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ISBN 978-85326408-6
COLEÇÃO ATROPOLOGI
A estruturas eementares do parentesco
Claude Léi-Strauss
- Os ritos de passagem
Aold van Gennep
Os ritos de passagem
A mente do ser humano primitiv o \
Franz Boas Estudo sistemático dos ritos da porta e da soleira, da hospitalidade, da
adoção, gravidez e parto, nascimento, inncia, puberdade, iniciação,
ordenação, coroação, noivado, casamento, fnerais, estações, etc.
FICHA CATALGFICA
(Prearada eo entro de atagçãnafte
Sndcato Nacona s Edtores de ros, RI
Tradução: Mariano Ferreira
Gnep, Arold va. Apresentação Roberto da Matta
G292r s rtos e passagem: stuo sstmátco os
rtos a porta a solera, a osptaa, a
aoção, gravz e parto, ascmeto, fâca,
pubra, cação, coroação, ovao, casameto,
ras, estaçõs, etc; traução Marao
Ferrra, aprstação Roberto a Matta 3
Ptrópols, Vozes, 2011
184 p (Atropologa, 11)
Do orgal em acês Ls rts passag
Bblograa
1 Atropologa soca 2 Rtos crmôas
Aspectos socas I Títlo II Sér
CDD3012
3014
390 I EDITOR
CDU 30116 Y VOZES
770612 39 Petrópolis
© by Suzanne Bitsch
Título d oginal ncês: Les rites de passage
Diretor editoria
Frei ntônio Mser
Editores
ne dos Santos Carneiro
José Maria da Silva
Lídi
Marilac Peretti
Loraine Oleniki
Secretário executivo
João Batista Kreuch
Apresentação, 9
Roberto da Matta
Prefácio, 21
9
erêcia cêica gradiosa ou medíocre aquilo que está aquém e além da repetição Mas, para etedermos a importâcia �dste movimeto, é essecial situar o estu
das coisas reais " e cocretas" do mudo rotieiro. Pois o rito igualmete sugere e do em questão o cotexto de sua época. E preciso que se demostre brevemete
isiua a esperaça de todos os homes a sua iesgotável votade de passar e fcar, como os ômeos mágicos ( ou da magia) eram vistos pelos atropólogos vitoria
de escoder e mostrar, de cotrolar e libertar, esta costate trasrmação do os, todos evolucioistas, todos mais ou meos covecidos da superioridade ite
mudo e de si mesmo que está iscrita o verbo viver em sociedade. gral (biológica e cultura) dos europeus da segda metade do séc. X sobre os cha
O livro de Van Gennep discute e sses p roblemas e introduz, certamente pela pri mados selvages" ou primitvos".
meira vez no campo da Antropologia Social ( ou Sociologia Comparada), o ritual e Para esses estdiosos, o rital ão surgia como algo socialmete relevate, já que
seus mecanismos básicos como um tópico de estudo relevante. Aliás, po de-se mesmo em o domíio do social existia como algo idepedete, autôomo, costituido
dizer que é neste livro que Van Gennep insinua tomar a própria vida social na ua dia- uma área apropriada para a reexão. Assim é que os estdos sociológicos ( ou atro
lética entre rotinas e ceroniais, repetições e inaugurações, homens e muheres, ve- pológicos) desta se, os padrões de comportameto social, valores e ideologias,
lhos e moços, nascimentos e mortes, etc., como um ritua, posto que o mundo social eram explicados tedo por base duas reduções muito importates. De um lado, redu
se nda em atos rmais cuja lógica tem raízes na própria decisão coletiva e nunca em zia-se o social ( e/ou cultral) a uma aparêcia de um jogo de rças biológicas, de
tos biológicos, marcas raciais ou atos individuais. Assim, o rito seria, senão a chave, modo que os ômeos da sociedade eram vistos como resultates acos ( e, às ve
pelo menos um dos elementos críticos da vida social humana, conorme se coloca a zes, iexpressivos) de tesões e caracteres raciais ( ou biológicos) já estabelecidos, dos
discussão modea deste assunto, sobretdo a partir da obra de Victor Turner ( cf. quais pouco adiatava gir. O social, etão, submergia o biológico do mesmo
Processo ritual: Estrutura e antiestrutura, nesta coleção, e também The Forest of modo que o dierete ( o outro) desaparecia a sua história atural. Sabemos que i
Symbols: Aspects ofNdembuRitual. Nova York: Ithaca, Coell Univ Press, 1967),
assim que Morga, por exemplo, explicou as termiologias de paretesco ão euro
de Clird Geertz The ( Interetation of Cultures. Nova York Basic Books, 1973),
peias, cuo padrão dierete i por ele reduzido a uma rma atiga de relacioa
de E.R. Leach Reen
( san do a antropologia. São Pa ulo: Perspectiva, 1974), de Mary
meto amiliar e de casameto, a qual tia por base a promiscuidade primitiva e a
Douglas Pure
( za e pero. São Paulo: Perspectiva, 1976) e, evidentemente, o traba
lho seminal de Claude Lévi-Strauss, sobretudo seus estudos sobre os sist emas de total ausêcia de propriedade privada.
Uma seguda vertete explicativa iguaet ecotrada a tropologia do
classifcaç ão tribais ( cTotemismo hoje. Petrópolis: Vozes, 1975 e O pensament o sel-
séc. X é aquela que EvasPritchard chaou de explicação itelectualista" ou psi
vagem. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1970). De resto, e para lar ape nas em
cológica do eômeo social. Nós sabemos que Evas-Pritchard estava se reerido
estudos de rituais tomando o caso do Brasil como base de ree xão, eu tenho tenta
aos eômeos religiosos, mas explicar o regioso era como explcar aquilo que mui
do a mpliar os achados de Van Gennep, apr ondandoo s, suponho, n a direção de
tos tomavam como o próprio coração do social, coorme z prova o trabao de
mostrar que ar em vida social é lar em ritualização, donde minhas preocupa
Leszek Kolawski, A revache do sagrado a cultura proaa", esaio escrito em
ções com o enômeno da transrmação e passagem do gesto rotineiro ao ato ritual
1973 e publicado com uma discussão o c itado úmero da revistaRelião e Socieda-
e também minhas reexões sobre os m ovimentos sociais coletivos, quando todo o
' '
de. Na iterpretação itelectualista ou psicológica, o social se reduz à votade de
sistema passa por um período especial, ivertedo, eutralizado ou rerçado a
agetes idividuais, votade que depois é projetada por meio de umfat obscuro para
realidade cotidiaa ( c. DA MTA. O caraval como um rito de passagem". :
toda a sociedade. Tylor é um excelete exemplo desta posição. Ele explica a srcem
Ensaios de Antropologia Estrutural, esta coleção, e também Caravais, paradas e
da religião como uma especulação a creça da alma, especulação que asce dos so
procissões: Reexões sobre o mudo dos ritos".Relião e Sociedade, . 1, maio de
nhos dos primitivos. Soado com tudo e pricipalmete com os mortos, os ho
1977 São Paulo).
mes primitivos descobrem diz Tylor a oção de aa, de imagem, de duplo e as
De qualque modo, é básico saletar que Va Geep i provavelmete o pri
sim costroem o domíio do outro mudo", o domíio do sagrado e do sobreat
meiro a tomar o rito como um eômeo a ser estdado como possuido um espaço
ral Descobrem também, segdo o mesmo estdioso, que pode haver uma relação
idepedete, isto é, como um objeto dotado de uma autoomia relativa em termos
etre os dois domíios e procuram etão cotrolar um pelo outro. Estaria agora
de outros domíios do mudo social, e ão mais como um dado secudário, uma es
dada a estrtura mais elemetar da religião a creça em espíritos e em amas e a co
pécie de apêdice ou agete específco e obre dos atos classifcados como mágicos
dição ecessária a esta creça, a divisão etre o mudo dos vivos e dos mortos Daí,
pelos estudiosos.
como sabemos, o ome aimismo" para desigar a religiosidade básica e egaada
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do primitivo Nesta perspectiva psicológica, que engloba estudiosos de Tylor até
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• para as posições dierenciadas no sistema é atribuda a tores de ordem religiosa e
razer, o interesse é discutir o religioso em suas rmas mais primitivas, zendo um nunca a uma inraestrutura biológica (ou racial"), da qual ningém pode se livrar O
corte evidente entre as religiões com tradição escrita (do Ocidente e, às vezes, das mesmo ocorre com o geográfco. Não há dúvida de que o to ecológico é ndamen
grandes civilizações) e a magia, rma de religiosidade vigente nos grupos tribais, sel tal no esenvolvimento de um dado sistema social, mas nem sempre as sociedades
vagens e primitivos lançam mão destes tores como ponto de interpretação para dierenças entre siste
Dexando e lado o conjnto de problemas que cada uma destas posições englo mas Sabemos que as direnças geográfcas são, não obstante, um elemento muito
ba, é preciso ressaltar que tanto na redução biológica quanto na redução psicológica, signifcativo na obra de al gs estdiosos do enômeno humano
o to social deixa de existir enquanto algo autônomo e independente A outra ver Quando isso ocorre, isto é, um destes elementos passa a ocupar um lugar signi
tente expcativa da mesma época era a redução ecológica ou geográfca, quando o cativo para dramatizações de posições sociais direnciadas, justifcativas de opressão
mundo social se redzia à dinâmica de climas, solos, vegetações, regime de chuvas e econômica, poltica e social, distinção de caráter nacional ou étnico, etc, é que o ele
de ventos. Todos, como se observa, lquidam o social como um campo especfco de mento passa a ser socialmente signfcativo Ele então tem um peso coercitivo espec
estdo, do mesmo modo que não admitem sitar num mesmo eixo humano socieda fco, um peso poltico ndamental, um papel crtico na dramatização (ou ritaliza
des contemporâneas umas das outras, pois reduzem umas aos primórdios da história ção) das situações sociais e, consequentemente, passa a ser um to da consciência
da humanidade. um to social
A tomada do to social como um enômeno não explicável nem pela psicologia, Diria, assim, que perguntar o que é sociamente signifcativo numa dada rma
nem pela geografa, nasce na tradição ancesa de Comte e, sobretudo, de Émile ção social nada tem de redundante, sendo equivalente a procurar descobrir a ideolo
Durkheim Aqui, já não se trata mais de subdividir o social par estdálo, azendo gia dos agentes sociais nela implicados. Essa, parece-me, é uma questão crítica dos es
dele um enômeno individualizado e redutvel a ma de suas partes, mas tomar o es tdos sociais, questão nem sempre estudada, sobretudo no caso brasileiro, onde as
tdo da sociedade partindo da totalidade O social, assim, a partir dos trabaos de Ciências Sociais admitem com relutância a posição totalizadora de Durkheim e o so
Durkheim e seus segidores, adquire aquelas caractersticas que ele próprio desco cial é geralmente reduzido ao que é econômica ou politicamente signifcativo
briu como
dutveis nemndamentais: são tos
à geografa, nem capazes
à biologia, deàcoagir
nem e, sobretdo,
psicologia de não serem
(ou ao indivduo) re
É claro Mas no incio do século X, quando Van Gennep escrevia e publicava seu livro, o
que era socialmente signifcativo nos estudos sociais era a religião", vsta da perspec
que os tos sociais têm aspectos individuais, geográfcos, econômicos, ecológicos e tiva do indiviualismo vitoriano, esse individualismo que os antropólogos ingleses
psicológicos, mas não é isso que az deles enômenos socialmente signifcativos. Ao projetavam nas suas explanações o mundo social e tomavam como princpios uni
contrário, na perspectiva sociológica, é básico de acordo com a mensagem de versais. Por causa disso, tdo era reduzido a uma questão de lógica mental e de espe
Durkheim tomar o psicológico, o econômico, o ecológico e o biológico só quando culação individual, como se nós pudéssemos descobrir mais sobre os cavalos, utili
eles se tornam socialmente signifcativos. O social, assim, não se reduz a nenhum e zando o truque de nos colocarmos no lugar deles, conorme chamou atenção Radcli
nômeno individual, mas adota sempre a perspectiva da totidade onde vários ele e-Brown quando denominou o método de Tylor (e de outros vitorianos) o argu
mentos podem toarse ou não socialmente signifcativos. O biológico, por exem mento do se eu sse um cavalo" Embora a rmula tenha um certo toque de brta
plo, enquanto uma ideologia de dierenciação social, é muito mais socialmente signi lidade anglo-saxnica, ela é verdadeira na medida em que revela como Spencer, Tylor
fcativo em algmas sociedades, preocupadas com o estabelecimento de hierarquias
no seu corpo social, do que em outras. Em outras palavras, embora o biológico seja e razer operavam em suas análises, colocandose, eles mesmos, no lugar de um sel
um dado inraestrutral da realidade humana, ele nem sempre é transrmado em vagem e imaginando como seriam seus problemas e soluções
smbolo de posições sociais dierenciadas ou em elemento básico de elaboração dra A ruptura com tal modo individualista de ver a sociedade só chegou quando tais
máca, capaz de jstcarem vrios planos, sobretdo no jurdico e econômco, a posi explanações começaram a ser abandonadas, e quando já não se tornava mais o bioló
ção superior e( inerior) de certos grpos sociais uns em relação aos outros. Issoocorre, gico, o geográfco e o psicológico como dimensões exclusivas na explicação socioló
por exemplo, no caso americano, mas não ocorreu no caso indiano, onde a justifcativa gica. O primeiro passo i quando se tentou sair do universasmo individualista (tí
pico da Eurpa Ocidental) que somente travava contato com leis universais, desliga
das de readades especfcas (vejam-se as leis das magias descobertas por razer), e se
2 Para mim a melhor dscussão do assunto aqu tratado de modo breve e elementar, é o estudo magistra procurou estabelecer relações especfcas entre os vários planos de uma sociedade.
de EVAS-PRTCH, E.ETheores ofPmitive Relion. Oxord: Clarendon Press 1965
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No caso do estudo da magia, Sir James razer i pioneiro em realizar esta tenta mas puras (categorias de categorias, como sugeriu Claude Lévi-Strauss para o mana,
tiva, pois o seu livro mais amoso,The Golden Bough ( de 1890), começa com um es estdado por Mauss), onde o mago e o mundo mágico aziam sua aparição 4•
tdo do regicídio nas civizações da nti gidade. Como sabemos, i procurando o Les Rtes de Passage, Van Gennep também estda os rituais, mas ele o az
esclarecer um verdadeiro paradoxo do poder político, o to de o Rei do Bosque po como verá o leitor de um modo um tanto diverso. Aqui não se toma mais o rito
der ser morto por algum inimigo, que, quebrando o ramo de certa árore (daí o títu como um apêndice do mundo mágico ou religioso, mas como algo em si mesmo.
lo da obra) no Santário de Diana do Bosque, tinha o direito de desafar o sacerdote e Como um enômeno dotado de certos mecanismos recorrentes (no tempo e no espa
reinar em seu lugar matandoo em duelo, que ez razer iniciar sua monumental ço), e também de certo conjunto de signifcados, o principal deles sendo realizar uma
obra. De to, a ábula do sacerdote, que dentro do Santuário de emi reinava abso espécie de cosra entre posições e domínios, pois a sociedade é concebida pelo nosso
luto até que al gém o pudesse matar, azia com que o exercício do seu poder estivesse autor como uma totadade dividida internamente.
conjugado com a morte e como bem percebeu razer com a etea vigilância. Foi Mas como Van Gennep realiza suas descobertas e toma os ritos como objetos de
enrentando esse paradoxo, expresso nesta quase parábola da dialética entre o poder e estdo?
a aqueza, o poder secular e o espiritual, que razer especulou vigorosamente em Primeiro, é preciso indicar que Van Gennep tem uma ideia da sociedad e. Não é,
torno do poder total, pessoalizado e controlador, poder que se exercia ligado ao do evidentemente, uma teoria completa ou mesmo sosticada na sociedade, como indi
mínio da magia. Em suma, um tipo de poder relacional, totalizado, mágico, político, ca Max Gluckman e Meyer Fortes em suas vigorosas críticas5, mas é uma ideia da so
social e regioso simultaneamente ciedade bastante poderosa. E poderosa principalmente porque Van Gennep nesta
Foi assim que razer estabeleceu a separação entre magia e ciência (como técni época (estamos no início do século X) estava entre a visão de Durkheim, segundo a
cas de controle da natureza, uma errada e outra certa, respectivamente) e a religião. qual a sociedade era composta de um sistema coercitivo de regras, sobretdo de r�
Na magia e na ciência, existe o poder; na religião há a é, a adoração, o sacricio e a gras penais e religiosas, com uma divisão interna entre o sagrado e o proano. E a v
são vitoriaa e mentalista, segndo a qual a sociedade se reduzia a mecanismos ge
solidariedade. Foi, portanto, ao longo desta problemática clássica dos estudos religi
rais, universais, vigentes no espírito dos seus indivíduos. Van Gennep, dierentemen
osos que Durkheim e seus se gidores estabeleceram o seu programa de trabalho.
Assim, é na França que se estabelece o estudo da religião como o coração da so te de uns e outros, concebe o sistema social omo estando compartimentazado,
como uma casa ele diz numa metára que se me afgra muito liz : com os ritais
ciedade. E mais, é entre os pesquisadores anceses, gente como Henr Hubert e Ro sempre ajudando e demarcando esses quartos e salas, esses corredores e varandas, por
bert Hertz, Marcel Mauss e Celestin Bouglé, que, juntamente com Durkheim, inau onde circulam as pessoas e os grupos na sua trajetória social.
gra-se a pesquisa do humano enquanto realidade social e não mais como vimos Concebendo a sociedade como internamente dividida, Van Gennep introduz
brevemente como realidade apenas individual, ecológica ou biológica. Mas nos es dinamismo no mundo social que nem vitorianos nem os seguidores de Durkheim
tdos de religião esses sociólogos tomaram temas especiais. Assim, Marcel Mauss es ram capazes de reconhecer. Tal namismo i concebido como sendo recheado de
creveu páginas imorredouras sobre a magia (com Hubert e sozinho), sobre a prece, a contrastes, inrmado sobretdo pela dialética do tipológico e do estrutral, da clas
reciprocidade e natralmente o sacricio (também com Hubert). Durkheim, por seu sifcação e da perspectiva combinatória, da visão estática do rito, e pelo cerimonial
trno, escreveu também sobre a magia e a religião, mas o seu co é a religião ele concebido como sequências. Assim, é possível perceber nitidamente como a visão ti
mentar, as rmas mais simples da vida religiosa mbos laram dos ritais (ou ceri
3
•
pológica, apresentada logo nas primeiras páginas do livro, cede lugar a uma visão es
moniais), mas seu objeto de estdo não era esse aspecto do mundo religioso", de trutral, ndad a não mais numa classifcação exclusiva e complicada de tipos de rit
modo que em nehum deles o rito surge como um objeto básico de investigação. ais, mas em princípios organizatórios, dos quais a necessidad e de incorporar o novo,
Penso que esse ponto é importante, porque ele ajuda a revelar a enorme passagem
que a contribuição de Van Gennep ajudou a azer, numa época em que o rito (e a ce
rimônia) eram tomados como produtos (ou melhor, subprodutos) de atos estranhos,
dotados de efcácia, sitados na esera interdita do sagrado. Ou seja, quase como r Cf. LÉVI-STUSS, C. Inodução à socioloia e anoloia, de Marcel Mauss. São Paulo: Editora
Pedagógica e Universitária/Editora da Universidade de São Paulo, 1974.
5 Cf. GLUCKN, M Les ites de Passage, e FORTES, M Rtual and Oce in Tribal So�ie' n:
Cf. DUREIM, E. The Elementa Fos ofelious l: [ s.l.]: Coer Books: edição, 1912] • GLUCKN, M. ( org) Essays on the itual ofSocial elations. Manchester: Manchester Umv Press,
A rras do método socioico.São Pauo Cia Editora Nacional, 1937 1962
IS
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reduzr a certeza e realzar a passagem de posção para posção, um deslocar cos margas (gravdez, ovado, cação, etc), a sequêca rtual veste as marges
tate, é dametal ou a lmardade do objeto em estado de rtaização
Vedo o mudo socal como um ato de deslocarse o tempo e o espaço, pos A posção de Va Genep é, parece-me, muito mportate Noto que ele ão esta
para Va Geep estas passages são equvaletes, ele chegou a uma posção muto va tomado os rtos como um objeto refcado, como era comum er o íco do sé
mportate, que a socologa de Durkhem logo sera um problema e um dlema clo, mas procrado dscerr seus mecasmos báscos, sto é, seus elemetos cost
para crítcos e se gdores Refro-me à dvsão clássca etre sagrado e proao, sedo ttvos Em segda, Va Genep revela como era possível dar setdo a u cojunto
vsto como cere e ra do própro udo socal Nesta perspectva dualsta do mu eorme de materas etnográfcos relatvos a váras áreas ctrais do globo e, ada, de
do, portato, Durkhem equetemete trabaha com um jogo do sagrado ao pro cvlzações do passado e do presete, tomado os rtuas uma sequêca Em vez de
o, do mecâco ao orgâco, do semelhate ao derete, do grpal ao ivdual, prvlegar apeas o mometo ate do rto, como zam ses cotemporâeos,
do corpo à aa, estddo a socedade em termo de um padrão smplfcado de mo ele revela que o mometo ate ada mas é do que uma se de uma sequêca
vmetos lógcos (e também hstórcos) etre domíos fos e mutuamete exclus que sstemacamete comporta outros mometos e movetos A terpretação de
vos Em outras palavras, Durkhem é m evolucosta de sequêcas duas e também ma se é sempre parcal e, por vezes, egaadora, mas o estudo do mometo ateror
um socólogo dos potos polares, jamas das marges e das posções mas cosas, e do mometo posteror é daetal para o etedeto do rtual Além sso,
quado a totaldade socal ão se ecotra em o sagrado em o proo, em Va Geep, como mas tarde chamou ateção ER . Leach (1974), tomou os rtas
aqu em lá de separação e margem como rmado uma combatóra, um todo complexo, ode
Neste trabalho de Va Geep, porém, o sagrado e o proao são totalmete re cada parte embora pudesse ão ser o poto crítco do rto desempenhava um papel
latvos e possuem rotatvdade" (hoje, dríamos relatvdade), pos sempre haverá mportte Leach, por exemplo, demostra que os caavas ( ou mascaradas, como
um lado mas sagrado detro da própra esera tomada como sagrada, até que um ele chama) são geramete ecerrados com uma rmadade; ao passo que rtos de
ovo cotraste possa ser estabelecdo e assm ça ascer algo mas ou meos sagrado agregação (como o casameto), ode a rmadade é básca e exste equetemete
ada, um movmeto complexo de terdções de terdções Do mesmo modo, e tesão e conito em potecal(especamete em socedades tracoas), são falza
pela mesma lógca, o exo do proao é galmete esgotável Assm, em vez de to dos com mostrar
procure estas ode a lcecosdade
segdo Leach e Va tem um (lugar
Genep de destaque.
etre outros), é ãoOdear
problema, como
de estdar
mar o sagrado e o proao como polos estátcos e nitdamete separados, Va Ge o mometo teror ao rto (as ses preparatóras), o mometo meso do rto e as
ep os cocebe como posções dâmcas, com valores dados pela comparação, co suas sequêcas fas (c DA MTA, 1977) É vedo toda a combação de ses
traste e cotradção, termos que ajudam a dst gr, separar e cosequetemete que se pode ão só ter uma vsão globazada de todo o rtl, como também saber qul
estabelecer sgfcado, corme é do cohecmeto geral a partr, sobretudo, da o poto ode ele é mas dramatzado Este sera, teorcamete, o poto crítco que r
dação da Lgístca de Saussure O setdo ão está, corme revela Va Ge ecera os elemetoschave para o seu sgnfcado
ep, equacoado a uma essêca do sagrado (ou do proao), mas a sua posção Hoje sabemos que o estudo comparatvo de rtas é gamete básco Assm,
relatva detro de um dado cotexto de relações sera ada possível chegar a dmesões mas precsas do movmeto rtual tomado,
Fo com esta perspectva de sequecaldade que osso autor estdou os rtas por exemplo, cermôas de uma mesma socedade, comparadoas etre s por meo
E assm pôde perceber que o mometo rtal era to de al gs mecasmos smples, de seus objetvos smbólcos cotrastates Fz tal experêca o meu trabaho ctado
quase óbvos, mecasmos que se lgavam etre s por meo de sequêcas específcas (Caravas, paradas e procssões"), escohedo como poto de partda o estudo do
Estdar os rtos, etão, sera equvalete a determar como um dado elemeto ( Caraval e das paradas de Sete de Setembro como mometos rtalzados em co
dvíduo, grpo, socedade ou objeto) passava por certas operações rmas, os cer traste a socedade acoal braslera Pude assm, creo, surpreeder uma grade e
moas A grade descoberta de Va Geep é que os rtos, como o teatro, têm ses loga sequêca rtual, a socedade braslera, uma espéce de trâgulo rtal" ode
varates, que mudam de acordo com o tpo de trasção que o grpo pretede rea em cada um dos seus v értces exstem mometos altamete dramátcos, todos patro
lzar Se o rto é um eral, a tedêca das sequêcas rmas será a dreção de cados por um elemeto básco do osso uverso socal: o povo com o Caraval, as
marcar ou smbolzar separações Mas se o sujeto está mudado de grupo (ou de clã, Forças Armadas com a Semaa da Pátra e, falmete, a Igreja com a Semaa Sata
amíla ou aldea) pelo casameto, etão as sequêcas tederam a dramatzar a agre Esse tpo de comparação, porém, ão realzado por Va Genep, embora ele t
gação dele o ovo grpo Famete, se as pessoas ou grupos passam por períodos vesse uma a gda coscêca do modo combatóro com que as sequêcas de sepa
ração, margem e agregação eram todas relatvas umas às outras
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E por ter isto em mente, sabia ele que certas ses dramáticas da vida social ape rar dos nossos entes queridos que precisam ser colocados ra do nosso mundo), a
nas tendiam para salientar certas sequências. De to, num rito de margem, uando sociedade no indivíduo ( qando procuramos marcar os flhos com as rmas e valo
crianças são transrmadas em noviços e depois em homens adultos, temos, evdent res que adotamos como críticas na defnição daquilo que é verdadeiramente humano
mente, um período inicial de separação (com uma dramatização de morte dos nov e digno), o indivíduo, como símbolo da sociedade (quando investimos uma pe ssoa
ços). E, natraente, uma seqência fnal de agregação, qando o grpo retoma sua num cargo que representa todo o grupo naqilo que ele deve ter de positivo, de rte
posição no seio de suas amílias (clãs ou linhagens) e é integra o no sistema, mas e de honrado) Foi por ter poddo assim compreender a realdade social que Van
numa nova posição. Falando em iniciação, aliás, não se pode dexar de .n ?tar a pr � Gennep i capaz de antecipar alas posições básicas da Antropologia Social con
nda observação de Van Gennep que a niciação dos jovens tende a adqur, em nU- temporânea, como a importância do contexto na discussão do signifcado, o valor
tas sociedades, a espécie de autonomia, com ma recriação de rmas alteats das seuências no estdo dos ritais, a separação radical entre os tos da biologia e
de vida social, ndadas em princípios diversos daqeles que vgoram no mndo dia os tos da sociedade algo que Van Gennep percebeu com clareza quando trata nas
rio A ssim, por exemplo, no Caso dos índios Apinayé, que tive a oportidade de es iniciações (cap. VI) e, nalmente, o to de que o casamento não é um acontecimen
tudar (c. DA M. Um mun dividi: A esutura social s índios Apinayé,nesta to individual, como comanda a nossa ideologia de amor romântico, mas algo coleti
coleção), os noviços são retirados da aldeia e fcam acampados longe dos olhos d o vo e grupal, que sempre mobiliza as rças sociais no sentido de criar uma nova uni
ds os seus parentes. Morrem socialmente e são assim separados do mundo cotdia dade (o casal), e além disso procura integrar esta nova unidade no seio de al
no. No seu acampamento, fcam sob a orientação de instrutores e rmam grupos grpo mais inclusivo. Com esta posição relativa ao casmento, Van Gennep como
monossexais, pois ali temse uma sociedade de homens onde deve reinar a concór que antecipa os achados ndamentais de LéviStrauss, no seu monumental estru-
dia e a instrução. s duas moças que se ligam aos grpos de noviços (pois que eles se turas elementares parentesco ( nesta coleção).
videm simetricamente em dois grpos) rmam uma visível minoria, e relações se
xais com elas são terminantemente proibidas. No seu acampamento, os noviços re Caberia agora, para fnalzar esta apre sentação, azer al as críticas, ainda que
cebem seus emblemas de metades e gnham também o direito de escolher um "ami para mostrar que o autor destas páginas não toma Van Gennep como um autor per
go, fcando para sempre gado a este companheiro de ritual. E rmando esta esp é eito. Uma delas, muito clara e já eita por Gluckman (op. cit.), é que nosso ator op
cie de sociedade invertida ( onde as mulheres não serem para o prazer ou reproduçao _ touque
de porcertamente
uma demonstração
obteria sehorizontal de sua tese,
tivesse realizado uma preerindo a quantidade
análse pronda à qulida
deu ns poucos ri
sexual, onde os grpos são monossexais, onde todos vivem aprendendo e em har tais Nesta horizontaidade, Van Gennep aproximou seu trabao aos dos vitoria
monia) que o período liminal das sociedades J ê-Timbira do Bra sil Centr se revel . nos, zendo muitas observações em que tira al gns ritais do seu contexto, numa
Ali, em pleno cerrado e no meio de uma existência temporariamente margal ( ou li ânsia de demonstrar, até o ponto de exaustão, que a sua descoberta das três ses era
minal), os jovens não só aprendem os modelos mais básicos do seu sistema, mas, verdadeira e que ela poderia ser encontrada em todos os ritos, dos grpos tribais até
zendo isso, descobrem uma rma alternativa de viver socialmente num mundo onde
as mílias e as crianças desaparecem e com elas as dierenças que constitem a princi as grandes civilizações. Por outro lado, terminamos o livro sem uma verdad ira ela
pal raiz dos seus contos cotidianos. Por isso, as iniciações e os p ríodos inais são boração teórica relativa ao signfcado prondo dos "ritos de passagem. E certo,
rmas paradoxais. Ao me smo tempo que inculcam vores e reprmem se tmentos, como diz Van Gennep, que as passagens se gem de al modo um padrão de para
elas também apontam na direção de sistemas de comportamento alteatvos. das e movimentos, um movimento quase que có smico de alternância entre o velho e
Foi com esta posição altamente dinâmica que Van Gennep estudou os ritais de o novo, o dia e a noite, o primeiro e o último, etc., mas sabemos que tais explicações
passagem e, com isso, lançou luz sobre os modos de reunião rml, tão c ms são universais e vagas, como mandava o espírito da época.
quanto a própria existência em sociedade. Ele viu, pois, tudo como sendo consttuído A tare que os estdiosos têm agora é, por isso mesmo, a de buscarem esta res
de passagens e deslocmentos, quando as ses se resolviam entre si dialeticame te, posta. Gluckman, por exemplo, sugere que os ritos de passagem são realizados para
com a anterior sendo cancelada pela posterior e, ambas, fnaente, sendo resolvdas dividir papéis sociais em universos altamente totalizados, onde as relações sociais ten
por uma síntese ou terceira se, quando o mundo retorna ao seu curso rotineir e dem a uma multiplicação (são, nas suas palavras, "relações multiplex) e todos se li
normal. Nesta dialética, Van Gennep encontrou o centro mesmo do mundo soal gam com todos. Nestes sistemas, que cracterizam os sistemas tribais, a teia de rela
como um processo perene de buscar a unidade na dualidade (como ocorre nos casa ções sociais tem ma relidade maior do que o indivíduo, de modo que separar pa
mentos quando a sociedade deseja azer de dois indivíduos uma entidade), a divisão péis é um ponto básico, realizado com o auxílo dos rituais, sobretdo dos ritos de
no contínuo (como ocorre nos erais quando tentamos por meio do rito nos sepa- passagem. Meyer Fortes, por seu turno, procura explicar os rituais lando de apro
priação de cargos públicos por certos indivíduos. Assim, o rito seria o elemento bási
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19
co que permitiria relacionar uma pessoa a um ao papel social, sobretuo quano
esse papel social tem um caráte r corporao, como é o caso a s chefas. bas as teo
rias são ricas e ambas colocam o problema básico as relações entre sistemas sociais
( ou sistemas e papéis socia is) e o p roblema o rital. C reio que este passo é básico e Prefácio
eu prero esta nha àquela que toma os ritos apenas nos seus aspectos comunicati
vos , como é o caso as posições e ER. Leach , sobretuo nos seus últimos trabaos.
Creio, po rém, que o problema o porquê" os ritos e passagem está aa longe e
ser resolvio, já que o próprio term ritual precisa e uma melhor conceituação. E,
e to , este é um termo complexo, pois pensar nele equivale a pensar na própria via
As escrições etalhaas e os trabalhos monogrcos reerentes aos atos mági
social e suas qualfcações ( c DA MA, 1977).
coreligiosos acumularam-se nestes últimos anos em número muito grane. Parece,
Acho , porém, que a posição e Gluck an está basicamente coreta e que os ritos
portanto, oporno tentar uma classifcação esses atos, isto é, os ritos, e acoro
permitem inicar orientações ierenciaas, em provável correlação com a lógica o
com os progressos a ciência Várias categorias e ritos são já bem conhecias.g Jul
ei
sistema social que os elabora. Em sistemas multiplex", os ritos separam e iviem
que um grane número e outros ritos poiamg i almente ser agrpaos em uma ca
( eu diria, individualizam), retirano a pessoa a poerosa ree e relações sociais que
tegoria especial. Como se verá, encontramse em numerosas cerimônias. Mas não pa
tene a sucá-lo, absorêlo e, até mesmo, toá-lo oente. Mas o erro seria tomar
essa perspectiva como única. Assim, é preciso não esquecer que o contrário parece rece que até agora tenha sio percebio seu vnculo íntimo e razão e ser, nem que se
ocorrer em sistemas não multiplex", em rmações sociais altamente ierenciaas, haja compreenio o motivo as semelhanças entre eles. Sobreto, não tina sio
atomizaas e iniviualizaas, como é o caso a socieae capitalista. estas socie mostrao o motvo pelo qua são executaos e acoro com eterminaa orem.
aes one o indivíuo é central , e one too o sistema" é concebio como estano Teno e tratar e assunto tão vasto, a ifculae consistia em não nos exar
a seriço o inivíuo, pois é a socieae que eve se transrmar para zer eliz o mos submergir pelos materiais. Só utilizei uma reuzia porção os que reuni, e
prerência recorreno às mais recentes e etalaas monografas, remeteno na
inivíuoOs
integrar. e não
ritosoem
contrário,
sistemaso iniviuastas,
problema não éentão,
evientemente separar,emas
seriam ocasiões juntar e
totalização, maioria as vezes , no que se reere a outros tos e, sobretuo, a pa rte relativa às ree
momentos one é possível iscernir conc retamente ou não ( epeneno o rito) rências bibliográfcas , às granes antologias comparativas Do contrári, caa capít
grpos e categorias , inclusive e pessoas. Deste moo , nossos rituais seriam mecanis lo exgiria um volme Acreito , no entanto , que minha emonstração é suciente , e
mos que objetiv a busca a totali ae equentemente inexistente ou icil e ser rogo ao leitor chegar à mesma convicção aplicano o Esquema os Ritos e Passa
percebia no nosso cotiiano. um sistema como o nosso , one o inivíuo sempre gem aos tos e seu campo pessoal e estuo.
tem primazia, to já está separao conceita ! e concretamente. Po r causa isso, aqui Uma parte a substância o presente livro i comunicaa, quase em rma e
o rito não ivie, junta. ão separa, integra. ão cria o inivíuo, mas a totalae 6 • tabela , ao Congresso e História as Religiões reunio em Oxor, em setembro úl
Não é necessário observar novamente que neum esses passos poeriam ser timo, apresentaa pelos srs. Siney Hartlan, J.G. razer e P lphané r
aos sem a contribuição e Arnol van Gennep. E sua ção , que por certo fcará en Devo agraecer também ao meu eitor e amig o, o Sr. E. our r, muito conheci
tre nós, i a e que viver socialmente é passar, passar é ritualizar. um universo o entre os lcl oristas por um pseuônimo. Interessouse pelo crescimento este vo
como o nosso , constitío estes seres ágeis e mortais , esses entes que automatizam lume, comunicoume ocumentos e eume a liberae e reestrt rálo a meu gos
ritualizano e, azeno sempre o paraoxo sua única ireção, vivem num jogo cons to. Assim, o eitor i nele vítima o sábio e o amigo. Mas, pelo menos, espero que
tante entre o iniviualizar-se e o agregarse ; enfm, num universo e homens, a rea não seja vítima o leitor.
liae mais viva é a o conito orenao e a permanência se realiza, contraitoria A.v.G.
mente, como revelou Van Gennep, na passagem.
Clart, ezembro e 1908
Jarim Ubá, julho e 1977
6 Para uma discussão da importância do indivíduo (e do individualismo) entre nós, cf. DUMONT, L.
Homo HierarchicusChicago: The Univ. o Chicago Press, 19 70, e Relion, Politics and in India.
Mouon, 1970
20 2 1
CPITUL O' (
Classifcação dos ritos
Toda socedade geral contém váras socedades especas, que são tanto mas au
tônomas e possuem contoos tanto mas dendos quanto menor o grau de cvlza
ção em que se encontra a socedade geral. Em nossas socedades modernas só há sepa
ração um pouco nítda entre a socedade lega e a socedade religosa, entre o proano e
o sagrado. Desde o Renascmento as relações entre estas duas socedades especas, no
nteror das nações e dos Estados, soera toda espéce de oscações. Ora, esta vsão
é encontrada em todos os Estados da Europa, de tal manera que as socedades legas,
de um lado, e as socedades relgosas, de outro, lgamse entre s separdamente por
suas bases essencas. Asm também a nobreza, as fnanças, a classe operára passa
aés das nações e dos Estados sem levar em conta, ao menos teorcamente, as onte
ras. Cada uma dessas categoras contém por sua vez categoras de menor amptude,
grande nobreza e fdalguia provcana, grande e pequena fnança, profssões, ocos
versos. Para passar de uma delas a qualquer das outras, para passar de camponês a
operáro e mesmo de servente de perero a pedrero, é precso satszer certas cond
ções que, entretanto, têm de comm assentarem somente em ma ba se econômca ou
ntelectual. Em vez dsso, para o ndvíduo que é lego tornar-se sacerdote, ou nversa
mente, é precso executar cermônias, sto é, atos de um gênero especal, lgados a uma
certa tendênca de ensbldade e a determnada orentação mental. Entre o mundo
proano e o mundo sagrado há ncompatbdade, a tal ponto que a passagem de um
ao outro não pode ser eta sem um estágo ntermedáro.
À medda que descemos na sére das czações, sendo esta palavra tomada no
sentdo mas amplo, constatamos a maor predomnânca do mundo sagrado sobre o
mundo proano, o qual, nas socedades menos evoluídas que conhecemos, engloba
pratcamente tdo. Nascer, parr, caçar, etc., são então atos que se prendem ao sagrado
pela maora de seus aspectos. Iguamente, as socedades especas são orgazadas so
bre bases mágco-relgosas, e a passagem de uma a outra a ssume a aparênca da passa
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gem especial marcada entre nós por determinados ritos, batismo, ordenação, etc. An- mês ao outro (cerimônias da lua cheia, por exemplo), de uma estação a outra ( solstí-
da aí as sociedades especias permeiam várias sociedades gerais. sim, o grpo totmi cios, equinócios), de um ano ao outro (Dia do oNovo, etc.).
co constitui uma mesma nidade através das tribos da sáa,e seus membros consi- Pareceme, portanto, racional agrpar todas estas cerimônias de acordo com um
deramse irmãos, do mesmo modo que todos os padres católicos, seja qual fr o país esquema, cua elaboração detaada, entretanto, é ainda impossível. Com eeito, se o
em que vivam. O caso das castas já é mas complexo, porque à noção de parentesco estudo dos ritos nestes últimos os ez grandes progressos, estamos longe de conhe-
acrescentase uma especiadade prossional Se em nossas sociedades a soiariedade cer em todos os casos sua razão de ser e seu mecanismo, com bastante certeza para
sexual é redida ao míimo teórico, entre os semicivizados desempenha considerável poder com segrança distribuílos em categorias. O primeiro ponto obtido fi a ds
papel em consequência da separação dos sexos nas questões econômicas, poíticas e so- tinção entre duas classes de ritos: 1 º) os ritos simpáticos ; 2°) os ritos de contágio.
bretdo mágicorelgiosas. A mía constti também entre eles a idade nda- Os ritos simpáticos são aqueles que se ndam na crença da ação de seme-
da em bases ora mais estreitas, ora mais largas do que entre nós, mas em todo caso rigo- lhante sobre o semelhante, do contrário sobre o contrário, do continente sobre
rosamente delmtadas. Toda tribo, quer ça, ou não, parte de uma unidade poca o conteúdo e reciprocamente, da parte sobre o todo e reciprocamente, do simu-
mais vasta tendendo para a nação, possui ma nividualdade, cua rigidez pode ser lacro sobre o objeto ou o ser real e reciprocamente, da palavra sobre o ato. Fo
bem compreendida pelo conhecimento das cidaes gregas. Finamente, a todas estas ram postos em evidência por E. Tylor 2 e estudados em várias de suas rmas por
rmas de grupamento acrescentase mais uma, que não tem equivalente entre nós. A. Lang 3, E. Clodd 4, E. Sidney Hartland 5, etc.; na França, por A. Réville 6, L.
Reerimonos ao grupamento das gerações ou classes de idades. Marillier 7, etc. ; na Alemanha, por Liebrecht 8 , R. Andree 9, Th. Koch 10 , F Schul-
A vida individual, qualquer que seja o tipo de sociedade, consiste em passar su- ze 1, etc. ; na Holanda, por Tiele 12 , A. Wilken 3, A.C. Kruijt 14 ; na Bélgica, por E.
cessivamente de uma idade a outra e de uma ocupação a outra. Nos lugares em que as
idades são separadas, e também as ocupações, esta passagem é acompaada por atos 1 Consero propositadamente o termo simpático, embora razer, H Hubert, Haddon, etc tenham ad
especiais, que, por exemplo, constitem, para os nossos ocios, a aprendizagem, e mitido uma magia simpática que se subdivide em magia do contágio e magia homeopática São então
que entre os semicivilizados consistem em cerimônias, porque entre eles nenhum ato obrigados a criar uma seção especia para a magia dinamista, e por outro lado à homeopática seria preciso
acrescentar a aopática ou enanteropática, etc ( cf meu resumo das Lectures o the e his ofthe Kg
éduo
absolutamente independente do sagrado. Toda sh, de raer, st Rel906, t LIII, p 396-40). Do mesmo modo a classicação de Hubert e
implica aí ações e reações entre o prono e o alteração na situação
sagrado, ações de um
e reações que indiví-
devem Mauss, Esquisse d)ue the géérle de l mgie,p. 62s e 66ss, é demasiado articial cabam por zer
ser reglamentadas e vigiadas, a m de a sociedade geral não soer nenhum cons- das "representações abstratas e impessoais de semehança, conti gidade e contrariedade três ces de uma
mesma noção, que é a do sagrado, a qual é também a do m, que por sua ve "é um gênero do qual o
trangimento ou dano. É o próprio to de viver que exige as passagens sucessivas de sagrado é a espécie
uma socieade especia a outra e de uma sitação socia a outra, de tal modo que a TYOR, EB mitive culture 2 vos. Londres, ed., 8 ; trad anc da 2 ed., Paris, 86; 4 ed,
vida individual consiste em uma sucessão de etapas, tendo por término e começo Londres, 903
conjuntos da mesma natureza, a saber, nascimento, puberdade social, casamento, pa LANG, AMyth,Ritul dRelio 2 vols. Londres, 89; trad ., vol, Pari s, 898; TheMkig
ternidade, progressão de classe, especialização de ocupação, morte. A cada um desses ofRelio, Londres, ed, 899; 2 ed, 900; Mgic d Relio,90, etc.
conjuntos achamse relacionadas cerimônias cuo objeto é idêntico, azer passar um CLODD, E Tom Tit Tot,Londres, 898.
indivíduo de uma situação determinada a outra situação i galmente determinada. HATLAND, ES The sciece offir tles. Londres, 89; The Leged ofPerseus 3 vols. 895896,
certos capítulos
Sendo o mesmo o objetivo, é de todo necessário que os meios para atingilo sejam RÉVILLE, A Prolomes de hstoire des relios, Paris, 88; Les relios despeuples o-civilisésPa
pelo menos análogos, quando não se mostram idênticos nos detalhes. Alás, o indiví- ris, 2 vos, 883, etc.; dos pontos de vista do qua participa ainda REVON, M. Le shitoisme Paris,
duo modicouse, porque tem atrás de si várias etapas, e atravessou iversas ontei- 905906
ras. Daí a semeança geral das cerimôni as do nascimento, da inância, da puberdade 7 MAILLIER, L L surivce de l)âme et de deJustice Paris, 894; numerosas análises na Revue de
social, noivado, casamento, gravidez, paterndade, iniciação nas sociedades religiosas Histoire des Relios até 906
e nerais. Além do mais, nem o indivíduo nem a sociedade são independentes da na- LIEBRECHT, Zur Volkskude,89
tureza, do universo, o qual também e stá submetido a ritmos que aetam a vida huma- 9 ANDREE, REthogrphische Prllele,duas séries, Leipig, 88 e 889
na. Também no universo há etapas e momentos de passagem, marchas para adiante e 1 KOCH, TH Zumimismus der Südmekische Id ierLeyde, 900
estágios de relativa parada, de suspensão Por isso, devemos associar as cerimônias de 11 SCHULZE, Der FetischismusLeipig, 8; choloie r NturlkerLeipig, 900
passagens humanas às que se relacionam com as passagens cósmicas, a saber, de um 1 TIELE sire des Relios, etc.
1 WILKEN, A Het imisme biJde volke v de Idische rchel. Indische Gids, 885 886, etc.
1 KRUIJT, AC Het imisme ide Idischerchel La Hayc, 90
24 25
arugqultha, e ao atrar a dreção do mgo, quado a echa ca, a argqultha por date. Talvez se descubram ada outras classes de r tos. M as as que mecoa
sege a tagete e ere o mgo 39 • A rça trasmtu-se, portato, por meo de um mos eglobam já um úmero cosderável. A dfculdade cosste apeas em saber
veículo e o rto é damsta, de cotágo, dreto. exatamete, em cada caso, como terpretar o rto, e a dculdade é tato ma or
Falmete, é possível dst gr ada rtos postvos, que são volções traduz porque se o mesmo rto admte váras terpretações é também equete que uma
das em ato, e rtos egatvos Estes são habtalmete chamados tabus. O tabu é uma mesma terpretação seja válda para dversos rtos muto deretes quato à r
probção, uma ordem de ão azer", de ão agr". Pscologcamete correspode à ma. A dfculdade cosste sobretudo em dst gr se um dado rto é essecalme
não vontade [nolné N. T.] , assm como o rto postvo correspode à vontade [voln te amsta ou damsta; por exemplo, se certo rto de traserêca de uma molés
é N.T .], sto é, traduz, também ele, uma maera de querer, é um ato e ão a ega ta tem po r objetvo a trasrêca da molésta equato qualdade ou a expulsão
ção de um ato. Assm como vver ão cosste o cotíuo ão agr, assm também o do corpo do pacete de uma molésta persofcada, de um demôo ou espírto da
tabu ão pode costtr por s só um rtual, e meos ada uma maga 40 Neste set molésta. Etrado em detalhes, o rto de passar por baxo de al gma cosa ou atra
do o tabu ão é autôomo Só exste a medda em que é a cotrapartda dos rtos vés dela, que será dscutdo ma s adate, presta-se a váras terpretações, uma a
postvos Noutras palavras, todo rto egatvo tem dvdualdade própra se o co msta e dreta, a outra damsta e dreta. É precso recohecer que esta pesqusa
sderarmos soladamete, mas o tabu em ge ral só pode ser compreeddo com rela os tratados geras, os quas o auto r a maora das vezes só apreseta os elemetos
ção aos rtos atvos", com os quas coexste o rtal. O egao de Jevos, Crawley, atualmete útes de um rto, só raramete costtuem uma ajuda para chegar-se a
Salomão Reach, etc., cosste em ão te rem apreeddo esta relação de depedê al gma sstematzação aceitável. lém dsso, eles os rtos são classfcados mas de
ca recíproca. acordo com suas semelhaças rmas (c. os t rabalhos do s lclorstas) do que de
Um mesmo rto pode, portato, clur-se em quatro categoras ao me smo tem acordo com seus mecasmos.
po, havedo por cose gte 16 possbldades de classfcação para determado Em um mesmo cojuto de cermôas a mao r parte dos rtos de detalhe clu
rto, sedo que as quatro cotráras se emam, de acordo com o se gte quadro: em-se em uma mesma categora. Assm, a maora dos rtos da gravdez são dams
tas, de cotágo, dretos e egatvos. A mao ra dos rtos do parto são amstas, sm
Ritos animistas pátcos, dretos e postvos. Mas trata-se sempre tão somete de uma proporção.
Em pleo cojuto de um rtual anmsta po stvo ecotraremos, como cotrapart
tos simpáticos tos de contágio
da, um grupo de rtos damsta postvos ou amsta s de cotágo e dretos. Não
tos positivos. itos negatvos
dspodo do espaço ecessáro, ão pude em cada caso dca r a categora a qual se
Ritos diretos. tos indiretos
clu cada rto de detalhe, mas pelo meos lembrare que ão é o setdo da ter
Ritos dinamistas
pretação ulateral dos mecasmos que terpreto os umerosos rtos aqu passaos
em revsta.
Assm, para uma mulher grávda, ão comer amoras, porque sso marcara a Uma vez estabelecda a classfcação dos mecasmo s toa-se relatvamete cl
craça, é executar um rto damsta, de cotágo, dreto, egatvo. Para m mar compreeder as razões de ser das sequências cerimoniaisAda aqu obseraremos
hero que esteve em pergo de morte, oerecer como exvoto um avozho a que os teórcos mal tetaram estabelecer uma classfcação dessas sequêcas. Exstem
Nossa Sehora da Guarda é um rto amsta smpátco, dreto, postvo. E assm exceletes trabalhos sobre este ou aquele elemeto de uma sequêca, mas só é possí
vel ctar poucas pesqusas que se gem de um extremo ao outro uma sequêca te
ra, e meos ada trabaos em que estas sequêcas sejam estudadas umas com rela
C Mythes, Lé. Aus.,p 86 ção às outras ( c o capíto X). O presete volume é cosagrado a um esao desta
0 Sobre o tabu como rito negatvo, cf VN GENNEP, A. bou Tot Mad.,1904, p 26-27, 298, atureza. Nele tete grpar todas as sequêcas cermoas que acompaham a pas
319; �UBRT, H & MUSS, M Esquisse,p. 129; e sobre o tabu como magia negativa, ZER,
JG Knp,p. 52, 54, 56, 59, assim como mnha resenha crítica deste livro,
R. FHst. l., sagem de uma stuação a outra, e de um mudo (cósmco ou socal) a outro. Dada a
1906, t LIII, p 396-401; e MRE. Is boo a native magic?throp Essays presented to EB mportâca dessas passages, acredto ser legítmo dstgur uma categora especal
Tyor, Oord, 1907, p 21934 Como é m ais ci enumerar o que não se deve azer do que aquio que
se deve ou pode zer, os teórcos, encontrando em todos os povos extensas séries de tabus, proibições, de Ritos de passagem, que se decompõem, quado submetdos à aálse, em Ritos de se-
etc superestimaram a portância destas
29
paraçã, tos d mam e Ritos d agraçã. Estas três categorias secundárias não ser alternativa. O sagrado, de to, não é um valor absoluto, mas um valor que indic
são iguamente desenvolvidas em uma mesma população nem em um mesmo con situações respectivas. Um homem que vive em sua ca sa, em seu clã, vive no proano.
junto cerimonial. Os ritos de separação são mais desenvolvidos nas cerimônias dos Mas ive no sagrado logo que parte em viagem e se encontra, na quadade de esta
nerais; os rito s de agregação, nas do casamento. Quanto a os ritos de margem, po nho, na proxmidade de um acampamento de desconhecidos. Toda mulher, sendo
dem constitir uma secção portante, por exemplo, na gravidez, no noivado, na ini congetamente impura, é sagrada relativamente a todos os homens adultos. Se está
ciação, ou se reduzirem ao mínimo na adoção, no segundo parto, no novo casamen grávida, toa-se além disso sagrada para as outras muers do clã, com exceção de
to, na passagem da segunda para a terceira classe de idade, etc. Se, por conseguinte, o suas parentas próximas. São esta s outras mulheres que constituem então com relação
esquema completo dos ritos de passagem admite em teoria ritosprliminars ( separa a ela um mundo proano, que compreende também nesse momento as crianças e os
ção), liminars (margem) e pós-liminars (agregação), na prática estamos longe de en homens adultos. Todo brâmane vive no muno sagrado só pelo to de seu nasci
contrar a equivalência dos t rês grupos, quer no que diz respeito à importância deles, mento, mas há uma hierarquia das amílas de brâmanes, que são sagradas uma s com
quer no grau de elaboração que apresentam. relação às outra s. Finamente, ao praticar os ritos chamados de purifcação, a muer
Além disso, em certos casos o esquema se desdobra, o que acontece quando a que acaba de dar à l reincorpora-se à sociedade geral, mas somente em secções es
margem é bastante desenvolvida para constituir uma etapa autônoma. Assim é que peciais, a saber, seu sexo, sua amília, etc., e permanece no sagrado com relação aos
o noivado con stitui realmente um período de margem entre a adolescência e o cas a homen s iniciados e às cerimônias mágico-religiosas. Assim, alternadamente, conr
mento. Mas a passagem da adolescência ao noivado comporta uma série especial de me nos coloquemos em uma posição ou em outra da sociedade geral, há um desloca
ritos de separação, de margem e de agregação à margem. E a passagem do noivado mento dos círculos mágicos". Quem passa, no curso da vida, por estas alternatvas
ao casamento supõe uma série de ritos de separação da margem, de margem e de encontrase no momento dado, pelo próprio jogo das concepções e das classifcações,
agregação ao casamento. Esta mistra é também verifcada no conjunto constituído girando41 sobre si mesmo e olhando para o sagrado em lugar de estar voltado para o
pelos rit os da gravidez, do parto e do nascimento. Embora procure grupar toos es proano, ou inversamente. Estas modifcações do estado não deixam de perturbar a
tes ritos com a maior clareza possível, não escondo que, tratando-se de atividades, vida social e a vida individual. Um certo número de ritos de passagem destinamse a
não s poderia chegar nestas matérias a uma classifcação tão rígida quanto a dos reduzir os eeitos nocivos de tais mudanças. A prova de que esta transrmação é con
botânicos, por exemplo. siderada como real e grave encontramo-la no retorno, verifcado nas grandes cerimô
Sem dúvida, estou longe de pretender que todos os ritos de nascento, da inicia nias e entre povos muito diversos, dos ritos de morte para o mndo anterior e de res
ção, do casamento, etc., sejam ape nas ritos de pa ssagem. Porque, além de seu objeti surreição no novo mundo, dos quais lamos no capítulo XI, ritos que constituem a
vo geral, que consiste em assegurar uma transrmação do estado ou a passagem de rma mais dramática dos ritos de passagem.
uma sociedade mágico-religiosa ou proana para outra, estas cerimônias têm cada Só me resta expor brevemente com maior exatidão o sentido das palavra s empre
qual sua fnalidade própria. Assim, as cerimônias do casamento amitem ritos de e gadas. Por dinamismo entenderemos a teoria impersonaista domana. Designamos
cundação; as do na scimento comportam ritos de proteção e de previsão; as dos e por animismo a teoria personalista, quer a potência personicada seja uma alma única
rais, ritos de deesa; as da iniciação, ritos de propiciação; as da ordenação, ritos de ou mútipla, quer se trate de umapotência anima ou vegeta (totem), antropomórfca
apropriação pela divindade, etc. Todo s estes ritos, que possuem uma fnalidade espe ou amor ( Deus). Estas teorias constitem a rliã, cua técnica ( cerimônias, ritos,
cial e atual, justapõem-se aos ritos de passagem ou se combinam com estes, às vezes culto) chamo magia. Como esta prática e esta teoria são indissolúveis, pois a teoria
de maneira tão íntima que não se sabe se tal rito de detae é, por exemplo, um rito de sem a prática toase a metasica, e a prática ndada sobre outra teoria torna-se a
proteção ou um rito de separação. E ste problema levantase, entre outros, a propósi ciência, empregarei sempre o adjetivo mágico-rlioso.
to das diversas rmas dos ritos chamados de purifcação, os quais podem ser uma
simples suspensão do tabu, e por conseginte retirar somente a quaidade impura, ou
ser ritos propriamente ativos, que dão a qualidade de pureza.
Isto me leva a lar rapidamente do que se pode chamar a rotação da noção de sa 4 Este movimento de mudança de direção já tinha sido bem percebido por Robertson Smith,Die Re-
lion der Semiten, p 327328 e índice, verbetetabu Cf as passagens do sagrado ao proano e vice-versa,
grado. E sta representação (e os ritos que lhe correspondem) tem como característica entre os Tarahumare e os Huichol do México (LUMHOTZ.UnknMéxico. Londres, 1900, 2 vols,
passim)
30
3 1
Obtém-se assim o seginte qadro:
1 TEORIA (Religião)
CAPÍTULO
ª
dinamismo
(monista; impesonaista)
anmismo A passa gem mater ial
(duaista, etc. personaista)
�
simpátcos de contágo detos ndetos positvos negativos
(tabu)
A fm de xar as ideias larei preiramente da passagem material. Em nossos
dias, salvo nos raros países qe mantiveram o passaporte, esta passagem é livre nas re
giões civilizadas. A onteira, ha ideal traçada entre marcos o postos, só é visível nos
mapas, exageradamente. Mas não está tão longe assim o tempo em qe a passagem de
país para otro e, no nterior do mesmo país, de ma província para otra, e anteri
ormente até de doio seorial para otro, era acompanhada por diversas r
malidades, de ordem política, jrídica e econôica. Entretanto, havia também rmai
dades de ordem mágico-regiosas, por exemplo, a proibição dos cristãos, mçanos
e bdistas entrarem e permanecerem na parte do globo não sbmetida à sa é.
É este elemento mágico-religioso qe nos nteressa aq. Para vê-lo m ação plena
mente é preciso retoar a tipos de civilização nos qais o elemento mágico-religioso se
intromete, o se intrometia, naqio qe atamente é apenas m domínio leigo.
Embora em regra geral o território o cpado por ma tribo semicivilizada seja de
fnido apenas por acidentes natrais, ses habitantes e vizinhos sabem mito bem em
qe limites territoriais prevalecem ses direitos e prerrogativas. Acontece, porém,
qe o marco natral seja m rochedo o ma árore, m rio o m lago sagrados,
qe é proibido atravessar sob pena de sanções sobrenaturais Este caso parece, no en
tanto, raro. Freqentemente o limite é marcado por m objeto, poste, pórtico, ma
pedra em pé (marco, termo, etc.), qe i colocado nesse lgar com acompaamen
to de ritos de consagração. A proteção da proibição pode ser imediata o mediata
( divindades das onteiras, representadas, por exemplo, nos kdrrs babilônicos;
Hermes, Príapo , etc., divindades dos marcos, etc.). Pela colocação o fxação ceri
1
Com a ressalva de demonstração uterior, dou a seguir minha interpretação da associação quase uni
versal dos marcos com o flo. Há: 1ª) assimilação entre o pau ou a pedra coocada de pé com o pênis em
ereção; 2 ) ideia de união, por associação com o ato sexual tendo valor de adjutório mágico; 3) ideia de
ª ª
proteção, em consequência do poder das pontas ( chies, dedos, etc.) de "rar'' a uência magna, o
gênio mazejo, etc; 4 ) muito raramenteideia de ecundação do território e de seus habitantes. O ele-
ª
mento fco dos baizas, hermes, etc., não tem, portanto, quase nada de sexual propriamente dito
32 33
a soleira. Nesse caso, é a elas somente que se dirigem as preces e os sacricios O rito carruagem ou um palanqum, de monta a cavao para viajar, etc., acompanha-se
de passagem maeial tornou-se um rito de passagem espiritual. Não é mais o ato de muitas vezes de ritos de separação na parda e de ritos e agregação na volta.
passar que constiti a passagem, e sim uma potência indvidualizada que assegura Finalmente, em algs casos os sacricios camados de ndação ou de constru
materialmente esta passagem21 • ção icluem-se na categoria do rtos de passagem . É surpeendente que tenam sido
Ora, é raro que estas duas rmas se encont em isoladas, pois na imensa maioria estdados isoadamente quando zem parte de um ojunto cerimonal omogê
dos casos pesentam-se combinadas. Vemos, com eeito, nos diversos cerimoniais o neo, a cerôna de mudança de domicílio 23 . Toda casa nova consera-se tabu até
rito diret ligar-se ao to indireto, o rito dinamista ao rito an sta, ou para asta que, mediante ritos apropriados, tena sido tornada noa Esta sspenso do tabu,
24
•
os obstácuos que podem opor-se à passagem ou para etuar esta própria passagem. em suas rmas e mecanismos, é a mesma que a realaa quando se trata, por exem
nte os ritos de assagem material convém anda citar os da passagem dos desf plo, de um território ou de uma muler, etc., sagrados. Há lavgm ou lusração, ou
ladeiros, e e consistem em depositar diversos objetos (pedras, trapos, pelos, etc ., comensalidade. Outras práticas têm por fnaldade zer a casa manterse inteira, sem
oerends, inocações ao gênio do lugar, etc. Marrocos (kerkur)Mongólia, Tibete desmoronar, etc . Foi um erro ter se visto em um certo númer desas riônias so
(obo), Assam, Andes, Alpes (capelas, etc. A travessia de um rio é acompanhada e brevivências e dermações de um antigo sacricio umano. Aos ritos de suspensão
quentemene p cerimônias 22 , e como rito negatvo correspondente encontra-se a do tabu, de ação de um g êno protetor, de transerência da primeira morte, de se
proibiçã o ei u do sacerdote atravessar este ou aquele rio, ou os cursos d'água em grança tura de toda espécie sucedem ritos de agregação, libaçes, visita cerimon
geral. mesa maneira, o embarque ou o desembaue, o ato de subir para uma al, consagração das dversas partes, divisão do pão, partilha do sal, de uma bebida, re
eição em comum (na França, dar m jantar [pendre la crémare . Eses ritos são
propriamente ritos de identifcação dos turos abitantes com sua nov residência.
Quando ram os próprios abitantes, por exemplo, um noivo ou um jovm esposo
Sobre as didades a soleira, cf. além de Trumbu, op cit., . 94ss., FELL, Anthroil ajudado por sua amília ou sua muer, etc., que construíram a casa, os ritos come
ssyspres to. Tylor Oxrd, 1907, p 82; RZER, J.G Ibid., p. 167; Chna em geral hen -hu e çam no cio da construção.
Jüü (c e GROOVAES.es tes nnuelleent élébréesàouy Paris, 1886, p. 597ss.),
Aos ritos de entrada na casa, no templo, etc., correspondem ritos de saída, idênti
mas em Pequ também Ch)inCh)iun e Yiihihn (cf. GRUBE. Pek olksk., p. 93-94); Japão: Is
Bird. Unbeten Trksi n]pn. Londres, t I, p 117, 273; REVON, M. "Le Shinntoisme)J. . de /st cos, porém inversos. Na época de Maomé os árabes ao entrarem ou aírem acaricia
des el, 1905, t. LI, p. 389 e 390; MUNRO.Pitive ul ture inJpn Yokoama, 1906, p. 144, etc.
vam com a mão o deus doméstico 25, de modo que o mesmo gesto, conorme o mo
Cf. entre outros GIDOZ, H. e dieu uis du soleil. Paris, 1886, p. 65 Lembro as cerimônias de
construção e de primeira uização das pontes( cf.ponx). Quanto aos ritos de passar entre la coisa mento, era um rito de agregação ou um rito de separação. Iguaente, todo judeu pi
ou debaxo de alguma coisa, ram recolidos mMelusine e por quase todos os lcloristas. Seria o caso edoso sempre que atravessa a porta principal de sua casa toca com o ded o da mão di
de discutios dos ovaente, o que não poderia zer aqui. Só citarei, portanto, o seguinte, gse do reita a mazuza,caxinha fxada no umbral da porta e onde se aca um papel, uma i
KRSCHENINNIKV Histoire e t desrition du Kthtk. Asterdam M.M Rey, 1760, t. I, p
130 13 1 e c p. 136 "Logo depois trouxe para a iurta ramos de bétula conrme o núero das amías. xa de pano, etc., tendo escrito ou bordado o nome sagrado de Deus (Saddai). m
Cada Kamtcadal tomou um desses ramos para sua amília, e depois de tê-lo curado em círcuo, ez pas seguida beija um dedo e diz: "O Senor proteja tua saída e tua entrada, p rtir desse
sar através dele duas vezes sua muler e seus os, que, ao saírem desse círculo, pusera-se a rodar. Isto momento e para sempr e ! 26", juntando neste caso o rito verbal ao rito manual. Obser-
cama-se entre eles puricar-se de seus erros. Ora, depreende-se das detaladas descrições de Krasce
ninnikov que a bétula é a árore santa para os Kamtcadal, sendo utilizada rituamente na maioria das
cerimônias. A interpretação, portanto, pode ser 1º) ouve snticação direta por inuência da bétua,
ue é pur; 2º) ouve transerência da ipureza das pessoas para a bét ula, o que concordaria com a conti Sobre os sacricios de construção c SARTOI, P. Ueber s Bur. Zeitscri r Etnologie,
nuação da cerônia. "Depois de todos puricados, os Kamtcadal saírm da iurta com esses pequenos 1898 , p. 1-54, que não viu que algs são ritos de apropriação. Para os ritos anceses, c SÉBILLOT, P.
ramos pela jupana ou a primeira abertura e ram seguidos por seus parentes dos dois sexos. Quando es e olk-ore de ne Paris, 1907, t IV, p. 96-98 e para diversas teorias, TRUMBL, C. Op cit., p
tavam ra da iurta passaram pela segda vez através desse círculo de bétua, após o que enterraram estas 45-5?; WESTEMARCKThe oriin nd devele nt oforl ides Londres, t I, 1906, p 46ss. Estes
vaas ou pequeos ramos na neve, inclinando a ponta para o lado do Oriente Os Kamtcadal, depois de tos cluemse em um� categoria mais vasta que denomino ritos d prieir vez ( c capítulo IX). O en
terem jogado nesse lugar todo seu tonchitce e de ter sacudido suas roupas, entraram na iurta pela verda canto 43, 3 15 do Kauska Sutra (CALD,W. Altindishes Zubetut. La Haye, 1900, p 147-148),
deira abertura e não p ela jupana Noutras palavras, os indivíduos ivramse das impurezas materiais sa reere-se não soente à construção e à entrada, mas z menção também da mudança de moradia das pes
gradas acumuladas nas roupas, do mais importante objeto ritual, o toncitce, que constitui, juntamente soas e dos animais.
com a "eradoce, etc, a categoria dossr, e dos ramos que se tornaram recipientes do sagrado. A pas
sagem por baixo dos arcos sagrados retira automaticamente dos que passam o caráter sagrado que tinam C. para uma cerimônia tpica, HILDBURGH. ''Notes on snhlese magc".Jou.Anthr. Inst, t
adquirido ao executarem as compcadas cerimônias, cujo m é marcado por este rito, e estes arcos são o XIII (1908), p. 190.
pórtico que separa o mundo sagrado d o undo proano. Reingressando no proano, os atores da ceri SMITH, R. Die elio n r ei ten, p. 187.
ônia podem namente utizar a grande porta da cabana. 6 TRUMBULL, C. Threshold Cove nnt, p. 69-70 (Síria)
38 39
ve-se que, em geral, uicamete a porta pricipal, quer porque i cosagrada por
um rito especial, quer porque está orietada em uma direço vorável, é sede de ritos
de etrada e de saída. A outras aberturas o têm este mesmo caráter de margem e CPÍUtQ'Jl.·
tre o mudo miliar e o mudo exterior Daí a preferêcia dos ladrões ( subetedo
em outras civilizações diferetes da ossa) em etrarem por outro lugar e o pela Os indivíduos e os gru pos
porta Daí o coste de zer sair o cadáver pela porta traseira ou pela jaela, assim
como o cost e de o deixar etrar e sair a mulher durate a gravidez ou o período
das regras seo por a porta secudária, e também de o zer peetrar o cadáver A sitação e o caráter do estrangeiro Rtos de agregação do estrangeiro -
do animal sagrado a o ser pela jaela ou por uma brecha, etc Estes ritos têm por A comensalidade - As trocas como rito de agregação A faternização Os
obetivo o poluir a passagem que deve permaecer livre, uma vez que se torou ritos de saudação tos sexuais de agregação - O domico do
tal graças a ritos especiais. Do mesmo modo, o se deve aí cuspir, camihar, etc estrangeiro O viajante: ritos de partida e de retorno A adoção. A
Às vezes o valor sagrado da soleira ecotrase em todas as soleiras da casa Vi a mudança de seor - Guerra, vendea, paz
Rssia casa s ode havia a soleira de cada quarto pregado uma destas pequeas ferra
duras que protegem o salto das botas Ora, essas casas cada quarto tinha seu ícoe
Em todo caso, para compreeder os ritos relativos à soleira, covém lembrar que Toda sociedade geral pode ser cosiderada como a espécie de casa dividida
esa é apeas um elemeto da porta, e que a maioria desses ritos devem ser tomados em quartos e corredores, com paredes tato meos espessas e portas de comuicaço
o setido direto e material de rito s de etrada, de espera e de saída, isto é, de ritos de tato mais largas e meos fechadas quato mais esta sociedade se aproxima das os
passagem sas pela rma de sua civilizaço Etre os semicivilizados, ao cotrário, estes com
partimetos so cuidadosamete isolados us dos outros, e para passar de um ao ou
tro so ecessárias
os ritos de passagemrmalidades
material deeque
cerimôias quedeapresetam
acabamos lar a maior aalogia com
Todo idivíduo ou grpo que por seu ascimeto ou por qualidades especiais
adquiridas o têm direito imediato de etrar a casa determiada desta espécie e
istalar-se em a destas subdivisões ecotram-se assim em m estado de isola
meto, que toma duas rmas, ecotradas separadamete ou combiadas São a
cos por estarem ra desta sociedade especial ou gera; so res por estarem o
mudo sagrado a vez que esta sociedade costitui para seus membros o mudo
proo Daí o diverso comportameto das populações, algas das quais mat
roubam, maltratam o estrageiro sem outras rmalidades equato outraspopl
1
,
ções temem o estrageiro, tratam-o com deferêcia, utilizam-o como um ser po
deroso ou tomam cotra ele medidas de defesa mágicoreligiosas O to do ea
geiro ser, para um grade úero de populações, um ser sagrado, dotado de pote
cialidade mágico-religiosa, sobreatralmete beazejo ou malazejo, i posto em
1 No caso de bandtsmo organzado, por exemplo, de caravanas, ou de dreto de naufá o, o enôme
no é sobretudo econômco-juríico e pouco se elacona com o aspecto mágcorelgoso. As vezes ente
tanto, como em Fj, o reto de naufágo parece ter por objeto mpedr estrangeros magcamente per
gosos de penetrarem no soo da trbo
41
40
evdênc a mut as vezes, prncpaente p or J.G. F raze r2 e E. C rawley 3. Ambos expl d a t rb o ou n a alde �a. Devem c omp rov ar de longe suas nten ões e s oe r um estágo,
cam pel o te rro r mágc o- reg oso q ue é sentdo em p resença d o estrange ro o s rtos c u rm a c onhecd a e a enad onha leng a-leng a a rcan a. E a se p relmn ar, q ue
aos quas este é s ubmetd o, os q uas te ram por fnaldade t orná-l o ne ut ro ou benaze
du ra um tempo mas ou men os long o. Vem em seguid a o perd o de margem, com a
j o, e and a desencantálo". H. Gre rson admte este mesmo p onto de vsta, mas nte tr oca de p resentes, o oerecment o, et o pel os h abtantes, de vtuaas, estabelec
ressando se além disso pel a stuação ec onômc a e j urídc a d o estrangero4 • Suas re
ment o em um alojament o8, etc. Famente, a ce rmô a termna po r rt os de ag reg a
rêncas já e ram nume rosas, e as de Westerm arck 5 s ão and a mas eq uentes. Este au
ç ão, entr ada solene, reç ão em c omum, apert os de m ão, etc.
t or enume ra também um núme ro ma or de motv os que p odem condc onar o c om C ad a uma dessas et ap as da ap roximaç ão entre os estange ros e os ndígen as v ar a
p ortamento em ce d o estrangero ( sensbldade, nteresse postvo ou sobren atural, em compriment o e complc aç ão c oorme os pov os. Mas que r se trate de c oletvd a
9
etc.), e rejet a a te or a d o c ontág o de Crawley (o q ual só va n os rtos rel atvos ao es des, quer de ndvíd uos, o mecasmo é semp re o mesmo, a s abe r, pa rad a, espera,
tange ro um meo de suspender o tabu d o solamento dvdual"), prop ondo um a p assagem, entrad a, ag reg aç ão. N os detalhes, os rt os podem consstir em um c ontat o
outr a aind a mas esteta, a s abe r, estes rt os teram p or o bjet o destrur o m au olh ad o p rop ramente dito (b oetad a, ape rt o de m ãos, etc.), em troc a de presentes almenta
e a mp rec aç ão c ondc onal" q ue t od o estrangero p ossu a priori P or outro l ado,
6• res, prec os os, etc., em come r, bebe r, mar (c achmb o ndígen a) c onjuntamente;
Jev ons tnha restngdo o sentdo destes rtos a serem apenas rt os de purfcaç ão em s ac rcos de anm as; em aspersões de água, de sngue, etc., ou unções; em se
c om relaç ão às roup as e aos bens do estangero, m as n ão à pessoa dele mesmo 7• am arrarem, cob r rem-se junt os, sentaremse no mesmo assento, etc. O c ont at o ind
ret o rez a-se por me o d o port a-v oz", pelo t oq ue smultâne o ou sucessvo de um
C ad a um destes p ontos de vsta vale p ara uma sé re mas ou men os consderável
objet o sag rad o, d a estáta de um a divnd ade l ocal, de um poste tiço", etc Esta
de tos de detalhe. Mas n ão se pode ra compreende r assm o sentdo do mecansmo
dos rt os relatv os ao estangero, nem a rz ão de ser d a ordem em q ue se se guem, en e raç ão ode r a ser aumentad a à v ontade, m as não dispo o aqu de lug ar p ar a
nem fnamente o m otv o d as anal og as entre estas sequênc as rtuas e a sequênca exam ar m as de peto senão al guns desses rt os.
d os rt os d a nnc a, d a ad olescênca, d o n ov ad o, d o c asamento, etc. A c omensadade, ou rt o de come r e beber em c onjunt o, de q ue volt arem os e
ar o o o o u r o o a u
quentemente a l ar neste volume, é claramente um rt o de ag reg aç ão, de un ão pr o
são sSeubmetd
consultos oms est
s range
s d cument
ros sol asd o
qs eoudesc
os grup
evemosem
de estrange
detalhe rocerm
s ( c aranal
van as,qexe pa rsm
amente m ate ral 10, o que chm ad o um sac rment o de c omunh ão" A un ão
pedições centífc as, etc.), verfcamos, por b ax o d a v aredade das rmas, notável rmad a p ode ser defnitiva. M as na m a or a d as vezes d ura apen as o tempo d a
und ade d as sequêncas. A chegad a de estrangeros em g rande número tem com o dgestão, t o c onstat ad o pel o C apt ão Ly on ent re os esqumós, que o c onsderavam
c ontr aoensva at os de re rç o d a c oesão socal l ocal: os habtantes gem d a alde a e ndvdualmente c om o vsta durante vnte e q uat ro h oras1 2. Às vezesa comensalda
se regam em l ug ares bem deendd os, morros, oresta; ou ent ão echam as port as, de é altern ada, havendo então t roca de víveres, o que consttu um víncul o re rç ad o.
armamse, dão o t oq ue de reun r ( gue ras, t romp a, tamb ores, etc.); ou ent ão o che
Em out ras oc asões a troc a de vveres azse sem comensalidade, e entra ent ão n a v as
e va, soznho ou c om seus gue rre ros, ao encontro d os estrange ros, n a qualdade de t a c ateg ora d as t roc as de presentes3.
rep resentante d a soced ade e pessoa melh or muniz ad a d o q ue a gente c omum cont ra
o c ont at o c om os estrange ros. Em outr os lugares envamse nte rmedá ros especas
Que pode ser o a "casa comum ds jovens ou guerreros, ou o loca especal pertencente ao chee ou
ou deleg ad os escodos. Por o utro l ad o (salv o os cas os de exceç ão, de ordem políti a um no e, ou ada caravsara, etc., ou nalmente um apart ento em uma casa habitada por
a
1
c a, p or exemplo), os estrange ros n ão p odem penetr ar med atamente n o te rrtór o uma mla loca, e entao ha mutas vezes agregação do estrangero a esta ía, e com isso à socedade
a
geral
9 as descrições comparadas em meu Tabu, Tot,Mad, p 40-47 Há motivos para incluir nesta cate
PRAZER, J.G The Golden Bough. 2 ed , t I, p 297-304; TRUMBULL, C. Op.
ci, p. 4-5, e passim, wa o protocolo das �ecepções de missões de embaixadores, etc, que assinal o contato de duas colet
a
43
42
l age, onde a conservei, ao mesmo tempo em qe zia o mensageo repetir a mes t ates da casa o às pessoas qe encontra. diversas sadações dos cristãos, cjas
ma cerimônia na nda sperior. Terminada a operação, a xa i cortada em das, rmas arcaicas são ainda encontradas nos países eslavos, renovavam em cada ocasião
cada metade fcando presa aos nossos respectivos dedos. Daí em di ate o sltão de o laço místico criado pelo to de pertencerem os indivídos a ma mesma religião,
Chira é irmão do viajante br aco 38 • Entre os Wazaromo, Waze gra, Wasagara, etc., tal como o salam entre os mçlmanos. Ao lermos al as de scrições detalhadas ve
há troca dos sages. Os dois indivídos fcam sentados deonte m do otro com remos qe entre os semicivilizados estas sadações têm por eito: 1º) q ado se tra
as pernas entrecrzadas, enq ato m terceiro br adi acima deles m sabre, pro ta de parentes, vizos o membros da tribo renovar e rerçar a relação de perten
nnciando ma imprecação contra qem rompesse o laço de aterdade 39 • Neste cer a ma mesma sociedade, mais o menos restrita; 2 °) e qado se trata de m es
caso, é o contato qe ga, ao mesmo tempo qe a troca dos s ages, e em se gida tr ageiro, introdzi-lo em ma sociedade restrita primeiramente, e depois, se tal r
vem ma troca de presentes40 • Citei este último docmento sobretdo para mostrar se desejo, em otras sociedades restritas e ao mesmo tempo na sociedade geral. Ain
qe se comete m engano ao isolar arbitrariamente nas cerimônias de agregação os da aqi as pessoas dão-se as mãos o esegam o nariz. A pessoa separase do mndo
ritos nos qais há tizaçã o do s age, qando na realidad e estes ritos especiais rara exterior tir ado os sapatos, o manto, a cobertra da cabeça e se agrega comendo o
bebendo jnto com otras, o exect ado i ate das divindades domésticas os ritos
mente constitem por si sós a cerimônia inteira. Na imensa maioria dos casos o pro prescritos, etc. E sma, o indivído identifca-se de ma m aeira o de otra com
cesso admite simult aeamente ritos de contato, de comnhão alimentar, de trocas, aqeles qe encontra, mesmo qe seja apenas dr ate m momento. Entre os ino,
de nção (vínclo, etc.), de "lstração, etc. por exemplo, azer ma sadação é propriamente realizar m ato religioso 44• As mes
A combação desses dversos ritos de agregação por contato ireto é mito visvel, mas seqências de ritos encontramse na troca das visitas, qe por si mesma tem já es
por exemplo, nos setes costmes dos Shamar, ibo árabe. "Ene os Shamar, dz sencialmente o valor de um laço, enqanto troca, troca qe, por exemplo, é m ver
Layard, se m homem podesegrar a eemidade de ma corda o de m fo, sendo a dadeiro costme intertribal entre os astrai aos.
oa extredade segra por se imigo, toa-se imeiatamente protegido deste (dk- Na categoria dos ritos de agregação de contágio e diretos convém sitar m certo
hil). Se toca o pano da tenda o se pode lançar cona ela se bastão toase protegido número de ritos sexais, como a troca das mlheres. Se o rito é nilateral, temse o
do habitante. Se pode cspir em m homem o tocar comses dentes ag objeto qe
he pertença, toa-se sekhil, se não r caso de robo...[J Os Shamar não pilham mesma clas sedaos mheres
empréstimo da mesma(tribo
esposa, ele)45irmã,
qeflha, • Embora
parente,
em mher
algns casos
do hospedeiro
a fnalidadodes
da
nnca ma caravana qe se encona à vista dese acampamento, porqe desde qe m te empréstimo seja obter flhos, qe se jlga serem melhor dotado e mais rtes
esangeiro pode ver sas tendas já é considerado como sekhil" Neste caso, m�smo
41
•
(como conseqência do mana inerente a todo estr ageiro) 46, em geral, contdo, o
a visão é m contato. Os ritos desta espécie desempenha importante papel no cermo rito tem claramente o sentido de rito de agregação ao grpo, mais o menos restrito,
nial do ireito de asilo42 . Da mesma manea, o to somente de pronciar ma palavra do qal a mlher emprestada az parte. Na verdade, é m eqivalente da comensali
o ma rma, como osmpara os mçmanos, tem por eeito criar ma não, ao dade. Entre os indígenas da Astrália Central é costme enviar como mensageiros
menos temporria. É por isso qe os mçmanos procram de todo modo contoar a m homem e ma mlher, o dois homens e das mheres, qe levam como sinal de
situação para não dare o salam a m cristão 43 • sa missão m eixe de penas de cacata e ossos para o nariz ( qe são colocados no
As diversas rmas de sadação incemse i gamente na categoria dos ritos de septo perrado). Após a discssão de negócios entre os mensageiros e os homens do
agregação. Variam conrme o recém-chegado é mais o menos estranho aos habi-
Cf. o detalhe dos ritos em BATCHELOR, J TheAinu andtheirlk-re Londres, 1891, p 188- 197
THOMSON, J Aupays desMassa' Paris, 1886, p. 101 -102. Cf. CHAMBEL Things apanese, 1890, p 333339 (Tea ceremonies); HER men,p.
BURTON, R. The Lake Reions in CenalAica.ondres, 1860, t I, p 114. 135 -136 e 4 17-41 8, e, em geral, as monograas etnográcas dedicadas à podez, à etiqueta, à saudação e
à hospitadade
0 Ibi, p. 115 Cf. para as teorias e as reerências: WESTERARCKThe on ofhuman maae Lones, 1891,
LAYAD. Discovees in the ruins ofNineveh and Bbyn Londres, p 31 7ss. Sobre o dakhil, cf. ainda p. 7 375; CRAWLEY. cRe,p 248,280, 285, 479; MarcoPo,org. Yule Corier Lonres, 1905,
ROB SMITH Iúnship and maiage in earyArabia, nova ed Londres, 1 907, p. 4849, nota t, I, p. 2�4; t II, p. 48, n. 4; p 53-54; POER Sohâb and RmLonres, 1902, p 145152
Sobre dreito de aso, cf T RUMBUL, o ci, p. 58-99. Hewig, Das Alrecht der Naturvlker, DOUE.Meâkech,t. I, Paris, 1905, p. 149150 Em Marocos, assim como entre osCabila da Argélia,
Berlim, 1903, não viu o lado mágico-relgioso, nem s(bretudo o vínculo com o tabu e os rit_os de agrega o emprésmo das moças só se z para os "hóspedes da tenda, mas não para os "hóspedes da comna
ção do ireito de asilo entre os semicivizados, já parcilmente es�dado deste onto de vsta por Rob. Este caso inclui-se na categoria gera dos ritos de multiplicação. Por exemplo, o empréstimo das mu
Smith, Rel. der Semiten, p 53-57 e 06-208 e CISZEWSKI, op. c, p 71 -8 6, etc. heres relatado por Marco-Polo, op ci, II, 53, que tem por nalidade garantir boas coheitas e em geral
DOUÉ Meâkech,t. I, p. 35-38. "um grande aumento de prosperidade materia
46 47
acampamento, os primeiros conduzem as duas mulheres para um lugar situado a cer das quais acabmos de ar. Além disso, sempre que o estrangeiro i agregado a um
ta distância do acampamento e vão embora. Se os homens do grupo visitado aceitam grupo, ao deixar este grupo deve, em teoria, ser submetido a ritos de separação. Com
a negociação, têm todos relações sexuais com as mueres. Se não aceitam, não vão eeito, na prática verifcase um pereito balanço. os ritos de chegada correspondem
ao encontro delas. Da mesma maneira, quando um grupo de gerreiros em expedi os ritos de despedida, constituídos por visitas, por uma última troca de presentes,
ção de vendea achase próximo do acampamento, tendo a intenção de matar algum uma reeição em comum, pelo viho que se bebe rapidamente no momento da pa ti
habitante, oerecem-lhe mulheres. Caso tenham relações sexuais com elas a desaven da ["coup de l'étrier], desejos e votos, acompanhamento durante um "pedaço do ca
ça está termada, porque a aceitação é snal de amizade ceitar as mueres e conti minho, e às vezes mesmo sacricios. Fatos desta natureza encontramse na maioria
nuar a vendea seria uma grave lta contra os costumes tertribais O coito é evi 47
.
dos ritos de exploração. Em todo caso, apresentmos aqui al s: " religião con
dentemente nos dois casos um ato de uão e de identifcação, o que concorda com tém, principaente entre os muçulmanos, numerosos preceitos relativos às viagens
outros tos por mim citados em dierente lugar4 e que provam que entre os austrai
8
Os livros de hadiths, os livros de adabsconsagram todos um capítulo aos viajantes
nos do centro da ustrália o ato sexual é uma ajuda mágica, mas não um rito de mul [ .. ] No norte da Árica lançase ága debaixo dos passos de quem vai partir. Quando
tiplicação. Explicam-se assim também como ritos de agregação a um grupo udo em 1902 deixamos Mogador para azer uma viagem ao interior, um membro da
por um vínculo religioso numerosos casos de prostituição sagrada, nos quais exata mília de um de meus compaheiros muçulmanos saiu de sua casa no momento da
mente estas prostitutas, conorme é expressamente estipulado, são reservadas aos es partida e jogou um bade de á ga nos pés de seu cavalo 51 Pode ser que se trate de
trangeiros, sendo esta palavra entendida nessa ocasião de maneira mais ampla, equi
valendo, sem dúvida, a "não iniciados ou "não adoradores especiais da divindade à um rito de "purifcação ou um rito "destinado a destruir os malecios turos ou
qual as prostitutas estavam ligadas 49 . passados, conorme acredita Doutté, de acordo com as interpretações de Frazer 2
•
O protocolo de recepção do estrangeiro é equentemente combinado se do No meu modo de entender trata-se mais de um rito de separação, porque o viajante
regras que seria interessante mencionar. O esngeiro, por exemplo, recebe muitas ve "atravessa um rubicon artifcial. Estes ritos de separação são, entre outros, muito
zes como aojmento uma "casa com, do po dalpa em Madagáscar, a qul, con complicados na China, quando os mandarins mudam de província, por ocasião da
rme as populações, tem mais ou menos o cráter de uma"casa dos jovens ou dema partida para uma viagem 53 , etc Parece-me que todos os ritos de partida para viagens,
"casa dos homens adtos ou de a "csa dos gerreros º. Com isso fca corpora
5
expedições,
progressiva,etc., têm como
do mesmo fnaidade
modo azer com
que a agregação que em
é eita a cisão
geralnão
porseja brusca, e sim
et�pas
do, de to, não à sociedade gera, mas à sociedade especil que melhor correspondeseua
caráter de homem ativo e poderoso. Esta hospitlidade dá ao estrangero um certo nú Quanto aos ritos de retorno do viajante consistem em ritos de retirada das impure
mero de eitos itares, sexuais, poíticos. Este costme encontrase espahado sobre zas contraídas na viagem (separação), em ritos de agregação progressiva, como certos
tudo na Indonésia, naPolésia, em aas regiões da Árica, ao passo que em outraso ritos de bestialidade e al s ordálios em Madagáscar Estes ritos são visíveis, so
54
domicíio do estrangeiro é designado pelo chee ou pelo rei, personagem snto. O está bretudo, quando as aus ências, por exemplo, do marido, são periódicas
gio segnte compreende o caravansarai do Oriente e o ngo rito de agregação é subs
tuído por ibutos de diversas naturezas. É a ase purmente econôca que começa.
DOUÉ Meâkech, p 31, 91.
Estudamos até aqui o estrangeiro enquanto tal, do ponto de vista dos indivíduos FAZER Golden Bough,t. I, p. 303; c ainda G IERSON, H Silent Tade, p 33-34, 7274
ou g upos com os quais entra em contato. Mas todo estrangeiro tem também, em ge WESTERCK Moal ideas,t I, p 589, 594
ral, sua própria residência, de onde seria surpreendente que tivesse podido partr sem 'No momento em que o mandar m se dspõe a partr, todos os habtantes vão para as grandes estra
passar por cerimônias de sentido inverso ao das cerimônias de agregação, a respeito das Alnhamse de espaço em espaço, desde a porta da cidade pela qual deve passar até duas ou três lé gas
adante Por to da a parte veem-se mesas de beo vernz envolvidas em cetim e cobertas de doces de rutas
de lcores e de chá Todo o mundo o z parar, contra sua vontade, quando passa, obrgam-no a sentar-se,
comer e beber [ ] O que há de mas dvertdo é que todos desejam possur ala cosa que lhe perten
SPENCER & GILLEN.Native bes ofentalusliaLondres, 1899, p 98 ça Uns tomam-lhe as botas, outros o boné, al gns seu sobretudo, mas ao mesmo tempo dão-lhe outro, e
antes que esteja ra desta multdão acontece que calce às vezes trnta pares de botas derentes" LE
Mythes et lendes d-uslie Pars, 1906, p L VI-LVII ; sobr e o empréstmo das mulheres na Austrá COMTE, P Nouv Mém de la hinePars, 1700, t II, p 5354. Para mas detales modernos, cf
la, cf. Nat T, p 74, 106, 108, 267; Noe Tibes Londres, 1904, p. 133139 DOOLILE Social ofthe hinese FouTchéou), t II, p 235236 e 302-303
C os tos em HATLND, S t the temple ofMylit Anthrop. Essays pres to EB. Tylor, p Tab Tot Mad., p. 249-251 e 169170 Sobre os rtos de retorno em geral, cf FRAZER Golden
189202 Ademas os lvros de Dulaure, Frazer, etc. Bough, t I, p 306307; dos gerreros, LFAUMoeussSauvagesmiquainsPars, 1724, t II, p
C SCHURTZ, Hltesklassen undMannebündeBerlm, 1902, p 203 213, sobretudo para as d 19419 5, 260 Sobre os rtos de vagem na Inda Antga, CALDltindisches ZaubertualLa Haye
versas rmas de casa comum e sua evolução (Ac Néerl des S), 1908, p 46, 6364, etc
48 49
Contdo, pelo to de partir o viajante não fca totalmente separado de sua socie caso de adoção, todos os membros do clã s e reúnem e o s pais do menino dizem: "Tu
dade essencia nem da sociedade a que se tinha incorporado durante a viagem. Daí a eras meu fo por uma ação má (ap) ; agora és flho de lano por uma ação santa
necessidade de a amília praticar durante sua ausência regras de conduta, que consis (dha)". Os membros do clã aspergem a criança com arroz e o adotante dá um ban
tem em evitar todo ato que pudesse prejudicar simpática ou diretamente (por telepa quete cerionial a todos os assistentes 59 . Por fm, entre al s ameríndios o ritual da
tia) o ausente ss . Daí também o hábito de munir o viajante, por ocasião de cada parti adoção está ligado às ideias relativas ao mana ( orenda, manitu etc.) e à reencarnação.
da, de um sinal de reconhecimento (pau, téssera, carta, etc.) que o incorpora automa A tribuição do nome desempenha nele um papel importante, porque é pelo nome
ticamente a outras sociedades especiais sim é que entre os Votiake, em casos de que o indivíduo se classifca em secções do clã e matrimoniais direntes . Além disso,
doença, de epiotia, etc., recorre-se a um ustuno (variedade de xamã): "Mandase atribui-se ao adotado uma idade fctícia, o que é eito mesmo quando se trata de um
buscálo longe, a fm de não conhecer gém, é conduzido de uma aldeia para ou grupo ( adoção dos Tuscarora como "flhos pelos Oneida, dos Deaware, na qualida
tra, de acordo com as necessidades. Quando parte de sua residência, exige um 'pe de de "cozinheiros, pela Liga das Cinco Nações. Daí seu vestuário especial (emini
nhor da aldeia que o convoca. Este penhor consiste em um pedaço de pau no qual no) e sua mudança de atividade econômica) 60 .
cada che de amília inscreveu seu tamga (marca de clã e de propriedade). O us Os ritos de mudança de seor, para um cliente ou um escravo, explicam-se da
totuno dexa este pedaço de pau em sua casa, para que sua muer possa exigir que he mesma maneira, a saber, não somente o to de uma escrava dar um fo ao seu se
tragam de volta o marido. Esta rmalidade repete-se em cada passagem do usto-tuno nhor modifca-he a posição social, mas esta modifcação é acompanhada por ritos de
por uma outra aldeia, fcando sempre o pedaço de pau com os tamga da aldeia se agregação que, em al s casos, lembram as cerimônias do casamento. Os ritos de
guinte nas mãos da dona da casa de onde o usto-tuno sai Do mesmo modo, as pas
56
•
agregação igam-se aqui aos ritos do direito de asilo. Como rito de agregação cito a
sagens dos mensageiros austraianos através dos clãs ou das tribos são claramente ri violenta pancada com um pau dada pelo escravo de Loango ao novo senhor que esco
talizadas 5 7 . Conhecemse as práticas medievais europeias e orientais que regulavam he61 e a cerimônia chamada tombica (ou chimbica) dos Kimbunda 62. Em segida,
a chegada e a partida dos mercadores. lembrarei as cerimôas da mudança de clã, de casta, de tribo, as da naturalização,
A mesma sequência encontrase ainda no ritual da adoção . Em Roma compreen
dia: 1º) a deo sacrorum,conjunto dos ritos que separavam da classe patrícia, da etc., cuo mecanismo inclui i gaente ritos de separação, de margem e de agrega
ção. s casos determinados serão estudados mais adiante.
gens, do antigo culto doméstico, da antiga amília estreita; 2 °) a nsitio in sacra O mecanismo é ainda o mesmo quando se trata não mais de indivíduos, porém,
conjunto dos ritos de agregação aos novos ambientes 58 . O ritual chinês inclui tam de grupos . Neste caso os ritos de separação compreendem a declaração de gerra, tri
bém o abandono do clã e do culto doméstico antigos em vor dos novos. Os ritos bal ou amiliar . Os ritos da vendeta europeia e semítica ram bem estudados nota
detahados da adoção são idênticos aos que já ram assinalados, consistindo em tro rei conse quentemente as descrições detalhadas da vendeta australiana 63, onde se verá
cas (de san ge, de presentes, etc.), laço, véu, assento comum, amamentação real ou que o partido encarregado da operação separase primeiramente da sociedade geral
simulada, nascimento simulado, etc . Os ritos de separação ram menos observados . para adquirir individualidade própria, e só retoa a ela de novo depois de executar
Registro que entre os eslavos do Sul existem as que separam indivíduos conside ritos que he retiram esta individualidade temporária e o reintegram na sociedade ge
rados aparentados porque nasceram no mesmo mês. Entre os Shamar da Índia, em ral . A vendeta tem por fnalidade, do mesmo modo que em certos casos a adoção, re
generar ua unidade social que i destruída em al de seus pontos. Daí a seme
O mesmo acontece por ocasião da ausência dos pescadores, caçadores, guerreiros C RAZER.
ança de vários de seus elementos com as cerimônias de passagem. A cessação da
Golden Bough, t. I, p. 2 -5; abou, ot M., 11-12, com reerências a Flacourt, Catat, aos quis se
acrescenta ELLIS, Hst ofMad., t I, p . 16; a Boéu, HE I, .E. ome eaDayak tabus.Man,
1908, p. 186-18
V ASILIEV, I. boznie iazytcheskikh oba, suirii u iroanii Votiako Kanskoi i atskoi gu- 9 CROOKE, n: Census ondia 190 1" Ethnogra phica Appendices. Calcutá, 190 , p 11 .
beii Kazan, 19 06, p 14. C a este propósito pubicações sobre os paus de mensagem, etc.
C HEWI. Handbooko mericanndians" , . BurAm Ethnol, n 0, t. I, 190, v Ap-
7 Cf. SPENCER & GILLEN Natie bes,p. 9 , 159, 24; Nore bes,p. 19, 55 1; HOWI, on, p. 15-16
A.. he Natie bes of outh Et AustliaLondres, 1904, p. 68-691.
PECHUELLOESCH. Volkskunde on LoangoStuttgart, 1 90, p . 245-246
C DMBERG & SAGLIO Dicnn desAntiq grecqueset romaines,s.v., ado, consecrao, d e-
Reerências em POST Akrrudenz Leipzig, 188, t I, p. 102-105 .
stio,etc.; sobre a adoção entre os semicivizados, c HARTLND, S. he Lend oferseus, t. II, p.
41ss.; RAZER. Golden Bough, t. 1, p 2ss; entre os esavos, CISZESKI, op ci, p. 10109. 3 C SPENCER & GILLEN. Nore bes,p. 556-568.
50 51
vendeta, do mesmo modo que a da guerra (ri tos de paz)64, termina por ritos idênticos
aos da aternização , da adoção de grpos primitivamente estrangeiros.
6s
Fiamente, neste mesmo capíto convém lembrar os ritos de liança com um CAPÍTULO IV
deus ou um grupo de divindades A páscoa judia66 (a própria palavra signfca passa-
gem) é uma destas cerimônias de agregação que, devido a um processo de convergên gravidez e o parto
cia, ligou-se em seguida, por um lado, às cerimônias da passagem de uma estação à
outra, e, por outro lado, à passagem por Babilônia e re too a Jerusaém. Assim, o ri
tal desta esta apresenta, combinados, vários tipos de ritos de passagem estdados A reclusão; os tabus; os ritos profáticos e simpáticos - A gravidez como
neste volume. período de margem - Os ritos de reintegração e o retorno social do parto -
O caráter social dos ritos do parto.
52 53
porque são ao mesmo tempo os mais numerosos e os mais visíveis Não irei aqui ocu
2
• mente um período de margem por etapas, que correspondem a certos meses conside
par-me deles e só me refro a eles para indicar que não incluo em conjunto todos estes rados como mais ou menos importantes, em geral o terceiro, quito, sétimo, oitavo e
ritos na categoria dos ritos de passagem. É muitas vezes dicil distinguir claramente nono mês • O retoo à vida comum raramente é eito brscamente, mas tmbém
5
em cada caso particular quando se trata de um rito de passagem, de um rito de prote aqui há etapas que lembram os graus da iciação. Ass, o parto não é o momento
ção ou fn mente de um rito simpático (invejas, por exemplo). terminal do período de margem, pois este dura ainda para a mãe um tempo mais ou
Eis a sequência dos ritos da gravidez e do parto entre os Toda da Índia 1 º) uma 3
:
menos longo, conorme as populações. Sobre esta últa etapa insere-se o primeiro
mulher grávida não deve penetrar nas aldeias nem nos lugares sagrados; 2 ) no quin ° período de margem da inncia, do qul laremos no capítlo seguinte.
to mês reaiza-se a cerimônia chamada abandonamos a aldeia": a mulher deve viver Sobre este ponto apresentamos dois documentos relativos aos indígenas nor
em uma cabana e special, sendo riamente separada da leiteria, indústria sagrada que teamericanos. Entre os Oraibi do Arizona o parto é um momento sagrado para a
6
é o centro da vida socia dos Toda; 3) ela invoca duas divindades, Pi e Piri; 4 )
° °
mulher". Como regra geral, a mãe desta assiste ao trabalho, e para isso a mulher per
queima cada uma das mãos em dois lugares; 5 ) cerimônia da saída da cabana; a mu
°
manece em casa. Mas a mãe não deve assistir ao parto proprimente dito, assim como
her bebe o leite sagrado; 6 ) volta a viver em seu domicílio até o sétimo mês; 7 ) no
° °
também não o marido, os flhos nem qualquer outra pessoa. Logo que a criança nas
sétimo mês, cerimônia do arco e da echa", que assegura um pai social para o tro ce a mãe vem, tira a placenta e vai enterrá-la, juntamente com o tapete, a areia, etc.,
fo, uma vez que os Toda praticam a poandria; 8 ) a muher volta para sua casa.
°
zes e só reintegrá-la no ambiente comum por etapas, vivendo, por exemplo, em duas gração na vida ordinária. Nas cerimônias dos Musquaki (Utagmi ou Raposa) vêse a
casas intermediárias entre a cabana que é tabu e o domicílio habital. intervenção da sociedade sexua. A muer grávida é separada das outras mueres,
Quanto aos detaes de outros procedimentos de separação durante a gravidez sendo reintegrada ao meio destas depois do parto por um rito e specil, no qual uma
(reclusão, proibições sexuais e aimentares, suspensão da atividade econômica, etc.),
remeto o leitor à obra de Ploss-Bartels Nela se verá que a gravidez constiti clara-
4
.
certa mulher, que desempenha um papel importnte nas outras cerimôas, atua
como intermediária 7
•
54 55
eto, e depois a criança, ao abrigo das potências maléfcas, asseguradohes boa saúde, co 10, m casamento ( social) dierente da nião (sexal), e, como se verá, ma pber
etc. O mesmo ocorre,aá, ene todos os eslavos e na moria dos povos eropes. dade social qe não coincide com a pberdade sica.
Contdo, a dethada descrição, eita por Strass8 das cerimônias búlgaras permite
,
Este retoo ocial d par em nossa sociedade tende a coincidir com o retoo do
dscernir ritos de separação, de margem e de agregação. Assim são os ritos seguintes, parto sico , tendência observada também a respeito as otras institições enme
qe enmero sem pretender, no entanto, ter razão no qe se reere a cada m deles radas, e qe está em relação direta com o progresso do conhecmento da natreza e
sem exceção, e sem esperar qe otro s, qe omiti, não sejam ritos de pa ssagem. Do de sas leis. A cerimônia entre nós chama-se relevaill [cerimônia de prifcação, na
a de Santo Inácio at é a Festa da s Calendas ( Kolieda), a tra mãe não deve lavar a igreja, qe se aziaà mlher, depois de dar à lz N.T.J, e embora tenh a caráter mais
cabeça nem limpar sas ropas, nem pentear-se depois do anoitecer. Não deve sair de mndano do qe mágico-religioso é cil ver nela o qe era aina na Ida de Média12 , a
casa no nono mês. Não deve tirar drante ma semana os vestidos qe sava no dia saber, a reintegração da mer em sa amília, se sexo e na sociedade geral.
do parto. Conservase o go aceso até o batismo e cerca -se a cama com ma corda Finalmente, todos estes ritos de passagem complicamse caso haja alguma nor
Em seguida preparam-se bolos, devendo a partriente comer o primeiro pedaço, sen
malidade, principaente qando a mãe dá à lz gêmeos. Entre os Ichogo 3 (Con
do o restante distribído com os parentes, sem qe nenhma migalha saia da casa. Os
go), a mãe é confnada em sa cabana até qe as das crianças fqem grandes. Só
aparentados trazem presentes e cada m cospe na mãe e na criança (ritos de agrega
pode lar com os membros de sa amília e a penas se pai e sa mãe têm direito a en
ção evidentes). Vêm vêla drante toda a primeira semana. No oitavo dia relizase o
trar na cabana. Qalqer estrangeiro qe aí penetre é vendido como escravo. A mãe
batismo No d écimo qinto dia a jovem mãe prepara bolos e convida as vizinhas e as
deve viver absoltmente casta, os gêmeos são também isolados das otras crianças, a
mlheres sas coecidas para comêlos, mas cada convidada traz a rinha. A jovem
loça e todos os tensílios por eles tilizados são tabs. A casa é marcada com dois
mãe não pode sair de casa nem de se qintal, não pode ter relações sexais com o
pas fncados de cada lado da porta, tendo em cima m pedaço de pano. A soleira é
marido drante qarenta dias. Ne sse dia toma as moedas o as nozes consagradas no
primeiro bao da criança e vai, jntmente com o flho, o marido, a mãe, ma vea guarnecida com ma grande qantidade de peqenas cavilhas fncadas no chão e pin
tadas de branco. Trata-se de ritos de separação. O período de margem dra até qe as
ou a parteira à igreja, onde o padre as abençoa. Na volta a parteira, a mãe e a criança
entram em três ca sas, onde lhes dão presentes, aspergindo rinha sobre a criança No crianças tenham mais de seis anos. Eis a descrição do rital de reintegração: Drante
dia se guinte todos os parentes vêm vi sitar a jovem mãe, qe asperge em seguida com todo o dia viase diante da porta da casa das mlheres em pé, com o rosto e as pernas
á gua-benta todos os lgares da ca sa o do qintal onde esteve drante qarenta dias. pintadas de branco. Uma era a mãe (dos gêmeos), otra ma dotora A esta come
E então a vida normal retoma se crso habital. ço com m pas seio das das mlheres ao longo da ra, ma tocando m tmbor e
compasso lento, enqanto a otra cantava com es se acompanhamento. Em seguida
Aos ritos de reintegração na amília e na sociedade sexal acrescentam-se aqi ri
tos de reintegração na sociedade restrita rmada entre os eslavos pela vizinhança" as danças, os cânticos e a orgia começaram e entraram pela noite adentro. Termada
( sosiedsto), sociedade qe merecia ma monografa. a cerimônia os gêmeos tiveram a liberdade de ir e vir, tal como as otras crianças". O
passeio rit al no território da sociedade geral e a comensalidade são ritos de agre ga
As etapas da reintegração são ainda mais visíveis entre os Kota dos Nilghiri
ção de tipo conhecido, co alcance social é evidente.
Logo após o parto a mlher é transportada para ma cabna especial, mito astada,
onde permanece trinta dias. O mês se guinte, passao em ma otra cabaa especial, e Nos detaes os ritos da gravidez e do parto apresentam, aliás, m grande núme
o terceiro mês ainda em otra. Em se guida permanece algum tempo na casa de m ro de analogias com aqeles de qe lamos nos capítlos precedentes e com os qe
parente, enqanto o marido prifca" o domicílio amiliar com aspersões de água e mencionaremos nos capítlos seguintes, consistindo em passar por cima de alguma
de estrme9 A dração dessa separação, mais o menos absolta, varia com os po
vos, de dois a qarenta, cinqenta e, como no caso acima, cem dias Daí se depreende
qe o retorno do parto fsiológico não é levado e con sideração, mas existe mretor- 10Mythes, Lé. dus, p. LXII; THOMAS, NW Knsh and maia ge inAusália, 1906, p. 6-8;
ERS The Toda,p 547.
no social d par , assm como existe m parentesco social dierente do parentesco si-
Para um rito de retorno de paro siológico, cf. ROSE, HA. Op cit, p 71
2 Cf a este respeito PLOSSBATELS Op. cit, t. II, p 40-435, onde se encontrará uma de�criçã?
dos sinais da proibição de entrar no quarto, etc., da mesma ordem que os tabus da passagem mateal a
8 STRAUSS Die Buaren. Leipzig, 1898, p 91300 ma citados
9 PLOSS-BARTELS Op ci, p 403 Paa outros os c ibi p 414-418 DU CHAILLU LJfque sava ge Paris, 1868, p 67
56 57
coisa ou através dela, em sacricios e orações eitas em comum, etc É de notar o pa vão de casa em casa azer uma visita a todas as mães do ano, que lhes dão de beber e
pel dos itermediários, os quais, neste caso como em outras cerônas, têm por fa pequeos presentes, em troca do que eles dançam Ora, há nisso um exato paralelo
15
.
lidade não apenas neutrazar a impureza ou atrair sobre si os mecios, mas também com as estas anuais dos mortos, e um exemplo interessante de caso em que a cudi
servir realmente de ponte, de cadeia, de vínculo, em suma citar as mudanças de es dade não é ritualente estejada somente por um grupo restrito (amíia), mas por
tado sem abalos sociais violentos nem paradas brscas da vida individual e coletiva um grpo ger
O primeiro parto tem uma importância social considerável, expressa de diversas
maneiras nos dierentes povos À vezes, como entre os BontocIgororrote das Filipi
nas e outros lugares, uma moça só pode casar-se se teve um flho, dando com isso
prova de poder servir como animal reprodutor
Nas populações onde o casamento só é considerado válido depois do nascimento
de uma criça, os ritos da gravidez e do parto constitem os últimos atos das ceri
mônias do casamento (tl é o caso entre os Toda), e o período de margem estende-se
para a mulher desde o começo do noivado até o nascimento do primero fo Ao se
toar mãe sua situação moral e social aumenta Passa de muher simplesmente a
14
.
Em muitos povos o mesmo acontece com o pai, e ist o marca-se, entre outras coisas, pela tecnonímia
O pai perde o nome, sendo chamado pai de lano ou pai ?e ana. A mudança do nome é um dos ritos
do baismo, da iniciação, do casamento, da entronização E por conseguinte também como rito de passa
gem, de categorização em novo grupo especia, que convém interpretar a tecnonía Sobre a tecnonímia
cf entre outros: CRLEY.TheMystic Rose, p 428435 MEER. Diesai Berlim, 1904, p 59;
EBSTER Pimitive secret societies
Nova York, 190 7, p. 90, etc, que não viram a ligação da tecnonímia
com os outros eementos acima enumerados, ligação que é, por exempo, muito cara enre os Wabemba
do Congo "Até o nascimento do primeiro lho a mulher nunca chamou o marido por seu nome, só e
dando os nomes comuns de bana ( senhor) ou mwenzangu (companheiro). Logo que o pai reconheceu
seu rebento a mulher chama o marido pelo nome da criança precedido desi (pai de...) e ea própria recebe
o nome do recémnascido precedido dena (mãe de ) DELHSE, Ch "Ethnographie congolaise DREBROCKN. n:Census ofÍndia 1901 t I, EthnographicalAendicesCalcutá, 1903,
chez les Wabemba Bu So Bee de Geogr.908, p 189-190 p 228.
58 59
Assinalo que, às vezes, os instrumentos utlizados por ocasião do corte do cordão
umbilical pertencem à categoria dos utensílios próprios para a atividade especia de
· CAPITULO-V
cada sexo. Quando a criança é um menino corta-se o cordão com uma ca ou com o
janco de um homem idoso da míia no Pendjab, sobre uma echa entre os Oraibi do
O nascimento e a infância iona, etc. Se é uma menina corta-se com um so no Pendjab, sobre um pau de
comprimir os grãos nos potes entre os Oraibi 3, etc., como se sse questão de fxar
então defnitivamente o sexo da criança. O mesmo se az em Samoa O corte do cor 4
•
ticos e prepam a criança para ma mehor utzação de ses membros;' de sua rça e
nada apresenta de paticular relativamente às outras práticas da mesma natureza. agilidade. Mas outros são claramente ritos de separação com relação ao mundo asse
Ainda aqui encontrmos a sequência dos ritos de separação, de margem e e xuado ou ao mundo nterior à sociedade hmana, e ritos de agregação à sociedade se
agregação. ssim, Doutté encontrou em Marrocos, entre os Rehamna, uma op o al e à mla, restrita ou ampla, ao clã ou à tribo. O primeio bao, a lavagem da
que poderia ser mais espalhada do que parece à primeira vista, e que daa_ satsto a cabeça, o rito de iccionar a criança, etc., ao mesmo tempo em que têm fnaidade hi
explicação de certo número de práticas. Não somente o recémnascido é sagrado", giênica parecem ser ritos de purifcação, que se incluem na categoria dos ritos que se
mas não pode nascer senão depois de ter obtido o vor de todos os assistentes" Há
1
•
param da mãe e também os ritos de passar a criança por cima de al gma coisa, através
neste caso, coorme se vê, uma atitude densiva do mesmo tipo que a tomada pela dela ou por baixo dela, assim como o rito de colocar a criança no chão, embora A.
coletividade com relação a um estangeiro. Dieterich o tea considerado como rito de agregação à Terra-Mãe.
5
Ora, do mesmo modo que o estrangeiro, a criança deve primeiramente ser sepa No entanto, al s dos ritos assinalados por Dieterich reerem se eetvmente à
rada de seu meio anterior. Este meio pode ser simplesmente a mãe Daí, penso, a prá própria terra, sem dexar por isso de serem ritos de separação 6 . Kurotrophos : é preciso
tica de confar a criça durante os primeiros dias a uma outra muer, prática que
não se relaciona com o tempo da apojadura. A principal separação dessa espécie ex
prime-se pela secção cerimonial do cordão umbilical ( eita com uma ca de pedra o ROSE, HA "Hindu birth observances in the Pujab".]o.nthr nst.,t. XII, 1907, p 22 � ;
de madeira, etc.), e pelos ritos relativos ao pedaço do cordão que, quando seco, ca VOTH, HR Orii ntlcstomsndceremoniesCol Mus. Chicago, t. VI, n 2, 1 905, p . 48 Sobre 01-
por si mesmo, depois de um número variável de dias 2
•
neo, ou tio sagrado, c Indntiq, 1902, p. 216, e CROOKE, W Things Indin.Londres, 1906 p.
47-473
TUNER Smo hndred yers go nd ng efre. Londres, 1885, p 79.
DOUÉ Meâkech t I, p 343, 354 DIETERICH, A. Mr E Leipzig, 1905, p 121.
Kke dos Narrinyeri, etc 6 Cf., para detalhes, ibid., p 3 ss., 39.
60 61
tomar esta expressão ao pé da letra, pos a Terra é a morada das cranças antes do nas <era explcação, que na base de um certo número de rtos de reclusão e de proteção
cmento 7, não smbolcamente, enquanto mãe, mas no sentido materal, da mesma do recém-nascdo se encontre a dea de que a crança precsa de város das de vda
manera como é a morada dos mortos. Daí as semelhanças nos detahes entre certos real para se ndvdualzar.
rtos de nascmento e al s rtos dos neras. Se ma crança que morreu antes do Os rtos de separação compreendem, em gera, todos aqueles nos quas se corta
rto de agregação ao mndo dos vvos sse enterrada e não ncnerada, sera, no meu al a cosa, prncpalmente o prmero corte de cabelos, o ato de raspar a cabeça, e
modo de ver, para devolvêla a seu lugar de orgem. Deterch ctou crenças aemãs (ha mas o rto de se vestr pela prmera vez. Os rtos de agregação, que têm por fnalda
vendo crenças dêntcas na strála, na Árca, etc.) se do as quas as amas que vão de, conorme a expressão dos Wayao da Árca Orenta 13 , ntroduzr a crança no
nascer (tomando-se a palavra ama no sendo mas amplo) vvem debaxo da terra ou mundo" ou, como dzem os Dajake de Bakarang, lançar no mundo" como um barco
nos rochedos. Entre als povos acreta-se que vvem nas árores, no mato, nas o na á ga 1, são os rtos da denomnação, de amamentação rtual, do nascmento do
res, nos lees, na oresta8, etc. Igamente espalhada é a dea de que as cranças que prmero dente, de batsmo, etc.
vão nascer vvem prmeramente nas ntes, nos lagos, nas á gas correntes 9 Como rto de separação, ctare a rectação na Índa védca do hno no fnal do
Dto sto, consdero rtos de passagem todos os que têmor p obje zer a crança qual prende-se na crança talsmã de ptudru (uma espéce de madera resnosa):
enar no período lnr, que ra, sedo os povos, de vnte/quarenta as e ms. Toma posse deste e tço de mortaldade [... ] Tragote o hálto e a vda. Não te en
Nos lugares em que exste a crença na transmgração e na reencarnação os rtos camnhes para as trevas negras. Conserva-te salvo. Que a luz dos vvos camnhe dan
cuja fnaldade consste em separar o recém-nascdo do mundo dos mortos e agre te de t 16 , etc." Este rto realza-se no décmo da, o últmo da reclusão da mãe. Nessa
gá-lo à socedade dos vvos, geral ou especal, são melhor sstematzados. É o caso dos ocasão são dados à crança dos nomes, um comum, que a agrega aos vvos em geral,
Arunta dos Katshe, dos Warramunga, etc., do centro da Austrála 10 . Entre os Tchw e outro que só deve ser conhecdo pela amíla. No tercero da da tercera lua clara
do Golo da Guné qundo nasce uma crança são-lhe mostrados dversos objetos que (crescente), o pa apresenta a crança à lua, rto que consdero ser uma agregação cós
pertenceram a membros lecdos da amíla, e o objeto escohdo pela crnça dent mca. A prmera sída (4° mês) e a prmera almentação sólda (6 ° mês) são gl
caa com um ou outro de seus antepassados 11 sendo este rto sufcente para crar a
,
mente acompanhadas de cermônas. No tercero ano realzase a cermôa do pr
agregação à amíla. Em outras partes esta crença na reencarnação coexste equente mero corte dos cabelos. O to de cada mía possuir uma manera partcular de se
mente com mutas outras teoras. Tal é o caso dos Ano, que dão a segnte explca pentear, pela qual é reconhecda, e essa manera ser mposta à crança, z deste rto,
ção do período lmnar em que vvem a mãe, o pa e a crança durnte os prmeros que em s é um rto de separação 17, também um rto de agregação à socedade amli
das depos do nascmento: admtem que é a mãe que dá à crança o corpo, enquanto ar. Depos a n nca contnua, até o rto mportante ( aos 8, 1 ou 12 anos) da entra
o pa dálhe a lma, mas sto se z progressvamente, para o corpo durante a grav da na escola", que marca o começo da adolescênca.
dez, para a lma durante os ses das consecutivos ao nascmento. Nesse período o pa No Pendjab moderno, o período de margem (de mpureza) para a mãe e para a
va vver na cabana de um amgo e depos, durante os ses das consecutvos à sua vol crança é de dez das para os brâmanes, doze das para os xátras, quinze das para os
ta, na própra cabana. Só no décmo segundo da a crança é consderada um ndví
duo completo e autônomo 12 Pode ser que esta seja uma explcação elaborada apose-
• ENER, Miss A. The Natives ofBtish CenlAicaLondres, 1906, p. 102103.
riori para um conjunto de rtos. Mas pode também ser, e penso que aí esteja a verda- LG ROTH, H. The Natives ofSarawak and Btish or Beo Londres, 1896, t. I, p. 102
Pa ra os tos cf. OLDENBERG, H.La relndu Véda Paris, 1903, p 363 e 39398 ; HENRY, V.
La magie dans /nde antique Paris, 1904, p 8283; CALAND, W Altindisches Zauberitual La Haye,
1900, p. 10
7 Ibid., p 5s�. Cf. BURTON. The Lake Reions ofCenlÁca Londres, 1860, t. I, p 115; entre os
Wazaroe da Arica Oriental: "no caso de abor to ou de ua criança natiorta, dize ele voltou', isto 6 OLDENBERG, M. Op ci, p. 361366, notou que o corte dos cabelos, das unhas, etc., é u ele-
é, à sua oradia na terra ento equente de nuerosas ceriônias Esse autor considerao principaente u"to de purica
ção, ua lustração Isto é exato quando se trata do sacricio, que inclui a passage do proano ao sagra
Cf eu ivro Mythes et Lendes d'uslie,p , XIVLII; aas dos Aino no vie, do Mas estes teros são deasiado estreitos quando se trata de passagens proanas, coo as de uma ida
BATCHELOR TheAinu and their Folk-Lore. Londres, 901, p 235 de a outra, ou de ua situação socia a outra, caso e que a ablação de ua parte quaquer do corpo, u
DIETERICH Op. ci, p. 1 8; DAN M'KENZIE. Chiren and WelsFokLore, t. (190), p banho ou a troca de roupas não iplica quaquer ideia de ipureza a ser repeida ne de pureza que se
253282 tenha de adquirir. Cf iguaente CALAND Een indoeaansch Ltie gebruik . Versl Med. Ak Wet
0 Cf entre outros SPENCER & GILLEN. ore besp. 606608 Amst., 189 8, p 2ss., na sua interpretação da trípice circumabuação
KGSLEY, MH. Traves in estÁca Londres, 189, p. 493 7 Para detaes, reeto aos artigos de ROSE, H.A. "Hindu ( and) Muhaedan Birth observances
BATCHELO TheAinu, p 240 e para os ritos do parto, da denoinação, etc, p 23523 the Punjab. Journ Anthr Inst, t II (190), p. 220260
63
62
cote e fge err aga cosa vsível. Em seguda trasporta-se a porta sucessva cosste ada em passar por debaxo da porta artfcal e este caso é possível ou su
mete para os quatro cantos do qurto e a procssão passa por ela da mesma maera, e por que a nânca, consderada como uma qualdade postva (tal como a doeça),
depos de ovo o cetro. Em segda a porta é demolda, quemam-se os agmetos traserda para a porta e destrída, ou, e esta é a terpretação por mm preerda,
dela o quinta da casa ou a ra. Cada vez que esta cermôa é executada coecco que a porta é o lte etre dos períodos da exstêca, de ta sorte que passar por de
a-se uma pequea estáa de madera que represta a craça em or da qua se real baxo dela sgca sar do mudo da n ânca para etrar o mudo da adolescêca.
za a cermôa. Esta estatueta é conserada até a dade de 16 aos, sedo colocada ge A destrção do objeto que servu para o rto pode explcar-se por e ste to, econtra
ramete ao lado da represetação da Mãe" o quarto de dormr. Se a crança morre do, etre outros casos, a Austrála 23 e a Amérca do Sul 24, a saber, que os sacrasó
antes dos 16 aos eterra-se a estatueta juntamete com ela. Se fcar muto doete é a devem servr uma úca vez, e, portato, logo que uma se cermoal terma é pre
estateta que se z passar debaxo da porta. Por baxo dessa porta devem passar ão cso destruílos (é a dade cetral do sacrco) ou colocálo s de lado, por terem sdo
somete a crança, ou as craças doetes, mas todas as cranças da casa e também os esvazados de sua potêca, e em cada ova se é precso sacra, às vezes ma o a
sobrhos, sobrhas, etc., que aí se ecoem esse mometo. metação corporal, um vestuáro e rtos verbas ovos 2 Falmete, lembro que a
5•
Pode-se, evdetemete, terpretar toda esta cermôa como um rto de tras Cha cada anversáro de nasceto, sobredo de 10 em 10 anos após os 50
erêca do mal, rto que, em rma de passar por baxo ou através de al ga cosa", aos 26, dá lugar a cermôas, a rtos que também marcam a passagem de um período
é muto dddo. A ém dsso, o rto é parcalmete amsta, como o taosmo quase para outro.
tero. Etretato, o to do objeto por debaxo do qual se pas sa ser um pórtco, as Vejamos agora o rto das portas em Blda 27 • ''No sétmo da após o ascmeto,
socado à satdade dos pórtcos em todo o Extremo Orente e dos pórtcos arcanos depos de ter eto a toileda crança, a partera seguraa estedda em seus braços.
de que já lamos, deve ter um setdo, que julgo ser dreto. As craças passam do Deposta-se o peto da cracha evolvda em xas um espelho redodo. E ste es
mudo pergoso para um mudo vorável ou eutro, do qual a porta é a etrada, pelho susteta o so de ar da casa, uma boeca de preparar são chea de al, f
progressvamete por meo da sêxtupla repetção, que tem este setdo, pelo desloca almete uma ptada de sal, objetos todos de uso equete as operações mágcas. A
meto da porta do cetro para os quatro catos e de ovo para o cetro, a fm de partera, segurado os braços a crança jtamete com esses apetrechos, aprox
zer com que o quarto tero se to e um meo sado para as craças. Esta terpreta �ase da porta do quarto e balaçaa sete vezes por cma da mdjriaou cao de despe
ção de uma parte da cermôa como rto de passagem é cormada pelo to de ser JO. Faz a mesma cosa em cada porta, prcpaete a porta da s pradas, que e
repetda anda mas soleemete o mometo da matrdade" das cranças, a dade quetemete são no vestíbulo, e falmete a porta da ra, mas o teror. Cha
de 16 aos. Ao cotráro, a adoração da medda", sto é, de costelações em relação ma-se também este sétmo da o da da saída da craça (ium khroudj el mezioud). Não
com a vda e a morte, é executada em vor dos doetes seja qual r sua dade 20
parece evdete que esta cermôa o mometo em que a crança va sar do quarto
Dexo de lado as estas e scolares (etrada a escola, em hora de Coco, pela ateo tem por faldade apresetá-la aos djns da casa torado-os propícos, par
boa marcha dos estudos, etc.) e chego à cermôa de saída da ânca"21 • Asseme tcularmete aqueles que presdem as aberturas e saídas?"
a-se muto à cermôa da passagem pela porta, exceto ser mas mpoete e mas Cte com bastantes detalhes os rtos cheses porque permtem compreeder a
teatral". A teora é que aos 16 anos o rapaz sa da ânca para etrar a adolescêca sequêca dos rtos que coduzem gradatvamete o dvíduo do ascmeto à da-
e a moça torna-se muer 22 • Uma vez executada a cermôa, a dvdade das craças,
a Mãe", dexa de ter as cranças sob seu cudado e o dvíduo ca debaxo da autor Koch-Grünberg, carta partcuar
dade dos deuses em geral. Por sso, a cermôa é mutas vezes chamada agradec Da mesa manera os Ogba ( como mtos outros semcvzados) constríam cabanas especas,
meto à Mãe". de rmas derente� para cada avdade especaizada e em cada nova ocasão, cabana que só sera uma
Dooltte sste em seguda o to de ser realmete a dade de 16 anos que mar vez, sendo em segda abanonada A cabana serva para conseho de guerra, conselho de paz, banquete
e esa, cra de um doente, solamento de um xamã, um advinho, uma muher grávda, uma crança que
ca o começo da dade da matrdade" A cermôa, alás, pode ser atecpada se a a ser cada, etc C KOHLKtschiGami Brema, 1859, t I, p 60
crança tver de casar-se em breve, ou retardada pela pobreza, etc. O rto essecal Cf DOLILE Op c, t II, p 217-228 TRUMBULL Threshold Covenant, p 176, lembra o
cose (glês?) de dr em cada anversáro de uma crança tantas pancadas quantos os anos que aza
Este to pode ser consderado como rto de separação dos anos decorrdos.
DOOLILE Op c, p 137-138 DESPAMET "La Maresque et es malades de l'enance EEthnoe Socl., 1908, p
Cf. adante o que é dto da "puberdade soca 488
C Mythes et Lé d'us, p 134-135, nota 3 DUDLEY KIDD Savage Childhood Londres, 1906, p 81-89
66 67
em que, como acontece entre os Banto e os ameríndios, sobretudo os Pueblo e os
ameríndios centrais, a vida social e a vida cósmica são consideradas intimamente ga
das, é normal que existam ritos de agregação do recémnascido ao mundo cósmico,
quero dizer, a seus principais elementos.Daí os ritos de apresentaçãoà lua e aosol, de CAPÍTULO VI
contato com a terra 32, etc. Igalmente, se o totemismo em última análise é um siste s ritos de iniciação
ma de fnadade econômica, é normal t bém que a criança em momento ou em
outro seja agregada realmente ao seu totem, embora já lhe seja aparentada pelo nasci
mento. Estes ritos de agregação ao grpo totêmico antropoanimal, antropovegetal
ou antropoplanetário são a exata contrapartida dos ritos de agregação à amía, a que
contdo o recém-nascido pareceria dever pertencer também automaticamente, pelo A puberdade siológica e a puberdade social - A circuncisão. As
mutações corporais - Clãs totêmicos Fraternidades mágicoreigiosas
próprio to de ter nascido de certa mãe e sem dúvida de certo pai. Mas isto levanos
Sociedades secretas Sociedades poticas e guerreiras Classes de idade.
novamente a considerar os ritos de agregação a determinadas sociedades especiais. Mistérios antigos. Regiões universalistas - O Batismo - Conrarias
religiosas - Virgens e prostitutas sagradas. Classes, castas e prossões A
ordenação do padre e do mago -A entronização do chef e e dos reis -
A excomunhão e a exclusão O período de margem
dada a devida importância ao estudo das cerimônias que garantem o acesso a tais clas
ses e sociedades. Embora H. Webster tenha dedicado um capítul o aos ritos, só os es
tudos, isoladamente e, to curioso, não pensou em compará-los do p nto de vista de
suas sequências. Por isso, estes dois autores, imbuídos aliás da ideia que a iciação
coincidia com a puberdade, e que todas esas cerimônias têm como ponto de partida
este nômeno fsiológico, lançaramse a teorias gerais inaissíveis. Schurtz reduz
tdo ao instinto de sociabilidade", digamos o instinto gregário, mas sem chegar a
zer compreender nem as variações das nstitições consideradas nem a natreza das
cerimônias correspondentes. W ebster constriua priori um tipo de classe de idade e
de sociedade secreta primitiva e vê a bem dizer por todo o lado desvios e degeneres
cências desse tipo hipotético.
No presente capítlo demonstrarei primeiramente que a puberdade fsiológica e
a puberdade social" são duas coisas essencialmente dierentes, que só rarmente
convergem. Em segida, examinaremos as cerimônias de iniciação de toda a espécie,
isto é, não somente as que dão acesso às classes de idade e às sociedades secretas, mas
O sentido da apresentação ao sol coo rito de agregação é uito caro entre os Tarahuar também as que acompanham a ordenação do padre e do mago, a entronização do rei,
(LUMHOLTZ Unknown MexicoLondres, 1903, t I, p 273), os Oraibi (c acia, p 55), os Zni a consagração dos monges, das eiras, das prostittas sagradas, etc.
(Me STEVENSON,The Zuni, XI Ann Rep Bur A. Ethnol sv Bir), etc. Para casos de apre
sentação à lua, c. RAZER,J.GAnisA s Osis.2 ed. Londres, 1907, p. 373ss A aioria dos ritos
que cito são co efeito sipáticos, sendo a ideia central de que o cresciento da lu a vorece o da crian
ça. Lembro alente que a lua, o sol, etc, são às vezes totens e que nesse , coo entre alguns ae
ríndios, a apresentação ao astro é u rito d e agregação ao grupo totêico As vezes é u rito de agrega SCHURTZ, H.Al tersklassen und nnerbünde. Leipzig, 1902
ção à divindade, sendo o recé-nascido considerado e seguida coo "lho do sol WEBSTER, H Primitive secret societies. Nova York, 1908
70 71
Nas moças a puberdade sica é marcada pelo entumescimento dos seios, o alar outros povos5 , ao contrário, não se pratica nesse momento nenhum rito, apesar de
gamento da bacia, o aparecimento de pelos no púbis e sobretudo pelo primeiro xo haver ritos de iniciação.
menstrual. Pareceria, portanto, sples datar desse momento a pa ssagem da incia Assim, tudo isto nos leva a pensar que a maioria destes ritos, cuo caráter propria
à adolescência. Na realidade, as coisas passamse de modo inteiramente dierente na mente sexual não poderia ser negado, dos quais se diz que tornam o indivíduo ho
vida social, o que se explica em primeiro lugar por tos de ordem siológica 1 º) O mem ou muer, ou aptos a sêlo, incluemse na mesma categoria que al s ritos de
corte do cordão umbilical, da incia e da adolescência, sendo ritos de separação do
prazer sexual não depende da puberdade, mas é sentido, confrme os indivíduos, ora mndo assexuado, seguidos de ritos de agregação ao mundo sexual, à sociedade res
antes, ora depois; o espasmo pode mesmo prodzirse vários anos ante s, de maneira trita constituída no seio de todas as outras sociedades gerais ou especiais pelos indiví
que a puberdade só tem importância no que diz respeito ao poder de concepção. 2 º) duos de um ou de outro sexo. Isto é dito sobretudo a propósito das moças 6, uma vez
O aparecimento do preiro san ge não acontece na mesma idade nas diversas raças, que a atividade social da muer é muito mais simples que a do homem.
nem no interior de uma mesma raça entre os diversos divíduos. Estas variações são A questão compcase ainda mais quando se trata dos rapazes. Neste caso a varia
extremamente consideráveis e de tal ordem que se compreende por que nenhuma
3
bilidade é tanto mais considerável quato a primeira emissão de esperma pode ser
instituição se nde sobre um elemento tão pouco determinável e tão pouco constan precedida pela emissão de muco, passando muitas vees despercebida, e prodzin
te quanto a puberdade. Mesmo na Europa estas variações não correspondem às pres do-se, por m, na maioria dos indivíduos somente por iuência de um choque exte
crições legais. Em Roma, as moças são legalment e núbeis aos 12 anos, mas somente a rior, cua data depende de circunstâncias impossíveis de prever ou dirigir Se gese
odécima parte das jovens romaas têm suas regras nessa idade, enquanto a grande que a puberdade dos rapazes é xada, pela opinião comum, por ocasio do nascimen
aioia só as têm entre os 14 e os 15 aos, e al as, muito raras, desde os 9 anos to da barba, dos pelos do púbis, etc. Mas mesmo nesse ca so as variações étnicas e in
aris, a idade legal para o casamento é de 16 anos e seis meses. Mas a média da dividuais são consideráveis.
puberdade é 14 anos e quatro meses, se do Brierre de Boismont, e de 15 anos e Assim, num e noutro sexo a puberdade sica é um momento muito dicil de da
quatro meses se gndo Aran. Nas classes ricas a média da puberdade ocorre mais cedo tar, e esta diculdade explica o to de tão poucos etnógrafs e exploradores terem i
que nas classes operárias. Assim, em Roma, a puberdade socialé anteror puberdade - to pesquisas a e ste respeito. Isto toa mais imperdoável ainda aceitarse a expressão
siogica; emPas é posrior. ritos da puberdade" para de signar o conjunto dos ritos, cerimônias, práticas de toda
Será, portanto, mais conveniente não dar aos ritos de iciação o nome de ritos espécie que marcam nos diversos povos a passagem da inncia à adoscência Con
da puberdade. Longe de mim, porém, negar que existam ritos da puberdade sioló vém, portanto, distin gir a pubede social da puberdade fica, assim como se distin
gica, os quais em al gns casos raros coicidem com os ritos de iniciação. As moças gue o parentesco fsico (consan ginidade) e o parentesco social, a maturidade fsicae a
são então isoladas, às vezes mesmo consideradas mortas, e depois ressuscitadas 4• Em matudade social (maioridade), etc.
É uma coisa notável que mesmo observadores prudentes e que elo menos publi
caram elementos exatos de apreciação não souberem que se tratava de dois enôme
LOSS-BRTELS Das Weib8. ed Lepg, 1905, t. I, p 394420, reunu consderáves quantda nos distintos e serviramse então da palavra puberdade alternadmente em um sentido
des de documentos sobre o prmero aparecmento, normal ou anormal ( a parr de 2 meses, etc) das re e em outro. Eis aqui al s exemplos desta consão. Tendo decito com cuidado as
gras em dversas populações. data das pr eras regras depende ao mesmo tempo do clma, do almen
to, da prossão e da heredtaredade Os obseradores, na maora mécos, têm tanta dculdade em
cerimônias da puberdade" das moças entre os índios Thomson, cerimônias executa
chegar a um acordo sobre a dade méda das prmeras regras em uma população um pouco tosa toma das longe da aldeia em uma cabana especial, incluindo tabus, lavagens, ritos simpáti
da em conjunto (França, Rússa, etc) ou mesmo em uma regão lmtada ( grande cdade, por exemplo) cos 7, etc, Teit acrescenta: a s moças equentemente eram dadas como noivas ainda
que sera er dos negros, dos habtantes da Oceana, etc, excelentes estatísticos supô-los capazes de ter
poddo descobrr a méda relatva às suas própras trbos, antes de toda pesqusa metódca sobre a uên
ca do cma e do amento Es o quadro para 584 mheres de Tóquo os 1 1 anos, 2; aos 12 anos, 2;
aos 13 anos, 26; aos 14 anos, 78; aos 15 anos, 224; aos 16 anos,228; aos 17 anos, 68; aos 1 8 anos, 44; JENKS. The Bontoc oot.hlppnes, Dep Int, Eol. Surey ubl, t I, 1904, p 66ss
aos 19 anos, 1 0; aos 20 anos, 2 Damos a segur as médas para arca: Uoloe, 11 a 12 anos; Egto 10 a 6 Chegaríamos a restados dêntcos comparando a dade em que é executada a deoração arcal
13 anos (rnerBe) ou 9 a 10 anos (Rgler); Bogo, 16 anos; Sael, 12 a 1 3 anos; Wanjanwes, 12 a 13 (perração do hímen) e a da puberdade s duas não estão em relação, exceto raras exceções em um
anos; Bebere do Egto, 15 a 16; Somal, 16 anos; Loango, 1 4 a 15, raramente 12; árabes de Argel, 9 a mesmo pov lém dsso, a perração do hímen não é ucamente uma preparação para o coto, nupcal
10 Fean, 10 a 15 anos ou anteror ao casamento, ou ao novado Sobre este rto, c entre oros SIDNEY HRTLND,H.At
Fatos dessa espéce ram reundos por PRZER, JG Golden Bough, t III, p. 204233; c anda em nhrop Essays presented to E.B Tylor, Oxord, 1907, p 195-1 98
the temple ofMylit,
HUER. No-Hinterland von Kerun. Brunswch, 1902, p 427; STEVENSON The Zuni. XII TEIT, J The Thomsonndians ofBritish Columbia.Jes. N. acf Exped, t I Nova York, 1898 -1900 , p
Rep Bur Ethnol, p 303-304, etc; DU BOIS, G.G e lionofthe LuisenioIndians fSouthe o 311321.
Calia Unv. Cal. ubl, t VIII, n. 3, 1908, p 93-96
73
72
criaças, a homes vite aos mais veos. Só se cosiderava que estav a aptas a se A distição etre a puberdade sica e a puberdade social é aida mais itidame
casarem quado termiav a todas as cerimôias reeretes à chegada da puberdade, te observada em certas cerimônias dos Toda 7, que são poliadros e fcm oivos des
isto é, aproximad aete o décimo sétimo ou o décimo oitavo ao e às vezes o vi de os 3 aos. A g tempo ates da puberdade fsiológica um homem da secção ie
gésimo terceiro" 8 • Devemos cocordar que a puberdade sica difciete pode ser a rete daquela a que pertece a moça vem durate o dia à aldeia desta última, deita-se
causa pricipal de cerimôas tão logas, que em seus detalhes abragem várias eta ao lado dela e estede seu mato de maeira a cobrir os dois. Fic a assim al s mi
pas. Quato aos rapazes, é dito clar aete9 que o gêero de cerimôias a executar utos e em seguida o homem vai-se embora. Quize dias depois um homem bem
depede da profssão (caçador, guerreiro, etc.) que se propõem abraçar, e que cada costitído e rte, de qualquer secção e clã que seja, vem passar a oite juto da
adolescete começa a praticá-las a partir do dia, que cai geralmete etre o décimo moça, que ele deora. Isto deve azer-se antes da puberdade,havedo poucas coisas
segudo e o décmo sexto o, em que sohou pela primeira vez com ma echa, capazes de desacreditarem tato a mher quanto a ão execução desta cermônia.
uma coa ou uma muer. Do mesmo modo, as cerimôias da puberdade" etre Isso impede-a mesmo de casar-se". Só aos 15 ou 16 aos começa as cermôias do
os Lillooet da Colúmbia Britâica ada idica que se trate da puberdade sica, mas,
10
cas aeto propri aete dito, ou seja, algus aos depois da puberdade.
ao cotrário, prova, sobretdo o to de que para os joves que desej a toar-se xa As variações da idade em que é praticada a circucisão bastari a por si sós para
mãs o período durava muito tempo, que se trata, tl como etre os chieses 11 , da pu
berdade social. Lembro que da mesma maeira etre ós a idade a qul é permitido zer compreeder que se trata de um ato ão de alcace fsiológico, mas de sigifca-
o cas aeto das pessoas moças ão coicide com o mometo da puberdade fsioló somete em umerosos povos a operação é executada em itervalos
çao so·al . Nao
gica. Se m dia estes dois mometos, um social e o outro sico, vierem a coicidir, muito distates, por exemplo, de dois em dois aos, de três em três, de quatro em
isto será cosequêcia do progresso cietífco. quatro ou de cico em cco aos, de maeira que a circucisão é praticada ao mes
Se etre os Hotetote_s rapazes permaeci a a sociedade miia e intil mo tempo em crianças de desevolvimeto sico sexual dierete. Aém disso, em
até o décimo oitavo o 12, por outro lado, etre os Elema do Golo Papua a primeira uma mesma região, habitada por populações do mesmo tipo somático (raça), eco
cerimôia é executada quad a criaça tem 5 aos, a seda quado tem 1 O e a ter tramse otáveis variações. ssim, as regiões de Marrocos 9 exploradas por Doutté
veri�ca-se que a circucisão é relizada etre os Dukâla sete a oito dias depois do
guerreiro
ceira só parece
propri
realizarse
aete dito,
muitoivre
tempo
paradepois, 1 . Em
se casarma vezresumo,
que trasrma
a questão
a criaça
proposta
em ascmeto ou aos 12 ou 13 aos; etre os Rehama, de 2 a 5 aos; em Fez, etre 2 e
por Leo Frobeius 14, que em mesmo procura respoder com exatidão, a saber, o 10 aos; em Tâger, aos 8 aos; etre os Jbala, dos 5 aos 10 aos; s arredores de
mometo do oviciado coicide em certa medida com a matridade sel?", é res Mogador, de 2 a aos; a Argélia, aproximadamete aos 7 ou 8 aos; etre os mu
podida por mim com um claro ão, tto mais quato as cerimôas da preira çmaos ortodoxos, quado ão é eita exat aete o sétimo dia depois do asci
mestração ou existem em populações as quais ão há ritos de iniciação ou só meto, realiza-se o mais cedo possível 2º. É possível traçar um quadro semehate
têm caráter mais acetado porque se trata com eeito do primeiroaparecmeto 16 de com os materiais reuidos por R dree 2, pelo Dr. Laset o Seegal 22, etc Assim,
um eômeo que em segida será sempre acompahado de ritos especiais, devidos à
qualidade impura tato da mulher em si mesma quato do sague mestral. 7 RIVERS, H. The Toda. Londres, 1905, p. 502503.
Cf. a que resultados estraos i conduzido WBSTER. Op. ci ' cap II e III ' e p 36' 200-201 '
205-206.
Ibid., p. 321. 9 DOUÉ. MeâkechParis, 1904, p. 262-263, 351-352, etc.
9 Ibid., p. 31318. 0 Depreendese do quadro seguinte, que evntei de acordo com PLOSS & BATELS Das Weib 8
0 T EIT, J. The Lillooet Indians Jesup N. Pac Exp. t. I I. LeidejNova York, 1906, p. 263-267. ed, 1905, t I, p. 248-249, que _ a excisão do cli�órs é também independente da puberdade siológca,
Cf. acima, p. 63, 66. mas determa a pbedade soal ( no cas<, o dit? de casar-se): Arábia, algumas semanas depois do
KOLBEN, P. Thepr esent sta te ofthe Cape of Good Hope, t. I, p. 121 , apud WEBS TER. Op ci t.,
nscmento; Som, tres a quatro nos; Egto Medional, 9 a 10 anos; Núbia, primeira iância; Abissí
a, cerca de 8 os ou no octogésimo dia depois do nascimento; Deta ou Niger, durnte a inância, sem
dade
p. 2 3. xa; Mainke, Bambara, 12 a 15 nos; Malaio, etc., no início da segunda dentição; javaneses, 6 a
HOLMES, J. "Initiation ceremonies o the natives o the Papun Gu.JouAnthr nst, t. XI I anos; makassares, 3 a anos; gorontalos, 9, 12 ou 15 anos, etc.
(1 902), p. 418-425. NDREE, R. "Bescheidung. Ethnographische Paralelen,2 série. Leipzig, 1889, p 166-212
ª
4 FROBENIUS, L. DieMasken und GeheimbündeAfrkas. Nova Acta Leopoldina, etc Hae, 1898 , n: Une Mission au Se al Paris, 1900, p. 14 (mouros, nos), 108 (Kassonkés, desde a inância
p. 2 17. ate os 15 anos, e tanto mas tarde quanto mais rica é a amía); a idade comum (Peules, p. 64; malinkes,
Cf. entre outros RAZER, J.C. Golden Bough. 2. ed, t. I, p 326 p. 88 ; sereres, p. 145, etc) é de 10 a 15 anos, mas as circuncisões são eitas em intervaos mais ou menos
Cf. ms adiante, no capítulo IX. astados coorme o número de crianças.
74
Uma questão sem iteresse para a falidade do pre sete livro é saber se cada es que Howit diz sobre as cerimôias dos Kuai vale para as das outras tribos do sul,
péce de mutilação i ivetada uma úica vez, sedo em se gida trasmitida de do sudeste da Austrália Cetra, etc.
povo a povo por empréstimo, ou se i ivetada várias vezes idepedetemete. Em a as delas o oviço é c osiderado morto, e permaece morto durate o
Observo apeas que cada tipo de mutilação, sedo um procedimeto de dierecia tempo do oviciado. E ste dura um tempo mais ou meos logo e cosiste o enra
ção coletiva, o empré stimo ão pode zerse etre tribos litroes, mas somete se quecimeto corporal e metal do oviço, sem dúvida destiado a zêlo perder a
esta rma, aida descohecida, pode serir para diereciar melhor um grpo deter memória da vida iatil. Vem em segida uma parte po sitiva, o esio do código de
mado em relação a seus vizihos costumes, a educação progressiva pela execução diate do oviço da s cerimôias to
As mutações são um meio de diereciação defitiva. Outra s há, porém, como têmicas, a recitação de mitos, etc. O ato fal é uma cerimôia religiosa (os lugares
o uso de um ve stuário especial ou de uma máscara, ou aida as pituras do corpo ( so ode existe a creça em Daramulu, etc.) e sobretudo uma mutação especial, que
varia com as tribos (arraca-se um dete, icisa-se o pêis, etc..) e toa o oviço
bretdo com merais coloridos) que marcam uma diereciação temporária. São e s
idêtico para sempre aos membros adultos do clã. A as vezes a iiciação é ita
tas que vêm desempenhar cosiderável papel os ritos de passagem porque se repe
de uma só vez, em outras ocasiões realiza-se por etapas . Quado o oviço é coside
tem a cada mudaça a vida do idivíduo.
rado morto, em segida é ressuscitado, sedolhe esiado etão a viver de modo di
Dito isto, covém examiar em detalhes al gmas sequêcias Começo pela ii erete da existêcia iatil. Sejam quais rem as variações os detalhes chegase
ciação às sociedades totêmicas. sempre a distiguir uma sequêcia coorme o esquema geral 3 5.
Graças, sobretudo, a Specer e Gille 30, WE. Roth 3 1, a A.W. Howitt 32 e a R.H. As ateridades" mágico-religiosas dam-se essecialmete a orgaização
Mathews 33, cohecem-se até as miúcias as cerimôias de iiciação ao grpo totê do clã, isto é, de aparetados sociais, mas são, cotudo, coisa direte. Pelo meos
mico etre várias tribos austrliaas. Vão do décimo ao trigésimo ao O primeiro se a Combia Britâica o clã totêmico subsiste aida i dêtico à ateridade, existe
ato cosiste em separar o idivíduo do meio aterior, mudo das mulheres e das cri ao lado dela as plaícies e desapareceu etre os ídios Pueblo, ode a ateridade
aças. Tal como o caso da mulher grávida há reclusão do oviço o mato, em um tem base territoria (c. os Tusaia, os Hopi, etc.). Quato às cerimôias de iiciação
lugar especial, uma cabaa e special, etc., acompahada de t abus de todo gêero, so dos Kwautle, remeto o leitor à memória de Boa s36. Etre os australiaos o dreito
bretdo alimetares. A ligação etre o oviço e sua mãe dura às vezes al tempo, de azer parte do clã totêmico trasmite-se hereditariamete. Etre o� Kwakiutle ad
mas chega sempre um mometo em que, por um procedimeto violeto, ou que pa quirese além disso pelo ca sameto, mas de toda maeira o idivíduo ele só peetra
rece tal, é separado defitivamete da mãe, que equetemete chora por ele. Co graça s a cerimôias de passagem, que o separam de seu meio aterior para agregá-lo
rme diz Howitt a respeito dos Kurai: A iteção de todos os atos desta cerimô ao meio restrito ovo. Se os australiaos separam a criaça da mãe, das mulheres e
na é produzir uma modifcação mometâea a vida do oviço. O passado deve ser das criaça s, etre os K wakiute o mudo aterior é per soifcado por um espírito"
separado dele (cut oj por um itervalo que ão poderá jamais torar a atravessar. que se trata de exorcizar, poto de vista id êtico ao dos cristãos que exorcizam sata-
Seu paretesco com a mãe a qualida de de criaça é bruscamete quebrado e, a partir
de etão, permaece gado aos homes. Deve abadoar todos os briquedos e es
Atribise habitualmente exagerada importância ao destino dado ao pedaço do prepúcio cortado.
portes da i cia, ao mesmo tempo em que se rompem os atigos vículos domésti Conorme disse, e ste pedaço do indvído participa sem dúvida de se antigo possidor, mas não mais
cos etre ele, a mãe e as irmãs. Tora-se agora homem, istruído, cosciete dos de qe os cabelos cortados, as aparas das nhas, a saliva, a rina, etc, o qe os dentes arrancados, também
veres que lhe icumbem em sua qualidade de membro da comuidade Murrig"34 O como rito de iniciação Nas tribos astraianas qe exectam este rito o dente é recohido e conservado
com cidado (HOI. SE Tr., p 542, 562, 565, 569, etc.; SPENCER & GILLENNor Tr,p.
594) o plverizado, mistrado com carne e engoido pela mãe da ha qe vai ser iniciada o pea sogra
do rapaz, o ainda jogado em m peqeno charco a m de espantar a chv a, o namente enterrado
0 SPENCER & GILLEN. The Ntive tribes ofCetrl Austrli Londres, 1899, p 212-386; The (Nor Tr.,p 593, 594). Este dente é sempre m objeto sagrado em alg gra (ibi, p. 594, 595)
Norther tribes ofCelAusli Londres, 1904, p. 328379 Entretanto, entre os Kaitiche deixase o dente no chão no lgar em qe cai, não se acreditando qe pos
ROTH, W.E Etholoicl Stuies mog the orWest-Cel Queesl Aboies
Brisbane, sa ser tiizado para operações de magia ( ibid., p 589). Se, portanto, só nos basearmos nos ritos, não
1897 e or Queesl Ethogrphy Buletis, anos 190s s vejo por qe o prepúcio seria mais qe os cabelos, dentes, nhas, rina, sange, ezes a sede da rça vital
HOI, AW. The Ntive bes ofSouth SouthEstAusliLondres, 1904, p 509677. Certamente não é a sede da rça de reprodção, nem ma espécie de e mbrião animado e independente
MHEWS, RH Nmerosos artigos nas Revues es Sociétés Jthoiede Paris, Viena, Lon 6 Boas, em Rort U. St Nt Mus. r 1895,Washington, 1897, memória anasada em detahe por
dres, Washington e nas sociedades cientícas da Astráia. Schrtz (savo para os ritos) e por Webster Cf ndaHbookoftheAmec is, t I . Washington,
1907, s.v Kwakitl
HOI. S.E Th., p. 532
79
78
mesmo nos detalhes56 : 1 º ) lease o noço para o lgar sagrado; 2 °) aí chegando re ddats com o gra a qe aspraam; 3°) entrada processonal no templo e oerenda,
cebe pancadas com aras , mas o menos rtes conorme a dade, aplcadas peloTu- peo canddato, ao de s, de m porco sagrado, qe era morto e comdo em comm
°
buan, espéce de bchopapão dno; 3) aos berros do noço respondem ao longe as o ao qal se deola a lberdade; 4°) grande banqete em comm, com sspensão
lamentações da mãe e do s otros parentes; 4°) o padrnho dstrb presentes aos asss- dos tabs sexas e almentares aos qas, em tempo ordnáro, cada gra estaa obr
tentes e dáse de comer ao noço; 5°) oTubuan despese nteramente e os noços re- gado. Parece depreenderse do texto de Ells 60, qe não somente haa orga heteros-
conhecem qe é m homem; 6°) a ropa doTubuan conservase em pé graças à sa ar sexal, mas também sodoma; 5 °) músca, dança, representações dramátcas; 6 °) ta
mação, o qe proa estarem mpregnadas de potênca(mana melanéso); 7º) os asss- tagem do cnddato de acordo com se noo gra.
tentes dançam e ensnam sa dança aos noços, a ssm como os segredos da socedade; As cermônas de entrada e de passagem de m gra ao otro na Melanésa61 são
º) todos os assstentes partcpam de ma reeção em comm;°)9cada noço recebe mas smples. Os elementos centras são: ma troca cermonal de moedas (Mota,
m estáro cermonal, se tem cerca de 12 nos; se é ma crança peqena, dee espe Ilhas Bas) o de esteras (Ilha dos Leprosos); o donato de porcos aos membros
rar m número qalqer de anos. A doação do estáro, qe termna a nicação, é da socedade ( o suqe, huqe, etc.) e reeções cermonas em comm, kole62 qe lem ,
eta em otro da de acordo com m cermonal especal. Há , portanto, claramente brm os potlatch da Colúmba Brtânca. Embora o suqe tenha apenas alcance socal e
de noo rtos de separação, m período de margem e rtos de agregação 57. econômco, o elemento mágcorelgoso aí aparece pelo to do gra da rqeza, qe
O mesmo cabera dzer dos rtos das cermônas fdjanas, onde o noço dee, condcona a passagem de m gra a otro ( nas Ilhas B s há 1) depender do
entre otras cosas, passar no espaço compreenddo entre dos cadáeres spostos, mana do ndído. Por consegnte, qanto mas eleada é a categora des se ndí
pnta dos de preto dos pés à cabeça e com as entranhas ( são as de porcos sacrfcados) do no suqe mas é consderado portador de mana63 tendo assm cada gra de suqe
estraazantes 58. ma qantdade de mana mas o menos grande, do mesmo modo qe as aterda-
A socedade polítca, gerrera e rapnante dos Areo, em Tat e em otros lga- des ameríndas têm manitu, orenda, nanual,etc.
res da Polnésa, compreenda sete classes o gras, cjos membros se dstngam Qanto à ncação nas classes de dade , não examnare aq em detalhes senão as
pelas tatagens cada ez ma s complcadas e nmerosas, corre spondendo à eleação
na herarqa 59 . Recrtaase em todas as classe s da socedade geral. Qem qsesse cermônas
trbíremsedepor
dade
maentre os Masa.
dração masEmo á ras trbos
menos longaastraanas o to
leo Schrtz 64 edos rtos ds-
Webster 65 a
tornar se membro da socedade exbase estdo e adornado de manera não ordná conndr os rtos de ncação ao grpo to tmco com os rtos de pas saem às class es
ra e assma m comportamento de qem pareca pertrbado do espírto. Depos scessas.
dsso, se o jlgassem útl, os Areo adotaam o ndído como servdor. Assm, o Entre os Masa a pberdade prozse aproxmadamente aos 12 anos"66, a cr-
prmero ato conssta em mostrar qe era derente do lgo. Vejo ne ssa cermôna cncsão dos rapazes tem lgar de sde qe sejam bastante rte s, sto é, entre 1 2 e 16
m rto de separação olntára. Ao fm de certo tempo, o noço era agregado 1 º )
nos", às ezes mas cedo se os as são rcos, mas tarde se são pobres, e até qe te
mdaamlhe o nome; 2°) dea matar ses flhos; 3 °) dea aprender certa postura
am meos de pagar a cermôna, proa e qe também aq a pberdade soc d-
necessára para cantar determnado cântco sagrado; 4°) apanhaa o estdo da m
re da pberdade sca. A crccsão realza se de qatro em qatro o de cnco em
le do chee e enraa asm na 7 ª classe A passagem de m gra ao segnte era ta
da sene manera: 1º ) renão de todos os Areo sando ropa s cermonas; 2°) cnco anos, e todos aqe les qe são crcncsos na esma ocaso rmam ma cla se
nocaço ao porco sagrado, a os templos nacnas e enmeração dos nomes dos ca
84
de idde tendo um nome especil escolhdo pelo chee Entre os M si gleses um
67
• clsse de id de), tendo cd um um ou vários mntes, hvendo condição bsolut
rpaz ou um moç não podem ser circuncisos não ser que seu pi se submet um de não fcr grávid 71
cerimôni chmd pssgem d sebe", mediante qul ceit tornr-se um velho" Pr s moçs, clsse de idde se ginte é ds mueres csds. Os cbelos gri
o chmr-se de então em dinte o pide [seu flho ] A sequênci ds cerimônis en
68
slhos e menopus mrcm últim clsse de idde. Os rpaes ram primeir
tre eles é se gnte: 1º) todos os cndidtos reúnem-se, sem rms; 2°) besuntmse mente rpes ( ijoni), depois cndidtos ( sibol). Durnte dois nos, como gerrei
com rgil brnc e durnte dois ou três meses correm de krl em krl; 3 °) rs ros, são noços ou prendzes (brnoti), depois do que toamse gerreiros propri
pm-lhes cbeç, depois mt-se um boi ou um crneiro; 4°) no di seginte cd mente ditos (morâ). A ssim permnecem té os 28 ou 30 nos, em seguid csmse
um vi cortr um árvore (asparagus,sp.), que s moçs plntm di nte d cbn de e tornamse dultos (moruo) 72 • Deste modo, s cerimônis do cs mento neste cso,
cd c ndidto; 5 °) no di se ginte colocmse o r io e lvm-se com á g i como entre muitos outros povos, têm o cráter de rito de pssgem de um clsse de
[pr se insensibilizrem, Merker]; 6 °) o operdor cort o prepúcio e pele de boi idde outr.
que contém o sn ge é colocd n cm do rpz; 7°) estes permnecem encerrdos Preciso ind ssinlr os ritos dos Wyo porque prticipam o mesmo tempo
qutro dis; 8°) depois sem e provocm s moçs, vestindose equentemente de dos ritos de clsses de idde e dos ritos de etps e de mrgens sucessivs, tl como
mulheres e pintndo o rosto com rgil brnc; 9 °) cingem cbeç com pequenos são encontrdos entre os Tod d Índi, por exemplo. O unyago ds moçs Wyo di
pássros e pens de vestruz; um vez curdos, são rspdos e logo que os cbelos re videse em qutro etps: 1 ª) chutu: d idde de 7, 8 ou 9 anos té primeir mens
nscem com o comprimento sufciente pr poderem ser trnçdos são chmdos trução; reclusão, instrução de ordem sexl, dermção sistemátc dos pequenos
il-murn, gerreiros. Quto às moçs: 1º) mtse um boi ou um crneiro; 2 °) lábios té 7cm de comprento e ms, dnçs erótics, etc; 2ª) matengusi: est d
operção é eit n cs; 3 °) s moçs cingem cbeç com hs d palmeir dum primeir menstrução; durnte o chiputu moç i csd, ms seprse do mrido
ou com ervs; 4 °) um vez curds são csds Entre os Msi lemães sequênci
69
• desde s primeirs regrs; reclusão; nsinm-lhe os tbus reltivos o período ds re
é mesm, exceto: 1º) pós operção há um grnde bnquete, do qul prtcipm grs; 3 ª) chitumbu: conjunto dos ritos d primeir grndez; no quinto mês rs
°
os pis dosdnçm
circncisos e todos oscom
homens ds vizinhnçs; gerreiros
[solteiros e se divertem s moçs, sus mntes;2 3)°)os jovens
reclusão dos ope pmse os c belos; no sexto, reclusão; nstrução nos ssuntos d mternidde e nos
tbus ds muheres grávids; 4ª) wamwana: primeiro prto; o direito e recomeçr s
rdos dur sete dis; 4 °) no di d primeir síd mtm um bode brnco, cu crne relções sexs é concedido o mrido, pedido, pelo chee d ldei qundo cri
prtihm, jogndo os ossos no go. Pr s moçs: 1º) circuncismse váris o nç pode sentr-se ou qundo tem 6 ou 7 meses. Em tods ests cerônis solid
mesmo tempo; 2°) rspm-lhes cbeç; 3 °) permnecem em cs té que erid riedde sexul exprime-se muito clrmente Vê-se extensão que os ri tos de ini
73
•
tenh cictrizdo; 4 °) cingem cbeç com ervs onde plntm um pen de vestruz cição" tomm entre os Wyo.
e cobrem o rosto com rgil brnc; 5) tods s mulheres do kral prticipm de um Entre lguns meríndios (pho , etc.), pssgem de um clsse outr su
74
reeição em comum; 6 °) logo pós, o noivo pg o que ind deve do dote e o cs põe um rital de specto mis mágico-religioso, porém, n miori ds populções
mento relz-se dentro em pouco Dí se depreende que s cerimôs em questão,
70
onde existem clsses de idde, são s çnhs n gerr ou n pigem, ou nd
se são independentes d puberdde, pelo menos têm cráter sexl, porque gregm dons de tod espécie e estns orecidos, que determinm ntecipção, idde não
os circuncisos à sociedde sexul dult. Observr-seá lém disso que se operção sendo nunc tomd muito estritmente em considerção.
tem por fnlidde o csmento é n medid em que este represent um instituição
socil, e não união dos sexos. Porque ntes d circuncisão, e prtir de um idde
que Merck ão indic, s menins vivem no krl dos jovens gerreiros (primeir
Ibid , p 83 .
Ibid, p. 66-67; para os detalhes remeto ao livro de Merker. Entre os Masai casarse é mudarde modo
de vida completamente, muito dierentemente do que acontece entre nós
6 MERKER Ibid, p 6061. WULE, K. Wissenschaliche E'ebnisse meiner ethnraphischen Forschungsreise in denSüsn Os-
6 HOLLIS, A The Masai Oxrd, 1905, p. 294-295 fkas. Berl, 190 8, Mitteil. Deutsch. Schugeb. Ergz He n 1 , 4 , p. 31-34
°
6 Ibid., p 296299. Cf. KROEBER, A.L. The Arapaho Bl. Am. Mus. Nat. Hist. Nova York, t. XIII (1904), p
MERKER Op cit., p. 6066 156-158.
86 87
Passo aos ritos de etrada o cristiaismo, o islã e os mistérios atgos, embo ritos de iiciação em Eleusis 8 3 1 º) os cadidatos se reúem e o hieroate põe de
ra estes últmos perteçam à mesma categoria que as ateridades mágicoreligiosas lado, por uma proibição (tabu), todos aqueles cuas mãos são impuras e que lam de
dos ídios Pueblo. Mas o cristiaismo tomou tata coisa emprestada dos mistérios maeira iiteligível 8; esta escolha é ecotrada também a Árica, por ocasião da
egípcios, sírios, asiáticos e gregos que é dicil compreeder um sem levar em cota
os outros. A falidade ecoômica, ora especialmete agrária, ora ecoômica geral iiciação as socedades secretas, sedo um sacerdote mago que se ecarrega dela;
(multiplicação de todos os meios de subsistêcia e de vda, aimais, vegetais, ecu 2º) estes eóftos eram itroduzidos o Eleusiio e, peetrado o recito, sacral
didade da terra , irrigação, etc. , curso regular dos astro s divios que codicio am a zavamse o vaso de á ga sagrada colocado perto da porta [c. ossas pias de á ga
vida geral) dos mistérios atigos ( Osíris, Ísis, Adôis e Deusa síria, tis, Dioiso, e beta]; 3 ) Alade myai!: os eóftos são coduzidos [corredo?] ao bordo do mar;
º
mesmo o orfsmo, etc.), i bem estabelecida pelas pesquisas de Mahardt 7 J.G. esta corrida é chamada elasis, astameto ou baimeto, setido que se ecotra tal
Frazer 7 , S. Reiach 77 Srta. Harriso 78, Goblet d'Aviella 79, Fr Cumot so, etc. vez em pompê ; este rito até agora tem sido iterpretado com astameto das ms
85
Mas os ritos que costituem estas cerimôias só ram bem estudados equato
ritos simpáticos d e multiplicação ou de cudação e de coação sobre o mecais de sua vida aterior, rito prelimar, rerçado pelo que se sege; 4°) banho o ma;
mo cósmico e terrestre. este é um rito chamado de purifcação; lavase o eófto para retirar a qualidad d
Suas sequêcias, ao cotrário, quase ão ram examiadass 1 , embora o estudo proao e impuro; cada eófto carregava um porco, que bahava ao mesmo empo ,
de certos ritais moderos cohecidos com mais detalhes ( Austrália, ídios Pueblo) rito que lembra um grade úmero de ritos melaésios8; 5°) retoro ao Elesiio e
assim como o dos lvros ritológicos atigos (Egito, Ídia) prove que sempre as sacriício, cerôia que ecerra o primeiro ato. Os eóftos que tiham tomado par
grades las e às vezes os meores detalhes a ordem em que os ritos se segem e te as cerimôias de 15 e 16 Boedromio e recebido a istrução dos pequeos misté
devem ser executados costiti, já por si, um elemeto mágicoreligioso de alcace rios ão apareciam mais em público depois da corrida ao mar e do sacricio, mas
essecial. O objetivo pricipal deste livro é precisamete reagir cotra o procedime a gardavam o retro (tabus alimetares, etc.) a partida para Eleusis; 6 º) 19-20 Boe
dromio, procissão de Ateas a Eleusis ( 20 quilômetros) com trasporte de Iacchos
to lclorista"
sos ou atropológico",
ritos, positivos ou egativos, e emque cosiste emisoladamete,
cosiderá-los extrair de umatirado
sequêcia
hesdiver
assim e dos sacra ao Eleusiio e umerosas paradas o percurso: o Bairro da Fi geira sa
sua prcipal razão de ser e sua sitação lógica o couto dos mecaismos. grada , o paácio de Crocom (açaão), o domíio de Raria ( área sagrada), o poço
A Srta. Harriso 82 etede por mistérios" um rito o qual são exibidos certos Calichoros, a pedra de Demeter , etc., estações que têm todas caráter agrário 87; 7 º)
etrada o iterior do recito, cuas paredes elevadas tiham por falidade, tal como
sacra que ão poderiam ser vistos pelo adorador se ão tivesse soido certa purifca
em Ateas, per os proanos de verem o que se passava o mdo sagrado; a proi
ção" Etedo por mistérios" o cojuto das cerimôias que, zedo o eófto pas
bição de etrar estedia-se aotemenos iteiro e a por pealidade a morte, p m
sar do mudo proao para o mudo sagrado, põem-o em comuicação direta e de
fitiva com este último. A exibição dos sacra, em El êusis como a Austrália (churin- os os dias de mistérios. Em segida ltam iormações sobre os detaes d i
ga, zuidor sagrado) ou a América ( máscaras, espigas sagradas, katcinas, etc), é o
rito cu iate, mas ão costitui por si só os mistérios". Vejamos a sequêcia dos Para os mistri?s de Eleusis utiizei o livro citado de Miss Harrison, e depois FOUCAT, P Re
cherches sur 'oge et la nare de� mystres d'Eleusis: I, L cult d Dionysos nAtqu Paris, 1895 e
II, Ls grands msrs d)Eluss Pas, 1900 D'ALVIELLA, G "De quelques problmes relati ax
mystres d'Ele_usis. d Vst. dsl, 1902, t XLV, p. 173-203 e 339-362; 1903, t XLVII p -33
MANNHDT, W Wald-und Fidkult 2 Ed Berlim, 1904 e 141-1 3 dexo de lado, por nada terem a ver com a iniciação propriamente dita, as cerimônias dos dias
13 (partda dos eebos para Eleusis) e 14 (transporte dos sacrabira para Atenas) de Boedromio
6 AZER, JG Th GoldnBough eAdonis,Ats, Osirs2. ed Londres, 1907. Sabe-se que o cohecimento dos ritos, a direção das cerimônias, a proteção dossacra, etc, eram reserva
REINACH, SCults, myths t rlions. 3 vols, 19061908; cf. sobretudo t I, p 85122 das a certas amílias (Eumópidas, etc.) Do mesmo modo, na Austráia, entre os Pueblo, etc, são deter
MISS HARRISONProleomna to th study ofgrk Rlion. Cambridge, 1903 mados clãs (totêmicos ou não) que "possuem os mistérios. Sobre os instrtores (mistagogos) cf
FOUCART Op ci, II, p. 9395
D'ALVIELLA, G u d st. s rlions,1902 e 1903
Cf. FOUCAT Op ci, I, p 31-33 e II, p. 110-111; D'ALELLA, G. Op ci, p 354355
0 CUMONT, Fr. Ls rlions ontals ns l paganism romain Paris, 190
HISON Op ci, p 152 e REACH, S. Op ci, t. II, p. 347362
HARRISON, Miss. Op ci, p 155, escreve mesmo "A ordem exata dos diversos ritos de iniciação
certamente tem pouca importâcia! 6 Cf os trabalhos citados de W Elis, Codrington, etc, e por DemeterPorca, Goblet d'AlviellaOp
p 189-190.
Op. c i, p 151
Cf, sobre estas duas primeiras paradas, EACH, S Op ci, t III, p 102-164
88
89
môias Sabese pelo meos que a inciação abragia 88 : a) uma viagem através de ates o reascimeto Isto i estabelecido até as miúcias por Mhardt, Frazer 94
uma sala dividida em compartimetos escuros, cada qual represetado uma região e seus discípulos, mas ão viram que estes cojutos cerimoiais são cojutos de ri
dos ineros; subida de uma escada; chegada às regiões vivamete ilumiadas e e tos de passagem, simultaeamete cósmica, religiosa e ecoômica, ã costituido
trada o megaro com exibição dos saca ; b) uma represetação do rapto de Coré,
89 seão uma ação de uma categoria muito mais vasta, que o presete livro tem por f
com elemetos descoecidos dos proaos e ão compreedidos a leda que cir alidade delimitar As sim é que a morte, a margem e a ressurreição são também um
culava etre as pessoas vulgares Esta parte correspod e exatamete às represeta elemeto das cerimôias da gravidez, do parto, da iiciação a sociedades sem fali
ções, por ocasião das cerimôias australiaas, dos atos dos atepassados do Alcheri dade agrária, do oivado, do casameto e dos erais 95 • Admitidose que Atis mor
ga. A primeira é também quase unversal: os oviços, tedo morrido para o mudo re e depois reasce, cocebese que os ritos de iiciação çam tmbém morrer e re
ascer seu turo adorador: 1 º) este jejua, iso é, az sair de seu corpo a impureza pro
proao, percorrem o Hades, depois reascem, mas o mudo sagrado90 ; 8 ) em se °
aa; 2 ) come e bebe os saca ( tambor e címbalo); 3 ) sedo colocado em um s
° °
gda vam ritos de toda espécie, câticos, daças, procissões, a respeito dos quais so, recebe em todo o corpo o sague de um touro sacrifcado em cima dele 96, em se
ão temos normações precisas 91
•
guida sai do sso, vermelho dos pés à cabeça; 4 ) durate vários dias só se alimeta
°
Vêse que, em suas grades lihas, a ciação os mistérios de Eleusis corres de leite, como um recémascido. Parecese, por coseguite, que o rito sagreto,
pode, quato à sequêcia dos ritos, à s cerimôas de mesma categoria que já exami o qual habitalmete se vê o batismo o setido cristão da palavra, equato rito de
amos Esta mesma sequêcia ecotrase igualmete a dratização da morte e remissão dos pecados, segudo o testemuho de iormadores afal de cotas re
do reascimeto do oviço a iciação ao orfsmo, às sociedades regiosas da Trá
'
, , cetes ( Clemete de lexadria, F irmicus Mateus, etc), tiha a srcem um seti
ia, de Dioiso, de Mitra 92 (iiciação por etapas), de Atis, de Adôis, de Isis, etc A do direto e material, a saber, o eóto saía esaguetado do sso como o re
iiciação a ateridade isíaca" é bastate conhecida, e a passagem pelos eleme cémascido sai esaguetado do corpo mateo
tos", de que la Apuleio, exprime, aida melhor do que a viagem pelo Hades 93 a ideia Por iuêcia dos cultos asiáticos, gregos e egípcios a comuidade dos cris
de morte do eófto, porque se admitia mesmo, ao que parece, que se decompuha, tãos, a pricípio uirme, dividiu-se pouco a pouco em classes que correspodem
paraAem seguida
mesma recomporse
ideia ecotraseeaida
rmarosumritos
ovo
de idivíduo
iiciação ao culto de Atis Lembro, aos graus dos mistérios 97; os ritos de amissão complicaramse pouco a pouc o e
ram sistematizados a ord baptismi (começo do século XI) e o sacametári o de
primeiramete, que Átis, como Adôis e em geral as dividades da vegetação, mor Gelásio. Graças à rápida disão do cristiaismo, chegou o mometo em qu e só ha
rem o outoo e reascem a primavera. As cerimôias de seu culto comportam: 1 º) via para batizar as criaças, mas o rital coservou por muito tempo um grade ú
a represetação dramática desta morte, com tabus erários (luto, etc), lameta mero de aspectos que só cov êm a um batismo de adultos É por coseguite este
ções; 2 ) o período de margem com suspesão da vida comum; 3 ) a ressurreição ou
º °
último que examiaremos aqui. O primeiro grau era o dos catecúmeos; a etrada
esse grau compreedia: 1 º) a exsuação, com uma rmula de exorcismo; 2 ) o si °
Cf FOUCART Op ci, I, p 4374 e II, p. 137-139 al da cruz a testa; 3 ) a admiistração do sal exorciz ado Corme se vê, estes ri
°
Cf. sobre estes acra e seu caráter, HAISON Op. ci, p. 158-161 tos ão são mais diretos, como acotece etre algus semicivilizados, mas são já
Por isso, dizia Plutarco: "iniciarse é morrer. Em compensação a iniciação nos mistérios órcos era aimistas, como etre certos egros e amerídios 98 ; o primeiro rito é um rito de se
" casamento sagrado ou um "nascimento sagrado.
Não preciso dizer que nem no conjunto ne� nos dealhes a teoria _de Foucart sobe ª. srcem egípcia
dos mistérios de Eleusis me parece admissível E a necessdade de expm!r por a o as deas de pass gem
de um estado a outro que condiciona as semelhanças nas quais Foucart ve emprestmos. Como explicar a AZER, J.G. Ani,At, Oi. 2. ed, p 229-230
exata semelhança dos ritos gregos, egípcios ou asiáticos com os dos australianos, dos negros bantos ou da Cf. mais adiante capítulo IX
Guiné e dos índios da América do Norte?
Cf. sobre a iniciação aos sete graus e a passagem da alma do neóto sucessivamente através das sete 6 Não isponho de espaço para discutir o taurobóleo e o criobóleo, mas parece-me que nenhuma das
eseras planetárias, as reerências e a discussão de CUMONT Op. cit., p 299-300 e 3 10 interpretações até aqui propostas poderia ser amitida, dados certos paralelos semicivilizados e o que i
zemos aqui sobre os ritos de passagem.
Sobre estas viagens ao país dos mortos, cf. FÉLICE, L. de L :u mond, myth t lnd, l pua Cf os trabalhos citados de Goblet d 'Alviella, S Reinach e Cumont, depois HATCH, E. Th in-
toir d aint Pac Paris, 1906, que entretanto não viu que estes mitos e lendas podem, em certs cs<s, unc of grk ida and uag upon th Chritian Church (Hibbert Lectures, 1888), Londres, 1904
ser apenas resíduos orais de ritos de iiciação, porque não se deve esquecer que, sobretudo nas cemoas e DUCHÊNE. L oin du cult chrétin. 3. ed, 1902.
de iniciação os velhos instrutores chees de cerimônias, etc., relatam o que outros membros da "soce
dade execuam. Cf etre outros �esMyth tLnd d:ali cap IMyth t Rit Para a teoria C, sobre as srcens destes ritos animistas, HTCH Op. ci, p 20, nota 1 e REACH, S Op. ci,
geral, c o capítulo VIII do presente volume t. II, p 359-361 (brnuntiao).
90 91
paraçã segund simultaneamente separa e agrega, equivalend à marcaçã era a bebida dada as recém-nascids, sem dúvida antes da apjadura da mãe. O
( y) ds mistéris gregs e d cristianism primitiv 99 ; terceir rit é um renasciment" era marcad fnalmente pr uma prcissã ds batizads, que leva
rit de agregaçã, de acrd sbretud cm a prece que acmpanha 100 Ve e vam círis acess, a Grande Luz, que lembrava a ds mistéris gregs e em td
segida períd de margem catecúmen, d mesm md que inciad s cas indicava que s mrts" tinham nascid para a luz d verdadeir dia".
pequens mistéris , pde assistir às assembleias religisas, tem um lugar e special da Tal é a encenaçã d ritual rman. As mesmas ideias e a mesma sequência en
igreja, mas deve retirarse antes d cmeç ds verdadeirs mistéris (mi ssa). Era cntram-se n ritual galican. Cntud, nã se deve esquecer que tda e sta sistema
submetid perid icamente a e xrcisms, de maneira a separá-l cada vez mais d tizaçã d ritual d batism é relativamente recente e que ns primeirs séculs s ri
mund nã cristã. Era instruí d prgressiva mente, abriam-l he s uvids". e ts eram mens numerss e mens cmplicads. Huve pdersa inuência d
pis de um últim exrcism vinha a eta: padre, tend umedecid ded de gnsticism, que também pssuía graus e rits de iniciaçã prgressiv s, que se in
saliva, tcava lábi superir e as relhas de cada catecúm en; s candidats des cluem em nss esquema ds rits de passagem 106 O batism cristã primitiv cm
piam-se, eram ungids cm ól e cnsagrad nas cstas e n peit 101 renuciavam ,
preendia 1º) um jejum 2 °) uma imersã u aspersã de ága cnsagrada. Pr utr
a satanás, juravam ligar-se a Crist e recitavam Credo. É fm d períd e mar lad, segund s lugares e as épcas, ram acrescentadas à sequência ndamental
gem, que cmpreende a mesm temp rits de separaçã e rits preparatóris de tdas as espécies de rits de detalhe (de purifcaçã, de exrcizaçã, etc.), sb a in
agregaçã; a duraçã deste períd nã era limitada; indivídu pdia permaec er uência de crenças e práticas lcais
nele até a véspera da mrte. E m se gida vinham s rits de agregaçã prpriaente Seria cil ainda mstrar cm ritual da missa é c nstituíd pr ma sequência
dits. Benzia-se a á ga 102, aspergia-se catecúmen, que se trnava assim renera- de rits de separaçã, de margem e de agregaçã. A única distinçã teórica entre a
tusreconcebido, de acrd cm s própris terms da raçã prnunciada pr oca iciaçã e a missa é que e sta é uma iniciaçã peridicamente renvada, assim cm
siã d rit seguinte 103 Os batizads tiravam suas rupas para vestir utras, bran sacrici d soma na Índia védica e em geral s sacricis que têm pr bjetv asse
cas, cm auxíli ds padrinhs e madrias 104 Reuniam-se diante d bisp, que s gurar curs nrmal das cisas tant cósmicas quant humanas.
marcava" cm sinal da cruz, rit evidente de aprpriaçã à divindade 105 e de Cm se sabe, a admissã a islã é eita pela circuncisã e recitaçã da fatiha.
agregaçãDepis
muã. à cmunidade ds féis. Sdemente
diss davam-lhes entã
beber uma s neófts
bebida erampucs
cnsagrada admitids à c
instan Entretant, estd dethad de narrativas de célebres cnversões e das variações
d ritual da circuncisã entre as diversas ppulações muçulmanas mtraria que ns
tes antes, eita de mel, á ga e leite, e que Usener aprxmu, errneamente segund lugares nde há tendência para um desenvlviment rital, pr exempl na Ásia Me
Duchêne, ds mistéris de Dinis, e a prpósit da qual bserv sbretud que nr, Cáucas, Ásia Central, Índia, esquema tripartite aqui expst distin gese
i galmente.
Encntrase ainda a mesma sequência pr casiã da passagem de uma religiã
Cf HCH. Op. ci, p 295 e nota.
1 DUCHÊNE Op. ci, p. 296297
para utra, cnsistind entã rit de separaçã na abjuraçã 107 • Quand d retrn
1 1 Cf. o rito Pueblo acima citado, p. 8, e a sequência na extrema-unção, que é um rito de passagem do
à religiã primitva, pr exempl n ritual cristã da pentência, penitente era cn
mundo dos vivos cristãos ao dos mortos cristãos siderad um cristã que, pr um mtiv u utr, perdeu sua niciaçã e se esrça
1 C DUCHÊNE Op ci, p. 3, 32, e DIETECH Mur Erd, p 45, cua interpreta pr recuperála. A instruçã religisa e s exames eram substituíds pr exercícis
ção sexual direta deve ser completada pelo to dos catecúmenos, assim como a criança brâmane, estarem ascétics": nã casar-se, rmper casament cncluíd, demitir-se de suas nções,
mortos e deverem ser novamente concebidos Observe-se que nas mais antigas igrejas cristãs o batisté
rio encontrava-se ra da igreja, de tal sorte que até a Idade Média os catecmenos, penitentes, re austeridade alimentar e suntária; em resum, penitente era muit mais separad"
cém-nascidos e os recentemente batizados deviam permanecer em uma região liminar. Aliás, os templos d mund pran que catecúmen. A penitência terminava pela impsiçã das
de todos os povos possuem assim um pátio, um vesulo, um paramento que impede a passagem brusca mãs eita pel bisp, pela cssã pública d penitente, que, em seguida, devia t
do prono ao agrado.
1 O verbo rnrar deve ser tomado em sentdo literal. mar lut u retirar-se para um cnvent, e neste cas a cerimônia de reagregaçã à
1 Nas perguntas eitas ao padrinho e madrina,
à e em suas respostas, é que melor se caracteriza a
destação primordial de todo este ritual. E conveniente comparar, deste ponto de vista, o ritual ortodo
xo com as práticas dos eslavos modeos. Não disponho de espaço para um estudo do parentesco especi
criado pelo apainhamento nos ritos de iniciação semicivilizados ou cristãos. 1 Cf entre outros D'ALVIELLA, G. Op ci, p. 45-46
1 Cf, sobre a passagem da condição umana à condição divina, FAELL Evoluon of lion. 1 Sobre o rital da abjuração do Islã, cf MONTET d l Hist ds Rel 906, t. LIII, p 45-63 e
)
Londres, 905, p 49; EINACH, S Op ci, t I, p 27. EBERSOLD. Ibid t LIV, p. 230-23.
92 93
comunidade dos féis compreendia a admoestação, uma oração de reconciliação" e, Nas cerimônias católicas de fiaçã o a uma ordem religiosa há sempre uma parte
na Espanha, a cerimônia daindulentia 108 •
que permanece fxada uma vez para sempre conorme o ritual, romno, gacano,
Passo aos ritos de iniciação às conrrias regiosas. Dexarei de lado as cerimônias etc., e uma parte que varia com a ordem religiosa. A ssim, a entrada nos carmelitas in
de entrada nas co rarias budistas, para as quais existem documentos cilmente aces clui ritos de nerais seidos de ritos de ressurreiço.
síveis 109, e citarei a da entrada na seita dos Sikhe11 0 • Consagra-se, por meio de pr eces, virgens e prostitutas sagradas para entrarem em sua nova sitação subme
á a açucarada, que é mexida com um pequeno pual. Joga-se e sta á a na cabeça e temse também a cermônia s construídas de acordo com o esquema dos ritos de pas
nos oos do neófto, que bebe o resto. Depois come, juntamente com os consagra sagem. Ei s primeiramente a sequência na consagração das vir gens católicas, segundo
dores, uma espécie particular de pa sta. I sto regenera o neófto", que, respondendo o Pontifcal Romano11 4 : 1 º) trazem-se as virgens reve stidas do hábito do noviciado,
às perguntas eit as, deve dizer, qualquer que seja sua nacionalidade, que na sceu em sem véus nem mntos nem capuzes"; 2 °) acendem seus círios e ajoeam-se duas a
Patna, que mora em Aiwalia, lugar de nascimento e residência do ru Govd duas; 3 °) três vezes se idas o pontífce dizhes: v de, e elas se aproximam dele em
Singh, que é fho de Govd Singh, o último dos dez grs dos Sikhe. Nas ce rôni três etapas; 4 °) colocamse de pé em círculo, e depois cada uma vem prometer-he
as de inciaço à seita chamar do Sinnârâyan há um noviciado de cinco dia s, após o consagrar sua virgindade; 5°) o pontífce perguntaes se aceitm ser abençoadas,
qual o neófto lava o dedo grande do pé do ru e bebe a á ga, distribuindo bolos aos consagradas e udas como esposas de N.S. Jesus Cristo": Queremos"; 6 °) o bispo
membros da conraria. lém disso queima-se cânora m, etc. canta o Veni Creator Spirituse benze os uros hábitos das virgens; 7°) despem seus
A iciação às conrarias muçumanas é chmada em Marrocos ouird, descida ao hábitos ordinários e vestem os outros; 8 °) o bispo benze os véus 11 5 em seida os,
bebedouro, to de dessedentarse, e o ato de beber ou de ingerir um líquido ou de anéis, e depois a s coroas; 9 °) as virgens cntam: Desprezei o reo do mundo e todo
recebêlo na boca é aí, com eeito, o principal rito de agregação. Para fliarse à ordem ornamento do século [... J meu coração já não se contém mais, é ao rei que sou devo
dos Ai ssaua o neófto abre largamente a boca e três vezes seidas o chee da cerimô tada. Aquele que vi"; 10 °) o pontífce reza e depois recita o vere dnum [... ]; recoloca
a cospee na garganta. A este rito centra acrescentam-se outros 112 •
a mitra e diz: ''vinde, ama querida, sereis meu trono, o rei procurou vossa união";
O ahd, ou rito de iniciação, no Ciro, sedo Lane, é aproxadamente o mesmo 1 1 º) avançam duas a duas, ajoelhmse e o pontífce coloca o véu na cabeça de cada
para as dierentes conrarias. O noviço senta-se no chão diante do xeque e ambos dão a uma, zendoo descer pe los ombros e no peito e o abaixa até os o hos, dizendo: rece
mo direita, levntndo os polegares, que aperta m contra o outro, tendo a mnga bei o véu sagrado como prova de que desprezastes o mundo e que [ ... os constitís
do xeque recobrindoe as mãos. O noviço repete após o xeque um certo número de tes em esposa d e Jesus Cristo"; 12 °) já recobertas com o véu, chama-as: ''vinde cele
vezes l as rmulas consagradas. Depois o novo iniciado beija a mão do xeque. brar voss as núpcias, etc.", e coloca o anel no dedo anular da mão direita delas, dizen
Estes ritos são idênticos aos do contrato de casmento, exceto o to das mãos do noivo do: Eu vos uno, etc."; 13 °) a mesma cerimôna é ita com a coroa; 14 º) cntos li
e do representnte da noiva serem escondidas embaxo de lenço. As rmulas são túrgicos, orações, aleluia, comunhão, bênção, e, nos conventos cujas monjas têm o
juríicas e o noivo só beija as mos dos assistentes se r de condição social inerior 11 3 direito de começar as horas canônicas e de ler o ocio na igreja, entrega riual do Bre
viário; 15 º) fnamente, entrega das virgens consagradas à abadessa. As ideias postas
em ação aqui são as se gintes: a separação com relação ao mundo prono, eita pela
1 DUCHESNE. Les oriines du culte chrétien.3. ed, p 434-445. mudança de hábito e pelo uso do véu; a agregação ao mundo divino, por um casa
1 C entre outros OLDENBERGLe Bouddh, s vie s cne, s co unut 2 ed Pars, 902; mento com Je sus Cristo, uma vez que o anel e a coroa são também objetos rituais do
sobre os rtos de nicação na seta budsta chnesaamaaLunghw, cf. DE GROOTectrinis nd
relious persecuon in Chin, t I sterdam, 903, p 204-220 casamento secular. Convém notar que os ritos de separação põem u termo à mar
11 OMN, J.C. Cults, cuss, supeonsIndi of Londres, 908, p. 95 gem (noviciado), marcada pela semirreclusão, havendo reclusão completa após a
111 Census ofndi 1901 Ethnographcal appendices, Cacutá, 903, p. 7 3-4 Um guru é uma espé consagração, e o noviciado, como a con sagração, assinalando também o ato de sepa
ce de padre, de diretor de conscênca e de moral, de coessor; lembro que na Inda não há clero organ rarse materialmente ( convento, grade, etc.) do mundo pr oano.
zado e herarquizado.
11 Cf. MONTET "Les conréres relgees de l'Islam marocain de Hst s Rel,902, t
XLV, p ; cf. ainda DOUÉ. Meâkech p 03, nota 3. Sobre a saliva como rto de agregação, 11 MIGNE ncyclédie théoloique, t XII. BOISSONNET,Diconnire des céréonies e t des rites s
HARTLND, S.Lend ofPerseus, t II, p 258-276 : mas cuspr em alguém é às vezes um rto de sepa crés (t. III),
col. 539-563.
ração. NASSAU Fetishis in est Aic. Londres, 904, p. 23 e de expulsão da comundade
TSGESJourn -lore o, N. Ser., t II ( 908), p 85. 11 Não exste descrção antiga destes rtos; em todo caso este velamento não tem nada com o véu,
substtuto da pele do carnero romana que se estenda por cima dos esposos na ocasão do casamento crs
11 LNE, EW Mnnersndcussofthe odegyptins,ed de 895, 8 , p 252-253 e 74-75
°
tão prmtivo
94 95
Não temos inormação pereita sobre o ritual da consagração das prostittas sa cerca de quarenta nobres de posição elevada pra serirem de testemunas Dois ce
gradas da Antiguidade 11 6 • Por isso mencionarei al s ritos indus Na casta dos kai es idosos aditam-se, tendo entre si o jovem, e o mais veo proclama em voz alta o
kôlans músicos, de Coinbatore, pelo menos uma moça de cada míia deve dedi nome e os títulos do antepassado que o pai deseja dar ao flo, sendo comumente os
car-se ao serviço do templo como dançarina, executante de música e prostituta A pri do avô O consentimento dos assistentes exprimese por pamas e gritos. Nova distri
meira série de cerimônias equivale ao noivado e a se da série ao casamento: o tali buição de presentes aos assistentes, e, se o pai é rico, aos plebeus que acorreram como
( equivalente do nosso anel) é amarrado ao redor do pescoço da moça por um brâma curiosos Depois vem a reeição em comum e o jovem não é mais conecido senão pelo
ne como se z no noivado e no casamento O tio materno amarrahe uma ixa nome e pelo títo assim adquiridos Como se vê, á aí a rmula semicivizada de
dourada em redor da testa e colocaa sobre um tablado diante das pessoas Por oca cerimônias que ram minuciosamente elaboradas em outros lugares, como na Europa
sião do primeiro coito coloca-se primeiramente um sabre durante al s minutos en Medieval (c. a semelnça com o velar das armas e o noviciado), no apão, J etc s
tre as duas pessoas, rito nupcial muito dindido na Índia Em suma, as cerimôas marcas exteriores são aqui as armas, a que correspondem para as classes totêmicas a re
de consagração à divindade só dierem em pequenos detahes das cerimônias nupciais presentação do totem, para as classes de idade e sociedades secretas as escarifcações, as
ordinárias O mesmo se z entre os kaikôlns tecelãos 1 7 Nas cerimônias de consa tatagens, etc A imposição dos brasões, ta como a marca totêmica, etc, é claraente
gração das basavis (prostitutas sagradas) do distrito de Beary, uma espada, repre um rito de agregação, do mesmo modo que "a marcação dos mistérios, só variando
sentando o noivo ausente, é colocada ao lado da noviça sentada, e ela seguraa com a as rmas se do os povos e o gênero de agrpamento restrito 1 2º.
mão direita Depois de vários ritos, levantase e vai depositar a espada no santário A sitação de pertencer a uma casta é por defnição ereditária lém disso, a cas
do deus Quando se trata de uma dançarina sagrada o noivo é substitído por um ta é profssionlmente especializada e cada indivíduo tem um lugar determinado em
tambor, e ela se inclina diante dele As basavis são ligadas pelo tali e tatadas com o uma ierarquia precisa 121 • Assim, a agregação à casta só se apresenta em condições
tcakra (disco rado no centro) e com uma conca 118 (turbinela rapa) . defnidas: 1 º) agregação da criança; estas cerimônas incluemse na categoria das ce
Classes, castas e profssões Apesar de a condição de pertencer a esta ou àquela rimônias da inncia estdadas no capítulo V Não é preciso di zer que a utilização ri
casta ou classe social ser ereditária assim como também pertencer a tais ou quais tual dos instrmentos especiais da profssão tem neste caso um lugar portante
grpos totêmicos, mágicoreligiosos, etc, é raro que a criança seja considerada mem Não é mais, como acontece nas populações sem castas, um rito simpático, mas um
bro propriamente dito, "completo, desde o nascimento Em idade que varia se verdadeiro rito de agregação do indivíduo a uma coletividade delimit da; 2 °) não se
do as populações deve ser agregada, medinte cerimônias que se distinguem das que pode passar de uma casta inerior a outra, superior, mas somente ir do ato para bai
ram á pouco mencionadas pelo to do elemento mágico-religioso ser nelas me xo Segue-se que os ritos de agregação ou se simplifcam ou mesmo giram, porque a
nor, sendo pelo contrário o elemento político-jurídico e social geral o mais importan onra é eita à casta inerior e não aos recém-cegados Por outro lado, algas cas
te Entre os Lekugnen da Colúmbia Britânica 11 9 á quatro classes: cees (eeditá tas em certas regiões da Índia são primariamente tribos Neste caso os ritos de agre
ria), nobres ( ereditária), plebeus e escravos Há endogamia de classe, protocolo rí gação parecem abstrair da avaliação eita com base na casta, para guardar apenas os
gido para a vida cotidiana (lugar na mesa, etc) A condição de pertencer a tal ou qual caracteres das cerimônias realizadas em outros lugares dierentes da Índia para a agre
classe é assinalada pelo nome, daí a cerimônia da denominação, sempre posterior às gação de um estrangeiro ao clã ou à tribo 122 ; 3 °) nalmente, os ritos de separação de
cerimônias da puberdade O pai organiza um grande estim, e, estando reunidos to sempenam aqui um papel importnte, embora o elemento consciente e voluntário
dos os convidados, conduz o lo, acompanado dos padrinos, ao teto da casa (o possa estar ausente Cada casta é separada das outras por tabus, e basta tocar um indi
interior é cavado no cão), depois canta e dança um dos cânticos e danças da aília. víduo de uma casta inerior, comer com ele, deitar-se em sua cama ou entrar em sua
Vem em seguida a distribuição de presentes em nome dos antepassados O pai pede a
0 Desenvolverei isto em meu trabalho "Débuts du Blason C por enquanto meérldstn d l
Não me ocupo aqui da prostituição sagrada temporária (Mylitta, Heliópolis, Antis); c HR rqu d prétéParis: Revue Héraldique, 1906
TLND, H.S.At th tpl fMyltAnthropologic Essays, presented to EB Tylor. Oxord, 1907, Consultese, sobre a teoria das castas, BOUGLÉ, C Essssur l ds csts Paris, 1908
p. 189-202.
Para casos deste gênero (reeição em comum, ri to de agregação alimentar especial), c RISLEY
THURSTON, E Ethngrphc nts n uth Ind Madras, 1906, p 2930. Bngl Calcutá, 1896, t. II, p
Th bs nd css f 41, 49, etc. Lembro que a agregação à casta pode
Ibid., p. 40; cf. ainda p. 41. azer-se ainda pelo casamento Nas tribos das Nilghiri His, a moça muda de casta com o casamento, de
HILLTOUT, C "Reporton the Ethnologyothe South-Eastern Tribes oVancouverIsland, Bri onde a cerimônia chamada "o sso tribal As mueres da tribo preparam uma reeição para a qual con
tish Comia"JuAnthr Inst, t. XVII (1907) p. 308-310 vidam a noiva, e deste modo separamna de sua casta primitiva, admi tindo-a na nova casta.
96 97
csa pr ser utomticmente expulso d própri csta, sem com isso, liás, tornrse um maem que o indivíduo tem de trvessar ntes de chegr à plen stisção de
gregdo à cst do indivíduo que se tocou. Acontece equentemente neste cso, por sus necessiddes em um país, em um époc e em um profssão determind 126.
exemplo em Bengl 12 3, que o indivíduo expulso d cst se toe muçmno por A clsse dos brâmnes, dos nscidos dus vezes", mrc trnsição entre c st
que o i slã, pelo menos em teor i e em l s regiões d Índi, não dmite hierr e profssão mágico-scerdotl. O termo nscido dus vezes" indic clrmente o
qui ds csts. D mesm mneir, indivíduos de tods s csts podem entrr ns verddeiro ppel dos ritos de pssgem, no sentido de que o brâmne que pertence à
corris religioss budists verddeirs ou ns seits", que são um meio-termo, e su cst pelo n scimento e é gregdo el por ritos d innci soe em seguid ce
em dversos grus, entre o dsmo, o brmnsmo, o buismo e o islã, como o ry rimônias de iniciação, ns quis morre pr o mndo nterior e rensce no mundo
smdj, o sinârâyni, etc. novo, e que e dá o poder de se entregr tividdes mágicoreligioss que deve ser
Por fm, entrd ns profssões supunh entre nós cerimônis especiis, que sua especiidde profssionl. Sendo um pdre-nto, não se pode lr d ordenção,
compreendim l s ritos pelo menos de ntrez religiosa, sobretudo, qundo s no sentido ctólico, do brâmne 127. Ms, pesr do que pens C. Bouglé 1 2, o novici
corporções concidim com conrris regioss de cráter especil. A prendz do e icição são necessários, sobretudo por cus d importânci ds rmuls e
gem outror, qundo não era um seprção do meio nterior, terminv por ritos de d mneir just de pronunciá-ls" no ritl brmânico. Nscese brâmne, ms é
gregção ( reição em comum, etc.). Como se sabe, o recrtmento ds corpor preciso prender pr gir como brâmne. Em outrs plvrs, no interior do mundo
ções er estritmente regulmentdo. Contudo, não se deveri crer que em nossos sgrdo no qul o brâmne vive desde o nscimento há três comprtimentos, um pre
ds tenhm desparec ido tods s brreir s no interior ds mesms profssões ou o minr, até upanayama(introdução junto o preceptor), outro lminr (novicido)
cios, ou entre os diversos ocios e profssões. Os obstáculos opostos à pssgem sem e o último pósliminr (scerdócio). A sucessão desses períodos para o brâmne é
dúvid nd têm de ritl, ms convém entretnto dizer qui ls plvrs e ste idêntic à que tem lugr pr um ho de rei semicivilizdo, um e outro evoluindo
respeito porque est nov rm corresponde à tendênci de que tmbém os ritos de sempre no interior do mundo sgrdo, o psso que um não brâmne ou m negro
pssgem são expressão, porém em outras bses. Assim, o judnte ( judnte de r qulquer não evoluem, exceto durnte períodos especiis (inicição, scricio, etc.),
reiro, judnte de mrceneiro, etc.) tende permnecer judnte tod vid, sem po senão no interior do mdo prono.
der pssr, sejm quis rem sus ptidões pessois, exceto em ocsiões excepcionis As cerimônis compreendem 2 9 tonsur, o bnho, mudnç de roups, to
(pelo csmento l as vezes), pr secção djcente (erreiro, mrceneiro, etc.). mad de posse do corção, mudnç do nome, o perto de mão. A crinç está mor
A rm gd dest tendênci mniestouse muits vezes nos Estdos Unidos, em t. O noviço (brahmacârin)está submetido tbus de tod esp écie. É instrído n li
rm por exemplo de lut entre os judntes de pedreiro e os pedreiros, qundo es tertr sgrd e prende s rmuls e os gestos. A união d crinç e do preceptor
tes últimos proibim os judntes servirem-se de seus instrumentos 2 4 (coer de pe identifc-se um csmento. Em seguid o preceptor concebe", no momento em
dreiro, etc.). Conorme C. Cornelissen 25, est distinção não depende ds ptidões que coloc mão sobre o ombro d crinça. No terceiro di, qundo recit savi,
pessois ( rç, hbilidde, etc.), ms de um espécie de pressão trdicionl que obri crinça renasce. Segundo outros textos o nscimento do brâmne ocorre no mo
g o indivíduo não progredir senão n estreit secção onde começou. O indivíduo é mento em que o scricio se inclin pr ele". ssim, o contrário do que i obser
prendiz de judnte de pedreiro ou prendiz de pedreiro, e tod vid ulterior de do ns cerimôias de inicição austrlins, congoless, etc., morte do noviço não
pende deste primeiro psso. M s no interior dos ajudntes ou dos compnheiros ps dur todo o tempo do novicido. A do brâmne prolong-se té um momento cu
sse com muit cilidde de um vst ctegori outr: de judnte de pedreiro époc os textos não defnem com precisão. Vem em se gid cerimônia do retor
judnte de tlhdor de pedrs, de crpinteiro mrceneiro ou ebnist. Por outro no" (samâvartna). O noviço de spoj-se ds insígnis do noviciado (cinto, bstão,
ldo, se exminrmos todos os níveis do slário levndo em cont todos estes tores pele de ntílope), jogndo-s n á g. Bnh-se e veste seus vestidos novos B Ei-lo 0•
verifcase que o scil entre dois extremos, mínimo e máximo, e que ind qui exste
6 Ibid, p 658
C BUOUF . Essai sur le Veda,p 2 83-285 e BOUG L É . Reime des cs,p 73-76
Ibid, p 77 Mnha interpretação concla os pontos de vista de Burnou e de Oldenberg
Cf. GENNEP, A van "Pourquoi on se it musulman au BengaleReue des Idéesde 15 de dezem
bro de 1908, p. 549ss. Cf OLDENBERG La relion du Pars, 1903, p 399-402.
124 Bull Bur. ofLabor,nov 1906 Wash., p 746-747 C OLDENBERG Op. c, p 350. Para outros detalhes, cf. HENRY, V. La magie dans /n an-
tique Pars, 1904, p 84-85, etc
CON ÉLISSEN, C. The du saire et duwavail salaéParis, 1908, p 1 73-201.
99
98
ento novamente agregado à sociedade sagrada geral, por se ter separado da margem, bispo consiste em ministrar o casamento. O bispo é eleito pelos padres; separação se
que também é sagrada xu durante dois meses; batismo, explcação em público dos livros sagrados; assis
Não insistirei sobre o noviciado e as cerimônias de ordenaço dos padres cató tência (rito obrigatório) à morte de um bom subba", que se encarrega de uma mn
cos e ortodoxos Nelas se reconhece a mesma sequência de ritos de separaço, de sagem para a divindade Avather; três dias depois, oraço por este morto; bênço
margem e de agregaço, mas sistematizada segundo diretrizes próprias 13 1 . A tonsu (rito obrigatório t bém) do casamento de um padre; o batismo de todos os padres
ra", que é ao mesmo tempo um rito de separaço e de agregaço, do mesmo modo é o rito fnal 133
que a tomada do v éu, porque é um sinal permanente, constiti no ca so o rito princi Com a niciação do mago entramo s em uma categoria de tos de caráter híbrido
pal Uma vez ordenado, o padre deve dizer sua primeira missa e este ato rital em al Com eeito, os magos, exceto no noroeste da América, se rmam numa espécie de
gns casos as sume também a rma de um casamento Muitas vezes combinase com classe ou mesmo de casta, no so submetidos a ritos de unio a determinado grupo
ritos nupciais locais, como se dá em certas comunas do Tirol 32 • A Igreja neles é per
1 humano Mas têm de agregarse ao mundo sagrado, o que só se pode zer pondo em
sonifcada por uma moça, irmã ou parenta próxima do padre, tendo de 8 a 12 aos ação o esquema dos ritos de passagem.
Como se sse uma noiva comum, as pessoas tent roubála", isto é, conduzi-la Quanto aos austraianos, remeto o leitor às ntes citadas em ma monografa de
para uma ho spedaria dierente daquela em que está preparado o banquete de núpcias Mass 134 , onde se verá que o mago atraino muda de personaidade, às vezes a pon
consecutivo à primeira missa Do-se tiros de espingarda, estouram-se bombas, can to de morrer para ressuscitar em seguida ( extraço de órgos, viagem em soho a um
tase canções nupciais, mesmo eróticas, embora por ocasio da reiço a presença outro mndo, etc). Oxamã url-altaico135 : 1º) desde a idade jovem é nervoso e irritá
dos padres amigos do cura e de seus ajudantes ou padrinhos seja de natureza a acal vel; 2 ) é possuído" em diversas ocasiões por espíritos ( alucinações, bias, eplepsia,
°
mar o entsiasmo ritual As autoridades eclesiásticas, por outro lado, consegiram transes, catalepsia, etc), de onde a ideia de mortes temporárias; )3retira-se para a o
°
zer desaparecer este costume em algumas dioceses, costmes que se mantêm entre resta, a solido, a tudra, etc, submete-se a diversas privações, a um enamento psi
outras na de Salzburgo cológico e neuropático; 4 ) aparecem-he cada vez com maior equência espíritos, an
°
Creio que exstem poucos grupos atuais a possuir um ritual tão exato do puro e tropomórfcos ou anmais, iigos ou protetores, isolados ou numerosos, que lhe en
°
do impuro quanto os Subba ou Sabeano dos arredores de Bagdá Por ocasio da pas sinam as coisas do ocio, etc; 5 ) ou então o xamã morre e sua alma vai para o país do s
sagem de um dos graus eclesiásticos a outro, o batismo desempenha um papel impor espíritos, dos deuses, dos mortos para aprender a topografa desse paí e assar os
tante, assim como em toda a vida dos noviços, diáconos, padres e bispos O noviço conhecimentos necessários a fm de domar os maus espíritos e trasrmar os bons em
deve ser fo legítimo de padre ou bispo, no possuir deito corporal Sendo julga ses ajudantes; 6 ) o xam retoa à da, renasce, depois entra em sua casa ou vai de
°
do digno, depois de um exame, recebe um batismo especial, estuda dos 7 aos 19 anos adeia em aldeia, etc Finalmente, to importante, mas no distntivo do xamanismo, a
e depois é ordenado diácono Ao cabo de seis meses ou um ano, se o povo reunido xamanzaço" ou conjto dos atos do xamã por ocasio de uma cerimôa compre
quiser, é ordenado padre Fechamno em uma cabana eita de caniços No deve ende a mesma sequência: transes, morte, viagens da alma ou outro mundo, volta, apli
manchar-se nem dormir durante sete dias e sete noites Troca cada dia de roupa e caço ao caso especial (doença, etc) dos cohecentos adquiridos no mundo sagra
deve dar esmolas ''No oitavo dia etuamse seus nerais porque é considerado do É, portanto, m equivalente exato do sacricio de tipo clássico
morto Depois disso vai ao rio acompanhado de quatro padres que lhe ministram o Eis agora a iniciaço de umpiayeCaraíba: 1º) vai viver com um veho" às vezes
batsmo" Durante os sessenta dias seguintes baha-se três vezes por dia Se tiver uma durante dez anos, até os vinte e cinco ou trinta anos submetese a provas, a um jejum
poluço notua deve recomeçar o dia, e os dias em que a me ou a muer têm sua prolongado, etc; 2 ) os antigos piayes reúnemse, cham-se em uma choupana, chi
°
menstruação no lhe so contado s tbém, etc Desta maneira, para alcançar o s ses coteiam o noviço e obrigamno a dançar até cair deslecido; 3 ) zem-no esvaziar
°
sena dias livres de toda mácula, é preciso às vezes quatro a cinco meses Tabus ali o sangue" por rmigas negras, obrigam-no a ir acima e abaxo" rçado-o a beber
mentares; esmolas O ato especial do padre consiste em ministrar o batismo O do
SIOUFFI, N Étud u la lion Soua, p 667
MAUSS, M VOin pouvoi magiqu dan l ociété aulinn.Paris, 1904
C, entre outros, BOISSONNET Op ci, col 98103 e co 1031043, as "ordenações ge 5 Este esquema é a substância de vários capítuos d e um ivro há muito tempo em preparaçãosbreL
rais que correspondem às circuncisões, casaments, etc, m�tipas sincrônicas Para os graus e o ritual Shamanim chz l pulation d FEu t d l �i ptnional,sobretudo de acordo com os docu
antigos (romano, galicano e oriental), cf DUCHENE. Op c, p 344-378 mentos russos, nandeses e húgaros Não é preciso dizer que as variações de detalhes entre os diversos
2 KOHL, Fr Di Ti ol Bauhochzit.Viena, 1908, p 781 povos são consideráveis
100 101
suco de tabaco; 4 ) é submetido a um jejum de três ano s, progressivamente menos ri
º
te ao seu predecessor . Em ambos os casos, tal como na iniciação e na ordenação, há
goroso, e absorve, de tempos em tempos, suco de tabaco ; o sentido interno desta
1 6
entrega e apropriação dos sacra, aqui chamados elia:tambores, cetro, coroa, relí
sequência de rito depreende-se das descrições de Von den Steinen: 1 ) e tenua-se e
º
quias dos antepassados" , cadeira especial, que são ao mesmo tempo o sinal e o re
14
ta-se a pessoa deslecida em uma e steira, transportase a pes soa com precaução para no Egito Antigo e o do hogon dos Nabbé na bacia do Níger . Nesta mesma categoria
sua casa, onde dorme três a quatro dias. Quando a pessoa voltou a si, daí em diante incluem-se as cerimônias da investidura, da entrega temporária dos poderes, etc. nda
está consagrada como sacerdote ou sacerdotizaesposa do deus. Chama-se os vizi aqui o mecsmo é condicionado pelaseparação com relação ao meio anterior e agre
nhos e vizinhas, az-se a cerimôa da lança" e o novo kiranga preside e ofcia pela gação progressiva ou imeiata a m novo meio, na srcem o meio sagrado.
primeira vez. Por con seguinte, pnose, morte, margem e res surreição. Esta ideia da Eis a sequência dos ritos por ocasião da entronização do raó, segundo a exce
orte momentânea é um tema geral da iniciação mágica assim como da iniciação re lente monografa de A . Moret . O turo raó nascia deus 5. Contudo, entre seu
1 14
ligiosa", observam com razão Hubert e Mauss que citam tos Esquimó, Chame,
139
nascimento e o momento da entronização devia ter perdido o caráter sagrado absolu
gregos, indonésios, melanésios e norteameríndios do mesmo gênero . A nós impor to porque o primeiro rito o tornava puro", isto é, o reagregava ao mundo sagrado e
ta-nos verifcar no detalhe destas cerimônias uma sequência idêntica às de muitas ou o reidentifcava com os deuses, entre outras coisas pela amamentação eita por uma 146
tras passagens de um estado para outro. deusa. Depois, o rei reinante apresentavao ao povo, tomavao nos baços e zia os
Tudo quato acaba de ser dito com relação aos sacerdotes e magos aplicase passes que dão o uido da vida. O rito segute consistia em dar os nomes reais, sa
igualmente ao chee e ao rei, cuo caráter sagrado, e às vezes divino, i bemposto grados e ivinos, e a assistência proclamava os nomes e ttulos do novo araó, e depois
em evidência por J .G . Frazer 0 . Por isso, as cerimôas de entronização ou de con
14 141
dispensava-se com grandes gritos e saltos (rituais ?) e era levantada a lista dos nomes e
vocação apresentam a maior semelhança nos detalhes essenciais e nas sequências com títuos a fm de que ninguém a ignorasse. Em seguida o rei proclamado recebia as
as cerimônias de ordenação. É possível considerar dois casos: ou o sucessor é entro coroas dos chees das c asas divinas", isto é, dos deuses, coroas mantidas por uma fta
zado enquanto o predecessor ainda está vivo ou só o é depois da morte deste último. sagrada. Ao mesmo tempo eram-e entregues as outras elia (gancho, chicote, ce
Às vezes mesmo a sucessão só se abre por um rito e special em que o sucessor dá mor- tro). Vinha em seguida a reunião das duas regiões" (Egito do Sul e do Norte) por
suas deusas que as transmitiam ao novo raó, o qual tomava posse delas mediante
6 ITAMoeurs des Suvesquns Paris, 1724, t. I, p. 3 30- 334; cf. nas páginas seguintes
outras descrições (Moxes, etc. ). Cf. meu bou, ot Md, p. 1 15 117, e, sobre as rl em geral como receptáculo do poderio
STEEN, K. vonden. Unter nNturlkeZenlBrslens 2 ed. Berlim, 1897, p. 297-298, real, FRAZER.Knshp,p. 120-124.
300-3 01 (Bakari, Auet, etc.). Cf. para uma boa descrição de sequências, P AS. Le scre et couronneent LousX précédé
VAN DER BURGT, R.P. J.MM Vnd et les Wrund(Extrait du Dconnre Krund) de recherches sur le scre s de Frnce depus Cvs, etc. Paris, 1775
Bois-le Duc, 1904, p. 107 MORET, A Du crctre releux de l ruté phonque. Paris, 1903, p. 75-113; mesmas se
HUBERT, H. & MAUSS, M. "Esquisse d'une théorie générale de la magi".nnée socoloque,t. quências e ritos de detalhe para a inauguração do templo; cf. MOT, A. Rtuel du culte dvn jouler
II (1904), p. 37-39 Paris, 1902, p. 10-1 5; cf. aindaibid., p 25-26, nota 1 .1 01, 29-32 e agravu ra em quatro quadros corres
FRAZER, J.G. he Gon Bouh e Lectures on the e h ofthe knshLondres, 1905 pondentes às quatro ses da sequência.
Prero este termo ao d e coroamento, uma vez queum assento especial é muito mais equentemen Sobre a teogamia, cf. Ruté phonque,p. 4952 e 5973.
te a nsígnia da realeza que uma xa ou uma coroa. 6 Sobre a amamentação dvina, ibid., p. 6365 e 222.
102 103
uma circumambulação, o rodeio do muro", da mesma maeira o moro que se or saber, pôr de lado um objeo ou um ser deermiado. Daí a ideidade de cero ú
ou deus omava posse" das moradias de Horus e de Si. O rei ia em se gida em mero de rios de dealhe.
procissão ao saário do deus e ese úlmo beijavao, dado-e o uido da vida", A ordem a qual classifquei as diversas sociedades especiais para examiar os ri
e, para coerir-lhe rç a, colocava-lhe o diadema a cabeça. É a csagração defii os de admissão elas vigees ão é baseada o acaso, mas a disição dos eleme
va, equivaee da rascrição dos omes e dos ílos. Eses rios d aam da mais aa os que as caracerizam. Iso sigica dizer que ão admio em a classifcação em
Aguidade e coservaram-se aé a época dos Polomes e parciamee a Eópia. as eorias de Schurz ou as de Webser. Ese úlimo auor sobredo vê degeerescê
Fiee, vham peregrações a diversos sauários, esas públicas a expesas do cias os casos em que vejo rmas de iício. Qu ao a Schurtz 49, fcou impressioa
rei, doações reigiosas, reparações os emplos, ec. Vê-se, porao, a cerimôia
come do pela oável semehaça que apreseam ere si os rios de iiciação as socieda
çar por um rio de separação do proao, couar pelos rios de agregação ao sagra des oêmicas, as aerdades, as sociedades secreas e classes de idade, edo co
do, rios de omada de posse do mdo dvio e erresre, sedo do iso ei o por ea clído dessa semelhaça a ideidade das istiições eumeradas. Seria possível ir
pas. F aam, por ouro lado, iormações sobre os perídos de m argem. loge esse co. O presee volume edo como objeivo mosrar que esses ca
Os Habé do plaô igeriao são goveados por hogons, de caráer ao mesmo sos, e em muios ouros, raa-se de uma caegoria pereiamee caracerizada de ri
empo poüico, jurídico e religioso, sedo ao sumo s acerdoes qu no rei eleios. os, semelhaes porque possuem a mesma falidade, cocebe-se que a eoria de
As realia são simulaeamee os crado emplo em que habiam e cosam de co Schurtz me pareça iadmissível1.
lar com uma opala, bracelee de erro a pea direia, ael de cobre a orea direia Durae odo o oviciado, os vículos ordários, ecoômicos ou jurídicos, são
e ael de praa o dedo médio da mão esquerda, marcas evidees da agregação à di modifcados, e às vezes mesmo cl aramee rompidos Os oviços fcam ra da socie
vidade; depois, uma begala especial, vesidos especiais, ec. Ni gém deve o dade, que deixa de er poder sobre eles, ao mais quao são propriamee sagrados
cálos, e seu ome aerior à eroização ão deve ser mais prouciado. Só hes e saos, por cose gie iagíveis, perigosos, como se ssem deuses. Dese
lam o veho di aleo Sarakolé, êm direio às primícias, são submeidos a um regime modo, por um l ado, os abus, equao rios egavos, levaam uma barreira ere
alimear especial. Há um hogo para cada ribo ou clã e um GradeHogo. O pri os oviços e a sociedade geral, e, de ouro lado, esa lima ão em deesa cora os
meiro é etrozado pela erega das isígias e codução ao emplo que daí em di empreedimeos dos oviços. Explica-se, assim, do modo mais simples do mudo,
ae lhe servirá de residêcia. Depois da more de um Grade-Hogo há rês aos de m o observado em umerosas populações e que permaeceu icompreesível
iervalo, sedo a more escodida ao povo. Em seguida aucia-se esa more, pe para os pesquisadores. E que durae o oviciado os joves podem roubar e piar
de-se a opiião da dividade, há grades esas e daças públicas, o Coseho procede do a seu goso, ou imear-se e adoar-se a expesas da comuidade. Basarão
à eleição e eregam-se as isígias ao ovo hogo. Acomp aado da mulidão dos por ora dois exemplos. Na Libéria equao por um lado os joves V ai são isruídos
digários e dos joves que daçam, o ovo hogo vai eão ao emplo da divida os costmes jurídicos e poüicos de seu povo, por ouro, o roubo ão parece ser
de, choupaa muio orameada que será daí em diae sua habiação sagrada. Ese cosiderado para os oviços equ ao ais como um delio, porque, sob a direção de
passeio é cosiderado como o corejo erário do hogo, porque desde a erada a seus proessores, eregam-se a aaques oros cora as aldeias da vizihaça e,
casa hogoal, depois de er omado posse dos siais da aaça", o servidor sumo sa pela ascia ou pela rça, roubam udo o que pode servir p ara ala coisa ( arroz,
cerdoe da dividade é cosiderado moro para sua amília" 47. baaas, galihas e ouros meios de subsisêci a) e carregam os produos do roubo
Correspodedo aos rios de iiciação ecoram-se os rios de baimeo, ex para a oresa sagrada", embora eham, ademais, planações especiais que hes r
pulsão e excomuhão, que são por essêcia rios de separação e de dessacrzação ecem os imeos ecessários15 . I gee, o Arquipélago Bismarck, os mem
Os da Igreja Caólica são basae cohecidos. Covém observar, coorme bem per bros do Duk- k e do Igie, durae as cerimôas de iciação, podem roubar e pi
cebeu Rob. Smih 48, que o pricípio da excomão e da cosagração é o mesmo, a
9 SCHURTZ, H. Altersklassem undMnnerbünde, p 392
5 Inaceitável, como demasiado estreita, é a teoria de razer,The Golden Bough, t I, p. 344ss, retoma
DESPLAGNES, LLe Plateau Cenal Nen.Paris, 1907, p 321-328; na tribo da panície da por Hubert e Mauss,Ei sur la nature et la fnction du sacce,Année socioogique, t II, p 90 da se
do Barasana, os Udio de Uol, as ceriônias são um pouco dierentes e incluem, entre outros, um rito de parata, que os ritos de inciação têm por objeto introduzir ma alma em um corpo. Se assim fsse, deve
recusa, a respeito do qual veja-se meu trabalhoRelions,Moeurs et Léendes, p. 13714. Também á o ríamos encontrar a série inteira de ritos precisos de mudanças de aas, anáogos aos de certas cerimô
hogon é considerado morto com reação a seu meio anterior as médicas
SMITH, R. Die Relion r Semiten, p 118-119 5 BÜIKOFER, J Reisebilde aus Liberia. Leyde, 1890, t II, p 30306.
105
104
lhar as casas e plantações à vontade, mas tendo o cuidado de deixar intactos os bens
dos outros membros da sociedade secreta 152 • Estas exações aiás tomaram aí, bem
como em toda a Melanésia, a frma de pagamento frçado em moeda local
CAPITULO VII
A quase generalidade do to de que se trata é aás bem coecida 53 , mas para
compreender o mecanismo dele no caso que inco convém lembrar que uma per O noivado e o casamento
missão geral, a suspensão da vida social marcam igualmente os interregnos no perío
do de margem entre os nerais provisórios e os denitivos É assim talvez que se ex
plica também, pelo menos em parte, a liberdade sex que ocorre, em um certo nú O noivado como período de margem Categorias de ritos que costituem
mero de povos, entre o começo do noivado e a terminação do casamento por apro as cerimônias do noivado edo casameto Caráter social e econômico do
priação da mulher a determinado homem ( Austrália, etc) Se a suspensão das regras casamento A margem entre os Kalmike (poliginos), os Toda e os Btia
comuns de vida nem sempre conduz a tai s excessos, nem por isso deixa de con stitir (poliandros) - Os ritos de separação: os ritos chamados de rapto. tos de
um eemento essencial dos períodos de margem solidariedade sexua restrita tos de solidariedade com base no
parentesco. tos de solidariedade locl - tos de separação -
Ritos de agregação. A extensão e a sigfcação do período de margem.
Os casamentos múltipos sincrônicos Semehanças entre as cerimônias do
casamento e as da adoção, da entronização, da iciação
Os ritos do divórcio
O presente capítlo é aquele para o qual são mais abundantes os documentos deta
hados,
em massão
revista ltam monograas
as mais dierentesexpicativas
Anda aquiedescobre-se
as nterpretações que devem
o esquema serde
ds ritos passadas
passa
gem e percebe-se a necessidade das sequências ritais Foi por terem considerado isola
damente os ritos, em lugar de comparar entre si cerimônias inteiras, que os teóricos
perderam-se em interpretações estreitas embora equentemente compicadas.
Vimos a crianç admitida à adolescência e à puberdade social O estágio seguinte
é a idade madura, que é mehor caracterizada pela ndação de a amíia Esta mu
dança de categoria social é extremamente importante porque acarreta � pelo menos
para um dos cônjuges, uma mudança de amília, de clã, aldeia ou tribo As vezes mes
mo os novos esposos vão viver em uma casa nova Esta mudança de domicílio é mar
cada nas cerimônias, de tal maneira que os ritos de separação reerem-se sempre es
sencalmente a esta passagem material
Por outro lado, dados o número e a importância dos grpos aetados por esta
ião socializada de dois de seus membros, é natural que o período de margem tea
tomado aqui considerável importância É este período que se chama comente noi-
vad . Em um grande número de povos frma uma secção especial, autônoma, das
1 Cf PASON, R Dreiss]ahre in der üdsee. Stuttgart, 907, p 60960. 1 O mehor estdo que conheço sobre o noivado, examinado ao mesmo tempo do ponto de vista rita e
13 Na Árica Ocidenta Fracesa a marca da iniciação é a circuncisão e o direito de roubo para os novi- jurídico, é o de CORSO, R "Gi sponsai popoari dest thnogr et ociol, 908, novdez.: con-
ços dura desde o começo da cicatrização do pênis até à cicatrização competa, ou seja, aproximadamente tudo, não se pode admitr a opinião do autor de que os ritos (beijo, presente, veamento, ramo de ores,
três semaas. LASNETMission au énal Paris, 900, p. 50 (Peu); 65 (Laobé); 77 (Toucoueurs); 89 cinto, união das mãos, ane, sapatos, troca de pão, de rutos, de vinho, etc., deitaremse os noivos um ao
(Mainké); 0 (Soninké); 27 (Kassonké); 45 (Sérres), etc. ado do outro, etc) team apenas um vaor simbóico. Ligam materialmente.
106 107
cerimônias do casamento. Compreende ritos de separação e ritos de margem e termi este rito é executado, mas ao menos de maneira geral. Apresentar a cada momento as
na por ritos de agregação preliminar ao novo meio ou de separação da margem consi provas que reuni conduziria a zer deste capítulo um volume.
derada como meio autônomo. Vêm em segida os ritos do casamento, que compre A complexidade dos ritos e os seres e objetos a eles submetidos podem variar con
endem, sobretudo, ritos de agregação defnitiva ao novo meio e equentemente, me rme o tipo de míia a constitir4. Mas de toda maneira, exceto no "casaento
nos do que se acreditava a princípio, ritos de união individual. Assim, o esquema dos vre, coletividades mais ou menos vastas estão interessadas no ato de uião de dois in
ritos de passagem é neste caso mais complicado que nas cerimônias já estdadas divíduos. As coletividades em questão são: 1 º) as duas sociedades sexais, às vezes re
Veremos as sequências em ação nas descrições eitas a seguir, cuo paralelismo con presentadas pelos rapazes e damas de hoa, pelos parentes mascuinos, de m lado, e
vém notar. Obseramos, também, este to, que toa inútl a discussão da teoria indi emininos, de outro; 2°) os grupos dos ascendentes, em linha paterna ou em lia ma
vidusta e de contágio de Crawley2 , que o casamento é m ato propriamente social tea; 3°) os grpos dos ascendentes nas duashas ao mesmo tempo, isto é, samíias
Al gs ritos classifcamse assim como i dito no capítulo I a propósito da gra no sentido comum da palavra, e às vezes as as em sentido amplo, nelas compreen
videz, do nascimento, etc., isto é, as cerimônias do casamento compreendem tam idos todos os aparentados; 4°) as sociedades especiais (clã totmico, aternidade,
bém ritos de proteção e de ecundação, os quais podem ser simpáticos ou de contá classe de idade, comuidade dos féis, corporação profssional, casta) a que pertencem
gio, animistas ou dinamistas, retos ou indiretos, positivos ou negativos (tabus). Foi m ou outro dos jovens, ou ambos, ou o pai e a mãe deles, ou todos os seus parentes;
precisamente esta categoria de ritos que mais tem sido estdada até agora Tais ritos 3
.
5 °) o grupo local (povoado, aldeia, bairro da cidade, grande zenda, etc.).
atraíram a atenção a tal ponto que se chegou a não ver nas cerimônias do casamento Lembro, além disso, que o casaento tem sempre acance econômico, que pode
mais do que ritos profláticos, catárticos e ecundadores. Convém reagir contra esta ser mais ou menos amplo, e ue os atos de ordem econômica ( fxação, pagamento,
simplifcação, cua estreiteza comprovase quando se lê com cuidado as descrições de devolução do dote, seja da moça seja do moço, preço de compra da moça, locação
talhadas das cerimônias do casamento em qualquer população, da Europa ou da Ári dos serviços do noivo, etc.) mistram-se com os ritos propriamente ditos. Ora, os
ca, da Ásia ou da Oceania, antiga ou viva, civilizada ou semicivilizada. grupos acima enumerados estão todos mais ou menos interessados nas negociações e
Tendo estes ritos sido bem estdados, posso dexá-los de lado nas discussões que nos arranjos de ordem econômica. Se a amília, a aldeia, o clã têm de perder uma r
se seguirão, fcando bem entendido que se situo no primeiro plano deste estdo os ri ça viva de produção, moça ou rapaz, que ao menos haja alguma compensação! Daí as
tos de separação e de agregação como tais, e suas sequências, não é porque desejo re distribuições de víveres, de vestidos, de joias, e sobretdo os numerosos ritos nos
duzir exclusivamente a este rito todos os elementos das cerimônias do casamento. Fa quais se "compra algma coisa, sobretdo a ivre passagem para a nova residência
rei, aliás, observar que os ritos de preservação e de ecundação parecem intercalar-se Estas "compras coincidem sempre com ritos de separação, a tal ponto que é possível
entre os ritos de passagem propriamente ditos ao acaso. Comparando descrições das considerá-las como sendo, ao menos parcialmente, ritos de separação propriamente di
cerimônias do casamento em uma mesma população, mas devidas a vários obsera tos. Em todo caso, o elemento econômico, por exemplo, o kalm dos trco-mongóis, é
dores, vê-se a sequência dos ritos de passagem apresentar-se com pereita constância, tão importante que o rito pelo qual fca defnitivamente concluído o casamento só se
só surgindo o desacordo no que se reere à data, lugar e detalhe dos ritos de proteção realiza quando o kalm i pago inteiramente, isto é, às vezes depois de vários anos.
e de ecundação. Ainda nesse caso, nem sempre estamos seguros da interpretação a Neste caso o período de margem aumenta, sem que, entretanto, as relações sexais
dar sobre cada rito de detalhe, e as duas enumerações adiante expostas devem ser con entre os cônjuges sejam atadas.
sideradas muito incompletas. Ver-se-á que a respeito de vários ritos rejeitei interpre Assim é que entre os Bacir os casamentos podem ser decididos enquanto os
5
tações admitidas, sem dúvida não absolutamente para cada caso particular em que tros cônjuges são ainda crianças. Há intermediários (que correspondem aos sa-
2 Cf. CRLEY. Myc Rose, p. 31 , 350, etc S Hartland viu bem o caráter coletivo dos ritos de agre 4 Eis a classicação de THOMS, N.W J(nsh and maae in Auslia Cabridge, 1906, p.
gação. A maioria dos outros teóricos da anília dearam de lado o estudo detalhado e sistemático das ce 10 109: A) Promiscuidade I , não regulamentada: a) primária, b) secundáia; II, regulaentada: a) pri
rimônias, sobretdo as do noivado. mária, b) secundária; B) Casamento III , poligmia, primária ou secundária, simples ou adéca, unilate
A atitude geral dos teóricos está bem caracterizada na seguinte ase de CROOKE, W. The Natives of ral ou bilateral; IV, polindria; V, poiginia, mesmas divisões, mas sempre unilaterais; I, monogmia;
Noendia.Londes, 1907, p. 06: "o casmento implica que as partes estão sob a inuência do tabu as três rmas do casamento podem ser matrilocais, de retorno e patrocais; II, a união livre e III, a i
e os rtos têm p or nalidade contrablançar seus perigos, sobret udo os que impedem a união de ser e gação ( com sanção social); todas estas rmas podem ser temporárias ou permanentes. Não parece que a
cunda Observarei que, dado o que i dito no capítlo I do presente volume, o "tabu não pode "ser um rma da amíia inua sobre a sequência dos ritos de noivado e do c asamento.
perigo, mas, em certo número de casos, é meio de preservação do perigo. NAZAROV, P. K etnograi Bashkir,Etnogratcheskoe obozrinie, s IV ( 1890), p. 186-189.
1 08 1 09
dos eslavos) qu e conduzem as negociações econômicas reerentes ao montante, data ao sogro durante mais de um ano. O rompimento da fta é um rito de passagem, es
de pagamento, etc. do kam ou preço de compra" da moça, o qul p ertence legal conder e acar a noiva um rito de separação do grupo sexl local. Como se vê o noi
mente a esta O acordo sobre o kalymé assinalado por uma reeição em comum se
6
•
vado compreende a união sexual, mas o cas amento enquanto ato social só s e conclui
guida de visitas recíprocas das duas mílias, com trocas de presentes dados pelos pa depois da liquidação das estipulações econômicas.
rentes, os migos e vizinos. Durante estas visitas á a divisão dos sexos em dois Cegase às mesmas conclusões estdando as cerimônias não mais de uma popu
quarto s separados. Terminada a troca dos pres entes, o noivo pode livremente ir ver a lação polígina, mas de uma população poliandra. As etapas" caracterizam-se com
noiva na casa desta, e viver em sua casa, se abita em uma outra aldeia, sendo outrora tidez nas cerônias dos Toda, descritas em detalhe por H. Rivers7• Porém, para
a única condição: 1º) que não devia mostrarse à sua sogra; 2 ) que não d evia ver o
°
compreendê-las, conviria entrar em longos detaes sobre o sistema de parentesco e o
rosto da noiva, razão pela qul via de noite. A criança na scida durante este período sistema de clãs entre os Toda. Lembro somente que estas cerimônias começam antes
de margem era confada aos cuidados da mãe da moça. Em resumo, as relações entre da puberdade e prosseguem até depois da gravidez8 . A seguir citarei a sequência des
os dois jovens são propriamente maritais e nada pode quebrá-las senão a morte". sas cerimônias entre os Botia do Tibete Meridional e do Siquim: 1º) os magos deter
Neste último caso avia levirato tanto de um lado quanto do outro. minam se o casmento proetado será vorável; 2) os tios da moça e os do rapaz reú
°
Obserarei a este propósito que o levirato dase não somente em rzões de or nem-se na casa do rapaz, depois vão à da moça e pedem-na em casamento; 3 ) se os °
dem econômica, mas também em razões ritais. Havendo um novo membro agrega presentes que levam são aceitos (cerimônia de nangchang) , o negócio está concluído.
do à mília é preciso cerimônias especiais para sair dela. Ora, o novo vínculo ligou Determina-se o montante do dote, e 4 ) oerecese aos intermediários uma reeição
°
não somente dois indivíduos, mas antes de tdo duas coletividades, que se esrçam ritual acompaada de orações ( cerimônia camadakhelen). Após estas duas c ermô
agora por conserar sua coesão. Isto observa-se também nos ritos do divórcio. nias, que são, como se vê, ritos de agregação das duas amílias, o rapaz e a moça po
Voltando ao Backir. Quando o kalym i pago integramente, o que às vezes só dem ver se em completa liberdade; 5 ) um ano d epois vem a cerimônia nyen: é uma
°
acontece depois de vários an os, o pai da moça organiza a ex pensas do jovem um ban reeição ( a expensas dos parentes do noivo) a que assistem todos os aparentados dos
quete ao qual são convidados todos os membros das duas amílias e o mulla ( padre °
guinte a moça em compaia de seus amigos vai despedir-se de cada membro de sua da pakh; os pais da noiva entregamle seu dote ( o dobro do qu e i pago para
amía. Sobe num trenó e vai viver na amília do marido Não deve mostrar o ro sto
111
1 10
obtêla ou mais) e é conduzida em grupo à casa do noivo , onde desta vez permanece rico (portanto dinâmico), ecnômico, sentimental. Daí as práticas pels quis os que
defnitivamente9 • As cerimônias do noivado e do casamento duram, portnto, entre se tornam mai s rtes compensam em certa medida o enraquecimento dos meios aos
os Botia, ao menos três anos. quais estão ligados por vínc ?s de consnginidade, de conacionalidade, de reciproci
Tratando dos ritos de separação devo lar primeiramente de uma classe inteira dade, atais ou em potência. E a resistência oposta pelos meios etados que se exprme
de ritos, muito semeantes uns aos outros , geramente considerados como sobrevi pelos ritos chmados de rapto. Conorme o vaor atribuído ao membro que parte, a re
vências do casmento por rapto" 10. Esse procedimento de união social peranente só sistência será mais ou menos viva, e também conorme a riqueza comparada das partes.
muito raramente i encontrado em rma de instituição, sendo preciso aceitar sem As compensações tomarão a rma de dote, de presentes, de estns , de regozijs púbi
contestação possível a opião de E. Grosse, que é uma rma individul esporádica e cos, de inheiro dado para a compra de tal ou qual obstácuo oposto à partida pelos in
anormal. Além disso, as mueres assim obtidas por grupos inteiros, por exemplo, teressados. Finamente, devese levar em conta sentimentos que, sem ser tão expressos
durante as razias, tornmse em se gida escravas ou concubinas, que serão sempre, como entre nós na literatura e nas rmas popares, e xistem igmente nos semici
em regra geral, inerior es às mulheres do mesmo clã ou tribo que os raptad ores e às viizados. Quando uma moç separase da mãe hálágrimas vertidas que, sendo muitas
quais este s se unem por cerimôas especiais que não são executadas quando se trata vezes ritais, nem por isso dexam de corresponder a m sentimento rea de pesar As
de muheres de outras tribos ou clãs tomadas à rça. compheiras e companheiros dos tros espos os podem também sentir pesar e ma
Por outro lado, se dois namorados querem casarse contra a vontade de suas niestálo segndo modos às vezes muito dierentes dos nossos.
mílias ou contra regras sociais que lhes parecem mais ou menos inúteis ou absurdas, Dito isto, resumo uma das descrições que ram mais equentemente citadas
em geral há acomodação. Ou as pess oas se inclinam diante do to consumado ou se para servir de prova à teoria de um antigo casamento por rapto". Tratase da descri
executa uma parte das cerimônias. Mas o conjunto dessas cerimônias nem por isso ção das cerimônias do casaento entre os árabes do Sinai eita por Burckhardt 1 : 1 º)
deixa de existir em rmas estáveis para todos os que concluem um casamento de o jovem e mais duas outras pessoas moças agarram a moça na montanha e condu
acordo com os costumes ordinários da tribo. D essa maneira, a pretensa instituiç ão zemna à tenda de seu próprio pai; 2 °) quanto mais a moça se deende mais é aplau
do casamento por rapto ndase não em tos observados diret amente, mas na in dida pelas companheiras"; 3 °) os jovens colocamna à rça no aprtamento das mu
°
terpretação de toda uma categoria de ritos especiais que não se sabia como explicar eres; 4 ) um parente do turo cobrea com um° pano e exclama: Ninguém senão
de outra maneira. ( e dá o nome do tro esposo) te de scobrirá"; 5 ) a mãe da moça seus parentes
Basta ler sem preconceito descrições detaladas e aproximar os ritos de rapto" vestemna cerimonimente; 6°) é colocada sobre um camelo, mas continua a deba
dos ritos anáogos da iniciação para compreender que se trata realmente com eeito terse enquanto os migos do noivo a segram; 7 °) obrigamna assim a dar três vezes
de um rapto, mas não no sentido amitido de uma sobrevivência de institição. Não a volta à sua tenda e suas companheiras lamentamse; 8°) em se gida é conduzida ao
h sobrevivência neste assunto, ma s to atual, repetido em cada iniciação e cada casa apartamento das mulheres da tenda do noivo; 9 °) se esta tenda é astada, ela chora
mento, assim como em cada morte, e que consiste n mudança de meio e de estado durante todo o caminho. Visivelmente tratase aí de uma sepração da moça do gru
de determinados indivíduos. Casarse é passar da sociedade inntil ou adolescente po rmado pelas moças do lugar de srcem. Para que houvesse sobrevivência de rap
para a sociedade madura, de certo clã para outro, de uma mília para outra, e muitas to seria preciso que tod a mília e toda a tribo da moça res istissem às intençõ es da
vezes de uma aldeia pra outra. Esta separação do indivíduo de certos meios enra tribo, da amília e dos companheiros do moço. Em vez disto, são apenas duas classes
quece estes meios, ma s rerça outros. O enaquecimento é ao mesmo tempo numé de idade que estão representadas na luta.
Frequentemente é assim, ma s muitas vezes também as que dão apoio à moça são
não somente as moças, mas todas as muheres , jovens ou veas, casads ou viúvas, de
9 EARLE, ANote on polyandr in ikkim and ibet Census ondia, 190 1, t I, parte I, Apêndce V, p sua parentela ou da tribo. Neste cas o, que é o dos IZhonde, conorme se verá adiante,
IIX
0 POST. AkanicheJurisprudenz O'denburg e Lepzg, 1887, t I, p 324, dstgue: A, o rapto con não se trata mais da solidariedade de classe de idade, mas da solidariedade sexual res
tra a vontade da moça 1 ) pela guerra 2 ) por um jovem e seus amgos, na trbo ou ra dela; B, depos
º °
trita Não conheço caso em que a solidariedade sexual seja gera, isto é, em que as mo-
de acordo entre os nteressados 1 após a estpulação de que o casamento será realizado em segda; 2 )
° º
ças e muheres da míia , do clã e da tribo do rapaz opoamse por seu lado à entrada
após entendimento entre as duas famías; C, como "jogo de casamento. Vê-se que os três últmos casos
são smpesmente rtos, que os dos prmeros são ndvduais e esporádcos e que enm o prmero rne
ce escravas, mas não mulheres usurutuáras dos dretos trbas WESTERMARCKin of human
maage, 189 1, nada acrescenta aos pontos de vsta de Post, assm como também não os outros hstora
dores da famla para documentos sobre os rtos do casamento na Áca, c POST Ib, p 326-398 BURCKHT Voyage en Arabie, t III, p 190ss
1 12 1 13
da noiva. Basta isto para derrbar a teoria de Crawley, que viu 2 , depois de Fison,
1
Vêse que não somente o preço de compra" (kalym) da nova é mplamente
Westermarck , E. Grosse , que a sobrevivência do casamento por rapto" é uma
13 14
compensado pelos presentes que lhe dão obrigatoriamente, mas são os representan
antasia, mas pretendeu que é primordiente ao sexo, e não à tribo ou à amíia, tes da nova sociedade sexal restrita que arrancam à rça a moça da sociedade onde
que a moça é arrancada" Não pode ser arrancada à sociedade sexal nem pror
15
•
passou a adolescência. Entre os Khonde da Ínia Meridional 7, o partido da moça
dialmente" nem secundariamente, porque não muda de sexo. Mas abandona uma compreende não somente suas companheiras", mas as jovens da aldeia". Quando
certa sociedade sexual restrita, amiliar ou local, para ser agregada a outra sociedade
tudo i combinado entre as amílias, a moça é vestida com uma azenda vermelha e
sexal restrita, amiliar ou local. Isto se obsera no sente rito dos Samoieda . Os l6
Samoieda procuravam uma moça em outra amília dierente da sua" (exogamia de levada pelo tio materno à aldeia do noivo em companhia das moças de sua deia; o
cortejo carrega os presentes destinados ao noivo. Este, acompnado dos rapazes de
clã) Um intermediário trata da s negociações do kalym, que pertence metade ao pai e
metade aos outros parentes da mher casada; reição do sogro e do jovem; o pai sua aldeia, todos armados de varinhas de bambu, colocou-se no camino As muhe
prepara o presente do dia seguinte ao das núpcias". No ia fxado o pretendente, res atacam os jovens a golpes de paus, pedras, torrões de terra, contra os quais os jo
acompanhado de várias meres estranhas à amía da moça, vem buscar sua mu vens se deendem com seus bambus. Pouco a pouco as pessoas se aproximam da deia
er. Visitamse todos os parentes que participaram do kalym; estes dão um pequeno e em seguida a luta cessa. O tio do noivo toma a noiva e a leva para a casa deste últi
presente aos esposos. As mheres trazidas pelo marido seguram a recém-casada, co mo. O combate é apenas um jogo, e equentemente os homens são eridos grave
locam-na à rça em um trenó, amarramna e partem". Aontoamse os presentes mente". Em seguida vem a reeição em comum a expensas do noivo. Este rito encon
recebidos nos trenós; o recémcasado vai no último. Chegados à iurta dos esposos, a tra-se em todas as tribos Khonde com variantes de detalhes. Cito-o porque Thurs-
. .
ton 1 8v ne 1e " um exce1 ente exemp1 o d o antigo costume do casmento por rapto".
jovem prepara a cama para ela e seu marido, deitamse na mesma cama, mas as rela
ções sexais só se realizam um mês depois. O marido dá um presente à sogra, se sua Ora: 1º) é o patido da noiva que az o do noivo recuar ; 2 ) há luta entre dois grpos
°
mulher era virgem. Depois periocamente a moça vai ver o pai e em cada vez este de sexo e localidade dierentes. Ta é o motivo pelo qual vejo aí um rito de separação
deve darlhe muitos presentes ( compensações pelo kalym). Em caso de morte de sua da moça de seu grupo sexua anterior, tanto de idade quanto de mília e de aldeia. Fi
1 15
irmãos, depois havia uma reeição em comum e o casamento estava consumado 19. põe aos homens e mulheres das duas amílias. Assim cria-se um novo estado de equi
Como se vê o ato sexal é independente da união social. Há primeiramente ritos de líbrio dos grpos sexuais.
agregação individual, um período de margem, um rito de separação e um rito de Como ritos de separação citarei, além dos ritos de rapto" dos quais acabo de
agregação sociais, e fnalmente a compensação pela perda soida pelo grupo amil lar: as mudanças de vestário ; esvaziar um pote de leite e azer arrebentar três bagas
ar20, sendo este ndado sobre o sistema totmico e classifcatório. Ent retanto, a mu (Gaa); cortar, quebrar, arremessar a ga coisa que tenha relação com a vida da in
lher não se toava membro do clã do marido, que era proprietário absoluto dela ância ou dos ceibatários; desazer o penteado, cortar, raspar os cabelos, a barba; e
uma vez que a pagou"21 . char os oos; tirar as joias; dedicar a uma divindade os brinquedos (bonecas, etc.), as
Entre os Ostiake do Irtisch22, logo que o cortejo nupcial põe-se em marcha para ir joias, a roupa de criança; perração prévia do hímen e todas as outras mutilações;
à aldeia do jovem, os rapazes da aldeia d a noiva prendem seu trenó com ma corda, quebrar a pequena corrente chamada da virgindade; desatar o cinto; modifcação das
que só soltm quando recebem m presente em deiro lançado pela noiva. Mas comidas e tabus alimentares temporários; distribuir entre os amigos de inância os
prendem-na de novo, recebem ada eiro, e depois recomeçam e só na terceira brinquedos, joias ou distribuir a eles lembranças"; bater, injuriar os companheiros
compra dexam partir o trenó Lembro que as mulheres são em número insuciente de inância ou ser batido, injuriado por eles; lavar os pés ou mandar que outros os la
entre estes Ostiake que se veem rezidos aviver em nião livre com mheres rssas. vem; tomar banho, untarse, etc, estragar, destrir, transportar a lareira, as divinda
Frequentemente e isso é um to sobre o qu al chamo a atenção os vínculos do des, os sacrada amília primitiva; echar as mãos, crzar os braços, etc.; cobrir-se com
moço ou da moça com seus ambientes anteriores ( de idade, sexo, parentesco, tribo) um véu, encerrar-se em uma liteira, um palanquim, uma carruagem, etc. ; ser empur
são considerados tão poderosos que é preciso agir com cautela para rompê-los. Daí as rado, maltratado ; vomitar, etc.; mudar de nome, de personalidade; submeter-se a ta
gas e perseguições múltiplas, na oresta ou na montanha, os pagamentos de dote bus temporários ou defnitivos de trabalho, sexais, etc.
ou compras por ações, as repetições dos ritos. Às vezes, igaente, a agregação aos lém destes, incluo nesta categoria dois ritos mais complexos. O rito que consis
novos ambientes ( amília, classe social das mulheres ou dos homens casados, ou dos te em azer passar todo o cortejo, ou os noivos, ou somente um deles por cima de al
indivíduos que perderam a virgindade, clã, tribo, etc.) não se realiza à primeira vista ga coisa, pode sem dúvida ser interpretado de diversas maneiras, ou pelo menos
Durante m tempo m ais ou menos longo o recémchegado é um intrso, sobretudo depreende-se das descrições que um ato à primeira vista idêntico não é concebido
com relação à amília restrita. É por este aspecto que explico os tabus do sogro e da como tal pelos participantes. É possível passar por cima do obstáculo� e neste caso,
sogra para o genro e a nora, as utuações de estado da muer até a gravidez ou até o quando se trata da moça, pode ser um rito de ecundação. Dáse um pulo, e neste
nascimento de um fho. Às vezes é preciso cimentar a união das duas amílias, já esta caso pode ser que seja para satar de um mundo para outro, de uma amília para ou
belecida pelas cerimônias anteriores à ligação sexal dos cônjuges, mediante novos tra. Tocase, ou não se toca, o obstáculo, e este pode ser um rito de passagem, de e
presentes, estins em comum, em resumo por uma série de cerimônias posteriores ao cundação ou de sacralização (preseração). O indivíduo é erguido no ar, sendo então
casamento e que duram, por exemplo, sete dias no norte da Árica Das descrições ei um rito de passagem, do mesmo modo que, quando se quebra um obstáculo ( corda
tas p or Gaudeoy-Demombynes 23 relativas ao Tlemcen depreendese que os ho atravessada na porta, barreira na soleira, etc.) ou quando se derrba uma porta, ou
mens das duas amílias, por um lado, e em seguida todos os homens, as muheres das quando se z com que a abram mediante gestos coercitivos ou rogos Em resumo, o
duas amílias, por outro, e depois todas as mulheres agregam à sua sociedade especial estdo deste rito só pode ser ito reproduzindo os documentos detaados 24.
o novo homem e a nova muher. Em Constantina parece que esta agregação só se im- Da mesma maneira o rito da noiva ou dos noivos substitídos 2 em als casos,
segundo acredita Crawley, pode ter por objeto deslocar o perigo da inoculação",
mas, segndo descrições detaadas, creio que na maioria das ve zes o rito tem por f
nalidade evitar o en raquecimento dos grupos interessados (classe de i dade sexual, -
ADDON, A.C. Cambde antholoical xedition to To Sits, t. V ( 1904), p. 223-224; cf.
ainda p. 224-229 e t. (1907), p. 112-119
C. esta ideia expressa, ibid., p. 225 Cf., para os documentos as reerências e as teorias dierentes da minha: HATLD, S of
Lend
Perseus t I, p. 173ss; CRLEY, E.Myc Rose,p 337; CROOKE, W The lng of the bride
Para as "compensações de ordem econômica, cf ibi, p. 230232. Folk-Lore, t. XI (1902), p. 226-244; TRUMBULL. e thresho cenant p 140-143.
PATKANOV, S.Die rsch-Osaken,t. I. St-Pétersbourg 1897, p. 141. C pa ra os tos, entre outros, HEPDG H.Die falsche Braut Hessische Bltter r Volkskunde t.
GAUDEFROYDEMOMBNESLes cérmonies du mariage chez les indnes de 'Ae Paris, V (1906), p 161-164; THURSTON, E Ethnogr Notes in South India. Madras, 1906, p. 3 29; no
1901, p. 71-76. tar-se-á que neste caso é o casado que vai habitar na casa de sua mlher e, por isso, é ele o substtuído
1 16 17
míla etc.) procurando entregar ou unir indivíduos de menor valor social geral e so Como rito de agregação especia assinalarei o casamento com a árore" que
bretudo econômico (moça ou muer velha rapazinho etc.) o que se caracteriza pe tantas vezes intrigou os teóricos. É ciente inteligível quando nos lembrmos que
las zombarias dirigidas aos substitutos e pelas riosas reclamações dos amigos e pa o casamento em certos casos por exemplo entre os Kol de Bengaa 30 é uma cerimô
rentes do noivo e da noiva 26. nia de iciação enquanto agregação no clã tot êmico. Atualmente o casamento é ce
Chego agora aos ritos de agregação. Muito equentemente nas descrições deta lebrado entre 16 e 18 anos para os rapazes entre 14 e 16 anos para as moças mas ou
lhadas que nos são dadas das cerimônias do casamento por diversos observadores es tr�ra era realizado em idade be mais adiantada. Os tos para os quais desejo cha
tes tomaram cuidado de notar qual é o rito que tem maior alcance e que toa defni mar a atenção são os segintes: as almas dos mortos vão para uma região especial
tivo o conjunto das negociações. Habitualmente este rito é a reeição em comum mas as crianças não podem ir para aí porque não t êm alma nem mesmo podem tor
consecutiva ao último pagamento do kalym ou do dote; ou então é uma reeição em nar-se demônios. Até o casamento a criança não está submetida aos tabus amentares
comum sem conexão com as e stipulações econômicas; ou ainda é a participação cole de seu clã e pode ter relações sexais sem se preocupar com a regra exogâmica. É o ca
tiva em uma cerimônia propriamente religiosa. É possível entre os ritos de agrega samento que lhe dá uma alma agregandoa ao clã. Os clãs Kol são totemistas. Os
ção distin gir os que têm alcance individua e unem uma à outra as duas pessoas jo principais totens são a manga e o mahua (bazzia latilia ). Um dos ritos do ca samen
vens consistindo em: donativo ou troca de cintos de pulseiras de anéis27 das roupas to Kol consiste em casar primeiramente por meio de um beijo o rapaz à manga e a
usadas; amarrar uma à outra com um me smo cordão; tocarem-se reciprocamente de moça ao mahua. Este conjunto de tos levame a pensar que no casamento fctício"
uma meira ou de outra 2; utilizar os objetos que pertencem à outra (leite betel ta é preciso ver não uma transerência de personaidade para asse grar o sucesso da
baco utenílios profssionais etc.); oerecer à outra al a coisa para beber ou co verdadeira cerônia" 3 mas um rito de iniciação ao clã totêmico entremeado nas
mer; comerem juntas (comunhão conarreatio); envolverem-se no mesmo vestuá cerimônias do casamento que em conjunto entre os Kol são cerônias de entrada
rio, véu etc.; sentarem-se no mesmo assento; beberem o san ge uma da outra; co no clã. Um indivíduo excído do clã por esta ou aquela razão pode voltar a ele reu
merem uma mesma i garia ou em um mesmo prato; beberem um mesmo lquido ou nindo representantes das diversas aldeias e mandando o padre de sua aldeia sacrifcar
no mesmo recipiente etc.; darem massagens iccionarem-se untarem-se (san ge uma cabra branca ou um boi branco do s quais bebo um pouco de san ge ou com o
argila) lavarem-se uma à outra entrarem na nova casa etc. Estes são propriamente g
ritos de uão. Os ritos de agregação têm signifcação coletiva quer li gem um ou asan
carnee dos quaispor
comida asperge
todosaoscobertra de sua casa
representantes do clãinvocando
32. o deus-sol sendo depois
outro dos indivíduos a novos grupos quer unam dois ou vários grupos. Nesta cate Todos estes ritos de agregação não devem ser tomados em sentido simbólico
29
&oria entram: as trocas de presentes as trocas de irmãs ( Austrália; Bassa-Komos da mas em sentido estritamente material. A corda que liga o anel a pulseira a coroa que
rica Ocidental etc.) a participação em cerimônias coletivas como as danças ritais cinge etc. têm uma ação real coercitiva. Deste ponto de vista são muito interessan
os banquetes do noivado e de núpcias as trocas de visitas as viagens de viitas vestir tes os ritos relativos à soleira 33 e às portas. Passa-se por elas violentamente ou com o
a roupa das mulheres ou dos homens casados ou adultos; para a mulher estar grávida consentimento do s habitantes do mndo no qul se penetra. Ass é que na Palestia
ou dar à luz. A s ritos são ao mesmo tempo individuais e coletivos. Assim a acei a moça aproxima-se da casa de seu turo esposo levando um jarro cheio de á ga na
tação de um presente tem poder coercitivo não somente ara o indivíduo que o acei cabeça. O noivo derruba o jarro no momento em que a moça transpõe a soleira. Não
ta mas também para os grupos a que pertence. Frequentemente este rito é o primeiro há neste caso uma ligação conorme acredita Trbull mas o gesto de separação do
entre os que se praticam no noivado. antigo meio e agregação ao novo mediante ma espécie de batismo. Da mesma ma
neira na Ilha de Scarpanto quebra-se uma vara colocada atravessada na porta. Cha
6 Cito, como indicação, os tabus da so gra para o genro, do sogro para a nora, etc., onde Tylor queria
verum ctngum rito de separação(oAnth nst,t XIII ( 1887), p. 246ss.), mas que Crawley, H, F Einhng indas Gbit d JlsissionGutersloh, 1907, p 7482, 8788 Os Kol são
op cit., p. 406, inclui na categoria mais vasta dos tabus de soidariedade sexal. uma seção dos Munda.
Sobre o poder coercitivo do anel nupcial como tema de lenda, cf STVES, LsP.saints sccss- CRWLEY Th Myc Ros,p. 340 341 O rito de casamento com a árore, descrito por Dalton,
s ds dix.Paris, 1907, p 255257 Ethnolo ofBngal,p. 194, teria, segndo H.H. Risley, Cnss ofndia, 1 901,t. I, EthnogaphicAppndi-
Em detaes: juntar as mãos, entrelaçar os dedos, beijarse abraçarse, encostar a cabeça de um em cs, p. 155, caído no esquecimento Contdo, Hahn parece lar como testemunha ocular. Cf ainda
outro, entrelaçar os dedos, beijarse, abraçarse, do outro, deitarse um junto ao outro, etc. THURSTON Op. ci, p. 4447.
A recusa do presente signica que a união proposta não é aceita No c aso de noivado antes do nasci- HA. Op. ci, p. 159.
mento ou em tenra idade a devolução do presente é sinal da rptura do acordo. TRUMBULL, C Th thshold conant,p 2629
1 18 1 19
vaes assinalame um rito chinês interessante, no qual a passagem material não é autorização do noivado, dá-he uma cabra e quatro potes de bebida e rmentada; 3 º)
realizada de uma só vez, mas por etapas 4. Numa tribo do grupo étnico dos Ho-mi
3
depois vai procurar o pai da moça e pede-lhe, assim como também pede à moça seu
(Iunan Meridional), quando o tro geno vai buscar sua muer na casa do tro consentmento; 4 °) o jovem dá à moça pérolas e uma pulseira ; a mãe do jovem convi
sogro "o sogro conduz o genro zendo-o passar pela segunda e pela terceira salas e da a moça para comer e conserva-a uma noite em sua cabana; estes convites são e
atravessar o pavião dos livros para introduzilo no pavihão de vestir. Em cada por quentemente renovados; 5 °) a jovem passa os dois últimos meses do noivado na ca
ta, um auxar anuncia em voz alta o rito que deve ser realizado e (o genro) proster ba da sogra ; 6 °) o noivado dura vários anos, durante os quais o noivo aos poucos
na-se duas vezes. É o que se chama a "prosteação nas portas (ai men). É porque paga o "preço da compra aos sogros e parentes, de acordo com um protocolo fxo;
(o sogro) vai dexar de ver sua fa que dá importância às portas e causa difculdades 7 °) o últo ato consiste em abate r um boi cua parte traseira e um omolata são en
ao genro 35
•
tregues ao pai da moça, e em oerecer uma cabra, que o oivo leva à cabana do s ogro,
Entre os Tcheremiss o cortejo que vem buscar a noiva para nas portas do qu
36
presa com as de d racena. É a cabra levada à cabana dos sogros que constiti o ele
tal da zenda habitada pelos parentes O sabus ( diretor das ce rimôas) entra na isba, mento central do estim nupcial, ao qual assistem todos os parentes dos noivos; 8 °)
cuo dono dá-lhe de beber e de comer. O sabus pede o di reito de entrada para o corte depois disso todos vão à cabana do jovem, caminhando a moça atrás dele com as
jo. O pai perta se nada i perdido, e o sabus responde "sim, lano (o noivo) mãos em seus ombros. Os parentes da moça lançm lamentações para indicar que a
perdeu uma das mangas de seu vestido e viemos ver se ela está em sua casa. O pai diz mília perdeu uma flha, uma irmã, etc. Isto é o rito de separação; 9 °) em seguida
que não, o sabus vai embora e depois volta, e só depois do pai ter dito sim três vezes é passam-se três meses, durante os quais a moça não deve zer absolutamente nada,
que as portas se abrem e os ritos de agregação começam. sendo todo o t rabalho eito por sua mãe ou sua sogra, que a instruem na maneira de
O período de margem pode ter signifcação sexual ou não. Em al gas popula dirigir uma casa; iguaente, o jovem é instruído pelo pai e pelo sogro; 10 °) este pe
ções o noivo coabita com a noiva, e os fos concebidos ou nascidos du rante este pe ríodo de aprendizagem termina pela esa chamada uali, "a única que toa o casa
ríodo são considerados legítimos (c os casos acima citados). Em otros lugares a se mento válido; toda criança nascida antes é considerada ilegítima. Esta esta reali
paração entre os dois jovens é absoluta e à criança que nascesse da desobediência a za-se dois a cinco meses depois do começo da vida em comum, con rme a época da
essa regra seria recusado um lugar regular na amília ou na sociedade. Assim é que "os colheita da eleusina. Todos os parentes, vizinhos e amigos são convidados para a es
lapões jamais permitem que os noivos coabitem antes do dia das núpcias. Se isso ta, que consiste, sobretudo, na absorção de wari (bebida e rmentada), em danças, em
acontecesse a criança seria declarada bastarda, por mais que fcasse provado que i cantos, etc. Os cantos são na maioria eróticos. O jovem dá à mulher um pesado anel
concebida depois do noivado e da promessa eita. Esta criança, menino ou mena, é de cobre que ela coloca no braço esquerdo. Se já está grávida só são convidados ve
sempre o último de seus irmãos e irmãs, porque é a mais desprezível. Quando se tor lhos. No terceiro dia matam-se cabras, que são comidas em comum. A sta está ter
na grande e as renas lucram muito com os cuidados que hes dá, o indivíduo é e nada, a muer deve trabahar Vê-se que até à esta uali o casamento i apenas
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•
120 121
s cauris. O pai da moça reúe etão a míia e covoca para a reuião um perso
camlhe suas joias, etc. e seus paretes vêm procurá-la a etrada do bosque sagrado.
agem otável da aldeia . Declara que lao mo strase muito atecioso com ele e que Depois de uma reição cerimoial a mãe da moça leva-a para a cabaa do oivo. O
gostaria de recompesálo por suas ateções cocededo sua flha em casameto. A coito cosumase durate uma reeição a que assistem as duas amías e seus amigos.
assembleia aprova e o otável vai auciar ao pretedete que pode cosiderar-se Termiado o ato, o marido sai da cabaa e toma parte o baquete . O cerimoial é o
aceito. Mas os soimetos do turo ão acabaram. Quado se aproxima a estação mesmo se o oivado realizase depois da saída do sadi Assim, etre os Vai o pe
42
•
das cultura s deve reuir seus irmãos e amigos e ir com eles lavrar o campo do tro ríodo do oivado atige o período da iiciação, e a pr eira mestruação só tem im
sogro. Uma vez ita a semeteira vem arracar as eras dainhas e depois compra portâcia para a saída do sadi se a moça já está oiva . A puberdade fsiológica é aás
cerveja de milho e paga a bebida para toda a amía da oiva. Somete etão proce uma codição legal do casameto etre os V ai, como em muitas outras populações .
de-se aos esposais ofciais. Frequetemete esse mometo a moça está loge de ser Além isso, a separação sexua etre os oivos é este caso garatida pelo caráter sa
úbil . Permaece em casa do pai até a ubilidade e durate este período de espera o grado do sadi.
oivo deve cotiuar a ajudar a amília da oiva com seu trabalho e seus recursos. De todas esta s descrições depreede-se com evidêcia que as etapas do casame
Quado a moça tora-se úbil o pai etregaa ao oivo, que dá um presete de cico to e sobretudo a pricipa, o oivado, têm etre outros um alcace ecoômico. lém
a dez acos de cauris ao pai e um outro de i gal valor à mãe. Quado os joves es do mais, todo casameto, justamete porque ão são apeas dois idivíduos que se
posos coabitaram durate um mês o pai retoma a fa e a leva para casa ode fca dois acham em jogo, mas realmete vários círculos mais ou meos vastos, é uma perturba
a três meses, em segida devolve-a ao marido cotra o pagameto de dez acos de ção social. Um casameto acarreta o deslocameto de um certo úmero de eleme
cauris. E ste se do período de coabitação dura i gaete um mês, o fm do qual tos us com relação aos outros, e este deslocameto, atado por cotiuidade, de
o pai retoma de ovo a flha durate dois ou três meses, para etregála defitiva termia uma rptra de equilíbrio. Este eômeo é pouco marcado em ossas gra
mete ao marido ao receber uma ova quatia de dez acos . Se a mulher fca grávi des cidades, mas já é mais obserado em certos recatos remotos de osso iterior.
da durate este período preparatório, o pai é obrigado a oerecer uma taga ao mari As úpcias são aí ocasiões de parada da produção, de gasto das ecoomias, de sobres
do por ocasião do ascimeto do fo. Este costme, dizem os aciãos, tem por fa saltos da sesibilidade habitalmete apática, etc. É mais acetuado as tribos tur
lidade dar aos turos esposos todo o tempo para se cohecerem e se apreciarem, im co-mogóis ou árabes, os oásis, e aida mais almete etre os semicivilizados,
pedido assim as uiões desajustadas 39 . que vivem sempre em grupos pouco umerosos e muito coesos. Esta rpercussão do
No caso se gite vê-se o período de margem do oivado ligarse ao período de casameto sobre a vida geral parece-me explicar, do mesmo modo que a teoria bioló
margem da iiciação, de tal maeira que do começo da iiciação à realização da unão gica de Westermarek e de Havelock Ellis, por que os casametos são eitos a prima
sexal socializada há apeas um úico período. vera, o ivero ou o outoo, isto é, as estações mortas e ão o mometo dos
Etre os V ai da Libéria a separação sexual é rerçada em al s casos pelo to trabalhos o tempo. Não vou ao poto de egar a persistêcia de atigas épocas de
da moça só sair do sandipara se casar. O sadi é um local sagrado a oresta, ode to cio em a iuêcia dos ciclos cósmicos, marcada pelo reovo da vegetação e pela ex
das as moças são coduzidas ates dos dez aos ou aproximadamete essa idade, citação sexal aimal e humaa . Mas isto difcilmete explica a multiplicidade dos ca
ode permaecem até a primeira mestruação, ou mesmo depois. Como os rapazes sametos o outoo, quado se diz equetemete que esta data é escohida com sa
o 40, equato aí estão são cosideradas mortas, do mesmo modo que as mulhe tisção porque esse mometo os trabahos agrícolas estão termiados, os celeiros e
res velhas que vêm visitál as . São istruídas os atos doméstico s sexuais. A esta da arcas pleos, e a ocasião é boa para os solteiros arrumarem um iterior para o iver
saída, eita auaete, é um reascimeto. Ora, equetemete os pais tratam do o. Se ge-se que ão poderia admitir a iterpretação muito idida sedo a
casameto da moça equato esta aida se acha o sandi,e em tal caso ão sai do sa qual o casameto o mesmo mometo de pares mais ou meos umerosos é uma so
di por ocasião da esta aual, mas permaece aí até sua primeira mestruação41 . Logo brevivêcia ou do período de cio ou de um atigo casameto por grupos, uma vez
depois desse acotecimeto os pais da moça são inormados. Avisam o oivo, que que a "promiscuidade primitiva é uma atasia.
evia seus presetes ao sandi. A moça é iccioada com óleo permado, etc., colo- Pareceme, aliás, que os casametos múltiplos, sicrôicos, tato em um mo
meto quato em dois mometos do ao, ou mais, devem ser aproximados dos ou
tros sicroismos, cerimoiais, a saber, esta de todas as criaças ascidas o mesmo
DELAFOSSE, M. "Le peuple Siéna ou Sénouf Rev des Ét Ethnogr et Sociol, 1908, p 457
BÜIKOFER Reisebilder aus Liberia. Leyde, 1890, t. II, p 304-308
Is so prova que também aí a cerimônia de ciação nada tem a ver com a puberdade. 2 BÜTIKOFER Op. cit, p. 308- 313
1 22 123
dia ou no mesmo dia que um flho de rei ou de príncipe, ou no mesmo mês ou no tam muitas vezes semeanças de detaes com as da entronização, constantes de um
mesmo ano. Festa anual em honra das mueres que deram à luz no mesmo dia do véu estendido por cima do rei ou dos esposos, coroa, objetos sagrados distintivos dos
ano (Lushei); estas periódicas do retoo ou do aniversário da iniciação e sobretudo noivos, tal como as ralia do tro rei As semelhanças são sobretdo acentadas
iniciações de um certo número de crianças ao mesmo tempo, cada ano ou de dois em nos lugares em que, como no norte da Árica, certas regiões da Índia, etc., o noivo é
dois, ou de três em três anos, etc.; comemorações e grande sta anual dos mortos 43
• rei, sulã, ou príncipe e a moça é rainha, sultana, ou princesa e ainda na China, onde o
Em suma, tendo todos estes atos acance social geral, o sistema de que se trata é a r- noivo é mandarim". Se os casos nos quais o casaento é considerado um renasci-
ma extrema pela qual se marca este caráter social geral. Em lugar de cerimônias das mento são raros, em compensação aqueles em que o casamento é julgado uma inicia-
quais só participam grupos restritos ( amílias, clã, etc.), ram instituídas cerimônias ção ou ordenação não são raros Todas estas semelhanças e identifcações são marca-
de que participam todos os grupos constittivos da sociedade geral. É o que se depre- das por ritos de passagem, que se ndam sempre na mesma ideia, a saber, a materia
ende, por exemplo, das curiosas cerimônias do casamento em Uargla, descritas cui lidade da modifcação de situação social.
dadosamente por Biarna. Preciso dizer agora algumas palavras sobre as cerimônias que constitem a con
Às vezes, ao contrário, o período de margem e os ritos de noivado reduzemse a trapartida das cerimônias do casamento, e são as do divórcio e da viuvez.
pouca coisa. ssim, entre os Herero o jovem dá à moça uma bola de erro que ela
45
Na maioria dos povos os ritos do divórcio parecem reduzidos à mais simples ex-
prende em seu avental. Depois vai embora e não deve mais vêla até a cerimônia do pressão. Em gera, basta que a mher abandone o domicílio conjugal e volte para a
casamento nem penetrar em seu raal. Os elementos típicos dessa cerimônia são os casa dos pais, ou então que o marido ponha materiamente a mulher ra da casa co-
seguintes: uma reeição claramente sagrada, na qual se caracteriza a solidariedade da mum. Contudo, tenho a impressão que, se as cerimônias do divórcio são tão simples,
moça com suas companheiras e seu clã. Nem o jovem nem seus amigos assistem a de acordo com a iteratra etnográfca, é porque os observadores ou não se interessa-
esse banquete. Acabada a reeição, vêm buscála e levamna para seu kraal. Depois ram pela questão ou não compreenderam o sentido de certos atos, e sobretdo não
vêm os ritos de agregação da moça ao novo clto doméstico e à nova sociedade tribal. viram na separação dos corpos e no divórcio senão um ato jurídico e econômico
Após a reeição, a mãe tinha colocado em sua fha o chapéu" e as roupas das muhe Entretanto, é norma que um vínculo, individual ou coletivo, que i estabelecido
res casadas, portanto, antes da união sexal, que se realiza no kraal do marido. Este com tantos cuidados e complicações não possa ser rompido um belo dia por um ges-
entrega cerimonialmente à mãe o avental de moça" da nova esposa Os Herero têm to único. Por exemplo, sabese que na Igreja Católica o ivórcio ne mesmo é ad-
um kalym e são organizados em clãs totêmicos. missível e que é preciso a anulação do casamento, a qual só se obtém depois de inqué
As cerimônias do casamento apresentam analogias, muitas vezes mesmo identi- ritos sem nada de propriamente mágicoreligioso. Ao contrário, os judeus elabora
dades de detaes, com a adoção, mas isto é um to que parecerá normal a quem se ram um cerimonia do divórcio muito compicado, a tal ponto que constiti por si
lembrar que no casamento, em última análise, tratase da agregação de um estrangei mesmo um obstáculo aos desejos de muitos indivíduos. A carta entregue à muher é
ro a um grupo. Assim é que entre os Aino, ora é o marido que vai viver na amília de ritualizada, no sentido em que deve ser escrita de maneira tão pereita quanto um es-
sua muer, ora a mulher que vai viver na do marido, havendo participação de ambos crito sagrado. O rabino joga esta carta para o ar e uma das testemuhas da muler
no culto doméstico. Ora, esta entrada em uma amília primitivamente estranha é cla- deve apanhála antes de cair no chão, do contrário é preciso recomeçar tudo. Este
ramente identifcada à adoção Igualmente as cerimônias do casamento aprensen
46
•
constitui o rito defnitivo de separação Entre os Habé do Platô nigeriano se o casa
47
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1 24 1 25
Voak e os Vogl49 Em Java o padre corta a corda do csamento" 5 º. Ene os Gala me
É uma coisa notável, além disso, que estes vínculos tão cimente quebrados
ridionais se uma mulher é maltratada pelo marido o irmão dela pode ir buscá-la, mas pelo divórcio seam difcilmente, ou mesmo em caso a (suicídio das viúvas),
não tem o direito de entrar na cabana nem na aldeia se o marido proibir. Dev e esperar arouxados pela morte. Sei muito bem que o luto compreende um grande número de
que a irmã saia, por exemplo, para ir buscar á ga, e então rapta-a. Uma mulher divor rito s que são simplesmente profláticos ou protetores. Contudo, as cerimônias e
ciada desta maneira não pode mais voltar a casarse e seu marido não tem o direito de
reclamá-la, ma s as duas coletividades teressadas reconcilim-se mediante um paga rárias de que participam os viúvos compreendem tmbém uma outra coisa dierente
mento em carneiros ou em cabras5 1. Entre os Wazaromo o marido comunica à mu do luto, sendo de natureza tal que é impossível, numa teoria geral, dexar de reconhe
er que não quer mais saber dela, dando-l he um tipo especial de caniço, e no Unio cer-lhes um sentido social54. É o que se obsera , entre outros, no rito Hupa, segundo
ro o marido corta em dois um pedaço de couro, gardando uma metade e enviando o qual basta que a viúva, para se libertar, passe entre as peas de seu marido antes
a outra ao pai de sua mulher 5 2 No islamismo o rito de separação é verbal, bastando que o carre gem da casa, do contrário permanece ligada a ele para o resto da vida, e
que o marido diga três vezes à muer: Está s divorciada", o u eu te divorcio" e ela toda infdelidade ao morto he acarretaria desgraças 55
deve ir-se embora com os objetos que he pertencem, e nesse caso o marido devol O novo casamento, de viúvos ou de divorciados, é muito mais sples do ponto
ve-lhe em geral um terço do dote Mas se é a muher que deseja divorciar-se é preci de vista das cerimônias, e isso por motivos que serão expostos a se gir
so um julgamento do cadi, cuja nção e jurisprudência, como se sabe, são de or Não parece haver ritos da menopausa ou do embranquecimento dos cabelos, que
dem ndamentalmente religiosa. A princípio esta tríplice repetição era uma verda contudo, são marcas da entrada em uma nova se da vida, muito importante entre os
deira rmula mágica. Tem também este caráter na Índia e entre os Suaeli 5 Às ve 3
•
4 GEORGI, JG Russland, Beschreibung a/ler Nationen des Russischen Reiches, etc. Leipzig, 1 783, pet
in-, t I, p 2
54 O seguinte rito judeu inclui-se igalmente na categoria dos ritos de passagem : uma viúva que não quer
50. CRAWLEY The Mystic Rose, p 323 toar-se a mulher do irmão de seu marido flecido (levirato) tira a sandália, cospe no chão e recita uma
51. WAKEFIELD, ES Marriage customs ofthe Southe Gal/as. Folk-Lore, t XVIII (1 907), p. 32332 rmula determinada(Jewish Encyclopedia, p 170ss., verbete Halzat; c p 1 7, para as interpretaçes, a
52. POST Af rikanische Jurisprudenz, t I, p 2 maioria inadmissívei s). Trata-se aí, claramente, de um rito de separação da fmília do marido, rito destinado
a ass egurar a passagem para a categoria das viúvas livres ou das mulheres novamente casadas
53. CROOKE, W The Flk-Lore in the Legends ofthe Paab Folk-Lore, t X (1 899), p 09 -10. Para as
rmulas entre os Suaeli (não quero mais tratar da nudez, etc), c VE LTEN Sitten und Gebruche der Suahe 55. GODDARD, PE. Le and culture ofthe Hupa Cali Univ Public, t I, fs. 1 , Berkeley, 190 3, p 70
li Gõttingen, 19 03, p 23 723 8. A carta de ruptura é igualmente corrente no islamismo, em Marrocos, na Pales
tina, na Turquia, entre os Suaeli, etc
126 27
O luto, no qual outrora eu não tinha visto senão um conjunto de tabus e práticas
1
mportância relativa dos ritos de separação, d e margem e de agregação nas minação do se do, isto é, com a agregação do morto ao mundo dos mortos . Assim
cerimônias nerárias - O luto como rito de separação e como rito de é que entre os Habé do Platô ngerino o período de viuvez corresponde, se gndo
margem Os nerais em duas etapas; a viagem deste mundo ao outro - Os se diz, à duração da viagem da ama errante do dento até o momento de sua entrada
obstáculos materiais opostos à passagem dos mortos Aagregação à
sociedade dos mortos Topograa do mundo dos mortos - O
no conjunto dos espíritos divinos ancestrais ou de sua reencarnação" 3
•
renascimento cotidiano do morto no Egito Antigo. Pluralidade dos Durante o luto os vivos e o morto constituem uma sociedade especil, situada
mundos dos mortos Mortos que não podem agregarse à sociedade geral entre o mundo dos vivos, de um lado, e o mundo dos mortos, de outro, da qual os vi
dos mortos Ritos de renascimento e de reencaação Rtos quando o vos saem mais ou menos rapidamente conorme ssem mais estreitamente aparenta
domicílio do morto é sua casa, seu túmulo ou o cemitério - Lista dos ritos dos ao morto . Por isso, as estipulações do luto dependem de grau de parentesco e são
de separação e de agregação sistematizadas de acordo com o modo especial como cada povo determina este pa
rentesco (paterno, materno, de grupo, etc.) . É como deve ser, para o viúvo ou a viúva
que pertencem durante maior tempo a este mundo especial, do qual só saem median
À primeira vista pareceria que nas cerimôas nerárias são os ritos de separação te ritos apropriados, e num momento tal que mesmo a relação sica (pela gravidez,
que devem ter o lugar mais importante, sendo os ritos de margem e de agregação, ao por
çõesexemplo)
e de todasnão possa mais
as regras ser suspeitada
(vestuário especial,. Os
etc.)ritos de suspensão
do luto de todas as
devem, portanto, serproibi
consi
contrário, pouco desenvolvidos. Entretanto, o estdo dos tos mostra que as coisas
são dierentes e que, ao contrário, os ritos de separação são pouco numerosos e muito derados como ritos de reintegração na vida socia, restita ou geral, de mesma natre
simples, e que os ritos de margem t êm uma duração e complexidade que chega às ve za que os ritos de reintegração do noviço. Durante o luto a vida social fca suspensa
zes a lhes dar uma espécie de autonomia. Finaente, de todos os ritos nerários para todos quantos são atingidos por ee e por um tempo tanto maior: 1 º) quanto o
aqueles que agregam o morto ao mundo dos mortos são os mais elaborados e a eles é víncuo social com o morto é mais estreito (viúvos, parentes); 2 °) quanto mais eleva
que se atribui a maior importância. da era a situação social do morto . Se este era um che a suspensão atinge a sociedade
Ainda aqui deverei contentar-me com al as dicações rápidas. Todo undo inteira. Daí os períodos de permissão" consecutivos à morte de al s réglos ari
sabe que nada varia tanto com os povos, a idade, o sexo, a posição social do divíduo canos, os lutos públicos, as licenças, etc. Vemos na China necessidades polítcas, eco
quanto os ritos nerários. Entretanto, é possvel descobrir na extraorária mltip nômicas e administrativas novas tenderem a suprimir os eitos coletios considerá
cidade das variações de detlhe traços dominantes, al s dos quais serão reundos veis da morte do imperador e da imperatriz regente. Outrora, a vida social fcava ab
aqui em categorias. lém disso, os ritos nerários compcm-se pelo to de um mes solutamente suspensa na China nessas ocasiões, mesmo em suas rmas domésticas,
mo povo ter várias concepções contratórias ou dierentes sobre o mundo de além-t durnte longos meses, suspensão que seria simplesmente um cataclisma.
mlo . Essas concepções mistram-se entre si, o que tem repercussão sobre os ritos. O
homem é considerado rmado e vários elementos cuo desno não é o mesmo depois Tabou et Tot àMd, 40 5877 88 100 103 338 339 342
da morte . Estes elementos são: corpo, rça vital, almasopro, alma-sombra, amapo É W j I (Ueber das Haafr
legar, ama-animal, alma-san ge, ama-cabeça, ec. Algmas dessas almas sobrevivem, 1886 II 1887 I f 254) Hz z 8283
para sempre ou por certo tempo, outras morrem, etc. No que se se ge arei absação 101 105 120 N z
de todas essas vriações, lembrando que só têm inuência sobre a complexidade rmal
DSGNS Le Plateau cenl nien. 1907 221
dos ritos de passagem e não sobre a estrutura interna desses ritos f 262268
1 29
1 28
O período de margem nos ritos nerários caracterizase em primeiro lugar ma voltam à terra8. Entre os Ostiake de Obdorsk9 retirase da casa tudo quanto nela se
teriamente pela estadia mais ou menos longa do cadáver ou do caixão na câmara encontra, exceto os utensílios do morto Este é vestido e colocado em uma canoa cor
mortária (velório), no vestíbulo da casa, etc Mas esta é apenas uma rma atenuada tada Um xamã perguntahe por que razão morreu Conduzemno ao lugar da sepul
de uma série inteira de ritos, cua importância e universalidade já tinham sido assina tura de seu clã, deposita-se a canoa na terra gelada com os pés para o lado do norte e
ladas por Laftau em redor colocase tdo de que o morto terá necessidade em outro mundo Faz-se no
''Na maioria das nações selvagens os corpos mortos achamse apenas como depo local uma reeição de despedida, julgando-se que o morto dela participa, e as pessoas
sitados na sepultra onde ram colocados em preiro lugar Depois de certo tem vão-se embora As muheres aparentadas azem uma boneca semeante ao morto,
po são eitas novas exéquias e termina-se de cumprir o que lhes é devido mediante no vestem, lavam e aliment a boneca cada dia durante dois anos e meio se o lecido
vos deveres nerários"4 . O autor descreve em seguida os ritos dos Karibe. Estão era um homem, dois anos se era uma mulher 10 , e em segida leva-se a boneca para co
persuadidos [que os mortos] não vão para o país das aas antes de estarem sem car locála em ca do tmulo
ne" existência de um período de margem tia iguente interessado Mihai Mas o luto por um homem dura cinco meses, por uma mulher quatro meses
lovsi5 O rito principal consiste ou em retirar a carne ou em esperar que caia por si Ora, os mortos partem por um caminho longo e tortuoso para o nor te, onde se en
contra o país dos mortos É um local sombrio e io 11 , parecendo que a duração da
mesma É nessa ideia que se ndam, por exemplo, as cerimôas dos Betsileo de Ma viagem coincide com a da conserva ção da boneca Há, por conseguinte, ritos preli
dagascar, que possuem uma primeira série de ritos ( de espera) até que o cadáver se minares, margem e nerais defnitivos quando o morto chegou a seu domicílio de
decomponha em sua casa ( ativa-se a putreção com axílio de um grande go), se fnitivo Os Ostiake setentrionais colocam este país dos ortos além da embocadu
guida de ma série de ritos de sepultamento do esqueleto 6•
ra do O, no Oceano Glacial 12 , onde só é iluminado pela luz da lua Não longe deste
lém disso, a etapa decompõese às vezes em várias outras, e no período mundo há três caminhos divergentes, os quais conduzem a três entradas, uma para
pós-minar este enômeno é sistematizado em rma de comemorações (oito dias, os assassinados, os agados, os suicidas, etc, outra para os demais pecadores e a
quinze dias, um mês, quarenta dias, um ano, etc) da mesma ordem que os ritos do terceira para os que viveram uma vida normal Para s Ostiake do Irtisch o outro
retoo de núpcias, do retorno do nascimento, às vezes do re torno da iniciação mundo estava
trezentos no céu,
metros cadasendo
uma ouumsubindo
país delicioso
ao longo ao qual se vai
de uma por escadas
corrente, e pordeonde
cemosa
Uma vez que as etapas dos nerais na Indonésia ram estudadas de perto 7, cita
deuses, os ursos sagrados, talvez totens 13 , e os mortos retornam às ezes à terra,
rei casos coidos em outras regiões As cerimônias dos Toda têm o mesmo caráter, a 1
tudo isso de acordo com as velhas lendas épicas . Em resumo, pareceme que deve
4
saber, incineração, conservação das relíquias e ritos de margem muito complicados haver uma relação entre a duração da conservação das bonecas e a duração atribuída
Em seguida, incineração das relíquias e enterramento das cinzas, com plantação de à viagem para o outro mundo
um círculo de pedras em pé O rito todo dura vários meses Os mortos vão para o
Amnodr, país subterrâneo, onde são chamados amatol O caminho para esse país não 8 RIVERS, H. Th Tda. Londres, 906 p. 336-404; para a descrição dos ritos c ada THRSTON,
é o mesmo para todos os clãs, sendo semeado de obstáculos Os maus" caem de um E Ethngaphic nt in Suth índiaMadras, 906 p 45-46; 72-84
fo que serve de ponte em um rio, nos bordos do qual vivem al g tempo, mistura 9 Conservo este nome, dado p elo inormador, embora estes Ostiake de Obdorsk sejam uma mistura de
dos com indivíduos de todas as espécies de tribos Os búlos vão também para o verdadeiros Ostiake e de Samoieda Cf. V N GENNEP, A Oiin tfn du nm pupl "Oak
Keleti Szemle, 902, p 3-22
mnodr Os amatol caminham aí muito, e quando gastaram as pe as até o joelho 10 GONDAI Slidy 1iztchta u int SiZapdni Siii (Traços de paganismo entre os
indígenas do noroeste da Asia), Moscou, 888 p. 43 diz seis meses. Se o morto era um homem a viúva
deitao ao lado dela. Entre os Ostiake do Irtisch, segundo PATNOV Di Ichtiakn St. Péters-
bourg, 897 p. 46 a boneca é substituída atualmente pelo travesseiro e a roupa interior do deto
LAFITAU. Mu d Sauvag améquain cma auxu dpmi tmp Paris, 724 t II, 11 BTENEV.Pgalnyia tchai Oikh Ok( os ritos nerários dos Ostiake do Obdorsk),
p. 444. Shivaia Stara, t. V905) p. 487492 GONDAI Op. ci, p 44.
5 MILCHLOWS, NM. Shamant s. I, Moscou, 892 p. 3 1 Não compreendo por que Gondatti, eguido por Patkanov, op ci , p.6 diz em seguida, a respei
6 Cf. a s reerências no meu Tau t T tmim à áca,cap. VI e p 277278 to desse mundo, que é subterrâneo" quando é submarino Está ra de dúvida que houve aliás nas cren
7 Cf. HERTZ. Cnunà ld d'un pntan cllctiv m. la Année sociologique, t. X ças dos V ogule e dos Ostiake sobre este ponto uma inltração cristã ( diabo, inerno, suplícios).
(907) p 50-66; encontrase uma coleção de detalhadas descrições do mundo de alémtúmulo, das via 13 C meu resumo na d lt. Rl.899 t. , da memória de N Kharouzine sobreL -
gens que conduzem a ele, etc., em KRUIJT, A C. HtAnimm in nndichnAchipl La Haye, 906 mntpa l'u t l cult l'u chz Oak t lVgu/
p 323-385 obra aliás ndada sobre as teorias e pontos de vist a de Tylor, Wilken e Letourneau. 1 PATKNOV. Op. ci, p. 46
1 30 131
As cerimônias nebres dos Kol da Índia 1 rnecem bom exemplo de combina Não podemos descrever comparadamente os mundos de alémtúmulo 19 • A ideia
ção de ritos profláticos cohecidos com ritos de passagem. Eis a sequência deles: 1 º) mais dindida é que este mundo é análogo ao nosso, porém mais agradável, e que a
logo após a morte deposita-se o cadáver no chão, a fm de que a alma encontre mais sociedade nele acha-se orgazada como na terra, de maneira que cada indivíduo re
ciente o caminho da morada dos mortos", situada embaixo da terra; 2°) o cadá toma sua categoria, no clã, na classe de idade, na profssão, etc., que tia neste mun
ver é lavado e pintado de amarelo, de maneira a expulsar os demônios que riam pa do. Portanto, é lógico que as crianças ainda não agregadas à sociedade viva não pos
rar a alma durante sua viagem; 3 °) também com a mesma fnadade os parentes e vi sam ser categorizadas no outro. Assim, as crianças mortas antes do batismo catóico
zinhos reunidos soltam urros lamentosos 4 °) coloca-se o cadáver numa eça, com os permanecem eternamente em seu período de margem, o limbo. Da mesma maneira,
pés para diante, a fm de que a aa não encontre o caminho da cabana, e com o mes o cadáver de um pequeno semicivilizado, que ainda não recebeu nome ou não i cir
mo objetivo se gem-se percursos siuosos 5 °) o cortejo não pode compreender cunciso, etc., é enterrado sem as cerimônias ordináias ou jogado ra, ou queimado,
nem crianças nem moças. As muheres gritam, os homens calam-se; 6 °) cada um des sobretudo se a população considerada pensa que ainda não tinha alma.
tes leva um pedaço de madeira seca que jogará na geira 7 °) colocase aí arroz, A viagem para o outro mundo e a entrada admitem uma série de rito de passa
utensílios, conorme o sexo, e na boca do morto pães de arroz e moedas para sua via gem, cuos detalhes dependem da distância e da topografa deste mundo. sinalarei
gem, uma vez que a alma conserva uma sombra de corpo"; 8 °) as muheres vãose primeiramente as Ilhas dos Mortos ( Egito 2, Assíria-Babilônia 21, Hades do Canto X,
embora e põese go à pira1 6, queimando a padiola para ipeir o regresso do morto; da Odisseia, gregos de diversas pocas ou regiões22, celtas 23, polinésios 2, austra
9 °) os homens recolhem os ossos calcinados, colocam-nos em um pote, que trazem nos 2, etc.). Daí, sem dúvida, a prática de dar ao morto sua canoa ou uma canoa em
para a casa do morto onde é suspenso a um poste; 10 °) semeiamse grãos de arroz no miniatura e remos. Outras populações consideram o outro mundo como uma cida
cho e colocam-se aientos diante da porta para que o morto, caso volte apesar de dela cercada de muros, e tal o Scheol 2 dos hebreus, munido de portas com errolho,
6
todas as precauções, teha o que comer sem azer mal a nin gém 11 º) levam-se para o Aralu dos babiônios 2, ou como uma região com compartimentos (o Duat dos
longe todos os utensíios, que se toaram impuros, supondo-se que o morto neles se egípcios), ou situada em uma alta montanh (Daiake, etc), ou no interior de uma
tenha escondido; 12°) purifca-se a casa mediante uma reeição consagrada; 13 °) ao montanha ( Índia védica, etc.). O que nos importa aqui é que o morto, tendo de reali
m de certo tempo vem a cerimônia das núpcias" ou da união" o morto com a po zar uma viagem 28, os sobreviventes tomam o cuidado de muni-lo de todos os objetos
plação do mundo ierior''. Cantam-se cânticos do casamento, dança-se e a muher necessários, materiais (roupas, alimentos, armas, utensílios) ou máico-religiosos
que leva o pote dá pulos de alegria; 14°) vai em cortejo matronial, com música, etc., (amuletos, signos e senhas, etc.), que he garantirão, como se sse um viajante vivo,
até perto da aldeia de onde o morto e seus antepassados são srcinários 15 °) deposi uma marcha ou travessia e depois um acolhimento vorável. Por isso, notase que es-
tase o pote em um pequeno sso, em cima do qual coloca-se uma pedra em pé 16 °)
na volta todos os participantes devem tomar m bao, mas todos os mutilados, mor Cf. entre outros, OR, EB. Pmitive Culture, cap XIII.
tos por um tigre ou por acidente, etc., continuam maus espíritos e não podem ir para Cf., sobre os capos e ihas de Iau, o jugaento e a viage do orto, SPÉRO, G.Histoire anci-
o país dos mortos. Este país é a morada dos antepassads e só os indivíduos que enne des peuples de FOent classiquet I, p. 180ss, co a bibliograa.
ram casados 17 vão para ele. Voltam de vez em quando à terra, e quando es agrada MASPÉRO Ibi, p 57ss
reencaam-se nos recém-nascidos, sobretudo os avós e bisavós 8. Cf, enre outros, RONDE, E.ché. 2. ed. Fribourg-en-B, 1 898; DIEEICH, A. Nekyia. Leip
ig, 1893 EACH, Ad J. Vctor Bérard et lOdyssée. "Les Essais, 190, p. 189-193
)
MER, K. & NUT, A The vage ofBranLondres: Gri Library, 1895
C HA, F Gebiet der Klsmission,p 82-88 4 ZEMMRICH, J.Toteninseln und verwandte geographische then Int Archiv. r Ethnogr., t IV
6 S e chove deasiado seputa-se cadáver de acordo co deterinados ritos, sendo desenterrado de Cf. SEHLOW-LEONHARDI.DieAranda undLuritjaStümme Francrt, 1907 t. I (1907), p
pois da coheita e queiado. Neste caso a ceriônia te três etaas 15 e t II ( 1908), p. 6.
C acia, p 1 19 6 C SCHWALLYDas Leben nach dem Tode, etc., Giessen, 1892
Citei tabé este docento porque ece a prva do que i ito acia a propósito do rito de co MASPÉRO Op ci, t. I, p. 693ss
loca no chão os recé-nascidos (coo ae tabé os Kol; cf H. Op ic, p. 72) e os cadáveres, rito Sob re o undo dos ortos de acordo co as crenças sabeanas, c SIOUFFI, N. Études sur la relion
do qual DieterichMut E,p 25-29, enconou paraelos, que expica coo sendo ''u retoo ao seio Soubbas. Paris, 1880, p. 156158, sobre os cainhos que conde a ele e os ga u ao outro,
da erraMãe Vêse que nesse caso, peloenos, esta teoria é iamissívelAcrescento que os Kol enerra ibid., p. 126129, e sobre os ritos nerários correspondentes, ibid, p 120, 121 nota, 12-126 A ala
as crianças ortas, as não as queia "porque não tê alaos( Ko só tê ala a parr do ia do casa leva 75 dias para azer a viage, as o luto dura apenas 60 das A reeição coletiva e a reeição de coe
ento) e não tê o ireito de ir para o país dos antepassados, cuo acesso é precisente aberto pela crea oração são absolutaente obrigatórias O rito do "útio bocado que se leva à boca de ua ve rne
ção Deste odo, ca derrubada tabé a oua teoria de Dieterich, op ci, p 21-25 ce ao orto no outro undo "alga coisa adeais de sua ração habitual, que é e gera insuciente
1 32 133
tes ritos identifcamse or certos detales com os ritos de que lamos no capítulo III Falarei agora com bastantes detales das ideias que os Haida têm sobre o outro
do presente volume. Assim é qu e os lapões tomavam cuida do de mater uma rena so mudo 35 por causa dos coecidos motivos que nelas se encontram combinados. O
bre o túmulo, para que o morto pudesse realizar montado nela, antes de cegar à sua camino que condz a este país atinge a margem de uma espécie de baía, do outro
moradia defitiva, sua penosa viagem, que, se do al s, durava três semanas, se lado da qual está sitado o país das amas. Uma ama envia ao morto uma jangada
29
do outros, três anos . Fatos análogos poderiam ser citados em grande número. que se move sozina . Cegado ao outro bordo, o morto põese à procura de sua mu
A passagem caracteriza-se, entre outras coisa s, pelo rito do óbolo a Caronte" 3 º. Foi er, o que demora muito, pois as aldeias são dispersas como as dos aida e cada
encontrado na França, onde se dava ao morto a maior moeda possuída, a fm de ser morto só tem uma mher que le é designada. Ao morrer o omem inca qual a al
meor recebido no outro mundo" 3 . Subsiste na Grécia moderna. Entre os eslavos o deia em que deseja viver, sendo despacados mensageiros que o guiam em sua via
dieiro destina-se a pagar as despesas da viagem, mas entre os budistas japoneses é gem . Cada oerenda ao morto multipcase para seu uso e os cânticos ebres azem
dado à vela que az atravessar o Sandzu. Os Badaga empregam o dieiro para a o morto entrar em sua aldeia de cabeça levantada. Os mortos enviam riquezas a seus
passagem por cima da corda dos mortos. Os muçanos não podem atravessar a parentes terrestr es pobres. No país da s amas eecutamse danças sagrad as e á diver
ponte rmada por um sabre afado a não ser que sejam puros ou bons" . No Avesta timentos. Para lá desse país abita um cee camado Grade Nuvem Móvel, de
os cães vigiam a ponte Cinvat, assim como no Rig-Veda os cães de Yama, malados, quem depende a abundância do saão. Ao fm de certo tempo o morto aparela
com quatro olos guardam os camios que conduzem a uma das moradias de uma canoa, reúne seus bens e, no meio das lamentações de seus companeiros, parte
alémtúmulo dos antigos indus, uma espécie de cavea, recinto coberto e ecado, para o país camado Xada . Esta é sua seda morte. Depois passa por u ma terceira e
no qual s e penetra passando por um sombrio subterrâneo 32 . uma quarta morte, e na quinta retoa à terra como mosca azul. Outros pensam que
À vezes, á potências especiais (magos, demônios, divindades) encarregadas de as quatro mortes só ocorrem depois de vários renascimentos umanos. Finaente,
mostrar o camino aos mortos ou de condu zilos por grupos ( psicopompas) . Este á países dierentes para os agados, os lecidos de morte violenta, os xamãs, etc.
papel de Íris ou de Hermes Mercúrio é bem cohecid o. Entre os Musquaki (Raposa Eis agora os ritos nebres no caso de um morto comum 36 . Pinta-se o rosto do
ou Utagami) este condutor do morto às Pradarias de alémtúmulo é mesmo repre morto, coloca se uma cobertra sagrada em sua cabeça, sendo então sentado no cai
sentado,
do morto,por ocasião
galopa al gda suspensão
as as, do
dá luto,
a voltapore retoa,
um jovem guerreirodaí
guardando queem
toma o nome
diante este xão, onde permanece de quatro a seis dias. Cantam-se cantos mágicos especiais. Os
nome e considerando-se flo adotivo dos parentes do morto 33 . cantos" são pronunciados primeiramnte pelos membros do clã e depois pelos do
clã oposto. Joga-se em um go de lamentação" toda espécie de víveres e de bebidas
Finalmente, os Luisênio da Calirnia têm uma cerimôia dramática que, por
e tabaco em as que o morto levará, multiplicados, para o outro mundo. Os paren
sua ação direta, 1º) a sta os espíritos dos mortos da terra; 2 ° ) prendeos", faos,
como se s se por meio de um laço material, aos quatro cantos do céu e mais especial tes tomam os sinais do luto (raspam a cabeça e macam o rosto com pice). Reti
mente à Via Láctea 34 . ra-se o caixão por um buraco na parede, sendo colocado na casa nerária", onde só
podem ser depositados os que pertencem ao mesmo clã. Durante dez dias a viúva je
jua, utza uma pedra como travesseiro e banase todos os dias, mas não lava o ros
to, etc. Em segida reúne crianças do clã oposto e les oerece uma reeição para po
KHUZ, N. RuieLa. Moscou, 890, p 57- 58; para outros tos da mesma ordem, c der se casar" ( os Haida são eógamos ). Um outro inormante sse a Swanton que os
MIKHALOWSKI. Shamanstvo, p 9-24. ritos do luto assemeam se muito aos da s moças por ocasião da puberdade ". Em
0 C ANDEE, R Totenmünze Ethnogr Para, 2 série, 889, p 24-29; Mêlusine passim
ª
suma, os ritos, tendo por objeto reir o cadáver aos dos membros de seu clã e mu
1 THIERS, JB. Traité des superstions.Paris, 667; para outros paralelos anceses, c SÉBILLOT, P i-lo do que é necessário para a viagem e estadia no alémtúmulo, são ao mesmo tem
Le FolkLore France I, p 49, onde se encontrarão normações sobre a travessia do mar interior para
ir ao Ineo po profláticos animistas (abertra na parede da casa, o caão, a cova, etc., impedem
C OLDENBERG La reln du Vtrad V Henry, Paris, 903, p 450462; uma outra mora o retoo) e profláticos de contágio (luto, ban os, etc. ).
dia é no céu Oldenberg tem razão em crer que estas duas concepções são independentes e justapostas,
mas não são elementos de um sistema dualista A coexistência de crenças dierentes em um mesmo povo é
um to equente e quando há localização de certos mortos em um dos mundos e de outros em dierentes
mundos isto ocorre em consequência de um princípio não de caráter ético, mas social e mágico-religioso
MISS OEN. Folk-Lore ofthe Musquakie. Londres FolkLore Society, 902, p 83-8 6 SNTON, JR Conbuns to the ethnog y ofthe HaiJesup North Pacic Expedition, t V,
GODDARD DU BOIS, C The Relion ofthe Luisenio Indians. Univ Cal Publ, t VIII, n 3 Berke parte I. Nova York/Leyde, 905, p 34-37
ley, 908, p 83-87 Cf. para os ritos, ibid, p 5254 e 34-35.
134 1 35
Os ritos erários do Egito Atigo ecem um bom exemplo de um sistema çava de acordo com o Guia viajante no outromun Quato aos detales remeto
de ritos de passagem tedo por falidade a agregação ao mudo dos mortos. Só exa 42
.
o leitor aos trablhs citados e observo que cada compartimeto era separad do pre
miarei aqui o ritual osiriao 37. A ideia dametal é a idetidade de Osíris e do cedete e d sege por po t s que deviam ser abertas ritulmete. Igora-se
morto, por um lado, do sol e do morto, por outro. reio que devia haver a pricípio ome das tres pmeras e da últa
0
dois rituais distitos que se uiram o tema da morte e do reascimeto. Sedo Osí Os omes da quarta e das se gites eram A
ris, o morto é desmembrado e depois ecostituído. Morre e reasce o mudo dos que escode corredores", O pilar dos deuses", A garecida de espadas", O portal
mortos, de ode uma série de ritos de ressurreição. Equato Ra-Sol, o morto morre de Osíris", A que se mantém de pé, imóvel(?)", A gardiã da iundação", A grade
cada dia. Chegada ao limite do ades, sua múmia é jogada em um cto e abadoa dos seres, a geradora das rmas", A que cotém os deuses do Hades". Na saída ha
da, mas a série de ritos pelos quais passa a barca do sol rate a oite ressuscita-o, e via i gaete um vestíbulo.
pouco a pouco de mahã torase de ovo vivo, proto a recomeçar a viagem cotidi A estas abertras de portas" correspodia o rital do culto diário a abertura das
aa a luz, aca do mudo dos vivos. Estes múltiplos reascimetos do ritual solar porta s do aos 1 º) queravase o cho; 2°) retirava-se a terra que servia de selo; 3º
combiaramse com a recostitição úica, a primeira chegada do morto o Hades, coram-s os e rro os 43 Vinha em se gida o desmembrameto e a recostitição
do ritual osiriao, de tal sorte que esta recostituição acabou operado-se todos os de deus, to que za parte i gaete dos ritos erários ( abertra da boca4, etc.).
dias Este eômeo de covergêcia correspodia, aliás, à ideia geral segdo a qual segudaabertra dosaos confrmava a primeira. Preparava-se o deus por meio da
o sagrado, o divio, o mágico, o puro perdem-se quado ão são reovados media a ga e do ceso, vestam-o com xas sagradas, ugiam-o de pitra vermelha
te ritos periódicos. para o rosto e d � óleos permados. Fialete, levava-se a estáta para o aos, is
Eis aqui agora o esquema sicretista de acordo com o Livro que existe no Hades talado-a a area. Do mesmo modo, que a múmia e a estátua do morto o ritual
e o Livrodaspor Segudo as épocas e os lugares o Duat (Hades) i diversamee
38 ebre, echavase ritamete o aos como rito pricipal de saída do satuári04 Ora
represetado. À rça de remedos e combações os padres tebaos chegaram a ela
•
1 38 1 39
ma gta de rvalh ai em um hmem, este rá um lh que será mrt re s t as d ia, s e e lm ss, exste
eaad 4. Q uad a iaça aseu matam-se dis ags; em seguida a me
5 edie atrs e sepra, s, s, i, itéri, e,
va-se e lava lh. A alma da riaça passa s sete primeir s ias empleirada, s árres, s e r, ,os ais s stís tli
m se sse um pássar, as rupas u rp de seus pais. Pr esse mtiv, iualmete, termia equee e x a
eses permaeem mais temp pssível sem se mexer e apaziguase deus d a ri iter, e mair partiularte lee. C i tiv á s
ésti pr mei de sariis. Pratiam-se em segida td gêer de erimônia, eras per iódias e expuã das mas ra ra s, a ae, er
urate as quais parete mater mais próxim dá um me à riaça, ist é, agre t a t i. A rapt" a iva rresde as lus pel aáver, t di
ga defitivamete a l. ds A a, j verdaeir sed ae er i té ara e
Fialmete, lembr que às vezes as amas ds mrts reearam-se diretamete , e sste e que s s iamte s i pde m e es
em aimais, vegetais, et., priipalmete s ttes Neste as há rits de agrega ebrs, prque há s uma dmuç e i s . r iss est uts
ç d mrt à espéie ttêmia. s tt mais vi etas ut a psiç d mrt a seae era mi e
Nem sempre existe m lugar d ém-tul destiad espeialmete as mr Quat à estruiç adáe (iierç, te apesaa, et, te
7
ts, u pel mes equetemete atee que seus dmiílis sejm as viznhaças bjet desagrea s pee, e las versas. Só mtr a
da asa, túmul (hamad a Isba d mrt" pels Viak), u emitéri (hama ee s ress ( sss, zas) stiuem v rp rt a u v,
d a Aldeia ds mrts" pels Made). Neste as, eterramet é verdadeir sej ual r a pii de Hert Ss
rt de agregaç a mud geral ds mrts Ist é muit lar ere s Theremiss Cm rts e aggç te ees se
e, pr utr la, tmbém areditam, talvez pr iuêia muçlmaa ds tártars, rais e s bauetes as ss mmrva, reeições que têm r e
e ur mud , aálg a éu ds Ostike e de se vai quer pr uma vara m
55 a vaete etr tds s es rp sv, e vz
prida que rma uma pte em a de uma aleira, quer pr ma esada. sim et, a re q eraa eee de d e. À
tabém s mrts mrdvis têm m dmiíli tmu u emitéri. O ví 56
stim st
s eas rdemem
s eis ealzs
as etaps
bé p s
(psó d sse
e deiva), d lut.
e
l m s vivs, pr segite períd de margem, dura et mais temp, pis
s vivs reva peridiaete este laç, nrme dissems, mediat e reeições em rera á uma re e c s ees, a se ja qe s
um u visitas quer aletad mrt (bura a terra e ataúe, aiç, vi it. ialmte se trib, a e et es, o
has depsitadas túml, et.). Mas hega sempre um mmet em que este ví tr, arat, mesaeir, et) ar i ms rte rial lev
ul se rmpe, epis de se ter relaxad pu a pu. Neste as é a últa mem ete, a ual se am s es ds grps iteresa
raç u a última visita, et., que tém s rits de separaç m relaç a mr e Qant as rits e agregaç a tr m, s evaetes s d
d reslidaç da siedade, restrita u ampla, ds vivs. ae, a aregaç a l, da a, t eles se z eqete a
Eis agra uma lista de rits de passagem siderads isladamete, lista qe, as q tê p tea tr desid a r e a v ps
m as utras dadas este vlume, tem qualqer pretes de ser mpleta , e ist m ra e tas, a sbe, s dee me s e
Etre s rits de separaç, algus ds quais já ram passads em revista, mer qaqer is przi es, em x qe s
vém iluir: s diverss predimets e trasprte d adáver para ra, a eje, em eita presees e, t. r ,b e
queima ds utesílis, da asa, das jias, das riquezas d mrt, a mrte as mu a ese e urs mrs, e pr se et a e e e,
lheres, de seus esravs, de seus aimais v rits, as lavages, uções e em geral es md que pagar edági ( neir, et) Er s rs ea
paa a ça a aça, a rs éega 9, -
5
4 Este é um dos casos, muito raros, de reencarnação pelo pai Para reeências, c HERTZ. Op. cit., p 12, 2.
55 SMIRNOV Les pulationsfnnoises des bassins de la Voa et de la I<ma, t I, Tchérémisses et Mord O cit, p. 78, odifcado ma teoa emado aolut e Kepl
ves Paris, 1898, p. 133-144 [Trad. P . Boyer] HADDON Cambridg xedition to Tos Sits, V 190 5; ese esm t é s o
Ibid, p. 357-376 casaeto. C acima, p. 5
140 14f
ma-unção cristã, a deposição do morto no chão Finalmente, é talvez nesta categoria
que devem ser classifcadas as danças dos mortos" executadas por certos amerínos,
pelos iana 6o da Árica, etc, pelos membros das sociedades secretas ou de outras
sociedades mágico-religiosas especiais CAPÍTUL IX
Outros grupos de ritos de passagem
todos os ritos
orecem que para
matéria incluem o ato de
discussão cortar,
Assim porexpliquei
é que um lado,aecircuncisã9
o de ligar, por
comooutro, não
um rito
de separação, e por outro lado o uso do laço sagrado", da corda sagrada", do nó é
muito dindido, assim como seus análogos, o cinto, o anel, a pulseira e também a
coroa, sobretudo nos ritos do casamento e da entronização, sendo a fta do cabelo a
rma primitiva
Para al gs destes ritos, que considero como ritos de passagem, é preciso cont
do expor, ao menos rapidamente, minhas razões
1º) Cabelos. Foram objeto de uma monografa de Wilken cuas opiniões ram
3
,
aceitas e desenvolvidas, entre outros autores, por Robertson Smith 4, Sidney Har
tland, etc. Na realidade aquilo que se denomina o sacricio dos cabelos" compreen
de duas operações distintas: a) cortar os cabelos; b) dedicá-los, consagrá-los ou sacri
fcá-los Ora, cortar os cabelos é separar do mundo anterior Dedicar os cabelos é li
gar-se ao mundo sagrado e mais espeialmente a uma divindade ou a um demônio,
Compare-se a este propósito os ritos assinaados por MONSEUR, E "La proscription religieuse de
'usage récent Re de Fst desRi., t. LIII (1906), p. 290-305
2 Cf. acima, p 33-35, 42-45, 50-52, 57s., 6 s, 63, 68s, 1 17120, 140-142.
WILKEN, J.A.DasHaarrRevue Coloniale Internationae, t III cf. entre outros PAZER Gol-
0 Cf WNER, A.The Natives ofBtish Etca Londres, 1906, p. 229; RRY, R.S Some den Bough cit, t I, p. 368-389, para uma boa coleção de tos
lkre, stoes and songs in Chinyanja
Londres, 1907, p. 179 SMITH, R Die Relion der Semiten, p. 248255.
142
143
dele uma moeda), são mais complexos. A melhor iterpretação deste rito i dada ção era um ato ormal as sociedades de eebos atigas, tal como é aida, equ anto
por Westermarck, o qual pesa que, devido ao poder sag ado d estr angeiro, er um pacto de amizade, etre os albaeses e para os habitates das casas comus", os lu
meio de asse grar a ecudidade da moça 10• Esta, a be dizr, ao er uma prosttu a gares em que ão há vida em comum de rapazes e moças 4, de modo que esse caso a
1
sagrada e o ato executava-se em um terreo sagrado. E possvel que vese por fali primeira pedicação é um rito de aterização. Não é ecessário, como pesava A.J.
dade ao mesmo tempo agregar o estr angeiro à dividade ou à cidade. E aida como Reiach, ivocar aqui a ideia da tr anserêcia da rça masculia do poderoso ger
rito de agregação que iterpreto o oito equ anto ato fal das cerimôias de iicia reiro para o ebo que se predeu a ele para receber educação mtar e cívica" 15 . Etre
ção. Assim é que a Austrália o coito é um rito desta atreza para agregar um m� os judeus, às prostitutas sagradas, kedeshoth, correspodiam os kedeshim, homes
sageiro a uma tribo , ao passo que em outros casos é um rito destiado a gar antr a dedicados às dividades, e que se submetiam à pederastia passiva. Também este
boa marcha das cerôias em execução 12, e em outros casos aida é um ato de a caso o ato era um rito de agregação. Não preciso ocupar-me dos homes-mueres.
terização (empréstimo e troca das mulheres, das irmãs, etc.). Etret anto, covém lembrar o rito de Cos, o qual os sacerdotes de Hércules usavam
Qu anto à berdade sexual" cosecutiva às cerimôias de iiciação, a qual, as roupas de mulher e o oivo vestia-se também de muer para receber sua oiva 16 •
sim como as cerimôias de algmas seitas russas, os homes e as mulheres uiam-se Este paralelismo expca-se ciete admitido: 1º) que os sacerdotes eram as mu
conorme sua votade ou ao acaso, loge de ver ela uma sobrevivêcia da suposta lheres" de Hércules, e por cose gite a agregação a esse deus icluía a pedicação;
promiscuidade primitiva" vejo aí a expressão completa desta mesma ideia de agrega 2°) o oivo agia do mesmo modo que o casal de xamãs Koriaque, ode o marido é a
ção É o exato equivalete da reeição em comum, da qual participam todos os me muer e a mulher o marido 1 7 de modo que o paralesmo em questão é apeas uma
bros de um mesmo grupo especial. Tiraria al gém da existêcia uiversal das ree coicidêcia, a meos de supor que o rito do casameto iuiu o rito do templo, e
ções em comum um argumeto em vor da propriedade comuista primitiva das este caso, seja qual r a razão do disrce do oivo, o rito do templo pode aida ão
substâcias alimetícias? Nesse mometo também os direitos de propriedade pessoal ser seão um rito de agregação à dividade 18 • A pederastia ritual ecotra-se aida
são esquecidos e em um modesto piqueique todos comem do que cada um trouxe. etre os ídios Pueblo, que aemiam expressmete rapazes ( os mujerados) de que
Assim também todos se uem a todas, a fm de que a uião etre os membros da so se servem durante diversas cerimôias 19, sem dúvida com a mesma falidade que os
an
ciedade
ções dosespecial, totêmica,e mesmo
órgãos sexais, herética,oetc.,
casoseja proda e do
da perração comhíme
yleta.Qu
or umtocoà mutil
to preli Aruta
lubricquado se servem ritaete de mulheres, sedo os dois casos o ato um
ante mágico".
miar ao casameto, ão têm ehuma sigifcação sexal propamete dita, co
rme euciei repetidas vezes.
Tudo qu anto acabamos de dizer sobre as práticas heterossexais vale exatamete
para as práticas homossexais. Mas, como este caso as discussões ram mais co Para tos e reerências, cf ELLIS, H Études de choloie sexuele,t II, Vlnversion sexuelleParis,
sas e os documetos são meos detalhados, covém citar algus exemplos. Por oca 1909, STEMARCKOriin and develment of moral ideas, t. II, 1908, p 456489 e o periódico de
KRAUSS, F.SAnthrhyteia Leipzig, 5 vols. publcados
sião da iiciação a certos Igiet ( c. acima p. 84s.), um membro idoso da sociedade REACH, Ad. J. "La lutte de Jacob avec Jahveh, etc., R. des Études Ethnogr et Sociol., 1908, p
despe-se e besuta-se de cal dos pés à cabeça. Se gra a mão a extremidade de uma 356, nota 5
esteira, d ando a outra a um dos oviços. Puxam e lutam alteadamete até que o ve 6 FRAZER, JG Anis,Atts, Osiris . ed. Londres, 1907, p 433
lho caia em cima do oviço e o ato se executa. Todos os oviços, cada qual por sua C IOCHEISON The Koak; relion and mythJesup North Pacic Exp., t. VI, parte I Nova
vez devem submeterse à operação. Ora, a pedicação ão é cosiderada por estes me York/Leyde, 1905, p 5-54
l ansios como vício, mas como ato divertido Por outro lado sabese que a pedica-
13
•
Entretanto, o vestuário eminno dos sacerdotes e magos é um to muito dindido, para que se tor
ne necessário procurar talvez uma outra expcação para ee C a interessante nota deochelson,
J The Kor-
yak, p 53 VN DER BURGT, JMM. Vrundi et les WarundiBar-eDuc, 1905, p 107; FRAZER,
J.G Adonis, As, Osirs ed. Apêndice, p 48435 A ideia desta troca de vestuários repousaria na
crença de que o padre é animado por um espírito eminino ou uma deusa, com a qual quer identicarse
0 WESTEMARCKThe oin and devepment of moral ideas,t II Londres, 1908, p 445-446. Fraer, p 434, cita o mesmo rito como rito de casamento, e acredita que tem por nalidade assegurar o
C acima, p 4648 nascimento de crianças masculnas Isto é inaissível Se assim sse, o noivo daria à luz meninas, ou só
procriaria meninas! Segundo meu modo de ver tratarse aí de um rito de agregação do jovem à amília da
2 Cf. meus Mythes et Lé dJusrParis, 1906, p. LVI-LVII. moça e da moça à amíla do noivo, ou antes de um simpes rito de união entre dois indivíduos, idêntico à
PARKINSON, R.Dre]ahre in der SüdseeStuttgart, 1907, p 6 11. A sodoi� é ialmente pr troca de anéis, de almentos, etc.
tcada como rito de iniciação na Nova Guiné. CHLMERS, J. "Notes on the Bugia, Btsh New G ARSCH, F. Uranismus oder Pderastie und badie ei den Naturlke Jahrbuch r sexuele
nea.Anthr. Inst, t XV (1904), p 109 Zwischenstun, t III (1901), p 141145.
1 46
1 47
asta i gamente as os ra strr e a betilidde cetos ca demônios. Frazer v nela um rito de purifcaço25 Thomson con sideraa um meio de
de ser m ro de areaço. Apreenta�se e ui a e adasar er passar para o corpo do pacente a rça e a vitaldade da árvore (aveleira) ou do
ntre s ntaior um hoe ó poe er elações seas sa mulher dei animal (bode ou cabra), com os agmentos do qual se stiga Salomo Reinach
e las co ma bezerra especaene ttd e adrnada de es e ilada. adota esta teora e v na aelaço um rito de comunho", aquilo que chamo um
O pelido s tamo é marido e vacas" e rito oderia er reaço com o e rito de areaço. Esta interpretaço deve ser admitida tato para as Lupercais quan-
smo20. E alas tribs a oa uin britica a estiaiade é m os rtos to para a aelaço no altar de Ártems Ortha A aelação é um rto importante em
das erimôns da iicaç21. A eresentaço dramática da bestilidade, quano no muitas cerimônias de iniciaço (conrme vmos entre os Zuni)2 e equivale ao rito
o prório to, esepha importante ael essas mesmas cerimônias, o mens que na Nova Guiné consiste em dar um golpe de maça na cabeça para agrear o ndi-
enre s australianos e amerínis, e também entre os Bushmen do Kaahari, ue víduo ao cl totmco, à mília, ao mndo dos mortos 27 Entretanto, convm notar
eecta a dança do u e das aca ou a dança do per ou a dança do por que a agelaço ou os olpes servem m al gns casos (Libria, Cono) como rito
cespo, siulndo coito desses aiis com a maior exatido 22. Finaente, a material de separaço relativamente ao mundo anterior, uma vez que bater equivale
efcácia máicoreliosa d coito cm animais depreendese das se gintes prescri- ento também a cortar ou quebrar. Fnalmente, lembro que o rito de bater num obje-
ções notadas a Dmácia pelo r. l itrovic. Para livrar se da consumpço é pre- to é muito dindido, e que entre os rtos de apropriaço existe o de ater no solo"
ciso praticar o coio co a ala o a pata, ara curarse da enorraia é ou o de bater nas onteiras" 28
preciso atcar o coito co um gna uj escoço se corta durante o ato, para 6 °) primeira vez ' primeira vezé que tem valor", afrma um ditado popular,
toarse senhor da ate iaólica é ecio ter elações com uma vaca e, para con- no deixando e ter nteresse observar que no somente esta ideia é propriamente
qustar a lcide, cm a glia ara prender a lin gagem dos animais o mes- universal, mas traduzse em toda parte, com maor ou menor rça, por meio de ritos
mo deve ser eito co ua serente êe, ra que as Vilas ( das maléfcas) no - especiais. Vimos repetidas vezes que o s ritos e passagem no se apresentam em sua
çam mal ao ao é preciso cpla c a é ga, ara roubar, sem ser apanhado, rma completa, ou no se acentuam mais, ou mesmo no existem a no ser por oca
com uma ata, para ter elicidade e ca, uma cabra, recolher o serma e es- so da primeira passaem de uma cateoria socal ou de uma sitaço a outra. ssim,
egar com ee a pora da ca 23 S úi, a esiade anaita (alias, patos, para no sobrecarregar mais um livro já bastante pormenorzado, contentome aqu
ec.), o espada qe um ere o eve nca oer qalquer dessas aves se com al as indcações. Lembro, primeramente, que nesta categor ncluemse to-
no i morta em sua reseça, eese a niões do memo nero dos os ritos de ndaço e de nau graço (casa, templo, aldeia, cidade) Contm ce-
5 ) A aelaço é m ds t qe, eo quo execa ritualmente, pode
°
rimônias de separaço com relaço ao comum e ao proano e uma apropraço ou
ser terpretado de várias anes. a ortâcia é cohcia na ioloia sexal, consaraço. Nos detalhes estas cerimônias compreendem ritos de proflaxa, de pro-
pois um meio eotóeno ds mai s. r, es ee cas, a piciaço, etc, mas sua estrutra real é o esquema dos ritos e passaem, prinip-
como nos rtos, é possível incluir a aelaç e ma cateria ais ata, a d go mente visível nos rits da rmeira entraa al como no caso do estrangeiro há aí r-
es, dados uma só vez ou repetios e ders to em onjnto c a s a rimira entrada E seid o estran eir te liberae e sair e entar e
das rmas do sadismo Euanto o, a e olpes oem r às vezs novo. preira aidez e o primei paro s tualente s as iore
aço sexal Quano n t, cov cmtr a nepretões aé a i ati- e mora i tios higiicos e mdicos nda a dinr s reças te a
das, de acordo com a quais o aenas io e el môni, o ma, d peia vez e as outas nasmto o mei o, e sbeo o
impureza, etc alomo Reich24 ei s ts e alaço rital e eps enno, so aotcetos mais raves, e o o d ista d e trtamos aa-
a eoria de Mannhad, pra que a uer a siaço or eo asar s tase ridicene elo rto eieira. riero coe dos ls
, a eia mta i, maa, s as >
s o r nta cases a ceimas aras e uas ras,
Cf. Meu Tbou Tot ad., p 49251, 28-81, 343
CHALMERS, J Op ci, p 10
ZR, The Golden ough,t II, p 149ss
PSSRGE Die uschmnner der Klahari Berlim, 197, p 01104
6 Cf acima, 80s , e para um outro caso típico WEBSTER, H Pmitive secret societies, p
KUSS, Fr S & EISKE, R Des Divinitésgénéraces Lepzig, 1909, p 181 [rad com com
plementos de Dulaure] Cf acima p 141 s
RECH, S "La agellation rituelle n: Cultes,Mthes tlions, t , p 173183 Cf. BRN oularAntiquities, capítloXV WardeFowler, TheromanFestiv als,p 9; etc
1 48 149
ideia ndamena, paralelas por seu esquema cenral O primeiro noivado em im ocorrência universal Rompe-se assim pela primeira vez o círculo mágico que, para o
porância maior que os ouros, sendo sabido em que descrédio cai uma moça cuo mesmo indivíduo, não poderá echar-se hermeicamene De i gal modo, o primeiro
noivado i rompido O primeiro coio da mulher em caráer rial, de onde a série sacricio do brâmane, a preira missa do padre caólico, ocupam um lugar especial, o
complea dos rios relaivos à perda da virgindade O primeiro casameno é o mais que se exprime por um conjuno de rios especiais. Os primeiros erais são mais
porane não somene por causa da virgindade perdida, porque em numerosas po complicados que os sedos Acrescenarei que os erais da criança morta em pri
pulações houve um período preliminar de coios com rapazes (caso comum das Fii meiro lugar em ma míia êm às vezes complexidade e sigcação especiais Por m,
pinas, ec) ou a moça só é enre ge a o noivo depois de uma deoraç ão prévia Por as melhores oerendas são as dos progênios, dos primeiros ros (primícias), ec
isso, as cerimônias do casameno simplifcam-se (ou mesmo são parodiadas) por oca Desa rápida enumeração depreendese que a explicação dos rios da primeira
sião do novo casameno de uma divorciada ou de uma viúva Tal é o caso em Uargla vez" deve apresenar um caráer de generaidade que H Schurz, auor que deles se
Cio as observações do Biarnay 9 porque êm vaor geral
2 ocupou a propósio dos rios de iniciação, mal chegou a suspeiar • Via na simplif
33
Pode-se disin gir (em U argla) quaro caegorias de casamenos: cação progressiva dos rios uma consequência: 1 º) do o do segredo não ser mais
1 º) o casameno enre duas pessoas jovens, nenhuma das quais i jamais casada
necessário à medida que se sobe de grau, e 2 °) porque os membros dos graus superio
Durane as sas e cerimônias que acompham ou precedem o casameno e cuo res permanecem por rás dos basidores", inerpreação evidenemene inadmissível
conjuno oma o nome de islam,o rapaz é chamado aslie a moça tou taselt; para odos os ouros casos ciados Eses rios são simplesmene rios de enrada em
2°) o casameno de um homem viúvo,divorciado ou já casado com uma ou várias um domínio ou em uma siação para quem vem de ouro, sendo naral que, endo
entrada em um domínio ou uma siuação novos, a repeição do primeiro ao ea
ouras mueres e esposando agora uma moça virgem É o casameno do bumâud apenas um alcance decrescene Aém disso, psicologicamene, o se do ao nada
e da taselt;
mais oerece de novo e assinala o começo do auomaismo
3 °) o casameno de um jovem que nunca i casado (asli) com uma mulher viúva Na caegoria das cerimônias de passagem incluemse ambém as que acompa
ou divorciada (tamet ut);
)
Acresceno que a muher casada em primeiro lugar em sobre as ouras direios amília, mesmo os que em empos comuns são separados por desavenças, reúnem-se
defnidos enre as populações políginas A primeira paernidade re gla, enre os para uma reeição O rio do perdão" é secundário, é um rio preparaório, endo
Toda poliandros , várias paernidades seguines, e um marido sakavaa polígino pro
30
por objeo ornar coeso odo o grupo Em segida as pessoas despedem-se" do ano
cura, meiane um rio especia, garanir a paeidade de seu primeiro flho, a fm de que vai embora Há o kou diane dos anepassados por odos os membros da amía,
ser ambém o pai dos se gines . Finamene, com equência o nascimeno do pri
31
a começar pelos mais idosos, exceo as moças da casa, porque esas esão desinadas a
meiro fo marca a erminação dos rios do casameno ou, como aconece no Came enrar em oura amília, visias do fo mais veo às amílias aparenadas, ec.
r , classifca a jovem esposa na classe das mulheres propriamene dias
32
O período de margem compreende aqui, se gndo os povos, ou a noie ineira ou
Os rios de ciação, conorme o ermo indica, são ambém os mais importanes o inervalo de meia-noie a uma hora da madrugada ou al s minuos, apenas o
porque assegr a presença ou a participação defniiva nas cerimônias das aerni empo da mudança Assim, em Pequim durane meia hora echa-se a pora enre os
dades e dos misérios Ver pela primeira vez um objeo sagrado é um ao grave, de bairros áraro e chinês, colam-se nas poras da casa, dos armários, ec pedaços de pa-
9. BIANAY Op ci , Apêndice
0. IVERS, H The Toda, p 32 2, 517
. SCHURTZ, H Altersklassen und Mnnerbünde, p 354-355
. WALEN, A The Sakalava, Antananarivo Annual, s VIII (1884), p 5354
RDE FWLER The roman fstivas,p 3543, 4850
. Cf entre outros
. As moças e mulheres estão nuas até o nascimento do primeiro lo HUERNord-Hinterland von
Kmerun. Brunswick, 1902, p 421 . GRUBE, W Zur Pekinger VolkskundeBerlim 1901, p 93 e 9798
151
1 50
pel ermelho, etc Em seguida êm os ritos de recepção do noo ano Em Pequim renascimento Desse modo, azse um solene neral a Adônis, toma-se luto e toda
41
consistem em sacricios aos antepassados, às diindades, em reeições comuns dos a ida social fca suspensa Adônis renasce, restabelece-se o laço que o unia à socieda
parentes, etc O período de margem toma neste caso a rma do dia, da semana ou do de e a ida social recomeça Finamente, assinalarei ainda o to, posto em eidência
mês de sta ou de período Assim é o m ês de paralisação administratia, que na Chi por Beuchat e Mauss , que entre os Esquimó a ida so cial é construída segundo ba
42
nias relatias às estações, e que caem muitas vezes no solstício do erão e no solstício pondência entre as ses da lua e o crescimento, e em seguida o decréscimo, da ida
do inerno (estas combinam-se na Europa com as cerimônias do m do ano), no egetatia, animal e humana, é uma das mais velhas crenças da humanidade, e se rela
equinócio da primaera e no equinócio do outono Notarei somente que o rito de se ciona etiamente com uma correspondência aproximatia rea, no sentido em que
paração consiste neste caso na expulsão do inerno 8, e o de agregação consiste na in
3
as ses da lua são um elemento dos grandes ritmos cósmicos, a que estão submetidos
trodução do erão na adeia Em outros casos o inerno morre e o erão ou a prima
39
tanto os corpos celestes quanto a circulação do sangue Mas observarei que quando
4
.
vera renascem não há lua há paralisação da ida, não somente sica, mas também so cial, geral ou es
Ora, as estações só interessam aos homens por sua repercussão econômica, tanto pecial 5, por conseguinte período de margem As cerimônias de que se trata têm pre
4
sobre a vida mais industria do inerno quanto sobre a ida mais agrícol e pastoral cisamente por fnalidade encerrar este período, assegurar o máximo vital esperado e,
da primaera e do erão Segue-se que os ritos de passagem propriamente sazonais no momento de decréscimo, zer este ser temporário e não defnitivo Daí, nessas
têm
apósexato paralelo
a margem nos ritospela
constituída destinados a assegurarem
moderação o renascimento
da marcha egetatia da egetação
do inerno Garan ecerimônias a dramatização
o caráter de da ideia
ritos de separação, dedeentrada,
renoação, de morte
de margem e dee renascimento periódico,
saída das cerimônias re-
te-se a retomada da ida sexual animal tendo por fm o aumento dos rebanhos Todas latias à lua em todas as suas ses ou somente à lua cheia
estas cerimônias compreendem: 1 º) ritos de passagem; 2 ) ritos simpáticos, diretos
°
como estes sábios publicaram seus documentos com bastante detae, é ácil qua 187193; 219230; 254-259 299345; CUMON, r Ls rlions orntals dans l pagansm roman
Paris, 1907, p 300, 310 REINACH, S Cults,Myths t Rlions.3 vols, passim
qe pessoa er que, com eeito, o esquema dos ritos de passagem coexistem real BEUCH & MUSS.Essa sur ls varatons sasonnrs ds socétés skmos nnée sociologique, t
mente nessas cerimônias com a segunda categoria de que lei O elemento mais im I (190 6), p 39 132 Os autores não dedicaram um estudo especial às práticas postas em uso por ocasião
portante do esquema, quando a potência sazonal e econômica é indiidualizada (por da mudança de residência, mas podem ser encontradas descritas (mudança, cortejo, versas propicia
ções, etc) nas ntes que citaram Devemse aproximar delas os ritos de passagem da vida em um vale
exemplo, Osíris, Adônis, etc), consiste na dramatização da ideia de morte, espera e para a vida na montana ( estivação na Saboia, na Suíça, no irol, nos Cárpatos, etc) , avendo sempre na
partida e no regresso um banquete em comum, estas de aldeia, procissões e bênçãos, etc Nesta categoria
ncluemse todos os ritos da mesma natureza que o rito existente na Rússia e que consiste, quando termi
na o inverno e o gado z a primeira saída, em obrigálo a atravessar uma barra colocada sobre a soleira
(R UMB ULL Thrshold covnant,p 17), evidentemente para separálo do mundo doméstico chado e
6 Cf DOOLITLE Socal l ofth Chns, 1867, t II, p 38-40, e GRUBE, op cit, p 9899 reagregá-lo ao mundo exterior, ao céu aberto
Para tos, c RAZER, JGAns,Ats, Oss 2 ed (1907), 306ss C RZER Gon Bough,t I p 156160, e Ans,A, Oss 2 ed, p 369377 Para Sin, o
RAZER Goldn Bough, t III, p 70ss deuslua assíriobabilônio, cf COMBE, Et Hstor du cult d SnParis, 1908
9 Ibid, t I, p 208 e t II, p 9ss Cf HVELOCK ELLIS Étuds d psycholo sxul,t I (1908), p 120225
0 HOMNN-KRAYER D Fruchtbarktsrtn m schwzschn Volksbrauch cives suisses C a partida do bosque dos membros do duk-duk, por ocasião do último quarto WEBSERPrm-
des rad Pop t XI (1907) p 238268 tv scrt socts,p 114
1 52 1 53
Sendo a semana apenas uma divisão do mês, salvo pela relação que tem com a adoção49, da puberdade 5 0, da iniciação 5 1, do casmento 52, da entronização 53, da orde
realização dos mercados (sobretudo na Árica), não há ritos de passagem relativos à nação 54, do sacricio55, do neral nas populações que acreditam na sobrevivência in
semana Mas conhecem-se ritos deste gênero relativos ao dia, por exemplo, no Egito dividua ou, além disso, na reencarnação 5 6, e talvez seja tmbém encontrada igual
Antigo e todas as cerimônias destinadas a assegurar o curso cotidiano do sol com
4
mente nos votos e na peregrinação. A ideia lógica" desses paralelismos, a gs dos
portm, entre outros elementos, o esquema dos ritos de passagem. quais tinham sido observados por H Schurtz, ideia que não soube achar e que parece
Todos estes ritos, que têm por fnalidade a multiplicação dos nimais e dos vege mesmo ter negado que existisse 5 7, é que passar de um estado para outro signifca
tais, a periodicidade das inundações e ertilizantes, a cundação da terra, o cresci despojar do homem velho", é literamente adquirir uma pele nova" Contudo, é di
mento normal e a matração dos cereais, dos rutos, etc., são apenas me ios para a ob cil decidir se a ideia de m orte e renascimento representa uma causa ou uma conse
tenção de uma boa sitação econômica O mesmo deve ser dito dos ritos de pesca e quência Parece ser consequência nas cerimônia de ciação e de ordenação, que
de caça, das cerimôas de multiplicação do totem (Intichiuma na Austrália Central, compreendem, entre outros elementos, êxtases, exteriorizações58 ou mesmo, como
etc.) e enfm, em certa medida, dos ritos de guerra e das cerimônias do casamento acontece entre muitos ameríndios, um soo ou somente o sono. Assim, entre os
Não preciso estudar aqui este aspecto econômico de a gs ciclos cerimoniais nem Musquai (Utagami ou Raposa), na última noite da iniciação (que dura nove anos),
ocupar-me das características exteriores da passagem de uma situação para outra, que os noviços deitam-se no chão da casa de danças, adormecem e despertm homens59
não implicarim nenhum elemento mágico-religioso É consequência também nas cerimônias sazonais, quando a natureza adormece" e
desperta" Mas é a causa dos ritos especiais, dramáticos e em uso no cuto de Osíris,
O enômeno da marem pode constatarse em muitas outras atividades humana, Adônis, tis, etc, e vive com existência própria no cristiaismo ( morte e ressurreição
e se encontra na atividade biológica geral, nas aplicações da energia sica, nos ritmos do Savador, ponto de partida da interpretação simbóica da morte e do renascimento
cósmicos. Porque é uma necessidade que dois movimentos de sentido contrário se
jam separados por um ponto morto, que é reduzido ao mínimo em mecânica pelo ex
cêntrico e só existe em potência no movimento circular Mas se um corpo pode mo 9 C acima, p 50s
0 Cf aci ma, p. 72, e o c aso muito claro citado por RZER, J.GGoldenBough,t. III, p. 210 (Bornéu).
verse
se trataem
decírculo no espaço
atividades com ou
biológicas velocidade constante
sociais, porque o mesmo
estas nãoeacontece
gastmse quando
devem ser rege C acima, p. 89s. Pode encontrarse em AZER, JG The Golden Bough.2 ed, 1900, t. III, p.
422446, uma boa coleção de caso s de morte e de ressurreição no curso de cerimônas e iniciação Mas a
neradas em interalos mais ou menos aproximados A esta necessidade ndamental é explcação dada por razer é inadmissível Esse autor pensa que se trata de um rito de exterirização da
que atendem em última análise os ritos de passagem, a ponto de tomarem às vezes a alma tendo em vista a identicação com o totem Ora, não somente esta teoria não se aplicaria aos ritos
idênticos executados nas cerimônias que enumero, mas nada prova que a união ou identicação com o
rma de rito de morte e renascimento totem sejam essencialmente de base animista. Podem zerse diretamente, por exemplo, comendo-o ri
Conrme i dito em páginas anteriores, um dos mais notáveis elementos das tualmente ( comnhão totêmica de Rob. Smith), como acontece na Austráia Central Sobre a morte e a
ressurreição por ocasião dos ritos de iniciação, c ainda KULISCHERZeitschri r Ethnologie, t. XV,
cerimônias sazonais é a representação dramática da morte e do renascimento da lua, p 194ss.; WEBSTER Primitive secret societies,p. 38ss; GOBLET D'AIELLA Revue de l )istoire des
da estação, do ano, da vegetação e das divindades que presidem a esta última e a re Relions, 1902, t. II, p 341343 (mistérios de Eleusis); HARRISON, J.E Proleomena to the study ofgre
ek relion, p. 590 (orsmo); NELL The eolution of relion Londres, 1905, p 57 e nota; DIE
gulamentam Mas este mesmo elemento encontra-se em muitos outros ciclos ceri TEICH, A Eine Mithraslituie Leipzig, 1902, p 157178; SCHURTZ, H Altersklassen und Man
moniais, sem que seja necessário, para explicar este paralelismo, supor empréstimos nerbünde Leipzig, 1902, p 98, 99-10 8 para as generalidades e passim para os detalhes; Schurtz não viu
ou contaminações de um desses ciclos a outros. A ideia de que tratamos encontra-se que os ritos que dramatizam a morte e a ressurreição dispõem-se entre os outros ritos da iniciação de
acordo com uma s equência necessária.
portanto ou indicada ou drmatizada nas cerimônias estacionais, por ocasião da gra C acima, p. 122s. e 124.
videz e do parto 47, do nascimento entre os povos que admitem a reencarnação 48, da C acima, p 103s
C acima, p 100-102
C HUBRT & MAUSS "Essai sur la natre et la nction du sacriceAnnée Socioique, t II
(1 898), p 48, 49, 71, 101, da separata
6 C acima, passim, e c HERTZ "La représentation collective de la mortAnnée Socioloique, t. X,
6 Cf. acima, p 136, e mais adiante, p. 158-160. 1907, p 126
Assim é que em Madagáscar uma mlher grávida está "morta, e depois do parto é licitada por ter SCHURTZ, H. Op cit, p 355-356
"ressuscitado Cf Tabou, Tot Mad, p 165. STOLL, O Suestion und ypnotismus in der VlkecholoieLeipzig, 1904, p 289ss.
C acima, p 61s 9 MISS OWEN Folk-Lore oftheMusquakieIndians,p. 69
1 54
1 55
dos ovios, etc) Do próprio to de ser encotrada ra dos ritos de iniciao deve Sem querer ser absolutamete completo neste primeiro ensaio sobre as diversas
cocuir-se que esta ideia o é uma iterpretao das hiposes, das catalepsias, das ocasiões em que o esquema dos ritos de passagem entra mais ou meos em jogo, pre
amésias temporárias e outros eômenos psicop áticos Em resumo, trata-se de uma ciso assialar al gns cass de margem que possuem certa autoomia enquanto siste
ideia simples e ormal uma vez admitido a opiio que a passagem de um estado a a secudário itercalado em cojutos cerimoiais Assim é que etre as práticas
outro é um ato grave, o qual o poderia realizar-se sem especiais precauões 60 Fi quase uiversais as diversas cerimônias pelas quais uma pessoa passa durante a vida
almete, a morte e o renascimeto rituais, em als casos, podem derivar da assi ecotra-se a do trasporte O sujeito da cerimôna durante um tempo mais ou me
milao das etapas da vida humaa às ses da lua Ao meos é um to que deve ser nos logo o deve tocar a terra É trasportado os braos, uma teira, é colocado
ressaltado aqui que em grade úmero de povos61 a srcem ou a introduo da morte a cavalo, as costas de um boi, em um carro. Istalam-o sobre um tranado de vime,
é atribuída à lua móvel ou fxo, uma armao ou assento elevado, num trono Este rito é essecia
A série típica dos ritos de passagem ( separao, margem e agregao) ece a es mete dierete do rito de transpor al gma coisa ou de ser carregado por cima de al
trutra do sacricio e i sistematzada este sentdo até às miúcias os rituais hdus guma coisa, embora os dois às vezes se combiem. A ideia é que a pessoa deve ser le
e judeus antigos 62, e às vezes tmbém a peregriao e a votio. Para as peregrina vatada ou alada No é, como se admite, que o rito tenha por nalidade impedir a
ões católicas sabese que existe um certo nero de regras de satifcao prévia, que populao da terra considerada sagrada, ou da Terra-Me pelo contato de um ser im
zem o peregrino, ates da partida, sair do mundo proao e o agregam ao mudo sa puro Consideradose que o rito vae para o na scimento, a puberdade, a iniciao, o
grado, o que se exterioriza pelo uso de sinais especiais (amuletos, rosários, cocha, casameto, a entroizao, a ordeao, o neral, etc, os de slocamentos de um per
etc), e no comportameto do peregro por tabus alimetares (abstinêcia) e outros soagem sagrado ( rei, sacerdote, etc), é preciso econtrar ovamente este caso
( sexais, sutuários, ascetismo temporário) Etre o s muaos63 o peregrino que uma explicao geral O mais simples, acredito, é coniderar estes ritos como ritos de
ez voto de ir a Meca econtra-se em um estado especia, chamado ihrâm, desde que margem Para mostrar que nesse mometo o idivíduo no pertece em ao mudo
atravessa os lmites do território sagrado (Meca e Meda) Ma s o antigo costume era o sagrado em ao mundo proano, ou ainda que, pertencedo a um dos dois, o se
peregrino revestir-se do sagrado, do ihrâm,desde que saia de seu domicílio Desta ma deseja que se reagregue ra de propósito ao outro, é isolado e mantido em uma posi
eira, todo peregrino está ra da vida comum, em um período de margem, da partida o itermediária, sedo sustentado entre o céu e a terra, do mesmo modo que o
ao regresso O mesmo ocorre o budismo No é preciso dizer que a partida há ritos morto em seu jirau de vime ou o ataúde provisório, etc, está suspeso etre a vida e
de separao, na chegada ao santuário ritos especiais de peregrinao, que compree a morte verdadeira
dem, etre outros, ritos de agregao ao divino(tocar a Pedra Negra e talvez primitiva As cerimôias de vingana incluem às vezes um rital muito complicado O to
mete o Laamento das Pedras), e depois ritos de separao do satário e ritos de re geral que um grupo que parte para uma expedio de vendeta é submetido durate
too à vida socia, ger e amiliar O mes mecaism é ecotrado na deoti,co a ersgio e o regresso a etermiads rits quais se encontra o esquema os
siaa omo acicio de si ou com ra esci d scrcio orái. Ade- r assgem Há cosgrço, argem e desscralizao Estuarei em or
64
v -se liás r se ríio as rtos de iiço lr te ojuto e tos, po si meso e em sua elaã om o direo de as
Cnteo-me em nicar aui e, Austália e a rábi, o euema é e
o niidez
6 gs cass a inação e sição acoraa ode ser exessã da idia o renascint n
s ersos ritos e aroprao, que icue isões sseo do tas,
alé as i be desra do or NDEE, EthnologiceBetrachtnen üer Hckerbeta g etc, e tê r beo extrar o doínio co paa corr a dmí s
Aciv r throp ologie, NF, t I V (1907), p 2830 7, cntra A eterich e uitos outos e ó el, ede iuamtlments o esa ssia ria
os, ue este rito não te e toda a parte eta igcaçã, e meso ue al ieia não constiui e
ssnc de
os de riao sagra ( ua inde, e) e a eras sca e
f ene uos usMytheet Léended'lie, p 84; OL TheMaai,p 271,etc í de agem e ue somee depois esta ernaa as terra s im ser ex
T, H & S, Eai r la e et a fnctin acce.ée Soologiqu, t s65, o que sem úvida se verfcaria ambém a eaia e a Árica
() A tr sladao das reíquias copreede ambé m peo m etre
6 Cf, ent re outros, SMIH, R elion der emiten, p 255-25, cujas ntrpeações deve ser co partida do lugar o de se encotravam prieiraene oserad ara o lugar onde
petadas pela nossa CISZEWSKI Op ci, p ss, para os otodoos
·6 Cf. AREBER & SG c ati gr et rom, sv devio, ara as s; HU
agiq ete droit om etc
e table m 6 C SMIH, R Die Relion der Semin,p 124 e nota
'156 157
Fnalmente existe um caso em que se pode ver realizado um depois de outro. , e
serão depositadas defnitivamente. Na Igreja Católica existe a este respeito um ritual '
em um lapso de tempo bastante curto, toda uma série de ritos de passagem relatvos
especial, e a margem coloca todos quantos participam da transladação em uma sita aos diversos períodos da vida. É quando um homem que i julgado mrto, reapare
ção sagrada especial. O mesmo acontece por ocasião do transporte das estátas de deu cendo em sua casa, deseja reintegrar-se em sua posição anterior. E preso então que
ses ou de santos, ou das viagens de um reisacerdote-deus, sendo o carregamento um passe por todos os ritos do nascimento, a iância, da adolescci , etc Terá de s �r
dos ritos de margem. iniciado novamente, casar-se com sua propa mulher, etc. ( Greca, Inda, etc) Sea
O esquema dos ritos de margem encontra-se, portanto, na base não somente dos preciso que um etnógrao pudesse assistir a uma sucessão desta espécie,_ ime ata, de
conjuntos cerimoiais que acompaham, clitm ou condicionam a passagem de um certo número de cerimônias aqui estdadas e descrevesse com o ma0r cdado as
um dos estágios da vida a outro ou de uma situação social a outra, mas também de vá diversas ses delas. Ter-se-ia então a melhor prova, e direta, de que a presente siste
rios sistemas autônomos utizados para o bem das sociedades gerais inteiras, das so matização não é uma pura construção lógica, mas corresponde ao mesmo tempo aos
ciedades especiais ou para o bem do indvíduo. Descobre-se, assim, entre todos estes tos, às tendências subjacentes e às necessidades sociais.
sistemas cerimoniais um paralelsmo não somente no que diz respeito a l gas de
suas rmas, mas quanto a suas estruturas. Este paralelismo i mesmo desenvolvido
conscientemente pelos egípcios, que lhe aplcaram sua tendência à sistematização.
No Egito da época tebana, com eito, os mesmos elementos rituais ndamentais
valem: 1 º) para a entroização do raó66 ; 2°) para o seriço dvino executado pelo
raó na quadade de sacerdote 67 ; 3°) para a agregação do morto ao mundo dos mor
tos e dos deuses 68 • Em cada uma das vezes há identifcação a Horus, de acordo com
uma sequência fxa, assim como em outro sistema rital há identifcação a Osíris: 1 º)
em outro seriço divino69 ; 2°) em outro processo de agregação ao mundo dos mor
tos ?º ; 3 °) no rital de alcance c ósmico, que obriga o sol a levantar-se cada mahã e se
guir sem eclpses seu caminho normal para se pôr no Ocidente, e depois retornar,
passando pelo país dos mortos, ao Oriente 71 • Esta distinção de dois ritais essencial
mente dierentes 72 não parece ter sido vista por A Moret, sem dúvida por causa da
combinação deles tendo por base o tema do desmembramento de Horus", uma vez
que o tema ndamental do ritual osiriano era o desmembramento de Osíris" 73
Ora, em ambos os ritais trata-se da passagem de um estado a outro e os ritos de de
tahe (santfcação, mamentação, doação do nome, subida ao quarto sagrado", pas
sagem de um quarto ou região para outro, aquisição de um vestuário ou de insígnias
especiais, reeição de comuão, etc) são do tipo dos que ram constantemente en
contrados em nosso estudo dos ritos de passagem.
1 59
1 58
passadas em revista Assim é que, entre outros, Sidney Hartand 1 observou a seme-
lhança de certos ritos de iniciação com als ritos de casamento JG Frazer notou 2
CPÍTULO X a semelhança de certos ritos da puberdade com os dos nerais. Ciszewski 3 notu a
Conclusões semelhança de certos ritos do batismo, da aternização, da adoção e do casamento.
Diels 4, acompanhado por A. Dieteriche 5 e por R Hertz 6, observou a semelhança de
certas cerimônias do nascimento, da iniciação, do casamento e dos nerais, às quais
Hertz acrescenta as da inau gração de uma nova casa (mas sem demonstração) com
7
60
161
Um verdadeiro exército de etnógras e lcloristas demonstrou que na maioria ção material dos clãs é também muito rigorosa 13, e em caso de marcha cada grupo
dos povos encontramse ritos idênticos em nção de uma fnalidade idêntica e em austraiano acampa em determinado lugar 4 Em resmo, a mudança de categoria so
1
todas_ as espécies de cerimônias Foram assim destruídas, a princípio graças a Bastian, cial implica mudança de domicío, to que se exprime mediante os ritos de passa
deps a Tylor e a R Andree, um grande número de teorias unilaterais Atualmente o gem em suas diversas rmas
interesse desta orientação consiste em que permitirá a longo prazo determnar ciclos Estou longe de pretender, conrme tenho dito várias vezes, que todos os ritos
cultrais e áreas de civilização do nascimento, da iniciação, etc. são apenas ritos de passagem ou que todos os povos
O objetivo do presente livro é completamente dierente Não ram os ritos em team elaborado para o nascimento, a iniciação, etc rituais de passagem caracteri
seus detalhes que nos interessaram, ma sua signifcação essencial e sua sitação rela zados Assim é, sobretudo, que as cerimônias do neral podem, em consequência do
tiva nos conjuntos cerimoniais, sua sequência Daí al as descrições um pouco lon tipo local das crenças sobre o destino depois da morte, só apresentar poucos elemen
gas, a fm de �strar oo os ritos de separação, de margem e de agregação, prelimi tos do esquema típico e consistir mais em procedimentos de deesa contra a ala do
nares ou deftvos, stamse uns com relação aos outros tendo em vista um fm de morto ou em regras de proflaxa do contágio da morte Assim mesmo convém des
terminado O lugar deles varia conrme se trate do nascimento ou da morte da i coarmos ssim é que equentemente o esquema não aparece na descrição das ce
ciação ou do casamento, etc, mas somente nos detalhes A disposição tendecial de rimônias nerárias de uma população dada, descrição curta ou resumida, mas distin
les é por toda a parte a mesma, e debaixo da multiplicidade das rmas encontrase gue-se muito bem quando se estuda uma descrição detalhada Da mesma maneira,
sempre, expressa conscientemente ou em potência, uma sequência típica, a saber, o es- acontee equentemente que a mulher não seja considerada impura durante a gravi
quema s ritos de passagem. dez ou que todo mundo possa assistir ao parto, o qual é então um ato comum, dolo
. ? sgndo to a assinalar, cua generaidade parece que nin gém observou, é a
exstena das maens, que às vezes adquirem certa autonomia, como no noviciado e
roso, mas normal Mas, nesse caso, encontraremos o esquema transportado para os
ritos da nância ou às vezes incluído nas cerimônias do noivado ou do casamento
noiado E ta interre:ação permite orientar-se ciente, por exemplo, na compli Com eeito, entre a s povos, pelo menos, as distinções não correspondem às
que são correntes entre nós, ou na maioria das populações, e às quais correspondem
quências
caçaoOdos tos ponto
terceiro prelimares ao casamento,
fnalmente e compreender
que me parece importantea érazão de ser dedasuas
a identidade se
passa os capítulos
dos deste livro do
pais ao nascimento Foi primeiro
dito, porflho,
exemplo,
há umqueciclo
entredeoscerimônis
Toda, da adolescência
que rmam
gem através das diversas situações sociais com a passagem material à entrada numa uma totalidade A separação em cerimônias preliminares à puberdade, da puberdade,
aldeia o numa casa, à passagem de um quarto para outro ou através das ruas e das do casamento, da gravidez, do parto, do nascimento, da inância cortaria o ciclo arbi
praças E por isso que, com tanta equência, passar de uma idade, de uma classe, trariamente Este salto encontra-se em muitos outros grupos mas em última anáse
' '
o presente ensaio sistemático não é atingido por ele Porque se o esquema dos ritos
'
de passagem apresentase neste caso com outro specto nem por isso deixa de existir e
pela aberra das portas" Só raramente trata-se neste caso de um símbolo" sen de ser claramente elaborado
do a pas agem ideal para os semicivilizados propriamente uma passagem maerial ma outra observação geral se impõe De tudo quanto precede depreende-se
Com eto, e tre os semicivilizados, conrme a organização social geral, há a se que a posição relativa dos compartimentos sociais varia, mas a espessura de suas sepa
paraçao materal dos grupos especiais As crianças até determinada idade vivem rações também varia, indo de uma simples linha idea até uma vasta região neutra
com as mulheres Os rapazes e s moças vivem astados das pessoas casadas, às ve Desse modo, seria possível, para cada população, traçar um diagrama, no qua os vér
zes em uma casa especial ou em um bairro ou kraal especiais Por ocasião do casa tices superiores da liha em zi gezage representariam os estágios e os vérices inerio
mento, um ou outro dos cônjuges, quando não os dois, muda de residência Os res as etapas intermediárias Tais vértices seriam ora pontos, ora retas mais ou menos
gerre ros n o equentam os erreiros e às vezes cada classe profssional tem sua
m rada desgna a Na Idade Média os judeus eram encurralados em seus guetos, longas Assim é que em al s povos não se encontram a bendizer ritos de noivado, a
assm como os c stãos dos primeiros séculos viviam em bairros retirados A separa não ser uma reeição em comum no momento da conclusão do acordo preliminar,
C a divisão dos clãs nas aldeias puebos; cf, entre outros, MDELEFF, C.Localization ofTusayan
clans,Xth Ann Rep Bur Ethnol., t. II Wash, 1900, p 635-653
Trumbul notou mesmo, The Threshold covenant,p 252-257, a identicação, entre os chineses, os 4 C, entre outros, HOWI Native bes ofSouth EastAusraliap 773777 (Camping rules).
gregos, os hebreus, etc, da mulher à porta
1 63
1 62
começando as cerimônas do casamento logo a seguir Em outros, ao contr ári,
de o noivado em tenra idade até o retoo à vida comum dos jovens espo ss, á
srie inteira de etapas, cada qual possuindo relativa autonomia.
Seja qual fr a complicação do esquema, desde o nascimento até à morte, é m e Charles-Arnold Kurr van Gennep
quema na maioria das vezes retilíneo. Em algmas popações, entretanto, como s â
Lushei, apresentam uma frma circular, de tal maneira que todos os indivíduos pa ss wb Wüb
sem m por uma mesma série de estudos e de passagens, da vida à morte e da mo A 1873
vida. Esta frma extrema, cíclica do esquema tomou no udsmo um alcance ét e
ê
losóco, e em Niesche, na teoria doEteo Retoo, m alcance psicológico.
Finalmente, a série das passage ns humanas liga-se mesmo em alns povos à as
passage ns cósmicas, às revoluções dos planetas, às ses a lua. Há ns so a idei y
diosa de ligar a s etapas da vida humana às da vida ani ma e vegetal, e depois, p . A
espécie de adivinhação pré-cientíca, aos grandes ritmos do universo.
â C b
O Tb
ê
A (19031 910)
C I A
P (19191921).
T
b
b
Les rites de passage (1909)
b
status . M
B 195 7.
1 64