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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

– JEC BROTAS - .DA COMARCA DE SALVADOR, BAHIA.

Processo nº: 00385847020138050001

HIPERCARD BANCO MULTIPLO S.A, já qualificado, nos autos do processo em epígrafe, no


qual litiga contra LUZINETE SOUSA ARAUJO DA SILVA, igualmente qualificado, vem, por
seus advogados, opor, nos termos dos arts. 48 e seguintes da Lei nº 9.099/95 c/c arts. 535
e seguintes do CPC,

EMBARGOS DE DECLARAÇÂO COM PEDIDO DE EFEITOS MODIFICATIVOS

A sentença de evento nº 13 do sistema Projudi, ao fundamento das razões de fato e de


direito que passa a expor:

I - DA OMISSÃO DA DECISÃO EMBARGADA

A r. sentença condenou o mesmo nos termos que seguem:

“Isto posto, JULGO TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos, para condenar


as Rés, solidariamente, a pagar ao Autor a título de danos materiais, o
importe de R$ 691,98 (seiscentos e noventa e um, noventa e nove
centavos), corrigido monetariamente pelo INPC e acrescidos de juros de 1%
a.m., a contar da data de desembolso. No que tange aos danos morais
condeno as Rés, solidariamente, a pagar ao Autor o importe de R$ 3.000,00
(três mil reais), corrigido monetariamente e acrescidos de juros de 1%
a.m., a contar da data de prolação da sentença. Para hipótese de
descumprimento da obrigação de pagar, no prazo de 15 (quinze) dias, após
o trânsito em julgado, fica a condenação acrescida da multa de 10%
prevista no art. 475-J do CPC.

Tendo em vista o desfazimento do negócio jurídico, faculta-se a parte Ré


que no prazo de 10 (dez) busque o produto, na residência da parte Autora,
sem nenhum ônus para mesma, sob pena de reputa-se que o oferece em
doação..”

Ocorre que, com a devida vênia, incorreu em omissão este Nobre Julgador no momento
em que condenou este Embargante, de modo solidário, a devolução de em dobro dos
valores indevidamente cobrados e pagos, tendo em vista que a parte autora, ora
Embargada, NÃO JUNTOU AOS FÓLIOS QUALQUER COMPROVANTE DE PAGAMENTO DAS
PARCELAS ATINENTES À COMPRA CANCELADA.

Em suma, verifica-se que juntou a parte Autora junto à peça exordial, tão somente, a nota
fiscal alusiva à compra – contestada - do Refrigerador, bem como faturas do cartão de
crédito sob sua titularidade onde visualiza-se a cobrança das parcelas da referida compra.
Não colacionando aos autos qualquer comprovante de pagamento das parcelas referentes a
tal compra.

Com efeito, no direito pátrio o dano patrimonial não pode ser estimado, devendo sempre
ser cabalmente comprovado, e o montante da indenização, quando cabível, deve
restringir-se ao prejuízo efetivamente sofrido e demonstrado, sob pena de proporcionar-se
ao ofendido autêntico enriquecimento sem causa.

De tal modo, conforma condição sine qua non ao Dano Material a existência de prejuízo
patrimonial, que deve necessariamente ser comprovado nos autos do processo, não
cabendo trabalhar com simples hipóteses.

Ocorre que a parte demandante não trouxe aos autos sequer um elemento probante que
pudesse comprovar o pedido de reparação do dano material, devendo, pois, ser afastado,
eis que ausentes elementos imprescindíveis ao seu cabimento, de acordo com nossa
doutrina e jurisprudência unânimes, servindo de exemplo as lições abaixo elencadas.

CELSO AGRÍCOLA BARBI, corroborando o que foi dito acima preleciona que:

“É necessário que essas perdas tenham efetivamente acontecido, pois não


se indenizam danos meramente imagináveis. É mister, portanto, sejam
elas comprovadas quanto à sua existência, mesmo que não determinado,
desde logo, o seu valor”1. (g.n.)

Na mesma linha, entende YUSSEF SAID CAHALI:

“Ora, em relação ao prejuízo, pressuposto necessário da obrigação de


indenizar, a lei não estabelece presunção, competindo à parte, que tem
interesse na demonstração do dano, ministrar a respectiva prova.”2.
(g.n.)

Por fim, CARLOS ROBERTO GONÇALVES arremata afirmando que “Sem a prova do dano,
ninguém pode ser responsabilizado civilmente” 3. (g.n.)

1 Comentários ao Código de Processo Civil, vol. I, t. I/82.

2 Responsabilidade dos bancos pelo roubo de bens depositados em seus cofres, RT 591/18.
3
Responsabilidade Civil, Saraiva, 6ª ed., 1995, p. 27.
Conforme demonstrado, para que fossem indenizadas, as perdas materiais deveriam estar
sobejamente comprovadas, não se admitindo indenizações a esse título de prejuízos
imagináveis e meras expectativas de direito.

Destarte, tal decisão merece reforma, suprindo a omissão ora apontada no que tange a
inobservância dos documentos colacionados aos autos pelo Autor, posto que embora tenha
sido cobrada, a parte autora jamais comprovou ter realizado qualquer pagamento
referente a este valor, não tendo, portanto, nenhum prejuízo de ordem material que
devesse ser ressarcido, devendo ser reformada a decisão ora vergastada, julgando
improcedente o pleito do Demandante a título de prejuízos patrimoniais.

II - CONCLUSÃO

Por todo o exposto, requer sejam acolhidos os presentes Embargos Declaratórios com
efeito Modificativo, para sanar a omissão apontada, devendo ser julgado improcedente o
pleito de indenização a titulo de danos materiais, com fundamento na doutrina e
jurisprudência pátria.

Termos em que,
Pede deferimento.

Salvador - Bahia
Em 05 de maio de 2014.

EDUARDO FRAGA
OAB/BA 10.658

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