trata com eeito do primeiroaparecmeto 16 de com os materiais reuidos por R dree 2, pelo Dr. Laset o Seegal 22, etc Assim,
um eômeo que em segida será sempre acompahado de ritos especiais, devidos à
qualidade impura tato da mulher em si mesma quato do sague mestral. 7 RIVERS, H. The Toda. Londres, 1905, p. 502503.
 Cf. a que resultados estraos i conduzido WBSTER. Op. ci ' cap II e III ' e p 36' 200-201 '
205-206.
 Ibid., p. 321. 9 DOUÉ. MeâkechParis, 1904, p. 262-263, 351-352, etc.
9 Ibid., p. 31318. 0 Depreendese do quadro seguinte, que evntei de acordo com PLOSS & BATELS Das Weib 8
0 T EIT, J. The Lillooet Indians Jesup N. Pac Exp. t. I I. LeidejNova York, 1906, p. 263-267. ed, 1905, t  I, p. 248-249, que _ a excisão do cli�órs é também independente da puberdade siológca,
 Cf. acima, p. 63, 66. mas determa a pbedade soal ( no cas<, o dit? de casar-se): Arábia, algumas semanas depois do
 KOLBEN, P. Thepr esent sta te ofthe Cape of Good Hope, t. I, p. 121 , apud WEBS TER. Op ci t.,
nscmento; Som, tres a quatro nos; Egto Medional, 9 a 10 anos; Núbia, primeira iância; Abissí
a, cerca de 8 os ou no octogésimo dia depois do nascimento; Deta ou Niger, durnte a inância, sem
dade
p. 2 3. xa; Mainke, Bambara, 12 a 15 nos; Malaio, etc., no início da segunda dentição; javaneses, 6 a 
 HOLMES, J. "Initiation ceremonies o the natives o the Papun Gu.JouAnthr nst, t. XI I anos; makassares, 3 a  anos; gorontalos, 9, 12 ou 15 anos, etc.
(1 902), p. 418-425.  NDREE, R. "Bescheidung. Ethnographische Paralelen,2 série. Leipzig, 1889, p 166-212
ª

4 FROBENIUS, L. DieMasken und GeheimbündeAfrkas. Nova Acta Leopoldina, etc Hae, 1898 ,  n: Une Mission au Se al Paris, 1900, p. 14 (mouros,  nos), 108 (Kassonkés, desde a inância
p. 2 17. ate os 15 anos, e tanto mas tarde quanto mais rica é a amía); a idade comum (Peules, p. 64; malinkes,
 Cf. entre outros RAZER, J.C. Golden Bough. 2. ed, t. I, p 326 p. 88 ; sereres, p. 145, etc) é de 10 a 15 anos, mas as circuncisões são eitas em intervaos mais ou menos
 Cf. ms adiante, no capítulo IX. astados coorme o número de crianças.
74 
Uma questão sem iteresse para a falidade do pre sete livro é saber se cada es que Howit diz sobre as cerimôias dos Kuai vale para as das outras tribos do sul,
péce de mutilação i ivetada uma úica vez, sedo em se gida trasmitida de do sudeste da Austrália Cetra, etc.
povo a povo por empréstimo, ou se i ivetada várias vezes idepedetemete. Em a as delas o oviço é c osiderado morto, e permaece morto durate o
Observo apeas que cada tipo de mutilação, sedo um procedimeto de dierecia tempo do oviciado. E ste dura um tempo mais ou meos logo e cosiste o enra
ção coletiva, o empré stimo ão pode zerse etre tribos litroes, mas somete se quecimeto corporal e metal do oviço, sem dúvida destiado a zêlo perder a
esta rma, aida descohecida, pode serir para diereciar melhor um grpo deter memória da vida iatil. Vem em segida uma parte po sitiva, o esio do código de
mado em relação a seus vizihos costumes, a educação progressiva pela execução diate do oviço da s cerimôias to
As mutações são um meio de diereciação defitiva. Outra s há, porém, como têmicas, a recitação de mitos, etc. O ato fal é uma cerimôia religiosa (os lugares
o uso de um ve stuário especial ou de uma máscara, ou aida as pituras do corpo ( so ode existe a creça em Daramulu, etc.) e sobretudo uma mutação especial, que
varia com as tribos (arraca-se um dete, icisa-se o pêis, etc..) e toa o oviço
bretdo com merais coloridos) que marcam uma diereciação temporária. São e s
idêtico para sempre aos membros adultos do clã. A as vezes a iiciação é ita
tas que vêm desempenhar cosiderável papel os ritos de passagem porque se repe
de uma só vez, em outras ocasiões realiza-se por etapas . Quado o oviço é coside
tem a cada mudaça a vida do idivíduo.
rado morto, em segida é ressuscitado, sedolhe esiado etão a viver de modo di
Dito isto, covém examiar em detalhes al gmas sequêcias Começo pela ii erete da existêcia iatil. Sejam quais rem as variações os detalhes chegase
ciação às sociedades totêmicas. sempre a distiguir uma sequêcia coorme o esquema geral 3 5.
Graças, sobretudo, a Specer e Gille 30, WE. Roth 3 1, a A.W. Howitt 32 e a R.H. As ateridades" mágico-religiosas dam-se essecialmete a orgaização
Mathews 33, cohecem-se até as miúcias as cerimôias de iiciação ao grpo totê do clã, isto é, de aparetados sociais, mas são, cotudo, coisa direte. Pelo meos
mico etre várias tribos austrliaas. Vão do décimo ao trigésimo ao O primeiro se a Combia Britâica o clã totêmico subsiste aida i dêtico à ateridade, existe
ato cosiste em separar o idivíduo do meio aterior, mudo das mulheres e das cri  ao lado dela as plaícies e desapareceu etre os ídios Pueblo, ode a ateridade
aças. Tal como o caso da mulher grávida há reclusão do oviço o mato, em um tem base territoria (c. os Tusaia, os Hopi, etc.). Quato às cerimôias de iiciação
lugar especial, uma cabaa e special, etc., acompahada de t abus de todo gêero, so dos Kwautle, remeto o leitor à memória de Boa s36. Etre os australiaos o dreito
bretdo alimetares. A ligação etre o oviço e sua mãe dura às vezes al tempo, de azer parte do clã totêmico trasmite-se hereditariamete. Etre o� Kwakiutle ad
mas chega sempre um mometo em que, por um procedimeto violeto, ou que pa quirese além disso pelo ca sameto, mas de toda maeira o idivíduo ele só peetra
rece tal, é separado defitivamete da mãe, que equetemete chora por ele. Co  graça s a cerimôias de passagem, que o separam de seu meio aterior para agregá-lo
rme diz Howitt a respeito dos Kurai: A iteção de todos os atos desta cerimô ao meio restrito ovo. Se os australiaos separam a criaça da mãe, das mulheres e
na é produzir uma modifcação mometâea a vida do oviço. O passado deve ser das criaça s, etre os K wakiute o mudo aterior é per soifcado por um espírito"
separado dele (cut oj por um itervalo que ão poderá jamais torar a atravessar. que se trata de exorcizar, poto de vista id êtico ao dos cristãos que exorcizam sata-
Seu paretesco com a mãe a qualida de de criaça é bruscamete quebrado e, a partir
de etão, permaece gado aos homes. Deve abadoar todos os briquedos e es
 Atribise habitualmente exagerada importância ao destino dado ao pedaço do prepúcio cortado.
portes da i cia, ao mesmo tempo em que se rompem os atigos vículos domésti Conorme disse, e ste pedaço do indvído participa sem dúvida de se antigo possidor, mas não mais
cos etre ele, a mãe e as irmãs. Tora-se agora homem, istruído, cosciete dos de qe os cabelos cortados, as aparas das nhas, a saliva, a rina, etc, o qe os dentes arrancados, também
veres que lhe icumbem em sua qualidade de membro da comuidade Murrig"34 O como rito de iniciação Nas tribos astraianas qe exectam este rito o dente é recohido e conservado
com cidado (HOI. SE Tr., p 542, 562, 565, 569, etc.; SPENCER & GILLENNor Tr,p.
594) o plverizado, mistrado com carne e engoido pela mãe da ha qe vai ser iniciada o pea sogra
do rapaz, o ainda jogado em m peqeno charco a m de espantar a chv a, o namente enterrado
0 SPENCER & GILLEN. The Ntive tribes ofCetrl Austrli Londres, 1899, p 212-386; The (Nor Tr.,p 593, 594). Este dente é sempre m objeto sagrado em alg gra (ibi, p. 594, 595)
Norther tribes ofCelAusli Londres, 1904, p. 328379 Entretanto, entre os Kaitiche deixase o dente no chão no lgar em qe cai, não se acreditando qe pos
 ROTH, W.E Etholoicl Stuies mog the orWest-Cel Queesl Aboies
Brisbane, sa ser tiizado para operações de magia ( ibid., p 589). Se, portanto, só nos basearmos nos ritos, não
1897 e or Queesl Ethogrphy Buletis, anos 190s s vejo por qe o prepúcio seria mais qe os cabelos, dentes, nhas, rina, sange, ezes a sede da rça vital
 HOI, AW. The Ntive bes ofSouth  SouthEstAusliLondres, 1904, p 509677. Certamente não é a sede da rça de reprodção, nem ma espécie de e mbrião animado e independente
 MHEWS, RH Nmerosos artigos nas Revues es Sociétés Jthoiede Paris, Viena, Lon 6 Boas, em Rort U. St Nt Mus. r 1895,Washington, 1897, memória anasada em detahe por
dres, Washington e nas sociedades cientícas da Astráia. Schrtz (savo para os ritos) e por Webster Cf ndaHbookoftheAmec is, t I . Washington,
1907, s.v Kwakitl
 HOI. S.E Th., p. 532

79
78
mesmo nos detalhes56 : 1 º ) lease o noço para o lgar sagrado; 2 °) aí chegando re ddats com o gra a qe aspraam; 3°) entrada processonal no templo e oerenda,
cebe pancadas com aras , mas o menos rtes conorme a dade, aplcadas peloTu- peo canddato, ao de s, de m porco sagrado, qe era morto e comdo em comm
°
buan, espéce de bchopapão dno; 3) aos berros do noço respondem ao longe as o ao qal se deola a lberdade; 4°) grande banqete em comm, com sspensão
lamentações da mãe e do s otros parentes; 4°) o padrnho dstrb presentes aos asss- dos tabs sexas e almentares aos qas, em tempo ordnáro, cada gra estaa obr
tentes e dáse de comer ao noço; 5°) oTubuan despese nteramente e os noços re- gado. Parece depreenderse do texto de Ells 60, qe não somente haa orga heteros-
conhecem qe é m homem; 6°) a ropa doTubuan conservase em pé graças à sa ar sexal, mas também sodoma; 5 °) músca, dança, representações dramátcas; 6 °) ta
mação, o qe proa estarem mpregnadas de potênca(mana melanéso); 7º) os asss- tagem do cnddato de acordo com se noo gra.
tentes dançam e ensnam sa dança aos noços, a ssm como os segredos da socedade; As cermônas de entrada e de passagem de m gra ao otro na Melanésa61 são
º) todos os assstentes partcpam de ma reeção em comm;°)9cada noço recebe mas smples. Os elementos centras são: ma troca cermonal de moedas (Mota,
m estáro cermonal, se tem cerca de 12 nos; se é ma crança peqena, dee espe Ilhas Bas) o de esteras (Ilha dos Leprosos); o donato de porcos aos membros
rar m número qalqer de anos. A doação do estáro, qe termna a nicação, é da socedade ( o suqe, huqe, etc.) e reeções cermonas em comm, kole62 qe lem ,

eta em otro da de acordo com m cermonal especal. Há , portanto, claramente brm os potlatch da Colúmba Brtânca. Embora o suqe tenha apenas alcance socal e
de noo rtos de separação, m período de margem e rtos de agregação 57. econômco, o elemento mágcorelgoso aí aparece pelo to do gra da rqeza, qe
O mesmo cabera dzer dos rtos das cermônas fdjanas, onde o noço dee, condcona a passagem de m gra a otro ( nas Ilhas B s há 1) depender do
entre otras cosas, passar no espaço compreenddo entre dos cadáeres spostos, mana do ndído. Por consegnte, qanto mas eleada é a categora des se ndí
pnta dos de preto dos pés à cabeça e com as entranhas ( são as de porcos sacrfcados) do no suqe mas é consderado portador de mana63 tendo assm cada gra de suqe

estraazantes 58. ma qantdade de mana mas o menos grande, do mesmo modo qe as aterda-
A socedade polítca, gerrera e rapnante dos Areo, em Tat e em otros lga- des ameríndas têm manitu, orenda, nanual,etc.
res da Polnésa, compreenda sete classes o gras, cjos membros se dstngam Qanto à ncação nas classes de dade , não examnare aq em detalhes senão as
pelas tatagens cada ez ma s complcadas e nmerosas, corre spondendo à eleação
na herarqa 59 . Recrtaase em todas as classe s da socedade geral. Qem qsesse cermônas
trbíremsedepor
dade
maentre os Masa.
dração masEmo á ras trbos
menos longaastraanas o to
leo Schrtz 64 edos rtos ds-
Webster 65 a
tornar se membro da socedade exbase estdo e adornado de manera não ordná conndr os rtos de ncação ao grpo to tmco com os rtos de pas saem às class es
ra e assma m comportamento de qem pareca pertrbado do espírto. Depos scessas.
dsso, se o jlgassem útl, os Areo adotaam o ndído como servdor. Assm, o Entre os Masa a pberdade prozse aproxmadamente aos 12 anos"66, a cr-
prmero ato conssta em mostrar qe era derente do lgo. Vejo ne ssa cermôna cncsão dos rapazes tem lgar de sde qe sejam bastante rte s, sto é, entre 1 2 e 16
m rto de separação olntára. Ao fm de certo tempo, o noço era agregado 1 º )
nos", às ezes mas cedo se os as são rcos, mas tarde se são pobres, e até qe te
mdaamlhe o nome; 2°) dea matar ses flhos; 3 °) dea aprender certa postura
am meos de pagar a cermôna, proa e qe também aq a pberdade soc d-
necessára para cantar determnado cântco sagrado; 4°) apanhaa o estdo da m
re da pberdade sca. A crccsão realza se de qatro em qatro o de cnco em
le do chee e enraa asm na 7 ª classe A passagem de m gra ao segnte era ta
da sene manera: 1º ) renão de todos os Areo sando ropa s cermonas; 2°) cnco anos, e todos aqe les qe são crcncsos na esma ocaso rmam ma cla se
nocaço ao porco sagrado, a os templos nacnas e enmeração dos nomes dos ca

6 f ELLIS. Ibid, p 325


 Ibi, p 82-56  CODGTON The Melnesins, p. 11-115
 Os rapaes da Penínsla da Gazela iam-se à sociedaecadaMxotou Ingiet desde a inâia, 6 Cf. ibid., p 110 1 12, ua passage uito interessante sobre o vaor mágicoreligioso das reeições
o qe é eito por u donativo e oeda oca reaado �o p ou o tio  sociedade secrta as seu  cerioniais em cou
viado, que consiste em êlos aprender danças especas to coicad s, du_ra to teo _Esta 6 Ibid, p. 103
sociedade, segundo o que di Parkinson, p 598ss., a respeito dea, parece-e clr-se de preerena na 64 SCHURTZ, H Op. ci, p . 1 1-1 51, introduiu adeas em sua discussão ua outra categoria, a
esma categoria que certas aternidades ágico-édicas dos Zuni dos grupos atrimoniais ou atras
 Cf. uma descrição detalhada, que copleta as de Fison e de Joske, em THOMON, B The Fins 6 WEBSTER Op ci, p. 885.
Londres, 1908, p 18-157 66 MRKER, M. DieMsi Beri, 190, p. 55 Trata-se, se dúvida, da puberdade siológica, as
 ELIS,  Ponesin Reserhes.Londres, 18, n-\ t I, p 3-32. não é delarado se a reerência é à dos rapaes ou à as oças

84 
de idde tendo um nome especil escolhdo pelo chee Entre os M si gleses um
67
• clsse de id de), tendo cd um um ou vários mntes, hvendo  condição bsolut
rpaz ou um moç não podem ser circuncisos  não ser que seu pi se submet  um de não fcr grávid 71

cerimôni chmd pssgem d sebe", mediante  qul ceit tornr-se um velho" Pr s moçs,  clsse de idde se ginte é  ds mueres csds. Os cbelos gri
o chmr-se de então em dinte o pide [seu flho ] A sequênci ds cerimônis en
68
 slhos e  menopus mrcm  últim clsse de idde. Os rpaes ram primeir
tre eles é  se gnte: 1º) todos os cndidtos reúnem-se, sem rms; 2°) besuntmse mente rpes ( ijoni), depois cndidtos ( sibol). Durnte dois nos, como gerrei
com rgil brnc e durnte dois ou três meses correm de krl em krl; 3 °) rs ros, são noços ou prendzes (brnoti), depois do que toamse gerreiros propri
pm-lhes  cbeç, depois mt-se um boi ou um crneiro; 4°) no di seginte cd mente ditos (morâ). A ssim permnecem té os 28 ou 30 nos, em seguid csmse
um vi cortr um árvore (asparagus,sp.), que s moçs plntm di nte d  cbn de e tornamse dultos (moruo) 72 • Deste modo, s cerimônis do cs mento neste cso,
cd c ndidto; 5 °) no di se ginte colocmse o r io e lvm-se com á g i como entre muitos outros povos, têm o cráter de rito de pssgem de um clsse de
[pr se insensibilizrem, Merker]; 6 °) o operdor cort o prepúcio e  pele de boi idde  outr.
que contém o sn ge é colocd n cm do rpz; 7°) estes permnecem encerrdos Preciso ind ssinlr os ritos dos Wyo porque prticipam o mesmo tempo
qutro dis; 8°) depois sem e provocm s moçs, vestindose equentemente de dos ritos de clsses de idde e dos ritos de etps e de mrgens sucessivs, tl como
mulheres e pintndo o rosto com rgil brnc; 9 °) cingem  cbeç com pequenos são encontrdos entre os Tod d Índi, por exemplo. O unyago ds moçs Wyo di
pássros e pens de vestruz; um vez curdos, são rspdos e logo que os cbelos re videse em qutro etps: 1 ª) chutu: d idde de 7, 8 ou 9 anos té  primeir mens
nscem com o comprimento sufciente pr poderem ser trnçdos são chmdos trução; reclusão, instrução de ordem sexl, dermção sistemátc dos pequenos
il-murn, gerreiros. Quto às moçs: 1º) mtse um boi ou um crneiro; 2 °)  lábios té 7cm de comprento e ms, dnçs erótics, etc; 2ª) matengusi: est d
operção é eit n cs; 3 °) s moçs cingem  cbeç com hs d palmeir dum primeir menstrução; durnte o chiputu  moç  i csd, ms seprse do mrido
ou com ervs; 4 °) um vez curds são csds Entre os Msi lemães  sequênci
69
• desde s primeirs regrs; reclusão; nsinm-lhe os tbus reltivos o período ds re
é  mesm, exceto: 1º) pós  operção há um grnde bnquete, do qul prtcipm grs; 3 ª) chitumbu: conjunto dos ritos d primeir grndez; no quinto mês rs
°
os pis dosdnçm
circncisos e todos oscom
homens ds vizinhnçs; gerreiros
[solteiros e se divertem s moçs, sus mntes;2 3)°)os jovens
reclusão dos ope pmse os c belos; no sexto, reclusão; nstrução nos ssuntos d mternidde e nos
tbus ds muheres grávids; 4ª) wamwana: primeiro prto; o direito e recomeçr s
rdos dur sete dis; 4 °) no di d primeir síd mtm um bode brnco, cu crne relções sexs é concedido o mrido,  pedido, pelo chee d ldei qundo  cri
prtihm, jogndo os ossos no go. Pr s moçs: 1º) circuncismse váris o nç pode sentr-se ou qundo tem 6 ou 7 meses. Em tods ests cerônis  solid
mesmo tempo; 2°) rspm-lhes  cbeç; 3 °) permnecem em cs té que  erid riedde sexul exprime-se muito clrmente Vê-se  extensão que os ri tos de ini
73

tenh cictrizdo; 4 °) cingem  cbeç com ervs onde plntm um pen de vestruz cição" tomm entre os Wyo.
e cobrem o rosto com rgil brnc; 5) tods s mulheres do kral prticipm de um Entre lguns meríndios (pho , etc.),  pssgem de um clsse  outr su
74

reeição em comum; 6 °) logo pós, o noivo pg o que ind deve do dote e o cs põe um rital de specto mis mágico-religioso, porém, n miori ds populções
mento relz-se dentro em pouco Dí se depreende que s cerimôs em questão,
70
 onde existem clsses de idde, são s çnhs n gerr ou n pigem, ou nd
se são independentes d puberdde, pelo menos têm cráter sexl, porque gregm dons de tod espécie e estns orecidos, que determinm  ntecipção,  idde não
os circuncisos à sociedde sexul dult. Observr-seá lém disso que se  operção sendo nunc tomd muito estritmente em considerção.
tem por fnlidde o csmento é n medid em que este represent um instituição
socil, e não  união dos sexos. Porque ntes d circuncisão, e  prtir de um idde
que Merck ão indic, s menins vivem no krl dos jovens gerreiros (primeir
 Ibid , p 83 .
  Ibid, p. 66-67; para os detalhes remeto ao livro de Merker. Entre os Masai casarse é mudarde modo
de vida completamente, muito dierentemente do que acontece entre nós
6 MERKER Ibid, p 6061.  WULE, K. Wissenschaliche E'ebnisse meiner ethnraphischen Forschungsreise in denSüsn Os-
6 HOLLIS, A The Masai Oxrd, 1905, p. 294-295 fkas. Berl, 190 8, Mitteil. Deutsch. Schugeb. Ergz  He n 1 , 4 , p. 31-34
°

6 Ibid., p 296299.  Cf. KROEBER, A.L. The Arapaho Bl. Am. Mus. Nat. Hist. Nova York, t. XIII (1904), p
 MERKER Op cit., p. 6066 156-158.

86 87
Passo aos ritos de etrada o cristiaismo, o islã e os mistérios atgos, embo ritos de iiciação em Eleusis 8 3  1 º) os cadidatos se reúem e o hieroate põe de
ra estes últmos perteçam à mesma categoria que as ateridades mágicoreligiosas lado, por uma proibição (tabu), todos aqueles cuas mãos são impuras e que lam de
dos ídios Pueblo. Mas o cristiaismo tomou tata coisa emprestada dos mistérios maeira iiteligível 8; esta escolha é ecotrada também a Árica, por ocasião da
egípcios, sírios, asiáticos e gregos que é dicil compreeder um sem levar em cota
os outros. A falidade ecoômica, ora especialmete agrária, ora ecoômica geral iiciação as socedades secretas, sedo um sacerdote mago que se ecarrega dela;
(multiplicação de todos os meios de subsistêcia e de vda, aimais, vegetais, ecu 2º) estes eóftos eram itroduzidos o Eleusiio e, peetrado o recito, sacral
didade da terra , irrigação, etc. , curso regular dos astro s divios que codicio am a zavamse o vaso de á ga sagrada colocado perto da porta [c. ossas pias de á ga
vida geral) dos mistérios atigos ( Osíris, Ísis, Adôis e Deusa síria, tis, Dioiso, e beta]; 3 ) Alade myai!: os eóftos são coduzidos [corredo?] ao bordo do mar;
º

mesmo o orfsmo, etc.), i bem estabelecida pelas pesquisas de Mahardt 7 J.G. esta corrida é chamada elasis, astameto ou baimeto, setido que se ecotra tal
Frazer 7 , S. Reiach 77 Srta. Harriso 78, Goblet d'Aviella 79, Fr Cumot so, etc. vez em pompê ; este rito até agora tem sido iterpretado com astameto das ms
85

iuêcias, ou dos demôios, ou do ma"; vejo ele um rito de separação do pr oo


,

Mas os ritos que costituem estas cerimôias só ram bem estudados equato
ritos simpáticos d e multiplicação ou de cudação e de coação sobre o mecais de sua vida aterior, rito prelimar, rerçado pelo que se sege; 4°) banho o ma;
mo cósmico e terrestre. este é um rito chamado de purifcação; lavase o eófto para retirar a qualidad d
Suas sequêcias, ao cotrário, quase ão ram examiadass 1 , embora o estudo proao e impuro; cada eófto carregava um porco, que bahava ao mesmo empo ,
de certos ritais moderos cohecidos com mais detalhes ( Austrália, ídios Pueblo) rito que lembra um grade úmero de ritos melaésios8; 5°) retoro ao Elesiio e
assim como o dos lvros ritológicos atigos (Egito, Ídia) prove que sempre as sacriício, cerôia que ecerra o primeiro ato. Os eóftos que tiham tomado par
grades las e às vezes os meores detalhes a ordem em que os ritos se segem e te as cerimôias de 15 e 16 Boedromio e recebido a istrução dos pequeos misté
devem ser executados costiti, já por si, um elemeto mágicoreligioso de alcace rios ão apareciam mais em público depois da corrida ao mar e do sacricio, mas
essecial. O objetivo pricipal deste livro é precisamete reagir cotra o procedime a gardavam o retro (tabus alimetares, etc.) a partida para Eleusis; 6 º) 19-20 Boe
dromio, procissão de Ateas a Eleusis ( 20 quilômetros) com trasporte de Iacchos
to lclorista"
sos ou atropológico",
ritos, positivos ou egativos, e emque cosiste emisoladamete,
cosiderá-los extrair de umatirado
sequêcia
hesdiver
assim e dos sacra ao Eleusiio e umerosas paradas o percurso: o Bairro da Fi geira sa
sua prcipal razão de ser e sua sitação lógica o couto dos mecaismos. grada , o paácio de Crocom (açaão), o domíio de Raria ( área sagrada), o poço
A Srta. Harriso 82 etede por mistérios" um rito o qual são exibidos certos Calichoros, a pedra de Demeter , etc., estações que têm todas caráter agrário 87; 7 º)
etrada o iterior do recito, cuas paredes elevadas tiham por falidade, tal como
sacra que ão poderiam ser vistos pelo adorador se ão tivesse soido certa purifca
em Ateas, per os proanos de verem o que se passava o mdo sagrado; a proi
ção" Etedo por mistérios" o cojuto das cerimôias que, zedo o eófto pas
bição de etrar estedia-se aotemenos iteiro e a por pealidade a morte, p m 
sar do mudo proao para o mudo sagrado, põem-o em comuicação direta e de
fitiva com este último. A exibição dos sacra, em El êusis como a Austrália (churin- os os dias de mistérios. Em segida ltam iormações sobre os detaes d i
ga, zuidor sagrado) ou a América ( máscaras, espigas sagradas, katcinas, etc), é o
rito cu iate, mas ão costitui por si só os mistérios". Vejamos a sequêcia dos  Para os mistri?s de Eleusis utiizei o livro citado de Miss Harrison, e depois FOUCAT, P Re
cherches sur 'oge et la nare de� mystres d'Eleusis: I, L cult d Dionysos nAtqu Paris, 1895 e
II, Ls grands msrs d)Eluss Pas, 1900 D'ALVIELLA, G "De quelques problmes relati ax
mystres d'Ele_usis. d Vst. dsl, 1902, t XLV, p. 173-203 e 339-362; 1903, t XLVII p -33
 MANNHDT, W Wald-und Fidkult 2 Ed Berlim, 1904 e 141-1 3 dexo de lado, por nada terem a ver com a iniciação propriamente dita, as cerimônias dos dias
13 (partda dos eebos para Eleusis) e 14 (transporte dos sacrabira para Atenas) de Boedromio
6 AZER, JG Th GoldnBough eAdonis,Ats, Osirs2. ed Londres, 1907. Sabe-se que o cohecimento dos ritos, a direção das cerimônias, a proteção dossacra, etc, eram reserva
 REINACH, SCults, myths t rlions. 3 vols, 19061908; cf. sobretudo t I, p 85122 das a certas amílias (Eumópidas, etc.) Do mesmo modo, na Austráia, entre os Pueblo, etc, são deter
 MISS HARRISONProleomna to th study ofgrk Rlion. Cambridge, 1903 mados clãs (totêmicos ou não) que "possuem os mistérios. Sobre os instrtores (mistagogos) cf
FOUCART Op ci, II, p. 9395
 D'ALVIELLA, G u d st. s rlions,1902 e 1903
 Cf. FOUCAT Op ci, I, p 31-33 e II, p. 110-111; D'ALELLA, G. Op ci, p 354355
0 CUMONT, Fr. Ls rlions ontals ns l paganism romain Paris, 190
 HISON Op ci, p 152 e REACH, S. Op ci, t. II, p. 347362
 HARRISON, Miss. Op ci, p 155, escreve mesmo "A ordem exata dos diversos ritos de iniciação
certamente tem pouca importâcia! 6 Cf os trabalhos citados de W Elis, Codrington, etc, e por DemeterPorca, Goblet d'AlviellaOp
 p 189-190.
 Op. c i, p 151
 Cf, sobre estas duas primeiras paradas, EACH, S Op ci, t III, p 102-164
88
89
môias Sabese pelo meos que a inciação abragia 88 : a) uma viagem através de ates o reascimeto Isto i estabelecido até as miúcias por Mhardt, Frazer 94
uma sala dividida em compartimetos escuros, cada qual represetado uma região e seus discípulos, mas ão viram que estes cojutos cerimoiais são cojutos de ri
dos ineros; subida de uma escada; chegada às regiões vivamete ilumiadas e e tos de passagem, simultaeamete cósmica, religiosa e ecoômica, ã costituido
trada o megaro com exibição dos saca ; b) uma represetação do rapto de Coré,
89 seão uma ação de uma categoria muito mais vasta, que o presete livro tem por f
com elemetos descoecidos dos proaos e ão compreedidos a leda que cir alidade delimitar As sim é que a morte, a margem e a ressurreição são também um
culava etre as pessoas vulgares Esta parte correspod e exatamete às represeta elemeto das cerimôias da gravidez, do parto, da iiciação a sociedades sem fali
ções, por ocasião das cerimôias australiaas, dos atos dos atepassados do Alcheri  dade agrária, do oivado, do casameto e dos erais 95 • Admitidose que Atis mor
ga. A primeira é também quase unversal: os oviços, tedo morrido para o mudo re e depois reasce, cocebese que os ritos de iiciação çam tmbém morrer e re
ascer seu turo adorador: 1 º) este jejua, iso é, az sair de seu corpo a impureza pro
proao, percorrem o Hades, depois reascem, mas o mudo sagrado90 ; 8 ) em se °

aa; 2 ) come e bebe os saca ( tambor e címbalo); 3 ) sedo colocado em um s
° °

gda vam ritos de toda espécie, câticos, daças, procissões, a respeito dos quais so, recebe em todo o corpo o sague de um touro sacrifcado em cima dele 96, em se
ão temos normações precisas 91

guida sai do sso, vermelho dos pés à cabeça; 4 ) durate vários dias só se alimeta
°

Vêse que, em suas grades lihas, a ciação os mistérios de Eleusis corres de leite, como um recémascido. Parecese, por coseguite, que o rito sagreto,
pode, quato à sequêcia dos ritos, à s cerimôas de mesma categoria que já exami o qual habitalmete se vê o batismo o setido cristão da palavra, equato rito de
amos Esta mesma sequêcia ecotrase igualmete a dratização da morte e remissão dos pecados, segudo o testemuho de iormadores afal de cotas re
do reascimeto do oviço a iciação ao orfsmo, às sociedades regiosas da Trá
'
, , cetes ( Clemete de lexadria, F irmicus Mateus, etc), tiha a srcem um seti
ia, de Dioiso, de Mitra 92 (iiciação por etapas), de Atis, de Adôis, de Isis, etc A do direto e material, a saber, o eóto saía esaguetado do sso como o re
iiciação a ateridade isíaca" é bastate conhecida, e a passagem pelos eleme cémascido sai esaguetado do corpo mateo
tos", de que la Apuleio, exprime, aida melhor do que a viagem pelo Hades 93 a ideia Por iuêcia dos cultos asiáticos, gregos e egípcios a comuidade dos cris
de morte do eófto, porque se admitia mesmo, ao que parece, que se decompuha, tãos, a pricípio uirme, dividiu-se pouco a pouco em classes que correspodem
paraAem seguida
mesma recomporse
ideia ecotraseeaida
rmarosumritos
ovo
de idivíduo
iiciação ao culto de Atis Lembro, aos graus dos mistérios 97; os ritos de amissão complicaramse pouco a pouc o e 
ram sistematizados a ord baptismi (começo do século XI) e  o sacametári o de
primeiramete, que Átis, como Adôis e em geral as dividades da vegetação, mor Gelásio. Graças à rápida disão do cristiaismo, chegou o mometo em qu e só ha
rem o outoo e reascem a primavera. As cerimôias de seu culto comportam: 1 º) via para batizar as criaças, mas o rital coservou por muito tempo um grade ú
a represetação dramática desta morte, com tabus erários (luto, etc), lameta mero de aspectos que só cov êm a um batismo de adultos É por coseguite este
ções; 2 ) o período de margem com suspesão da vida comum; 3 ) a ressurreição ou
º °

último que examiaremos aqui. O primeiro grau era o dos catecúmeos; a etrada
esse grau compreedia: 1 º) a exsuação, com uma rmula de exorcismo; 2 ) o si °

 Cf FOUCART Op ci, I, p 4374 e II, p. 137-139 al da cruz a testa; 3 ) a admiistração do sal exorciz ado Corme se vê, estes ri
°

 Cf. sobre estes acra e seu caráter, HAISON Op. ci, p. 158-161 tos ão são mais diretos, como acotece etre algus semicivilizados, mas são já
 Por isso, dizia Plutarco: "iniciarse é morrer. Em compensação a iniciação nos mistérios órcos era aimistas, como etre certos egros e amerídios 98 ; o primeiro rito é um rito de se
" casamento sagrado ou um "nascimento sagrado.
 Não preciso dizer que nem no conjunto ne� nos dealhes a teoria _de Foucart sobe ª. srcem egípcia
dos mistérios de Eleusis me parece admissível E a necessdade de expm!r por a o as deas de pass gem
de um estado a outro que condiciona as semelhanças nas quais Foucart ve emprestmos. Como explicar a  AZER, J.G. Ani,At, Oi. 2. ed, p 229-230
exata semelhança dos ritos gregos, egípcios ou asiáticos com os dos australianos, dos negros bantos ou da  Cf. mais adiante capítulo IX
Guiné e dos índios da América do Norte?
 Cf. sobre a iniciação aos sete graus e a passagem da alma do neóto sucessivamente através das sete 6 Não isponho de espaço para discutir o taurobóleo e o criobóleo, mas parece-me que nenhuma das
eseras planetárias, as reerências e a discussão de CUMONT Op. cit., p 299-300 e 3 10 interpretações até aqui propostas poderia ser amitida, dados certos paralelos semicivilizados e o que i
zemos aqui sobre os ritos de passagem.
 Sobre estas viagens ao país dos mortos, cf. FÉLICE, L. de L :u mond, myth t lnd, l pua  Cf os trabalhos citados de Goblet d 'Alviella, S Reinach e Cumont, depois HATCH, E. Th in-
toir d aint Pac Paris, 1906, que entretanto não viu que estes mitos e lendas podem, em certs cs<s, unc of grk ida and uag upon th Chritian Church (Hibbert Lectures, 1888), Londres, 1904
ser apenas resíduos orais de ritos de iiciação, porque não se deve esquecer que, sobretudo nas cemoas e DUCHÊNE. L oin du cult chrétin. 3. ed, 1902.
de iniciação os velhos instrutores chees de cerimônias, etc., relatam o que outros membros da "soce
dade execuam. Cf etre outros �esMyth tLnd d:ali cap IMyth t Rit Para a teoria  C, sobre as srcens destes ritos animistas, HTCH Op. ci, p 20, nota 1 e REACH, S Op. ci,
geral, c o capítulo VIII do presente volume t. II, p 359-361 (brnuntiao).

90 91
paraçã  segund simultaneamente separa e agrega, equivalend à marcaçã era a bebida dada as recém-nascids, sem dúvida antes da apjadura da mãe. O
( y) ds mistéris gregs e d cristianism primitiv 99 ;  terceir rit é um renasciment" era marcad fnalmente pr uma prcissã ds batizads, que leva
rit de agregaçã, de acrd sbretud cm a prece que  acmpanha 100  Ve e vam círis acess, a Grande Luz, que lembrava a ds mistéris gregs e em td
segida  períd de margem  catecúmen, d mesm md que  inciad s cas indicava que s mrts" tinham nascid para a luz d verdadeir dia".
pequens mistéris , pde assistir às assembleias religisas, tem um lugar e special da Tal é a encenaçã d ritual rman. As mesmas ideias e a mesma sequência en
igreja, mas deve retirarse antes d cmeç ds verdadeirs mistéris (mi ssa). Era cntram-se n ritual galican. Cntud, nã se deve esquecer que tda e sta sistema
submetid perid icamente a e xrcisms, de maneira a separá-l cada vez mais d  tizaçã d ritual d batism é relativamente recente e que ns primeirs séculs s ri
mund nã cristã. Era instruí d prgressiva mente, abriam-l he  s uvids". e ts eram mens numerss e mens cmplicads. Huve pdersa inuência d
pis de um últim exrcism vinha a eta:  padre, tend umedecid  ded de gnsticism, que também pssuía graus e rits de iniciaçã prgressiv s, que se in
saliva, tcava  lábi superir e as relhas de cada catecúm en; s candidats des cluem em nss esquema ds rits de passagem 106  O batism cristã primitiv cm
piam-se, eram ungids cm ól e cnsagrad nas cstas e n peit 101 renuciavam ,
preendia 1º) um jejum 2 °) uma imersã u aspersã de ága cnsagrada. Pr utr
a satanás, juravam ligar-se a Crist e recitavam  Credo. É  fm d períd e mar lad, segund s lugares e as épcas, ram acrescentadas à sequência ndamental
gem, que cmpreende a mesm temp rits de separaçã e rits preparatóris de tdas as espécies de rits de detalhe (de purifcaçã, de exrcizaçã, etc.), sb a in
agregaçã; a duraçã deste períd nã era limitada;  indivídu pdia permaec er uência de crenças e práticas lcais
nele até a véspera da mrte. E m se gida vinham s rits de agregaçã prpriaente Seria cil ainda mstrar cm  ritual da missa é c nstituíd pr ma sequência
dits. Benzia-se a á ga 102, aspergia-se  catecúmen, que se trnava assim renera- de rits de separaçã, de margem e de agregaçã. A única distinçã teórica entre a
tusreconcebido, de acrd cm s própris terms da raçã prnunciada pr oca iciaçã e a missa é que e sta é uma iniciaçã peridicamente renvada, assim cm 
siã d rit seguinte 103  Os batizads tiravam suas rupas para vestir utras, bran sacrici d soma na Índia védica e em geral s sacricis que têm pr bjetv asse
cas, cm auxíli ds padrinhs e madrias 104  Reuniam-se diante d bisp, que s gurar  curs nrmal das cisas tant cósmicas quant humanas.
marcava" cm  sinal da cruz, rit evidente de aprpriaçã à divindade 105 e de Cm se sabe, a admissã a islã é eita pela circuncisã e recitaçã da fatiha.
agregaçãDepis
muã. à cmunidade ds féis. Sdemente
diss davam-lhes entã
beber uma s neófts
bebida erampucs
cnsagrada admitids à c 
instan Entretant,  estd dethad de narrativas de célebres cnversões e  das variações
d ritual da circuncisã entre as diversas ppulações muçulmanas mtraria que ns
tes antes, eita de mel, á ga e leite, e que Usener aprxmu, errneamente segund lugares nde há tendência para um desenvlviment rital, pr exempl na Ásia Me
Duchêne, ds mistéris de Dinis, e a prpósit da qual bserv sbretud que nr, Cáucas, Ásia Central, Índia,  esquema tripartite aqui expst distin gese
i galmente.
Encntrase ainda a mesma sequência pr casiã da passagem de uma religiã
 Cf HCH. Op. ci, p 295 e nota.
1 DUCHÊNE Op. ci, p. 296297
para utra, cnsistind entã  rit de separaçã na abjuraçã 107 • Quand d retrn
1 1 Cf. o rito Pueblo acima citado, p. 8, e a sequência na extrema-unção, que é um rito de passagem do
à religiã primitva, pr exempl n ritual cristã da pentência,  penitente era cn
mundo dos vivos cristãos ao dos mortos cristãos siderad um cristã que, pr um mtiv u utr, perdeu sua niciaçã e se esrça
1 C DUCHÊNE Op ci, p. 3, 32, e DIETECH Mur Erd, p 45, cua interpreta pr recuperála. A instruçã religisa e s exames eram substituíds pr exercícis
ção sexual direta deve ser completada pelo to dos catecúmenos, assim como a criança brâmane, estarem ascétics": nã casar-se, rmper  casament cncluíd, demitir-se de suas nções,
mortos e deverem ser novamente concebidos  Observe-se que nas mais antigas igrejas cristãs o batisté
rio encontrava-se ra da igreja, de tal sorte que até a Idade Média os catecmenos, penitentes, re austeridade alimentar e suntária; em resum,  penitente era muit mais separad"
cém-nascidos e os recentemente batizados deviam permanecer em uma região liminar. Aliás, os templos d mund pran que  catecúmen. A penitência terminava pela impsiçã das
de todos os povos possuem assim um pátio, um vesulo, um paramento que impede a passagem brusca mãs eita pel bisp, pela cssã pública d penitente, que, em seguida, devia t
do prono ao agrado.
1 O verbo rnrar deve ser tomado em sentdo literal. mar lut u retirar-se para um cnvent, e neste cas a cerimônia de reagregaçã à
1 Nas perguntas eitas ao padrinho e madrina,
à e em suas respostas, é que melor se caracteriza a
destação primordial de todo este ritual. E conveniente comparar, deste ponto de vista, o ritual ortodo
xo com as práticas dos eslavos modeos. Não disponho de espaço para um estudo do parentesco especi
criado pelo apainhamento nos ritos de iniciação semicivilizados ou cristãos. 1 Cf entre outros D'ALVIELLA, G. Op ci, p. 45-46
1 Cf, sobre a passagem da condição umana à condição divina, FAELL Evoluon of lion. 1 Sobre o rital da abjuração do Islã, cf MONTET d l Hist ds Rel  906, t. LIII, p 45-63 e
)

Londres, 905, p 49; EINACH, S Op ci, t I, p 27. EBERSOLD. Ibid t LIV, p. 230-23.

92 93
comunidade dos féis compreendia a admoestação, uma oração de reconciliação" e, Nas cerimônias católicas de fiaçã o a uma ordem religiosa há sempre uma parte
na Espanha, a cerimônia daindulentia 108 •

que permanece fxada uma vez para sempre conorme o ritual, romno, gacano,
Passo aos ritos de iniciação às conrrias regiosas. Dexarei de lado as cerimônias etc., e uma parte que varia com a ordem religiosa. A ssim, a entrada nos carmelitas in
de entrada nas co rarias budistas, para as quais existem documentos cilmente aces clui ritos de nerais seidos de ritos de ressurreiço.
síveis 109, e citarei a da entrada na seita dos Sikhe11 0 • Consagra-se, por meio de pr eces,  virgens e prostitutas sagradas para entrarem em sua nova sitação subme
á a açucarada, que é mexida com um pequeno pual. Joga-se e sta á a na cabeça e temse também a cermônia s construídas de acordo com o esquema dos ritos de pas
nos oos do neófto, que bebe o resto. Depois come, juntamente com os consagra sagem. Ei s primeiramente a sequência na consagração das vir gens católicas, segundo
dores, uma espécie particular de pa sta. I sto regenera o neófto", que, respondendo o Pontifcal Romano11 4 : 1 º) trazem-se as virgens reve stidas do hábito do noviciado,
às perguntas eit as, deve dizer, qualquer que seja sua nacionalidade, que na sceu em sem véus nem mntos nem capuzes"; 2 °) acendem seus círios e ajoeam-se duas a
Patna, que mora em Aiwalia, lugar de nascimento e residência do ru Govd duas; 3 °) três vezes se idas o pontífce dizhes: v de, e elas se aproximam dele em
Singh, que é fho de Govd Singh, o último dos dez grs dos Sikhe. Nas ce rôni três etapas; 4 °) colocamse de pé em círculo, e depois cada uma vem prometer-he
as de inciaço à seita chamar do Sinnârâyan há um noviciado de cinco dia s, após o consagrar sua virgindade; 5°) o pontífce perguntaes se aceitm ser abençoadas,
qual o neófto lava o dedo grande do pé do ru e bebe a á ga, distribuindo bolos aos consagradas e udas como esposas de N.S. Jesus Cristo": Queremos"; 6 °) o bispo
membros da conraria. lém disso queima-se cânora m, etc. canta o Veni Creator Spirituse benze os uros hábitos das virgens; 7°) despem seus
A iciação às conrarias muçumanas é chmada em Marrocos ouird, descida ao hábitos ordinários e vestem os outros; 8 °) o bispo benze os véus 11 5 em seida os,

bebedouro, to de dessedentarse, e o ato de beber ou de ingerir um líquido ou de anéis, e depois a s coroas; 9 °) as virgens cntam:  Desprezei o reo do mundo e todo
recebêlo na boca é aí, com eeito, o principal rito de agregação. Para fliarse à ordem ornamento do século [... J meu coração já não se contém mais, é ao rei que sou devo
dos Ai ssaua o neófto abre largamente a boca e três vezes seidas o chee da cerimô tada. Aquele que vi"; 10 °) o pontífce reza e depois recita o vere dnum [... ]; recoloca
a cospee na garganta. A este rito centra acrescentam-se outros 112 •
a mitra e diz: ''vinde, ama querida, sereis meu trono, o rei procurou vossa união";
O ahd, ou rito de iniciação, no Ciro, sedo Lane, é aproxadamente o mesmo 1 1 º) avançam duas a duas, ajoelhmse e o pontífce coloca o véu na cabeça de cada
para as dierentes conrarias. O noviço senta-se no chão diante do xeque e ambos dão a uma, zendoo descer pe los ombros e no peito e o abaixa até os o hos, dizendo: rece
mo direita, levntndo os polegares, que aperta m contra o outro, tendo a mnga bei o véu sagrado como prova de que desprezastes o mundo e que [ ...  os constitís
do xeque recobrindoe as mãos. O noviço repete após o xeque um certo número de tes em esposa d e Jesus Cristo"; 12 °) já recobertas com o véu, chama-as: ''vinde cele
vezes l as rmulas consagradas. Depois o novo iniciado beija a mão do xeque. brar voss as núpcias, etc.", e coloca o anel no dedo anular da mão direita delas, dizen
Estes ritos são idênticos aos do contrato de casmento, exceto o to das mãos do noivo do: Eu vos uno, etc."; 13 °) a mesma cerimôna é ita com a coroa; 14 º) cntos li
e do representnte da noiva serem escondidas embaxo de  lenço. As rmulas são túrgicos, orações, aleluia, comunhão, bênção, e, nos conventos cujas monjas têm o
juríicas e o noivo só beija as mos dos assistentes se r de condição social inerior 11 3  direito de começar as horas canônicas e de ler o ocio na igreja, entrega riual do Bre
viário; 15 º) fnamente, entrega das virgens consagradas à abadessa. As ideias postas
em ação aqui são as se gintes: a separação com relação ao mundo prono, eita pela
1 DUCHESNE. Les oriines du culte chrétien.3. ed, p 434-445. mudança de hábito e pelo uso do véu; a agregação ao mundo divino, por um casa
1 C entre outros OLDENBERGLe Bouddh, s vie s cne, s co unut 2 ed Pars, 902; mento com Je sus Cristo, uma vez que o anel e a coroa são também objetos rituais do
sobre os rtos de nicação na seta budsta chnesaamaaLunghw, cf. DE GROOTectrinis nd
relious persecuon in Chin, t I sterdam, 903, p 204-220 casamento secular. Convém notar que os ritos de separação põem u termo à mar
11 OMN, J.C. Cults, cuss, supeonsIndi of Londres, 908, p. 95 gem (noviciado), marcada pela semirreclusão, havendo reclusão completa após a
111 Census ofndi 1901 Ethnographcal appendices, Cacutá, 903, p. 7 3-4 Um guru é uma espé consagração, e o noviciado, como a con sagração, assinalando também o ato de sepa
ce de padre, de diretor de conscênca e de moral, de coessor; lembro que na Inda não há clero organ rarse materialmente ( convento, grade, etc.) do mundo pr oano.
zado e herarquizado.
11  Cf. MONTET "Les conréres relgees de l'Islam marocain  de Hst s Rel,902, t
XLV, p ; cf. ainda DOUÉ. Meâkech p 03, nota 3. Sobre a saliva como rto de agregação, 11 MIGNE ncyclédie théoloique, t XII. BOISSONNET,Diconnire des céréonies e t des rites s
HARTLND, S.Lend ofPerseus, t II, p 258-276 : mas cuspr em alguém é às vezes um rto de sepa crés (t. III),
col. 539-563.
ração. NASSAU Fetishis in est Aic. Londres, 904, p. 23 e de expulsão da comundade
TSGESJourn -lore o, N. Ser., t II ( 908), p 85. 11 Não exste descrção antiga destes rtos; em todo caso este velamento não tem nada com o véu,
substtuto da pele do carnero romana que se estenda por cima dos esposos na ocasão do casamento crs
11 LNE, EW Mnnersndcussofthe odegyptins,ed de 895, 8 , p 252-253 e 74-75
°

tão prmtivo

94 95
Não temos inormação pereita sobre o ritual da consagração das prostittas sa cerca de quarenta nobres de posição elevada pra serirem de testemunas Dois ce
gradas da Antiguidade 11 6 • Por isso mencionarei al s ritos indus Na casta dos kai es idosos aditam-se, tendo entre si o jovem, e o mais veo proclama em voz alta o
kôlans músicos, de Coinbatore, pelo menos uma moça de cada míia deve dedi nome e os títulos do antepassado que o pai deseja dar ao flo, sendo comumente os
car-se ao serviço do templo como dançarina, executante de música e prostituta A pri do avô O consentimento dos assistentes exprimese por pamas e gritos. Nova distri
meira série de cerimônias equivale ao noivado e a se da série ao casamento: o tali buição de presentes aos assistentes, e, se o pai é rico, aos plebeus que acorreram como
( equivalente do nosso anel) é amarrado ao redor do pescoço da moça por um brâma curiosos Depois vem a reeição em comum e o jovem não é mais conecido senão pelo
ne como se z no noivado e no casamento O tio materno amarrahe uma ixa nome e pelo títo assim adquiridos Como se vê, á aí a rmula semicivizada de
dourada em redor da testa e colocaa sobre um tablado diante das pessoas Por oca cerimônias que ram minuciosamente elaboradas em outros lugares, como na Europa
sião do primeiro coito coloca-se primeiramente um sabre durante al s minutos en Medieval (c. a semelnça com o velar das armas e o noviciado), no apão, J etc s
tre as duas pessoas, rito nupcial muito dindido na Índia Em suma, as cerimôas marcas exteriores são aqui as armas, a que correspondem para as classes totêmicas a re
de consagração à divindade só dierem em pequenos detahes das cerimônias nupciais presentação do totem, para as classes de idade e sociedades secretas as escarifcações, as
ordinárias O mesmo se z entre os kaikôlns tecelãos 1 7  Nas cerimônias de consa tatagens, etc A imposição dos brasões, ta como a marca totêmica, etc, é claraente
gração das basavis (prostitutas sagradas) do distrito de Beary, uma espada, repre um rito de agregação, do mesmo modo que "a marcação dos mistérios, só variando
sentando o noivo ausente, é colocada ao lado da noviça sentada, e ela seguraa com a as rmas se do os povos e o gênero de agrpamento restrito 1 2º.
mão direita Depois de vários ritos, levantase e vai depositar a espada no santário A sitação de pertencer a uma casta é por defnição ereditária lém disso, a cas
do deus Quando se trata de uma dançarina sagrada o noivo é substitído por um ta é profssionlmente especializada e cada indivíduo tem um lugar determinado em
tambor, e ela se inclina diante dele As basavis são ligadas pelo tali e tatadas com o uma ierarquia precisa 121 • Assim, a agregação à casta só se apresenta em condições
tcakra (disco rado no centro) e com uma conca 118 (turbinela rapa) . defnidas: 1 º) agregação da criança; estas cerimônas incluemse na categoria das ce
Classes, castas e profssões Apesar de a condição de pertencer a esta ou àquela rimônias da inncia estdadas no capítulo V Não é preciso di zer que a utilização ri
casta ou classe social ser ereditária assim como também pertencer a tais ou quais tual dos instrmentos especiais da profssão tem neste caso um lugar portante
grpos totêmicos, mágicoreligiosos, etc, é raro que a criança seja considerada mem Não é mais, como acontece nas populações sem castas, um rito simpático, mas um
bro propriamente dito, "completo, desde o nascimento Em idade que varia se  verdadeiro rito de agregação do indivíduo a uma coletividade delimit da; 2 °) não se
do as populações deve ser agregada, medinte cerimônias que se distinguem das que pode passar de uma casta inerior a outra, superior, mas somente ir do ato para bai
ram á pouco mencionadas pelo to do elemento mágico-religioso ser nelas me xo Segue-se que os ritos de agregação ou se simplifcam ou mesmo giram, porque a
nor, sendo pelo contrário o elemento político-jurídico e social geral o mais importan onra é eita à casta inerior e não aos recém-cegados  Por outro lado, algas cas
te Entre os Lekugnen da Colúmbia Britânica 11 9 á quatro classes: cees (eeditá tas em certas regiões da Índia são primariamente tribos Neste caso os ritos de agre
ria), nobres ( ereditária), plebeus e escravos Há endogamia de classe, protocolo rí gação parecem abstrair da avaliação eita com base na casta, para guardar apenas os
gido para a vida cotidiana (lugar na mesa, etc) A condição de pertencer a tal ou qual caracteres das cerimônias realizadas em outros lugares dierentes da Índia para a agre
classe é assinalada pelo nome, daí a cerimônia da denominação, sempre posterior às gação de um estrangeiro ao clã ou à tribo 122 ; 3 °) nalmente, os ritos de separação de
cerimônias da puberdade O pai organiza um grande estim, e, estando reunidos to sempenam aqui um papel importnte, embora o elemento consciente e voluntário
dos os convidados, conduz o lo, acompanado dos padrinos, ao teto da casa (o possa estar ausente Cada casta é separada das outras por tabus, e basta tocar um indi
interior é cavado no cão), depois canta e dança um dos cânticos e danças da aília. víduo de uma casta inerior, comer com ele, deitar-se em sua cama ou entrar em sua
Vem em seguida a distribuição de presentes em nome dos antepassados O pai pede a
0 Desenvolverei isto em meu trabalho "Débuts du Blason C por enquanto meérldstn d l
 Não me ocupo aqui da prostituição sagrada temporária (Mylitta, Heliópolis, Antis); c HR rqu d prétéParis: Revue Héraldique, 1906
TLND, H.S.At th tpl fMyltAnthropologic Essays, presented to EB Tylor. Oxord, 1907,  Consultese, sobre a teoria das castas, BOUGLÉ, C Essssur l  ds csts Paris, 1908
p. 189-202.
 Para casos deste gênero (reeição em comum, ri to de agregação alimentar especial), c RISLEY
 THURSTON, E Ethngrphc nts n  uth Ind Madras, 1906, p 2930. Bngl Calcutá, 1896, t. II, p
Th bs nd css f 41, 49, etc.  Lembro que a agregação à casta pode
 Ibid., p. 40; cf. ainda p. 41. azer-se ainda pelo casamento Nas tribos das Nilghiri His, a moça muda de casta com o casamento, de
  HILLTOUT, C "Reporton the Ethnologyothe South-Eastern Tribes oVancouverIsland, Bri onde a cerimônia chamada "o sso tribal As mueres da tribo preparam uma reeição para a qual con
tish Comia"JuAnthr Inst, t. XVII (1907) p. 308-310 vidam a noiva, e deste modo separamna de sua casta primitiva, admi tindo-a na nova casta.

96 97
csa pr ser utomticmente expulso d própri csta, sem com isso, liás, tornrse um maem que o indivíduo tem de trvessar ntes de chegr à plen stisção de
gregdo à cst do indivíduo que se tocou. Acontece equentemente neste cso, por sus necessiddes em um país, em um époc e em um profssão determind 126.
exemplo em Bengl 12 3, que o indivíduo expulso d cst se toe muçmno por A clsse dos brâmnes, dos nscidos dus vezes", mrc  trnsição entre  c st
que o i slã, pelo menos em teor i e em l s regiões d Índi, não dmite  hierr e  profssão mágico-scerdotl. O termo nscido dus vezes" indic clrmente o
qui ds csts. D mesm mneir, indivíduos de tods s csts podem entrr ns verddeiro ppel dos ritos de pssgem, no sentido de que o brâmne que pertence à
corris religioss budists verddeirs ou ns seits", que são um meio-termo, e su cst pelo n scimento e é gregdo  el por ritos d innci soe em seguid ce
em dversos grus, entre o dsmo, o brmnsmo, o buismo e o islã, como o ry rimônias de iniciação, ns quis morre pr o mndo nterior e rensce no mundo
smdj, o sinârâyni, etc. novo, e que e dá o poder de se entregr  tividdes mágicoreligioss que deve ser
Por fm,  entrd ns profssões supunh entre nós cerimônis especiis, que sua especiidde profssionl. Sendo um pdre-nto, não se pode lr d ordenção,
compreendim l s ritos pelo menos de ntrez religiosa, sobretudo, qundo s no sentido ctólico, do brâmne 127. Ms, pesr do que pens C. Bouglé 1 2, o novici
corporções concidim com conrris regioss de cráter especil. A prendz do e  icição são necessários, sobretudo por cus d importânci ds rmuls e
gem outror, qundo não era um seprção do meio nterior, terminv por ritos de d mneir just de pronunciá-ls" no ritl brmânico. Nscese brâmne, ms é
gregção ( reição em comum, etc.). Como se sabe, o recrtmento ds corpor preciso prender pr gir como brâmne. Em outrs plvrs, no interior do mundo
ções er estritmente regulmentdo. Contudo, não se deveri crer que em nossos sgrdo no qul o brâmne vive desde o nscimento há três comprtimentos, um pre
ds tenhm desparec ido tods s brreir s no interior ds mesms profssões ou o minr, até  upanayama(introdução junto o preceptor), outro lminr (novicido)
cios, ou entre os diversos ocios e profssões. Os obstáculos opostos à pssgem sem e o último pósliminr (scerdócio). A sucessão desses períodos para o brâmne é
dúvid nd têm de ritl, ms convém entretnto dizer qui ls plvrs  e ste idêntic à que tem lugr pr um ho de rei semicivilizdo, um e outro evoluindo
respeito porque est nov rm corresponde à tendênci de que tmbém os ritos de sempre no interior do mundo sgrdo, o psso que um não brâmne ou m negro
pssgem são expressão, porém em outras bses. Assim, o judnte ( judnte de r qulquer não evoluem, exceto durnte períodos especiis (inicição, scricio, etc.),
reiro, judnte de mrceneiro, etc.) tende  permnecer judnte tod  vid, sem po senão no interior do mdo prono.
der pssr, sejm quis rem sus ptidões pessois, exceto em ocsiões excepcionis As cerimônis compreendem 2 9  tonsur, o bnho,  mudnç de roups,  to
(pelo csmento l as vezes), pr  secção djcente (erreiro, mrceneiro, etc.). mad de posse do corção,  mudnç do nome, o perto de mão. A crinç está mor
A rm  gd dest tendênci mniestouse muits vezes nos Estdos Unidos, em t. O noviço (brahmacârin)está submetido  tbus de tod esp écie. É instrído n li
rm por exemplo de lut entre os judntes de pedreiro e os pedreiros, qundo es tertr sgrd e prende s rmuls e os gestos. A união d crinç e do preceptor
tes últimos proibim os judntes servirem-se de seus instrumentos 2 4 (coer de pe  identifc-se  um csmento. Em seguid o preceptor concebe", no momento em
dreiro, etc.). Conorme C. Cornelissen 25, est distinção não depende ds ptidões que coloc  mão sobre o ombro d crinça. No terceiro di, qundo recit  savi, 
pessois ( rç, hbilidde, etc.), ms de um espécie de pressão trdicionl que obri crinça renasce. Segundo outros textos o nscimento do brâmne ocorre no mo
g o indivíduo  não progredir senão n estreit secção onde começou. O indivíduo é mento em que o scricio se inclin pr ele". ssim, o contrário do que i obser 
prendiz de judnte de pedreiro ou prendiz de pedreiro, e tod  vid ulterior de do ns cerimôias de inicição austrlins, congoless, etc.,  morte do noviço não
pende deste primeiro psso. M s no interior dos ajudntes ou dos compnheiros ps dur todo o tempo do novicido. A do brâmne prolong-se té um momento cu
sse com muit cilidde de um vst ctegori  outr: de judnte de pedreiro  époc os textos não defnem com precisão. Vem em se gid  cerimônia do retor
judnte de tlhdor de pedrs, de crpinteiro  mrceneiro ou  ebnist. Por outro no" (samâvartna). O noviço de spoj-se ds insígnis do noviciado (cinto, bstão,
ldo, se exminrmos todos os níveis do slário levndo em cont todos estes tores pele de ntílope), jogndo-s n á g. Bnh-se e veste seus vestidos novos B Ei-lo 0•

verifcase que o scil entre dois extremos, mínimo e máximo, e que ind qui exste
6 Ibid, p 658
 C BUOUF . Essai sur le Veda,p 2 83-285 e BOUG L É . Reime des cs,p 73-76
  Ibid, p 77 Mnha interpretação concla os pontos de vista de Burnou e de Oldenberg
 Cf. GENNEP, A van "Pourquoi on se it musulman au BengaleReue des Idéesde 15 de dezem
bro de 1908, p. 549ss.  Cf OLDENBERG La relion du Pars, 1903, p 399-402.
124 Bull Bur. ofLabor,nov 1906 Wash., p 746-747  C OLDENBERG Op. c, p 350. Para outros detalhes, cf. HENRY, V. La magie dans /n an-
tique Pars, 1904, p 84-85, etc
 CON ÉLISSEN, C. The du saire et duwavail salaéParis, 1908, p  1 73-201.

99
98
ento novamente agregado à sociedade sagrada geral, por se ter separado da margem, bispo consiste em ministrar o casamento. O bispo é eleito pelos padres; separação se
que também é sagrada xu durante dois meses; batismo, explcação em público dos livros sagrados; assis
Não insistirei sobre o noviciado e as cerimônias de ordenaço dos padres cató tência (rito obrigatório) à morte de um bom subba", que se encarrega de uma mn
cos e ortodoxos Nelas se reconhece a mesma sequência de ritos de separaço, de sagem para a divindade Avather; três dias depois, oraço por este morto; bênço
margem e de agregaço, mas sistematizada segundo diretrizes próprias 13 1 . A tonsu (rito obrigatório t bém) do casamento de um padre; o batismo de todos os padres
ra", que é ao mesmo tempo um rito de separaço e de agregaço, do mesmo modo é o rito fnal 133 
que a tomada do v éu, porque é um sinal permanente, constiti no ca so o rito princi Com a niciação do mago entramo s em uma categoria de tos de caráter híbrido
pal Uma vez ordenado, o padre deve dizer sua primeira missa e este ato rital em al Com eeito, os magos, exceto no noroeste da América, se rmam numa espécie de
gns casos as sume também a rma de um casamento Muitas vezes combinase com classe ou mesmo de casta, no so submetidos a ritos de unio a determinado grupo
ritos nupciais locais, como se dá em certas comunas do Tirol 32 • A Igreja neles é per
1 humano Mas têm de agregarse ao mundo sagrado, o que só se pode zer pondo em
sonifcada por uma moça, irmã ou parenta próxima do padre, tendo de 8 a 12 aos ação o esquema dos ritos de passagem.
Como se sse uma noiva comum, as pessoas tent roubála", isto é, conduzi-la Quanto aos austraianos, remeto o leitor às ntes citadas em ma monografa de
para uma ho spedaria dierente daquela em que está preparado o banquete de núpcias Mass 134 , onde se verá que o mago atraino muda de personaidade, às vezes a pon
consecutivo à primeira missa Do-se tiros de espingarda, estouram-se bombas, can to de morrer para ressuscitar em seguida ( extraço de órgos, viagem em soho a um
tase canções nupciais, mesmo eróticas, embora por ocasio da reiço a presença outro mndo, etc). Oxamã url-altaico135 : 1º) desde a idade jovem é nervoso e irritá
dos padres amigos do cura e de seus ajudantes ou padrinhos seja de natureza a acal vel; 2 ) é possuído" em diversas ocasiões por espíritos ( alucinações, bias, eplepsia,
°

mar o entsiasmo ritual As autoridades eclesiásticas, por outro lado, consegiram  transes, catalepsia, etc), de onde a ideia de mortes temporárias; )3retira-se para a o
°

zer desaparecer este costume em algumas dioceses, costmes que se mantêm entre resta, a solido, a tudra, etc, submete-se a diversas privações, a um enamento psi
outras na de Salzburgo cológico e neuropático; 4 ) aparecem-he cada vez com maior equência espíritos, an
°

Creio que exstem poucos grupos atuais a possuir um ritual tão exato do puro e tropomórfcos ou anmais, iigos ou protetores, isolados ou numerosos, que lhe en
°
do impuro quanto os Subba ou Sabeano dos arredores de Bagdá Por ocasio da pas sinam as coisas do ocio, etc; 5 ) ou então o xamã morre e sua alma vai para o país do s
sagem de um dos graus eclesiásticos a outro, o batismo desempenha um papel impor espíritos, dos deuses, dos mortos para aprender a topografa desse paí e assar os
tante, assim como em toda a vida dos noviços, diáconos, padres e bispos O noviço conhecimentos necessários a fm de domar os maus espíritos e trasrmar os bons em
deve ser fo legítimo de padre ou bispo, no possuir deito corporal Sendo julga ses ajudantes; 6 ) o xam retoa à da, renasce, depois entra em sua casa ou vai de
°

do digno, depois de um exame, recebe um batismo especial, estuda dos 7 aos 19 anos adeia em aldeia, etc Finalmente, to importante, mas no distntivo do xamanismo, a
e depois é ordenado diácono Ao cabo de seis meses ou um ano, se o povo reunido xamanzaço" ou conjto dos atos do xamã por ocasio de uma cerimôa compre
quiser, é ordenado padre Fechamno em uma cabana eita de caniços No deve ende a mesma sequência: transes, morte, viagens da alma ou outro mundo, volta, apli
manchar-se nem dormir durante sete dias e sete noites Troca cada dia de roupa e caço ao caso especial (doença, etc) dos cohecentos adquiridos no mundo sagra
deve dar esmolas ''No oitavo dia etuamse seus nerais porque é considerado do É, portanto, m equivalente exato do sacricio de tipo clássico
morto Depois disso vai ao rio acompanhado de quatro padres que lhe ministram o Eis agora a iniciaço de umpiayeCaraíba: 1º) vai viver com um veho" às vezes
batsmo" Durante os sessenta dias seguintes baha-se três vezes por dia Se tiver uma durante dez anos, até os vinte e cinco ou trinta anos submetese a provas, a um jejum
poluço notua deve recomeçar o dia, e os dias em que a me ou a muer têm sua prolongado, etc; 2 ) os antigos piayes reúnemse, cham-se em uma choupana, chi
°

menstruação no lhe so contado s tbém, etc Desta maneira, para alcançar o s ses coteiam o noviço e obrigamno a dançar até cair deslecido; 3 ) zem-no esvaziar
°

sena dias livres de toda mácula, é preciso às vezes quatro a cinco meses Tabus ali o sangue" por rmigas negras, obrigam-no a ir acima e abaxo" rçado-o a beber
mentares; esmolas O ato especial do padre consiste em ministrar o batismo O do
 SIOUFFI, N Étud u la lion  Soua, p 667
 MAUSS, M VOin pouvoi magiqu dan l ociété aulinn.Paris, 1904
 C, entre outros, BOISSONNET Op ci, col 98103 e co 1031043, as "ordenações ge 5 Este esquema é a substância de vários capítuos d e um ivro há muito tempo em preparaçãosbreL
rais que correspondem às circuncisões, casaments, etc, m�tipas sincrônicas Para os graus e o ritual Shamanim chz l pulation d FEu t d l �i ptnional,sobretudo de acordo com os docu
antigos (romano, galicano e oriental), cf DUCHENE. Op c, p 344-378 mentos russos, nandeses e húgaros Não é preciso dizer que as variações de detalhes entre os diversos
2 KOHL, Fr Di Ti ol Bauhochzit.Viena, 1908, p  781  povos são consideráveis

100 101
suco de tabaco; 4 ) é submetido a um jejum de três ano s, progressivamente menos ri
º
te ao seu predecessor . Em ambos os casos, tal como na iniciação e na ordenação, há
goroso, e absorve, de tempos em tempos, suco de tabaco  ; o sentido interno desta
1 6
entrega e apropriação dos sacra, aqui chamados elia:tambores, cetro, coroa, relí
sequência de rito depreende-se das descrições de Von den Steinen: 1 ) e tenua-se e

º
quias dos antepassados" , cadeira especial, que são ao mesmo tempo o sinal e o re
14

hiperestesia-se o noviço; 2 ) adormece e morre; 3 ) sua alma sobe �o ceu e depos


° °
ceptáculo da potência realmágicoreligiosa.
desce; 4 ) desperta e ressuscita piaye 7 . Entre os Warundi da rica Orienta
º 1
O período de margem é também encontrado neste caso, em rma de preparaçã <
alemã  o indivíduo tornase kiranga (padremago-eiticeiro): 1 ) por herança e or
1 º
e de retiro, com tabus de todo gênero e instrução especial, às vezes desde a i ncia. E
denação; o pai ou a mãe, antes de morrer, entrega a lança sagrada ao flho ou à flha o equivalente do noviciado. Um outro perdo de margem é o que trascorre entre a
mais velha; 2 ) por ter sido atingido pelo raio; 3 ) por uma vocação súbita: durante
º °
morte do predecessor e a subida ao trono do sucessor. É marcado na vida geral pela
uma das cerimônias da lança" um rapaz ou uma moça levantase de repente, colo suspensão da vida social, de mesma natureza que a dos noviços, a respeito da qual 
case diate do kiranga ofciante, ou meor, diante da lanç a sagrada, curvase na di laremos mais adiante.
reção dele ou dela, contempla-o ou olhaa fxamente com toda a energia de seu ser a é Recorrendo a descrições detahadas veremos cilmente que também neste caso o
que ele (ou ela) comece a tremer e caia fnalmente deslecido, como morto [ ...] De esquema proposto é válido , e não citarei senão dois casos, o da entronização do araó
14

ta-se a pessoa deslecida em uma e steira, transportase a pes soa com precaução para no Egito Antigo e o do hogon dos Nabbé na bacia do Níger . Nesta mesma categoria
sua casa, onde dorme três a quatro dias. Quando a pessoa voltou a si, daí em diante incluem-se as cerimônias da investidura, da entrega temporária dos poderes, etc. nda
está consagrada como sacerdote ou sacerdotizaesposa do deus. Chama-se os vizi aqui o mecsmo é condicionado pelaseparação com relação ao meio anterior e agre
nhos e vizinhas, az-se a cerimôa da lança" e o novo kiranga preside e ofcia pela gação progressiva ou imeiata a m novo meio, na srcem o meio sagrado.
primeira vez. Por con seguinte, pnose, morte, margem e res surreição. Esta ideia da Eis a sequência dos ritos por ocasião da entronização do raó, segundo a exce
orte momentânea é um tema geral da iniciação mágica assim como da iniciação re  lente monografa de A . Moret  . O turo raó nascia deus 5. Contudo, entre seu
1 14

ligiosa", observam com razão Hubert e Mauss que citam tos Esquimó, Chame,
139
nascimento e o momento da entronização devia ter perdido o caráter sagrado absolu
gregos, indonésios, melanésios e norteameríndios do mesmo gênero . A nós impor to porque o primeiro rito o tornava puro", isto é, o reagregava ao mundo sagrado e
ta-nos verifcar no detalhe destas cerimônias uma sequência idêntica às de muitas ou o reidentifcava com os deuses, entre outras coisas pela amamentação eita por uma 146

tras passagens de um estado para outro. deusa. Depois, o rei reinante apresentavao ao povo, tomavao nos baços e zia os
Tudo quato acaba de ser dito com relação aos sacerdotes e magos aplicase passes que dão o uido da vida. O rito segute consistia em dar os nomes reais, sa
igualmente ao chee e ao rei, cuo caráter sagrado, e às vezes divino, i bemposto grados e ivinos, e a assistência proclamava os nomes e ttulos do novo araó, e depois
em evidência por J .G . Frazer 0 . Por isso, as cerimôas de entronização ou de con
14 141
dispensava-se com grandes gritos e saltos (rituais ?) e era levantada a lista dos nomes e
vocação apresentam a maior semelhança nos detalhes essenciais e nas sequências com títuos a fm de que ninguém a ignorasse. Em seguida o rei proclamado recebia as
as cerimônias de ordenação. É possível considerar dois casos: ou o sucessor é entro coroas dos chees das c asas divinas", isto é, dos deuses, coroas mantidas por uma fta
zado enquanto o predecessor ainda está vivo ou só o é depois da morte deste último. sagrada. Ao mesmo tempo eram-e entregues as outras elia (gancho, chicote, ce
Às vezes mesmo a sucessão só se abre por um rito e special em que o sucessor dá mor- tro). Vinha em seguida a reunião das duas regiões" (Egito do Sul e do Norte) por
suas deusas que as transmitiam ao novo raó, o qual tomava posse delas mediante
6 ITAMoeurs des Suvesquns Paris, 1724, t. I, p. 3 30- 334; cf. nas páginas seguintes
outras descrições (Moxes, etc. ).  Cf. meu bou, ot Md, p. 1 15 117, e, sobre as rl em geral como receptáculo do poderio
 STEEN, K. vonden. Unter nNturlkeZenlBrslens 2 ed. Berlim, 1897, p. 297-298, real, FRAZER.Knshp,p. 120-124.
300-3 01 (Bakari, Auet, etc.).  Cf. para uma boa descrição de sequências, P AS. Le scre et couronneent  LousX précédé
 VAN DER BURGT, R.P. J.MM Vnd et les Wrund(Extrait du Dconnre Krund) de recherches sur le scre  s de Frnce depus Cvs, etc. Paris, 1775
Bois-le Duc, 1904, p. 107  MORET, A Du crctre releux de l ruté phonque. Paris, 1903, p. 75-113; mesmas se
 HUBERT, H. & MAUSS, M. "Esquisse d'une théorie générale de la magi".nnée socoloque,t. quências e ritos de detalhe para a inauguração do templo; cf. MOT, A. Rtuel du culte dvn jouler
II (1904), p. 37-39 Paris, 1902, p. 10-1 5; cf. aindaibid., p  25-26, nota 1 .1 01, 29-32 e agravu ra em quatro quadros corres
 FRAZER, J.G. he Gon Bouh e Lectures on the e  h ofthe knshLondres, 1905 pondentes às quatro ses da sequência.
  Prero este termo ao d e coroamento, uma vez queum assento especial é muito mais equentemen  Sobre a teogamia, cf. Ruté phonque,p. 4952 e 5973.
te a nsígnia da realeza que uma xa ou uma coroa. 6 Sobre a amamentação dvina, ibid., p. 6365 e 222.

102 103
uma circumambulação, o rodeio do muro", da mesma maeira o moro que se or saber, pôr de lado um objeo ou um ser deermiado. Daí a ideidade de cero ú
ou deus omava posse" das moradias de Horus e de Si. O rei ia em se gida em mero de rios de dealhe.
procissão ao saário do deus e ese úlmo beijavao, dado-e o uido da vida", A ordem a qual classifquei as diversas sociedades especiais para examiar os ri
e, para coerir-lhe rç a, colocava-lhe o diadema a cabeça. É a csagração defii os de admissão elas vigees ão é baseada o acaso, mas a disição dos eleme
va, equivaee da rascrição dos omes e dos ílos. Eses rios d aam da mais aa os que as caracerizam. Iso sigica dizer que ão admio em a classifcação em
Aguidade e coservaram-se aé a época dos Polomes e parciamee  a Eópia. as eorias de Schurz ou as de Webser. Ese úlimo auor sobredo vê degeerescê
Fiee, vham peregrações a diversos sauários, esas públicas a expesas do cias os casos em que vejo rmas de iício. Qu ao a Schurtz 49, fcou impressioa
rei, doações reigiosas, reparações os emplos, ec. Vê-se, porao, a cerimôia
come do pela oável semehaça que apreseam ere si os rios de iiciação as socieda
çar por um rio de separação do proao, couar pelos rios de agregação ao sagra des oêmicas, as  aerdades, as sociedades secreas e classes de idade, edo co
do, rios de omada de posse do mdo dvio e erresre, sedo do iso ei o por ea clído dessa semelhaça a ideidade das istiições eumeradas. Seria possível ir
pas. F aam, por ouro lado, iormações sobre os perídos de m argem. loge esse co. O presee volume edo como objeivo mosrar que esses ca
Os Habé do plaô igeriao são goveados por hogons, de caráer ao mesmo sos, e em muios ouros, raa-se de uma caegoria pereiamee caracerizada de ri
empo poüico, jurídico e religioso, sedo ao sumo s acerdoes qu no rei eleios. os, semelhaes porque possuem a mesma falidade, cocebe-se que a eoria de
As realia são simulaeamee os crado emplo em que habiam e cosam de co Schurtz me pareça iadmissível1.
lar com uma opala, bracelee de erro a pea direia, ael de cobre a orea direia Durae odo o oviciado, os vículos ordários, ecoômicos ou jurídicos, são
e ael de praa o dedo médio da mão esquerda, marcas evidees da agregação à di modifcados, e às vezes mesmo cl aramee rompidos Os oviços fcam ra da socie
vidade; depois, uma begala especial, vesidos especiais, ec. Ni gém deve o dade, que deixa de er poder sobre eles, ao mais quao são propriamee sagrados
cálos, e seu ome aerior à eroização ão deve ser mais prouciado. Só hes   e saos, por cose gie iagíveis, perigosos, como se ssem deuses. Dese
lam o veho di aleo Sarakolé, êm direio às primícias, são submeidos a um regime modo, por um l ado, os  abus, equao rios egavos, levaam uma barreira ere
alimear especial. Há um hogo para cada ribo ou clã e um GradeHogo. O pri os oviços e a sociedade geral, e, de ouro lado, esa lima ão em deesa cora os
meiro é etrozado pela erega das isígias e codução ao emplo que daí em di  empreedimeos dos oviços. Explica-se, assim, do modo mais simples do mudo,
ae lhe servirá de residêcia. Depois da more de um Grade-Hogo há rês aos de m o observado em umerosas populações e que permaeceu icompreesível
iervalo, sedo a more escodida ao povo. Em seguida aucia-se esa more, pe para os pesquisadores. E que durae o oviciado os joves podem roubar e piar
de-se a opiião da dividade, há grades esas e daças públicas, o Coseho procede do a seu goso, ou imear-se e adoar-se a expesas da comuidade. Basarão
à eleição e eregam-se as isígias ao ovo hogo. Acomp aado da mulidão dos por ora dois exemplos. Na Libéria equao por um lado os joves V ai são isruídos
digários e dos joves que daçam, o ovo hogo vai eão ao emplo da divida os costmes jurídicos e poüicos de seu povo, por ouro, o roubo ão parece ser
de, choupaa muio orameada que será daí em diae sua habiação sagrada. Ese cosiderado para os oviços equ ao ais como um delio, porque, sob a direção de
passeio é cosiderado como o corejo erário do hogo, porque desde a erada a seus proessores, eregam-se a aaques oros cora as aldeias da vizihaça e,
casa hogoal, depois de er omado posse dos siais da aaça", o servidor sumo sa pela ascia ou pela rça, roubam udo o que pode servir p ara ala coisa ( arroz,
cerdoe da dividade é cosiderado moro para sua amília" 47. baaas, galihas e ouros meios de subsisêci a) e carregam os produos do roubo
Correspodedo aos rios de iiciação ecoram-se os rios de baimeo, ex para a oresa sagrada", embora eham, ademais, planações especiais que hes r
pulsão e excomuhão, que são por essêcia rios de separação e de dessacrzação ecem os imeos ecessários15 . I gee, o Arquipélago Bismarck, os mem
Os da Igreja Caólica são basae cohecidos. Covém observar, coorme bem per bros do Duk- k e do Igie, durae as cerimôas de iciação, podem roubar e pi
cebeu Rob. Smih 48, que o pricípio da excomão e da cosagração é o mesmo, a
9 SCHURTZ, H. Altersklassem undMnnerbünde, p 392
5  Inaceitável, como demasiado estreita, é a teoria de razer,The Golden Bough, t I, p. 344ss, retoma
 DESPLAGNES, LLe Plateau Cenal Nen.Paris, 1907, p 321-328; na tribo da panície da por Hubert e Mauss,Ei sur la nature et la fnction du sacce,Année socioogique, t II, p 90 da se
do Barasana, os Udio de Uol, as ceriônias são um pouco dierentes e incluem, entre outros, um rito de parata, que os ritos de inciação têm por objeto introduzir ma alma em um corpo. Se assim fsse, deve
recusa, a respeito do qual veja-se meu trabalhoRelions,Moeurs et Léendes, p. 13714. Também á o ríamos encontrar a série inteira de ritos precisos de mudanças de aas, anáogos aos de certas cerimô
hogon é considerado morto com reação a seu meio anterior as médicas
 SMITH, R. Die Relion r Semiten, p 118-119 5 BÜIKOFER, J Reisebilde aus Liberia. Leyde, 1890, t II, p 30306.

105
104
lhar as casas e plantações à vontade, mas tendo o cuidado de deixar intactos os bens
dos outros membros da sociedade secreta 152 • Estas exações aiás tomaram aí, bem
como em toda a Melanésia, a frma de pagamento frçado em moeda local
CAPITULO VII
A quase generalidade do to de que se trata é aás bem coecida 53 , mas para
compreender o mecanismo dele no caso que inco convém lembrar que uma per O noivado e o casamento
missão geral, a suspensão da vida social marcam igualmente os interregnos no perío
do de margem entre os nerais provisórios e os denitivos É assim talvez que se ex
plica também, pelo menos em parte, a liberdade sex que ocorre, em um certo nú O noivado como período de margem  Categorias de ritos que costituem
mero de povos, entre o começo do noivado e a terminação do casamento por apro as cerimônias do noivado edo casameto  Caráter social e econômico do
priação da mulher a determinado homem ( Austrália, etc) Se a suspensão das regras casamento  A margem entre os Kalmike (poliginos), os Toda e os Btia
comuns de vida nem sempre conduz a tai s excessos, nem por isso deixa de con stitir (poliandros)  - Os ritos de separação: os ritos chamados de rapto.  tos de
um eemento essencial dos períodos de margem solidariedade sexua restrita  tos de solidariedade com base no
parentesco.  tos de solidariedade locl - tos de separação -
Ritos de agregação.  A extensão e a sigfcação do período de margem. 
Os casamentos múltipos sincrônicos  Semehanças entre as cerimônias do
casamento e as da adoção, da entronização, da iciação 
Os ritos do divórcio

O presente capítlo é aquele para o qual são mais abundantes os documentos deta
hados,
em massão
revista  ltam monograas
as mais dierentesexpicativas
Anda aquiedescobre-se
as nterpretações que devem
o esquema serde
ds ritos passadas
passa
gem e percebe-se a necessidade das sequências ritais Foi por terem considerado isola
damente os ritos, em lugar de comparar entre si cerimônias inteiras, que os teóricos
perderam-se em interpretações estreitas embora equentemente compicadas.
Vimos a crianç admitida à adolescência e à puberdade social O estágio seguinte
é a idade madura, que é mehor caracterizada pela ndação de a amíia Esta mu
dança de categoria social é extremamente importante porque acarreta � pelo menos
para um dos cônjuges, uma mudança de amília, de clã, aldeia ou tribo As vezes mes
mo os novos esposos vão viver em uma casa nova Esta mudança de domicílio é mar
cada nas cerimônias, de tal maneira que os ritos de separação reerem-se sempre es
sencalmente a esta passagem material
Por outro lado, dados o número e a importância dos grpos aetados por esta
ião socializada de dois de seus membros, é natural que o período de margem tea
tomado aqui considerável importância É este período que se chama comente noi-
vad . Em um grande número de povos frma uma secção especial, autônoma, das

1 Cf PASON, R Dreiss]ahre in der üdsee. Stuttgart, 907, p 60960. 1 O mehor estdo que conheço sobre o noivado, examinado ao mesmo tempo do ponto de vista rita e
13 Na Árica Ocidenta Fracesa a marca da iniciação é a circuncisão e o direito de roubo para os novi- jurídico, é o de CORSO, R "Gi sponsai popoari dest thnogr et ociol, 908, novdez.: con-
ços dura desde o começo da cicatrização do pênis até à cicatrização competa, ou seja, aproximadamente tudo, não se pode admitr a opinião do autor de que os ritos (beijo, presente, veamento, ramo de ores,

três semaas. LASNETMission au énal Paris, 900, p. 50 (Peu); 65 (Laobé); 77 (Toucoueurs); 89 cinto, união das mãos, ane, sapatos, troca de pão, de rutos, de vinho, etc., deitaremse os noivos um ao
(Mainké); 0 (Soninké); 27 (Kassonké); 45 (Sérres), etc. ado do outro, etc) team apenas um vaor simbóico. Ligam materialmente.

106 107
cerimônias do casamento. Compreende ritos de separação e ritos de margem e termi este rito é executado, mas ao menos de maneira geral. Apresentar a cada momento as
na por ritos de agregação preliminar ao novo meio ou de separação da margem consi provas que reuni conduziria a zer deste capítulo um volume.
derada como meio autônomo. Vêm em segida os ritos do casamento, que compre A complexidade dos ritos e os seres e objetos a eles submetidos podem variar con
endem, sobretudo, ritos de agregação defnitiva ao novo meio e equentemente, me rme o tipo de míia a constitir4. Mas de toda maneira, exceto no "casaento 
nos do que se acreditava a princípio, ritos de união individual. Assim, o esquema dos vre, coletividades mais ou menos vastas estão interessadas no ato de uião de dois in
ritos de passagem é neste caso mais complicado que nas cerimônias já estdadas divíduos. As coletividades em questão são: 1 º) as duas sociedades sexais, às vezes re
Veremos as sequências em ação nas descrições eitas a seguir, cuo paralelismo con presentadas pelos rapazes e damas de hoa, pelos parentes mascuinos, de m lado, e
vém notar. Obseramos, também, este to, que toa inútl a discussão da teoria indi emininos, de outro; 2°) os grupos dos ascendentes, em linha paterna ou em lia ma
vidusta e de contágio de Crawley2 , que o casamento é m ato propriamente social tea; 3°) os grpos dos ascendentes nas duashas ao mesmo tempo, isto é, samíias
Al gs ritos classifcamse assim como i dito no capítulo I a propósito da gra no sentido comum da palavra, e às vezes as as em sentido amplo, nelas compreen
videz, do nascimento, etc., isto é, as cerimônias do casamento compreendem tam idos todos os aparentados; 4°) as sociedades especiais (clã totmico, aternidade,
bém ritos de proteção e de ecundação, os quais podem ser simpáticos ou de contá classe de idade, comuidade dos féis, corporação profssional, casta) a que pertencem
gio, animistas ou dinamistas, retos ou indiretos, positivos ou negativos (tabus). Foi m ou outro dos jovens, ou ambos, ou o pai e a mãe deles, ou todos os seus parentes;
precisamente esta categoria de ritos que mais tem sido estdada até agora Tais ritos 3
.
5 °) o grupo local (povoado, aldeia, bairro da cidade, grande zenda, etc.).
atraíram a atenção a tal ponto que se chegou a não ver nas cerimônias do casamento Lembro, além disso, que o casaento tem sempre acance econômico, que pode
mais do que ritos profláticos, catárticos e ecundadores. Convém reagir contra esta ser mais ou menos amplo, e ue os atos de ordem econômica ( fxação, pagamento,
simplifcação, cua estreiteza comprovase quando se lê com cuidado as descrições de devolução do dote, seja da moça seja do moço, preço de compra da moça, locação
talhadas das cerimônias do casamento em qualquer população, da Europa ou da Ári dos serviços do noivo, etc.) mistram-se com os ritos propriamente ditos. Ora, os
ca, da Ásia ou da Oceania, antiga ou viva, civilizada ou semicivilizada. grupos acima enumerados estão todos mais ou menos interessados nas negociações e
Tendo estes ritos sido bem estdados, posso dexá-los de lado nas discussões que nos arranjos de ordem econômica. Se a amília, a aldeia, o clã têm de perder uma r
se seguirão, fcando bem entendido que se situo no primeiro plano deste estdo os ri  ça viva de produção, moça ou rapaz, que ao menos haja alguma compensação! Daí as
tos de separação e de agregação como tais, e suas sequências, não é porque desejo re distribuições de víveres, de vestidos, de joias, e sobretdo os numerosos ritos nos
duzir exclusivamente a este rito todos os elementos das cerimônias do casamento. Fa quais se "compra algma coisa, sobretdo a ivre passagem para a nova residência
rei, aliás, observar que os ritos de preservação e de ecundação parecem intercalar-se Estas "compras coincidem sempre com ritos de separação, a tal ponto que é possível
entre os ritos de passagem propriamente ditos ao acaso. Comparando descrições das considerá-las como sendo, ao menos parcialmente, ritos de separação propriamente di
cerimônias do casamento em uma mesma população, mas devidas a vários obsera tos. Em todo caso, o elemento econômico, por exemplo, o kalm dos trco-mongóis, é
dores, vê-se a sequência dos ritos de passagem apresentar-se com pereita constância, tão importante que o rito pelo qual fca defnitivamente concluído o casamento só se
só surgindo o desacordo no que se reere à data, lugar e detalhe dos ritos de proteção realiza quando o kalm i pago inteiramente, isto é, às vezes depois de vários anos.
e de ecundação. Ainda nesse caso, nem sempre estamos seguros da interpretação a Neste caso o período de margem aumenta, sem que, entretanto, as relações sexais
dar sobre cada rito de detalhe, e as duas enumerações adiante expostas devem ser con entre os cônjuges sejam atadas.
sideradas muito incompletas. Ver-se-á que a respeito de vários ritos rejeitei interpre Assim é que entre os Bacir os casamentos podem ser decididos enquanto os
5

tações admitidas, sem dúvida não absolutamente para cada caso particular em que tros cônjuges são ainda crianças. Há intermediários (que correspondem aos sa-

2 Cf. CRLEY. Myc Rose, p. 31 , 350, etc S Hartland viu bem o caráter coletivo dos ritos de agre 4 Eis a classicação de THOMS, N.W J(nsh and maae in Auslia Cabridge, 1906, p.
gação. A maioria dos outros teóricos da anília dearam de lado o estudo detalhado e sistemático das ce 10 109: A) Promiscuidade I , não regulamentada: a) primária, b) secundáia; II, regulaentada: a) pri
rimônias, sobretdo as do noivado. mária, b) secundária; B) Casamento III , poligmia, primária ou secundária, simples ou adéca, unilate
 A atitude geral dos teóricos está bem caracterizada na seguinte ase de CROOKE, W. The Natives of ral ou bilateral; IV, polindria; V, poiginia, mesmas divisões, mas sempre unilaterais; I, monogmia;
Noendia.Londes, 1907, p. 06: "o casmento implica que as partes estão sob a inuência do tabu as três rmas do casamento podem ser matrilocais, de retorno e patrocais;  II, a união livre e III, a i
e os rtos têm p or nalidade contrablançar seus perigos, sobret udo os que impedem a união de ser e gação ( com sanção social); todas estas  rmas podem ser temporárias ou permanentes. Não parece que a
cunda Observarei que, dado o que i dito no capítlo I do presente volume, o "tabu não pode "ser um rma da amíia inua sobre a sequência dos ritos de noivado e do c asamento.
perigo, mas, em certo número de casos, é   meio de preservação do perigo.  NAZAROV, P. K etnograi Bashkir,Etnogratcheskoe obozrinie, s IV ( 1890), p. 186-189.

1 08 1 09
dos eslavos) qu e conduzem as negociações econômicas reerentes ao montante, data ao sogro durante mais de um ano. O rompimento da fta é um rito de passagem, es
de pagamento, etc. do kam ou preço de compra" da moça, o qul p ertence legal conder e acar a noiva um rito de separação do grupo sexl local. Como se vê o noi
mente a esta O acordo sobre o kalymé assinalado por uma reeição em comum se
6

vado compreende a união sexual, mas o cas amento enquanto ato social só s e conclui
guida de visitas recíprocas das duas mílias, com trocas de presentes dados pelos pa depois da liquidação das estipulações econômicas.
rentes, os migos e vizinos. Durante estas visitas á a divisão dos sexos em dois Cegase às mesmas conclusões estdando as cerimônias não mais de uma popu
quarto s separados. Terminada a troca dos pres entes, o noivo pode livremente ir ver a lação polígina, mas de uma população poliandra. As etapas" caracterizam-se com 
noiva na casa desta, e viver em sua casa, se abita em uma outra aldeia, sendo outrora tidez nas cerônias dos Toda, descritas em detalhe por H. Rivers7• Porém, para
a única condição: 1º) que não devia mostrarse à sua sogra; 2 ) que não d evia ver o
°
compreendê-las, conviria entrar em longos detaes sobre o sistema de parentesco e o
rosto da noiva, razão pela qul via de noite. A criança na scida durante este período sistema de clãs entre os Toda. Lembro somente que estas cerimônias começam antes
de margem era confada aos cuidados da mãe da moça.  Em resumo, as relações entre da puberdade e prosseguem até depois da gravidez8 . A seguir citarei a sequência des
os dois jovens são propriamente maritais e nada pode quebrá-las senão a morte". sas cerimônias entre os Botia do Tibete Meridional e do Siquim: 1º) os magos deter
Neste último caso avia levirato tanto de um lado quanto do outro. minam se o casmento proetado será vorável; 2) os tios da moça e os do rapaz reú
°

Obserarei a este propósito que o levirato dase não somente em rzões de or nem-se na casa do rapaz, depois vão à da moça e pedem-na em casamento; 3 ) se os °

dem econômica, mas também em razões ritais. Havendo um novo membro agrega presentes que levam são aceitos (cerimônia de nangchang) , o negócio está concluído.
do à mília é preciso cerimônias especiais para sair dela. Ora, o novo vínculo ligou Determina-se o montante do dote, e 4 ) oerecese aos intermediários uma reeição
°

não somente dois indivíduos, mas antes de tdo duas coletividades, que se esrçam ritual acompaada de orações ( cerimônia camadakhelen). Após estas duas c ermô
agora por conserar sua coesão. Isto observa-se também nos ritos do divórcio. nias, que são, como se vê, ritos de agregação das duas amílias, o rapaz e a moça po
Voltando ao Backir. Quando o kalym i pago integramente, o que às vezes só dem ver se em completa liberdade; 5 ) um ano d epois vem a cerimônia nyen: é uma
°

acontece depois de vários an os, o pai da moça organiza a ex pensas do jovem um ban reeição ( a expensas dos parentes do noivo) a que assistem todos os aparentados dos
quete ao qual são convidados todos os membros das duas amílias e o mulla ( padre °

muçulmno). Os cônjuges comem em um quarto separado, no qual só os parentes dois lados;


thoong: pagase
a) um magoodetermina
preço da moça; 6 ) um ano
o dia vorável paraapós o nyen
a partida daánoiva
a c erimônia chang-
da casa de seus
próximos penetram. Quando cega a noite as amigas da moça levam-na e escon pais; b) organizase uma grande esta, a que são convidados os laas; c) dois o
demna no quintal ou na aldeia. O jovem procura-a, às vezes durante toda a noite. mens, alcunados nesse momento ladrões", penetram à rça na casa, supostamente
Uma vez encontrada, entrega-a às moças e volta para o quarto especial, onde se reu para roubar a noiva, travase um combate sulado e os ladrões" são espancados,
niram todos os convidados. Mas antes de entrar deve romper com o pé uma fta ver sendoes jogada na boca cae meio cozida. E scapam a este tratamento dando di
mea qu e duas mueres seguram atravessada na porta Se não vê a fta e cai, todo o neiro aos guardas da noiva. Dois dias depois os ladrões" são omenageados e de
mundo zomba dele. Depois senta-se e as visitas vão embora uma depois da outra nominados os estrategistas elizes"; d) os convidados dão presentes à noiva e a seus
Quando fca sozio as amigas trazem-e a noiva e se retiram. Ela tira e as botas e pais; e) cortejo de parida com regozo;  o pai e a mãe do rapaz vêm ao encontro do
ele quer beijála. cortejo, conduzemnos para sua casa; estas durante dois ou três dias; g) a moça e
Ela repeleo, mas ele dá-le uma moeda de prata e é ela que o beija No dia se seus parentes voltam para sua casa; 7 ) novamente um ano depois, cerimônia cama
°

guinte a moça em compaia de seus amigos vai despedir-se de cada membro de sua da pakh; os pais da noiva entregamle seu dote ( o dobro do qu e i pago para
amía. Sobe num trenó e vai viver na amília do marido Não deve mostrar o ro sto

 VERS, HH. The Toda.Londres, 1906, p. 502-539.


 Se estudarmo s em detalhes o montante do kam entre os Ural-altaico s e o compararmos ao preço da
 Para m outro caso de ritos de casamento que rmam m todo orgâico com os ritos da iciação e os
compra do gado, e se zermos em seguida o desconto dos presentes e despesas das núpcias, que recaem
ritos da gravidez, cf. DELHSE, Ch. Ethnographie Congolaise:chez les Wabemba Bul So Belge
sobre os parentes da moça, e se nalmente notarmos aquem o kalym pertence legalmente, no total ou
Géogr, 19 08, p 185207. As sequências correspondem ao esquema geral Quanto aos casos de "usurpa
em parte, constatamos que os termos "preço de compra e "dote s ão inexatos. O que existe é um siste
ção [d'enfambement]são muito mais nmerosos e sistematizados do que eu acreditava a princípio, a tal
ma de "compensações, que constitui uma instituição especial e equivale, para um economista, ao siste
ponto que mereceram ma monograa especial, tanto mais quanto este enômeno, muito importante
ma do potlatch dos amerndios, às grandes estas dadas pelos chees negros, etc. H á uma centralização_e
para a compreensão do ncionamento das sociedades semicivzadas, não me parece ter sido estudado
uma descentralização alternadas das riquezas, organizadas de maneira a evitar a concentração (no sent
até agora
do de Marx).

111
1 10
obtêla ou mais) e é conduzida em grupo à casa do noivo , onde desta vez permanece rico (portanto dinâmico), ecnômico, sentimental. Daí as práticas pels quis os que
defnitivamente9 • As cerimônias do noivado e do casamento duram, portnto, entre se tornam mai s rtes compensam em certa medida o enraquecimento dos meios aos
os Botia, ao menos três anos. quais estão ligados por vínc ?s de consnginidade, de conacionalidade, de reciproci
Tratando dos ritos de separação devo lar primeiramente de uma classe inteira dade, atais ou em potência. E a resistência oposta pelos meios etados que se exprme
de ritos, muito semeantes uns aos outros , geramente considerados como sobrevi pelos ritos chmados de rapto. Conorme o vaor atribuído ao membro que parte, a re
vências do casmento por rapto" 10. Esse procedimento de união social peranente só sistência será mais ou menos viva, e também conorme a riqueza comparada das partes.
muito raramente i encontrado em rma de instituição, sendo preciso aceitar sem As compensações tomarão a rma de dote, de presentes, de estns , de regozijs púbi
contestação possível a opião de E. Grosse, que é uma rma individul esporádica e cos, de inheiro dado para a compra de tal ou qual obstácuo oposto à partida pelos in
anormal. Além disso, as mueres assim obtidas por grupos inteiros, por exemplo, teressados. Finamente, devese levar em conta sentimentos que, sem ser tão expressos
durante as razias, tornmse em se gida escravas ou concubinas, que serão sempre, como entre nós na literatura e nas rmas popares, e xistem igmente nos semici
em regra geral, inerior es às mulheres do mesmo clã ou tribo que os raptad ores e às viizados. Quando uma moç separase da mãe hálágrimas vertidas que, sendo muitas
quais este s se unem por cerimôas especiais que não são executadas quando se trata vezes ritais, nem por isso dexam de corresponder a m sentimento rea de pesar As
de muheres de outras tribos ou clãs tomadas à rça. compheiras e companheiros dos tros espos os podem também sentir pesar e ma
Por outro lado, se dois namorados querem casarse contra a vontade de suas  niestálo segndo modos às vezes muito dierentes dos nossos.
mílias ou contra regras sociais que lhes parecem mais ou menos inúteis ou absurdas, Dito isto, resumo uma das descrições que ram mais equentemente citadas
em geral há acomodação. Ou as pess oas se inclinam diante do to consumado ou se para servir de prova à teoria de um antigo casamento por rapto". Tratase da descri
executa uma parte das cerimônias. Mas o conjunto dessas cerimônias nem por isso ção das cerimônias do casaento entre os árabes do Sinai eita por Burckhardt 1 : 1 º)
deixa de existir em rmas estáveis para todos os que concluem um casamento de o jovem e mais duas outras pessoas moças agarram a moça na montanha e condu
acordo com os costumes ordinários da tribo. D essa maneira, a pretensa instituiç ão zemna à tenda de seu próprio pai; 2 °) quanto mais a moça se deende mais é aplau
do casamento por rapto ndase não em tos observados diret amente, mas na in dida pelas companheiras"; 3 °) os jovens colocamna à rça no aprtamento das mu
°
terpretação de toda uma categoria de ritos especiais que não se sabia como explicar eres; 4 ) um parente do turo cobrea com um° pano e exclama: Ninguém senão
de outra maneira. ( e dá o nome do tro esposo) te de scobrirá"; 5 ) a mãe da moça  seus parentes
Basta ler sem preconceito descrições detaladas e aproximar os ritos de rapto" vestemna cerimonimente; 6°) é colocada sobre um camelo, mas continua a deba
dos ritos anáogos da iniciação para compreender que se trata realmente com eeito terse enquanto os migos do noivo a segram; 7 °) obrigamna assim a dar três vezes
de um rapto, mas não no sentido amitido de uma sobrevivência de institição. Não a volta à sua tenda e suas companheiras lamentamse; 8°) em se gida é conduzida ao
h sobrevivência neste assunto, ma s to atual, repetido em cada iniciação e cada casa apartamento das mulheres da tenda do noivo; 9 °) se esta tenda é astada, ela chora
mento, assim como em cada morte, e que consiste n mudança de meio e de estado durante todo o caminho. Visivelmente tratase aí de uma sepração da moça do gru
de determinados indivíduos. Casarse é passar da sociedade inntil ou adolescente po rmado pelas moças do lugar de srcem. Para que houvesse sobrevivência de rap
para a sociedade madura, de certo clã para outro, de uma mília para outra, e muitas to seria preciso que tod a mília e toda a tribo da moça res istissem às intençõ es da
vezes de uma aldeia pra outra. Esta separação do indivíduo de certos meios enra tribo, da amília e dos companheiros do moço. Em vez disto, são apenas duas classes
quece estes meios, ma s rerça outros. O enaquecimento é ao mesmo tempo numé de idade que estão representadas na luta.
Frequentemente é assim, ma s muitas vezes também as que dão apoio à moça são
não somente as moças, mas todas as muheres , jovens ou veas, casads ou viúvas, de
9 EARLE, ANote on polyandr in ikkim and ibet Census ondia, 190 1, t I, parte I, Apêndce V, p sua parentela ou da tribo. Neste cas o, que é o dos IZhonde, conorme se verá adiante,
IIX
0 POST. AkanicheJurisprudenz O'denburg e Lepzg, 1887, t I, p 324, dstgue: A, o rapto con não se trata mais da solidariedade de classe de idade, mas da solidariedade sexual res
tra a vontade da moça 1 ) pela guerra 2 ) por um jovem e seus amgos, na trbo ou ra dela; B, depos
º °
trita Não conheço caso em que a solidariedade sexual seja gera, isto é, em que as mo-
de acordo entre os nteressados 1 após a estpulação de que o casamento será realizado em segda; 2 )
° º
ças e muheres da míia , do clã e da tribo do rapaz opoamse por seu lado à entrada
após entendimento entre as duas famías; C, como "jogo de casamento. Vê-se que os três últmos casos
são smpesmente rtos, que os dos prmeros são ndvduais e esporádcos e que enm o prmero rne
ce escravas, mas não mulheres usurutuáras dos dretos trbas WESTERMARCKin of human
maage, 189 1, nada acrescenta aos pontos de vsta de Post, assm como também não os outros hstora
dores da famla para documentos sobre os rtos do casamento na Áca, c POST Ib, p 326-398  BURCKHT Voyage en Arabie, t III, p 190ss

1 12 1 13
da noiva. Basta isto para derrbar a teoria de Crawley, que viu 2 , depois de Fison,
1
Vêse que não somente o preço de compra" (kalym) da nova é mplamente
Westermarck , E. Grosse , que a sobrevivência do casamento por rapto" é uma
13 14
compensado pelos presentes que lhe dão obrigatoriamente, mas são os representan
antasia, mas pretendeu que é primordiente ao sexo, e não à tribo ou à amíia, tes da nova sociedade sexal restrita que arrancam à rça a moça da sociedade onde
que a moça é arrancada" Não pode ser arrancada à sociedade sexal nem pror
15

passou a adolescência. Entre os Khonde da Ínia Meridional 7, o partido da moça
dialmente" nem secundariamente, porque não muda de sexo. Mas abandona uma compreende não somente suas companheiras", mas as jovens da aldeia". Quando
certa sociedade sexual restrita, amiliar ou local, para ser agregada a outra sociedade
tudo i combinado entre as amílias, a moça é vestida com uma azenda vermelha e
sexal restrita, amiliar ou local. Isto se obsera no sente rito dos Samoieda . Os l6

Samoieda procuravam uma moça em outra amília dierente da sua" (exogamia de levada pelo tio materno à aldeia do noivo em companhia das moças de sua deia; o
cortejo carrega os presentes destinados ao noivo. Este, acompnado dos rapazes de
clã) Um intermediário trata da s negociações do kalym, que pertence metade ao pai e
metade aos outros parentes da mher casada; reição do sogro e do jovem; o pai sua aldeia, todos armados de varinhas de bambu, colocou-se no camino As muhe
prepara o presente do dia seguinte ao das núpcias". No ia fxado o pretendente, res atacam os jovens a golpes de paus, pedras, torrões de terra, contra os quais os jo
acompanhado de várias meres estranhas à amía da moça, vem buscar sua mu vens se deendem com seus bambus. Pouco a pouco as pessoas se aproximam da deia
er. Visitamse todos os parentes que participaram do kalym; estes dão um pequeno e em seguida a luta cessa. O tio do noivo toma a noiva e a leva para a casa deste últi
presente aos esposos. As mheres trazidas pelo marido seguram a recém-casada, co mo. O combate é apenas um jogo, e equentemente os homens são eridos grave
locam-na à rça em um trenó, amarramna e partem". Aontoamse os presentes mente". Em seguida vem a reeição em comum a expensas do noivo. Este rito encon 
recebidos nos trenós; o recémcasado vai no último. Chegados à iurta dos esposos, a tra-se em todas as tribos Khonde com variantes de detalhes. Cito-o porque Thurs-
. .
ton 1 8v ne 1e " um exce1 ente exemp1 o d o antigo costume do casmento por rapto".
jovem prepara a cama para ela e seu marido, deitamse na mesma cama, mas as rela
ções sexais só se realizam um mês depois. O marido dá um presente à sogra, se sua Ora: 1º) é o patido da noiva que az o do noivo recuar ; 2 ) há luta entre dois grpos
°

mulher era virgem. Depois periocamente a moça vai ver o pai e em cada vez este de sexo e localidade dierentes. Ta é o motivo pelo qual vejo aí um rito de separação
deve darlhe muitos presentes ( compensações pelo kalym). Em caso de morte de sua da moça de seu grupo sexua anterior, tanto de idade quanto de mília e de aldeia. Fi

muher ou de separação, o sogro devolve o kalym. naente,e no


tendente caso seguinte
os colaterais o elemento
sociais da moça,sexal desaparece
devendo a palavrae airmão"
luta trava-se entre oneste
ser tomada pre
caso no sentido que tem no sistema classicatório, irmãos que sem dúida represen
tam o clã totêmico em Mabuiag (ilhas do estreito de Torres), é a moça que propu
 CWLEY, E. The yc Re,p 333, 354ss., 367ss., etc nha casamento ao rapaz. Fabricava uma pulseira de ervas que a irmã do rapaz pren
 Tede a adotar a teoria de Specer, que a resistêcia da oiva é uma expressão torada tradicioal
peo pudor; isto vale para casos idividuais, mas ão explica por que as partes em luta ão são sempre as dia-lhe no pulso, e em troca ele enviava um makamakque a moça amarrava na per
mesas, em que esta luta ão seja uma istituição tão ni versa quato o próprio casameto na. Os dois jovens encontravam-se de di a e de noite e tinham relações sexuas; o ra 
4 GROSSE, E ie Fen der Familie und die Fen der Wirchaf. Fribourge-Brisgau, 1896, p. paz prestava pequenos serviços ao pai e à mãe da moça, que fngiam nada saber.
107 10 8, quer ver essa cerimônia uma sobrevivêci a dermada do verdadeiro rapto pea guerra as po Mas os irmãos travavam com o namorado uma luta simulada, não o erindo senão
pulações que se toaram pacícas, m as cosideram um pot o de hora coserar a ama de bravura!
 CRWEY Op. cit, p 351-352, 370, etc Os ritos de solidariedade sexua são particlarmete de na perna e fnalmente na cabeça com uma pancada de maça. A seguir o irmão da
svolvidos o isamism o, ode aiás a separação sexua vae para toda a vida socia. Quato ao orte da moça tomavalhe a mão e dava-a ao moço. Este amonoava então todos os tipos de
Arica co mparem-se as descrições feitas por GUADEFROYDEMOMBRNESLe cérémnie du ma rquezas, empilhadas em determinado dia sobre uma esteira colocada em um lugar
rage chez le ind ne de [Jrie. _Paris  ? e Cutume  maae en Ae, Extr Rev Trad Pop,
1907; DOUE.Meâkech, pass (bbli ogra detalhada para a Arica do Norte, p 334),osArchive público, em redor da qual todos os parentes da moça se acocoravam. Esta estava ves
1arcaine e � Revue Aicaine, passim; NARBESHUBER, K Au dem Leben der Arabichen Bevlkeng tida e pintada cerimoniamente e acomphada pelas mheres de dois de seus irmãos
n SxLepzg, 1907, p 1116 e otas; DESTG, E tu ur le dialecte berbre de Beni-Snu, t. I.
aris 1907, p 287291  ode esá decarad< que o oiv, para etrar o quarto o qua a moça o espera, mais velhos, que tomavam os presentes, davam-nos à moça, que os distribuía a seus
e obrgado ª saltar po ca da mae desta detada a solera (p. 289)  Em todas estas cerimôi as, eque
temete mto complicadas, ecotrase sempre, oculta pela mutiplic idade dos ritos de preseração e de
fecudação, a trama costituída peos ritos de passagem Por toda a parte há cobiação, como as ou
tras cerimôias orte-aricaas, de elemetos berberes idígeas com eemetos muçulmaos ou estrita
mete árabes   THU S'ON, E. thngraphic nte in S uthe IndiaMadras, 1906, p 8-13 Ecotrareos esse
livro, das agas 1 a 131, uma excelete moogra detahada das cerimôias do casameto as diversas
6 PALLAS. Vage n pluieurprvince de mpire de Ruie et dan lie eptennale,ova ed, tribos da Idia Meridioal
Paris, ao II, p. 171-174  Ibid, p 8

  1 15
irmãos, depois havia uma reeição em comum e o casamento estava consumado 19. põe aos homens e mulheres das duas amílias. Assim cria-se um novo estado de equi
Como se vê o ato sexal é independente da união social. Há primeiramente ritos de líbrio dos grpos sexuais.
agregação individual, um período de margem, um rito de separação e um rito de Como ritos de separação citarei, além dos ritos de  rapto" dos quais acabo de 
agregação sociais, e fnalmente a compensação pela perda soida pelo grupo amil lar: as mudanças de vestário ; esvaziar um pote de leite e azer arrebentar três bagas
ar20, sendo este ndado sobre o sistema totmico e classifcatório. Ent retanto, a mu (Gaa); cortar, quebrar, arremessar a ga coisa que tenha relação com a vida da in
lher não se toava membro do clã do marido, que era proprietário absoluto dela ância ou dos ceibatários; desazer o penteado, cortar, raspar os cabelos, a barba; e
uma vez que a pagou"21 . char os oos; tirar as joias; dedicar a uma divindade os brinquedos (bonecas, etc.), as
Entre os Ostiake do Irtisch22, logo que o cortejo nupcial põe-se em marcha para ir joias, a roupa de criança; perração prévia do hímen e todas as outras mutilações;
à aldeia do jovem, os rapazes da aldeia d a noiva prendem seu trenó com ma corda, quebrar a pequena corrente chamada da virgindade; desatar o cinto; modifcação das
que só soltm quando recebem m presente em deiro lançado pela noiva. Mas comidas e tabus alimentares temporários; distribuir entre os amigos de inância os
prendem-na de novo, recebem ada eiro, e depois recomeçam e só na terceira brinquedos, joias ou distribuir a eles lembranças"; bater, injuriar os companheiros
compra dexam partir o trenó Lembro que as mulheres são em número insuciente de inância ou ser batido, injuriado por eles; lavar os pés ou mandar que outros os la
entre estes Ostiake que se veem rezidos aviver em nião livre com mheres rssas. vem; tomar banho, untarse, etc, estragar, destrir, transportar a lareira, as divinda
Frequentemente e isso é um to sobre o qu al chamo a atenção os vínculos do des, os sacrada amília primitiva; echar as mãos, crzar os braços, etc.; cobrir-se com
moço ou da moça com seus ambientes anteriores ( de idade, sexo, parentesco, tribo) um véu, encerrar-se em uma liteira, um palanquim, uma carruagem, etc. ; ser empur
são considerados tão poderosos que é preciso agir com cautela para rompê-los. Daí as rado, maltratado ; vomitar, etc.; mudar de nome, de personalidade; submeter-se a ta
gas e perseguições múltiplas, na oresta ou na montanha, os pagamentos de dote bus temporários ou defnitivos de trabalho, sexais, etc.
ou compras por ações, as repetições dos ritos. Às vezes, igaente, a agregação aos lém destes, incluo nesta categoria dois ritos mais complexos. O rito que consis
novos ambientes ( amília, classe social das mulheres ou dos homens casados, ou dos te em  azer passar todo o cortejo, ou os noivos, ou somente um deles por cima de al
indivíduos que perderam a virgindade, clã, tribo, etc.) não se realiza à primeira vista ga coisa, pode sem dúvida ser interpretado de diversas maneiras, ou pelo menos
Durante m tempo m ais ou menos longo o recémchegado é um intrso, sobretudo depreende-se das descrições que um ato à primeira vista idêntico não é concebido
com relação à amília restrita. É por este aspecto que explico os tabus do sogro e da como tal pelos participantes. É possível passar por cima do obstáculo� e neste caso,
sogra para o genro e a nora, as utuações de estado da muer até a gravidez ou até o quando se trata da moça, pode ser um rito de ecundação. Dáse um pulo, e neste
nascimento de um fho. Às vezes é preciso cimentar a união das duas amílias, já esta caso pode ser que seja para satar de um mundo para outro, de uma amília para ou
belecida pelas cerimônias anteriores à ligação sexal dos cônjuges, mediante novos tra. Tocase, ou não se toca, o obstáculo, e este pode ser um rito de passagem, de e
presentes, estins em comum, em resumo por uma série de cerimônias posteriores ao cundação ou de sacralização (preseração). O indivíduo é erguido no ar, sendo então
casamento e que duram, por exemplo, sete dias no norte da Árica Das descrições ei um rito de passagem, do mesmo modo que, quando se quebra um obstáculo ( corda
tas p or Gaudeoy-Demombynes 23 relativas ao Tlemcen depreendese que os ho atravessada na porta, barreira na soleira, etc.) ou quando se derrba uma porta, ou
mens das duas amílias, por um lado, e em seguida todos os homens, as muheres das quando se z com que a abram mediante gestos coercitivos ou rogos Em resumo, o
duas amílias, por outro, e depois todas as mulheres agregam à sua sociedade especial estdo deste rito só pode ser ito reproduzindo os documentos detaados 24.
o novo homem e a nova muher. Em Constantina parece que esta agregação só se im- Da mesma maneira o rito da noiva ou dos noivos substitídos 2 em als casos,
segundo acredita Crawley, pode ter por objeto deslocar o perigo da inoculação",
mas, segndo descrições detaadas, creio que na maioria das ve zes o rito tem por f
nalidade evitar o en raquecimento dos grupos interessados (classe de i dade sexual, -
 ADDON, A.C. Cambde antholoical xedition to To Sits, t. V ( 1904), p. 223-224; cf.
ainda p. 224-229 e t.  (1907), p. 112-119
 C. esta ideia expressa, ibid., p. 225  Cf., para os documentos as reerências e as teorias dierentes da minha: HATLD, S of
Lend
Perseus t I, p. 173ss; CRLEY, E.Myc Rose,p 337; CROOKE, W The lng of the bride
 Para as "compensações de ordem econômica, cf ibi, p. 230232. Folk-Lore, t. XI (1902), p. 226-244; TRUMBULL. e thresho cenant p 140-143.
 PATKANOV, S.Die rsch-Osaken,t. I. St-Pétersbourg 1897, p. 141.  C pa ra os tos, entre outros, HEPDG H.Die falsche Braut Hessische Bltter r Volkskunde t.
 GAUDEFROYDEMOMBNESLes cérmonies du mariage chez les indnes de 'Ae Paris, V (1906), p 161-164; THURSTON, E Ethnogr Notes in South India. Madras, 1906, p. 3 29; no
1901, p. 71-76. tar-se-á que neste caso é o casado que vai habitar na casa de sua mlher e, por isso, é ele o substtuído

1 16  17
míla etc.) procurando entregar ou unir indivíduos de menor valor social geral  e so Como rito de agregação especia assinalarei o casamento com a árore" que
bretudo econômico (moça ou muer velha rapazinho etc.) o que se caracteriza pe tantas vezes intrigou os teóricos. É ciente inteligível quando nos lembrmos que
las zombarias dirigidas aos substitutos e pelas riosas reclamações dos amigos e pa o casamento em certos casos por exemplo entre os Kol de Bengaa 30  é uma cerimô
rentes do noivo e da noiva 26. nia de iciação enquanto agregação no clã tot êmico. Atualmente o casamento é ce
Chego agora aos ritos de agregação. Muito equentemente nas descrições deta lebrado entre 16 e 18 anos para os rapazes entre 14 e 16 anos para as moças mas ou
lhadas que nos são dadas das cerimônias do casamento por diversos observadores es tr�ra era realizado em idade be mais adiantada. Os tos para os quais desejo cha
tes tomaram cuidado de notar qual é o rito que tem maior alcance e que toa defni mar a atenção são os segintes: as almas dos mortos vão para uma região especial
tivo o conjunto das negociações. Habitualmente este rito é a reeição em comum mas as crianças não podem ir para aí porque não t êm alma nem mesmo podem tor
consecutiva ao último pagamento do kalym ou do dote; ou então é uma reeição em nar-se demônios. Até o casamento a criança não está submetida aos tabus amentares
comum sem conexão com as e stipulações econômicas; ou ainda é a participação cole de seu clã e pode ter relações sexais sem se preocupar com a regra exogâmica. É o ca
tiva em uma cerimônia propriamente religiosa. É possível entre os ritos de agrega samento que lhe dá uma alma agregandoa ao clã. Os clãs Kol são totemistas. Os
ção distin gir os que têm alcance individua e unem uma à outra as duas pessoas jo principais totens são a manga e o mahua (bazzia latilia ). Um dos ritos do ca samen
vens consistindo em: donativo ou troca de cintos de pulseiras de anéis27 das roupas to Kol consiste em casar primeiramente por meio de um beijo o rapaz à manga e a
usadas; amarrar uma à outra com um me smo cordão; tocarem-se reciprocamente de moça ao mahua. Este conjunto de tos levame a pensar que no casamento fctício"
uma meira ou de outra 2; utilizar os objetos que pertencem à outra (leite betel ta é preciso ver não uma transerência de personaidade para asse grar o sucesso da
baco utenílios profssionais etc.); oerecer à outra al a coisa para beber ou co verdadeira cerônia" 3   mas um rito de iniciação ao clã totêmico entremeado nas
mer; comerem juntas (comunhão conarreatio); envolverem-se no mesmo vestuá cerimônias do casamento que em conjunto entre os Kol são cerônias de entrada
rio, véu etc.; sentarem-se no mesmo assento; beberem o san ge uma da outra; co no clã. Um indivíduo excído do clã por esta ou aquela razão pode voltar a ele reu
merem uma mesma i garia ou em um mesmo prato; beberem um mesmo lquido ou nindo representantes das diversas aldeias e mandando o padre de sua aldeia sacrifcar
no mesmo recipiente etc.; darem massagens iccionarem-se untarem-se (san ge uma cabra branca ou um boi branco do s quais bebo um pouco de san ge ou com o
argila) lavarem-se uma à outra entrarem na nova casa etc. Estes são propriamente g
ritos de uão. Os ritos de agregação têm signifcação coletiva quer li gem um ou asan
carnee dos quaispor
comida asperge
todosaoscobertra de sua casa
representantes do clãinvocando
32. o deus-sol sendo depois
outro dos indivíduos a novos grupos quer unam dois ou vários grupos. Nesta cate Todos estes ritos de agregação não devem ser tomados em sentido simbólico
29
&oria entram: as trocas de presentes  as trocas de irmãs ( Austrália; Bassa-Komos da mas em sentido estritamente material. A corda que liga o anel a pulseira a coroa que
rica Ocidental etc.) a participação em cerimônias coletivas como as danças ritais cinge etc. têm uma ação real coercitiva. Deste ponto de vista são muito interessan
os banquetes do noivado e de núpcias as trocas de visitas as viagens de viitas vestir tes os ritos relativos à soleira 33 e às portas. Passa-se por elas violentamente ou com o
a roupa das mulheres ou dos homens casados ou adultos; para a mulher estar grávida consentimento do s habitantes do mndo no qul se penetra. Ass é que na Palestia
ou dar à luz. A s ritos são ao mesmo tempo individuais e coletivos. Assim a acei a moça aproxima-se da casa de seu turo esposo levando um jarro cheio de á ga na
tação de um presente tem poder coercitivo não somente ara o indivíduo que o acei cabeça. O noivo derruba o jarro no momento em que a moça transpõe a soleira. Não
ta mas também para os grupos a que pertence. Frequentemente este rito é o primeiro há neste caso uma ligação conorme acredita Trbull mas o gesto de separação do
entre os que se praticam no noivado. antigo meio e agregação ao novo mediante ma espécie de batismo. Da mesma ma
neira na Ilha de Scarpanto quebra-se uma vara colocada atravessada na porta. Cha

6 Cito, como indicação, os tabus da so gra para o genro, do sogro para a nora, etc., onde Tylor queria
verum ctngum rito de separação(oAnth nst,t XIII ( 1887), p. 246ss.), mas que Crawley,  H, F Einhng indas Gbit d JlsissionGutersloh, 1907, p 7482, 8788 Os Kol são
op cit., p. 406, inclui na categoria mais vasta dos tabus de soidariedade sexal. uma seção dos Munda.
  Sobre o poder coercitivo do anel nupcial como tema de lenda, cf STVES, LsP.saints sccss-  CRWLEY Th Myc Ros,p. 340 341 O rito de casamento com a árore, descrito por Dalton,
s ds dix.Paris, 1907, p 255257 Ethnolo ofBngal,p. 194, teria, segndo H.H. Risley, Cnss ofndia, 1 901,t. I, EthnogaphicAppndi-
 Em detaes: juntar as mãos, entrelaçar os dedos, beijarse abraçarse, encostar a cabeça de um em cs, p. 155, caído no esquecimento Contdo, Hahn parece lar como testemunha ocular. Cf ainda
outro, entrelaçar os dedos, beijarse, abraçarse, do outro, deitarse um junto ao outro, etc. THURSTON Op. ci, p. 4447.
 A recusa do presente signica que a união proposta não é aceita No c aso de noivado antes do nasci-  HA. Op. ci, p. 159.
mento ou em tenra idade a devolução do presente é sinal da rptura do acordo.  TRUMBULL, C Th thshold conant,p 2629

1 18 1 19
vaes assinalame um rito chinês interessante, no qual a passagem material não é autorização do noivado, dá-he uma cabra e quatro potes de bebida e rmentada; 3 º)
realizada de uma só vez, mas por etapas 4. Numa tribo do grupo étnico dos Ho-mi
3
depois vai procurar o pai da moça e pede-lhe, assim como também pede à moça  seu
(Iunan Meridional), quando o tro geno vai buscar sua muer na casa do tro consentmento; 4 °) o jovem dá à moça pérolas e uma pulseira ; a mãe do jovem convi
sogro "o sogro conduz o genro zendo-o passar pela segunda e pela terceira salas e da a moça para comer e conserva-a uma noite em sua cabana; estes convites são e
atravessar o pavião dos livros para introduzilo no pavihão de vestir. Em cada por quentemente renovados; 5 °) a jovem passa os dois últimos meses do noivado na ca
ta, um auxar anuncia em voz alta o rito que deve ser realizado e (o genro) proster ba da sogra ; 6 °) o noivado dura vários anos, durante os quais o noivo aos poucos
na-se duas vezes. É o que se chama a "prosteação nas portas (ai men). É porque paga o "preço da compra aos sogros e parentes, de acordo com um protocolo fxo;
(o sogro) vai dexar de ver sua fa que dá importância às portas e causa difculdades 7 °) o últo ato consiste em abate r um boi cua parte traseira e um omolata são en
ao genro 35

tregues ao pai da moça, e em oerecer uma cabra, que o oivo leva à cabana do s ogro,
Entre os Tcheremiss o cortejo que vem buscar a noiva para nas portas do qu
36
presa com as de d racena. É a cabra levada à cabana dos sogros que constiti o ele
tal da zenda habitada pelos parentes O sabus ( diretor das ce rimôas) entra na isba, mento central do estim nupcial, ao qual assistem todos os parentes dos noivos; 8 °)
cuo dono dá-lhe de beber e de comer. O sabus pede o di reito de entrada para o corte depois disso todos vão à cabana do jovem, caminhando a moça atrás dele com as
jo. O pai perta se nada i perdido, e o sabus responde "sim, lano (o noivo) mãos em seus ombros. Os parentes da moça lançm lamentações para indicar que a
perdeu uma das mangas de seu vestido e viemos ver se ela está em sua casa. O pai diz mília perdeu uma flha, uma irmã, etc. Isto é o rito de separação; 9 °) em seguida
que não, o sabus vai embora e depois volta, e só depois do pai ter dito sim três vezes é passam-se três meses, durante os quais a moça não deve zer absolutamente nada,
que as portas se abrem e os ritos de agregação começam. sendo todo o t rabalho eito por sua mãe ou sua sogra, que a instruem na maneira de
O período de margem pode ter signifcação sexual ou não. Em al gas popula dirigir uma casa; iguaente, o jovem é instruído pelo pai e pelo sogro; 10 °) este pe
ções o noivo coabita com a noiva, e os fos concebidos ou nascidos du rante este pe ríodo de aprendizagem termina pela esa chamada uali, "a única que toa o casa
ríodo são considerados legítimos (c os casos acima citados). Em otros lugares a se mento válido; toda criança nascida antes é considerada ilegítima. Esta esta reali
paração entre os dois jovens é absoluta e à criança que nascesse da desobediência a za-se dois a cinco meses depois do começo da vida em comum, con rme a época da
essa regra seria recusado um lugar regular na amília ou na sociedade. Assim é que "os colheita da eleusina. Todos os parentes, vizinhos e amigos são convidados para a es
lapões jamais permitem que os noivos coabitem antes do dia das núpcias. Se isso ta, que consiste, sobretudo, na absorção de wari (bebida e rmentada), em danças, em
acontecesse a criança seria declarada bastarda, por mais que fcasse provado que i cantos, etc. Os cantos são na maioria eróticos. O jovem dá à mulher um pesado anel
concebida depois do noivado e da promessa eita. Esta criança, menino ou mena, é de cobre que ela coloca no braço esquerdo. Se já está grávida só são convidados ve
sempre o último de seus irmãos e irmãs, porque é a mais desprezível. Quando se tor lhos. No terceiro dia matam-se cabras, que são comidas em comum. A sta está ter
na grande e as renas lucram muito com os cuidados que hes dá, o indivíduo é e nada, a muer deve trabahar Vê-se que até à esta uali o casamento i apenas
38

quentemente expulso da casa Este último detalhe é interessante porque mostra


37
• um ato que interessava os indivíduos e dois grupos restritos (sexal e miliar).
que a criança conserva as qualidades e impereições contraídas por ter sido concebida Vêse, também, que a esta uali dá a este ato alcance social geral.
durante o pe ríodo impuro ( que é tabu) Entre os Siena "que permaneceram féis a seus costumes nacionais o jovem que
Esta atitde é também a dos Wadshagga da Áica Oriental alemã, que possuem deseja casar-se com uma moça evita maniestar seus projetos a esta última e à sua 
cermônias de casamento com etapas muito nítidas, a saber: 1 °) o jovem ( 16 anos), mília. Mas, espiando os movimentos dos parentes da moça, se percebe a mãe desta
tendo maniestado a pretensão de obter uma moça ( 12 anos), perta-he sua opi indo ao mato pa ra apanhar lena, esperaa no caminho de volta e p recipita-se gentil
nião; 2 °) se é vo rável o pai do jovem vai procurar o chee da amília e, em troca da mente para descarregá-la do  rdo, que coloca em sua cabeça. Em outra ocasião ajuda
da mesma maneira o pai da moça a trazer para casa agmentos de termiteira destina
 Toung-Pao,déc 1905, p 602603. dos às galias.  s dias depois o enamorado vai apanhar uma carga de lenha que
 Em nota, o tradutor vê nesse rito, naturalmente de modo equivocado, uma sobrevivência do casa leva à casa de sua bem-amada. Depois, tendo obtido algas sementes de cola, vem
mento por rapto oerecê-las ao pai da amada. Em seguida az-he presente de um ango, e depois al-
6 WOVLEV, GRliosnyie obriad Tsheremis( cerônias religiosas dos Tcheremiss) Kazan, 188 7,
p 5556
 SCHEFFER, J Histoire de Laponie.Paris, 1678, p 395 como complemento p 275 [Trad pelo P  MERKER, M Rchverhltnisse und Sien der Wadschaa
Peterm Mittei Suppl n 138 1902,
Aug Lubin] p 4-6.

120 121
s cauris. O pai da moça reúe etão a míia e covoca para a reuião um perso
camlhe suas joias, etc. e seus paretes vêm procurá-la a etrada do bosque sagrado.
agem otável da aldeia . Declara que lao mo strase muito atecioso com ele e que Depois de uma reição cerimoial a mãe da moça leva-a para a cabaa do oivo. O
gostaria de recompesálo por suas ateções cocededo sua flha em casameto. A coito cosumase durate uma reeição a que assistem as duas amías e seus amigos.
assembleia aprova e o otável vai auciar ao pretedete que pode cosiderar-se Termiado o ato, o marido sai da cabaa e toma parte o baquete . O cerimoial é o
aceito. Mas os soimetos do turo ão acabaram. Quado se aproxima a estação mesmo se o oivado realizase depois da saída do sadi Assim, etre os Vai o pe
42

das cultura s deve reuir seus irmãos e amigos e ir com eles lavrar o campo do tro ríodo do oivado atige o período da iiciação, e a pr eira mestruação só tem im
sogro. Uma vez ita a semeteira vem arracar as eras dainhas e depois compra portâcia para a saída do sadi se a moça já está oiva . A puberdade fsiológica é aás
cerveja de milho e paga a bebida para toda a amía da oiva. Somete etão proce uma codição legal do casameto etre os V ai, como em muitas outras populações .
de-se aos esposais ofciais. Frequetemete esse mometo a moça está loge de ser Além isso, a separação sexua etre os oivos é este caso garatida pelo caráter sa
úbil . Permaece em casa do pai até a ubilidade e durate este período de espera o grado do sadi.
oivo deve cotiuar a ajudar a amília da oiva com seu trabalho e seus recursos. De todas esta s descrições depreede-se com evidêcia que as etapas do casame
Quado a moça tora-se úbil o pai etregaa ao oivo, que dá um presete de cico to e sobretudo a pricipa, o oivado, têm etre outros um alcace ecoômico. lém
a dez acos de cauris ao pai e um outro de i gal valor à mãe. Quado os joves es do mais, todo casameto, justamete porque ão são apeas dois idivíduos que se
posos coabitaram durate um mês o pai retoma a fa e a leva para casa ode fca dois acham em jogo, mas realmete vários círculos mais ou meos vastos, é uma perturba
a três meses, em segida devolve-a ao marido cotra o pagameto de dez acos de ção social. Um casameto acarreta o deslocameto de um certo úmero de eleme
cauris. E ste se do período de coabitação dura i gaete um mês, o fm do qual tos us com relação aos outros, e este deslocameto, atado por cotiuidade, de
o pai retoma de ovo a flha durate dois ou três meses, para etregála defitiva termia uma rptra de equilíbrio. Este eômeo é pouco marcado em ossas gra
mete ao marido ao receber uma ova quatia de dez acos . Se a mulher fca grávi des cidades, mas já é mais obserado em certos recatos remotos de osso iterior.
da durate este período preparatório, o pai é obrigado a oerecer uma taga ao mari As úpcias são aí ocasiões de parada da produção, de gasto das ecoomias, de sobres
do por ocasião do ascimeto do fo. Este costme, dizem os aciãos, tem por fa saltos da sesibilidade habitalmete apática, etc. É mais acetuado as tribos tur
lidade dar aos turos esposos todo o tempo para se cohecerem e se apreciarem, im co-mogóis ou árabes, os oásis, e aida mais almete etre os semicivilizados,
pedido assim as uiões desajustadas 39 . que vivem sempre em grupos pouco umerosos e muito coesos. Esta rpercussão do
No caso se gite vê-se o período de margem do oivado ligarse ao período de casameto sobre a vida geral parece-me explicar, do mesmo modo que a teoria bioló
margem da iiciação, de tal maeira que do começo da iiciação à realização da unão gica de Westermarek e de Havelock Ellis, por que os casametos são eitos a prima
sexal socializada há apeas um úico período. vera, o ivero ou o outoo, isto é, as estações mortas e ão o mometo dos
Etre os V ai da Libéria a separação sexual é rerçada em al s casos pelo to trabalhos o tempo. Não vou ao poto de egar a persistêcia de atigas épocas de
da moça só sair do sandipara se casar. O sadi é um local sagrado a oresta, ode to cio em a iuêcia dos ciclos cósmicos, marcada pelo reovo da vegetação e pela ex
das as moças são coduzidas ates dos dez aos ou aproximadamete essa idade, citação sexal aimal e humaa . Mas isto difcilmete explica a multiplicidade dos ca
ode permaecem até a primeira mestruação, ou mesmo depois. Como os rapazes sametos o outoo, quado se diz equetemete que esta data é escohida com sa
o 40, equato aí estão são cosideradas mortas, do mesmo modo que as mulhe tisção porque esse mometo os trabahos agrícolas estão termiados, os celeiros e
res velhas que vêm visitál as . São istruídas os atos doméstico s sexuais. A esta da arcas pleos, e a ocasião é boa para os solteiros arrumarem um iterior para o iver
saída, eita auaete, é um reascimeto. Ora, equetemete os pais tratam do o. Se ge-se que ão poderia admitir a iterpretação muito idida sedo a
casameto da moça equato esta aida se acha o sandi,e em tal caso ão sai do sa qual o casameto o mesmo mometo de pares mais ou meos umerosos é uma so
di por ocasião da esta aual, mas permaece aí até sua primeira mestruação41 . Logo brevivêcia ou do período de cio ou de um atigo casameto por grupos, uma vez
depois desse acotecimeto os pais da moça são inormados. Avisam o oivo, que que a "promiscuidade primitiva é uma atasia.
evia seus presetes ao sandi. A moça é iccioada com óleo permado, etc., colo- Pareceme, aliás, que os casametos múltiplos, sicrôicos, tato em um mo
meto quato em dois mometos do ao, ou mais, devem ser aproximados dos ou
tros sicroismos, cerimoiais, a saber, esta de todas as criaças ascidas o mesmo
 DELAFOSSE, M. "Le peuple Siéna ou Sénouf Rev des Ét Ethnogr et Sociol, 1908, p 457
 BÜIKOFER Reisebilder aus Liberia. Leyde, 1890, t. II, p 304-308
 Is so prova que também aí a cerimônia de ciação nada tem a ver com a puberdade. 2 BÜTIKOFER Op. cit, p. 308- 313 

1 22 123
dia ou no mesmo dia que um flho de rei ou de príncipe, ou no mesmo mês ou no tam muitas vezes semeanças de detaes com as da entronização, constantes de um
mesmo ano. Festa anual em honra das mueres que deram à luz no mesmo dia do véu estendido por cima do rei ou dos esposos, coroa, objetos sagrados distintivos dos
ano (Lushei); estas periódicas do retoo ou do aniversário da iniciação e sobretudo noivos, tal como as ralia do tro rei As semelhanças são sobretdo acentadas
iniciações de um certo número de crianças ao mesmo tempo, cada ano ou de dois em nos lugares em que, como no norte da Árica, certas regiões da Índia, etc., o noivo é
dois, ou de três em três anos, etc.; comemorações e grande sta anual dos mortos 43
• rei, sulã, ou príncipe e a moça é rainha, sultana, ou princesa e ainda na China, onde o
Em suma, tendo todos estes atos acance social geral, o sistema de que se trata é a r- noivo é mandarim". Se os casos nos quais o casaento é considerado um renasci-
ma extrema pela qual se marca este caráter social geral. Em lugar de cerimônias das mento são raros, em compensação aqueles em que o casamento é julgado uma inicia-
quais só participam grupos restritos ( amílias, clã, etc.), ram instituídas cerimônias ção ou ordenação não são raros Todas estas semelhanças e identifcações são marca-
de que participam todos os grupos constittivos da sociedade geral. É o que se depre- das por ritos de passagem, que se ndam sempre na mesma ideia, a saber, a materia
ende, por exemplo, das curiosas cerimônias do casamento em Uargla, descritas cui lidade da modifcação de situação social.
dadosamente por Biarna. Preciso dizer agora algumas palavras sobre as cerimônias que constitem a con
Às vezes, ao contrário, o período de margem e os ritos de noivado reduzemse a trapartida das cerimônias do casamento, e são as do divórcio e da viuvez.
pouca coisa. ssim, entre os Herero o jovem dá à moça uma bola de erro que ela
45
Na maioria dos povos os ritos do divórcio parecem reduzidos à mais simples ex-
prende em seu avental. Depois vai embora e não deve mais vêla até a cerimônia do pressão. Em gera, basta que a mher abandone o domicílio conjugal e volte para a
casamento nem penetrar em seu raal. Os elementos típicos dessa cerimônia são os casa dos pais, ou então que o marido ponha materiamente a mulher ra da casa co-
seguintes: uma reeição claramente sagrada, na qual se caracteriza a solidariedade da mum. Contudo, tenho a impressão que, se as cerimônias do divórcio são tão simples,
moça com suas companheiras e seu clã. Nem o jovem nem seus amigos assistem a de acordo com a iteratra etnográfca, é porque os observadores ou não se interessa-
esse banquete. Acabada a reeição, vêm buscála e levamna para seu kraal. Depois ram pela questão ou não compreenderam o sentido de certos atos, e sobretdo não
vêm os ritos de agregação da moça ao novo clto doméstico e à nova sociedade tribal. viram na separação dos corpos e no divórcio senão um ato jurídico e econômico
Após a reeição, a mãe tinha colocado em sua fha o chapéu" e as roupas das muhe Entretanto, é norma que um vínculo, individual ou coletivo, que i estabelecido
res casadas, portanto, antes da união sexal, que se realiza no kraal do marido. Este com tantos cuidados e complicações não possa ser rompido um belo dia por um ges-
entrega cerimonialmente à mãe o avental de moça" da nova esposa Os Herero têm to único. Por exemplo, sabese que na Igreja Católica o ivórcio ne mesmo é ad-
um kalym e são organizados em clãs totêmicos. missível e que é preciso a anulação do casamento, a qual só se obtém depois de inqué
As cerimônias do casamento apresentam analogias, muitas vezes mesmo identi- ritos sem nada de propriamente mágicoreligioso. Ao contrário, os judeus elabora
dades de detaes, com a adoção, mas isto é um to que parecerá normal a quem se ram um cerimonia do divórcio muito compicado, a tal ponto que constiti por si
lembrar que no casamento, em última análise, tratase da agregação de um estrangei mesmo um obstáculo aos desejos de muitos indivíduos. A carta entregue à muher é
ro a um grupo. Assim é que entre os Aino, ora é o marido que vai viver na amília de ritualizada, no sentido em que deve ser escrita de maneira tão pereita quanto um es-
sua muer, ora a mulher que vai viver na do marido, havendo participação de ambos crito sagrado. O rabino joga esta carta para o ar e uma das testemuhas da muler
no culto doméstico. Ora, esta entrada em uma amília primitivamente estranha é cla- deve apanhála antes de cair no chão, do contrário é preciso recomeçar tudo. Este
ramente identifcada à adoção Igualmente as cerimônias do casamento aprensen
46

constitui o rito defnitivo de separação Entre os Habé do Platô nigeriano se o casa
47

mento i consagrado por uma cerimônia do culto doméstico é preciso, do mes-


mo modo que na Antiguidade Clássica, um sacricio para romper o laço com as
 Dedicação renovada anualmente das igrejas entre os Suba da região de Bagdá SIOUFFI, N. Op ci, divindades mil iares do cônjuge que se retira Entre os E squió o marido olha
48

p 120
 M René Basset teve a amabilidade de me comuncar as provas do livro de Biarnay sobre Uargla Os
para a mulher e depois sai da cabana sem dizer uma palavra. Entre o s Tchuvach o
casamentos zem-se aí todos os anos na primavera A série dos ritos segue uma ordem muito clara A marido que está des contente com a mulher e quer separarse dela apoderase de
princípio só participam deles os divíduos interessados e as duas sociedades sexuais Em seguida os ritos seu véu e rasgao. Este rito encontrase também entre os Tcheremis, os Mordvin, os
socializamse cada vez mais, as amílias pticipam deles, e depois os bairros do oásis e por m o oásis in
teiro Lamento não poder zer uma descrição, mesmo resumida, desses ritos que Biaay recolheu com
todos os detaes, levando em conta as variações de pessoas, localidade, mecanismo mágico-religioso,
etc Cf BIANAY Étude sur le dialecte d Oua Paris, 1909; cf Ap p 379-492.  Cf, entre outros, NGENDRES.Jüdisches Zeremoniel oder Beschreibung,
etc Nuremberg, 1726;
 ILE, J. ie Herero Gutersloh, 1906, p 105-109 wish ncycedia, etc
6 C BATCHELOR.TheAinu and their flk-re Londres, 1901, p 224225 8 DESPLAGNESLe Plateau cenal nen Paris, 1903, p 222

1 24 1 25
Voak e os Vogl49  Em Java o padre corta a corda do csamento" 5 º. Ene os Gala me
É uma coisa notável, além disso, que estes vínculos tão cimente quebrados
ridionais se uma mulher é maltratada pelo marido o irmão dela pode ir buscá-la, mas pelo divórcio seam difcilmente, ou mesmo em caso a  (suicídio das viúvas),
não tem o direito de entrar na cabana nem na aldeia se o marido proibir. Dev e esperar arouxados pela morte. Sei muito bem que o luto compreende um grande número de
que a irmã saia, por exemplo, para ir buscar á ga, e então rapta-a. Uma mulher divor rito s que são simplesmente profláticos ou protetores. Contudo, as cerimônias e
ciada desta maneira não pode mais voltar a casarse e seu marido não tem o direito de
reclamá-la, ma s as duas coletividades teressadas reconcilim-se mediante um paga rárias de que participam os viúvos compreendem tmbém uma outra coisa dierente
mento em carneiros ou em cabras5 1. Entre os Wazaromo o marido comunica à mu do luto, sendo de natureza tal que é impossível, numa teoria geral, dexar de reconhe
er que não quer mais saber dela, dando-l he um tipo especial de caniço, e no Unio cer-lhes um sentido social54. É o que se obsera , entre outros, no rito Hupa, segundo
ro o marido corta em dois um pedaço de couro, gardando uma metade e enviando o qual basta que a viúva, para se libertar, passe entre as peas de seu marido antes
a outra ao pai de sua mulher 5 2 No islamismo o rito de separação é verbal, bastando que o carre gem da casa, do contrário permanece ligada a ele para o resto da vida, e
que o marido diga três vezes à muer: Está s divorciada", o u eu te divorcio" e ela toda infdelidade ao morto he acarretaria desgraças 55 
deve ir-se embora com os objetos que he pertencem, e nesse caso o marido devol O novo casamento, de viúvos ou de divorciados, é muito mais sples do ponto
ve-lhe em geral um terço do dote Mas se é a muher que deseja divorciar-se é preci de vista das cerimônias, e isso por motivos que serão expostos a se gir
so um julgamento do cadi, cuja nção e jurisprudência, como se sabe, são de or Não parece haver ritos da menopausa ou do embranquecimento dos cabelos, que
dem ndamentalmente religiosa. A princípio esta tríplice repetição era uma verda contudo, são marcas da entrada em uma nova se da vida, muito importante entre os
deira rmula mágica. Tem também este caráter na Índia e entre os Suaeli 5 Às ve 3

semicivizados Com eeito, as veas ou são identifcadas a homens, ou participam


zes, o conselho da tribo reúne-se e decreta o divórcio em proveito econômico de então de suas cerimônias, de sua ação política, etc. , ou então adquirem na socieda
uma ou de outra das partes Mas o procedimento mais dindido nada tem de ceri de sexual uma sitação especial, principalmente a de diretoras de cerimônias Quan
monial nem de ritual. Consiste na devolução ou na partida pura e simples de um ou
outro dos cônjuges. to aos ve hos, são os indivíduos sociaente mais considerá veis

nemIsto, porém, não


a explicação apresentaque
sociológica nadaproponho
que contrarie
para oestes
esquema
ritos, dos ritos odecasamento,
porque passagem
uma vez consumado, z a moça e o rapaz entrarem na categoria das mulheres e dos
homens socialmente adultos, e nada poderia zê-los retroceder, nem, por outro
lado, o viúvo e as viúvas. Do mesmo modo, o vínculo criado entre as amías não é
rompido pelo to dos dois cônjuges se separarem, porque toda eaça de ruptura é
precisamente astada pelas negociações para determinar a situação tura dos sepa
rados ou dos divorciados. Tudo é assim, salvo exceções individuais de ordem senti
mentl O vínculo coletivo subsiste sobretdo quando há fhos, a tal ponto que em
muitos povos o divórcio não é permitido nesse caso. Em re sumo, sem pretender que
o esquema e o sistema de interpretações propostas possuam rigidez e universalidade
absolutas, parece-me que a ausência de complicados rituais do divórcio não poderia
serir de obeção contra eles

4 GEORGI, JG Russland, Beschreibung a/ler Nationen des Russischen Reiches, etc. Leipzig, 1 783, pet
in-, t I, p 2
54 O seguinte rito judeu inclui-se igalmente na categoria dos ritos de passagem : uma viúva que não quer
50. CRAWLEY The Mystic Rose, p 323 toar-se a mulher do irmão de seu marido flecido (levirato) tira a sandália, cospe no chão e recita uma
51. WAKEFIELD, ES Marriage customs ofthe Southe Gal/as. Folk-Lore, t XVIII (1 907), p. 32332 rmula determinada(Jewish Encyclopedia, p 170ss., verbete Halzat; c p 1 7, para as interpretaçes, a
52. POST Af rikanische Jurisprudenz, t I, p 2 maioria inadmissívei s). Trata-se aí, claramente, de um rito de separação da fmília do marido, rito destinado
a ass egurar a passagem para a categoria das viúvas livres ou das mulheres novamente casadas
53. CROOKE, W The Flk-Lore in the Legends ofthe Paab Folk-Lore, t X (1 899), p 09 -10. Para as
rmulas entre os Suaeli (não quero mais tratar da nudez, etc), c VE LTEN Sitten und Gebruche der Suahe 55. GODDARD, PE. Le and culture ofthe Hupa Cali Univ Public, t I, fs. 1 , Berkeley, 190 3, p 70
li Gõttingen, 19 03, p 23 723 8. A carta de ruptura é igualmente corrente no islamismo, em Marrocos, na Pales
tina, na Turquia, entre os Suaeli, etc

126 27
O luto, no qual outrora eu não tinha visto senão um conjunto de tabus e práticas
1

negativas que marcavam o isolamento em relação à sociedade gerl daqueles que a


morte, considerada como qualidade real, material, tinha posto em um estado sagra
CPÍ TUL O VII I do, impuro, apareceme agora como um nômeno mais complexo. Na realidade, é
s fnerais um estado de margem para os sobreviventes, no qual entram medinte ritos de sepa
ração e do qual saem por ritos de reintegração na sociedade geral (ritos de suspensão
do luto). Em al s casos este período de margem dos vivos é a contrapartida do pe
ríodo de margem do morto. A terminação do primeiro coincide às vezes com a ter 2

mportância relativa dos ritos de separação, d e margem e de agregação nas minação do se do, isto é, com a agregação do morto ao mundo dos mortos . Assim
cerimônias nerárias - O luto como rito de separação e como rito de é que entre os Habé do Platô ngerino o período de viuvez corresponde, se gndo
margem  Os nerais em duas etapas; a viagem deste mundo ao outro - Os se diz, à duração da viagem da ama errante do dento até o momento de sua entrada
obstáculos materiais opostos à passagem dos mortos  Aagregação à
sociedade dos mortos  Topograa do mundo dos mortos - O
no conjunto dos espíritos divinos ancestrais ou de sua reencarnação" 3

renascimento cotidiano do morto no Egito Antigo.  Pluralidade dos Durante o luto os vivos e o morto constituem uma sociedade especil, situada
mundos dos mortos  Mortos que não podem agregarse à sociedade geral entre o mundo dos vivos, de um lado, e o mundo dos mortos, de outro, da qual os vi
dos mortos  Ritos de renascimento e de reencaação  Rtos quando o vos saem mais ou menos rapidamente conorme ssem mais estreitamente aparenta
domicílio do morto é sua casa, seu túmulo ou o cemitério - Lista dos ritos dos ao morto . Por isso, as estipulações do luto dependem de grau de parentesco e são
de separação e de agregação sistematizadas de acordo com o modo especial como cada povo determina este pa
rentesco (paterno, materno, de grupo, etc.) . É como deve ser, para o viúvo ou a viúva
que pertencem durante maior tempo a este mundo especial, do qual só saem median
À primeira vista pareceria que nas cerimôas nerárias são os ritos de separação te ritos apropriados, e num momento tal que mesmo a relação sica (pela gravidez,
que devem ter o lugar mais importante, sendo os ritos de margem e de agregação, ao por
çõesexemplo)
e de todasnão possa mais
as regras ser suspeitada
(vestuário especial,. Os
etc.)ritos de suspensão
do luto de todas as
devem, portanto, serproibi
consi
contrário, pouco desenvolvidos. Entretanto, o estdo dos tos mostra que as coisas
são dierentes e que, ao contrário, os ritos de separação são pouco numerosos e muito derados como ritos de reintegração na vida socia, restita ou geral, de mesma natre
simples, e que os ritos de margem t êm uma duração e complexidade que chega às ve za que os ritos de reintegração do noviço. Durante o luto a vida social fca suspensa
zes a lhes dar uma espécie de autonomia. Finaente, de todos os ritos nerários para todos quantos são atingidos por ee e por um tempo tanto maior: 1 º) quanto o
aqueles que agregam o morto ao mundo dos mortos são os mais elaborados e a eles é víncuo social com o morto é mais estreito (viúvos, parentes); 2 °) quanto mais eleva
que se atribui a maior importância. da era a situação social do morto . Se este era um che a suspensão atinge a sociedade
Ainda aqui deverei contentar-me com al as dicações rápidas. Todo undo inteira. Daí os períodos de permissão" consecutivos à morte de al s réglos ari
sabe que nada varia tanto com os povos, a idade, o sexo, a posição social do divíduo canos, os lutos públicos, as licenças, etc. Vemos na China necessidades polítcas, eco
quanto os ritos nerários. Entretanto, é possvel descobrir na extraorária mltip nômicas e administrativas novas tenderem a suprimir os eitos coletios considerá
cidade das variações de detlhe traços dominantes, al s dos quais serão reundos veis da morte do imperador e da imperatriz regente. Outrora, a vida social fcava ab
aqui em categorias. lém disso, os ritos nerários compcm-se pelo to de um mes solutamente suspensa na China nessas ocasiões, mesmo em suas rmas domésticas,
mo povo ter várias concepções contratórias ou dierentes sobre o mundo de além-t durnte longos meses, suspensão que seria simplesmente um cataclisma.
mlo . Essas concepções mistram-se entre si, o que tem repercussão sobre os ritos. O
homem é considerado rmado e vários elementos cuo desno não é o mesmo depois  Tabou et Tot àMd,  40 5877 88  100 103 338 339 342
da morte . Estes elementos são: corpo, rça vital, almasopro, alma-sombra, amapo  É    W j      I (Ueber das Haafr    
legar, ama-animal, alma-san ge, ama-cabeça, ec. Algmas dessas almas sobrevivem,  1886  II  1887  I f  254)    Hz  z    8283
para sempre ou por certo tempo, outras morrem, etc. No que se se ge arei absação 101  105 120  N          z    
   
de todas essas vriações, lembrando que só têm inuência sobre a complexidade rmal
 DSGNS Le Plateau cenl nien.  1907  221      
dos ritos de passagem e não sobre a estrutura interna desses ritos  f   262268

1 29
1 28
O período de margem nos ritos nerários caracterizase em primeiro lugar ma voltam à terra8. Entre os Ostiake de Obdorsk9 retirase da casa tudo quanto nela se
teriamente pela estadia mais ou menos longa do cadáver ou do caixão na câmara encontra, exceto os utensílios do morto Este é vestido e colocado em uma canoa cor
mortária (velório), no vestíbulo da casa, etc Mas esta é apenas uma rma atenuada tada Um xamã perguntahe por que razão morreu Conduzemno ao lugar da sepul
de uma série inteira de ritos, cua importância e universalidade já tinham sido assina tura de seu clã, deposita-se a canoa na terra gelada com os pés para o lado do norte e
ladas por Laftau em redor colocase tdo de que o morto terá necessidade em outro mundo Faz-se no
''Na maioria das nações selvagens os corpos mortos achamse apenas como depo local uma reeição de despedida, julgando-se que o morto dela participa, e as pessoas
sitados na sepultra onde ram colocados em preiro lugar Depois de certo tem vão-se embora As muheres aparentadas azem uma boneca semeante ao morto,
po são eitas novas exéquias e termina-se de cumprir o que lhes é devido mediante no vestem, lavam e aliment a boneca cada dia durante dois anos e meio se o  lecido
vos deveres nerários"4 . O autor descreve em seguida os ritos dos Karibe. Estão era um homem, dois anos se era uma mulher 10 , e em segida leva-se a boneca para co
persuadidos [que os mortos] não vão para o país das aas antes de estarem sem car locála em ca do tmulo
ne"  existência de um período de margem tia iguente interessado Mihai Mas o luto por um homem dura cinco meses, por uma mulher quatro meses
lovsi5 O rito principal consiste ou em retirar a carne ou em esperar que caia por si Ora, os mortos partem por um caminho longo e tortuoso para o nor te, onde se en
contra o país dos mortos É um local sombrio e io 11 , parecendo que a duração da
mesma É nessa ideia que se ndam, por exemplo, as cerimôas dos Betsileo de Ma viagem coincide com a da conserva ção da boneca Há, por conseguinte, ritos preli
dagascar, que possuem uma primeira série de ritos ( de espera) até que o cadáver se minares, margem e nerais defnitivos quando o morto chegou a seu domicílio de
decomponha em sua casa ( ativa-se a putreção com axílio de um grande go), se fnitivo Os Ostiake setentrionais colocam este país dos ortos além da embocadu
guida de ma série de ritos de sepultamento do esqueleto 6•
ra do O, no Oceano Glacial 12 , onde só é iluminado pela luz da lua Não longe deste
lém disso, a etapa decompõese às vezes em várias outras, e no período mundo há três caminhos divergentes, os quais conduzem a três entradas, uma para
pós-minar este enômeno é sistematizado em rma de comemorações (oito dias, os assassinados, os agados, os suicidas, etc, outra para os demais pecadores e a
quinze dias, um mês, quarenta dias, um ano, etc) da mesma ordem que os ritos do terceira para os que viveram uma vida normal Para s Ostiake do Irtisch o outro
retoo de núpcias, do retorno do nascimento, às vezes do re torno da iniciação mundo estava
trezentos no céu,
metros cadasendo
uma ouumsubindo
país delicioso
ao longo ao qual se vai
de uma por escadas
corrente, e pordeonde
cemosa
Uma vez que as etapas dos nerais na Indonésia ram estudadas de perto 7, cita
deuses, os ursos sagrados, talvez totens 13 , e os mortos retornam às ezes à terra,
rei casos coidos em outras regiões As cerimônias dos Toda têm o mesmo caráter, a 1
tudo isso de acordo com as velhas lendas épicas . Em resumo, pareceme que deve
4
saber, incineração, conservação das relíquias e ritos de margem muito complicados haver uma relação entre a duração da conservação das bonecas e a duração atribuída
Em seguida, incineração das relíquias e enterramento das cinzas, com plantação de à viagem para o outro mundo
um círculo de pedras em pé O rito todo dura vários meses Os mortos vão para o
Amnodr, país subterrâneo, onde são chamados amatol O caminho para esse país não 8 RIVERS, H. Th Tda. Londres, 906 p. 336-404; para a descrição dos ritos c ada THRSTON,
é o mesmo para todos os clãs, sendo semeado de obstáculos Os maus" caem de um E Ethngaphic nt in Suth índiaMadras, 906 p 45-46; 72-84
fo que serve de ponte em um rio, nos bordos do qual vivem al g tempo, mistura 9 Conservo este nome, dado p elo inormador, embora estes Ostiake de Obdorsk sejam uma mistura de
dos com indivíduos de todas as espécies de tribos Os búlos vão também para o verdadeiros Ostiake e de Samoieda Cf. V N GENNEP, A Oiin tfn du nm  pupl "Oak
Keleti Szemle, 902, p 3-22
mnodr Os amatol caminham aí muito, e quando gastaram as pe as até o joelho 10 GONDAI Slidy 1iztchta u int SiZapdni Siii (Traços de paganismo entre os
indígenas do noroeste da Asia), Moscou, 888 p. 43 diz seis meses. Se o morto era um homem a viúva
deitao ao lado dela. Entre os Ostiake do Irtisch, segundo PATNOV Di Ichtiakn St. Péters-
bourg, 897 p. 46 a boneca é substituída atualmente pelo travesseiro e a roupa interior do deto
 LAFITAU. Mu d Sauvag améquain cma auxu dpmi tmp Paris, 724 t II, 11 BTENEV.Pgalnyia tchai Oikh Ok( os ritos nerários dos Ostiake do Obdorsk),
p. 444. Shivaia Stara, t. V905) p. 487492 GONDAI Op. ci, p 44.
5 MILCHLOWS, NM. Shamant s. I, Moscou, 892 p. 3 1 Não compreendo por que Gondatti, eguido por Patkanov, op ci , p.6 diz em seguida, a respei
6 Cf. a s reerências no meu Tau  t T tmim à áca,cap. VI e p 277278 to desse mundo, que é subterrâneo" quando é submarino Está ra de dúvida que houve aliás nas cren
7 Cf. HERTZ. Cnunà ld d'un pntan cllctiv  m. la Année sociologique, t. X ças dos V ogule e dos Ostiake sobre este ponto uma inltração cristã ( diabo, inerno, suplícios).
(907) p 50-66; encontrase uma coleção de detalhadas descrições do mundo de alémtúmulo, das via 13 C meu resumo na  d lt.  Rl.899 t. , da memória de N Kharouzine sobreL -
gens que conduzem a ele, etc., em KRUIJT, A C. HtAnimm in nndichnAchipl La Haye, 906 mntpa l'u t l cult l'u chz  Oak t lVgu/
p 323-385 obra aliás ndada sobre as teorias e pontos de vist a de Tylor, Wilken e Letourneau. 1 PATKNOV. Op. ci, p. 46

1 30 131
As cerimônias nebres dos Kol da Índia 1  rnecem bom exemplo de combina Não podemos descrever comparadamente os mundos de alémtúmulo 19 • A ideia
ção de ritos profláticos cohecidos com ritos de passagem. Eis a sequência deles: 1 º) mais dindida é que este mundo é análogo ao nosso, porém mais agradável, e que a
logo após a morte deposita-se o cadáver no chão, a fm de que a alma encontre mais sociedade nele acha-se orgazada como na terra, de maneira que cada indivíduo re
ciente o caminho da morada dos mortos", situada embaixo da terra; 2°) o cadá toma sua categoria, no clã, na classe de idade, na profssão, etc., que tia neste mun
ver é lavado e pintado de amarelo, de maneira a expulsar os demônios que riam pa do. Portanto, é lógico que as crianças ainda não agregadas à sociedade viva não pos
rar a alma durante sua viagem; 3 °) também com a mesma fnadade os parentes e vi sam ser categorizadas no outro. Assim, as crianças mortas antes do batismo catóico
zinhos reunidos soltam urros lamentosos 4 °) coloca-se o cadáver numa eça, com os permanecem eternamente em seu período de margem, o limbo. Da mesma maneira,
pés para diante, a fm de que a aa não encontre o caminho da cabana, e com o mes o cadáver de um pequeno semicivilizado, que ainda não recebeu nome ou não i cir
mo objetivo se gem-se percursos siuosos 5 °) o cortejo não pode compreender cunciso, etc., é enterrado sem as cerimônias ordináias ou jogado ra, ou queimado,
nem crianças nem moças. As muheres gritam, os homens calam-se; 6 °) cada um des sobretudo se a população considerada pensa que ainda não tinha alma.
tes leva um pedaço de madeira seca que jogará na  geira 7 °) colocase aí arroz, A viagem para o outro mundo e a entrada admitem uma série de rito de passa
utensílios, conorme o sexo, e na boca do morto pães de arroz e moedas para sua via  gem, cuos detalhes dependem da distância e da topografa deste mundo. sinalarei
gem, uma vez que a alma conserva uma sombra de corpo"; 8 °) as muheres vãose primeiramente as Ilhas dos Mortos ( Egito 2, Assíria-Babilônia 21, Hades do Canto X,
embora e põese go à pira1 6, queimando a padiola para ipeir o regresso do morto; da Odisseia, gregos de diversas pocas ou regiões22, celtas 23, polinésios 2, austra
9 °) os homens recolhem os ossos calcinados, colocam-nos em um pote, que trazem nos 2, etc.). Daí, sem dúvida, a prática de dar ao morto sua canoa ou uma canoa em
para a casa do morto onde é suspenso a um poste; 10 °) semeiamse grãos de arroz no miniatura e remos. Outras populações consideram o outro mundo como uma cida
cho e colocam-se aientos diante da porta para que o morto, caso volte apesar de dela cercada de muros, e tal  o Scheol 2 dos hebreus, munido de portas com errolho,
6

todas as precauções, teha o que comer sem azer mal a nin gém  11 º) levam-se para o Aralu dos babiônios 2, ou como uma região com compartimentos (o Duat dos
longe todos os utensíios, que se toaram impuros, supondo-se que o morto neles se egípcios), ou situada em uma alta montanh (Daiake, etc), ou no interior de uma
tenha escondido; 12°) purifca-se a casa mediante uma reeição consagrada; 13 °) ao montanha ( Índia védica, etc.). O que nos importa aqui é que o morto, tendo de reali
m de certo tempo vem a cerimônia das núpcias" ou da união" o morto com a po zar uma viagem 28, os sobreviventes tomam o cuidado de muni-lo de todos os objetos
plação do mundo ierior''. Cantam-se cânticos do casamento, dança-se e a muher necessários, materiais (roupas, alimentos, armas, utensílios) ou máico-religiosos
que leva o pote dá pulos de alegria; 14°) vai em cortejo matronial, com música, etc., (amuletos, signos e senhas, etc.), que he garantirão, como se sse um viajante vivo,
até perto da aldeia de onde o morto e seus antepassados são srcinários  15 °) deposi uma marcha ou travessia e depois um acolhimento vorável. Por isso, notase que es-
tase o pote em um pequeno sso, em cima do qual coloca-se uma pedra em pé  16 °)
na volta todos os participantes devem tomar m bao, mas todos os mutilados, mor  Cf. entre outros, OR, EB. Pmitive Culture, cap XIII.
tos por um tigre ou por acidente, etc., continuam maus espíritos e não podem ir para  Cf., sobre os capos e ihas de Iau, o jugaento e a viage do orto, SPÉRO, G.Histoire anci-
o país dos mortos. Este país é a morada dos antepassads e só os indivíduos que  enne des peuples de FOent classiquet I, p. 180ss, co a bibliograa.
ram casados 17 vão para ele. Voltam de vez em quando à terra, e quando es agrada  MASPÉRO Ibi, p 57ss
reencaam-se nos recém-nascidos, sobretudo os avós e bisavós 8.  Cf, enre outros, RONDE, E.ché. 2. ed. Fribourg-en-B, 1 898; DIEEICH, A. Nekyia. Leip
ig, 1893 EACH, Ad J. Vctor Bérard et lOdyssée. "Les Essais, 190, p. 189-193
)

 MER, K. & NUT, A The vage ofBranLondres: Gri Library, 1895
 C HA, F Gebiet der Klsmission,p 82-88 4 ZEMMRICH, J.Toteninseln und verwandte geographische then Int Archiv. r Ethnogr., t IV
6 S e chove deasiado seputa-se  cadáver de acordo co deterinados ritos, sendo desenterrado de  Cf. SEHLOW-LEONHARDI.DieAranda undLuritjaStümme Francrt, 1907 t. I (1907), p
pois da coheita e queiado. Neste caso a ceriônia te três etaas 15 e t II ( 1908), p. 6.
 C acia, p 1 19 6 C SCHWALLYDas Leben nach dem Tode, etc., Giessen, 1892
 Citei tabé este docento porque ece a prva do que i ito acia a propósito do rito de co  MASPÉRO Op ci, t. I, p. 693ss
loca no chão os recé-nascidos (coo ae tabé os Kol; cf H. Op ic, p. 72) e os cadáveres, rito  Sob re o undo dos ortos de acordo co as crenças sabeanas, c SIOUFFI, N. Études sur la relion
do qual DieterichMut E,p 25-29, enconou paraelos, que expica coo sendo ''u retoo ao seio  Soubbas. Paris, 1880, p. 156158, sobre os cainhos que conde a ele e os ga u ao outro,
da erraMãe Vêse que nesse caso, peloenos, esta teoria é iamissívelAcrescento que os Kol enerra ibid., p. 126129, e sobre os ritos nerários correspondentes, ibid, p 120, 121 nota, 12-126 A ala
as crianças ortas, as não as queia "porque não  tê alaos( Ko só tê ala a parr do ia do casa leva 75 dias para azer a viage, as o luto dura apenas 60 das A reeição coletiva e a reeição de coe
ento) e não tê o ireito de ir para o país dos antepassados, cuo acesso é precisente aberto pela crea oração são absolutaente obrigatórias O rito do "útio bocado que se leva à boca de ua ve rne
ção Deste odo, ca derrubada tabé a oua teoria de Dieterich, op ci, p 21-25 ce ao orto no outro undo "alga coisa adeais de sua ração habitual, que é e gera insuciente

1 32 133
tes ritos identifcamse or certos detales com os ritos de que lamos no capítulo III Falarei agora com bastantes detales das ideias que os Haida têm sobre o outro
do presente volume. Assim é qu e os lapões tomavam cuida do de mater uma rena so mudo 35 por causa dos coecidos motivos que nelas se encontram combinados. O
bre o túmulo, para que o morto pudesse realizar montado nela, antes de cegar à sua camino que condz a este país atinge a margem de uma espécie de baía, do outro
moradia defitiva, sua penosa viagem, que, se do al s, durava três semanas, se lado da qual está sitado o país das amas. Uma ama envia ao morto uma jangada
29
do outros, três anos . Fatos análogos poderiam ser citados em grande número. que se move sozina . Cegado ao outro bordo, o morto põese à procura de sua mu
A passagem caracteriza-se, entre outras coisa s, pelo rito do óbolo a Caronte" 3 º. Foi er, o que demora muito, pois as aldeias são dispersas como as dos aida e cada
encontrado na França, onde se dava ao morto a maior moeda possuída, a fm de ser morto só tem uma mher que le é designada. Ao morrer o omem inca qual a al
meor recebido no outro mundo" 3  . Subsiste na Grécia moderna. Entre os eslavos o deia em que deseja viver, sendo despacados mensageiros que o guiam em sua via
dieiro destina-se a pagar as despesas da viagem, mas entre os budistas japoneses é gem . Cada oerenda ao morto multipcase para seu uso e os cânticos ebres azem
dado à vela que az atravessar o Sandzu. Os Badaga empregam o dieiro para a o morto entrar em sua aldeia de cabeça levantada. Os mortos enviam riquezas a seus
passagem por cima da corda dos mortos. Os muçanos não podem atravessar a parentes terrestr es pobres. No país da s amas eecutamse danças sagrad as e á diver
ponte rmada por um sabre afado a não ser que sejam puros ou bons" . No Avesta timentos. Para lá desse país abita um cee camado Grade Nuvem Móvel, de
os cães vigiam a ponte Cinvat, assim como no Rig-Veda os cães de Yama, malados, quem depende a abundância do saão. Ao fm de certo tempo o morto aparela
com quatro olos guardam os camios que conduzem a uma das moradias de uma canoa, reúne seus bens e, no meio das lamentações de seus companeiros, parte
alémtúmulo dos antigos indus, uma espécie de cavea, recinto coberto e ecado, para o país camado Xada . Esta é sua seda morte. Depois passa por u ma terceira e
no qual s e penetra passando por um sombrio subterrâneo 32 . uma quarta morte, e na quinta retoa à terra como mosca azul. Outros pensam que
À vezes, á potências especiais (magos, demônios, divindades) encarregadas de as quatro mortes só ocorrem depois de vários renascimentos umanos. Finaente,
mostrar o camino aos mortos ou de condu zilos por grupos ( psicopompas) . Este á países dierentes para os agados, os lecidos de morte violenta, os xamãs, etc.
papel de Íris ou de Hermes Mercúrio é bem cohecid o. Entre os Musquaki (Raposa Eis agora os ritos nebres no caso de um morto comum 36 . Pinta-se o rosto do
ou Utagami) este condutor do morto às Pradarias de alémtúmulo é mesmo repre morto, coloca se uma cobertra sagrada em sua cabeça, sendo então sentado no cai
sentado,
do morto,por ocasião
galopa al gda suspensão
as as, do
dá luto,
a voltapore retoa,
um jovem guerreirodaí
guardando queem
toma o nome
diante este xão, onde permanece de quatro a seis dias. Cantam-se cantos mágicos especiais. Os
nome e considerando-se flo adotivo dos parentes do morto 33 . cantos" são pronunciados primeiramnte pelos membros do clã e depois pelos do
clã oposto. Joga-se em um go de lamentação" toda espécie de víveres e de bebidas
Finalmente, os Luisênio da Calirnia têm uma cerimôia dramática que, por
e tabaco em as que o morto levará, multiplicados, para o outro mundo. Os paren
sua ação direta, 1º) a sta os espíritos dos mortos da terra; 2 ° ) prendeos", faos,
como se s se por meio de um laço material, aos quatro cantos do céu e mais especial tes tomam os sinais do luto (raspam a cabeça e macam o rosto com pice). Reti
mente à Via Láctea 34 . ra-se o caixão por um buraco na parede, sendo colocado na casa nerária", onde só
podem ser depositados os que pertencem ao mesmo clã. Durante dez dias a viúva je
jua, utza uma pedra como travesseiro e banase todos os dias, mas não lava o ros
to, etc. Em segida reúne crianças do clã oposto e les oerece uma reeição para po
 KHUZ, N. RuieLa. Moscou, 890, p 57- 58; para outros tos da mesma ordem, c der se casar" ( os Haida são eógamos ). Um outro inormante sse a Swanton que os
MIKHALOWSKI. Shamanstvo, p 9-24. ritos do luto assemeam se muito aos da s moças por ocasião da puberdade ". Em
0 C ANDEE, R Totenmünze Ethnogr Para, 2 série, 889, p 24-29; Mêlusine passim
ª

suma, os ritos, tendo por objeto reir o cadáver aos dos membros de seu clã e mu
1 THIERS, JB. Traité des superstions.Paris, 667; para outros paralelos anceses, c SÉBILLOT, P i-lo do que é necessário para a viagem e estadia no alémtúmulo, são ao mesmo tem
Le FolkLore  France  I, p 49, onde se encontrarão normações sobre a travessia do mar interior para
ir ao Ineo po profláticos animistas (abertra na parede da casa, o caão, a cova, etc., impedem
 C OLDENBERG La reln du Vtrad V Henry, Paris, 903, p 450462; uma outra mora o retoo) e profláticos de contágio (luto, ban os, etc. ).
dia é no céu Oldenberg tem razão em crer que estas duas concepções são independentes e justapostas,
mas não são elementos de um sistema dualista A coexistência de crenças dierentes em um mesmo povo é
um to equente e quando há localização de certos mortos em um dos mundos e de outros em dierentes
mundos isto ocorre em consequência de um princípio não de caráter ético, mas social e mágico-religioso
 MISS OEN. Folk-Lore ofthe Musquakie. Londres FolkLore Society, 902, p 83-8 6  SNTON, JR Conbuns to the ethnog y ofthe HaiJesup North Pacic Expedition, t  V,
 GODDARD DU BOIS, C The Relion ofthe Luisenio Indians. Univ Cal Publ, t VIII, n 3 Berke parte I. Nova York/Leyde, 905, p 34-37
ley, 908, p 83-87  Cf. para os ritos, ibid, p 5254 e 34-35.

134 1 35
Os ritos erários do Egito Atigo ecem um bom exemplo de um sistema çava de acordo com o Guia  viajante no outromun Quato aos detales remeto
de ritos de passagem tedo por falidade a agregação ao mudo dos mortos. Só exa 42
.

o leitor aos trablhs citados e observo que cada compartimeto era separad do pre
miarei aqui o ritual osiriao 37. A ideia dametal é a idetidade de Osíris e do cedete e d sege por po t s que deviam ser abertas ritulmete. Igora-se
morto, por um lado, do sol e do morto, por outro. reio que devia haver a pricípio ome das tres pmeras e da últa
0

dois rituais distitos que se uiram o tema da morte e do reascimeto. Sedo Osí Os omes da quarta e das se gites eram A
ris, o morto é desmembrado e depois ecostituído. Morre e reasce o mudo dos que escode corredores", O pilar dos deuses", A garecida de espadas", O portal
mortos, de ode uma série de ritos de ressurreição. Equato Ra-Sol, o morto morre de Osíris", A que se mantém de pé, imóvel(?)", A gardiã da iundação", A grade
cada dia. Chegada ao limite do ades, sua múmia é jogada em um cto e abadoa dos seres, a geradora das rmas", A que cotém os deuses do Hades". Na saída ha
da, mas a série de ritos pelos quais passa a barca do sol rate a oite ressuscita-o, e via i gaete um vestíbulo.
pouco a pouco de mahã torase de ovo vivo, proto a recomeçar a viagem cotidi A estas abertras de portas" correspodia o rital do culto diário a abertura das
aa a luz, aca do mudo dos vivos. Estes múltiplos reascimetos do ritual solar porta s do aos 1 º) queravase o cho; 2°) retirava-se a terra que servia de selo; 3º
combiaramse com a recostitição úica, a primeira chegada do morto o Hades, coram-s  os e rro os 43 Vinha em se gida o desmembrameto e a recostitição
do ritual osiriao, de tal sorte que esta recostituição acabou operado-se todos os de deus, to que za parte i gaete dos ritos erários ( abertra da boca4, etc.).
dias Este eômeo de covergêcia correspodia, aliás, à ideia geral segdo a qual  segudaabertra dosaos confrmava a primeira. Preparava-se o deus por meio da
o sagrado, o divio, o mágico, o puro perdem-se quado ão são reovados media a ga e do ceso, vestam-o com xas sagradas, ugiam-o de pitra vermelha
te ritos periódicos. para o rosto e d � óleos permados. Fialete, levava-se a estáta para o aos, is
Eis aqui agora o esquema sicretista de acordo com o Livro  que existe no Hades talado-a a area. Do mesmo modo, que a múmia e a estátua do morto o ritual 
e o Livrodaspor Segudo as épocas e os lugares o Duat (Hades) i diversamee
38 ebre, echavase ritamete o aos como rito pricipal de saída do satuári04 Ora
represetado. À rça de remedos e combações os padres tebaos chegaram a ela

a alidade do culto divio cosistia em ressuscitar diariamete o sol RaOsíris fa


borar u plao completo dele. É cosiderado como um imeso templo, muito lidade que era também a dos ritos erários, os quais: 1 º) ressuscitavam
º
o orto
comprido, divididoumempátio
cada extremidade certoexterior
úmeroe umdepiloo
quartosligado
separados por portas, aotedo
simultaeamete em
mudo toa
recosttuçao
o- eus
paralelismo e aomediate
reascmeto
_a mumifcação
otuo,e osa morte
diversosverdadeira defitiva 46graças
ritos; 2 )e impediam,
47 dos ritos erários, do culto diário, da iau ração do teplo e do ri
Daí 0à
terir e ao mudo exterior" 9. Na primeira hora da oite, o sol já morto mada g
tual da etroização. Este paralelismo é sem dúvida o caso extremo e mais sistemati
abrir as portas gardadas por ciocélos e gêios, depois de ter acolhido em sua bar zad que coheço da represetação dramática do tema da morte e do reascimeto
ca as almas puras", isto é, eterradas segudo os ritos e muidas dos talismãs eces pela morte e eascimeto simultaeamete do Sol-Ra, de Osíris, de Horus, do rei,
sários. Os outros mortos vegetarão eteramete o vestíbulo4. Segdo o Livro das do padre e de ad mort puro". Efm, acrescetarei que o ascimeto para a vida
por,as portas, idêticas às das rtalezas, são gardadas a etrada e a saída por
um deus mumirme, o âgulo por dois ureus que laçam chamas e por ove deu terrestre costta por s mesmo um reascimeto 4
ses-múmias. A passagem era obtida por um exorcismo41. Em segida a viagem come-
2 MASPÉRO tudes t I, p. 38
? MASPÉRO, G Les hogées raux de ThbesÉt de myth et d'arch ég., t II (1893), p 1 187 ;  MORET ituel p 35ss
J�Q " LdeceadsParis, 1894; MORET, A Le tuel du culte divin joua-
,
4 Ibid, p. 73-83 e 87-89; c MSPÉROLeritueldusacrifcenéraire Études, etc, t II, p 289-318
ler. Pas, 1902, eDu caractre relieux de la auté phanique. Paris, 1903.  Ibid, p 102212 e gravra III
 Este liv i composto para conciliar a teoria solar com a teoria osiriana que não era levada em consi 6 MORET ituel p 226; c ibid, p 1015 e acima
eração no Livro d que existe no Hades C o resumo dado por MASPÉRO, G des de myth et d'arch  ?s compartints do !ades pertencem pelo menos a dois sistemas primitvamente distntos O re
eg t. II, 163-179 nscmento dtvo e obdo na XIII hora segundo o rital tebano pela passagem da barca divna atra
 ÉQUIER Op ci , p 19 ves, da uda a ca eça, da ggantesca serpente "A Vidados-deuses, que Jéquier considera a imagem da
0 ÉQUIER Op. ci, p 20, 39-41  MASPÉRO. oges,p 43-44 cf o discurso do deus aos cinocé renoaçao: graça a culd�de que a serpente tem de mudar de pele todos os anos O. ci, p 132133
los para "a abertura das portas. Mas sto nao explca o sentdo da passagem através das duas cabeças de touro (MASPERO Op ci , t II,
 SPÉRO Op ci, p 166-168; sobre a porta qu e dá para o lugar do jugameto, cf. Livre des p 169-1 71 ; sobre a XII hora, c ibid, p 96101
Mos, cap CV, I, 52ss  C, entre otros, SRO Op ci, t I, p 23ss, 29 Observe-se que a mumicação tem precisa
mente por naldade permtr o renascimento, a vida de além-túmulo
1 36
1 37
Todos estes ritos impediam o morto de morrer ovamete cada dia, to que o suicídio em caso de doeça grave, de mutilação, etc., é um meio para que a ama se
muitos povos cosideravam possível e que se combia às vezes com a ideia de que em coserve em bom estado e ão seja eraquecida em mutiada; 2 º) o suicídio é re
cada vez o morto passa de uma morada para outra, conorme vimos com relação aos compesado o outro mudo ( suicídio do gerreiro, da viúva, etc.); 3 º) o suicida
Haida Da mesma maeira, os Tcheremiss acreditam ou que o morto pode morrer ão pode se jutar aos outros mortos e deve errar etre o mudo dos mortos e o dos
ou (Tcheremiss de Viatka) que o homem pode morrer sete vezes passado de um vivos; 4 º) o suicídio é puido o outro mudo e o suicida deve errar etre dois mu-
mudo a outro, sedo falmete trasrmado em peixe Os ritos Tcheremiss co
49

dos até que teha passado o tempo que teria vivido ormalmete. Ou etão só é
sistem em alimetar o morto a pricípio com equêcia, depois periodicamete, por admtido em uma região ierior do mudo dos mortos, ou falmete é punido com
comemorações". Assim é que se expicam aida, em parte, os ritos alimetares e suplícios, etc (ieo). Não é preciso di zer que coorme o suicida se iclua em uma
sutuários dos Vogul e dos Ostie, als dos quais acreditam que a alma do morto ou em outra destas quatro categorias os ritos erários são dieretes, tato os ritos
vive por al  tempo o mudo submario ou celeste s. Depois dimiui pouco a profláticos e purifcadores quato os ritos de passagem.
pouco até chegar ao tamaho de determiado pequeo iseto ou se trasrma esse Estes ecotramse aida os rito s de ressurreição e de reecaração. Co m
iseto, e em se gida desaparece iteiramete 51. A doutria dos mudos superpostos eeito, mesmo se a alma i sep arada dos vivo s e agregada ao mudo dos morto s
é aliás espaada a Ásia e existia o mitraísmo ( os sete mudos plaetários, com su pode camiha r em seguida em setido i verso e reaparecer etre ós, seja por si
cessivas iici ações). mesma seja sob a ação coercitiva de outrem. O mecaismo às vezes é muito sim
Os idivíduos para os quais ão ram executados os ritos ebres, assim como ples, bastado que a alma se reecare em uma mulher e reapareça em rm a de
as criaças ão batizadas ou que ão receberam ome, ou ão ram iiciadas, são criaça. Tal é, etre outros, o caso, segudo a creça dos Aruta da Au strália , os
destiados a uma existêcia lametável, sem poder jamais peetrar o mudo dos quais pe sam que as almas fcam d e emboscada as pedras, a s árvores , etc., e
mortos em se agregarem à sociedade aí costituída. São os mortos mais perigosos, daí se laçam as mulheres joves, gordas e apetitosas. Os ritos de reitegração
porque desejaria reagregarse ao mudo dos vivos, mas ão podedo zêlo co ao mudo dos vivos são etão os que ram estudados a propósito do ascime
duzemse como estrageiros hostis. Não di spõem dos meio s de subsistêcia que os to e da doação do ome. As cerimôias dos Luchei do Assam 5 recem um
outros mortos ecotram em seu mudo, e por cose gite devem procurálos à bom exemplo deste retoro etero". O morto é revestido com uas melho res
custa dos vivos. lém disso, estes mortos sem lar em lugar setem equetemete vestes e amarrado e m posição setada um a armação de bambu Colocamse ao
um amargo desejo de vigaça. Deste modo, os ritos dos erais são ao mesmo lado dele os utesílios e armas de seu sexo. Matamse um porco, uma cabra e um
tempo rito s utilitário s de grade alcace, que ajudam a livrar os sobrevivetes de ii cachorro , e todos os paretes , amigo s e vi zihos participam da care desses ai
migos eteros. A classe de mortos reerida é diversamete recrutada coorme os di mai s, dado se também de beber e de comer ao morto. Depo is, chegada a oi te,
eretes povos lém dos idivíduos citados ela f gram os que ão têm amília, os o morto é colocado em um  sso cavado ao lado da casa, seu parete mais próxi
suicidas, os mortos em viagem, por um raio, pela violação de um tabu, etc. Isto em mo di zlhe adeus e pedelhe que prepare tud o para os que i rão jutarse a ele.
teoria geral, porque o mesmo ato ão acarreta as mesmas cosequêcias em todos os Com eito, a alma, acompahada das almas do porco, da cabra e do cachorro,
povos Faço obserar de ovo que ão pretedo dar uiversalidade e ecessidade ab sem as quais ão ecotraria o camiho, vai, vestida e equipada, para o país de
solutas ao esquema dos ritos de passagem. Mi thihua , ode a vida é dura e peosa. Mas se o morto matou aimai s a caça
Citarei a este propósito as variações do destio dos suicidas o alémtúmulo. R. ou homes, ou se deu stas para toda a aldeia vai para um país agradável, do ou
Lasch 5 ecotrou quatro categorias, a saber: 1º) o suicídio é cosiderado como um tro lado de um ri o, ode z uma estaça cotíua. As mulheres como ão po
ato ormal e o destio do suicida é o mesmo que o dos mortos comus. Aida mais, dem em combater, em caçar, em dar estas, só podem ir para e ste belo país se
seus maridos as levarem. Ao fm de certo tempo a alma abadoa uma ou outra
dessas regiões e volta à terra em rma de um z agão. Depoi s de ovo lapso de
4 SMIOV-BOYR Lespulationsnnoises de la Voa et de la !<ma,. I Paris, 1898, p 138
tempo trasrmase em água e em seguida evaporase em rma de orvalho. Se
0 C acma p 130s e as fntes ctadas
 GONDATI p. 39.
 LASCH, R Die Verbleibsorte de r abgeschiedenen Seele d er Selbster. Globus, 1900 t LXII p
110-115   O Maior Shakespearem Censusofndia 1901 , t . EthnographicalAendices Calcuá, 1903 p 225

1 38 1 39
ma gta de rvalh ai em um hmem, este rá um lh que será  mrt re s t as d ia,  s e  e lm ss, exste
eaad 4. Q uad a iaça aseu matam-se dis ags; em seguida a me
5 edie atrs e sepra,  s, s, i, itéri, e,
va-se e lava  lh. A alma da riaça passa s sete primeir s ias empleirada,  s árres, s e r, ,os ais s stís  tli
m se sse um pássar, as rupas u  rp de seus pais. Pr esse mtiv,  iualmete, termia equee  e  x  a 
eses permaeem  mais temp pssível sem se mexer e apaziguase  deus d a  ri iter, e mair partiularte lee. C i tiv á s
ésti pr mei de sariis. Pratiam-se em segida td gêer de erimônia, eras per iódias e expuã das mas ra ra  s, a ae,  er
urate as quais  parete mater mais próxim dá um me à riaça, ist é, agre t a t i. A  rapt" a iva rresde as lus pel aáver, t di
ga defitivamete a l. ds  A a, j verdaeir  sed  ae er i té ara e
Fialmete, lembr que às vezes as amas ds mrts reearam-se diretamete , e sste e que s s iamte s i pde m e es
em aimais, vegetais, et., priipalmete s ttes Neste as há rits de agrega ebrs, prque há s uma dmuç  e i s . r iss est uts
ç d mrt à espéie ttêmia. s tt mais vi etas ut a psiç d mrt a seae era mi e
Nem sempre existe m lugar d ém-tul destiad espeialmete as mr   Quat à estruiç  adáe (iierç, te apesaa, et, te
7

ts, u pel mes equetemete atee que seus dmiílis sejm as viznhaças  bjet  desagrea s pee,  e las versas. Só mtr a
da asa,  túmul (hamad a Isba d mrt" pels Viak), u  emitéri (hama ee s ress ( sss, zas) stiuem  v rp  rt a u v,
d a Aldeia ds mrts" pels Made). Neste as,  eterramet é  verdadeir sej ual r a pii de Hert   Ss

rt de agregaç a mud geral ds mrts Ist é muit lar ere s Theremiss Cm rts e aggç te     ees se 
e, pr utr la, tmbém areditam, talvez pr iuêia muçlmaa ds tártars, rais e s bauetes as ss mmrva, reeições que têm r e 
e ur mud , aálg a éu ds Ostike e de se vai quer pr uma vara m
55 a vaete etr tds s es   rp sv, e  vz  
prida que rma uma pte em a de uma aleira, quer pr ma esada. sim et, a re q  eraa  eee de  d e. À 
tabém s mrts mrdvis têm m dmiíli  tmu u  emitéri. O ví 56
 stim st
s eas rdemem
s eis ealzs
as etaps
bé p s
(psó d sse
e deiva), d lut.
e
  
l m s vivs, pr segite  períd de margem, dura et mais temp, pis
s vivs reva peridiaete este laç, nrme dissems, mediat e reeições em rera á uma re e c s ees,  a se ja qe   s
um u visitas quer aletad  mrt (bura a terra e  ataúe, aiç, vi it. ialmte se  trib,   a e et  es,   o
has depsitadas  túml, et.). Mas hega sempre um mmet em que este ví tr, arat, mesaeir, et) ar i ms  rte rial lev  
ul se rmpe, epis de se ter relaxad pu a pu. Neste as é a últa mem ete, a ual se am s es ds grps iteresa
raç u a última visita, et., que tém s rits de separaç m relaç a mr e Qant as rits e agregaç a tr m, s evaetes s d  
d reslidaç da siedade, restrita u ampla, ds vivs. ae, a aregaç a l, da a, t  eles se z eqete  a
Eis agra uma lista de rits de passagem siderads isladamete, lista qe, as q tê p tea tr  desid a r e a v  ps  
m as utras dadas este vlume,  tem qualqer pretes de ser mpleta , e ist m ra e tas, a sbe,  s dee me   s  e
Etre s rits de separaç, algus ds quais já ram passads em revista,  mer qaqer is przi   es, em x   qe  s
vém iluir: s diverss predimets e trasprte d adáver para ra, a eje, em eita presees e, t. r  ,b    e
queima ds utesílis, da asa, das jias, das riquezas d mrt, a mrte as mu a ese e  urs mrs, e pr se et a e  e e, 
lheres, de seus esravs, de seus aimais v rits, as lavages, uções e em geral es md que pagar  edági ( neir, et) Er s rs  ea  
paa  a ça a aça, a  rs  éega 9,  -
5

4 Este é um dos casos, muito raros, de reencarnação pelo pai  Para reeências, c HERTZ. Op. cit., p 12,  2.
55 SMIRNOV Les pulationsfnnoises des bassins de la Voa et de la I<ma, t I, Tchérémisses et Mord  O cit, p. 78, odifcado ma teoa emado aolut e Kepl
ves Paris, 1898, p. 133-144 [Trad. P . Boyer]  HADDON Cambridg xedition to Tos Sits, V 190  5; ese esm t é  s o
 Ibid, p. 357-376 casaeto. C acima, p. 5

140 14f
ma-unção cristã, a deposição do morto no chão Finalmente, é talvez nesta categoria
que devem ser classifcadas as danças dos mortos" executadas por certos amerínos,
pelos iana 6o da Árica, etc, pelos membros das sociedades secretas ou de outras
sociedades mágico-religiosas especiais CAPÍTUL IX
Outros grupos de ritos de passagem

Algns ritos de passagem considerados isoladamente: 1 º) cabeos; 2 ° ) véu;


3 ° ) ngas especiais; 4  ) ritos sexuais; º ) pancadas e fagelação; 6) a
primeira vez - Cerimônias anuais, sazonais, mensais, cotidianas  Morte e
renascimento - Sacricios, peregrinação, votos - As margens. - Paralelismo
ritua sistematizado no Egito Antigo.

Conviria agora examinar cada rito de passagem e demonstrar que é realmente


rito de separação, de margem ou de agregação. Mas isto seria assunto para vários vo
lumes, uma vez que cada rito determinado pode ser interpretado de muitas maneiras,
conrme ça parte de u sistema completo ou seja um rito isolado, quer seja execu
tado em uma ocasião ou em outra Foram já dadas repetidas vezes enumerações, e
1
.
2

todos os ritos
orecem que para
matéria incluem o ato de
discussão cortar,
Assim porexpliquei
é que um lado,aecircuncisã9
o de ligar, por
comooutro, não
um rito
de separação, e por outro lado o uso do laço sagrado", da corda sagrada", do nó é
muito dindido, assim como seus análogos, o cinto, o anel, a pulseira e também a
coroa, sobretudo nos ritos do casamento e da entronização, sendo a fta do cabelo a
rma primitiva
Para al gs destes ritos, que considero como ritos de passagem, é preciso cont
do expor, ao menos rapidamente, minhas razões
1º) Cabelos. Foram objeto de uma monografa de Wilken cuas opiniões ram
3
,

aceitas e desenvolvidas, entre outros autores, por Robertson Smith 4, Sidney Har
tland, etc. Na realidade aquilo que se denomina o sacricio dos cabelos" compreen
de duas operações distintas: a) cortar os cabelos; b) dedicá-los, consagrá-los ou sacri
fcá-los Ora, cortar os cabelos é separar do mundo anterior Dedicar os cabelos é li
gar-se ao mundo sagrado e mais espeialmente a uma divindade ou a um demônio,

 Compare-se a este propósito os ritos assinaados por MONSEUR, E "La proscription religieuse de
'usage récent Re de Fst desRi., t. LIII (1906), p. 290-305
2 Cf. acima, p 33-35, 42-45, 50-52, 57s., 6 s, 63, 68s, 1 17120, 140-142.
 WILKEN, J.A.DasHaarrRevue Coloniale Internationae, t III cf. entre outros PAZER Gol-
0 Cf WNER, A.The Natives ofBtish Etca Londres, 1906, p. 229; RRY, R.S Some den Bough cit, t I, p. 368-389, para uma boa coleção de tos
lkre, stoes and songs in Chinyanja
Londres, 1907, p. 179  SMITH, R Die Relion der Semiten, p. 248255.

142
143
dele uma moeda), são mais complexos. A melhor iterpretação deste rito i dada ção era um ato ormal as sociedades de eebos atigas, tal como é aida, equ anto
por Westermarck, o qual pesa que, devido ao poder sag ado d estr angeiro, er  um pacto de amizade, etre os albaeses e para os habitates das casas comus", os lu
meio de asse grar a ecudidade da moça 10• Esta, a be  dizr, ao er  uma prosttu a gares em que ão há vida em comum de rapazes e moças 4, de modo que esse caso a
1

sagrada e o ato executava-se em um terreo sagrado. E possvel que vese por fali primeira pedicação é um rito de aterização. Não é ecessário, como pesava A.J.
dade ao mesmo tempo agregar o estr angeiro à dividade ou à cidade. E aida como Reiach, ivocar aqui a ideia da tr anserêcia da rça masculia do poderoso ger
rito de agregação que iterpreto o oito equ anto ato fal das cerimôias de iicia reiro para o ebo que se predeu a ele para receber educação mtar e cívica" 15 . Etre
ção. Assim é que a Austrália o coito é um rito desta atreza para agregar um m� os judeus, às prostitutas sagradas, kedeshoth, correspodiam os kedeshim, homes
sageiro a uma tribo , ao passo que em outros casos é um rito destiado a gar antr a dedicados às dividades, e que se submetiam à pederastia passiva. Também este
boa marcha das cerôias em execução 12, e em outros casos aida é um ato de a caso o ato era um rito de agregação. Não preciso ocupar-me dos homes-mueres.
terização (empréstimo e troca das mulheres, das irmãs, etc.). Etret anto, covém lembrar o rito de Cos, o qual os sacerdotes de Hércules usavam
Qu anto à berdade sexual" cosecutiva às cerimôias de iiciação, a qual, as roupas de mulher e o oivo vestia-se também de muer para receber sua oiva 16 •
sim como as cerimôias de algmas seitas russas, os homes e as mulheres uiam-se Este paralelismo expca-se ciete admitido: 1º) que os sacerdotes eram as mu
conorme sua votade ou ao acaso, loge de ver ela uma sobrevivêcia da suposta lheres" de Hércules, e por cose gite a agregação a esse deus icluía a pedicação;
promiscuidade primitiva" vejo aí a expressão completa desta mesma ideia de agrega 2°) o oivo agia do mesmo modo que o casal de xamãs Koriaque, ode o marido é a
ção É o exato equivalete da reeição em comum, da qual participam todos os me muer e a mulher o marido 1 7 de modo que o paralesmo em questão é apeas uma
bros de um mesmo grupo especial. Tiraria al gém da existêcia uiversal das ree coicidêcia, a meos de supor que o rito do casameto iuiu o rito do templo, e
ções em comum um argumeto em vor da propriedade comuista primitiva das este caso, seja qual r a razão do disrce do oivo, o rito do templo pode aida ão
substâcias alimetícias? Nesse mometo também os direitos de propriedade pessoal ser seão um rito de agregação à dividade 18 • A pederastia ritual ecotra-se aida
são esquecidos e em um modesto piqueique todos comem do que cada um trouxe. etre os ídios Pueblo, que aemiam expressmete rapazes ( os mujerados) de que
Assim também todos se uem a todas, a fm de que a uião etre os membros da so se servem durante diversas cerimôias 19, sem dúvida com a mesma falidade que os
an
ciedade
ções dosespecial, totêmica,e mesmo
órgãos sexais, herética,oetc.,
casoseja proda e do
da perração comhíme
yleta.Qu
or umtocoà mutil
to preli Aruta
lubricquado se servem ritaete de mulheres, sedo os dois casos o ato um
ante mágico".
miar ao casameto, ão têm ehuma sigifcação sexal propamete dita, co
rme euciei repetidas vezes.
Tudo qu anto acabamos de dizer sobre as práticas heterossexais vale exatamete
para as práticas homossexais. Mas, como este caso as discussões ram mais co  Para tos e reerências, cf ELLIS, H  Études de choloie sexuele,t II, Vlnversion sexuelleParis,
sas e os documetos são meos detalhados, covém citar algus exemplos. Por oca 1909, STEMARCKOriin and develment of moral ideas, t. II, 1908, p 456489 e o periódico de
KRAUSS, F.SAnthrhyteia Leipzig, 5 vols. publcados
sião da iiciação a certos Igiet ( c. acima p. 84s.), um membro idoso da sociedade  REACH, Ad. J. "La lutte de Jacob avec Jahveh, etc., R. des Études Ethnogr et Sociol., 1908, p
despe-se e besuta-se de cal dos pés à cabeça. Se gra a mão a extremidade de uma 356, nota 5
esteira, d ando a outra a um dos oviços. Puxam e lutam alteadamete até que o ve 6 FRAZER, JG Anis,Atts, Osiris . ed. Londres, 1907, p 433
lho caia em cima do oviço e o ato se executa. Todos os oviços, cada qual por sua  C IOCHEISON The Koak; relion and mythJesup North Pacic Exp., t. VI, parte I Nova
vez devem submeterse à operação. Ora, a pedicação ão é cosiderada por estes me York/Leyde, 1905, p 5-54

l ansios como vício, mas como ato divertido Por outro lado sabese que a pedica-
13

 Entretanto, o vestuário eminno dos sacerdotes e magos é um to muito dindido, para que se tor
ne necessário procurar talvez uma outra expcação para ee C a interessante nota deochelson,
J The Kor-
yak, p 53 VN DER BURGT, JMM. Vrundi et les WarundiBar-eDuc, 1905, p 107; FRAZER,
J.G Adonis, As, Osirs ed. Apêndice, p 48435 A ideia desta troca de vestuários repousaria na
crença de que o padre é animado por um espírito eminino ou uma deusa, com a qual quer identicarse
0 WESTEMARCKThe oin and devepment of moral ideas,t II Londres, 1908, p 445-446. Fraer, p 434, cita o mesmo rito como rito de casamento, e acredita que tem por nalidade assegurar o
 C acima, p 4648 nascimento de crianças masculnas Isto é inaissível Se assim sse, o noivo daria à luz meninas, ou só
procriaria meninas! Segundo meu modo de ver tratarse aí de um rito de agregação do jovem à amília da
2 Cf. meus Mythes et Lé dJusrParis, 1906, p. LVI-LVII. moça e da moça à amíla do noivo, ou antes de um simpes rito de união entre dois indivíduos, idêntico à
 PARKINSON, R.Dre]ahre in der SüdseeStuttgart, 1907, p 6 11. A sodoi� é ialmente pr troca de anéis, de almentos, etc.
tcada como rito de iniciação na Nova Guiné. CHLMERS, J. "Notes on the Bugia, Btsh New G  ARSCH, F. Uranismus oder Pderastie und badie ei den Naturlke Jahrbuch r sexuele
nea.Anthr. Inst, t XV (1904), p 109 Zwischenstun, t III (1901), p 141145.

1 46
1 47
asta i gamente as os ra strr e a betilidde  cetos ca demônios. Frazer v nela um rito de purifcaço25 Thomson con sideraa um meio de
de ser m ro de areaço. Apreenta�se e  ui a e adasar er passar para o corpo do pacente a rça e a vitaldade da árvore (aveleira) ou do
ntre s ntaior um hoe ó poe er elações seas  sa mulher dei animal (bode ou cabra), com os agmentos do qual se stiga Salomo Reinach
e las co ma bezerra especaene ttd e adrnada de es  e ilada. adota esta teora e v na aelaço um rito de comunho", aquilo que chamo um
O pelido s tamo é marido e vacas" e  rito oderia er reaço com o e rito de areaço. Esta interpretaço deve ser admitida tato para as Lupercais quan-
smo20. E alas tribs a oa uin britica a estiaiade é m os rtos to para a aelaço no altar de Ártems Ortha A aelação é um rto importante em
das erimôns da iicaç21. A eresentaço dramática da bestilidade, quano no muitas cerimônias de iniciaço (conrme vmos entre os Zuni)2 e equivale ao rito
o prório to, esepha importante ael essas mesmas cerimônias, o mens que na Nova Guiné consiste em dar um golpe de maça na cabeça para agrear o ndi-
enre s australianos e amerínis, e também entre os Bushmen do Kaahari, ue víduo ao cl totmco, à mília, ao mndo dos mortos 27 Entretanto, convm notar
eecta a dança do u e das aca ou a dança do per ou a dança do por que a agelaço ou os olpes servem m al gns casos (Libria, Cono) como rito
cespo, siulndo  coito desses aiis com a maior exatido 22. Finaente, a material de separaço relativamente ao mundo anterior, uma vez que bater equivale
efcácia máicoreliosa d coito cm animais depreendese das se gintes prescri- ento também a cortar ou quebrar. Fnalmente, lembro que o rito de bater num obje-
ções notadas a Dmácia pelo r. l itrovic. Para livrar se da consumpço é pre- to é muito dindido, e que entre os rtos de apropriaço existe o de ater no solo"
ciso praticar o coio co a ala o a pata, ara curarse da enorraia é ou o de bater nas onteiras" 28
preciso atcar o coito co um gna uj escoço se corta durante o ato, para 6 °)  primeira vez ' primeira vezé que tem valor", afrma um ditado popular,
toarse senhor da ate iaólica é ecio ter elações com uma vaca e, para con- no deixando e ter nteresse observar que no somente esta ideia é propriamente
qustar a lcide, cm a glia ara prender a lin gagem dos animais o mes- universal, mas traduzse em toda parte, com maor ou menor rça, por meio de ritos
mo deve ser eito co ua serente êe, ra que as Vilas ( das maléfcas) no - especiais. Vimos repetidas vezes que o s ritos e passagem no se apresentam em sua
çam mal ao ao é preciso cpla c a é ga, ara roubar, sem ser apanhado, rma completa, ou no se acentuam mais, ou mesmo no existem a no ser por oca
com uma ata, para ter elicidade e ca,  uma cabra, recolher o serma e es- so da primeira passaem de uma cateoria socal ou de uma sitaço a outra. ssim,
egar com ee a pora da ca 23 S úi, a esiade anaita (alias, patos, para no sobrecarregar mais um livro já bastante pormenorzado, contentome aqu
ec.), o espada qe um ere o eve nca oer qalquer dessas aves se com al as indcações. Lembro, primeramente, que nesta categor ncluemse to-
no i morta em sua reseça, eese a niões do memo nero dos os ritos de ndaço e de nau graço (casa, templo, aldeia, cidade) Contm ce-
5 ) A aelaço é m ds t qe, eo quo execa ritualmente, pode
°
rimônias de separaço com relaço ao comum e ao proano e uma apropraço ou
ser terpretado de várias anes. a ortâcia é cohcia na ioloia sexal, consaraço. Nos detalhes estas cerimônias compreendem ritos de proflaxa, de pro-
pois  um meio eotóeno ds mai s. r, es ee cas, a piciaço, etc, mas sua estrutra real é o esquema dos ritos e passaem, prinip-
como nos rtos, é possível incluir a aelaç e ma cateria ais ata, a d go mente visível nos rits da rmeira entraa al como no caso do estrangeiro há aí r-
es, dados uma só vez ou repetios e ders to em onjnto c a s a rimira entrada E seid o estran eir te liberae e sair e entar e
das rmas do sadismo Euanto o, a e   olpes oem r às vezs novo.  preira aidez e o primei paro s tualente s as iore
aço sexal Quano n t, cov cmtr a nepretões aé a i ati- e mora i tios higiicos e mdicos nda a dinr s reças te a
das, de acordo com a quais o aenas  io e el  môni, o ma, d peia vez e as outas  nasmto o mei o, e sbeo o
impureza, etc alomo Reich24 ei  s ts e alaço rital e eps enno, so aotcetos mais raves, e o o d ista d e trtamos aa-
a eoria de Mannhad, pra que a uer a siaço  or eo asar s tase ridicene elo rto eieira.  riero coe dos ls
  , a eia mta i,   maa, s as >
s o r nta cases a ceimas aras e uas ras,   
 Cf. Meu Tbou Tot ad., p 49251, 28-81, 343
 CHALMERS, J Op ci, p 10 
 ZR,  The Golden ough,t II, p 149ss
 PSSRGE Die uschmnner der Klahari Berlim, 197, p 01104
6 Cf acima,  80s , e para um outro caso típico WEBSTER, H Pmitive secret societies, p 
 KUSS, Fr S & EISKE, R Des Divinitésgénéraces Lepzig, 1909, p 181 [rad com com
plementos de Dulaure]   Cf acima p 141 s
 RECH, S "La agellation rituelle n: Cultes,Mthes tlions, t , p 173183   Cf. BRN oularAntiquities, capítloXV WardeFowler, TheromanFestiv als,p 9; etc

1 48 149
ideia ndamena, paralelas por seu esquema cenral O primeiro noivado em im ocorrência universal Rompe-se assim pela primeira vez o círculo mágico que, para o
porância maior que os ouros, sendo sabido em que descrédio cai uma moça cuo mesmo indivíduo, não poderá echar-se hermeicamene De i gal modo, o primeiro
noivado i rompido O primeiro coio da mulher em caráer rial, de onde a série sacricio do brâmane, a preira missa do padre caólico, ocupam um lugar especial, o
complea dos rios relaivos à perda da virgindade O primeiro casameno é o mais que se exprime por um conjuno de rios especiais. Os primeiros erais são mais
porane não somene por causa da virgindade perdida, porque em numerosas po complicados que os sedos Acrescenarei que os erais da criança morta em pri
pulações houve um período preliminar de coios com rapazes (caso comum das Fii meiro lugar em ma míia êm às vezes complexidade e sigcação especiais Por m,
pinas, ec) ou a moça só é enre ge a o noivo depois de uma deoraç ão prévia Por as melhores oerendas são as dos progênios, dos primeiros ros (primícias), ec
isso, as cerimônias do casameno simplifcam-se (ou mesmo são parodiadas) por oca Desa rápida enumeração depreendese que a explicação dos rios da primeira
sião do novo casameno de uma divorciada ou de uma viúva Tal é o caso em Uargla vez" deve apresenar um caráer de generaidade que H Schurz, auor que deles se
Cio as observações do Biarnay 9 porque êm vaor geral
2 ocupou a propósio dos rios de iniciação, mal chegou a suspeiar • Via na simplif
33

Pode-se disin gir (em U argla) quaro caegorias de casamenos: cação progressiva dos rios uma consequência: 1 º) do o do segredo não ser mais
1 º) o casameno enre duas pessoas jovens, nenhuma das quais i jamais casada
necessário à medida que se sobe de grau, e 2 °) porque os membros dos graus superio
Durane as sas e cerimônias que acompham ou precedem o casameno e cuo res permanecem por rás dos basidores", inerpreação evidenemene inadmissível
conjuno oma o nome de islam,o rapaz é chamado aslie a moça tou taselt; para odos os ouros casos ciados Eses rios são simplesmene rios de enrada em
2°) o casameno de um homem viúvo,divorciado ou já casado com uma ou várias um domínio ou em uma siação para quem vem de ouro, sendo naral que, endo
entrada em um domínio ou uma siuação novos, a repeição do primeiro ao ea
ouras mueres e esposando agora uma moça virgem É o casameno do bumâud apenas um alcance decrescene Aém disso, psicologicamene, o se do ao nada
e da taselt;
mais oerece de novo e assinala o começo do auomaismo
3 °) o casameno de um jovem que nunca i casado (asli) com uma mulher viúva Na caegoria das cerimônias de passagem incluemse ambém as que acompa
ou divorciada (tamet ut);
)

nham e, conrme os casos, assegram a mudança de ano, de esação e de mês Eses


4 °) o casameno de duas pessoas cada uma das quais já i casada
Os regozijs e esas a que o casameno dá lugar vão diminuindo em número e ciclos ram
um pono deesdados por e,diversos
visa especial ao que auores, sobredo
parece, sem que seuMannhard e razer,
senido essencial massido
enha de
em imporância desde os casamenos da primeira caegoria, que podem ser chamados poso em reação com os ouros rios de passagem
casamenos compleos, aé os da quara caegoria, os quais não são mais considerados As cerimônias do fm do ano e do novo ano são basane conhecidas, ornando
senão como uma banal rmalidade que só ineressa aos uros cônjuges" inúil insisir sobre elas 4 • Em Pequim 5, no úlimo dia do ano, odos os membros da
3 3

Acresceno que a muher casada em primeiro lugar em sobre as ouras direios amília, mesmo os que em empos comuns são separados por desavenças, reúnem-se
defnidos enre as populações políginas A primeira paernidade re gla, enre os para uma reeição O rio do perdão" é secundário, é um rio preparaório, endo
Toda poliandros , várias paernidades seguines, e um marido sakavaa polígino pro
30
por objeo ornar coeso odo o grupo Em segida as pessoas despedem-se" do ano
cura, meiane um rio especia, garanir a paeidade de seu primeiro flho, a fm de que vai embora Há o kou diane dos anepassados por odos os membros da amía,
ser ambém o pai dos se gines . Finamene, com equência o nascimeno do pri
31
a começar pelos mais idosos, exceo as moças da casa, porque esas esão desinadas a
meiro fo marca a erminação dos rios do casameno ou, como aconece no Came enrar em oura amília, visias do fo mais veo às amílias aparenadas, ec.
r , classifca a jovem esposa na classe das mulheres propriamene dias
32
O período de margem compreende aqui, se gndo os povos, ou a noie ineira ou
Os rios de ciação, conorme o ermo indica, são ambém os mais importanes o inervalo de meia-noie a uma hora da madrugada ou al s minuos, apenas o
porque assegr a presença ou a participação defniiva nas cerimônias das aerni empo da mudança Assim, em Pequim durane meia hora echa-se a pora enre os
dades e dos misérios Ver pela primeira vez um objeo sagrado é um ao grave, de bairros áraro e chinês, colam-se nas poras da casa, dos armários, ec pedaços de pa-
9. BIANAY Op ci , Apêndice
0. IVERS, H The Toda, p 32 2, 517
. SCHURTZ, H Altersklassen und Mnnerbünde, p 354-355
. WALEN, A The Sakalava, Antananarivo Annual, s VIII (1884), p 5354
RDE FWLER The roman fstivas,p 3543, 4850
. Cf entre outros 
. As moças e mulheres estão nuas até o nascimento do primeiro lo HUERNord-Hinterland von
Kmerun. Brunswick, 1902, p 421 . GRUBE, W Zur Pekinger VolkskundeBerlim 1901, p  93 e 9798

151
1 50
pel ermelho, etc Em seguida êm os ritos de recepção do noo ano Em Pequim renascimento  Desse modo, azse um solene neral a Adônis, toma-se luto e toda
41

consistem em sacricios aos antepassados, às diindades, em reeições comuns dos a ida social fca suspensa Adônis renasce, restabelece-se o laço que o unia à socieda
parentes, etc O período de margem toma neste caso a rma do dia, da semana ou do de e a ida social recomeça Finamente, assinalarei ainda o to, posto em eidência
mês de sta ou de período Assim é o m ês de paralisação administratia, que na Chi por Beuchat e Mauss , que entre os Esquimó a ida so cial é construída segundo ba
42

na é chamado chumbagem dos solos", terminando pela abertra do selo" 6 O dia 3


ses dierentes no erão e no inerno, e que a transição de uma dessas rmas para ou
· do Ano-Noo entre muitos poos é um dia de paraisação da ida geral, a ta ponto tra exprime-se por ritos de passagem caracterizados
que na Indo china até os mortos saem de suas moradias e êm retomar o gosto da ida Uma outra categoria inteira de ritos i interpretada de modo completamente er
terrestre  Igualmente, o período dos doze dias ou das doze noites é uma margem,
37
rôneo por desconhecimento de esquema dos ritos de passagem São as cerimônias re
cujo estudo, do ponto de vista dos ritos de passagem, é dos mais instrutios lacionadas com as ses da lua J.G razer reuniu e descreeu um grande número de
Encontram-se, ainda, e sempre de acordo com o esquema ordinário, nas cerimô las 3, mas endo apenas um ico de seus elementos, os ritos simpáticos Esta corres
4

nias relatias às estações, e que caem muitas vezes no solstício do erão e no solstício pondência entre as ses da lua e o crescimento, e em seguida o decréscimo, da ida
do inerno (estas combinam-se na Europa com as cerimônias do m do ano), no egetatia, animal e humana, é uma das mais velhas crenças da humanidade, e se rela
equinócio da primaera e no equinócio do outono Notarei somente que o rito de se ciona etiamente com uma correspondência aproximatia rea, no sentido em que
paração consiste neste caso na expulsão do inerno 8, e o de agregação consiste na in
3
as ses da lua são um elemento dos grandes ritmos cósmicos, a que estão submetidos
trodução do erão na adeia  Em outros casos o inerno morre e o erão ou a prima
39
tanto os corpos celestes quanto a circulação do sangue Mas observarei que quando
4
.

vera renascem  não há lua há paralisação da ida, não somente sica, mas também so cial, geral ou es
Ora, as estações só interessam aos homens por sua repercussão econômica, tanto pecial 5, por conseguinte período de margem  As cerimônias de que se trata têm pre
4

sobre a vida mais industria do inerno quanto sobre a ida mais agrícol e pastoral cisamente por fnalidade encerrar este período, assegurar o máximo vital esperado e,
da primaera e do erão Segue-se que os ritos de passagem propriamente sazonais no momento de decréscimo, zer este ser temporário e não defnitivo Daí, nessas

têm
apósexato paralelo
a margem nos ritospela
constituída destinados a assegurarem
moderação o renascimento
da marcha egetatia da egetação
do inerno Garan ecerimônias a dramatização
o caráter de da ideia
ritos de separação, dedeentrada,
renoação, de morte
de margem e dee renascimento periódico,
saída das cerimônias re-
te-se a retomada da ida sexual animal tendo por fm o aumento dos rebanhos Todas latias à lua em todas as suas ses ou somente à lua cheia
estas cerimônias compreendem: 1 º) ritos de passagem; 2 ) ritos simpáticos, diretos
°

ou indiretos, positios ou negatios, de ecundação, de multiplicação ou de cresci


mento  É uma coisa notável que somente estes últimos tenham chamado a atenção de
Mannhardt, de JG razer e de seus continuadores, como HomannKrayer 4  Mas, 
 Cf ZER Goldn Bough, quase todo o 2 vol e t III, p 138-200 Adons,As, Osrs2 ed, p
°

como estes sábios publicaram seus documentos com bastante detae, é ácil qua 187193; 219230; 254-259 299345; CUMON, r Ls rlions orntals dans l pagansm roman
Paris, 1907, p 300, 310  REINACH, S Cults,Myths t Rlions.3 vols, passim
qe pessoa er que, com eeito, o esquema dos ritos de passagem coexistem real  BEUCH & MUSS.Essa sur ls varatons sasonnrs ds socétés skmos nnée sociologique, t
mente nessas cerimônias com a segunda categoria de que lei O elemento mais im I (190 6), p 39 132  Os autores não dedicaram um estudo especial às práticas postas em uso por ocasião
portante do esquema, quando a potência sazonal e econômica é indiidualizada (por da mudança de residência, mas podem ser encontradas descritas (mudança, cortejo, versas propicia
ções, etc) nas ntes que citaram Devemse aproximar delas os ritos de passagem da vida em um vale
exemplo, Osíris, Adônis, etc), consiste na dramatização da ideia de morte, espera e para a vida na montana ( estivação na Saboia, na Suíça, no irol, nos Cárpatos, etc) , avendo sempre na
partida e no regresso um banquete em comum, estas de aldeia, procissões e bênçãos, etc Nesta categoria
ncluemse todos os ritos da mesma natureza que o rito existente na Rússia e que consiste, quando termi
na o inverno e o gado z a primeira saída, em obrigálo a atravessar uma barra colocada sobre a soleira
(R UMB ULL Thrshold covnant,p 17), evidentemente para separálo do mundo doméstico chado e
6 Cf DOOLITLE Socal l ofth Chns, 1867, t II, p 38-40, e GRUBE, op cit, p 9899 reagregá-lo ao mundo exterior, ao céu aberto
 Para tos, c RAZER, JGAns,Ats, Oss 2 ed (1907), 306ss  C RZER Gon Bough,t I p 156160, e Ans,A, Oss 2 ed, p 369377 Para Sin, o
 RAZER Goldn Bough, t III, p 70ss deuslua assíriobabilônio, cf COMBE, Et Hstor du cult d SnParis, 1908
9 Ibid, t I, p 208 e t II, p 9ss  Cf HVELOCK ELLIS Étuds d psycholo sxul,t I (1908), p 120225
0 HOMNN-KRAYER D Fruchtbarktsrtn m schwzschn Volksbrauch cives suisses  C a partida do bosque dos membros do duk-duk, por ocasião do último quarto WEBSERPrm-
des rad Pop t XI (1907) p 238268 tv scrt socts,p 114

1 52 1 53
Sendo a semana apenas uma divisão do mês, salvo pela relação que tem com a adoção49, da puberdade 5 0, da iniciação 5 1, do casmento 52, da entronização 53, da orde
realização dos mercados (sobretudo na Árica), não há ritos de passagem relativos à nação 54, do sacricio55, do neral nas populações que acreditam na sobrevivência in
semana  Mas conhecem-se ritos deste gênero relativos ao dia, por exemplo, no Egito dividua ou, além disso, na reencarnação 5 6, e talvez seja tmbém encontrada igual
Antigo e todas as cerimônias destinadas a assegurar o curso cotidiano do sol com
4
mente nos votos e na peregrinação. A ideia lógica" desses paralelismos, a gs dos
portm, entre outros elementos, o esquema dos ritos de passagem. quais tinham sido observados por H Schurtz, ideia que não soube achar e que parece
Todos estes ritos, que têm por fnalidade a multiplicação dos nimais e dos vege mesmo ter negado que existisse 5 7, é que passar de um estado para outro signifca
tais, a periodicidade das inundações e ertilizantes, a cundação da terra, o cresci despojar do homem velho", é literamente adquirir uma pele nova"  Contudo, é di
mento normal e a matração dos cereais, dos rutos, etc., são apenas me ios para a ob cil decidir se a ideia de m orte e renascimento representa uma causa ou uma conse
tenção de uma boa sitação econômica O mesmo deve ser dito dos ritos de pesca e quência Parece ser consequência nas cerimônia de ciação e de ordenação, que
de caça, das cerimôas de multiplicação do totem (Intichiuma na Austrália Central, compreendem, entre outros elementos, êxtases, exteriorizações58 ou mesmo, como
etc.) e enfm, em certa medida, dos ritos de guerra e das cerimônias do casamento acontece entre muitos ameríndios, um soo ou somente o sono. Assim, entre os
Não preciso estudar aqui este aspecto econômico de a gs ciclos cerimoniais nem Musquai (Utagami ou Raposa), na última noite da iniciação (que dura nove anos),
ocupar-me das características exteriores da passagem de uma situação para outra, que os noviços deitam-se no chão da casa de danças, adormecem e despertm homens59 
não implicarim nenhum elemento mágico-religioso É consequência também nas cerimônias sazonais, quando a natureza adormece" e
desperta" Mas é a causa dos ritos especiais, dramáticos e em uso no cuto de Osíris,
O enômeno da marem pode constatarse em muitas outras atividades humana, Adônis, tis, etc, e vive com existência própria no cristiaismo ( morte e ressurreição
e se encontra na atividade biológica geral, nas aplicações da energia sica, nos ritmos do Savador, ponto de partida da interpretação simbóica da morte e do renascimento
cósmicos. Porque é uma necessidade que dois movimentos de sentido contrário se
jam separados por um ponto morto, que é reduzido ao mínimo em mecânica pelo ex
cêntrico e só existe em potência no movimento circular Mas se um corpo pode mo 9 C acima, p 50s
0 Cf aci ma, p. 72, e o c aso muito claro citado por RZER, J.GGoldenBough,t. III, p. 210 (Bornéu).
verse
se trataem
decírculo no espaço
atividades com ou
biológicas velocidade constante
sociais, porque o mesmo
estas nãoeacontece
gastmse quando
devem ser rege  C acima, p. 89s. Pode encontrarse em AZER, JG The Golden Bough.2 ed, 1900, t. III, p.
422446, uma boa coleção de caso s de morte e de ressurreição no curso de cerimônas e iniciação Mas a
neradas em interalos mais ou menos aproximados A esta necessidade ndamental é explcação dada por razer é inadmissível Esse autor pensa que se trata de um rito de exterirização da
que atendem em última análise os ritos de passagem, a ponto de tomarem às vezes a alma tendo em vista a identicação com o totem Ora, não somente esta teoria não se aplicaria aos ritos
idênticos executados nas cerimônias que enumero, mas nada prova que a união ou identicação com o
rma de rito de morte e renascimento totem sejam essencialmente de base animista. Podem zerse diretamente, por exemplo, comendo-o ri
Conrme i dito em páginas anteriores, um dos mais notáveis elementos das tualmente ( comnhão totêmica de Rob. Smith), como acontece na Austráia Central Sobre a morte e a
ressurreição por ocasião dos ritos de iniciação, c ainda KULISCHERZeitschri r Ethnologie, t. XV,
cerimônias sazonais é a representação dramática da morte e do renascimento da lua, p 194ss.; WEBSTER Primitive secret societies,p. 38ss; GOBLET D'AIELLA Revue de l )istoire des
da estação, do ano, da vegetação e das divindades que presidem a esta última e a re Relions, 1902, t. II, p 341343 (mistérios de Eleusis); HARRISON, J.E Proleomena to the study ofgre
ek relion, p. 590 (orsmo); NELL The eolution of relion Londres, 1905, p 57 e nota; DIE
gulamentam Mas este mesmo elemento encontra-se em muitos outros ciclos ceri TEICH, A Eine Mithraslituie Leipzig, 1902, p 157178; SCHURTZ, H Altersklassen und Man
moniais, sem que seja necessário, para explicar este paralelismo, supor empréstimos nerbünde Leipzig, 1902, p 98, 99-10 8 para as generalidades e passim para os detalhes; Schurtz não viu
ou contaminações de um desses ciclos a outros. A ideia de que tratamos encontra-se que os ritos que dramatizam a morte e a ressurreição dispõem-se entre os outros ritos da iniciação de
acordo com uma s equência necessária.
portanto ou indicada ou drmatizada nas cerimônias estacionais, por ocasião da gra  C acima, p. 122s. e 124.
videz e do parto 47, do nascimento entre os povos que admitem a reencarnação 48, da  C acima, p 103s
 C acima, p 100-102
 C HUBRT & MAUSS "Essai sur la natre et la nction du sacriceAnnée Socioique, t II
(1 898), p 48, 49, 71, 101, da separata
6 C acima, passim, e c HERTZ "La représentation collective de la mortAnnée Socioloique, t. X,
6 Cf. acima, p 136, e mais adiante, p. 158-160. 1907, p 126
 Assim é que em Madagáscar uma mlher grávida está "morta, e depois do parto é licitada por ter  SCHURTZ, H. Op cit, p 355-356
"ressuscitado Cf Tabou, Tot Mad, p 165.  STOLL, O Suestion und ypnotismus in der VlkecholoieLeipzig, 1904, p 289ss.
 C acima, p 61s 9 MISS OWEN Folk-Lore oftheMusquakieIndians,p. 69

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1 55
dos ovios, etc) Do próprio to de ser encotrada ra dos ritos de iniciao deve Sem querer ser absolutamete completo neste primeiro ensaio sobre as diversas
cocuir-se que esta ideia o é uma iterpretao das hiposes, das catalepsias, das ocasiões em que o esquema dos ritos de passagem entra mais ou meos em jogo, pre
amésias temporárias e outros eômenos psicop áticos Em resumo, trata-se de uma ciso assialar al gns cass de margem que possuem certa autoomia enquanto siste
ideia simples e ormal uma vez admitido a opiio que a passagem de um estado a a secudário itercalado em cojutos cerimoiais Assim é que etre as práticas
outro é um ato grave, o qual o poderia realizar-se sem especiais precauões 60  Fi quase uiversais as diversas cerimônias pelas quais uma pessoa passa durante a vida
almete, a morte e o renascimeto rituais, em als casos, podem derivar da assi ecotra-se a do trasporte O sujeito da cerimôna durante um tempo mais ou me
milao das etapas da vida humaa às ses da lua Ao meos é um to que deve ser nos logo o deve tocar a terra É trasportado os braos, uma teira, é colocado
ressaltado aqui que em grade úmero de povos61 a srcem ou a introduo da morte a cavalo, as costas de um boi, em um carro. Istalam-o sobre um tranado de vime,
é atribuída à lua móvel ou fxo, uma armao ou assento elevado, num trono Este rito é essecia
A série típica dos ritos de passagem ( separao, margem e agregao) ece a es mete dierete do rito de transpor al gma coisa ou de ser carregado por cima de al
trutra do sacricio e i sistematzada este sentdo até às miúcias os rituais hdus guma coisa, embora os dois às vezes se combiem. A ideia é que a pessoa deve ser le
e judeus antigos 62, e às vezes tmbém a peregriao e a votio. Para as peregrina vatada ou alada  No é, como se admite, que o rito tenha por nalidade impedir a
ões católicas sabese que existe um certo nero de regras de satifcao prévia, que populao da terra considerada sagrada, ou da Terra-Me pelo contato de um ser im
zem o peregrino, ates da partida, sair do mundo proao e o agregam ao mudo sa  puro  Consideradose que o rito vae para o na scimento, a puberdade, a iniciao, o
grado, o que se exterioriza pelo uso de sinais especiais (amuletos, rosários, cocha, casameto, a entroizao, a ordeao, o neral, etc, os de slocamentos de um per
etc), e no comportameto do peregro por tabus alimetares (abstinêcia) e outros soagem sagrado ( rei, sacerdote, etc), é preciso econtrar ovamente este caso
( sexais, sutuários, ascetismo temporário) Etre o s muaos63 o peregrino que uma explicao geral  O mais simples, acredito, é coniderar estes ritos como ritos de
ez voto de ir a Meca econtra-se em um estado especia, chamado ihrâm, desde que margem  Para mostrar que nesse mometo o idivíduo no pertece em ao mudo
atravessa os lmites do território sagrado (Meca e Meda) Ma s o antigo costume era o sagrado em ao mundo proano, ou ainda que, pertencedo a um dos dois, o se
peregrino revestir-se do sagrado, do ihrâm,desde que saia de seu domicílio  Desta ma deseja que se reagregue ra de propósito ao outro, é isolado e mantido em uma posi
eira, todo peregrino está ra da vida comum, em um período de margem, da partida o itermediária, sedo sustentado entre o céu e a terra, do mesmo modo que o
ao regresso  O mesmo ocorre o budismo No é preciso dizer que a partida há ritos morto em seu jirau de vime ou o ataúde provisório, etc, está suspeso etre a vida e
de separao, na chegada ao santuário ritos especiais de peregrinao, que compree a morte verdadeira
dem, etre outros, ritos de agregao ao divino(tocar a Pedra Negra e talvez primitiva As cerimôias de vingana incluem às vezes um rital muito complicado O to
mete o Laamento das Pedras), e depois ritos de separao do satário e ritos de re geral  que um grupo que parte para uma expedio de vendeta é submetido durate
too à vida socia, ger e amiliar O mes mecaism é ecotrado na deoti,co a ersgio e o regresso a etermiads rits  quais se encontra o esquema os
siaa omo  acicio de si ou com ra esci d scrcio orái. Ade- r  assgem Há cosgrço, argem e desscralizao Estuarei em or
64
v -se liás r se ríio as rtos de iiço lr te ojuto e tos, po si meso e em sua elaã om o direo de as
Cnteo-me em nicar aui e,  Austália e a rábi, o euema é e
o niidez
6  gs cass a inação e sição acoraa ode ser exessã da idia o renascint n
s ersos ritos e aroprao, que icue isões  sseo do tas,
alé as i be desra do or NDEE, EthnologiceBetrachtnen üer Hckerbeta g etc, e tê r beo extrar o doínio co paa corr a  dmí  s
Aciv r throp ologie, NF, t I V (1907), p  2830 7, cntra A eterich e uitos outos e ó el, ede iuamtlments o esa ssia   ria 
os, ue este rito não te e toda a parte eta igcaçã, e meso ue al ieia não constiui  e
ssnc de
os de riao sagra ( ua inde, e) e a eras sca  e
 f ene uos usMytheet Léended'lie, p 84; OL TheMaai,p 271,etc í de agem e ue somee depois esta ernaa as terra s im ser ex
 T, H & S, Eai r la e et a fnctin  acce.ée Soologiqu, t  s65, o que sem úvida se verfcaria ambém a eaia e a Árica
() A tr sladao das reíquias copreede ambé m peo  m etre 
6 Cf, ent re outros, SMIH, R elion der emiten, p 255-25, cujas ntrpeações deve ser co partida do lugar o de se encotravam prieiraene oserad ara o lugar onde
petadas pela nossa CISZEWSKI Op ci, p ss, para os otodoos
·6 Cf. AREBER & SG c  ati gr et rom, sv devio, ara as s; HU
 agiq ete droit om etc
e table m 6 C SMIH, R Die Relion der Semin,p 124 e nota

'156 157
Fnalmente existe um caso em que se pode ver realizado um depois de outro. , e
serão depositadas defnitivamente. Na Igreja Católica existe a este respeito um ritual '

em um lapso de tempo bastante curto, toda uma série de ritos de passagem relatvos
especial, e a margem coloca todos quantos participam da transladação em uma sita aos diversos períodos da vida. É quando um homem que i julgado mrto, reapare
ção sagrada especial. O mesmo acontece por ocasião do transporte das estátas de deu cendo em sua casa, deseja reintegrar-se em sua posição anterior. E preso então que
ses ou de santos, ou das viagens de um reisacerdote-deus, sendo o carregamento um passe por todos os ritos do nascimento, a iância, da adolescci , etc Terá de s �r
dos ritos de margem. iniciado novamente, casar-se com sua propa mulher, etc. ( Greca, Inda, etc) Sea
O esquema dos ritos de margem encontra-se, portanto, na base não somente dos preciso que um etnógrao pudesse assistir a uma sucessão desta espécie,_ ime ata, de
conjuntos cerimoiais que acompaham, clitm ou condicionam a passagem de um certo número de cerimônias aqui estdadas e descrevesse com o ma0r cdado as
um dos estágios da vida a outro ou de uma situação social a outra, mas também de vá diversas ses delas. Ter-se-ia então a melhor prova, e direta, de que a presente siste
rios sistemas autônomos utizados para o bem das sociedades gerais inteiras, das so matização não é uma pura construção lógica, mas corresponde ao mesmo tempo aos
ciedades especiais ou para o bem do indvíduo. Descobre-se, assim, entre todos estes tos, às tendências subjacentes e às necessidades sociais.
sistemas cerimoniais um paralelsmo não somente no que diz respeito a l gas de
suas rmas, mas quanto a suas estruturas. Este paralelismo i mesmo desenvolvido
conscientemente pelos egípcios, que lhe aplcaram sua tendência à sistematização.
No Egito da época tebana, com eito, os mesmos elementos rituais ndamentais
valem: 1 º) para a entroização do raó66 ; 2°) para o seriço dvino executado pelo
raó na quadade de sacerdote 67 ; 3°) para a agregação do morto ao mundo dos mor
tos e dos deuses 68 • Em cada uma das vezes há identifcação a Horus, de acordo com
uma sequência fxa, assim como em outro sistema rital há identifcação a Osíris: 1 º)
em outro seriço divino69 ; 2°) em outro processo de agregação ao mundo dos mor
tos ?º ; 3 °) no rital de alcance c ósmico, que obriga o sol a levantar-se cada mahã e se
guir sem eclpses seu caminho normal para se pôr no Ocidente, e depois retornar,
passando pelo país dos mortos, ao Oriente 71 • Esta distinção de dois ritais essencial
mente dierentes 72 não parece ter sido vista por A Moret, sem dúvida por causa da
combinação deles tendo por base o tema do desmembramento de Horus", uma vez
que o tema ndamental do ritual osiriano era o desmembramento de Osíris" 73 
Ora, em ambos os ritais trata-se da passagem de um estado a outro e os ritos de de
tahe (santfcação, mamentação, doação do nome, subida ao quarto sagrado", pas
sagem de um quarto ou região para outro, aquisição de um vestuário ou de insígnias
especiais, reeição de comuão, etc) são do tipo dos que ram constantemente en
contrados em nosso estudo dos ritos de passagem.

66 Descrito acima, p 103.


6 C MOET, A. Du caracre relieux de la royauté phaonique Paris, 1903, p 209233
6 MORET, A.Rituel du culte divin JouaierParis, 1902, p. 95100 e 228-229
6 MORET, A Roy phar, p 150-167; 176-183 232-233
0 Cf acima, p 135-138
 C, entre outros, MORET, A Culte divin, p 91; Ro phar.,p 98.
 Ignor o se esta situação já i proposta por alg egiptólogo e não poderia datar o momento da co n
vergência
 O terceiro ritual é o do sol (Ra)

1 59
1 58
passadas em revista Assim é que, entre outros, Sidney Hartand 1 observou a seme-
lhança de certos ritos de iniciação com als ritos de casamento JG Frazer notou 2

CPÍTULO X a semelhança de certos ritos da puberdade com os dos nerais. Ciszewski 3 notu a
Conclusões semelhança de certos ritos do batismo, da aternização, da adoção e do casamento.
Diels 4, acompanhado por A. Dieteriche 5 e por R Hertz 6, observou a semelhança de
certas cerimônias do nascimento, da iniciação, do casamento e dos nerais, às quais
Hertz acrescenta as da inau gração de uma nova casa (mas sem demonstração) com
7

as do sacricio Goblet d'Alviea aproximou o batismo da iniciação. H. Webster ve-


8

rifcou a i gadade dos ritos de iniciação às sociedades secretas com os da ordenação


Terminamos assim nosso rápido exame dos ciclos cerimoniais pelos quais o ho dos xamãs 9 , etc
mem passa em todas as circunstâncias graves de sua vida Fizemos apenas um esboço Mas, excetuandose Hertz que se interessou pela sequência dos ritos nerários e
de um vasto quadro cuos detalhes deveria ser estdados com cuidado aludiu ao que denomina estado transitório" do período que vai do casamento ao
Vimos o indivíd uo classifcado em diversos co mpart iment os, sin crônica ou su nascimento do primeiro flho 10, e que corresponde ao estado transitório" dos mor
cessivaente, e, p ara passar de um ao outro a fm de poder reunir-s e com indivíduos tos na Indonésia (sobretudo em Bornéu), todos estes sábios , do mesmo modo que
classif cados em o utros compartime ntos, obrigado a subme terse , do dia do nasci- Crawley 11, só tiveram em vista as semelhanças de detae. Assim é que a reeição em
mento ao da morte, a cerimônias equentemente diversas pelas rmas, m as se me- comum (o sacricio de comunhão de Rob. Smith), a aliança pelo san ge e muitos
lhan tes pelo mec anism o. Ora o in divído estava só diante de todos o s grup os, or a outros ritos de agregação rneceram a Sidney Hartand matéria para vários capítulos
fgura va com o membro de um dete rmina do grupo separad o de todos o s outros A s interessantes Da mesma maneira al gns ritos de separação, como a reclusão tempo-
duas gr andes divis ões pr imária s tinh am ou base s exua l, esta ndo os hom ens de um rária , os tabus alimentares e sexuais ram encontrados por razer e Crawley em um
grane número de ciclos cerimoniais Diels, A Dieterich e, em geral , todos quantos
lado e as mulher es de outro, ou tinham base m ágico religi osa, e stando o prono de se ocuparam mais especialmente das religiões clássicas, demonstraram a importância
um lad o e o s agrad o do o utro Estas duas divisõ es atra vessa m tod as as s ociedades
'
nessas religiões dos ritos chamados de purifcação (unção , lustração, ec.) Era inevi-
de uma extremidade do mundo e da história à outra Em se gida há grupamentos ável que, isolando um rito determinado, por exemplo, a troca dos san ges, e tratan-
especiais, que apenas atravessam al gmas sociedades gerais, sociedades religiosas, doo monografcamente, viessem a apresentarse semelhanças mais vastas, uma vez
grupos totêmicos, atrias, castas, classes prossionais No interior de cada socieda que os contextos se superpuam
de aparece depois a classe de idade, a mília , a unidade políticoadministrativa e
geográfca restrita (província, comuna) Ao lado deste mundo complexo dos vivos
existe o mundo anterior à vida e um outro, posterior à morte Estas são as constan-  HATLND, S The Legend fPeseus Londres, 1895, t II, p 335, 355, 398-399, etc
 RZER, JG The Glden Bug2 ed, p 204207, 209, 210ss., 418, etc.
tes, a que se acrescentam os acontecimentos particulares e temporários, a gravidez,
 CISZEWSKI Iúnstliche Vewandscha ei den Südslaven. Leipzig, 1897, p 1-4, 31, 36, 53, 54,
doenças, perigos, viagens, etc Sempre ma mesma fnalidade condicionou uma 107-11, 114, etc.
mesma rma de atividade. Para os grupos, assim como para os indivíduos, viver é  DIELS Sibylinische Bltte,p 48
continuamente desagregarse e reconstituirse, mudar de estado e de rma, morrer  DIETEICH, A. Mue Ede Leipzig, 1905, p. 56-57
e renascer É agir e depois parar, esperar e repousar, para recomeçar em seguida a  HETZ, R. "Contribution à une étude sur la représentation collective de lamor"Année Sciique
1907, p 1 17, 126127.
agir, porém de modo dierente E sempre há novos limiares a atravessar, limiares do
 Op. ci, p. 104.
verão ou do inverno, da estação ou do ano , do mês ou da noite, lmi ar do nascimen  GOBLET D'ALVIELLA. "De quelques problmes relati a Mystres d'Eleusis.Rev de 1 )Hst des
to, da adolescência ou da idade madura, limiar da velhice, limiar da morte e liiar Relins 1902, t. II, p. 340.
da outra vida para os que acreditam nela  EBSTER, H. Piitive secet scieties Nova York, 1908, p 176, nota 2.
Sem dúvida não i o primeiro a ter cado impressionado com estas analogias,  Op ci, p. 130, nota 5.
de conjunto ou de detalhe, apresentadas por vários elementos das cerimônias aqui   CRLEY, E Thesc Rse Londres, 1905, assinala as semelhanças rmais dos ritos do casa
mento e dos nerais, p 369, e d asamento e da iniciação, p. 326. Sobre este último ponto cf. ainda
REACH, S Cultes, Mythes et elins, t I, Paris, 1905, p. 309

 60
161
Um verdadeiro exército de etnógras e lcloristas demonstrou que na maioria ção material dos clãs é também muito rigorosa 13, e em caso de marcha cada grupo
dos povos encontramse ritos idênticos em nção de uma fnalidade idêntica e em austraiano acampa em determinado lugar 4 Em resmo, a mudança de categoria so
1

todas_ as espécies de cerimônias Foram assim destruídas, a princípio graças a Bastian, cial implica mudança de domicío, to que se exprime mediante os ritos de passa
deps a Tylor e a R Andree, um grande número de teorias unilaterais Atualmente o gem em suas diversas rmas
interesse desta orientação consiste em que permitirá a longo prazo determnar ciclos Estou longe de pretender, conrme tenho dito várias vezes, que todos os ritos
cultrais e áreas de civilização do nascimento, da iniciação, etc. são apenas ritos de passagem ou que todos os povos
O objetivo do presente livro é completamente dierente Não ram os ritos em team elaborado para o nascimento, a iniciação, etc rituais de passagem caracteri
seus detalhes que nos interessaram, ma sua signifcação essencial e sua sitação rela zados Assim é, sobretudo, que as cerimônias do neral podem, em consequência do
tiva nos conjuntos cerimoniais, sua sequência Daí al as descrições um pouco lon tipo local das crenças sobre o destino depois da morte, só apresentar poucos elemen
gas, a fm de �strar oo os ritos de separação, de margem e de agregação, prelimi tos do esquema típico e consistir mais em procedimentos de deesa contra a ala do
nares ou deftvos, stamse uns com relação aos outros tendo em vista um fm de morto ou em regras de proflaxa do contágio da morte Assim mesmo convém des
terminado O lugar deles varia conrme se trate do nascimento ou da morte da i coarmos ssim é que equentemente o esquema não aparece na descrição das ce
ciação ou do casamento, etc, mas somente nos detalhes A disposição tendecial de rimônias nerárias de uma população dada, descrição curta ou resumida, mas distin
les é por toda a parte a mesma, e debaixo da multiplicidade das rmas encontrase gue-se muito bem quando se estuda uma descrição detalhada Da mesma maneira,
sempre, expressa conscientemente ou em potência, uma sequência típica, a saber, o es- acontee equentemente que a mulher não seja considerada impura durante a gravi
quema s ritos de passagem. dez ou que todo mundo possa assistir ao parto, o qual é então um ato comum, dolo
. ? sgndo to a assinalar, cua generaidade parece que nin gém observou, é a
exstena das maens, que às vezes adquirem certa autonomia, como no noviciado e
roso, mas normal Mas, nesse caso, encontraremos o esquema transportado para os
ritos da nância ou às vezes incluído nas cerimônias do noivado ou do casamento
noiado E ta interre:ação permite orientar-se ciente, por exemplo, na compli Com eeito, entre a s povos, pelo menos, as distinções não correspondem às
que são correntes entre nós, ou na maioria das populações, e às quais correspondem
quências
caçaoOdos tos ponto
terceiro prelimares ao casamento,
fnalmente e compreender
que me parece importantea érazão de ser dedasuas
a identidade se
passa os capítulos
dos deste livro do
pais ao nascimento Foi primeiro
dito, porflho,
exemplo,
há umqueciclo
entredeoscerimônis
Toda, da adolescência
que rmam
gem através das diversas situações sociais com a passagem material  à entrada numa uma totalidade A separação em cerimônias preliminares à puberdade, da puberdade,
aldeia o numa casa, à passagem de um quarto para outro ou através das ruas e das do casamento, da gravidez, do parto, do nascimento, da inância cortaria o ciclo arbi
praças E por isso que, com tanta equência, passar de uma idade, de uma classe, trariamente Este salto encontra-se em muitos outros grupos mas em última anáse
' '

o presente ensaio sistemático não é atingido por ele Porque se o esquema dos ritos
'

etc, a outras exprime-se ritualmente pela passagem por baixo de um pórtic ou 0


12

de passagem apresentase neste caso com outro specto nem por isso deixa de existir e
pela aberra das portas" Só raramente trata-se neste caso de um símbolo" sen de ser claramente elaborado
do a pas agem ideal para os semicivilizados propriamente uma passagem maerial ma outra observação geral se impõe De tudo quanto precede depreende-se
Com eto, e tre os semicivilizados, conrme a organização social geral, há a se que a posição relativa dos compartimentos sociais varia, mas a espessura de suas sepa 
paraçao materal dos grupos especiais As crianças até determinada idade vivem rações também varia, indo de uma simples linha idea até uma vasta região neutra
com as mulheres Os rapazes e s moças vivem astados das pessoas casadas, às ve  Desse modo, seria possível, para cada população, traçar um diagrama, no qua os vér
zes em uma casa especial ou em um bairro ou kraal especiais Por ocasião do casa tices superiores da liha em zi gezage representariam os estágios e os vérices inerio
mento, um ou outro dos cônjuges, quando não os dois, muda de residência Os res as etapas intermediárias Tais vértices seriam ora pontos, ora retas mais ou menos
gerre ros n o equentam os erreiros e às vezes cada classe profssional tem sua
m rada desgna a Na Idade Média os judeus eram encurralados em seus guetos, longas Assim é que em al s povos não se encontram a bendizer ritos de noivado, a
assm como os c stãos dos primeiros séculos viviam em bairros retirados  A separa não ser uma reeição em comum no momento da conclusão do acordo preliminar,
 C a divisão dos clãs nas aldeias puebos; cf, entre outros, MDELEFF, C.Localization ofTusayan
clans,Xth Ann Rep Bur Ethnol., t. II Wash, 1900, p 635-653
 Trumbul notou mesmo, The Threshold covenant,p 252-257, a identicação, entre os chineses, os 4 C, entre outros, HOWI Native bes ofSouth EastAusraliap 773777 (Camping rules).
gregos, os hebreus, etc, da mulher à porta

1 63
1 62
começando as cerimônas do casamento logo a seguir Em outros, ao contr ári, 
de o noivado em tenra idade até o retoo à vida comum dos jovens espo ss, á 
srie inteira de etapas, cada qual possuindo relativa autonomia.
Seja qual fr a complicação do esquema, desde o nascimento até à morte, é m e Charles-Arnold Kurr van Gennep 
quema na maioria das vezes retilíneo. Em algmas popações, entretanto, como s     â
Lushei, apresentam uma frma circular, de tal maneira que todos os indivíduos pa ss   wb Wüb
sem m por uma mesma série de estudos e de passagens, da vida à morte e da mo    A  1873 
vida. Esta frma extrema, cíclica do esquema tomou no udsmo um alcance ét e 
   ê   
losóco, e em Niesche, na teoria doEteo Retoo, m alcance psicológico.
      
Finalmente, a série das passage ns humanas liga-se mesmo em alns povos à as
passage ns cósmicas, às revoluções dos planetas, às ses a lua. Há ns so a idei    y     
diosa de ligar a s etapas da vida humana às da vida ani ma e vegetal, e depois, p  . A   
espécie de adivinhação pré-cientíca, aos grandes ritmos do universo.    
     
   â C b
 O Tb   
ê    
A  (19031 910)  
C I  A

P (19191921).
 T
 
b  
    
b      
 Les rites de passage (1909)
   b 
   status . M 
B   195 7.

1 64

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