You are on page 1of 14

O CONHECIMENTO FEMINISTA NA ERA DIGITAL: GRUPOS DE DISCUSSÃO

DO FACEBOOK COMO UMA NOVA EPISTEMOLOGIA DO CONHECIMENTO.


Fabiana Jordão Martinez1

Resumo: Este trabalho busca compreender o papel do ambiente web como locus de ação e
reflexão na construção de uma nova epistemologia do conhecimento feminista, mais
reticulada, fluida e multivariada. Em primeiro lugar, será discutida a relação histórica entre
mulheres e redes sociais e o conjunto de discursos e manifestações feministas que eclodiram
em 2015. Em seguida, traçamos um panorama do feminismo na internet, relacionando grupos
de discussão do Facebook e páginas da internet. Dentro disso, analisa-se estes grupos,
atentando para um fenômeno que parece ser constitutivo do conhecimento feminista que ora
se dissemina no espaço web: a segmentação bem marcada em “vertentes”, que competem
entre si, sobretudo no que tange a busca de entendimento pela categoria gênero.
Palavras - Chave: Feminismo, internet, redes sociais, conhecimento.

Há uma narrativa hegemônica sobre o conhecimento feminista ocidental onde o presente,


ápice de um “conhecimento iluminado”, é legitimado através de um passado em que a escrita
feminista da década de 70 aparece como “essencialista” e excludente, e em contraposição a
uma década de 80 sobrecarregada pelo conceito de gênero e atenta para recortes de raça e
classe_ sobretudo, pelo epifenômeno do feminismo negro. Finalmente, os anos 90 são
apresentados como o período em que as teorias pós-estruturalistas amealham as preocupações
da década anterior, rompendo com o sujeito feminino e preocupando-se com “a subjetividade
histórica de indivíduos sexuais e a corporeidade da identidade sexual, vista como
indeterminada, ambígua, múltipla” (MORRIS, 1999 apud. HEMINGS, 2009).
Contudo, é possível perceber que esta linearidade tem sido perturbada pelos “feminismos”
que emergem na internet. Como a maioria dos movimentos sociais, o feminismo tem se valido
de uma dinâmica reticular formada pelas plataformas de comunicação digital como forma de
difundir e promover suas pautas e reivindicações. Dentro disso, observa-se que, nos últimos
doze anos houve uma transformação em relação aos sujeitos deste debate, indicando a adesão
cada vez mais maior de jovens interessadas nas pautas feministas, o que certamente está
ligado diretamente ao fácil acesso e a familiarização deste público com as tecnologias

1
Docente Adjunto II na Universidade Federal de Goiás / Regional Catalão. Email:
fabiana_jordao@yahoo.com.br.
1
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
digitais2. Esta nova “consciência feminista” tem sugerido uma nova politica que congrega
novas estratégias e formas de (re) produção do conhecimento.
O objetivo deste artigo é compreender através da descrição de algumas manifestações
significativas da internet o papel do ambiente web como locus de ação e reflexão de grupos
feministas na construção de uma nova epistemologia do conhecimento feminista, mais
reticulada, fluida e multivariada_ não mais pautada em categorias estanques entre um suposto
conhecimento “acadêmico” e um conhecimento “pragmático militante”. Em primeiro lugar,
será discutida a relação histórica entre mulheres e redes sociais e o conjunto de discursos e
manifestações feministas que eclodiram a partir de 2015 no Brasil entre as ruas e as redes
sociais. Em seguida, é traçado um panorama do “feminismo cibernético”, articulando grupos
de discussão do Facebook e blogs da internet. Para tanto, considera-se um fenômeno
aparentemente constitutivo do conhecimento feminista que ora se dissemina no espaço web: a
segmentação bem marcada nestes espaços em “vertentes” feministas que competem entre si,
sobretudo na disputa epistemológica pela categoria gênero.
A justaposição destes dois campos discursivos (a práxis feminista em 2015 e as
classificações de vertentes no espaço virtual) se ancora a noção descrita por Alvarez (2014),
de campo discursivo de ação, que para além de uma noção monolítica do movimento
feminista, opera com uma dinâmica de movimentação que se constrói por meio de um
emaranhado de interlocuções, onde as redes são constituídas por interações comunicativas.
Dentro disso, a autora identifica três movimentos decisivos na trajetória do feminismo no
Brasil: primeiro, um movimento de “centramento” que estabelece o feminismo como uma
categoria monolítica na década de 70; segundo um momento de “descentramento” e
pluralização dos feminismos entre as décadas de 80 e 90; e por fim, o movimento atual, a
partir dos anos 2000 em uma dinâmica de sidestreaming, fluxo horizontal dos discursos e
praticas plurais entre os mais diversos setores na sociedade civil, resultando em uma
multiplicação de campos feministas. (ALVAREZ, 2014, pp.16-17). É neste terceiro momento

2
Em pesquisa exploratória sobre produções acadêmicas relacionadas ao tema, constatou-se que os "jovens"
aparecem entre os sujeitos mais pesquisados quando o assunto é "rede social digital", representando um
percentual de 53,6% entre artigos, teses e dissertações, sobre o uso das redes sociais digitais.(VERMELHO, et
all., 201 4).
2
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
que a internet emerge como ponto referencial e constitutivo de redes e pontos de contato entre
grupos e organizações feministas.

Entre as redes e as ruas: movimentações do campo discursivo de ação feminista


Esta nova consciência feminista que emergiu nos últimos tempos é um fenômeno sem
precedentes e está relacionada às redes eletrônicas, que ofereceram uma nova dimensão à luta
e a perspectiva feminista (MIGUEL E BOIX, 2013). Se durante todas as três ondas do
feminismo, o movimento dependeu de que as mulheres se organizassem em espaços diversos
presencialmente, a partir dos anos 90 a cultura digital possibilitou que as coisas se dessem de
forma mais generalizada e pulverizada se tornando, ela mesma, objeto de uma nova
epistemologia feminista que foi chamada de ciberfeminismo_ um movimento estético e
politico orientado pela popularização das tecnologias digitais, questionando as desigualdades
de gênero através das relações das mulheres com a ciência, a tecnologia e a cultura
eletrônica3.
A partir dos anos 2000, as discussões sobre ciberfeminismo recaem sobre o papel das
mulheres na história da ciência e da informática; os usos da internet, a inclusão digital e seu
papel da socialização de gênero; o uso estratégico das redes sociais no movimento feminista,
etc. No bojo deste debate, tem sido apontada a persistência de uma “fratura tecnológica de
gênero”, referente à hegemonia masculina no circuito tecnológico (NATHANSON,2013), que
embora visível na participação de mulheres em funções ligadas aos espaços decisórios no
mundo high tech, mostra outra situação em relação aos usos sociais das tecnologias digitais.
Mundialmente, embora a diferença de gêneros em termos de acesso a internet é de
2,2% de homens a mais que mulheres4, no Brasil o percentual de mulheres tem crescido em
maior velocidade a cada ano (NATHANSON, 2013). Tal fenômeno se desdobra na relação
entre mulheres e mídias sociais. Dados de uma pesquisa de 2013 revelam que mulheres

3
Embora o ciberfeminismo tenha se alimentado de diversas fontes de inspiração artísticas como o movimento
ciberpunk, o Manifesto Ciborgue de Donna Haraway (1995), tem sido apontado como seu propulsor, gerando
reflexões sobre: as representações do feminino nas narrativas e histórias de ficção, a abolição/superação dos
gêneros e a hibridização entre organismo e máquina (LEMOS, 2009).
4
Pesquisa com Score intitulada“Futuro Digital Latinoamerica 2013”. Link para acesso
https://www.comscore.com/lat/Insights/Presentations-and-Whitepapers/2013/2013-Latin-America-Digital-
Future-in-Focus.
3
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
seriam “mais propensas” ao uso de redes sociais do que os homens, perfazendo uma diferença
de 8% a mais no uso do que os homens5. Em relação à América Latina, uma recente pesquisa
revela que o maior percentual de usuários online se concentra no Brasil (42%), onde as
mulheres constituem a maior quantidade de acesso às redes sociais (58,2%)6.
Isso explica em parte o alargamento do campo discursivo de ação do feminismo nos
últimos anos e sua relação direta com a participação das gerações mais recentes. O fato é que
no período de 2001 a 2010 houve um crescimento de 10% no contingente de brasileiras que se
considera feminista, onde as mulheres jovens (entre 15 e 34 anos) são as que mais se
declaram como tal (SORJ E GOMES, 2014). Nesta cronologia, o intervalo de 2011 a 2014
parece ser o período de agregação deste campo discursivo de ação no Brasil, coincidindo com
a popularidade e o crescimento do Facebook entre os brasileiros7.
Embora seja cedo para afirmar, tudo parece indicar que de 2015 até o momento estamos
diante do movimento de eclosão do campo discursivo de ação feminista no Brasil. É quando
ele adquire um formato mais fractal, isto é, se reproduz sob escalas diferentes mas invariantes,
de forma contínua no espaço e nas subjetividades, perfazendo uma espécie de Zeitgeist. Neste
processo, as campanhas cibernéticas tiveram um papel fundamental enquanto estratégias de
reconhecimento do campo discursivo de ação feminista, assim como as transformações
radicais no campo da política brasileira entre 2013 e 20168.
Neste cenário, é importante pontuar a relação estreita entre este novo imaginário feminista
com as transformações radicais no campo da política brasileira no período de 2013 a 2016:

5
Leia-se, Facebook, Pinterest e Instagram. Agencia Pew Research. Link: http://www.pewresearch.org/fact-
tank/2013/09/12/its-a-womans-social-media-world/ acesso: 10/04/2017.
6
“O panorama das redes sociais na América Latina” da ComScore: http://www.comscore.com/por/Imprensa-e-
eventos/Apresentacoes-e-documentos/2017/O-Panorama-das-Redes-Socias-na-America-Latina acesso em
10/04/2016.
7
Idem.
8
A campanha que teve como hashtag #meuprimeiroassédio começou espontaneamente no twiter e teve como
estopim mensagens de teor sexual a respeito de uma menina de doze anos, participante de um programa de TV,
trazendo a luz histórias de perseguição, assedio, estupros, até então mantidas em segredo por mulheres. A
campanha #meuamigosecreto marcava o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres, estimulando
mulheres a compartilharem suas experiências sobre atitudes machistas naturalizadas no cotidiano. Seguidas
destas, diversas outras campanhas virtuais surgiram, como a Chega de Fiu Fiu e a Vamos Juntas? , que
reforçaram a questão da busca pela autonomia feminina nos espaços públicos.
4
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
• A emergência do segundo mandato de uma presidente de esquerda (Dilma Roussef) e
seu posterior impeachment em 2016 articulado por setores da extrema direita através do
conluio entre Câmara dos deputados, Senado Federal e o Poder Judiciário;
• O ataque por parte destes setores conveadores a direitos já conquistados pelas mulheres,
trabalhadores e minorias rompendo com os princípios de laicidade do Estado9;
• Uma ofensiva contra o aborto no Congresso Nacional, que através de projetos de leis e
estatutos tem dificultado seu acesso, penalizado mulheres e atores envolvidos no
processo e revogando direitos já conquistados10.
Estas medidas se tornaram expoentes de uma anti-democracia golpista, fazendo com que
milhares de mulheres se organizassem pelas redes sociais e fossem às ruas das principais
capitais brasileiras três vezes em 201511. Este novo Zeitgeist foi captado com certo
entusiasmo e ganhou a alcunha de “Primavera Feminista”, uma analogia a “Primavera
Árabe”, que da mesma maneira, se caracterizou justamente pelo uso maciço das mídias e
redes digitais como instrumentos de conscientização e mobilização. Assim, 2015 foi
proclamado o ano do Feminismo e a cada nova hashtag, crescia o numero de acessos em
busca de mais informações12.

Imagem 1: Impacto do conhecimento feminista na internet 2014-2015 (Think Olga).

9
Emblema deste retrocesso foi extinção do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos
Direitos Humanos.
10
Dentre estas medidas, tivemos o Estatuto do Nascituro (PL 489/2007); a PL 3748/2008 que aumentava a pena
para prática de aborto e a PL 5069/2013 de Eduardo Cunha reforçava a criminalização do Fontes: “Os perigos do
Estatuto do Nascituro”. Carta Maior:http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Primeiros-Passos/Os-perigos-do-
Estatuto-do-Nascituro/42/28055. Acesso em 20/04/2017.
11
Fonte: “Mulheres protestam contra Cunha pela terceira vez em duas semanas”. El Pais. Disponível em
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/12/politica/1447346906_965515.html; Acesso em 20/04/2017.
12
Site Think Olga, 2015. http://thinkolga.com/2015/12/18/uma-primavera-sem-fim/ Acesso em 29/09/2016.
5
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Conhecimento feminista na era digital
Nesta pesquisa, buscamos descrever e analisar com a maior precisão possível as
categorias êmicas que sob a forma “vertentes do feminismo”, integram o imaginário e o
conhecimento feminista contemporâneo das redes sociais. Por isso, estabelecemos como
critério metodológico o cruzamento entre os resultados da busca por grupos de discussão do
Facebook e a tipologia utilizada em blogs feministas de grande visibilidade. Isso porque é
através do conteudo destes blogs que se dão os primeiros contatos de participantes de grupos
de discussão no Facebook com o feminismo.
Os critérios para a escolha destes blogs se pautaram nos parâmetros do sistema de buscas
do Google, considerando sua precisão13. Ao buscar os termos “Tipos de Feminismo” ou
“Vertentes do Feminismo”, o buscador nos direciona a uma gama páginas, cujos quatro
primeiros resultados seguem abaixo.
Páginas por ordem de Tipologia elencada de vertentes feministas
visibilidade no Google
1.Brasil Post14 1.Negro; 2.Interseccional (ou pós moderno); 3.Radical; 4.Liberal
15
2. Medium 1. Negro; 2. Interseccional; 3. Radical; 4. Liberal; 5. Transfeminismo.
16
3. Portal Geledés Idem 1.
4. Pandora Livre17 1. Interseccional;2. Radical;3. Liberal; 4. Queer; 5. Marxista.
Tabela 1. Vertentes feministas segundo páginas da internet.
A tipologia das vertentes tende a variar de acordo com a página, como no caso do
“feminismo negro” e interseccional, que tanto podem aparecer justapostos (o segundo

13
O Google analisa mais de 100 critérios para o rankeamento, dentre os quais: a.) Relevância da pagina nos
termos de busca; b) Autoridade no assunto que a página se destina; c) Palavras chave relevantes para o tema
buscado. Quando os termos são digitados com aspas, os resultados obedecem a uma cronologia, onde o conteúdo
mais atual do tema aparece entre os primeiros resultados. Fonte: “Porque um site fica em primeiro lugar no
google?” Disponivel em: http://www.conversion.com.br/blog/por-que-um-site-fica-em-primeiro-lugar-no-
google/ Acesso em 02/01/2017.
14
Aguiar, Ione. “Qual é o seu feminismo? Conheça as principais vertentes do movimento”
http://www.brasilpost.com.br/2015/06/14/feminismo-correntes-feministas_n_6788376.html. Acesso em
02/10/2016.
15
Lemos, Kamyla. “O movimento feminista e suas vertentes” https://medium.com/@kamyllalemos/o-
movimento-feminista-e-suas-vertentes-3492875e162a#.nysmlm4m1 Acesso em 02/10/2016
16
Aguiar, Ione. “Qual é o seu feminismo? Conheça as principais vertentes do movimento”. O artigo é uma
reprodução do conteúdo da página elencada em primeiro lugar nesta pesquisa, procedimento comum em blogs e
sites da internet.
17
Nobrega, Mariana. “Entenda os diferentes feminismos” http://pandoralivre.com.br/2015/08/26/entenda-os-
diferentes-feminismos/ Acesso em 02/10/2016.
6
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
considerado originário do primeiro) ou separados, porém não totalmente divergentes. O
conceito de interseccionalidade foi cunhado por Kimberlé Crenshaw ( ) e tem sido
considerado um importante instrumento crítico sobre a heterogeneidade da categoria mulher.
Seu surgimento remonta a produção de acadêmicas feministas negras da década de 80 e 90
nos EUA para se referir a opressões que se intersectam, como sexualidade (no caso de gays e
lésbicas), gênero (no caso pessoas trans), classe social e raça. Contudo, a depender do
contexto, tem sido apropriado no espaço virtual como conceito, instrumento heurístico, teoria
ou mesmo uma “vertente feminista”. Devido a esta polissemia, enquanto vertente feminista, o
“feminismo interseccional”emerge diversas vezes como englobante de outras categorias
identitárias (negros, LGBTs), de outras vertentes feministas (Feminismo
Negro,“Transfeminismo”), ou simplesmente como um conceito esvaziado de uma suposta
vertente do “Feminismo Pós Moderno” (item 1 tab.1).
Logo abaixo, a tabela 2. remete aos resultados da busca no Facebook por grupos de
discussão feministas. A coluna 2. diz respeito a um critério de busca mais geral, onde foram
usadas apenas as palavras chaves “feminismo” e “feminismos”, tendo aparecido 29 grupos
cujos nomes já continham a escola ou vertente de pertencimento18. Já a coluna 3 se refere a
uma busca refinada na mesma plataforma que considerou grupos especificamente alinhados as
vertentes elencadas anteriormente (na busca, cada tipo de feminismo foi digitado ipsis literis
de acordo com os resultados da tabela 1) .

CRITÉRIOS DE BUSCA
1. Vertentes 2. Busca geral pelo 3.Busca Refinada pelo termo feminismo
termo “Feminismo” + vertente/ numero total de membros

18
Desta busca, do total de 100 grupos feministas em lingua portuguesa que apareceram, apenas cinco são
nomeados somente com a palavra “Feminismo” ou “Feminismos”. Os demais são nomeados de acordo com: 1.
Finalidades(Feminismo para iniciantes, Feminismo e fé); 2. Lugares e instituições de pertença (Feminismo
Lavras, Feminismo UFF); 3. Identidades (Feminismo Trans 2.0, Feminismo das Pretas); 4. Recortes temáticos e
fronteiras disciplinares - Feminismo e Maternidade, Direito e Feminismo, Feminismo e Política e; por fim, a
categoria que interessa neste trabalho, de onde surgiram 29 grupos, 5. Escolas e vertentes de pertencimento -
Feminismo Marxista, Feminismo Radical, Feminismo Liberal, Feminismo Negro, Feminismo Intersseccional.
Nesta pesquisa não foram abarcados grupos em que estas palavras chaves não constassem em sua nomenclatura,
e nem os grupos secretos dos quais a pesquisadora não participa, o que certamente se configura como um desvio
metodológico.

7
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Feminismo interseccional/ pós 6 6 10.069
moderno
Feminismo libertário ou liberal 9 9 4.384
Feminismo LGBT*/ trans/queer 4 8 1.778
Feminismo radical 7 18 5.827
Feminismo marxista/ 3 6 2.304
materialista.
TOTAL 29 47
Tabela 2. Pesquisa por grupos de discussão feministas no Facebook
Observamos que a maioria dos grupos de discussão dobraram de numero após a busca
refinada. Dentro disso, na coluna 2 (tab.2) ao mesmo tempo em que os grupos alinhados a
vertente do feminismo interseccional são menos numerosos em relação aos demais, a vertente
se configura como sendo a mais volumosa em termos de participantes (o maior grupo desta
vertente ultrapassa os 7000 membros, sendo que os demais grupos não ultrapassam os 2000
membros) _perdendo apenas para a busca geral onde os grupos ligados as vertentes do
Feminismo LGBT/ trans/queer e de Feminismo marxista/ materialista. Isso pode representar
certa coesão de idéias e posicionamentos, que aparece sobretudo, quando se compara ao
ranqueamento da vertente do Feminismo Radical. Neste caso, nota-se o inverso, isto é, um
baixo volume de participantes em relação ao total do Feminismo Interseccional (pouco mais
da metade) e o maior numero de grupos de discussão entre todos os demais (18, como se vê
na coluna 3., Tabela 2).
O feminismo radical se inscreve em uma contradição: seu crescimento se dá na mesma
medida em que se torna alvo predileto de muitas criticas por parte de outras vertentes no
espaço virtual. Diversas hipóteses norteiam este fenômeno. Em primeiro lugar, a curiosidade
e o interesse de participantes de grupos aliados a outras vertentes em conhecer o lado
“oponente”. Por outro lado, pode ser que isso seja parte de uma “trajetória epistemológica”,
através da qual os agentes se moveriam em busca de explicações de caráter mais estrutural na
mesma medida em que se distanciam das explicações mais ontológicas baseadas nas
identidades19. Também não se pode deixar de considerar a possibilidade de haver numerosos
conflitos internos entre os grupos de discussão aliados a vertente do feminismo radical, o que

19
Ambas as explicações são possíveis e já foram contempladas em pesquisa preliminar por membros de um
grupo sobre feminismo radical quando perguntados porque e como se aliaram a esta vertente.
8
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
levaria a esta cisão entre tantos grupos. São muitas as hipóteses possíveis que norteiam este
fenômeno, assim como a adesão massiva a vertente do feminismo interseccional, mas por
hora, elas deverão fazer parte de uma agenda para que este seja mais bem explorado em
trabalhos futuros.
Na tabela 3 é apresentada uma breve descrição do conteúdo destas vertentes.
Procurou-se delinear o imaginário feminista cibernético buscando narrativas sobre: as origens
da vertente; causas que reivindica; objetivos em termos sócio-culturais (o projeto, mais
propriamente dito); ícones e ou teóricos mais citados nas discussões e; as feições deste
conteúdo tal como tem se configurado nas redes sociais. A escolha das vertentes foram
pensadas a partir de dois critérios. Primeiro, a recorrência com que cada uma apareceu na
pesquisa de blogs (Tabela 1) e na pesquisa de grupos de discussão feministas do Facebook
(Tabela 2). Segundo, a centralidade que estas categorias parecem ocupar no imaginário
feminista cibernético: Feminismo Liberal, o Feminismo Radical, o Feminismo Negro, o
Feminismo Interseccional, o Feminismo que se agrupa no eixo LGBT/Queer/Trans e o
Feminismo de orientação Marxista/ Socialista. Embora não seja a intenção explorar neste
artigo os significados destas singularidades nos processos de apagamento e/ou de destaque a
uma ou outra vertente, bem como seu caráter politico, ideológico e epistemológico,
reconhecemos a importância de se pontuar estes elementos como constitutivos de futuras
reflexões sobre a epistemologia do conhecimento no espaço virtual. O conteúdo analítico foi
traçado a partir de observação participante nos grupos de discussão feministas, do discurso de
feministas que mantém perfis no Facebook e que se auto definem como aliadas a uma ou
outra vertente, e também do conteúdo das paginas da internet e dos grupos rede social que se
presentificam neste estudo (tab.1 e 2).

Conteúdo das Vertentes Feministas n o Ciberespaço.

9
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
1. LIBERAL
Origens: primeira onda do feminismo durante o Iluminismo e Revolução Francesa, tendo como causas a
emancipação feminina, o direito a propriedade, a educação e a participação politica. Objetivos: Igualdade. Mais
atualmente, o feminismo liberal lutaria pela ascensão de mulheres a posições em instituições como o congresso,
os meios de comunicação e as lideranças de empresas (Brasil Post). Icones: Olympe de Gouges, Mary
Woolstonecraft, Naomi Wolf, Betty Friedan, John Stuart Mills, Beyonce, Emma Watson. Obs: 1. Caráter
reformista; 2. Incorporação dos homens em sua participação; 3. Liberdade de escolha como princípio, inclusive
sobre a questão da prostituição, da industria pornográfica e dos padrões estéticos; 4. Aparece narrado como sendo
o extremo oposto do feminismo radical.
2. RADICAL
Origens: segunda onda do feminismo entre as décadas de 60 e 70. Pressupostos. A raiz da dominação masculina
estaria no patriarcado, um sistema de dominação social pelo sexo, se manifestando no controle dos corpos
femininos através através da família e no que fosse relacionado à reprodução (maternidade e
sexualidade)alcançando as esferas políticas, econômicas e jurídicas. Objetivos. Expor o funcionamento do
patriarcado e as experiências de opressão vividas pelas mulheres; a conscientização caráter coletivo da opressão
feminina; a transformação do mundo através da dissolução do sistema de gênero e do patriarcado. Ícones. Simone
de Beauvoir, Shulamith Firesthone, Sheila Jeffreys, Kate Milett, Andrea Dworkin. Obs. 1. No espaço virtual esta
vertente tem sido apelidada de “radfem”, adaptando argumentos clássicos sobre a socialização e opressão
femininas a questões mais atuais. 2. Perspectiva construcionista que por vezes tem sido considerada essencialista
por atribuir um caráter estrutural ao gênero, que embora construído socialmente, decorreria dos significados
atribuídos ao sexo biológico/anatomia. 3. Dentro desta perspectiva, a vertente tece inumeras críticas a conceitos
contemporâneos dos estudos de gênero. É o caso da questão da performance de genero (Butler, 2003) e identidade
de gênero. Enquanto o primeiro remeteria a um aspecto negativo da socialização feminina (estereótipos de gênero),
o segundo refroçaria apenas o carater ontologico e subjetivo de gênero, ignorando as limitações culturais impostas
pelas regras sociais e as opressões estruturais (inclusive a própria identificação com um gênero). 4. Essa suposta
retomada de um determinismo biológico tem servido como pressuposto para que esta seja apontada como uma
vertente conservadora e excludente, sobretudo no que tange seu desdobrameto em sub vertentes que excluem
transsexuais (Trans Exclusionary Radical Feminists). 5. Tem sido apontada como oposta aos feminismos
interseccional e liberal, que supostamente se alinham a uma perspectiva mais ontológica, subjetiva e identitária
sobre gênero.
3. NEGRO
Origens e fundamentos. Inicio da década de 20 nos EUA com a crítica de feministas negras contra a
homogeneidade da categoria mulher (Davis, 1981). Mas enquanto movimento fortalecido surge do final dos anos
de 1970 conhecido como Black Feminism, cuja crítica se voltou de maneira radical contra o feminismo branco,
considerado classe média e heteronormativo. Pressupostos. A mulher negra sofre uma dupla opressão, e por isso,

10
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
não seria representada por outros feminismos que englobariam apenas a condição de gênero invisibilizando as
necessidades de mulheres trabalhadoras e de classe baixa, ou seja, as mulheres negras. Objetivos. Na internet, o
feminismo negro tem se debruçado sobre pautas especificas da população negra: a intolerância religiosa e a
valorização das religiões de matriz africana, relacionamentos interrraciais e relações afetivo-amorosas de mulheres
negras, mercado de trabalho, padrões estéticos femininos e a representatividade dos negros na mídia e o impacto
da violência cotidiana na população negra, etc. Ícones. Angela Davis, Audre Lorde e Bell Hooks. No Brasil, Lélia
Gonzales e Sueli Carneiro. Obs. Profundo e intermitente debate entre raça e gênero. Como mencionado, nos
grupos de discussão do facebook e nos blogs pesquisados, o termo “feminismo negro” não tem sido consensual,
sendo por vezes a questão racial identificada como uma das diversas interfaces do “feminismo interseccional”.
Porém, é importante enfatizar que o uso do termo sugere um forte marcador politico do que propriamente uma
questão epistemológica.
4. INTERSECCIONAL
Origens e fundamentos. O termo “Interseccional” foi conceitualizado na década de 90 com a obra da jurista afro
americana Kimberlé Crenshaw (2002) professora de Direito na UCLA e em Columbia, ao se referir ao estudo de
como diferentes estruturas de poder interagem nas vidas das minorias, especialmente das mulheres negras.
Segundo Hirata (2014), o uso do termo se tornou um hit concept e seu sucesso data. Objetivos. Os blogs
pesquisados são unanimes em afirmar que o feminismo interseccional busca “conciliar as demandas de gênero
com as de outras minorias, considerando classe social, raça, orientação sexual, deficiência física... São exemplos
20
de feminismo interseccional o transfeminismo, o feminismo lésbico e o feminismo negro.” Ícones. Kimberlé
Crenshaw., Patricia Collins (por terem trabalhado e lançado mão do ceonceito). Mas de modo geral, são utilizadas
as mesmas autoras mencionadas na seção dedicada ao Feminismo Negro. Obs. De acordo com os resultados aqui
expostos, tudo leva a crer que tem se tornado uma das vertentes mais populares. 2. Outra tendência observável no
espaço virtual tem sido a dificuldade de se aplicar este conceito na pratica sem que se recaia em uma
contraproducente hierarquização de formas de opressão que em ultima analise são intrínsecas umas às outras. Isso
provavelmente se deve a um modelo de “soma de opressões”, muito presente no imaginário social, incapaz de
compreender como estas interconexões se sobrepõem e se influenciam mutuamente (Collins, 2000). 3. Uma critica
comum a esta vertente por parte do feminismo radical tem sido sua adesão as correntes pós estruturalistas e as
teorias queer.
5. LGBT/QUEER/TRANS
Origens e fundamentos. Terceira onda do feminismo no bojo das teorias pós estruturalistas. Pressupostos.
Aponta que a categoria “mulheres” é produzida e reprimida pelas mesmas estruturas de poder por meio das quais
se busca emancipação. Assim, a aceitação de um sistema binário de gênero indica a relação coincidente com um
sexo, ignorando categorias fora da matriz heterossexual (Butler, 2003) como drag queens, travestis e transexuais.

20
http://www.brasilpost.com.br/2015/06/14/feminismo-correntes-feministas_n_6788376.html Acesso em
03/10/2016.
11
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Por refletir apenas o sexo, gênero seria opressivo. Objetivos. Seu foco de lutas é o rompimento das normas de
comportamento sexual e/ou amoroso socialmente prescritas. Na pratica, diversas de suas pautas dizem respeito a
luta politica pelos direitos e identidades LGBT´s (nome social, acesso ao sistema de saúde, etc). Icones. A
inspiração teórica tem sido a obra de Foucault e Judith Butler; no Brasil a tradução e o lançamento do livro
Problemas de Gênero (Butler, 2003) coincide diretamente com a emergência das lutas politicas minoritárias
durante a década de 2000. Em outros âmbitos, esta vertente tem se encarregado de produzir seu próprio conjunto
de ícones, geralmente oriundos da própria internet ou da midia. Ai se pode incluir desde celebridades nacionais e
internacionais (como Madonna ou Pablo Vittar), até militantes e ativistas do Facebook. Obs. 1. A despeito das
diferentes nomenclaturas, os feminismos aliados aos LGBTs, teriam como prioridade a inclusão das categorias
ininteligíveis dentro da lógica do binarismo de genero; 2. Uma das criticas feitas a esta vertente é semelhante a que
se faz sobre o Feminismo Interseccional: o fato de supostamente tangenciar a discussão sobre socialização de
gênero por receio de recair em um determinismo biológico, defendendo que “sentimentos” e “emoções” seriam
suficientes para a definição das identidades e de gênero.
6. SOCIALISTA/MARXISTA/ MATERIALISTA
Origens e fundamentos. Desdobramento das reflexões de Friedrich Engels em “A origem da família, da
propriedade privada e do estado” tendo como cerne a visão histórica de que a origem da opressão feminina e da
feminização da pobreza estaria no surgimento da propriedade privada e da sociedade de classes, de onde
derivariam também o casamento monogâmico, o controle da sexualidade feminina e a invisibilidade do trabalho
feminino na esfera domestica na manutenção do capital. O tema foi trabalhado em diversas analises, inclusive por
Simone de Beauvoir em O Segundo Sexo. Pressupostos. O feminismo marxista entende que a causa da
subordinação feminina está na organização da economia capitalista e no mundo do trabalho Objetivos A libertação
das mulheres através da abolição da propriedade privada e da transformação da divisão sexual do trabalho. Ícones.
Alexandra Kollontai. Obs. 1. Esta vertente também sido chamada de feminismo material ou dialético. 2. Os
enfoques geralmente tem se recaído sobre os tradicionais papéis de gênero, sobre o papel feminino na esfera
doméstica como reprodutora da família e da força de trabalho para o capital; sobre a questão do trabalho
doméstico; a prostituição; a regulação dos direitos de empregadas domésticas e; a desigualdade de classe entre
mulheres (patroas e empregadas).
Tabela 3. Conteúdo das vertentes feministas no espaço virtual.
Considerações Finais
Neste trabalho foi feito um mapeamento do que foi chamado de campo discursivo de
ação do movimento feminista na internet em alguns de seus desdobramentos históricos e sua
interface com o boom da internet a partir da década de 2000. Parte da dinâmica destes
“feminismos em movimento” não se furta a sua própria historicidade, que por sua vez está
agregada a uma narratividade hegemônica que congrega aspectos inseparáveis, como a
12
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
periodização e a segmentação demarcada por vertentes. Embora não seja nenhuma novidade
no pensamento feminista, os resultados obtidos em nossa pesquisa sugerem que esta
demarcação reemerge como um importante significante politico no jogo das identidades
feministas neste campo. De todo modo, o caráter relacional destas vertentes sempre esteve
prescrito na historicidade e na dinâmica de ação do “projeto feminista”; a diferença agora é
que este processo se apresenta de forma mais potente, como a gramatica por excelência do
feminismo cibernético. Por outro lado, tais embates mostram um processo enriquecedor e
efervescente, resultando na rápida disseminação do conhecimento, na atualização contínua de
materiais já existentes (o despertar de novos interesses sobre produções feministas clássicas,
dadas como “ultrapassadas”), e na produção de novos debates e reflexões.
Esta nova epistemologia feminista tecida no bojo da articulação entre o conhecimento
feminista formal e as praticas, vivências e experiências cotidianas certamente demanda novas
abordagens e agendas teóricas e metodológicas. Em primeiro lugar, abordagens capazes de
dar conta da dissolução de antigas formas temporais, que agora cedem seu lugar a uma
temporalidade que não só harmoniza passado, presente e futuro, como também se traduz nos
termos das novas demandas que atualizam seus significados. Segundo, abordagens que
compreendam o caráter multissituado deste processo (MARCUS, 1995) e apreendam
dinâmicas e conflitos ao invés de atores e grupos sociais.

Referências
ALVAREZ, Sonia. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista.
Cadernos Pagu no 43, Campinas, Jan/Jun2014.
BOIX, Monteserrat e MIGUEL, Ana de. Os gêneros da rede: os ciberfeminismos. In
NATHANSON, Graciela (org.) Internet em código feminino: teorias e práticas. Buenos
Aires, La Crujía Ediciones, 2013.p. 15-38.
BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
COLLINS, Patricia H. Black feminist thought: knowledge, consciousness and the politics of
empowerment. Nova York: Routledge, 2000.
CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da
discriminação racial relativos ao gênero University of California - Los Angeles. 2002.
Estudos Feministas. v.10 no.1 Florianópolis Jan. 2002.
DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo,2016. (trad.)
HAMMINGS, Claire. Contando estórias feministas. Rev. Estudos Feministas, vol 17, 2009.

13
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
HIRATA, Helena. Gênero, classe e raça: interseccionalidade e consubstancialidade das
relações sociais, Tempo social. vol.26 no.1 São Paulo Jan./June, 2014.
LEMOS, Marina G. Ciberfeminismo: novos discursos do feminino em redes eletrônicas,
2009. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Comunicação e Semiótica.
Pontíficia Universidade Católica, São Paulo.
MARCUS, George. Ethnography in/of the World System: The Emergence of Multi-Sited
Ethnography. Annual Review of Anthropology, vol.24, pp. 95-117, California, 1995.
NATHANSON, Graciela. O que tem a ver as tecnologias digitais com gênero? In
NATHANSON, Graciela (org.) Internet em código feminino: teorias e práticas. Buenos
Aires, La Crujía Ediciones, 2013.p. 15-38.
SORJ, Bila e GOMES, Carla. Corpo, geração e identidade: a Marcha das vadias no Brasil.
Soc. estado. vol.29 no.2. Brasília May/Aug. 2014.
VERMELHO, Sonia C. et all. “Refletindo sobre as redes sociais digitais” Educação e
Sociedade vol.35 no.126 Campinas. 2014
ZANETTI, Julia. “Jovens feministas do Rio de Janeiro: trajetórias, pautas e relações
intergeracionais” Cadernos Pagu no.36 Campinas Jan./June 2011

Feminist knowledge in the digital age: Facebook discussion groups as a new


epistemology of knowledge.

Abstract: This paper seeks understand the role of the web environment as a locus of action
and reflection in the construction of a new epistemology of feminist knowledge, more
reticulated, fluid and multivariate. Firstly, we will discuss the historical relationship between
women and social networks and the set of feminist discourses and manifestations that
emerged in 2015. Next, we draw a panorama of feminism on the internet, linking Facebook
discussion groups and websites. Within this, we analyze these groups, attenting for a
phenomenon that seems to be constitutive of the feminist knowledge in the web space: the
segmentation well marked in "slopes", that compete among themselves, especially in what
concerns the search for understanding of Gender.
Key Words: Feminism, internet, social networks, knowledge.

14
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

You might also like