Este é um dos textos que temos nos evangelhos que nos mostra de forma bem nítida Jesus usando os eventos e os personagens do mesmo para trazer ensino e crescimento aos seus discípulos. Em textos paralelos a este fica claro que Jesus nunca se iludiu com as multidões. Porque ele não se iludia? Porque na maioria das vezes a motivação destas multidões estava sempre equivocada. Aqui mesmo neste texto o evangelista João deixa claro isto quando diz assim no versículo 2: “Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos”. Ou seja. Eles não estavam ali pelo que Jesus era, mas pelo que Jesus fazia. Era uma multidão que valorizava o espetáculo. Lá no versículo 26 Jesus se dirige a esta mesma multidão dizendo o seguinte: “Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes”. (João 6:26). Quando faço esta abordagem não quero dizer com isto que Jesus não gostava de gente. Muito pelo contrário. Ele veio a este mundo por causa das pessoas. Lucas nos diz assim no seu evangelho: “Porque o filho do homem veio buscar e salvar aquele que se havia perdido”. (Lucas 19:10). A questão que precisamos entender aqui é que Jesus veio buscar o perdido, transformar a sua vida para que ele possa ajudar Jesus a alcançar outra pessoa perdida. Preocupa-me o fato de nós, a igreja de Cristo nos dias de hoje ainda não entendermos isto, e, porque não entendemos, assim como aquela multidão investirmos a nossa vida na busca de um “Jesus utilitário”, que resolva os nossos problemas, que supra as nossas necessidades, levando-nos a segui-lo pelo que ele faz por nós e não pelo que ele é para nós. Os eventos e os personagens deste texto, conforme eu disse no início, serve como um método didático de Jesus para ensinar aos seus discípulos a respeito de seus compromissos após terem as suas vidas transformadas por Ele. Eu gostaria de pensar nesta oportunidade nos dois discípulos que o texto faz referência a eles. Felipe e André. Vamos observar a postura de cada um no meio de tudo o que estava acontecendo, as suas respostas a Jesus, e vamos tentar fazer um paralelo entre a postura deles e a nossa hoje no nosso compromisso com Jesus. O texto nos diz que Jesus ao ver a multidão esboça uma preocupação em como fazer para alimentar a todos visto que eram muitos. Acho interessante a postura de Jesus, porque me parece que ele deixa um pouco de lado a multidão e se volta para os seus discípulos. Eles passam a ser o foco. A ideia que me passa aqui é que Jesus já sabia o que fazer com a multidão, mas os discípulos não sabiam e precisavam aprender. Ele pergunta a Felipe como fariam para comprar pão para tanta gente já que estavam no deserto e o versículo seis nos diz assim: “Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer”. (v.6). Jesus resolveu experimentar a reação de Felipe na solução desta equação difícil e Felipe foi reprovado. A resposta de Felipe foi uma resposta extremamente materialista. Vejam o que ele disse: “Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço”. (v.7). Esta é a resposta daquele que é discípulo de Jesus e acha que as coisas de Deus se resolvem somente com dinheiro. Creio que a resposta de Felipe seria mais ou menos assim: “Olha só Jesus. Se eu tivesse dinheiro eu resolveria tudo isso rapidinho”. Que decepção. Logo Felipe, que testemunhara tantas coisas sobrenaturais realizadas por Jesus. Creio que Jesus esperava outra atitude dele. Decepção total. Mas o texto nos diz que outro discípulo se aproxima. Seu nome é André. Ele não apenas se aproxima, mas ele se aproxima com uma visão bem diferente da de Felipe. André por certo deve ter visto Jesus se dirigir a Felipe e chegando perto disse assim para Jesus: “Senhor! Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas o que é isto para tanta gente?”. (v.9). A postura é diferente. A conversa é diferente. Vocês perceberam? Ele também não sabia o que fazer, mas assim como Felipe, André também era testemunha de muitas coisas feitas por Jesus depois de tê-los convocado para serem pescadores de homens. A postura de André é a seguinte: “Senhor! A dificuldade é realmente grande. Eu particularmente não sei o que fazer. Mas temos “alguma coisa” aqui que pode ser usada. É “pouca coisa” e não dá para todo mundo. Aliás, eu dependo de uma outra pessoa para que “esta coisa” esteja nas suas mãos.”Esta coisa” nem é minha. Mas se esta pessoa concordar em colocar esta coisa nas suas mãos por certo vai ser bênção e este problema será solucionado”. Creio, sem sombras de dúvidas, que dentro da igreja de Cristo temos os representantes da multidão e dos Felipes. Conforme eu disse, os da multidão são aqueles que seguem a Jesus não pelo que ele é, mas pelo que ele faz. Também temos alguns discípulos que ainda tem uma visão materialista das coisas mesmo sabendo que o nosso compromisso é com o Reino Espiritual de Jesus Cristo. Jesus disse assim: “O meu reino não é deste mundo”. (João 18:36). São este que as vezes dificultam o crescimento do reino de Deus e da sua igreja no mundo. Pessoas que deveriam ter uma postura diferente, mas insistem em viver uma vida pequena voltada para o mundo e não para Deus. Ele vê o que Deus faz, mas o seu coração está capturado pelo que é terreno e aquilo que Deus faz, muitas das vezes passa a ser apenas um espetáculo para eles. Lembre-se. A multidão seguia a Jesus apenas para ver os sinais que ele fazia. Mas pela graça de Deus temos os Andrés e os meninos. Os meninos, muitas das vezes com pequenas coisas nas suas mãos, que não se negam a transferi-las para as mãos de Deus para abençoar esta multidão que se agrada apenas do que ele faz. Andrés que participam ativamente das coisas de Deus com uma visão diferente, uma visão espiritual, uma visão de que pode abençoar, mesmo sem saber como fazê-lo, mas abençoar, abençoar, abençoar. É lógico que Felipe mudou de vida depois. Foi missionário em Samaria. Foi Bênção. (Atos 8; Atos 21). Ufa! Ainda bem. Mas na verdade são os Andrés e os meninos com alguma coisa nas mãos que abençoam o reino e a igreja. Louvado seja Deus por eles. Quem é o seu referencial neste texto? Pense nisto. Pr Zulmarino Zoroastro Silva