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APRENDER ANTROPOLOGIA,

FRANÇOIS LAPLANTINE
Aluno: Luiz Fernando Duarte de Abreu

Resumo

O CAMPO E A ABORDAGEM ANTROPOLÓGICOS

O projeto de fundar uma ciência do homem (uma antropologia) é, ao contrário, muito recente.
De fato, apenas no final do século XVIII é que se começa a constituir um saber científico que toma o
homem como objeto de conhecimento, e não mais a natureza, apenas nessa época é que o espírito
científico pensa, pela primeira vez, em aplicar ao próprio homem os métodos até então utilizados na
área física ou biológica.
As sociedades estudadas pelos primeiros antropólogos são sociedades longínquas as quais são
atribuídas às seguintes características: Sociedades de dimensões restritas, que tiveram poucos contatos
com os grupos vizinhos; cuja tecnologia é pouco desenvolvida em relação a nossa; e nas quais há uma
menor especialização das atividades e funções sociais. São também qualificadas de “simples”; em
consequência, elas irão permitir a compreensão, como numa situação de laboratório, da organização
“complexa” de nossas próprias sociedades.
Por muito tempo acreditou-se que o objeto de estudo da antropologia eram as sociedades ditas
primitivas, assim, com o rápido desenvolvimento das sociedades, o “selvagem”, está, por assim dizer,
sujeito ao desaparecimento. Surge daí uma crise na antropologia: Será que com o desaparecimento do
selvagem também desaparecerá a antropologia?

A resposta a essa pergunta passa por três estágios, o primeiro diz que se o objeto de estudo
perder-se, poderá o antropólogo passar a estudar a “sociologia”, ele também pode estudar o camponês,
como uma espécie de selvagem, e, por fim, o aspecto epistemológico, que é o mais viável.

O objeto teórico da antropologia não está ligado, na perspectiva na qual começamos a nos situar
a partir de agora, a um espaço geográfico, cultural ou histórico particular. Pois a antropologia não é
senão certo olhar, certo enfoque que consiste em: O estudo do homem interior e o estudo do homem
em todas as sociedades, sob todas as latitudes em todos os seus estados e em todas as épocas.

O estudo do homem inteiro


Uma abordagem antropológica objetiva levar em consideração as múltiplas dimensões do ser
humano em sociedade. Existem cinco áreas da antropologia que o pesquisador deve estudar ao
trabalhar de maneira ampla:

Antropologia Biológica: consiste no estudo das variações dos caracteres biológicos do homem
no espaço e no tempo (fatores culturais que influenciam o crescimento e a maturação do indivíduo).
Antropologia Pré-Histórica: é o estudo do homem através dos vestígios materiais enterrados no solo
(ossadas e quaisquer marcas da atividade humana). Visa reconstituir as sociedades desaparecidas,
tanto em suas técnicas e organizações sociais, quanto em suas produções culturais e artísticas.

Antropologia Linguística: é o estudo da linguagem, expressão dos valores, preocupações e


pensamentos de uma sociedade, bem como dos meios de comunicação de massa, dialetos e cultura do
audiovisual.

Antropologia Psicológica: consiste no estudo dos processos e do funcionamento do psiquismo


humano.

Antropologia Social e Cultural: tudo o que constitui uma sociedade (modos de produção
econômica, organização política, crenças religiosas, entre outros).

Deveres da antropologia:

Preservação dos patrimônios culturais locais ameaçados e dos habitantes de diversas regiões.
Relação de troca de saberes e fazeres.

Análise das mutações culturais impostas pelo desenvolvimento acelerado de todas as


sociedades contemporâneas.

O estudo do homem em sua totalidade

Antropologia é o estudo de todas as sociedades humanas, das culturas da humanidade como


um todo em suas diversidades históricas e geográficas.

A partir dos estudos de sociedades primitivas, a antropologia adquiriu um modo de


conhecimento que observa diretamente os fatos, de maneira lenta e contínua. Esse contato com as
sociedades mais distantes possibilitou também o que conhecemos como Estranhamento, ou seja, um
tipo de perplexidade provocada pelo encontro de culturas distantes que nos leva a uma modificação de
olhar sobre nós mesmos, sobre a nossa sociedade. Com esse estranhamento, podemos perceber que
tudo aquilo que tomávamos por natural em nós mesmos, é, na verdade, cultural.

Presos a uma Única cultura, somos não apenas cegos a cultura dos outros, mas míopes quando
se trata da nossa.

Temos uma completa dificuldade de imaginar aquilo que está fora do nosso habitual, familiar,
cotidiano, e através desse contato com o outro podemos nos surpreender com aquilo que diz respeito a
nós mesmos, passamos a nos enxergar de outra maneira. Por esse motivo, é inevitável que o
conhecimento da nossa cultura passe pelo conhecimento de outras culturas e que o pensamento
antropológico saiba aceitar igualmente a diversidade das culturas.

A abordagem antropológica provoca uma verdadeira revolução epistemológica, que começa


por uma revolução de olhar. Ela implica um descentramento radical, uma ruptura com a ideia de que
existe um centro do mundo

Dificuldades

A primeira dificuldade se manifesta ao nível das palavras. Etnologia ou antropologia?


Etnologia é mais usada pelos franceses, insiste na pluralidade irredutível das etnias. Antropologia é
mais usada pelos países anglo-saxônicos, e diz respeito ao estudo das instituições e costumes.

A segunda dificuldade diz respeito ao grau de cientificidade que convém atribuir à


antropologia, pois o objeto é da mesma natureza do sujeito que o estuda. Para resolver esta questão,
propôs-se encarar a sociedade como sistema natural, então a antropologia seria uma ciência natural, já
outros preferem encarar a sociedade como sistema simbólico, então a antropologia seria uma espécie
de arte.

Uma terceira dificuldade provém da relação ambígua que a antropologia mantém com a
História. Uns são contra uma relação muito íntima, enquanto outros alegam que esta relação pode
gerar bons frutos, como os de Gilberto Freyre.

A quarta dificuldade provém das oscilações da antropologia. Se ela seria útil e em que. Ela foi
usada desde sempre nas colonizações. E se o antropólogo deveria atuar para transformar a sociedade
em que vive, posição a qual Laplantine se mostra contrário. Porém, reconhece duas urgências:
Preservação dos patrimônios culturais locais ameaçados e análise das mutações culturais impostas
pelo desenvolvimento extremamente rápido de todas as sociedades contemporâneas.

A quinta dificuldade diz respeito ao tamanho deste estudo, pois a antropologia hoje é muito
rica, diversificada e fica difícil abranger todas as suas áreas. Finalmente, afirma que este estudo é para
apreciação de todos, antropólogos ou não.

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