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A Sarna Demodécica

A sarna demodécica, também conhecida por demodecicose ou


sarna negra, é causada pelo ácaro Demodex Canis, que faz
parte da fauna natural presente na pele de todos os cães. O
ácaro habita os folículos pilosos e, por vezes, as glândulas
sebáceas. Da mesma forma que o seu parente, Demodex
Folliculorum, habita os folículos pilosos da pele humana
causando o cravo cutâneo. Demodex Canis.
Mede 40 por 300 micra.
Não há risco de transmissão para o homem. Essa família é (Micra é o plural de mícron
espécie-específica, possuindo afinidade com um tipo de e este representa a milésima
hospedeiro. Assim o Demodex Canis habita a pele dos cães, o parte de um milímetro)
Demodex Cati a pele dos felinos e o Demodex Cunicule a pele
dos coelhos e lebres.

A transmissão sempre se dá pelo contato. Mas não é simples, pois o ácaro permanece
abaixo da epiderme, na camada chamada derme, onde estão abrigados vasos, nervos,
glândulas sebáceas, sudoríparas e os folículos pilosos. O contato deve ser estreito e
prolongado para que haja transmissão, como no caso da amamentação da ninhada em
que o ácaro passa da mãe para os filhotes. Alguns experimentos comprovaram que não
há transmissão intra-uterina e nem na passagem pelo canal vaginal, sendo que, após o
nascimento e inicio da lactação, em um período entre 8 e 18 horas todos os filhotes já
apresentam o ácaro na região do focinho. Essa transmissão é do ácaro. É absolutamente
normal e não implica no desenvolvimento da demodecicose.

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Um outro experimento demonstrou a transmissão de um filhote que desenvolveu a


demodecicose generalizada, para outros filhotes de linhagem tradicionalmente isenta, ao
reuni-los todos, em um mesmo canil. Isso comprova que um ambiente saturado por uma
superpopulação de Demodex canis, em seus vários estágios de desenvolvimento pode
levar os filhotes sadios a um nível de infestação superior a capacidade de controle de
seu sistema imunológico e ao desenvolvimento da Demodecicose.

Mas essas circunstâncias são muito especiais e a maior parte da literatura assume que
não há transmissão lateral da sarna demodécica.

Há pouco tempo, a sarna demodécica era considerada uma doença hereditária.


Atualmente sabe-se que a questão da hereditariedade está ligada a uma deficiência do
sistema imunológico, passada dos pais para os filhos. Mais especificamente, à produção
de um tipo de linfócito (glóbulo branco) conhecido como célula T ou Linfócito T, que
tem um importante papel no sistema imune.

Essa limitação do sistema imunológico poderá levar ao desenvolvimento da sarna


demodécica e de outras doenças.
Independentemente de sua herança genética, e da qualidade do seu sistema
imunológico, outros fatores de estresse poderão levar um cão para um quadro de
imunossupressão, e para o desenvolvimento da Demodecicose. O hipotireoidismo,
algumas neoplasias ou uma forte infestação verminótica são bons exemplos. O uso
prolongado de corticosteróides, por sua característica imunossupressora, tem sido
associado a casos de demodecicose.

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Existem, fundamentalmente, dois tipos de Demodecicose, a localizada e a generalizada.

"A Demodicose localizada e a demodicose generalizada devem ser consideradas como


duas entidades patológicas distintas, exigindo diferentes terapias, com atenção a dieta,
ao programa de vacinação e tratamento anti-helmíntico. Nos animais adultos, causas
primárias podem contribuir para uma imunossupressão, favorecendo assim a
proliferação do D.Canis (CHESNEY, 1999)."

Em ambos os casos, o diagnóstico somente poderá ser confirmado pelo exame


microscópico do raspado profundo da pele lesionada, constatando a presença de vários
ácaros em seus diversos estágios de desenvolvimento, por campo de observação.

A Demodecicose localizada.
Como o próprio nome sugere, as lesões ocupam áreas reduzidas e descontinuadas.
Normalmente na cabeça, pescoço ou membros anteriores. Mas nada impede que surjam
manchas em outras regiões do corpo. O primeiro sinal é a alopecia (perda de pêlos), que
é seguida pelo surgimento de eritema em graus variados (coloração avermelhada da pele
ocasionada por vasodilatação capilar, sendo um sinal típico da inflamação). Não são
freqüentes o pruridos (coceira) ou a piodermite secundária (condição infecciosa,
produtora de pus, causada por outros organismos oportunistas).

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A ocorrência de Demodecicose localizada é, relativamente, comum no primeiro ano de


vida dos filhotes, devido às flutuações do seu sistema imunológico. A cura ocorre
naturalmente em 80% dos cães, sem qualquer tratamento. Em 10 % dos casos há
evolução para a Demodecicose generalizada, configurando um quadro mais grave que
dificilmente chegará à cura total. Há necessidade de acompanhamento veterinário para a
correta avaliação da evolução do quadro clínico.
Encontramos no link http://www.chantillyexclusive.com/sarna-demodecica uma
analogia interessante sobre a demodecicose localizada:

"O fato de alguém tomar um porre, não o qualifica como alcoólatra"

Demodecicose generalizada.
É a forma grave da doença e ocorre como conseqüência de uma
predisposição hereditária à imunossupressão.

A doença se apresenta como uma dermatite crônica. Há alopecia em


áreas maiores, com descamação, formação de crostas,
hiperpigmentação (manchas) e piodermites severas. Poderá ocorrer
inflamação dos gânglios, febre e perda de peso.

As infecções secundárias, pela diversidade de microorganismos oportunistas, exigem


coleta de material, cultura e antibiograma, para tratamento específico.

O resultado do hemograma do cão com sarna demodécica generalizada, em 50% dos


casos, apresenta anemia não regenerativa, normocíticas ou normocrómicas. Apresenta,
ainda, baixos níveis de Tiroxina Sérica.

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É rara a cura total. Na maioria dos casos há reincidência da doença após algum tempo.
Dessa forma, um cão, macho ou fêmea, que tenha demonstrado incapacidade
imunológica para o controle do Demodex canis, não poderá ser empregado na
reprodução, pois essa deficiência é, comprovadamente, transmissível aos seus
descendentes.

Pododemodecicose

Na podemodecicose o cão apresenta lesões nas patas, na região interdigital. Poderá


ocorrer sem que surjam lesões em outras áreas. Têm caráter crônico e normalmente vem
acompanhada por piodermites.

"A área afetada apresenta tumefação, cistos interdigitais que


ulceram e drenam material exsudativo ou serosanguinolento
formando crostas hemorrágicas. A pele fica hiperpigmentada e
espessada e pode conter pústulas interdigitais (BENSIGNOR;
CARLOTTI, 2000)."

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Tratamento

"Na demodicicose localizada não é indicado tratamento, pois 90% dos casos tem cura
espontânea em algumas semanas a meses e estudos demonstram que não há diferença
na taxa de cura nos casos tratados e não tratados (BENSIGNOR; CARLOTTI, 2000;
SANTAREM 2007)."

Na demodecicose generalizada o tratamento deve ser iniciado pelo combate aos


causadores primários, se comprovados, como verminoses ou o hipotireoidismo.

A piodermite deve ser tratada com prioridade. Na ausência de antibiograma tem sido
empregada com grande sucesso no tratamento das infecções secundaria a Cefalexina, na
dose de 20 mg por kg de peso vivo durante 14 dias.

Para o combate ao Demodex canis, a recomendação do FDA (Food and Drug


Administration) é o uso tópico em banhos ou pulverizações do Amitrax na concentração
de 250 ppm. No Brasil é comum o emprego do Triatox da Schering-Plough, na dosagem
de 4 mL por litro de água em banhos semanais até que os raspados de pele se mostrem
negativos.

Um dia antes do banho com a solução de Amitrax o cão deve ser banhado com um
xampu anti-séptico, para remoção de caspas, crostas e exsudatos, permitindo uma maior
penetração do medicamento. O cão não deve ser enxaguado e deve secar o pelo à
sombra.

A Virbac produz no Brasil uma coleira dermatológica à base de Amitrax, chamada de


Preventic, que configura bom apoio ao tratamento.

Nas lesões interdigitais pode ser passada, diariamente, uma solução de Triatox em óleo
mineral, na concentração de 1 mL para 10 mL de óleo.

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Um medicamento de uso sistêmico que vem sendo empregado com sucesso é a


Ivermectina, em uso oral, na posologia de 0,5 mg/Kg em dose diária, durante 90 dias.

"A Ivermectina se mostra se mostra efetiva em 83,3 % dos cães tratados por um
período de dez a dezoito semanas e por mais um mês após a cura clínica na dose de
300 a 600 µg/kg (PARADIS, 1999)."

O Levamisol têm sido empregado como coadjuvante no tratamento sistêmico,


principalmente, por suas propriedades estimulantes do sistema imunológico.

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