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Fundamentos da Administração
01
Sumário
UNIDADE 1 - Conceitos introdutórios e abordagem clássica da administração
Síntese....................................................................................................................................................23
Referências Bibliográficas.........................................................................................................................24
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Unidade 1 Apresentação
Nesta unidade você tomará contato com conceitos básicos em Administração e entenderá
como eles influenciam a dinâmica das empresas, o que o ajudará a entender a dinâmica
das situações que aparecem nas organizações em que atuamos. Você também refletirá
sobre como essas definições foram se modificando ao longo do tempo.
Apesar de ser a primeira abordagem sistemática para criar métodos e técnicas para
melhorar os resultados da organização, a Abordagem Clássica tem uma influência
significativa na eficiência de nossas organizações até os dias de hoje. Ao avaliar
cada conceito, você poderá, ao final do seu estudo, fazer uma correlação com sua
aplicabilidade atual. Assim, você constatará que ao estudar Taylor e Fayol estará fazendo
contato com dois futuristas.
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Capítulo 1
Conceitos introdutórios e abordagem
clássica da administração
Mas, afinal, o que é “administração”? Pode ser entendida como o processo de trabalhar com
pessoas e recursos visando à realização de objetivos organizacionais. Há dois importantes
conceitos relacionados à prática:
As organizações viabilizam produtos e serviços para consumo e fazem parte da estrutura social.
Basta um olhar atento para identificar inúmeras organizações à nossa volta.
Organização, por sua vez, é um sistema administrado, projetado e operado para atingir
determinados objetivos. E sistema significa um conjunto de partes interdependentes que
processa ou transforma insumos ou recursos gerando resultados que podem ser bens e serviços.
Exemplo: Um call center tem como insumos principais: recursos humanos – que atuam
no telemarketing –, equipamentos especializados e informações prestadas pela empresa
contratante. Estas são analisadas e organizadas e se transformam em scripts, gerando
prestação de serviço aos usuários de uma linha do tipo 0800.
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É importante não confundir um bom administrador com uma pessoa bem-sucedida. Segundo
Bateman e Snell (2006), um indivíduo pode ser bem-sucedido nos negócios, mas ser um
administrador ruim. Um indivíduo bem-sucedido pode ter o mérito de ter empreendido alguma
obra, mas também pode ter usufruído de outros fatores para a obtenção de um resultado
positivo: momento, conjuntura estrutural e econômica, sorte, público ávido por um produto ou
serviço.
Bons administradores não estão representados apenas por destacados Chief Executive
Officers (CEOs) de grandes empresas. Pense também em Joãosinho Trinta, que contribuiu
significativamente para os resultados positivos obtidos pela Beija-Flor durante o período em
que esteve à frente da escola. Ou em Clint Eastwood, que conduz o set de filmagem com
maestria e trabalha com a mesma equipe há anos, que possui um senso de comprometimento
com os resultados desejados pelo diretor.
O principal objetivo do administrador é atingir alto desempenho no que concerne aos objetivos
organizacionais pré-definidos. Os objetivos podem variar e, inclusive, serem combinados:
Planejar: especificar objetivos e decidir ações para alcançá-los. Observe um exemplo: quando
foi fundada, a Gol Linhas Aéreas estabeleceu como objetivo ser a companhia aérea que opera
com tarifas mais baratas, mantendo a qualidade dos serviços. Esse objetivo serviu de base para
desenvolver o planejamento para a empresa como um todo. O exercício de planejar também
pode ser empreendido em um segmento, departamento, loja, unidade, equipe, indivíduo, entre
outros, com diferentes perspectivas temporais (curto prazo, longo prazo).
Dirigir ou liderar: dar direção, estimular, motivar e mobilizar pessoas para alcançarem melhor
desempenho. O exercício da liderança não é encontrado, necessariamente, no exercício de
um cargo. Nem todo chefe é líder, por exemplo. Podemos concluir, então, que liderança não
corresponde à autoridade burocrática. É, na verdade, um reconhecimento espontâneo de um
conhecimento superior ou estilo gerencial admirável, resultando em autoridade legitimada. O
exercício da liderança ou direção pode ser percebido em vários níveis organizacionais.
Controlar: monitorar o processo e fazer ajustes sempre que necessário. É preciso definir
padrões de desempenho, fornecer feedback sobre o desempenho de pessoas e áreas ou
unidades de negócio e executar ações rápidas para corrigir problemas sempre que os padrões
de desempenho não forem atingidos. Orçamento e sistemas de informações, por exemplo,
constituem ferramentas de controle. O mundo atual, extremamente dinâmico e cada vez mais
competitivo, exige um monitoramento com um nível de constância e atenção superiores. A
compra de qualquer empresa por outra, ou por um grupo, é precedida, em regra, por um
rigoroso processo, intitulado no jargão corporativo por due dilligence, que possibilita uma
avaliação integral e profunda pelo comprador das contas da empresa interessada na venda. O
YouTube, quando foi comprado pelo Google, em 2006, passou por um processo semelhante.
Afinal, para ser um bom administrador é preciso desempenhar todas as funções? Sim, todas as
funções são importantes e é essencial cumpri-las adequadamente. Por outro lado, o grau de
habilidade de um gestor em cada uma das funções varia muito. Uma habilidade maior em uma
função pode compensar uma menor em outra. Além disso, algumas funções são mais exigidas
em níveis organizacionais específicos. É esperado de executivos de alto escalão, por exemplo, o
amplo domínio das funções planejamento e direção.
São três os níveis decisórios em qualquer organização que podem ser representados em uma
pirâmide organizacional, conforme a figura a seguir.
Nível
Executivos estratégico
Gerentes Nível
tático
Nível
Supervisores operacional
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Esses níveis são muito claros em empresas de grande porte. Em pequenas e médias empresas,
os níveis frequentemente se sobrepõem e o mesmo administrador pode acumular funções,
atuando nos níveis estratégico, tático e operacional.
Habilidades
Nível
Alta Direção Humanas
Estratégico
• Atitudes – saber ser. É o modo como são vistos, interpretados e avaliados situações,
pessoas, propostas, objetivos e fatos. Essa competência está intrinsecamente ligada à
postura do administrador no ambiente organizacional.
Algumas dessas competências já fazem parte do perfil do indivíduo e outras podem ser
incorporadas. Em síntese, é importante ter em mente que as competências gerenciais podem ser
adquiridas ou aprimoradas por meio de experiência e estudo.
Você pode, por exemplo, dedicar-se mais a fundo à área de logística ou marketing e colocar-
se no mercado de trabalho ou em uma empresa em uma dessas áreas. Porém, à medida que
se destaca em seu trabalho, você pode assumir a chefia de uma equipe ou de uma unidade
de negócio de uma dessas áreas e necessitará de competências gerenciais ampliadas. Por esse
motivo, é importante ter uma formação híbrida, ou seja, escolher alguma especialização e
aprender conceitos administrativos, de modo a ter a profundidade e a amplitude necessárias
que lhe garantam melhor desempenho.
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PRATIQUE!
Hierarquize os comportamentos de um administrador arrolados a seguir em grau de
importância: atribua “1” para o comportamento mais importante, “2” para o segundo
mais importante, e assim por diante, até “10”, que constituirá, na sua visão, o menos
importante. É necessário justificar suas escolhas.
Egito – 2550 a.C.: a construção das pirâmides envolveu planejamento, organização, direção/
liderança e controle.
Ao refletir sobre essas questões, que podem ser projetadas em várias outras situações, como
o sítio arqueológico de Carnac (4000 a.C.) na Bretanha (França), a Muralha da China (205
a.C.), ou mais recentemente as estátuas Moais (1300 d.C.) na Ilha da Páscoa (Chile), entre
outros exemplos, percebe-se que as funções se misturam e se sobrepõem muitas vezes, o que
é inerente ao exercício da Administração. Por isso, é importante perseguir constantemente uma
clareza na definição da responsabilidade das funções administrativas.
Babilônia – 2000 a 1700 a.C.: no reinado de Hamurabi, foi criado o código homônimo
(Código de Hamurabi), cujo teor revela o desejo de colocar em prática as funções
administrativas. O código, atualmente em exposição no Museu do Louvre em Paris, define uma
série de questões. Uma delas é a divisão da sociedade, feita hierarquicamente em três grupos:
homens livres, subalternos e escravos, com salários que variam segundo a natureza do trabalho
realizado. As funções organização e controle são claramente identificadas na leitura do código.
China – 500 a.C.: A Arte da Guerra, de Sun Tzu, é considerado o mais antigo tratado militar
do mundo e, apesar das mudanças tecnológicas, é bastante atual. A leitura da obra evidencia
claramente as funções de planejamento, organização, direção e controle.
Roma – 27 a.C. a 476 d.C.: a expansão do Império Romano foi possível em razão de uma
estrutura governamental e militar de grandes proporções que funcionou durante muitos anos.
O Imperador Diocleciano (284 d.C.) dividiu o império em províncias agrupadas em dioceses,
delegando autoridade para a administração civil. O controle militar, porém, permaneceu
centralizado, garantindo a manutenção do poder.
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Também o período medieval é célebre por evidenciar a organização inerente ao sistema feudal
e o controle exercido pelos ofícios, espécie de sindicatos que regulavam horas de trabalho,
salários, número de aprendizes, territórios de vendas, entre outros. É nesse período (século XV)
que Nicolau Maquiavel escreve O Príncipe. A frase comumente atribuída a Maquiavel , “os
fins justificam os meios”, não é encontrada ipsis litteris em sua obra, entretanto, resume o que
se depreende dela. Maquiavel afirmou que os fins determinam os meios. Em outras palavras,
descreveu com riqueza a função administrativa planejamento, ao esclarecer que é a partir de
um objetivo que deverão ser traçados os planos para atingi-lo.
• Terceira fase (1900 até os dias atuais) – é marcada pelo surgimento de grandes
complexos industriais e multinacionais, pela automação da produção, robótica,
tecnologia, biotecnologia, química fina, globalização e internacionalização dos
mercados.
O americano Frederick Winslow Taylor deu início à Escola de Administração Científica, cuja
base era o aumento da eficiência na indústria a partir da racionalização do trabalho. O
europeu Henry Fayol estruturou a chamada Escola Clássica com foco no aumento da eficiência
da indústria a partir da sua organização e da aplicação de princípios gerais de administração.
Abordagem Clássica
da Administração
Administração
Teoria Clássica
Científica
TAYLOR FAYOL
Taylor foi um dos primeiros a oferecer o serviço de prestação de consultoria para empresas.
Trabalhou para uma empresa fabricante de bombas hidráulicas, sendo depois admitido na
Midvale Steel, uma siderúrgica. Trabalhou também em uma companhia de papel e em outra
siderúrgica, a Bethlehem Steel (MAXIMIANO, 2006). Em 1911, ele lançou a obra Princípios de
Administração Científica.
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• Homo economicus: esse conceito tem origem no fato de Taylor julgar que as
recompensas e sanções financeiras eram as mais significativas para o trabalhador.
Seleção Plano de
científica do Incentivo
trabalhador salarial
Maiores
Estudo de Determinar
Padrão de Supervisão Máxima lucros e
tempos e método de
produção funcional eficiência maiores
movimentos trabalho
salários
Condições
“Lei” da
ambientais
fadiga
de trabalho
Henry Ford (1863 – 1947) também foi um desses estudiosos. Ele não era engenheiro, nem
economista, mas um empresário com uma visão bem pragmática. Ford afirmava que o operário
adaptava seus movimentos à velocidade da esteira rolante, adequando-se à velocidade e, por
conseguinte, a um nível de produção predeterminado. Ford se preocupava com a economia
de material e tempo, perspectiva diferente de Taylor, que se preocupava com a economia do
trabalho humano.
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Ford remunerava seu pessoal com elevados salários e se preocupava com problemas que
eles, eventualmente, apresentavam. Por esse motivo é considerado o precursor da Escola de
Relações Humanas. Mas, afinal, os conceitos de Ford eram diferentes dos conceitos de Taylor?
Não. Os conceitos se integraram e, embora Taylor seja considerado o principal representante
da Administração Científica, Ford exerceu um papel preponderante em um conjunto de
perspectivas gerenciais válido até hoje. Analogamente, pode-se afirmar que Taylor abriu um
caminho e Ford o percorreu com maestria.
O casal Frank (1868 – 1924) e Lillian Gilbreth (1878 – 1972) também contribuiu para a
Administração Científica, ao prover conceitos sobre a redução do desperdício e a fadiga do
trabalho. Frank Gilbreth propôs a eliminação dos desperdícios como forma de aumentar a
produtividade. Os desperdícios relacionam-se, sobretudo, ao estudo dos movimentos. Esse
trabalho colaborou com o de Taylor, que se dedicou, sobretudo, à questão dos tempos.
Lillian Gilbreth, oriunda da área de Letras, voltou-se para a Psicologia, desenvolvendo a tese
intitulada The Psychology of Management. Ela contribuiu nos estudos do marido, dedicando-se
à redução da fadiga desnecessária. Assim, a autora deu origem a um dos primeiros estudos
acerca da condição humana na indústria, detalhado na obra Estudo da Fadiga, de 1916.
Henry Gantt (1861 – 1919) também contribuiu para a Administração Científica, sobretudo com
a criação do Gráfico de Gantt, que permite determinar com eficiência a operacionalização
das atividades, o tempo de execução, os custos e as metas. O gráfico permite controlar o
desempenho em relação ao planejado, relacionando-o ao tempo e a outros insumos previstos.
Os pressupostos do gráfico evidenciam as principais preocupações de Gantt: planejamento,
tempo, custo e controle. O gráfico de Gantt ainda serviu de base para técnicas modernas de
Planejamento e Controle de Produção (PCP).
Frank Gilbreth (1880 – 1949) desenvolveu essa perspectiva dando origem, posteriormente, à
Escola de Relações Humanas. Acompanhe um exemplo: para construir uma parede de tijolos,
os trabalhadores se abaixavam para apanhá-los. Ao propor a introdução de uma mesa para
apoiar os tijolos, mantendo-os na altura dos operários, a fadiga dos empregados diminuiu e a
produtividade aumentou.
Joseph Wharton (1826 – 1909) era um dos grandes acionistas da Bethlehem Steel e foi ele
quem contratou Taylor para trabalhar na empresa. Fundou, em 1881, a primeira escola de
Administração, a Wharton School, pertencente à University of Pensylvania e até hoje uma das
instituições com maior destaque no ensino de Administração.
Alguns aspectos da Administração Científica são passíveis de reflexão e crítica. Por exemplo,
a mecanização proposta por Taylor não considerava o aspecto humano e desestimulava a
iniciativa pessoal. Também o estudo dos tempos e movimentos, levado à última instância,
conduz ao esgotamento físico do operário. Outro ponto crítico consiste na visão estreita de que
aspectos relacionados à motivação circunscrevem-se a incentivos salariais.
Taylor chegou a ser chamado para depor no Congresso para explicar por que um aumento de
300% na eficiência de um pedreiro correspondeu a aumento salarial de apenas 30%. Ele contra-
argumentou que o dispêndio de energia do pedreiro passou a corresponder a 33% da energia
despendida anteriormente. O veredicto proibiu o uso de cronômetros e incentivos financeiros.
O estudioso deixou seu legado também no Brasil. Na década de 1930, foi fundado, em São
Paulo, o Instituto de Organização Racional do Trabalho (Idort) motivado pelas ideias de Taylor.
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A intenção dos autores da Teoria Clássica era criar uma teoria da administração calcada na
divisão de trabalho, especialização, coordenação e atividades baseadas em níveis hierárquicos
(linha e staff). Essa teoria concebe a organização como se fosse uma estrutura, provavelmente
influenciada por concepções antigas (militar e eclesiástica) com formatação rígida e
hierarquizada.
• comandar: fazer com que os subordinados executem o que deve ser feito;
Chegamos ao fim da primeira Unidade. Reflita sobre o que aprendeu até aqui e certifique-
se de ter fixado todos os conceitos. Se quiser relembrar o que viu até aqui, pratique com o
pequeno exercício a seguir.
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PRATIQUE!
Complete os espaços em branco utilizando as opções a seguir.
• Frederick W. Taylor.
• Henri Fayol.
• Gerência Administrativa.
• Produção.
Principal
representante
Enfoque Gerência.
O grande marco para chegarmos a estas organizações complexas de hoje foi o aparecimento
da Teoria da Administração Científica, capitaneado pelas ideias do engenheiro Frederick Taylor,
com base em conceitos relacionados com racionalização, e Henry Fayol, que desenvolveu a
Teoria Clássica, através da organização da Empresa (estrutura) e da aplicação dos princípios
gerais da administração.
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Referências Bibliográficas
BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração: novo cenário competitivo. São Paulo:
Atlas, 2006.
FERREIRA, Ademir et al. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo: Thompson
Learning, 2002.
KATZ, Robert L. Skills of an effective administrator. Harvard Business Review, jan – fev /
1955.
McCLELLAND, David. Testing for Competence Rather Than for ‘Intelligence’, American
Psychologist, Vol 28 (1), Jan 1973.
TZU, Sun. A Arte da Guerra. 30a. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002.