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Resumo
O presente trabalho apresenta a uma proposta de planejamento agregado da produção numa
empresa de pequeno porte. Como parte inicial deste trabalho se buscou entender os conceitos
e etapas de implantação de um PCP, objetivando a elaboração um plano de produção para
maximizar a utilização dos recursos produtivos, reduzindo ociosidades e estoques e
aumentando a confiabilidade nos prazos de entrega dos pedidos. Neste sentido foram
coletados dados referentes ao processo produtivo da empresa a fim de traçar um perfil do
sistema atual, bem como verificar os procedimentos práticos adotados na atualidade pela
empresa. Com a elaboração deste plano de produção verificou-se que, através da sua
aplicação, a empresa terá plenas condições de solucionar suas deficiências atuais na gestão
da produção.
Palavras Chaves: Previsão de Demanda; Planejamento Agregado; PCP.
1. Introdução
O planejamento da produção é uma função que consiste em determinar níveis capacidade,
produção, estoques e falta de estoques (GRAMIGNA, 2002), com a finalidade de melhor
satisfazer os níveis de vendas planejados pela empresa; conhecendo os objetivos de
rentabilidade do negócio, a produtividade, os lead time de clientes competitivos, etc, como
expressados nos planos globais da empresa (CRANDALL 1998).
Planejar a produção torna-se relativamente fácil, sempre que a demanda for constante. O
mesmo não acontece quando a demanda varia de um período a outro. Para poder satisfazer
essas variações na demanda, sem incorrer em custos devidos à falta de estoques (backlog), as
empresas costumam agir geralmente de duas maneiras: a) produzir em antecipação à
demanda; aproveitando a capacidade ociosa em períodos de pouca demanda ou, b)
desenvolver formas de ampliar a capacidade de produção como horas extras ou turnos
adicionais, com a finalidade de equilibrar a produção com a demanda nesses períodos de alta
demanda (HEIZER e RENDER, 2001; DAVIS et al. 1999).
De acordo com Machuca (1995), o planejamento e controle da produção está, basicamente,
formado por cinco etapas:
1.- Planejamento estratégico (longo prazo).
2.- Planejamento agregado da produção (médio prazo).
3.- Planejamento mestre da produção (médio prazo)
4.- Programação de componentes -MRP.
5.- Execução e controle.
Cabe mencionar, que e acordo com Machuca, estas cinco fases do planejamento da produção
deveriam ser realizadas por todo tipo de empresa, independente de seu tamanho e atividade;
embora a maneira com estas deverão ser desenvolvidas, dependerá muito das características
próprias de cada sistema produtivo.
O planejamento agregado da produção, têm como principal objetivo, determinar níveis de
produção em unidades agregadas ao longo de um horizonte de tempo, o qual flutua
geralmente entre seis a dezoito meses (GAITHER e FRAZIER, 2001), de modo a cumprir
com as previsões de demanda, mantendo o mínimo de estoque possível e, tendo um bom nível
de atendimento ao cliente.
De acordo com o explanado acima, o presente trabalho consiste em elaborar um plano de
produção para a empresa Metalform, no sentido de utilizar todos seus recursos produtivos de
uma forma eficaz, reduzindo os constantes atrasos de entrega e elevados estoques
intermediários gerados pelo sistema existente.
2. Descrição do problema
A empresa na qual se propôs este modelo de planejamento agregado, é uma pequena empresa
do setor metalúrgico, a qual emprega cinco funcionários, sendo uma assistente
administrativa/vendas e quatro ligados diretamente à área produtiva onde se trabalha com o
conceito de multi-funcionalidade; isto é, os funcionários executam qualquer tarefa na linha de
produção. Sua capacidade de produção é de três mil e setecentos (3.700) produtos/mês.
Na área produtiva da empresa, os setores são:
o corte: fase inicial de todos os produtos fabricados;
o estamparia: este setor é composto por prensas excêntricas que variam de 12 a 45
toneladas, onde são executadas dobras, furações de chapas e tubos;
o usinagem: realização das operações de rosca nos tubos onde serão encaixados os
acessórios;
o solda: onde são executadas as junções dos itens que compõe os produtos. Este processo de
solda é executado através de gabaritos para cada conjunto e fixados num carrossel
giratório;
o pintura: utiliza-se o sistema de pintura eletrostática (epóxi);
o expedição: neste setor são embalados os produtos vindos da pintura. Estes produtos são
separados para atender pedidos ou estoque.
Os equipamentos são universais sendo distribuídos conforme um layout de processo, onde as
ordens de fabricação seguem suas seqüências pré-determinadas.
Os produtos possuem características padronizadas, utilizando o sistema de produção repetitivo
por lotes, atendendo a pedidos de clientes e também na manutenção de um estoque mínimo de
cada produto.
3. Situação atual do PCP na empresa
A empresa não possui um setor específico de PCP, sendo suas funções desempenhadas pelo
gestor da empresa. Atualmente não são executados planos de longo, médio e curto prazo.
O PCP na empresa é feito, como em grande parte das pequenas e médias empresas, sem
método algum e baseado completamente na experiência do proprietário e através da utilização
de planilhas do Excel.
A produção é programada por lotes, a partir da demanda (pedidos) e também para geração de
um estoque mínimo de cada produto.
A seguir, na tabela 2, as vendas anuais são desmembradas mês a mês para termos condições
de iniciar o cálculo da previsão de demanda para o ano de 2005.
Demanda
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
real
2002 3074 1619 4752 2871 5685 2372 1816 2565 1885 1901 2559 1739
2003 338 756 1241 1076 1762 1116 4251 2009 6600 1651 2898 2423
2004 1319 1383 3921 2300 4567 2834 2308 2037 3243 2024 3803 4250
Previsão de demanda
Para o cálculo da previsão da demanda foram aplicados três métodos descritos na tabela 3,
que são: Média Móvel Simples, Média Móvel Exponencial e Análise de Regressão Linear.
Através do cálculo do MAD (desvio médio absoluto) para estes três métodos, identificou-se
que a Média Móvel Simples para n=3 possui o menor MAD. Por esse motivo, este método
será utilizado para o cálculo da previsão de demanda. Os resultados estão apresentados na
tabela 3.
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Previsão 1.577 1.253 3.305 2.082 4.005 2.107 2.792 2.767 3.909 1.859 3.087 2.804
Planejamento agregado
O planejamento agregado é utilizado para calcular as necessidades brutas para os próximos 12
meses, basicamente relacionando mão-de-obra e materiais. Dessa forma, o planejamento
agregado requer uma visão bastante geral, relacionada à necessidade ampla de produtos, e não
Item Custo
Custo e matéria R$ 10,40 unidade
Custo de manutenção de estoque R$ 0,21 unidade/mês
Custo da hora normal (8,80 hrs/dia) R$ 5,71 / hora
Custo da hora extra 50% a mais (até 20 hrs) R$ 8,57 / hora
Custo da hora extra 100% a mais (acima de 20 horas) R$ 11,42 / hora
Trabalho necessário por unidade 0,169 horas
Estoque inicial 253 unidades
Número de funcionários empregados 4
Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Totais
Demanda prevista (unidades) 1.577 1.253 3.305 2.082 4.005 2.107 2.792 2.767 3.909 1.859 3.087 2.804 31.547
Estoque inicial 253
Estoque de segurança (10%) 158 125 331 208 401 211 279 277 391 186 309 280 3.155
Produção necessária 1.482 1.378 3.636 2.290 4.406 2.318 3.071 3.044 4.300 2.045 3.396 3.084 34.449
Plano agregado
Mão-de-obra necessária 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Capac.Produção - hrs normais 3.083 2.936 3.230 2.936 3.083 3.230 3.083 3.377 3.083 3.083 2.936 3.230 37.291
Produção executada 1.482 1.345 3.230 2.571 3.083 3.032 2.860 2.765 3.083 2.594 2.936 3.049 32.030
Horas não produtivas de MOD 270 269 0 62 0 33 38 103 0 83 0 31 888
Estoque final 158 (33) (406) 489 (922) 925 68 (2) (826) 735 (151) 245
Estoque acumulado 158 125 (281) 208 (714) 211 279 277 (549) 186 35 280
Custos - globais
Produção regular 1.428,34 1.296,30 3.112,96 2.477,92 2.971,38 2.922,23 2.756,45 2.664,89 2.971,38 2.500,08 2.829,70 2.938,61 30.870,27
Custo da mão-de-obra ociosa 1.543,12 1.533,66 0,00 352,05 0,00 190,74 215,01 589,57 0,00 471,38 0,00 174,35 5.069,89
Custos de material 15.414,33 13.989,39 33.594,31 26.741,05 32.066,38 31.535,93 29.746,95 28.758,85 32.066,38 26.980,27 30.537,43 31.712,74 333.144,01
Custos de estocagem 33,42 26,38 0,00 44,02 0,00 44,66 59,04 58,62 0,00 39,37 0,00 59,26 364,78
Total de custos globais 18.419,22 16.845,73 36.707,28 29.615,04 35.037,76 34.693,55 32.777,46 32.071,93 35.037,76 29.991,11 33.367,13 34.884,96 369.448,94
* Capac. Produção = (horas disponíveis/mês x n° funcionários) / trabalho necessário por unidade (hora)
Janeiro = (130,10 hrs x 4 funcionários) / 0,169 hrs/unid = 3.083 unidades
Tabela 6 – Planejamento agregado para 2005 (estratégia de mão de obra constante)
Meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Totais
Demanda prevista (unidades) 1.577 1.253 3.305 2.082 4.005 2.107 2.792 2.767 3.909 1.859 3.087 2.804 31.547
Estoque inicial 253
Estoque de segurança (10%) 158 125 331 208 401 211 279 277 391 186 309 280 3.155
Produção necessária 1.482 1.378 3.636 2.290 4.406 2.318 3.071 3.044 4.300 2.045 3.396 3.084 34.449
Plano agregado
Mão-de-obra necessária 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4
Capac.Produção - hrs normais 3.083 2.936 3.230 2.936 3.083 3.230 3.083 3.377 3.083 3.083 2.936 3.230 37.291
Produção executada 1.482 1.832 3.230 2.936 3.083 2.055 2.860 3.377 3.083 2.045 2.936 2.986 31.905
Horas não produtivas de MOD 270 186 0 0 0 198 38 0 0 175 0 41 909
Estoque final 158 579 (406) 854 (922) (52) 68 610 (826) 186 (151) 182
Estoque acumulado 158 737 331 1.185 263 211 279 889 63 249 98 280
Custos - globais
Produção regular 1.428,34 1.765,67 3.112,96 2.829,70 2.971,38 1.980,60 2.756,45 3.254,74 2.971,38 1.970,96 2.829,70 2.877,89 30.749,79
Custo da mão-de-obra ociosa 1.543,12 1.064,29 0,00 0,26 0,00 1.132,37 215,01 0,00 0,00 1.000,50 0,00 235,07 5.190,63
Custos de material 15.414,33 19.054,69 33.594,31 30.537,43 32.066,38 21.374,12 29.746,95 35.124,28 32.066,38 21.270,11 30.537,43 31.057,48 331.843,88
Custos de estocagem 33,42 155,91 70,11 250,77 55,72 44,72 59,11 188,15 13,41 52,76 20,82 59,32 1.004,23
Total de custos globais 18.419,22 22.040,57 36.777,38 33.618,17 35.093,48 24.531,81 32.777,52 38.567,17 35.051,17 24.294,34 33.387,95 34.229,76 368.788,53
Tabela 7 – Planejamento agregado ajustado
Com estes dados levantados, poderemos avançar para o planejamento de capacidade, que
identificará se as horas requeridas em cada equipamento, assim como de mão-de-obra
necessárias para atender a demanda prevista. A tabela a seguir, mostra os tempos-padrão
médio para a família em estudo.
Setores Corte Dobra Estamparia Usinagem Solda Pintura Expedição Total
Tempo-padrão
0,011 0,001 0,029 0,009 0,022 0,064 0,032 0,169
(hr/unidade)
Na determinação da capacidade disponível, foi considerada apenas setenta e oito por cento
(78%) dos recursos produtivos; sendo o restante dos recursos, doze por cento (12%) alocados
para os demais produtos que compõe o mix de produtos e dez por cento (10%) são para setups
dos equipamentos. Com relação a mão-de-obra, serão disponibilizados sessenta e oito por
cento (68%) das horas disponíveis totais; isto porque foram alocados doze por cento (12%)
para produção dos outros produtos que compõe o mix, e vinte por cento (20%) foi destinados
a inatividade (necessidades fisiológicas, fadiga,deslocamentos). As tabelas 9 e 10, apresentam
as disponibilidades de horas por mês para cada setor e a carga necessária em cada centro de
trabalho.
Setores Jan/Mai/Jul/set/Out Fev/Abr/Nov Mar/Jun/Dez Ago.
Corte 146,36 139,39 153,33 160,30
Dobra 146,36 139,39 153,33 160,30
Estamparia 146,36 139,39 153,33 160,30
Usinagem 146,36 139,39 153,33 160,30
Sola 146,36 139,39 153,33 160,30
Pintura 146,36 139,39 153,33 160,30
Expedição 146,36 139,39 153,33 160,30
Total 1024,53 975,74 1.073,32 1.122,11
Setor jan fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez
Corte 16,30 20,15 35,53 32,30 33,91 22,61 31,46 37,15 33,91 22,50 32,30 32,85
Dobra 1,48 1,83 3,23 2,94 3,08 2,06 2,86 3,38 3,08 2,05 2,94 2,99
estamparia 42,98 53,13 93,67 85,14 89,41 59,6 82,94 97,93 89,41 59,31 85,14 86,59
Usinagem 13,34 16,49 29,07 26,42 27,75 18,5 25,74 30,39 27,75 18,41 26,42 26,87
Solda 32,6 40,3 71,06 64,59 67,83 45,21 62,92 74,29 67,83 44,99 64,59 65,69
Pintura 94,85 117,2 206,7 187,9 197,3 131,5 183 216,1 197,3 130,9 187,9 191,1
Expedição 47,42 58,62 103,4 93,95 98,66 65,76 91,52 108,1 98,66 65,44 93,95 95,55
Total 248,98 307,78 542,64 493,25 517,94 345,24 480,48 567,34 517,94 343,56 493,25 501,65
Analisando os dados da tabela 10, verificamos que os setores da fábrica possuem plenas
condições de atender ao plano, pois as horas disponíveis para cada mês são maiores que os
necessários. Um dado importante verificado é que, em termos de recursos totais dos setores,
há uma ociosidade média de cinqüenta e seis por cento (56%). Comparando individualmente
as horas disponíveis x horas necessárias de cada setor, é identificado que o setor de pintura é o
gargalo do sistema, pois na maioria dos meses este recurso é utilizado cem por cento (100%) e
em alguns, acima deste percentual. Uma solução para este problema é deslocar para o setor de
pintura, funcionários de setores que apresentam ociosidade.
6. Conclusão
Os resultados obtidos nesta com a implantação do planejamento agregado mostraram que sua
utilização, mesmo em pequenas empresas, é bastante útil no alcance dos objetivos
predeterminados, que tem como meta a redução de custos das operações de produção na
empresa Metalform.
Verificou-se que realmente o planejamento agregado da produção ajudo à empresa a ter um
melhor controle sobre seu processo produtivo, observando-se uma redução considerável nos
estoques, tanto de matéria prima como produtos em processo. Por outro lado, os problemas de
caixa, ocasionados pela compra antecipada de matéria prima em épocas de baixa demanda
foram reduzidos consideravelmente.
Através da elaboração do planejamento agregado da produção, constatou-se também, sua
importância ao proporcionar a máxima produção para a quantidade de recursos disponíveis, o
que é importante em tempos de recursos escassos de produção. Na elaboração deste
planejamento, buscou-se encontrar uma combinação de opções que, ao mesmo tempo,
satisfaça à demanda prevista e conduza ao menor custo de produção possível.
A análise da capacidade produtiva, outra atividade neste processo, permitiu por sua vez, a
alocação correta de carga de trabalho em cada setor através da redistribuição de pessoal,
eliminando assim, problemas de atrasos nas entregas, ocasionados anteriormente por um mal
gerenciamento do mesmo.
Baseando-se neste estudo realizado, e visto as melhoras obtidas com o uso de planejamento
agregado na Metalform, espera-se que a empresa adote definitivamente o uso do plano
agregado de produção a fim de diminuir a possibilidade de ocorrência de erros, aumentando
assim, a eficiência do seu sistema produtivo. Como está atualmente, o responsável não dispõe
de tempo para planejar, realizando apenas a função de acompanhamento e controle da
produção.
REFERENCIAS
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GAITHER N. e FRAZIER GREG. Administração da produção e operações. São Paulo: Pioneira Thomson
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GRAMIGNA, WAGNER. Planejamento agregado de produção em uma empresa do setor alimentício: um
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HEIZER, JAY; RENDER, BARRY. Production and Operations Management: strategic and Tactical Decisions.
4th edition, prentice-hall, Inc. 1996, New Jersey.