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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

FLÁVIO RICARDO LEAL DA CUNHA

ANÁLISE NUMÉRICA DA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA EM FUNDAÇÕES ESTAQUEADAS

Dissertação apresentada ao Curso de


Mestrado em Engenharia Civil da UFG
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.

Goiânia
-2003-
22

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS


ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE NUMÉRICA DA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA EM FUNDAÇÕES ESTAQUEADAS

FLÁVIO RICARDO LEAL DA CUNHA

Orientador: Prof. Dr. Ademir Aparecido do Prado


Co-orientador: Prof. Dr. Maurício Martines Sales

Dissertação apresentada ao Curso de


Mestrado em Engenharia Civil da UFG
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.

Goiânia
- agosto/2003 -
23

ANÁLISE NUMÉRICA DA INTERAÇÃO SOLO-


ESTRUTURA EM FUNDAÇÕES ESTAQUEADAS

FLÁVIO RICARDO LEAL DA CUNHA

Dissertação de Mestrado defendida e aprovada em 19 de setembro de


2003, pela banca examinadora constituída pelos professores:

______________________________________
Prof. Ademir Aparecido do Prado, DSc. (UFG)
(ORIENTADOR)

______________________________________
Prof. Maurício Martines Sales, DSc. (UFG)
(CO-ORIENTADOR)

______________________________________
Prof. Daniel de Lima Araújo, DSc. (UFG)
(EXAMINADOR INTERNO)

______________________________________
Prof. Márcio Muniz de Farias, PhD. (UnB)
(EXAMINADOR EXTERNO)
24

DEDICATÓRIA

Aos meus amados pais, Natal e Ana Maria,


aos meus queridos irmãos, Claudiney e
Renato, e a todas as pessoas que eu amo e
convivem comigo, e em especial, a minha
querida Angelita.
25

AGRADECIMENTOS

À Deus, pela presença constante em todos os momentos de minha vida.


Aos meus orientadores Ademir Aparecido do Prado e Maurício Martines Sales,
pela constante compreensão, acompanhamento e amizade.
Aos professores do Curso de Mestrado em Engenharia Civil da Universidade
Federal de Goiás (UFG), que em muito contribuíram na minha formação, e especialmente
ao Prof. Daniel de Lima Araújo, pela paciência e colaboração nos meus primeiros passos
rumo ao aprendizado do programa ANSYS.
Ao Prof. Dr. João Batista Paiva da USP de São Carlos, pelo envio e permissão
do uso do programa PILE99.
À Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, ao
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e à Funape –
Fundação de apoio à pesquisa da UFG, pelo suporte financeiro.
À empresa: Perfinasa – Perfilados e Ferros Nossa Senhora Aparecida Ltda, por
ter colaborado no apoio de alguns perfis metálicos para serem usados em ensaios.
À Neusa, secretária do Curso de Mestrado em Engenharia Civil da UFG, pela
amizade e auxílio em diversas ocasiões.
Aos alunos do Curso de Mestrado em Engenharia Civil da UFG, pela atenção e
contribuição em todos os momentos de minha gestão como representante de turma.
Aos colegas da área de solos, Daniel do Carmo e Ricardo Tavares, e ao colega
Jales, pela amizade e companheirismo de sempre.
A todos os meus verdadeiros amigos por me apoiarem nesta jornada de
pesquisador.
Aos meus familiares e a minha namorada, Angelita, pela consideração e
compreensão de minha ausência em diversas ocasiões.
26

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(GPT/BC/UFG)

Cunha, Flávio Ricardo Leal da


C972a Análise numérica da interação solo-estrutura em fundações
estaqueadas / Flávio Ricardo Leal da Cunha. – Goiânia, 2003.
125 f. : il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás,


Escola de Engenharia Civil, 2003.

Bibliografia: f. 115-119
Inclui anexo

1. Estacas de concreto – Interação solo-estrutura – Aná-


lise numérica 2. Método dos elementos finitos 3. Métodos de
elementos de contorno 4. Fundações (Engenharia) 5. Esta-
cas (Engenharia civil) I. Universidade Federal de Goiás. Es-
cola de Engenharia Civil II. Título.

CDU: 624.155.113:624.131.384:519.6

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CUNHA, Flávio Ricardo Leal da. Análise Numérica da Interação Solo-Estrutura em


Fundações Estaqueadas. 2003. 125 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) –
Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, 2003.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Flávio Ricardo Leal da Cunha

TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Análise Numérica da Interação Solo-


Estrutura em Fundações Estaqueadas.

GRAU/ANO: Mestre/2003

É concedida à Universidade Federal de Goiás permissão para reproduzir cópias desta


dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para
propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e
nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a
autorização por escrito do autor.

_________________________________
Flávio Ricardo Leal da Cunha
engfrlc@gmail.com
27

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................7


LISTA DE TABELAS ..................................................................................................14
LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................................15
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................18

RESUMO .....................................................................................................................19
ABSTRACT .................................................................................................................20

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................21
1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ................................................................................. 21
1.2 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO ........................................................................22
1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .......................................................................23

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................24


2.1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS .............................................................................. 24
2.1.1 Capacidade de carga de estacas ..................................................................24
2.1.2 Estacas como elementos redutores de recalque ..........................................25
2.1.3 Rigidez de uma estaca .................................................................................25
2.2 MÉTODO DE ANÁLISE DO RECALQUE ........................................................... 26
2.2.1 Métodos Analíticos......................................................................................26
2.2.1.1 Correlações empíricas ...................................................................... 26
2.2.1.2 Fundação equivalente .......................................................................28
2.2.1.3 Métodos baseados na teoria da elasticidade .....................................29
2.2.2 Métodos Numéricos.....................................................................................34
2.2.2.1 Método dos Elementos Finitos (MEF) .............................................35
2.2.2.2 Método dos Elementos de Contorno (MEC) ....................................35
2.3 TRABALHOS CLÁSSICOS DE ANÁLISE EM ESTACAS .................................36

3. VALIDAÇÃO DOS MODELOS NUMÉRICOS ...................................................40


28

3.1 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA PILE99 ..............................................................40


3.1.1 Soluções analíticas propostas por Randolph & Wroth (1978) e Poulos &
Davis (1980) ...............................................................................................41
3.1.2 Butterfield & Banerjee (1971)..................................................................... 46
3.1.3 Kuwabara (1989) ........................................................................................50
3.2 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA ANSYS..............................................................54
3.2.1 Soluções analíticas propostas por Randolph & Wroth (1978) e Poulos &
Davis (1980) ...............................................................................................54
3.2.2 Ottaviani (1975)...........................................................................................55
3.2.3 Sales et al. (1998) ......................................................................................59
3.2.4 Estudos complementares do ANSYS ..........................................................62
3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 64

4. ANÁLISE PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO ................65

5. ANÁLISE PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ..............................82

6. COMPARAÇÃO MEC x MEF ...............................................................................102

7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ............................................................................113


7.1 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 113
7.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ......................................................114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................115

ANEXO A: GRÁFICOS DE POULOS & DAVIS (1980) ........................................120


29

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Problema de Boussinesq ..............................................................................29


Figura 2.2 Problema de Mindlin ...................................................................................31

Figura 3.1 Discretização de uma estaca conforme o programa PILE99: (a) forças no
topo da estaca; (b) pontos de colocação na estaca; (c) parâmetros nodais
de deslocamentos.........................................................................................41
Figura 3.2 Representação do esquema para simulação de uma estaca isolada..............42
Figura 3.3 Resposta carga x recalque de uma estaca isolada segundo Randolph &
Wroth (1978) e Poulos & Davis (1980) em relação ao programa PILE99..42
Figura 3.4 Grupo com duas estacas flutuantes apresentado por Poulos & Davis
(1980) ..........................................................................................................43
Figura 3.5 Fator de interação (α) em função do espaçamento para estacas flutuantes
com três comprimentos relativos: (a) L/D=10; (b) L/D=50; (c) L/D=100..44
Figura 3.6 Resposta da variação do fator de correção (Nν) x espaçamento relativo
(s/D) em função do coeficiente de Poisson do solo (νs) ..............................45
Figura 3.7 Razão de recalque (RS) x s/D de um grupo com nove estacas simétricas
para três comprimentos relativos: (a) L/D=10; (b) L/D=25; (c) L/D=50....47
Figura 3.8 Esquema em planta das estacas analisadas segundo Butterfield &
Banerjee (1971): (a) estaca isolada; (b) grupo com quatro estacas; (c)
grupo com duas estacas; (d) grupo com nove estacas .................................48
Figura 3.9 Resposta carga x recalque de uma estaca isolada em comparação com os
resultados de Butterfield & Banerjee (1971)...............................................48
Figura 3.10 Resposta carga x recalque de grupo com quatro estacas em comparação
com os resultados de Butterfield & Banerjee (1971) ..................................49
Figura 3.11 Razão de recalque x espaçamento de um grupo com duas estacas em
relação a solução de Butterfield & Banerjee (1971)....................................50
Figura 3.12 Razão de recalque x espaçamento de um grupo com nove estacas em
relação a solução de Butterfield & Banerjee (1971)....................................50
Figura 3.13 Esquema em planta das estacas estudadas por Kuwabara (1989): (a)
estaca isolada; (b) grupo com nove estacas .................................................51
30

Figura 3.14 Resposta carga x recalque de uma estaca isolada em comparação com os
resultados de Kuwabara (1989) ...................................................................51
Figura 3.15 Resposta carga x recalque de um grupo com nove estacas em
comparação com os resultados de Kuwabara (1989) ..................................52
Figura 3.16 Razão entre o recalque imediato x recalque final de uma estaca isolada
em comparação com Kuwabara (1989) .......................................................53
Figura 3.17 Razão entre o recalque imediato x recalque final de um grupo com nove
estacas em comparação com Kuwabara (1989)...........................................53
Figura 3.18 Resposta carga x recalque de uma estaca isolada segundo Randolph &
Wroth (1978) e Poulos & Davis (1980) em relação ao programa ANSYS. 55
Figura 3.19 Malha empregada na modelagem tridimensional de uma estaca isolada:
(a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo próximo à
estaca ...........................................................................................................55
Figura 3.20 Resposta carga x recalque numa estaca isolada com L=40m e H/L=1,5
como em Ottaviani (1975)...........................................................................57
Figura 3.21 Resposta carga x recalque numa estaca isolada com L=20m e H/L=1,5
comparando com Ottaviani (1975) ..............................................................57
Figura 3.22 Malha usada na modelagem de uma estaca isolada conforme Ottaviani
(1975): (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo
próximo à estaca ..........................................................................................58
Figura 3.23 Condições de contorno e malha empregada na modelagem axissimétrica
de acordo com Ottaviani (1975) ..................................................................58
Figura 3.24 Resposta carga x recalque numa estaca isolada com L=20m e H/L=4,0
como obtido por Ottaviani (1975) ...............................................................59
Figura 3.25 Esquema de uma estaca carregada axialmente segundo Sales et al.
(1998)...........................................................................................................59
Figura 3.26 Bacia de recalque para H/L de 1,5 e 2,0 segundo Sales et al. (1998) ........60
Figura 3.27 Bacia de recalque para H/L de 5,0 e ∞ segundo Sales et al. (1998) ..........61
Figura 3.28 Influência do domínio lateral de uma estaca isolada .................................61
Figura 3.29 Malha utilizada na modelagem de uma estaca isolada segundo Sales et
al. (1998): (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo
próximo à estaca ..........................................................................................62
31

Figura 3.30 Perfil das formas de travamento testadas no programa ANSYS: (A)
restrição normal em todas as direções; (B) restrição normal nas laterais e
totalmente restringido no fundo; (C) totalmente restringido em todas as
direções; (D) Restrição normal no fundo e totalmente restringido nas
laterais..........................................................................................................63
Figura 3. 31 Influência da forma de restrição no maciço ..............................................63

Figura 4.1 Esquema em planta e perfil de quatro casos: (a) estaca isolada carregada;
(b) duas estacas carregadas; (c) três estacas com duas carregadas; (d) três
estacas carregadas........................................................................................66

Figura 4.2 Resposta carga x recalque de quatro casos estudados para s/D=2,5 e
D=0,2m ........................................................................................................67

Figura 4.3 Representação em planta de cinco casos estudados: (a) estaca isolada; (b)
duas estacas; (c) três estacas; (d) quatro estacas; (e) cinco estacas .............67

Figura 4.4 Resposta carga x recalque de cinco casos distintos, para s/D=2,5 e
D=0,2m ........................................................................................................68

Figura 4.5 Resposta carga x recalque de dois grupos com duas e quatro estacas
carregadas, com s/D=2,5 .............................................................................68

Figura 4.6 Resposta carga x recalque em relação a s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0 ..........69

Figura 4.7 Vista em planta de três casos: (a) grupo de duas estacas carregadas; (b)
grupo de três estacas sendo duas carregadas; (c) grupo de nove estacas
com duas carregadas....................................................................................70

Figura 4.8 Resposta carga x recalque de duas estacas carregadas, três com duas
carregadas e nove com duas carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m ..............70

Figura 4.9 Resposta carga x recalque de dois grupos de três e nove estacas com duas
carregadas, para s/D=2,5 .............................................................................71

Figura 4.10 Resposta carga x recalque para três valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c)
5,0 ................................................................................................................72

Figura 4.11 Esquema em planta de três casos: (a) grupo de três estacas carregadas;
(b) grupo de cinco estacas com três estacas carregadas; (c) grupo de nove
estacas com três carregadas .........................................................................73
32

Figura 4.12 Resposta carga x recalque de três estacas carregadas, cinco estacas com
três carregadas e nove estacas com três carregadas, para s/D=2,5 e
D=0,2m........................................................................................................73
Figura 4.13 Esquema em planta de três casos: (a) grupo de quatro estacas
carregadas; (b) grupo de cinco com quatro estacas carregadas; (c) grupo
de nove estacas com quatro carregadas .......................................................74
Figura 4.14 Resposta carga x recalque de três diferentes grupos com quatro estacas
carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m ............................................................74
Figura 4.15 Esquema em planta de dois casos: (a) grupo de cinco estacas carregadas;
(b) grupo de nove estacas com cinco carregadas.........................................74
Figura 4.16 Resposta carga x recalque de dois grupos com s/D=2,5 e D=0,2m ...........75
Figura 4.17 Recalque (w) x L/D com D = 0,2m para dois casos de s/D: (a) 2,5; (b)
5,0 ................................................................................................................76
Figura 4.18 Resposta α x L/D, com s/D=2,5 e D=0,2m, em comparação com Poulos
& Davis (1980) ............................................................................................77
Figura 4.19 Resposta α x L/D para três valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0...........78
Figura 4.20 Resposta RS x L/D, com s/D=2,5 e D=0,2m, para três situações de
carregamento nas estacas: (a) duas carregadas; (b) três carregadas; (c)
quatro carregadas.........................................................................................79
Figura 4.21 Resposta RS x L/D para três valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0 .........80

Figura 5.1 Esquema em planta e perfil de quatro casos: (a) estaca isolada carregada;
(b) duas estacas carregadas; (c) três estacas com duas carregadas; (d) três
estacas carregadas........................................................................................83
Figura 5.2 Resposta carga x recalque de quatro casos estudados para s/D=2,5 e
D=0,2m ........................................................................................................84
Figura 5.3 Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo com três
estacas carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista
de topo próximo às estacas ..........................................................................84
Figura 5.4 Representação em planta de cinco casos estudados: (a) estaca isolada; (b)
duas estacas; (c) três estacas; (d) quatro estacas; (e) cinco estacas .............85
Figura 5.5 Resposta carga x recalque de cinco casos estudados com s/D=2,5 e
D=0,5m ........................................................................................................85
33

Figura 5.6 Comparação entre diferentes diâmetros com a mesma relação s/D=2,5
para duas e quatro estacas carregadas..........................................................86
Figura 5.7 Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo com duas
estacas carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista
de topo próximo às estacas ..........................................................................86
Figura 5.8 Resposta carga x recalque em função de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0 .........87
Figura 5.9 Vista em planta de três casos: (a) grupo de duas estacas carregadas; (b)
grupo de três estacas sendo duas carregadas; (c) grupo de nove estacas
com duas carregadas....................................................................................88
Figura 5.10 Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo de nove
estacas sendo duas carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c)
ampliação da vista de topo próximo às estacas ...........................................88
Figura 5.11 Resposta carga x recalque de três diferentes casos com duas estacas
carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m ............................................................89
Figura 5.12 Esquema em planta de três casos: (a) grupo de três estacas carregadas;
(b) grupo de cinco com três estacas carregadas; (c) grupo de nove com
três carregadas .............................................................................................89
Figura 5.13 Resposta carga x recalque de três estacas carregadas, cinco estacas com
três carregadas e nove estacas com três carregadas, para s/D=2,5 e
D=0,2m ........................................................................................................90
Figura 5.14 Comparação entre diferentes diâmetros com a mesma relação s/D=2,5
para três estacas carregadas ........................................................................91
Figura 5.15 Resposta carga x recalque em relação à s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0 ........92
Figura 5.16 Esquema em planta de três casos: (a) grupo de quatro estacas
carregadas; (b) grupo de cinco com quatro estacas carregadas; (c) grupo
de nove com quatro carregadas ..................................................................93
Figura 5.17 Resposta carga x recalque de três diferentes grupos com quatro estacas
carregadas com s/D=2,5 e D=0,2m .............................................................93
Figura 5.18 Malha usada na modelagem tridimensional de um grupo de cinco
estacas com quatro carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c)
ampliação da vista de topo próximo às estacas ...........................................93
Figura 5.19 Esquema em planta de dois casos: (a) grupo de cinco estacas carregadas;
(b) grupo de nove estacas com cinco carregadas.........................................94
34

Figura 5.20 Resposta carga x recalque de dois diferentes grupos com cinco estacas
carregadas para s/D=2,5 e D=0,2m .............................................................94
Figura 5.21 Relação w x L/D com D=0,2m para três grupos distintos com três
estacas carregadas e dois valores de s/D: (a) 2,5; (b) 5,0 ............................95
Figura 5.22 Relação w x L/D com D=0,5m para três grupos distintos com três
estacas carregadas e dois valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5 ............................96
Figura 5.23 Resposta α x L/D para dois valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5.......................97
Figura 5.24 Resposta RS x L/D para grupos com duas e quatro estacas carregadas,
com D=0,2m e s/D=2,5 ...............................................................................98
Figura 5.25 Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo de quatro
estacas carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista
de topo próximo às estacas ..........................................................................99
Figura 5.26 Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo com nove
estacas sendo quatro carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c)
ampliação da vista de topo próximo às estacas ...........................................99
Figura 5.27 RS x L/D para três situações distintas com s/D=2,5 e D=0,2m..................100

Figura 6.1 Resposta carga x recalque de uma estaca isolada segundo Randolph &
Wroth (1978) e Poulos & Davis (1980) em relação aos programas
ANSYS e PILE99........................................................................................102
Figura 6.2 Comparação da resposta carga x recalque de uma estaca isolada e um
grupo de cinco estacas em relação aos programas ANSYS e PILE99, para
s/D=2,5 e D=0,2m .......................................................................................103
Figura 6.3 Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de duas estacas e
outro de nove, analisados pelos programas ANSYS e PILE99, para
s/D=2,5 e D=0,2m .......................................................................................104
Figura 6.4 Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de nove estacas
com três carregadas, com s/D igual a 2,5 e 5,0, calculados pelos
programas ANSYS e PILE99 ......................................................................104
Figura 6.5 Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de três estacas e
outro de nove em comparação aos programas ANSYS e PILE99, para
s/D=2,5 e D=0,5m .......................................................................................105
35

Figura 6.6 Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de cinco estacas e


outro de nove, analisados pelos programas ANSYS e PILE99, para
s/D=2,5 e D=0,2m .......................................................................................106
Figura 6.7 Comparação da resposta recalque (w) x comprimento relativo (L/D) de
um grupo de duas estacas e outro de nove em comparação aos programas
ANSYS e PILE99, para s/D=2,5 e D=0,2m ................................................106
Figura 6.8 Comparação da resposta recalque (w) x comprimento relativo (L/D) de
um grupo de três estacas e outro de nove, calculados pelos programas
ANSYS e PILE99, para s/D=2,0 e D=0,5m ................................................107
Figura 6.9 Comparação da resposta recalque (w) x comprimento relativo (L/D) de
um grupo de cinco estacas com três carregadas, analisados pelos
programas ANSYS e PILE99, para D=0,2m com s/D igual a 2,5 e 5,0......108
Figura 6.10 Comparação do fator de interação (α) x comprimento relativo (L/D) de
um grupo de duas estacas e outro de nove em comparação aos programas
ANSYS e PILE99, para s/D=2,0 e D=0,5m ................................................109
Figura 6.11 Comparação do fator de interação (α) x comprimento relativo (L/D) de
duas estacas carregadas, analisados pelos programas ANSYS e PILE99,
para D=0,5m e s/D igual a 2,0 e 2,5 ............................................................109
Figura 6.12 Comparação da razão de recalque (RS) x comprimento relativo (L/D) de
um grupo de duas estacas e outro de nove em comparação aos programas
ANSYS e PILE99, para s/D=2,5 e D=0,2m ................................................110
Figura 6.13 Comparação da razão de recalque (RS) x L/D de um grupo de quatro
estacas e outro de nove, analisados pelos programas ANSYS e PILE99,
para s/D=2,5 e D=0,2m ...............................................................................111
Figura 6.14 Comparação da razão de recalque (RS) x comprimento relativo (L/D) de
um grupo de cinco estacas sendo três carregadas em comparação aos
programas ANSYS e PILE99, para D=0,2m e s/D igual a 2,5 e 5,0 ...........111

Figura A.1 Fator de influência para estacas incompressíveis........................................121


Figura A.2 Fator de correção devido à compressibilidade do material da estaca .........122
Figura A.3 Fator de correção devido à presença do estrato rígido ................................123
Figura A.4 Fator de correção da estaca sobre o estrato rígido ......................................124
Figura A.5 Fator de correção para o coeficiente de Poisson do solo.............................125
36

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 Propriedades dos materiais e relações geométricas .....................................42


Tabela 3.2 Propriedades dos materiais segundo Butterfield & Banerjee (1971)...........48
Tabela 3.3 Propriedades dos materiais segundo Ottaviani (1975) ................................56
Tabela 3.4 Propriedades dos materiais e relações usadas por Sales et al. (1998) .........60
Tabela 3.5 Nível de refinamento da malha....................................................................64

Tabela 4.1 Propriedade dos materiais usados pelo programa PILE99 ..........................65
Tabela 4.2 Relação do espaçamento relativo por parte .................................................65

Tabela 5.1 Propriedade dos materiais utilizados pelo programa ANSYS.....................82


37

LISTA DE SÍMBOLOS

Letras Romanas maiúsculas

Ac área da seção transversal limitada pelo perímetro externo da estaca


AG área da figura plana que circunscreve o grupo de estacas
Ap área da seção transversal da estaca; soma das seções transversais de todas as
estacas
B largura do grupo de estacas
D diâmetro da estaca
E módulo de elasticidade longitudinal
Eb módulo de elasticidade do estrato rígido
Ec módulo elástico do concreto
Eeq módulo elástico do material do tubulão equivalente
Ep módulo de elasticidade do material da estaca
Es módulo de elasticidade do solo drenado; módulo de elasticidade médio do
solo, módulo de elasticidade do solo
Eu módulo de elasticidade do solo não drenado
F1 força lateral externa aplicada na direção X1
F2 força lateral externa aplicada na direção X2
G módulo de elasticidade transversal, módulo cisalhante do solo
__
G módulo cisalhante médio do solo no trecho penetrado pela estaca
Gb módulo cisalhante abaixo da ponta da estaca
GL módulo cisalhante do solo a uma profundidade Z = L
H profundidade até o estrato rígido
I fator de influência, módulo de inércia da seção transversal
I1 fator de influência para estaca incompressível em solo com νs=0,5
K rigidez relativa
Kp rigidez de uma estaca
L comprimento da estaca
M1 momento externo aplicado em torno do eixo X2
M2 momento externo aplicado em torno do eixo X1
38

P, PT carga atuante no topo da estaca


Q carga axial
R distância entre o ponto de aplicação da carga e o ponto analisado
Rν fator de correção para o coeficiente de Poisson do solo
R1 distância entre o ponto analisado e ponto de aplicação da carga
R2 distância entre o ponto analisado e o ponto simétrico ao de aplicação da
carga
Rb fator de correção da estaca sobre a camada mais rígida
Rh fator de correção devido à presença do estrato rígido na massa de solo
Rk fator de correção devido à compressibilidade do material da estaca
RS razão de recalque
V força vertical externa aplicada no topo da estaca
X1, X2, X3 eixos cartesianos

Letras Romanas minúsculas

c profundidade da carga aplicada; relação entre o espaçamento e o diâmetro


da estaca
d diâmetro da estaca
db diâmetro da base da estaca
deq diâmetro equivalente
h profundidade até o estrato rígido
i, j, k, l pontos de colocação
n número de estacas no grupo
nr número de linhas de estacas
r raio da estaca; distância do ponto analisado em relação ao plano xy;
projeção horizontal de R
rb raio da ponta da estaca
rm máximo raio de influência
s i, s espaçamento entre duas estacas, domínio lateral
ui, uj, uk, ul representam as componentes de deslocamento na direção X1
u’i representa a componente do momento em torno do eixo X2
vi, vj, vk, vl representam as componentes de deslocamento na direção X2
39

v’i representa a componente do momento em torno do eixo X1


w expoente da equação de Fleming et al. (1985); recalque no topo da estaca
wi, wj, wk, wl representam as componentes de deslocamento na direção X3
x, y, z coordenadas cartesianas do ponto analisado
z projeção vertical de R

Letras Gregas

α fator de interação
δG recalque de um grupo de estacas
δP recalque de uma estaca isolada
ζ transferência de carga
ζ* índice modifica da transferência de carga
η razão entre o raio da ponta pelo raio
θ ângulo entre R e a sua projeção vertical
λ razão de compressibilidade da estaca
µL parâmetro definido por Randolph & Wroth (1978) na previsão do recalque de
uma estaca isolada
ν coeficiente de Poisson
ν’s coeficiente de Poisson do solo drenado
νs coeficiente de Poisson do solo
ξ rigidez da estaca
ξ* índice modificado da rigidez da estaca
ρ razão entre o módulo cisalhante médio ao longo da estaca e o valor ao nível da
ponta
ρr deslocamento na direção x
ρz deslocamento na direção z, recalque no topo da estaca
ρi recalque imediato
ρTF recalque final
σz , σr , σt tensões normais
τrz tensão cisalhante atuante no plano xz
40

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


FORTRAN Fórmula Translator
ISE Interação solo-estrutura
MEC Método dos Elementos de Contorno
MEF Método dos Elementos Finitos
UFG Universidade Federal da Goiás
41

RESUMO

O comportamento de fundações estaqueadas é um problema tridimensional que


envolve diversos parâmetros e superposições de efeitos que interferem na interação estaca-
solo-estaca. Com a evolução dos microcomputadores, aliado ao interesse da comunidade
científica em investigar e solucionar o problema, foram desenvolvidos programas com
diferentes metodologias, principalmente fundamentados no Método dos Elementos de
Contorno (MEC) e Método dos Elementos Finitos (MEF), no intuito de encontrar as
soluções mais adequadas, que pudessem reproduzir os ensaios de campo e casos reais.
Porém, foi encontrada na literatura uma divergência entre os resultados oriundos destes
métodos para alguns grupos de estacas. Assim, esta pesquisa teve como objetivo simular
alguns casos com carregamento axial, considerando um comportamento linear-elástico, de
modo a comparar as soluções encontradas pelos MEC e MEF, a fim de apontar as
vantagens e limitações destes diferentes métodos usados na análise da interação solo-
estrutura em fundações estaqueadas. Foram utilizados os programas PILE99 e ANSYS,
fundamentados no MEC e MEF, respectivamente, para simular alguns grupos com
diferentes geometrias e posicionamento do carregamento, variando o diâmetro e
comprimento das estacas, assim como, o espaçamento entre as mesmas. A pesquisa conclui
que para grupos distintos com o mesmo número de estacas carregadas, o programa PILE99
obtém recalques muito semelhantes, mostrando que as estacas sem carga não influenciam
nesta metodologia. Ao contrário, o programa ANSYS, encontra valores distintos para estes
casos, demonstrando que a intrusão de estacas descarregadas interferem na interação solo-
estrutura. Outro fato observado, é que o programa ANSYS apresenta, sistematicamente,
recalques inferiores ao programa PILE99. Isto pode ser atribuído ao aumento da rigidez
causada pela presença das estacas no maciço de solo.
42

ABSTRACT

The piled foundations behavior is a three-dimensional problem that deals with


some parameters and superposition of effects from the pile-soil-pile interaction. With the
microcomputers evolution added to the scientific interest to study and solve the problem,
some programs were developed based on different methods, mainly using the Boundary
Element Method (BEM) and Finite Element Method (FEM), aiming to found more
appropriated solutions to reproduce field tests and case histories. It was found in some
papers, although, differences between the results on the pile group analysis when using
different methods. So, the objective of this research was analyze axially loaded pile groups,
in linear-elastic state, comparing the BEM’s and FEM’s results, trying to point out the
advantages and restrictions on using these methods on the soil-structure interaction
analysis of piled foundations. It was used the programs PILE99 and ANSYS, based on
BEM and FEM, respectively, to simulate some groups with different geometry, pile
arrangement, diameter, length, as well the relative spacing. The research concluded that on
the analysis of different groups, but with the same number of loaded piles, the program
PILE99 found very similar settlements, showing that the presence of without loaded piles
had no effect on this method. The program ANSYS, however, resulted in different values
to these cases, pointing out that the presence of others piles without load also interfere on
the soil-structure interaction. Another observation was that the program ANSYS had
always presented lower settlements than the PILE99 program. This can be explained by the
stiffness increase caused by the piles presence into the soil mass.
21

CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Uma edificação pode ser considerada constituída por três partes: a


superestrutura, a infra-estrutura e o solo. A superestrutura é constituída por lajes, vigas,
pilares, os quais garantem a transmissão do carregamento para os componentes de
fundação. A infra-estrutura ou fundação funciona como a ligação entre a superestrutura e o
solo, transmitindo os esforços provenientes da superestrutura ao solo. O solo de fundação,
por sua vez, deve ser capaz de absorver estes esforços, garantindo o equilíbrio global do
sistema. Conseqüentemente, o melhor desempenho de uma edificação é atingido pelo
trabalho conjunto destas três partes, em um mecanismo denominado de interação solo-
estrutura (ISE).

Quanto à fundação, esta pode ser dividida em dois grupos: fundações


superficiais e fundações profundas. As fundações superficiais ou diretas são aquelas em
que o mecanismo de ruptura atinge a superfície do terreno, enquanto nas fundações
profundas este fato não ocorre. Outro aspecto relevante é a transferência de carga ao solo.
Segundo a NBR 6122:1996 as fundações superficiais transmitem as cargas
predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, ao passo que nas
fundações profundas a transmissão pode ser feita pela base (resistência de ponta), por sua
superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas (ABNT, 1996).

As fundações profundas se subdividem em três tipos: tubulão, caixão e estaca.


Segundo a definição da NBR 6122:1996 estaca é um “elemento de fundação profunda
executado inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem que, em qualquer fase de
sua execução, haja descida de operário” (ABNT, 1996).

Nos projetos de fundação em estacas é comum utilizar um grupo de estacas


para suportar o carregamento de um pilar ou mais de um quando muito próximos, sendo
22

que a união entre as estacas e o pilar é feita por intermédio de um bloco de concreto
armado.

Assim, para a análise de um grupo de estacas devem ser levados em


consideração diversos fatores que interferem no comportamento da interação estaca-solo-
estaca, dentre os quais, pode-se citar:
- tipo de execução da estaca;
- espaçamento entre as estacas;
- ordem de cravação, para o caso de estacas cravadas;
- comprimento da estaca;
- propriedades físicas do solo e da estaca;
- nível de carregamento aplicado, entre outros.
Desta forma, o estudo do comportamento de um grupo de estacas trata-se de
um problema de natureza complexa devido aos diversos parâmetros que interferem na
interação estaca-solo-estaca, necessitando usar programas computacionais fundamentados
no MEC e MEF, para o seu completo entendimento.
Neste sentido, alguns trabalhos foram desenvolvidos a partir do Método dos
Elementos Finitos (MEF), tais como: Desai (1974), Ottaviani (1975) e Jardine et al.
(1986). Outros usando o Método dos Elementos de Contorno (MEC), como por exemplo,
Poulos (1968), Butterfield & Banerjee (1971), Poulos & Davis (1980) e Kuwabara (1989).
No entanto, o trabalho de Sales et al. (2000) apresenta algumas diferenças entre as
previsões, a partir destas ferramentas distintas, as quais não foram justificadas.

1.2 OBJETIVOS

A presente dissertação tem como objetivo fazer uma breve revisão sobre os
métodos existentes na análise da interação estaca-solo-estaca.
Em seguida, serão analisados casos de interações entre estacas, modelados pelo
MEC e MEF, comparando soluções analíticas conhecidas em casos simples, bem como em
casos apresentados na literatura, com a intenção de calibrar os programas PILE99 (MEC) e
ANSYS (MEF).
Por fim, pretende-se usar as duas metodologias para explorar situações com um
número maior de estacas, onde não existe solução analítica. Para estes casos, serão
23

analisados grupos com diversas geometrias e diferentes posições de carregamento, assim


como estacas com variados diâmetros, comprimentos e espaçamentos. As estacas serão
submetidas a um carregamento axial, e assim como o solo, considerados como materiais
linear-elásticos, isotrópicos e homogêneos. Assim, tentar-se-á apontar vantagens e
limitações na utilização dos distintos métodos de análise da interação solo-estrutura em
fundações estaqueadas.

1.3 – ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Capítulo II – Revisão Bibliográfica: É apresentado um resumo com os


principais métodos de cálculo de recalque em estacas isoladas e grupos de estacas, assim
como uma síntese dos principais trabalhos encontrados na literatura visando atingir o atual
“estado da arte”.
Capítulo III – Validação dos Modelos Numéricos: Neste capítulo é descrita a
forma usada na análise do comportamento de uma estaca isolada e de alguns grupos de
estacas. Apresenta-se, ainda, a validação dos programas PILE99 (MEC) e ANSYS (MEF).
Capítulo IV – Análise pelo Método dos Elementos de Contorno: Todos os
resultados obtidos nas simulações realizadas por meio do programa PILE99 são
apresentados de forma gráfica e são retiradas as principais conclusões do uso deste método
na análise de estacas.
Capítulo V – Análise pelo Método dos Elementos Finitos: Da mesma forma
são apresentados através de gráficos os resultados alcançados nas simulações do
comportamento de estacas efetuadas pelo programa ANSYS e extraídas as conclusões da
utilização deste método.
Capítulo VI – Comparação entre MEC x MEF: São apresentados graficamente
os resultados das simulações feitas através dos programas PILE99 e ANSYS de modo a
comparar a influência da interação estaca-solo-estaca pelos dois métodos, buscando
justificar as possíveis divergências encontradas na literatura.
Capítulo VII – Conclusões e Sugestões: São feitas as considerações finais,
apontando as principais conclusões e sugestões para novos trabalhos, no intuito de
contribuir para a continuidade da investigação desta linha de pesquisa.
24

CAPÍTULO II
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O uso de estacas como elemento de fundação tem sido detectado há vários


séculos como, por exemplo, nas igrejas e grandes obras erguidas no passado. No entanto,
somente a partir da revolução industrial no século XIX houve o interesse em reduzir o
custo das fundações de grandes prédios para a construção de fábricas. Assim iniciou-se a
sistematização do conhecimento adquirido.

2.1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

As estacas usuais podem ser classificadas em duas categorias: estacas de


deslocamentos e estacas escavadas. As estacas de deslocamentos são aquelas introduzidas
no terreno através de algum processo que não promova a retirada de solo, enquanto as
estacas escavadas são aquelas executadas “in situ” através da perfuração do terreno por um
processo qualquer com remoção do material.
Outra definição a destacar é o termo “recalque”. Segundo a NBR 6122:1996,
recalque é o “movimento vertical descendente de um elemento estrutural” (ABNT, 1996).

2.1.1 Capacidade de carga de estacas

A capacidade de carga de uma estaca envolve duas parcelas distintas: uma


devida à resistência de ponta e outra devida à mobilização do atrito lateral no fuste.
A resistência de ponta depende principalmente da área da seção transversal da
estaca, da profundidade da estaca e da resistência da camada de solo na qual a ponta se
apóia. O atrito lateral depende de vários fatores, como propriedades e estratificação do
solo, camada de apoio da ponta, comprimento da estaca, rigidez relativa estaca/solo, etc.
Em resumo, a parcela de contribuição do atrito lateral é função das tensões cisalhantes
desenvolvidas no contato estaca/solo. Estas tensões cisalhantes máximas são calculadas a
partir da adesão do solo, da tensão normal à superfície da estaca e do ângulo de atrito
estaca/solo. Porém, é necessário que exista um certo deslocamento relativo entre a estaca e
25

o solo circundante para que seja mobilizado o atrito lateral. Portanto, o atrito lateral
depende não somente das propriedades intrínsecas do solo e do material constituinte da
estaca, mas também do nível de mobilização do atrito lateral.
Desta forma, nota-se que o comportamento de uma estaca quando na presença
de outros elementos de fundação próximos é diferente do comportamento de uma estaca
isolada.

2.1.2 Estacas como elementos redutores de recalque

Burland et al. (1977), apud Sales (2000), propuseram que na maioria dos
projetos de fundações em estacas apenas o critério de capacidade de carga era levado em
consideração em função dos pequenos recalques obtidos. No entanto, uma outra forma de
análise seria calcular as fundações com um número mínimo de estacas, as quais
garantissem um recalque aceitável, o que traria uma economia na fundação em questão.
Desta forma, foi adotado o termo “elementos redutores de recalque” para as estacas, nos
projetos de grupos onde prevalecesse o critério de recalque.
Assim, além de resistir ao carregamento, as estacas possuem outra função
importante, a de reduzir os efeitos de recalque, principalmente quando combinadas com
fundações superficiais em um número mínimo de estacas.

2.1.3 Rigidez de uma estaca

Conforme citado em Sales (2000), pode-se conceituar o termo “rigidez de uma


estaca” como a razão entre a carga atuante sobre uma estaca pelo seu deslocamento
vertical, mostrado na Equação (2.1):

P
Kp = (2.1)
w

onde: Kp = rigidez de uma estaca;


P = carga atuante no topo da estaca;
w = recalque no topo da estaca produzido pela carga aplicada ‘P’

É importante ressaltar que tal definição reflete no comportamento estaca-solo e


26

não deve ser confundido com a rigidez estrutural de um material qualquer, geralmente
representado pelo produto entre o módulo de elasticidade (E) e o módulo de inércia da
seção transversal (I).
Outro termo, definido em Poulos & Davis (1974) e utilizado no decorrer deste
trabalho, é a expressão “rigidez relativa de uma estaca”. A rigidez relativa (K) é a razão
entre o módulo de elasticidade do material da estaca e do solo, multiplicado por um fator
de área, como expresso na Equação (2.2). Esta relação indica a intensidade da
compressibilidade entre a estaca e o solo. No caso de uma estaca de seção regular cheia,
Ap=Ac.

Ep Ap
K= (2.2)
Es A c

onde: Ep = módulo de elasticidade do material da estaca;


Es = módulo de elasticidade médio do solo;
Ap = área da seção transversal da estaca;
Ac = área da seção transversal limitada pelo perímetro externo da estaca.

2.2 MÉTODO DE ANÁLISE DO RECALQUE

Devido à complexa variedade dos fatores que abrangem a interação estaca-solo-


estaca, torna-se difícil fazer uma previsão do comportamento de uma estaca isolada ou
grupo de estacas. Nesta seção serão apresentados alguns métodos que tentam representar o
comportamento de estacas no que diz respeito ao desempenho do recalque.
Podem-se classificar os métodos de análise do recalque em duas categorias: os
Métodos Analíticos e os Métodos Detalhados. Estes últimos são ferramentas matemáticas
mais sofisticadas que, conforme a discretização, podem simular de forma mais real esse
comportamento.

2.2.1 Métodos Analíticos

2.2.1.1 Correlações empíricas

No caso do grupo de estacas é possível estabelecer uma ligação entre os


27

recalques do grupo e de uma estaca isolada. Segundo definido por Poulos & Davis (1980),
a razão de recalque (RS) é o quociente entre o recalque médio de um grupo pelo recalque
de uma estaca isolada submetida a mesma média do carregamento do grupo.
Neste sentido, diversos autores propuseram correlações entre o recalque do
grupo e de uma estaca isolada. Descreve-se a seguir algumas correlações encontradas na
literatura.
Skempton (1953) apud Poulos & Davis (1980) propôs a relação em solos
granulares entre o recalque de um grupo de estacas (δG), com largura B em metros, e o
recalque de uma estaca isolada (δP), definida pela Equação (2.3):

2
δ ⎛ 4B + 3 ⎞
RS = G = ⎜ ⎟ (2.3)
δP ⎝ B + 4 ⎠

Meyerhof (1959) apud Sales (2000) apresentou a Equação (2.4):

⎛ c⎞
c.⎜ 5 − ⎟
3⎠
RS = ⎝ 2
(2.4)
⎛ 1⎞
⎜⎜1 + ⎟⎟
⎝ nr ⎠

onde: c = s/D = relação entre o espaçamento e o diâmetro da estaca;


nr = número de linhas de estacas.

Vésic (1969) apud Sales (2000) propôs:

B
RS = (2.5)
D

onde: B = largura do grupo de estacas;


D = diâmetro das estacas.

Fleming et al. (1985) apud Sales (2000) sugerem que para um grupo com ‘n’
estacas utiliza-se a Equação (2.6):
28

RS ≈ nw (2.6)
O expoente ‘w’ da Equação (2.6) varia entre 0,4 e 0,6 na maioria dos casos. O
valor mais baixo corresponde às estacas de atrito, enquanto o mais alto corresponde às
estacas de ponta. Poulos (1993) propõe empregar o valor médio igual a 0,5.
Poulos & Davis (1980) propuseram ábacos para a determinação de RS,
considerando fatores de interação entre estacas, como o espaçamento e o comprimento em
relação ao diâmetro, além das propriedades elásticas do solo e das estacas. Estes ábacos
foram calculados pelo MEC, admitindo válido o princípio da superposição dos campos de
deformação para pontos vizinhos a várias estacas.

2.2.1.2 Fundação equivalente

No intuito de simplificar algumas análises, diversos autores buscam transformar


fundações complexas em casos conhecidos, de modo a utilizar as teorias e correlações
existentes. Neste sentido, Poulos & Davis (1980) propuseram o método do tubulão
equivalente, alterado por Poulos (1993). Esse método consiste em transformar um grupo de
estacas em um único “tubulão equivalente” de diâmetro correspondente a:
- estacas em que prevalece o atrito lateral:

d eq = 1,27 A G (2.7)

- estacas onde predomina a carga de ponta:

d eq = 1,13 A G (2.8)

onde: AG = área da figura plana que circunscreve o grupo de estacas.

O módulo de elasticidade (Eeq) do “material” do tubulão equivalente é expresso


como a média ponderada dos módulos de elasticidade do solo (Es) e das estacas (Ep):

Ap ⎛ Ap ⎞
E eq = E p + Es ⎜⎜1 − ⎟
⎟ (2.9)
AG ⎝ A G⎠
29

onde: Ap = é a soma das seções transversais de todas as estacas.


Depois da transformação do grupo de estacas em um tubulão equivalente poder-
se-ia usar alguma solução teórica aplicada à estaca isolada como, por exemplo, Randolph
& Wroth (1978) ou Poulos & Davis (1980).

2.2.1.3 Métodos baseados na teoria da elasticidade

a) Solução de Boussinesq

Boussinesq (1885) apud Poulos & Davis (1974) desenvolveu a solução geral
formal para um carregamento vertical superficial no meio semi-infinito usando a teoria da
elasticidade e a mecânica dos materiais. No estudo de fundações, as equações formuladas
para o caso da carga concentrada na superfície (Figura 2.1) fornecem as componentes de
tensão e de deslocamento em um ponto no interior do maciço semi-infinito, levando em
consideração que o material seja elástico-linear, homogêneo e isotrópico.

θ
σ

σ
τ

Figura 2.1 – Problema de Boussinesq.

Seguem, as equações das tensões e das deformações deduzidas por Boussinesq:

R = r2 + z2 (2.10)
30

3.Q.z 3 Q
σZ = = (3. cos5 θ ) (2.11)
2.π .R 5
2.π .z 2

Q ⎡ 3.r 2 .z (1 − 2.ν ).R ⎤ Q ⎛⎜ 2 3 (1 − 2.ν ). cos 2 θ ⎞⎟


σr = ⎢ − ⎥= 3.sen θ . cos θ − (2.12)
2.π .R 2 ⎣⎢ R 3 R + z ⎦⎥ 2.π .z 2 ⎜⎝ 1 + cosθ ⎟

(1 − 2.ν ).Q ⎡ z ⎛ 3 2 ⎞
σt = −
R ⎤
=
Q
.(1 − 2.ν ).⎜ cos θ − cos θ ⎟ (2.13)
⎢ ⎥ ⎜ 1 + cosθ ⎟⎠
2.π .R 2 ⎣ R R + z ⎦ 2.π .z 2 ⎝
(1 +ν ).Q.z
θ= (2.14)
π .R 3
3.Q.r.z 2 Q
τ rz = = (3.sen θ . cos 4 θ ) (2.15)
2.π .R 5
2.π .z 2

Q(1 + ν ) ⎡ z2 ⎤
ρz = ⎢2.(1 −ν ) + ⎥ (2.16)
2.π .E.R ⎢⎣ R 2 ⎥⎦

Q(1 +ν ) ⎡ r.z (1 − 2.ν ).r ⎤


ρr = − (2.17)
2.π .E.R ⎢⎣ R 2 R + z ⎥⎦

onde: σz , σr = tensões normais de compressão;


σt = tensão normal de tração;
τrz = tensão cisalhante atuante no plano xz;
ρz = deslocamento na direção z;
ρr = deslocamento na direção x;
E = módulo de elasticidade longitudinal;
ν = coeficiente de Poisson;
R = distância entre o ponto de aplicação da carga e o ponto analisado;
r = projeção horizontal de R;
z = projeção vertical de R;
θ = ângulo entre R e a sua projeção vertical.

b) Solução de Mindlin

Mindlin (1936) apud Poulos & Davis (1974) desenvolveu, a partir da solução
de Boussinesq (1885), equações para tensões e deslocamentos a partir do pressuposto que a
carga concentrada ‘Q’ não atuava na superfície, mas a uma profundidade ‘c’ dentro do
31

maciço elástico semi-infinito, levando em consideração que o material seja elástico-linear,


homogêneo e isotrópico, como ilustrado na Figura 2.2.

Figura 2.2 – Problema de Mindlin.

A seguir são apresentadas as equações desenvolvidas por Mindlin na solução do


problema:

1
r = (x2 + y 2 ) 2 (2.18)
1
R1 = (r + ( z − c) )
2 2 2
(2.19)
1
R2 = (r 2 + ( z + c) 2 ) 2 (2.20)

− Q ⎡ (1 − 2ν )( z − c) (1 − 2ν )( z − c) 3( z − c) 3
σZ = ⎢− + −
8π (1 −ν ) ⎢⎣ R13 R23 R15

3(3 − 4ν ) z ( z + c) 2 − 3c( z + c)(5 z − c) 30cz ( z + c) 3 ⎤


− − ⎥ (2.21)
R25 R27 ⎦⎥

− Q ⎡ (1 − 2ν )( z − c) (1 − 2ν )( z + 7c) 4(1 −ν )(1 − 2ν ) 3r 2 ( z − c)


σr = ⎢ − + −
8π (1 −ν ) ⎣⎢ R13 R23 R2 ( R2 + z + c) R15

6c(1 − 2ν )( z + c) 2 − 6c 2 ( z + c) − 3(3 − 4ν )r 2 ( z − c) 30cr 2 z ( z + c) ⎤


− − ⎥ (2.22)
R25 R27 ⎥⎦

− Q(1 − 2ν ) ⎡ z − c (3 − 4ν )( z + c) − 6c 4(1 −ν )
σt = ⎢ 3 + −
8π (1 −ν ) ⎢⎣ R1 R23 R2 ( R2 + z + c)
32

6c( z + c) 2 6c 2 ( z + c) ⎤
+ − ⎥ (2.23)
R25 (1 − 2ν ) R25 ⎦⎥

− Qy ⎡ (1 − 2ν ) 1 − 2ν 3( z − c) 2 3(3 − 4ν ) z ( z + c) − 3c(3z + c)
τyz = ⎢− + − −
8π (1 −ν ) ⎢⎣ R13 R23 R15 R25

30cz(z + c) 2 ⎤
− ⎥ (2.24)
R 72 ⎦

Q ⎡ 3 − 4ν 8(1 −ν ) 2 − (3 − 4ν ) ( z − c) 2 (3 − 4ν )( z + c) 2 − 2cz
ρz = ⎢ − + +
16π G (1 −ν ) ⎢⎣ R1 R2 R13 R23

6cz(z + c) 2 ⎤
− ⎥ (2.25)
R 52 ⎦

Qr ⎡ z − c (3 − 4ν )( z − c) 4(1 −ν )(1 − 2ν ) 6cz ( z + c) ⎤


ρr = ⎢ + − + ⎥ (2.26)
16π G (1 −ν ) ⎢⎣ R13 R23 R2 ( R2 + z + c) R25 ⎥⎦

onde: σz , σr , σt = tensões normais;


τrz = tensão cisalhante atuante no plano xz;
ρz = deslocamento na direção z;
ρr = deslocamento na direção x;
G = módulo de elasticidade transversal;
ν = coeficiente de Poisson;
x, y, z = coordenadas cartesianas do ponto analisado;
c = profundidade da carga aplicada;
r = distância do ponto analisado em relação ao plano xy;
R1 = distância entre o ponto analisado e ponto de aplicação da carga;
R2 = distância entre o ponto analisado e o ponto simétrico ao de aplicação da carga.

c) Randolph & Wroth

Randolph & Wroth (1978) apud Sales (2000) propuseram uma solução
aproximada para o processo de transferência de carga ao solo de uma estaca isolada com
carga axial, fundamentada na solução de Boussinesq, conforme Equação (2.27):
33

4η 2π tgh( µL) L

PT (1 −ν )ξ ζ µL r
= (2.27)
GL .r.w 1 + 1 4η tgh( µL) L
πλ (1 −ν )ξ µL r
onde: PT = carga no topo da estaca;
w = recalque no topo da estaca;
GL = módulo cisalhante do solo a uma profundidade Z = L;
L = comprimento da estaca;
r = raio da estaca;
η = rb/r, rb = raio da ponta da estaca;
ξ = GL/Gb, Gb = módulo cisalhante abaixo da ponta da estaca;
__
__
G
ρ= , G = módulo cisalhante médio do solo no trecho penetrado pela
GL
estaca;
Ep
λ= , Ep = módulo de elasticidade do material da estaca;
GL

ζ = ln(rm/r), rm = máximo raio de influência;


rm = L{0,25+ξ[2,5.ρ(1-ν) – 0,25]};

L 2
µL = .
r ζλ

Randolph & Wroth (1979) estenderam este trabalho para um grupo de estacas,
modificando os parâmetros de transferência de carga (ζ) e de rigidez da estaca (ξ), segundo
as expressões:

n
⎛s ⎞
ζ * = n.ζ − ∑ ln⎜ i ⎟ (2.28)
i=2 ⎝ r ⎠

⎡ 2 n r ⎤
ξ* = ξ ⎢1 + ∑ b ⎥ (2.29)
⎣ π i=2 s i ⎦

onde: si = é o espaçamento entre duas estacas;


n = número de estacas no grupo.
34

d) Poulos & Davis

Poulos & Davis (1980) apresentaram uma solução aproximada para o caso de
uma estaca isolada dentro de um maciço de solo, submetido a um carregamento axial,
fundamentada na solução de Mindlin, conforme a Equação (2.30):
P.I
ρz = (2.30)
E P .D

onde: ρz = recalque no topo da estaca;


P = carga aplicada na estaca;
D = diâmetro da estaca;
Ep = módulo de elasticidade do material da estaca;
I = fator de influência.

O fator de influência (I) é calculado a partir de alguns fatores obtidos através


dos gráficos constantes no Anexo A. Poulos & Davis (1980) propuseram duas situações
distintas conforme as Equações (2.31) e (2.32):

- caso de uma estaca flutuante:

I = I1.Rk.Rh.Rν (2.31)

- caso de uma estaca de ponta:

I = I1.Rk.Rb.Rν (2.32)

onde: I1 = fator de influência para estaca incompressível em solo com νs=0,5;


Rk = fator de correção devido à compressibilidade do material da estaca;
Rν = fator de correção para o coeficiente de Poisson do solo;
Rh = fator de correção devido à presença do estrato rígido na massa de solo;
Rb = fator de correção da estaca sobre a camada mais rígida.

2.2.2 Métodos Numéricos

Com o advento do progresso dos microcomputadores e aprimoramento das


ferramentas matemáticas ocorridos nos últimos anos, foi possível utilizar soluções
35

aproximadas por métodos numéricos de análise para resolver problemas de comportamento


físico em engenharia.
Estes métodos consistem na integração de equações diferenciais, as quais se
convertem na resolução de sistemas de equações algébricas, resultantes da discretização de
determinados campos.
Em função do tipo de campo a discretizar, estes métodos podem ser
classificados em dois tipos: métodos de domínio e métodos de contorno. Entre os métodos
de domínio podem ser citados o Método das Diferenças Finitas e o Método dos Elementos
Finitos e entre os de contorno o Método dos Elementos de Contorno.

2.2.2.1 Método dos Elementos Finitos (MEF)

No Método dos Elementos Finitos o domínio é dividido em um número de


subdomínios finitos de geometria simples, denominados elementos finitos, que são unidos
entre si por meio de seus pontos nodais ao longo de seus lados. A geometria de cada
elemento é definida em termos das coordenadas de seus pontos nodais por funções de
interpolação ou funções de forma, geralmente polinômios. Isto é conhecido como
modelagem sólida.
Definida esta nova geometria do problema, passa-se à definição de como será
considerado o comportamento das incógnitas do problema (ex.: deslocamentos, forças,
temperatura) dentro de cada elemento. Estas variáveis também são definidas por funções
de interpolação em termos de seus valores nodais. Se estas funções são iguais às usadas
para a modelagem da geometria, a formulação é dita isoparamétrica.
Calcula-se a matriz de coeficientes que descrevem a resposta característica do
elemento, conhecida como matriz de rigidez do elemento. Faz a montagem da matriz de
resposta do problema, obtida da combinação das matrizes dos elementos, denominada
matriz de rigidez global. Após a especificação das condições de contorno, resolve-se o
sistema de equações algébricas, determinando os valores da variável dependente em todos
os nós conhecidos.

2.2.2.2 Método dos Elementos de Contorno (MEC)

Na formulação clássica do Método dos Elementos de Contorno as equações


36

diferenciais são transformadas em equações integrais, cujos campos incógnitos aparecem


apenas no contorno. Os elementos utilizados na modelagem sólida serão análogos aos
usados no MEF, a menos de sua dimensão que é reduzida em uma unidade, uma vez que só
o contorno precisará ser discretizado. Para problemas planos são utilizados elementos
unidimensionais, enquanto para problemas espaciais são usados elementos bidimensionais.
Definida a modelagem sólida, o comportamento das variáveis incógnitas dentro de cada
elemento, também, é definido por funções de forma em termos de seus valores nodais.
Para a eliminação das incógnitas no domínio, reduzindo o problema apenas a
valores no contorno, utilizam-se dois itens que são básicos no MEC:
- uma relação de reciprocidade: de acordo com o teorema de Green para
problemas governados pela equação de Laplace, e segundo teorema de Betti para
problemas de elasticidade.
- uma solução fundamental da equação diferencial que governa o problema.
Em muitos casos é a solução própria de fontes ou cargas pontuais em um
domínio infinito: solução fundamental da equação de Laplace, solução de Kelvin para
elasticidade. A solução para problemas da teoria da elasticidade cujo domínio é obtido pela
divisão do espaço de Kelvin por um plano horizontal infinito (domínio semi-infinito) é
conhecida como solução fundamental de Mindlin.
Efetuando as integrações sobre cada elemento é encontrada a sua contribuição
para duas matrizes cujos coeficientes multiplicam cada uma das variáveis nodais do
problema (ex.: deslocamento e forças de superfícies). Em seguida, impõem-se as condições
de contorno chegando-se a um sistema de equações algébricas cuja solução são as
incógnitas no contorno.

2.3 TRABALHOS CLÁSSICOS DE ANÁLISE EM ESTACAS

Poulos (1968) analisou a interação entre diferentes geometrias de grupos de


estacas dentro de um maciço elástico, considerando que entre duas estacas idênticas o
acréscimo de recalque devido a influência de cada estaca vizinha era expresso em termos
de um fator de interação (α). Assim, propôs que para grupos de estacas simétricos poder-
se-ia determinar o recalque através da superposição dos valores de α por meio de uma
estaca individual do grupo. Nestas análises, ainda levou-se em consideração a influência do
bloco quando rígido, mesmo recalque para todas as estacas do grupo, ou flexível,
37

carregamento idêntico em todas as estacas do grupo. Concluiu, através da análise de duas


fases elásticas para o solo, que a maior proporção do recalque total de uma estaca isolada
ou grupo, ocorre por meio do recalque imediato, e que o comportamento de um grupo de
estacas pode ser entendido como a soma do recalque causado pelas estacas vizinhas através
da análise de duas em duas estacas, acrescido do recalque causado pelo próprio
carregamento da estaca em questão, observando os efeitos causados pela geometria e
propriedades dos materiais envolvidos.
Butterfield & Banerjee (1971) estudaram os efeitos da interação solo-estrutura
através do MEC fundamentado na solução de Mindlin (1936) para alguns grupos de
estacas e radiers rígidos estaqueados, submetidos a um carregamento vertical e variando o
número de estacas no bloco. Foram usados o coeficiente de Poisson do solo igual a 0,5 e a
razão de compressibilidade de 6000 e infinito. A resposta dos efeitos causados pela razão
entre o comprimento e o diâmetro da estaca, tamanho do grupo, razão de
compressibilidade (λ=Ec/G), distribuição do carregamento entre o bloco e as estacas do
grupo, e a influência do bloco no deslocamento vertical do grupo foram apresentados em
gráficos. Concluíram que o contato do bloco com o solo pouco altera a rigidez da
fundação, diminuindo os recalques entre 5% e 15%.
Ottaviani (1975) analisou, por meio do MEF através de uma malha 3-D, o
comportamento de uma estaca isolada e de grupos com nove e quinze estacas, dispostas
nos formatos de 3 x 3 e 5 x 3, carregadas axialmente, levando em consideração que a
estaca e o solo fossem linear-elástico e homogêneo, como na solução de Mindlin (1936).
Ottaviani afirmou que os recalques dos grupos de estacas foram superiores ao da estaca
isolada, mantido o carregamento no mesmo solo, e ainda que o recalque dos grupos de
estacas examinados dependiam da espessura do solo compressível localizado abaixo da
base das estacas.
Hain & Lee (1978) desenvolveram uma análise para estacas com radiers
flexíveis, considerando o maciço de solos como homogêneo, solução de Mindlin (1936),
ou não homogêneo, solução por elementos finitos. Concluíram, através da re-analises de
casos reais, que os resultados entre as previsões e os valores medidos em campo, de
recalque e carregamento, alcançaram uma boa concordância.
Randolph & Wroth (1979) ampliaram o método simplificado de análise de uma
estaca isolada carregada axialmente para um grupo de estacas, levando em consideração o
princípio da superposição. Foi imposta a restrição que todas as estacas devem estar na
38

mesma profundidade. O solo foi modelado como um material elástico, caracterizado por
possuir um módulo cisalhante que aumenta de forma linear com a profundidade, e
coeficiente de Poisson constante. O método foi obtido através dos parâmetros da retro-
análise de três ensaios de campo e comparado com os resultados dos mesmos. Segundo
avaliação dos autores, obteve uma boa precisão.
Kuwabara (1989) estudou os efeitos da interação solo-estrutura numa estaca
isolada e num grupo com nove estacas sob um radier, carregados axialmente, considerando
ora o radier em contato com solo ora sem contato. O problema foi resolvido através do
MEC de acordo com a solução elástica de Mindlin (1936), considerando o solo como um
semi-espaço elástico, homogêneo e isotrópico. Nestas análises, cada estaca foi dividida em
dez elementos iguais ao longo de seu comprimento e um único elemento foi usado na base.
Concluiu que a redução do recalque causada pela presença do radier é muito pequena, e
que o radier transmite de 20 a 40% do carregamento total diretamente para o solo.
Poulos (1993) examinou alguns métodos de previsão de recalque em grupos de
estacas e comparou com perfis de solo idealizados. A influência do comportamento dos
grupos para solos não homogêneos e a resposta estaca-solo não linear foram analisados. O
autor sugere, quando na utilização de métodos simplificados, usar o método do tubulão
equivalente para o caso de pequenos grupos (< 16 estacas) e o método do radier
equivalente no caso de grupos maiores (> 16 estacas).
Mendonça (1997) desenvolveu uma formulação híbrida para analisar o
comportamento estrutural da interação placa-estaca-solo, admitindo a solução fundamental
de Mindlin (1936) e considerando as estacas submetidas apenas ao carregamento axial e
totalmente imersas num semi-espaço, linear-elástico, homogêneo e isotrópico. Os
resultados foram comparados com o trabalho de Butterfield & Banerjee (1971) e obtiveram
uma boa concordância.
Poulos et al. (1997) classificaram em três categorias os métodos de análise e
projeto de radiers estaqueados, sendo eles: métodos simplificados de cálculo, métodos
aproximados e métodos numéricos rigorosos. Estes métodos foram avaliados através de
dois casos, um hipotético e um caso real publicado. Os autores chamam a atenção para as
diferentes respostas carga x recalque encontradas pelos métodos nas análises não lineares,
especialmente quando as estacas estão totalmente mobilizadas, e concluem que, para os
casos elásticos com carregamento axial, há uma razoável concordância entre os resultados.
39

Sales et al. (1998) investigaram a influência do domínio, da geometria da estaca


e das propriedades dos materiais na análise numérica pelo MEF de uma estaca isolada
carregada axialmente, utilizando o programa SIGMA/W (GeoSlope). A estaca e o maciço
de solo foram considerados linear-elástico e analisados através de um modelo 2-D,
axissimétrico. Concluíram que a proximidade do limite vertical reduz os recalques, ao
contrário do limite lateral que produz um aumento.
Matos Filho (1999) apresentou uma formulação mista para a análise da
interação estaca-solo, baseada nas soluções fundamentais de Mindlin (1936), utilizando ou
não bloco de capeamento rígido e sujeito à cargas axiais e horizontais. Nesta formulação,
as estacas foram representadas pelo MEF e o maciço de solos pelo MEC, considerando o
maciço como um meio contínuo, elástico-linear, semi-infinito, isotrópico e homogêneo. Os
resultados obtidos tiveram uma boa concordância com outros modelos, como, por
exemplo, Butterfield & Banerjee (1971) e Poulos & Davis (1980). O programa elaborado
neste trabalho foi denominado PILE99 e será utilizado na análise pelo MEC da presente
dissertação.
Sales et al. (2000) fizeram uma análise comparativa entre o MEC e o MEF, para
verificar se os resultados dos dois métodos eram semelhantes. Através dos programas
GARP6, método híbrido (MEC e MEF), DEFPIG, fundamentado no MEC, e ALLFINE,
baseado no MEF, foram re-analisados como parâmetros a resposta carga/recalque em
função do comprimento relativo (L/D), do espaçamento relativo (s/D) e da rigidez relativa
(K) referentes aos casos mencionados nos trabalhos de Butterfield & Banerjee (1971),
Ottaviani (1975) e Kuwabara (1989). Concluíram que os programas com mesma base
teórica obtiveram resultados de previsões semelhantes. No caso da estaca isolada, os dois
métodos encontram resultados semelhantes, porém nos grupos de estacas, as duas
metodologias apresentaram resultados discrepantes.
40

CAPÍTULO III
VALIDAÇÃO DOS MODELOS NUMÉRICOS

Este capítulo descreve a validação dos programas através da análise do


comportamento de uma estaca isolada e de alguns grupos de estacas. As análises foram
feitas utilizando dois programas fundamentados em modelagens matemáticas distintas, um
baseado no Método dos Elementos Finitos (MEF) e outro no Método dos Elementos de
Contorno (MEC).
Inicialmente, foi analisado o comportamento de uma estaca isolada e
posteriormente avaliado o caso com grupos de estacas. Os programas foram testados para
um caso simples, com o objetivo de calibrarem os seus resultados com esta solução. Em
seguida, buscando uma melhor validação, foram simulados casos encontrados em trabalhos
clássicos apresentados na literatura.
Todos os recalques deste trabalho foram medidos em referência ao topo das
estacas.

3.1 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA PILE99

Para as análises utilizando o MEC foi usado o programa PILE99, desenvolvido


em linguagem FORTRAN, o qual analisa a interação estaca-solo-estaca, com ou sem bloco
de capeamento rígido, e sujeito a cargas horizontais, verticais ou por uma combinação das
duas. O programa PILE99 possui uma formulação numérica mista, considerando cada
estaca como um único elemento finito, subdivido em três sub-elementos, imerso num
maciço modelado através do MEC, conforme descrito por Matos Filho (1999).
Os três sub-elementos possuem quatro pontos de colocação para medir os
deslocamentos e as forças da interface estaca-solo, resultando num total de quatorze
parâmetros nodais, sendo quatro para deslocamentos lineares em cada uma das direções
(X1, X2 e X3) e dois parâmetros referentes as rotações no topo da estaca em torno dos eixos
X1 e X2, como ilustra a Figura 3.1.
O maciço de solos é considerado nas analises como um meio contínuo, elástico-
linear, semi-infinito, isotrópico e homogêneo, tendo o módulo de elasticidade (Es) e o
coeficiente de Poisson (νs) constantes.
41

(a) (b) (c)


Figura 3.1 – Discretização de uma estaca conforme o programa PILE99: (a) forças no topo
da estaca; (b) pontos de colocação na estaca; (c) parâmetros nodais de deslocamentos.

Ainda foram consideradas as seguintes hipóteses simplificadoras:


- o espaçamento entre as estacas é medida de eixo a eixo;
- o solo e as estacas são admitidos trabalhando no regime elástico-linear;
- as estacas são consideradas totalmente imersas no maciço;
- o solo e as estacas não possuem tensões iniciais decorrentes de suas
instalações;
- as forças volumétricas são desprezadas;
- existe compatibilidade de deslocamentos entre o solo e as estacas.
Entre os parâmetros de entrada de dados estão: o número de estacas do sistema,
as coordenadas ao longo dos eixos X1 e X2, o comprimento (L) e diâmetro (D) de cada
estaca; módulo de elasticidade da estaca (Ep) e do solo (Es), apenas o coeficiente de
Poisson do solo (νs) e por fim, o carregamento ou deslocamento prescrito.

3.1.1 Soluções analíticas propostas por Randolph & Wroth (1978) e Poulos & Davis (1980)

Seguindo a metodologia fundamentada na Teoria da Elasticidade, foram usadas


as formulações propostas por Randolph & Wroth (1978) e Poulos & Davis (1980) para o
caso de uma estaca isolada com carregamento axial (P) em seu topo, conforme ilustra a
Figura 3.2. As propriedades dos materiais e as relações geométricas utilizadas estão
descritas na Tabela 3.1. Os resultados são apresentados na Figura 3.3 que demonstra uma
boa proximidade entre os valores encontrados por Randolph & Wroth (1978) e o programa
42

PILE99. Neste caso, Poulos & Davis (1980) apresenta sistematicamente recalques
inferiores, divergindo levemente das outras duas soluções.

H
D

Figura 3.2 – Representação do esquema para simulação de uma estaca isolada.

Tabela 3.1 – Propriedades dos materiais e relações geométricas


Materiais
Propriedades / Relações Unidade
Solo Concreto
Módulo de elasticidade (E) 20 20.000 MPa
Coeficiente de Poisson (ν) 0,3 0,2 -
Diâmetro (D) - 0,2 m
Relação H/L 5 -
Rigidez relativa (K) 1.000

20

16

12
P/ES.D.w

Randolph & Wroth


4 Poulos & Davis
PILE99

0
0 10 20 30 40 50
L/D

Figura 3.3 – Resposta carga x recalque de uma estaca isolada segundo Randolph & Wroth
(1978) e Poulos & Davis (1980) em relação ao programa PILE99.
43

Conforme proposto por Poulos (1968) e descrito em Poulos & Davis (1980), a
interação entre um grupo de estacas pode ser feita através do princípio da superposição dos
efeitos, desde que seja considerado que o solo permaneça puramente elástico e não haja
nenhum deslizamento ou escoamento da interface solo-estaca. Assim, para o caso de um
grupo com duas estacas idênticas, igualmente carregadas e distanciadas por um
espaçamento (s), conforme ilustra a Figura 3.4, pode ser estabelecido um fator de interação
(α) que mede, através do acréscimo de recalque, a influência da interação entre as estacas,
como mostra a Equação (3.1):

recalque adicional causado por uma estaca adjacente


α= (3.1)
recalque da estaca causado pelo seu próprio carregamento

s
P P

D D
Figura 3.4 – Grupo com duas estacas flutuantes apresentado por Poulos & Davis (1980).

Desta forma, para o caso de duas estacas pode-se determinar os valores


extremos de α medidos pela influência do espaçamento (s). O menor valor seria igual a
zero, ocorrendo quando o espaçamento entre as estacas for infinito, ou seja, as estacas
estariam tão afastadas que nenhuma causaria influência na outra. Por outro lado, o maior
valor seria igual a um, para o caso hipotético de não existir espaçamento entre as estacas.
Neste sentido, para o caso de duas estacas flutuantes a Figura 3.5 indica a
resposta do fator de interação (α) em função do espaçamento relativo (s/D) para três
valores de L/D. Em todos os casos foi considerado um maciço homogêneo, semi-infinito e
com νs=0,5. No caso ‘a’, com L/D=10, uma boa semelhança é observada entre o programa
PILE99 e Poulos. No caso ‘b’, L/D=50, novamente observa-se uma semelhança entre os
resultados para o valor de K=1000, no entanto, existe uma pequena discrepância entre os
44

1,0

Valores PILE99
0,8
de K POULOS

0,6
α 1000 L/D=10
0,4
100

0,2

0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
0,20 0,16 0,12 0,08 0,04 0,00
s/D D/s
(a)
1,0

Valores PILE99
0,8
de K POULOS

0,6
α 1000 L/D=50
0,4
100
0,2

0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
0,20 0,16 0,12 0,08 0,04 0,00
s/D D/s
(b)
1,0

Valores PILE99
0,8
de K POULOS
5000
0,6
α L/D=100
0,4
1000
0,2

0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
0,20 0,16 0,12 0,08 0,04 0,00
s/D D/s
(c)
Figura 3.5 – Fator de interação (α) em função do espaçamento para estacas flutuantes com
três comprimentos relativos: (a) L/D = 10; (b) L/D = 50; (c) L/D = 100.
45

valores encontrados para K=100. Para o último caso, os valores de K utilizados foram de
1000 e 5000, pois as curvas com os valores de K correspondentes a 100 e 1000 eram muito
próximas. Assim, no caso ‘c’, com L/D=100, é observada uma razoável concordância para
K=1000 e um pouco melhor para o K=5000.
Deste modo, nos casos analisados por meio da Figura 3.5, conclui-se que o
programa PILE99 alcança boa proximidade com os resultados encontrados por Poulos
(1968) para o caso de duas estacas, e ainda, destaca-se três conclusões. A primeira, que o
aumento do espaçamento entre as estacas causa uma redução no recalque do grupo, a
segunda, que o aumento da rigidez relativa (K) aumentam os recalques do grupo, e, por
último, que o aumento do comprimento da estaca também diminui o recalque do grupo.
Na Figura 3.6, para o caso de estacas flutuantes, onde L/D=50, K=1000 e
H/L=∞, expõe-se a variação do efeito do coeficiente de Poisson do solo, expresso pelo
fator de correção (Nν) em função do espaçamento relativo (s/D). O fator correção (Nν) é a
relação entre o fator de interação (α) pelo α0,5 (fator de interação para νs=0,5). Observa-se
a mesma tendência entre a variação do coeficiente de Poisson do solo ao se comparar os
resultados do programa PILE99 e Poulos & Davis (1980), porém os valores encontrados
pelo programa PILE99 são inferiores aos obtidos por Poulos & Davis (1980). Nota-se que
a diminuição do coeficiente de Poisson do solo (νs) aumenta o valor do fator de correção
(Nν), principalmente para valores mais altos do espaçamento, e ainda, para s/D ≤ 5, os
valores do coeficiente de Poisson apresentam pequenas diferenças.

1,6

1,5
PILE99
1,4
Valores
POULOS & DAVIS
do ν
Nν = α / α0,5

1,3
0,0
1,2 0,15

1,1
0,35
1,0
0,50
0,9
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
0,20 0,16 0,12 0,08 0,04 0,0
s/D D/s

Figura 3.6 – Resposta da variação do fator de correção (Nν) x espaçamento relativo (s/D)
em função do coeficiente de Poisson do solo (νs).
46

A Figura 3.7 expõe a relação entre a razão de recalque (RS) pelo espaçamento
relativo (s/D) para três valores de L/D num grupo simétrico de nove estacas com νs=0,5. A
razão de recalque (RS) é expressa na Equação (3.2):

recalque médio do grupo


RS = (3.2)
recalque de uma estaca isolada carregada com a mesma média de carga do grupo

Nos casos ‘a’ e ‘b’, uma boa proximidade é observada entre o programa
PILE99 e os resultados de Poulos & Davis (1980). Já no caso ‘c’, para o valor de K=100 o
programa PILE99 apresenta valores inferiores de RS aos Poulos & Davis (1980), mantendo
a boa tendência para os outros valores de K. Por fim, para todos os casos da Figura 3.7,
pode-se notar que a razão de recalque aumenta na medida que cresce o valor de K e existe
uma tendência de estabilização da RS com o aumento do espaçamento entre as estacas.

3.1.2 Butterfield & Banerjee (1971)

O trabalho destes autores contemplou o estudo sobre os efeitos da interação


solo-estrutura em alguns casos de radiers rígidos estaqueados, levando em consideração
ora o radier em contato com solo ora sem contato e variando o número de estacas. O
problema foi resolvido pelo MEC a partir de uma equação integral desenvolvida através da
solução de Mindlin (1936) adotando como uma solução singular satisfatória, o caso de um
ponto carregado embutido no interior de um sólido elástico semi-infinito. Não foi
mencionada a forma que se discretizou o contorno.
A Figura 3.8 expõe o posicionamento em planta das estacas para cada caso
estudado por Butterfield & Banerjee (1971), onde ‘s’ é o espaçamento entre as estacas. De
modo a comparar com os resultados dos autores foi adotado o valor da razão de
compressibilidade da estaca (λ) igual a 6000. Esta razão é o módulo elástico do material da
estaca (Ep) pelo módulo cisalhante do solo (G). Os demais parâmetros usados encontram-
se na Tabela 3.2. Nesta pesquisa, para efeito de comparação foi assumida que o bloco não
estaria em contato com o solo.
A Figura 3.9 apresenta a comparação do resultado carga x recalque de uma
estaca isolada para vários comprimentos (P = carga na estaca, w = recalque e L =
comprimento da estaca). Neste gráfico nota-se uma excelente semelhança entre os
resultados do programa PILE99 e os encontrados por Butterfield & Banerjee (1971).
47

6,0
Valores
de K
5,0

4,0

3,0
RS

10 100
2,0

PILE 99
1,0
POULOS & DAVIS (1980) L/D = 10
0,0
0 2 4 6 8 10
s/D
(a)
6,0
Valores
de K
5,0

4,0

3,0
RS

100

10
2,0

PILE 99
1,0
POULOS & DAVIS (1980) L/D = 25
0,0
0 2 4 6 8 10
s/D
(b)
6,0
Valores
de K
5,0

4,0
100
3,0
RS

1000

2,0

PILE 99
1,0
POULOS & DAVIS (1980)
L/D = 50
0,0
0 2 4 6 8 10
s/D
(c)
Figura 3.7 – Razão de recalque (RS) x s/D de um grupo com nove estacas simétricas para
três comprimentos relativos: (a) L/D=10; (b) L/D=25; (c) L/D=50.
48

D
D

s
(a) (b)

D
s

D
s
(c) (d)
Figura 3.8 – Esquema em planta das estacas analisadas por Butterfield & Banerjee (1971):
(a) estaca isolada; (b) grupo com quatro estacas; (c) grupo com duas estacas; (d) grupo
com nove estacas.

Tabela 3.2 – Propriedades dos materiais segundo Butterfield & Banerjee (1971)
Materiais
Propriedades Unidade
Solo Concreto
Módulo de elasticidade (E) 9 18000 MPa
Coeficiente de Poisson (ν) 0,5 - -
Diâmetro da estaca (D) - 0,2 m

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

20

40
P/GwD

60

80
PILE99
B&B
100

Figura 3.9 – Resposta carga x recalque de uma estaca isolada em comparação com os
resultados de Butterfield & Banerjee (1971).
49

A Figura 3.10 exibe a resposta carga x recalque em função do comprimento de


um grupo com quatro estacas. O espaçamento (s) entre as estacas corresponde a duas vezes
e meia o seu diâmetro (2,5D). Pode-se notar uma boa proximidade entre os resultados do
programa PILE99 e Butterfield & Banerjee (1971). O programa PILE99 obtém recalques
pouco maiores para L/D entre 7,5 e 34, invertendo a tendência para os outros intervalos.

L/D
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0

20

40
P/GwD

60

80
PILE99
B&B
100

Figura 3.10 – Resposta carga x recalque de grupo com quatro estacas em comparação com
os resultados de Butterfield & Banerjee (1971).

As Figuras 3.11 e 3.12 apresentam a razão de recalque (RS), definida na


Equação 3.2, em relação ao espaçamento (s) entre as estacas. Nestes gráficos, o
comprimento relativo (L/D) corresponde a 40 e o valor da razão de compressibilidade da
estaca (λ) tende ao infinito.
A Figura 3.11 apresenta a razão de recalque entre um grupo com duas estacas.
Nota-se que o programa PILE99 obtém recalques bem semelhantes aos encontrados por
Butterfield & Banerjee (1971). Na Figura 3.12, para um grupo com nove estacas, também
se observa uma boa aproximação entre os resultados dos métodos em questão.
A mesma tendência encontrada por Poulos & Davis (1980) é observada nas
Figuras 3.11 e 3.12, onde há uma estabilização da RS em função do aumento do
espaçamento entre as estacas.
Assim, através dos gráficos apresentados, conclui-se que a estrutura do
programa PILE99 é muito semelhante à adotada por Butterfield & Banerjee (1971),
levando a resultados bastante semelhantes.
50

8
PILE99
B&B
6
RS

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
s/D
Figura 3.11 – Razão de recalque x espaçamento de um grupo com duas estacas em relação
a solução de Butterfield & Banerjee (1971).

6
RS

2
PILE99
B&B
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
s/D

Figura 3.12 – Razão de recalque x espaçamento de um grupo com nove estacas em relação
a solução de Butterfield & Banerjee (1971).

3.1.3 Kuwabara (1989)

Kuwabara (1989) fez um estudo sobre os efeitos da interação solo-estrutura


num grupo com nove estacas sob um radier, levando em consideração ora o radier em
contato com solo ora sem contato. Na solução do problema foi utilizado o MEC de uma
forma completa, envolvendo todos os elementos da interação. As estacas foram
consideradas idênticas e elásticas, e o solo, como um semi-espaço elástico, homogêneo e
isotrópico. Não foi citada a forma que se discretizou os elementos.
51

A Figura 3.13 mostra o posicionamento em planta das estacas para cada caso
estudado por Kuwabara (1989), onde ‘D’ é o diâmetro e ‘s’, o espaçamento entre as
estacas. Os valores padrões adotados foram s/D=5, L/D=25, νs=0,5 e K=1000.

D
s
(a) (b)
Figura 3.13 – Esquema em planta das estacas estudadas por Kuwabara (1989): (a) estaca
isolada; (b) grupo com nove estacas.

Na Figura 3.14 apresenta-se a resposta carga x recalque para uma estaca isolada
para vários comprimentos relativos (L/D). Nota-se uma boa aproximação entre o programa
PILE99 e Kuwabara. Observa-se que no intervalo inicial até L/D=60, o programa PILE99
obtém recalques levemente inferiores aos de Kuwabara, invertendo a tendência a partir
deste ponto. Por fim, há uma disposição do recalque em estabilizar para valores de L/D
superiores a 100.

25

20

15
P/Es.D.w

10
PILE99
Kuwabara
5

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
L/D
Figura 3.14 – Resposta carga x recalque de uma estaca isolada em comparação com os
resultados de Kuwabara (1989).

A Figura 3.15 destaca a resposta carga x recalque de um grupo com nove


estacas distribuídas em três linhas e três colunas em função dos comprimentos relativos
52

(L/D). São utilizados três valores de espaçamento. No caso da relação s/D=3 ocorre uma
coincidência entre os valores do programa PILE99 e Kuwabara, mas para os outros dois
casos, s/D=5 e s/D=10, sistematicamente, o programa PILE99 apresenta valores de
recalques maiores do que os encontrados por Kuwabara. Novamente verifica-se que, a
partir de um determinado valor do comprimento da estaca, há uma tendência de estabilizar
o recalque.

80

70
Valores 10
do s/D
60 5

50
P/Es.D.w

3
40

30
PILE99
20
Kuwabara
10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
L/D

Figura 3.15 – Resposta carga x recalque de um grupo com nove estacas em comparação
com os resultados de Kuwabara (1989).

Nas Figuras 3.16 e 3.17 é retratada a razão entre o recalque imediato (ρi) e o
recalque final (ρTF) em relação ao comprimento relativo L/D. O recalque imediato foi
calculado utilizando o módulo de elasticidade do solo drenado (Es) e coeficiente de Poisson
do solo igual 0,5, enquanto no recalque final foi usado o módulo de elasticidade do solo
não drenado (Eu) e o coeficiente de Poisson do solo drenado (ν’s). Esta relação encontra-se
representada na Equação (3.3):

3.E s
Eu = (3.3)
2.(1 + ν ' s )

Na Figura 3.16, para o caso de uma estaca isolada, foram utilizados dois valores
para o coeficiente de Poisson do solo drenado (ν’s), sendo estes iguais a 0,0 e 0,3. Nota-se
que o programa PILE99 apresenta valores inferiores em relação a Kuwabara, no entanto
53

seguindo a mesma trajetória, com exceção da parte final, onde a razão de recalque pelo
programa PILE99 segue uma tendência de estabilizar.

1,0
Valores
do ν 0,3
0,9

0,8
0,0
ρi/ρTF

0,7

0,6
PILE99
Kuwabara
0,5
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00
L/D D/L
Figura 3.16 – Razão entre o recalque imediato x recalque final de uma estaca isolada em
comparação com Kuwabara (1989).

No caso de um grupo com nove estacas, Figura 3.17, para os mesmos valores
do ν’s, o programa PILE99 alcança resultados muito próximos, ligeiramente inferiores aos
encontrados por Kuwabara, mas com a mesma tendência.

1,0
Valores
do ν
0,9

0,3
0,8

ρi/ρTF

0,7 0,0

0,6
PILE99
Kuwabara
0,5
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 0,00
L/D D/L

Figura 3.17 – Razão entre o recalque imediato x recalque final de um grupo com nove
estacas em comparação com Kuwabara (1989).
54

Conclui-se, através das análises retro-citadas, que o programa PILE99 alcançou


um desempenho muito bom em comparação a todas as soluções apresentadas.

3.2 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA ANSYS

Nas simulações empregando MEF foi utilizado o programa comercial ANSYS,


versão 6.1 (ANSYS Inc.), o qual resolve o problema discretizando o solo e as estacas com
elementos finitos. Entre as diversas possibilidades de análises oferecidas, foi usada a
análise estrutural, modelando o solo e a estaca como um meio contínuo, elástico-linear e
isotrópico.
O elemento SOLID95 foi adotado para as análises por se tratar de um elemento
tridimensional, podendo ser modelado de duas formas espaciais, tetraedro e hexaedro com
10 e 20 nós, respectivamente, sendo um por vértice e um por ponto médio das arestas,
facilitando a modelagem das estacas circulares dentro do maciço. Estes elementos podem
sofrer deformação normal em todas as direções.

3.2.1 Soluções analíticas propostas por Randolph & Wroth (1978) e Poulos & Davis (1980)

Conforme descrito no item 3.1.1, será feita a análise de uma estaca isolada com
carregamento axial (P) em seu topo, visando comparar os resultados encontrados pelo
programa ANSYS e pelos métodos de Randolph & Wroth (1978) e Poulos & Davis (1980).
As propriedades dos materiais e as relações geométricas utilizadas foram as mesmas
descritas na Tabela 3.1. O maciço foi modelado como um bloco com altura (H) igual a
cinco vezes o comprimento da estaca (L) e os limites laterais correspondentes a 3L para
cada lado. Os resultados são exibidos na Figura 3.18 e demonstram uma semelhança entre
os valores obtidos por Randolph & Wroth (1978) e o programa ANSYS. O resultado de
Poulos & Davis (1980) apresenta recalques inferiores, afastando um pouco das outras duas
soluções.
As malhas empregadas na modelagem tridimensional da Figura 3.18 variaram
de 11.431 a 20.364 elementos tetraédricos de 10 nós. A Figura 3.19 corresponde a malha
do ponto L/D = 20, composta por 13.338 elementos. Todas as malhas foram refinadas no
topo da estaca para uma melhor discretização desta região, conforme ilustra a Figura 3.19,
letras ‘b’ e ‘c’.
55

20

16

12
P/ES.D.w

8
RANDOLPH
POULOS
4
ANSYS

0
0 10 20 30 40 50
L/D

Figura 3.18 – Resposta carga x recalque de uma estaca isolada segundo Randolph & Wroth
(1978) e Poulos & Davis (1980) em relação ao programa ANSYS.

(a) (b) (c)


Figura 3.19 – Malha empregada na modelagem tridimensional de uma estaca isolada: (a)
vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo próximo à estaca.

3.2.2 Ottaviani (1975)

Ottaviani fez uma análise do comportamento de uma estaca isolada e de grupos


de estacas carregadas axialmente usando elementos finitos numa malha 3-D. As estacas e o
maciço de solo foram considerados elástico-linear e homogêneo. Quanto ao maciço, foi
escolhido um valor para limite lateral fixado em 13 metros a partir da estaca mais externa
56

do grupo, o qual era suficiente para não influenciar os resultados, segundo Ottaviani.
Todos os deslocamentos normais as laterais e ao fundo do maciço foram restringidos,
ficando livre para movimentar apenas as outras duas direções.
Considerando dois planos de simetria na simulação da análise estrutural,
Ottaviani utilizou elementos prismáticos de oito nós num valor máximo de 2.700
elementos e 3.300 nós. Todas as estacas possuíam seção transversal quadrada de lado igual
a um metro. As demais propriedades dos materiais encontram-se na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Propriedades dos materiais segundo Ottaviani (1975)


Materiais
Propriedades Unidade
Solo Concreto
Módulo de elasticidade longitudinal (E) - 20.000 MPa
Coeficiente de Poisson (ν) 0,45 0,25 -

Para reavaliar os casos estudados por Ottaviani, além do ANSYS foi utilizado
outro programa comercial fundamentado no MEF denominado SIGMA/W, na versão 5.11
(GeoSlope). Neste programa, a estaca e o maciço de solo foram modelados considerando
um regime linear-elástico e analisados através de um modelo 2-D, axissimétrico. Nas
análises, foram utilizadas malhas variando de 8.250 a 14.300 elementos. Nestas análises
também foram apresentados os resultados encontrados pelo programa ALLFINE em Sales
(2000).
Em todas as análises feitas pelo programa ANSYS utilizaram-se elementos na
forma de um tetraedro com dez nós, simulando os casos sem considerar nenhum plano de
simetria.
A Figura 3.20 representa a resposta carga x recalque de uma estaca isolada com
40m de comprimento, para diferentes valores da rigidez relativa (K=EC/ES), inserida numa
camada de solo homogênea e com profundidade de uma vez e meia o comprimento da
estaca (H/L=1,5). Neste gráfico, os resultados dos programas ANSYS e ALLFINE são
coincidentes aos valores encontrados por Ottaviani. Apenas o programa SIGMA/W
apresenta recalques inferiores.
A Figura 3.21 traz a resposta carga x recalque para uma estaca isolada com
L=20m e H/L=1,5. Os resultados dos programas ANSYS e ALLFINE são um pouco
inferiores ao encontrado por Ottaviani, já o programa SIGMA/W apresenta o mesmo
comportamento rígido visto na Figura 3.20.
57

200

ANSYS
Ottaviani
150
ALLFINE
SIGMA/W
EC.w.D/P

100

50

0
0 500 1000 1500 2000
K

Figura 3.20 – Resposta carga x recalque numa estaca isolada com L=40m e H/L=1,5 como
em Ottaviani (1975).

200
ANSYS
Ottaviani
150 ALLFINE
SIGMA/W
EC.w.D/P

100

50

0
0 500 1000 1500 2000
K

Figura 3.21 – Resposta carga x recalque numa estaca isolada com L=20m e H/L=1,5
comparando com Ottaviani (1975).

As Figuras 3.22 e 3.23 ilustram as malhas utilizadas pelos programas ANSYS e


SIGMA/W respectivamente, na simulação do caso mostrado na Figura 3.21. A malha
usada pelo programa ANSYS é composta de 18.262 elementos e refinada na região em
torno do topo da estaca conforme a Figura 3.22. É apresentada na Figura 3.23, a malha
composta por 8.250 elementos e as condições de contorno empregadas pelo programa
SIGMA/W.
58

(a) (b) (c)


Figura 3.22 – Malha usada na modelagem de uma estaca isolada conforme Ottaviani
(1975): (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo próximo à estaca.

Figura 3.23 – Condições de contorno e malha empregada na modelagem axissimétrica de


acordo com Ottaviani (1975).

Na Figura 3.24, para o caso da estaca isolada com L=20m e H/L=4,0, os


resultados dos programas ANSYS e ALLFINE são muito próximos dos valores obtidos por
Ottaviani. Novamente, o programa SIGMA/W apresenta recalques bem inferiores aos
demais.
59

200
ANSYS
Ottaviani
150 ALLFINE
SIGMA/W
EC.w.D/P

100

50

0
0 500 1000 1500 2000
K
Figura 3.24 – Resposta carga x recalque numa estaca isolada com L=20m e H/L=4,0 como
obtido por Ottaviani (1975).

3.2.3 Sales et al. (1998)

Esses autores investigaram a influência do domínio na análise numérica de uma


estaca isolada carregada axialmente pelo MEF, como ilustra a Figura 3.25. Foi utilizado o
programa SIGMA/W (GeoSlope). A estaca e o maciço de solo foram considerados linear-
elástico e analisados através de um modelo 2-D, axissimétrico. Os parâmetros de entrada
adotados encontram-se na Tabela 3.4.
As Figuras 3.26 e 3.27 representam a influência na bacia de recalque da
superfície próxima à estaca em função de alguns valores do limite inferior (H/L).

s
L

D
H

Figura 3.25 – Esquema de uma estaca carregada axialmente segundo Sales et al. (1998).
60

Tabela 3.4 – Propriedades dos materiais e relações usadas por Sales et al. (1998)
Materiais
Propriedades / Relações Unidade
Solo Concreto
Módulo de elasticidade (E) 20 20.000 MPa
Carregamento (P) - 500 kN
Coeficiente de Poisson (ν) 0,35 0,25 -
Diâmetro (D) - 0,40 m
Comprimento (L) - 10,0 m
Rigidez relativa (K) 1.000

Na Figura 3.26 foram utilizados dois valores de H/L, 1,5 e 2,0. Uma boa
semelhança é observada entre os resultados dos programas ANSYS e SIGMA/W para
ambos os casos. Na Figura 3.27, para os casos de H/L iguais a 5,0 e ∞, também ocorre uma
boa semelhança entre os resultados, principalmente para o caso de H/L tendendo ao
infinito.

distância (m)
0 2 4 6 8 10
0

2
recalque (mm)

4
ANSYS H/L = 1,5
5 ANSYS H/L = 2,0
SIGMA/W H/L = 1,5
SIGMA/W H/L = 2,0
6
Figura 3.26 – Bacia de recalque para H/L de 1,5 e 2,0 segundo Sales et al. (1998).

Ainda em relação às Figuras 3.26 e 3.27, observa-se que para o programa


ANSYS, os valores de H/L de 1,5 e 2,0, fizeram o recalque reduzir na ordem de 9% e 4%,
respectivamente, em relação ao caso do limite inferior tender ao infinito, enquanto para o
programa SIGMA/W estes valores foram de 17% e 11%. Assim, Sales et al. (1998)
concluíram que, para o caso de uma estaca isolada, a adoção de uma relação H/L entre 1,5
ou 2,0 pode estimar razoavelmente o seu recalque, porém, para grupos de estacas, devido a
61

interferência dos campos de deformação, esta relação deve ser aumentada.


distância (m)
0 2 4 6 8 10
0

2
recalque (mm)

4
ANSYS H/L = 5,0
ANSYS H/L = ∞
5
SIGMA/W H/L = 5,0
SIGMA/W H/L = ∞
6

Figura 3.27 – Bacia de recalque para H/L de 5,0 e ∞ segundo Sales et al. (1998).

Na Figura 3.28 é representada a influência do limite lateral em relação a


superfície próxima da estaca. Para o valor do espaçamento relativo (s/L) igual a 0,508 os
resultados dos programas ANSYS e SIGMA/W são discrepantes, mas com a mesma
tendência. Porém, a medida que o valor de s/L aumenta ocorre uma convergência entre os
resultados, sendo praticamente coincidentes no valor de s/L=2,0.

distância (m)
0 2 4 6 8 10
0

4
recalque (mm)

ANSYS - s/L = 0,508


8 ANSYS - s/L = 1,0
ANSYS - s/L = 2,0
SIGMA/W - s/L = 0,508
10 SIGMA/W - s/L = 1,0
SIGMA/W - s/L = 2,0

12
62

Figura 3.28 – Influência do domínio lateral de uma estaca isolada.


A Figura 3.29 mostra a malha usada pelo programa ANSYS na modelagem
tridimensional do problema proposto por Sales et al. (1998) na Figura 3.28. A malha foi
composta por 24.198 elementos tetraedros de dez nós e refinada na região em torno do
topo da estaca conforme ilustra a Figura 3.29. As malhas utilizadas nas Figuras 3.26 e 3.27,
com 28.037 e 59.855 elementos, respectivamente, foram similares a malha apresentada na
Figura 3.29.

(a) (b) (c)


Figura 3.29 – Malha utilizada na modelagem de uma estaca isolada segundo Sales et al.
(1998): (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo próximo à estaca.

Sales et al. (1998) concluíram que para valores do limite lateral inferiores a 2L
houve um aumento significativo no recalque, sendo assim recomendado utilizar para o
domínio horizontal um valor igual ou superior a 2L.

3.2.4 Estudos complementares do ANSYS

A Figura 3.30 ilustra as quatro maneiras de travamento utilizadas para medir a


influência na forma de restrição colocada no maciço. A Figura 3.31 mostra a resposta carga
x recalque de uma estaca isolada com L=10m e D=0,20m, envolvida num maciço com
s/L=3 e H/L=5. Pode-se notar que a variação das quatro formas de restrição foi
insignificante em relação aos valores do domínio adotado. Os casos A e B foram
coincidentes, assim como os casos C e D, apresentando um comportamento um pouco mais
63

rígido. Observa-se, portanto, que as restrições horizontais no fundo em nada interferem


quando a relação H/L ≥ 5. Concluiu-se neste caso, que qualquer forma de restrição a ser
utilizada para este domínio não terá influência no resultado.

(A) (B) (C) (D)


Figura 3.30 – Perfil das formas de travamento testadas no programa ANSYS: (A) restrição
normal em todas as direções; (B) restrição normal nas laterais e totalmente restringido no
fundo; (C) totalmente restringido em todas as direções; (D) Restrição normal no fundo e
totalmente restringido nas laterais.

100
A B
C D
75
EC.w.D/P

50

25

0
0 500 1000 1500 2000
K
Figura 3.31 – Influência da forma de restrição no maciço.

Quanto ao refinamento da malha, pode-se avaliar através de um exemplo, como


o caso de uma estaca isolada com comprimento L = 10,0m e D = 0,20m, aplicada uma
carga P = 10kN, dentro de um maciço cúbico de lado igual a 60,0m. A Tabela 3.5 mostra
que para esta situação, uma malha pouco refinada (< 8.000 elementos) obtém uma
64

diferença em torno de 16% no valor do recalque em relação a uma malha refinada. Porém,
da malha refinada (8.000 a 30.000 elementos) para uma malha muito refinada (> 30.000
elementos), a diferença caí para aproximadamente 5%.

Tabela 3.5 – Nível de refinamento da malha


Número de Recalque Diferença Tempo de
Malha
elementos (mm) (%) processamento
Pouco refinada 2.753 0,21688 -16,14 37 seg
Refinada 15.516 0,25862 - 5 min 13 seg
Muito refinada 38.041 0,27300 5,56 56 min 8 seg

Finalizando, por meio das análises retro-citadas, observa-se que o programa


ANSYS, de uma forma geral, apresentou um bom desempenho em comparação com as
soluções estudadas, que também utilizaram o MEF como ferramenta de análise.

3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises deste capítulo serviram para validar os resultados dos programas


PILE99 e ANSYS em relação aos trabalhos clássicos, bem como, em relação ao caso de
uma estaca isolada, calculado pelas soluções analíticas propostas por Randolph & Wroth
(1978) e Poulos & Davis (1980), ambas fundamentadas na Teoria da Elasticidade.
Nos capítulos 4 e 5 serão feitas análises através dos programas PILE99 e
ANSYS, respectivamente, buscando medir a interferência causada nos grupos por estacas
sem cargas. Nestas análises serão simulados grupos com diversas geometrias e diferentes
posições de carregamento, variando o diâmetro, comprimento e espaçamento das estacas,
de maneira que se possa avaliar o comportamento e influência causada por estas estacas
descarregadas. Ainda nestes capítulos, serão avaliados os resultados encontrados por estes
programas em relação ao fator de interação (α) e a razão de recalque (RS) propostos por
Poulos & Davis (1980).
No capítulo 6 serão confrontados os resultados medidos pelos programas
PILE99 e ANSYS, para determinar a influência causada nos grupos pelas estacas sem
carga, através das ferramentas fundamentadas em metodologias distintas.
65

CAPÍTULO IV
ANÁLISE PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO

O comportamento de uma estaca isolada e alguns grupos, submetidos a


carregamento axial, foram analisados pelo programa PILE99, fundamentado no MEC.
Todas as estacas tiveram os dados referentes ao carregamento e às propriedades dos
materiais constantes para todas as análises e estão descritos na Tabela 4.1. O deslocamento
vertical foi medido em relação ao topo das estacas e a relação H/L considerada infinita.

Tabela 4.1 – Propriedade dos materiais usados pelo programa PILE99


Materiais
Propriedades Unidade
Solo Concreto
Módulo de elasticidade (E) 9 18.000 MPa
Módulo cisalhante do solo (G) 3 - MPa
Coeficiente de Poisson (ν) 0,4999 - -
Carregamento por estaca (P) 10 kN

Entre as propriedades dos materiais, foi arbitrado o valor do coeficiente de


Poisson do solo (νs) igual a 0,4999, sendo este valor próximo do 0,5 usado por Poulos &
Davis (1980). O valor de νs = 0,5 não pode ser adotado porque causaria uma singularidade
na geração da matriz de rigidez formada pelo programa ANSYS.
Com o propósito de abranger um número maior de casos, as análises foram
divididas em quatro partes. Cada uma possuía um valor para o diâmetro e outro para o
espaçamento, porém, todas continham os mesmos conjuntos de grupos de estacas. A
Tabela 4.2 mostra os valores dos diâmetros e dos espaçamentos utilizados.

Tabela 4.2 – Relação do espaçamento relativo por parte


Diâmetro - D Espaçamento - s
Partes s/D
(m) (m)
Parte 1 0,2 0,5 2,5
Parte 2 0,2 1,0 5,0
Parte 3 0,5 1,0 2,0
Parte 4 0,5 1,25 2,5
66

A Figura 4.1 mostra o esquema em planta e perfil de quatro casos estudados:


uma estaca isolada carregada; duas carregadas; três com duas carregadas e três estacas
carregadas. As estacas carregadas possuem uma cruz para diferenciar das estacas sem
carga. O espaçamento do grupo de duas estacas é igual ao dos grupos com três, tendo como
única diferença a ausência da estaca intermediária.

D
P P P
D
2s
D
L

L
D
2s
(a) (b)

D D
P P P P P

s s D s s D
L

L
s s s s

(c) (d)

Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 4.1 – Esquema em planta e perfil de quatro casos: (a) estaca isolada carregada; (b)
duas estacas carregadas; (c) três estacas com duas carregadas; (d) três estacas carregadas.

A Figura 4.2 apresenta o desempenho dos casos da Figura 4.1 em relação à


resposta carga x recalque. A estaca isolada obtém os menores recalques enquanto o grupo
com três estacas alcançam os maiores recalques. Em todos os casos ocorre uma variação
maior de recalque para os menores valores do comprimento relativo (L/D < 60), havendo
uma tendência de estabilização do recalque para estacas de grande comprimento. Observa-
se ainda, uma boa semelhança no comportamento dos casos ‘b’ e ‘c’, mostrando a pouca
influência na rigidez do sistema dado ao acréscimo de uma estaca sem carga.
A Figura 4.3 mostra, em planta, o caso de uma estaca isolada e quatro grupos
compostos por duas, três, quatro e cinco estacas, todas carregadas.
A Figura 4.4 apresenta a resposta carga x recalque destes casos estudados para
s/D=2,5 e D=0,2m. Esta figura mostra a redução da rigidez do grupo na medida que cresce
o número de estacas carregadas, porém esta diminuição ocorre de maneira mais
significativa entre a estaca isolada e o grupo de duas, sendo muito próximo para os grupos
67

de quatro e cinco. Outro fato observado é a tendência de estabilização do recalque para


estacas de grande comprimento.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50
Estaca isolada carregada
60
Duas estacas carregadas

70 Três estacas / duas carregadas


Três estacas carregadas
80

Figura 4.2 – Resposta carga x recalque de quatro casos estudados para s/D=2,5 e D=0,2m.

D D D

2s s s

(a) (b) (c)


s

D D Estaca carregada
s s

(d) (e)

Figura 4.3 – Representação em planta de cinco casos estudados: (a) estaca isolada; (b) duas
estacas; (c) três estacas; (d) quatro estacas; (e) cinco estacas.

A Figura 4.5 expõe a resposta carga x recalque de dois grupos de duas e quatro
estacas carregadas com o mesmo espaçamento relativo (s/D), mas valores distintos para o
diâmetro e o espaçamento. Observa-se, neste gráfico, uma excelente semelhança entre os
resultados dos mesmos conjuntos de grupos. Concluindo portanto, que a relação s/D é um
bom parâmetro adimensional de referência.
68

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
s/D=2,5
20

30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80

Figura 4.4 – Resposta carga x recalque de cinco casos distintos, para s/D=2,5 e D=0,2m.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

10
s/D=2,5
20

30
P/GwD

40

50 Duas estacas carregadas (D=0,2m)


Duas estacas carregadas (D=0,5m)
60
Quatro estacas carregadas (D=0,2m)
70 Quatro estacas carregadas (D=0,5m)
80

Figura 4.5 – Resposta carga x recalque de dois grupos com duas e quatro estacas
carregadas, com s/D=2,5.

A Figura 4.6 representa a resposta carga x recalque para três valores do


espaçamento relativo (s/D) iguais a 2,0; 2,5 e 5,0. Em todos os gráficos observa-se um
comportamento mais rígido para a estaca isolada e uma diminuição da rigidez quando
cresce o número de estacas do grupo. Pode-se concluir que, quanto maior o espaçamento
entre as estacas, menor é a influência do efeito da interação estaca-solo-estaca,
conseqüentemente menores valores são encontrados para os recalques.
69

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10 s =1,0m
s/D=2,0
20

30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80
(a)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10 s =1,25m

20 s/D=2,5

30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80
(b)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =1,0m
20
s/D=5,0
30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80
(c)
Figura 4.6 – Resposta carga x recalque em relação a s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0.
70

A Figura 4.7 mostra em planta um grupo com duas estacas carregadas, um


grupo de três, sendo duas carregadas, e por fim um grupo de nove com duas carregadas. O
espaçamento entre as estacas carregadas é o mesmo em todos os casos, correspondente a
‘2s’.

D D

s
D
2s s s s

(a) (b) (c)


Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 4.7 – Vista em planta de três casos: (a) grupo de duas estacas carregadas; (b) grupo
de três estacas sendo duas carregadas; (c) grupo de nove estacas com duas carregadas.

Na Figura 4.8 encontra-se a resposta carga x recalque dos três casos citados na
Figura 4.7. Observa-se uma grande proximidade entre os valores de recalque dos três
casos, ressaltando que a presença de estacas próximas, descarregadas, não teve influência
no comportamento dos grupos, em relação aos resultados encontrados pelo programa
PILE99.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50

60
Duas estacas carregadas
70 Três estacas / duas carregadas
Nove estacas / duas carregadas
80

Figura 4.8 – Resposta carga x recalque de duas estacas carregadas, três com duas
carregadas e nove com duas carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m.
71

A Figura 4.9 apresenta a resposta carga x recalque para quatro grupos, sendo
dois grupos de três estacas com duas carregadas, e outros dois, de nove estacas com duas
carregadas, para a mesma relação s/D = 2,5, porém com diâmetros e espaçamentos
distintos. Observa-se uma coincidência entre resultados dos grupos de mesma geometria e
uma semelhança no comportamento dos quatro casos. Confirmando a conclusão
encontrada na Figura 4.5, onde todas as estacas estavam carregadas, de que a relação s/D é
um bom parâmetro adimensional.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

10
s/D=2,5
20

30
P/GwD

40

50 Três estacas / duas carregadas (D=0,2m)

60 Três estacas / duas carregadas (D=0,5m)


Nove estacas / duas carregadas (D=0,2m)
70
Nove estacas / duas carregadas (D=0,5m)
80
Figura 4.9 – Resposta carga x recalque de dois grupos de três e nove estacas com duas
carregadas, para s/D=2,5.

A Figura 4.10 expõe a resposta carga x recalque dos três casos da Figura 4.7,
para três valores distintos do espaçamento relativo (s/D) correspondentes a 2,0; 2,5 e 5,0.
Nota-se, em todos os gráficos, uma boa semelhança entre as curvas e um pequeno aumento
da rigidez com o crescimento do espaçamento. Observa-se novamente que as estacas
intermediárias descarregadas nada influenciam nos resultados do programa PILE99.
A Figura 4.11 exibe o esquema em planta de três casos analisados, um grupo de
três estacas carregadas, um grupo de cinco com três carregadas e por último um grupo de
nove com uma das filas do meio carregada. O espaçamento entre as estacas é mantido
constante em todos os casos sendo igual a ‘s’. As estacas carregadas possuem o sinal de
uma cruz, enquanto as estacas sem carga não têm marca alguma.
Apresenta-se, na Figura 4.12, o resultado dos três grupos descritos na Figura
4.11. Mais uma vez, observa-se que os valores encontrados pelo programa PILE99
resultam na proximidade das três curvas, mostrando que as estacas circunvizinhas sem
carga não influenciaram na resposta carga x recalque.
72

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10
s =1,0m
20
s/D=2,0
30
P/GwD

40

50

60 Duas estacas carregadas


Três estacas / duas carregadas
70
Nove estacas / duas carregadas

80
(a)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10
s =1,25m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50

60
Duas estacas carregadas
Três estacas / duas carregadas
70
Nove estacas / duas carregadas
80
(b)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =1,0m
20
s/D=5,0
30
P/GwD

40

50
Duas estacas carregadas
60
Três estacas / duas carregadas
70
Nove estacas / duas carregadas
80
(c)
Figura 4.10 – Resposta carga x recalque para três valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0.
73

D D

s
D
s s s s s

(a) (b) (c)


Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 4.11 – Esquema em planta de três casos: (a) grupo de três estacas carregadas; (b)
grupo de cinco estacas com três estacas carregadas; (c) grupo de nove estacas com três
carregadas.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50
Três estacas carregadas
60
Cinco estacas / três carregadas
70
Nove estacas / três carregadas
80

Figura 4.12 – Resposta carga x recalque de três estacas carregadas, cinco estacas com três
carregadas e nove estacas com três carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 4.13 mostra o esquema simulado de três grupos, o primeiro com


quatro estacas carregadas, o segundo com cinco, mas apenas quatro com carga, e o último
um grupo de nove estacas com quatro carregadas.
Está exposto na Figura 4.14, o resultado dos três casos estudados na Figura
4.13. Novamente, a figura mostra o comportamento semelhante para as três curvas
analisadas, mostrando que o programa PILE99 não leva em consideração a influência
causada pelas estacas descarregadas.
A Figura 4.15 apresenta o último esquema analisado, um grupo de cinco estacas
e outro de nove, ambos com cinco estacas carregadas.
74

D
D

s
D
s s s s s

(a) (b) (c)


Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 4.13 – Esquema em planta de três casos: (a) grupo de quatro estacas carregadas; (b)
grupo de cinco com quatro estacas carregadas; (c) grupo de nove estacas com quatro
carregadas.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50

60 Quatro estacas carregadas


Cinco estacas / quatro carregadas
70
Nove estacas / quatro carregadas

80

Figura 4.14 – Resposta carga x recalque de três diferentes grupos com quatro estacas
carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m.

D Estaca carregada
s

D Estaca sem carga


s s s

(a) (b)

Figura 4.15 – Esquema em planta de dois casos: (a) grupo de cinco estacas carregadas; (b)
grupo de nove estacas com cinco carregadas.
75

A Figura 4.16 mostra a resposta carga x recalque para os dois grupos citados na
Figura 4.15. Nota-se, outra vez, uma boa semelhança entre as duas curvas, demonstrando
mais uma vez, que o programa PILE99 não mede a interferência causada pelas estacas sem
carga.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

10

20

30
D=0,2m
P/GwD

40
s =0,5m
50
s/D=2,5
60
Cinco estacas carregadas
70 Nove estacas / cinco carregadas
80

Figura 4.16 – Resposta carga x recalque de dois grupos com s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 4.17 apresenta o resultado do recalque (w) em função do comprimento


relativo (L/D) para três casos estudados: grupo de duas estacas carregadas, grupos de três e
nove com duas carregadas, para o mesmo D=0,2m, e dois valores de s/D correspondentes a
2,5 e 5,0. Observa-se praticamente a coincidência, nos dois gráficos, dos valores de
recalque nos grupos, e ainda, que existe uma tendência de estabilização do recalque para
comprimentos relativos (L/D) maiores. Com o aumento do espaçamento relativo (s/D) de
2,5 para 5,0, verifica-se uma pequena redução no recalque dos grupos, principalmente para
os valores de L/D < 50.
Seguindo a metodologia proposta por Poulos & Davis (1980), foram
confeccionados gráficos do fator de interação (α) e da razão de recalque (RS) em função do
comprimento relativo (L/D).
Recordando os conceitos, tem-se que α é a razão entre o recalque adicional
causado por uma estaca vizinha sobre o recalque da própria estaca, visto na Equação 3.1, e
RS é a relação do recalque médio do grupo pelo recalque de uma estaca isolada com o
mesmo carregamento médio do grupo, conforme Equação 3.2.
76

2,0
D=0,2m
Duas estacas carregadas
s =0,5m Três estacas / duas carregadas
1,6
s/D=2,5 Nove estacas / duas carregadas

1,2
w (mm)

0,8

0,4

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(a)
2,0
D=0,2m
Duas estacas carregadas
s =1,0m
Três estacas / duas carregadas
1,6
s/D=5,0 Nove estacas / duas carregadas

1,2
w (mm)

0,8

0,4

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(b)
Figura 4.17 – Recalque (w) x L/D com D=0,2m para dois casos de s/D: (a) 2,5; (b) 5,0.

A Figura 4.18 apresenta a resposta do fator de interação (α) versus


comprimento relativo (L/D) para um valor de s/D = 2,5 e D = 0,2m. Todas as curvas
atingem um valor máximo de α para L/D entre 25 e 40. Observa-se que as maiores
variações de α acontecem nas estacas curtas (L/D < 30). Verifica-se a mesma tendência
para todas as curvas e, ainda, uma pequena variação ocorre entre as curvas do programa
PILE99. No entanto, em relação aos resultados de Poulos & Davis (1980) encontra-se uma
grande diferença.
77

1,00
D=0,2m
0,90 Duas estacas carregadas
s =0,5m Três estacas / duas carregadas
0,80
s/D=2,5 Nove estacas / duas carregadas
0,70 Duas estacas carregadas (Poulos & Davis)

0,60

α 0,50

0,40

0,30

0,20

0,10

0,00
0 20 40 60 80 100
L/D

Figura 4.18 – Resposta α x L/D, com s/D=2,5 e D=0,2m, em comparação com Poulos &
Davis (1980).

A Figura 4.19 traz a resposta do fator de interação (α) x L/D para três valores
de s/D iguais a 2,0; 2,5 e 5,0, os quais são comparados com os resultados de Poulos &
Davis (1980). Observa-se, em todos os gráficos, o mesmo comportamento para todas as
curvas, as quais crescem até o intervalo de L/D entre 25 e 40, e depois, invertem a
tendência, diminuindo para grandes valores de L/D. Porém as maiores variações de α
acontecem nas estacas curtas (L/D < 30). Os resultados de Poulos & Davis (1980) são,
sistematicamente, superiores aos encontrados pelo programa PILE99. Ocorre, em todos os
casos, uma diminuição no valor de α, quando se aumenta o espaçamento relativo (s/D).
Percebe-se, também, uma variação pequena entre as curvas do programa PILE99.
A resposta de RS x L/D é apresentada na Figura 4.20 para o valor de s/D = 2,5 e
D = 0,2m. Os três gráficos mostram que a razão de recalque (RS) é diretamente
proporcional ao nível de carregamento do grupo. Assim os maiores valores foram
encontrados na letra ‘c’ da Figura 4.20. Em todos os gráficos, nota-se uma boa
concordância entre as curvas dos grupos com mesmo carregamento.
A Figura 4.21 aponta a influência de RS para três valores de s/D correspondente
a 2,0, 2,5 e 5,0, em comparação com os resultados de Poulos & Davis (1980). O grupo de
quatro estacas obtém, em todos os gráficos, os maiores valores de RS em relação ao grupo
de duas. Isso acontece porque o grupo de quatro estacas possui o dobro do carregamento.
78

1,00
Duas estacas carregadas
0,90
Três estacas / duas carregadas
0,80
Nove estacas / duas carregadas
0,70 Duas estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,60
α 0,50
0,40
0,30
D=0,5m
0,20
s =1,0m
0,10
s/D=2,0
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(a)
1,00
D=0,5m
0,90 Duas estacas carregadas
s =1,25m Três estacas / duas carregadas
0,80
s/D=2,5 Nove estacas / duas carregadas
0,70
Duas estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,60
α 0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(b)
1,00
D=0,2m
0,90 Duas estacas carregadas
s =1,0m
0,80 Três estacas / duas carregadas
s/D=5,0 Nove estacas / duas carregadas
0,70
Duas estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,60
α 0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(c)
Figura 4.19 – Resposta α x L/D para três valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0.
79

2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,2m
Duas estacas carregadas s =0,5m
0,50 Três estacas / duas carregadas
s/D=2,5
Nove estacas / duas carregadas
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(a)
2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,2m
Três estacas carregadas
s =0,5m
0,50 Cinco estacas / três carregadas
s/D=2,5
Nove estacas / três carregadas
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(b)
2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,2m
Quatro estacas carregadas s =0,5m
0,50 Cinco estacas / quatro carregadas
s/D=2,5
Nove estacas / quatro carregadas

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(c)
Figura 4.20 – Resposta RS x L/D, com s/D=2,5 e D=0,2m, para três situações de
carregamento nas estacas: (a) duas carregadas; (b) três carregadas; (c) quatro carregadas.
80

3,00

2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,5m Duas estacas carregadas
s =1,0m Duas estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,50
s/D=2,0 Quatro estacas carregadas
Quatro estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(a)
3,00

2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,2m Duas estacas carregadas
s =0,5m Duas estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,50
s/D=2,5 Quatro estacas carregadas
Quatro estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(b)
3,00

2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,2m Duas estacas carregadas
s =1,0m Duas estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,50
s/D=5,0 Quatro estacas carregadas
Quatro estacas carregadas (Poulos & Davis)
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(c)
Figura 4.21 – Resposta RS x L/D para três valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0.
81

Ainda na Figura 4.21, nota-se que os resultados de Poulos & Davis (1980),
foram, sistematicamente, superiores aos encontrados pelo programa PILE99. Observa-se
uma diminuição na razão de recalque (RS) quando se aumenta o espaçamento relativo
(s/D), e também para estacas com comprimentos exagerados (L/D > 60). Estas reduções
são mais acentuadas quanto menor o espaçamento relativo (s/D). Nas estacas curtas (L/D <
20) ocorrem as maiores variações de RS. Por último, nota-se uma semelhança entre todas
as curvas, indicando que a presença de estacas intermediárias não interferiram nos
resultados da interação estaca-solo-estaca encontrados pelo programa PILE99.
Como observado nos gráficos do fator de interação (α) e da razão de recalque
(RS), todas as curvas possuíram um comportamento semelhante, aumentando até o
comprimento relativo (L/D) entre o intervalo de 20 e 40, e invertendo a tendência para
grandes comprimentos. Este comportamento pode ser explicado analisando três situações.
A primeira situação, o caso das estacas curtas (L/D < 20), nota-se que as estacas vizinhas
recebem tensões em todo seu comprimento devido a carga aplicada numa estaca próxima,
sendo que a parte restante do carregamento se dissipa no solo abaixo destas estacas. Já no
caso das estacas de comprimento médio (20 ≤ L/D ≤ 40), a influência das tensões oriunda
de uma estaca próxima ocorrem totalmente ao longo do seu comprimento, vindo a alcançar
os maiores valores de α e RS. Por último, no caso das estacas compridas (L/D > 40), as
tensões proveniente de uma estaca vizinha, se dissipam até uma determinada altura da
estaca, restando ainda uma parte da estaca para ajudar a reduzir estes efeitos, diminuindo o
recalque. Assim, pode-se afirmar que a maior parcela da interação ocorre nas camadas
superiores.
Com base em todos os gráficos apresentados neste capítulo, nota-se que na
análise pelo programa PILE99 (MEC), que mostrou resultados semelhantes a outros
trabalhos clássicos da literatura, não incorpora o efeito da presença de estacas
intermediárias sem carga entre outras estacas carregadas, contrariando a lógica esperada!
82

CAPÍTULO V
ANÁLISE PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS

Nesta seção serão descritos os casos estudados no capítulo anterior, seguindo


outra metodologia de cálculo fundamentado no MEF, simulados através do programa
ANSYS. Da mesma forma, o recalque foi medido em relação ao topo das estacas. Os
dados que permaneceram constantes em todas as análises, referentes ao carregamento e às
propriedades dos materiais, estão descritos na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Propriedade dos materiais utilizados pelo programa ANSYS


Materiais
Propriedades Unidade
Solo Concreto
Módulo de elasticidade (E) 9 18.000 MPa
Módulo cisalhante do solo (G) 3 - MPa
Coeficiente de Poisson (ν) 0,4999 0,2 -
Carregamento por estaca (P) 10 kN

Assim como discutido no capítulo anterior o coeficiente de Poisson do solo foi


adotado correspondente a 0,4999.
O maciço foi restringido ao deslocamento normal às faces laterais e ao fundo,
estando livre nas outras duas direções. A carga (P) foi uniformemente distribuída sobre o
topo da estaca na forma de tensão para evitar a concentração de esforços em único ponto.
Quanto aos limites laterais, levando em consideração a recomendação de Sales
et al. (1998), foi usado o valor igual a três vezes o comprimento da estaca para todas as
direções. No caso do grupo, esta medida era feita a partir do centro da estaca mais externa.
Em relação ao limite inferior (H), apesar de comentado no item 3.2.4 que o
valor mais adequado seria de H=3L, foi utilizado H=5L, na intenção de atingir um valor
que mais se aproximasse do “infinito”. No entanto, para as estacas curtas (L/D=10) foi
observado um certo nível de tensões ao fundo do maciço. Desta forma, passou-se a usar,
nestes casos, um valor correspondente a 8L, para garantir que o recalque não sofreria
nenhuma interferência devido à restrição adotada.
A malha foi criada com elementos na forma de um tetraedro com dez nós cada,
para facilitar a modelagem das estacas circulares. Foi determinado o tamanho inicial dos
elementos e, em seguida, aplicou-se um refinamento na malha da região do topo das
83

estacas com o intuito de apurar os resultados. Para a malha da estaca isolada, grupos de
duas e três estacas foram utilizados entre 8.000 a 27.000 elementos. Já nas malhas mais
complexas, grupos de quatro, cinco e nove estacas, a quantidade de elementos usados ficou
na ordem de 11.000 a 49.000 elementos.
Conforme descritas no início do capítulo quatro, as análises foram divididas em
quatro partes contendo os mesmos conjuntos de grupos de estacas. Para cada uma foi
arbitrado um determinado valor de espaçamento e diâmetro, constante na Tabela 4.2.
A Figura 5.1 apresenta o esquema em planta e perfil de quatro casos estudados:
uma estaca isolada carregada; duas carregadas; três com duas carregadas e três estacas
carregadas. Nota-se nesta figura, que as estacas descarregadas não possuem nenhum sinal,
enquanto as carregadas têm o sinal de uma cruz. Quanto à geometria, observa-se no grupo
de duas um espaçamento igual a ‘2s’ do mesmo tamanho das estacas extremas dos grupos
com três. Esta geometria foi proposta com a intenção de estudar a interferência da estaca
intermediária.
A Figura 5.2 mostra o desempenho destes casos em função da resposta carga x
recalque. Ressalta-se que o valor da carga utilizada no eixo das ordenadas corresponde a
carga da estaca isolada. O grupo de três estacas com duas carregadas obtêm recalques
inferiores aos do grupo de duas, destacando assim, a influência na rigidez do sistema
causado pelo acréscimo de uma estaca descarregada.
P P P

3L D
3L
3L

D
L

D
L

3L D
3L 2s 2s 3L
H

(a) (b)
P P P P P

D D
3L

3L

D
L

D
L

s 3L s s 3L
3L s s 3L s s
H

(c) (d)
Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 5.1 – Esquema em planta e perfil de quatro casos: (a) estaca isolada carregada; (b)
duas estacas carregadas; (c) três estacas com duas carregadas; (d) três estacas carregadas.
84

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
Estaca isolada carregada
10
Duas estacas carregadas
20
Três estacas / duas carregadas

30 Três estacas carregadas


P/GwD

40

50
D=0,2m
60
s =0,5m
70
s/D=2,5
80

Figura 5.2 – Resposta carga x recalque de quatro casos estudados para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 5.3 indica a malha utilizada pelo programa ANSYS, no ponto L/D =
50, na modelagem tridimensional do caso de três estacas carregadas conforme Figura 5.2.
A malha foi composta por 20.767 elementos tetraedros de dez nós e refinada na região em
torno do topo da estaca. As demais malhas usadas na Figura 5.2 foram similares a esta
apresentada na Figura 5.3.

(a) (b) (c)


Figura 5.3 – Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo com três estacas
carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo próximo às
estacas.

O caso de uma estaca isolada e quatro grupos compostos por duas, três, quatro e
cinco estacas, todas carregadas, são apresentados na Figura 5.4. Observa-se nesta figura
que a geometria dos grupos com duas e três estacas se diferem apenas pela inserção da
estaca intermediária, o mesmo ocorrendo entre os grupos de quatro e cinco estacas.
85

D D D

2s s s

(a) (b) (c)

s
D D Estaca carregada
s s

(d) (e)

Figura 5.4 – Representação em planta de cinco casos estudados: (a) estaca isolada; (b) duas
estacas; (c) três estacas; (d) quatro estacas; (e) cinco estacas.

A Figura 5.5 mostra o resultado destes casos em relação a resposta carga versus
recalque para um valor s/D=2,5 e D = 0,2m. A figura aponta a tendência de redução da
razão carga/recalque à medida que aumenta o número de estacas, no entanto, a maior
variação ocorre entre a estaca isolada e o grupo de duas. Ainda nota-se que o recalque
tende a estabilizar-se na estaca isolada para valores de L/D superiores a 80. No caso dos
grupos, este comportamento é menos expressivo.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5

30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80

Figura 5.5 – Resposta carga x recalque de cinco casos estudados com s/D=2,5 e D=0,5m.

Em relação a Figura 5.6, permanecendo constante a relação s/D, observa-se


uma boa concordância entre os resultados para os diferentes diâmetros, demonstrando que
o parâmetro s/D serve como um bom padrão de referência.
86

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

10
s/D=2,5
20

30
P/GwD

40

50
Duas estacas carregadas (D=0,2m)
60 Duas estacas carregadas (D=0,5m)
70 Quatro estacas carregadas (D=0,2m)
Quatro estacas carregadas (D=0,5m)
80

Figura 5.6 – Comparação entre diferentes diâmetros com a mesma relação s/D=2,5 para
duas e quatro estacas carregadas.

A Figura 5.7 expõe a malha usada pelo programa ANSYS, no ponto L/D = 30,
na modelagem tridimensional do caso de duas estacas carregadas com D=0,5m em
consonância com a Figura 5.6. A malha foi formada por 19.496 elementos e refinada na
região em torno do topo da estaca.

(a) (b) (c)


Figura 5.7 – Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo com duas estacas
carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo próximo às
estacas.

A Figura 5.8 mostra a resposta carga x recalque para três valores do


espaçamento relativo (s/D) correspondentes a 2,0, 2,5 e 5,0. Nota-se uma redução no
recalque a medida que aumenta o tamanho do espaçamento entre as estacas, demonstrando
a influência no efeito da interação estaca-solo-estaca causado pela variação do
espaçamento. Concluindo, observa-se em todos os gráficos a tendência de diminuir o
recalque a medida que ocorre o aumento do comprimento relativo (L/D).
87

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10
s =1,0m
20
s/D=2,0
30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80
(a)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10
s =1,25m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80
(b)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =1,0m
20
s/D=5,0
30
P/GwD

40

50
Estaca isolada
60 Duas estacas
Três estacas
70 Quatro estacas
Cinco estacas
80
(c)
Figura 5.8 – Resposta carga x recalque em função de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0.
88

A Figura 5.9 mostra em planta três grupos contendo, respectivamente, duas


estacas carregadas, três e nove estacas com duas carregadas. O espaçamento entre as
estacas carregadas é constante em todos os casos e corresponde a ‘2s’.

D D

s
D
2s s s s

(a) (b) (c)

Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 5.9 – Vista em planta de três casos: (a) grupo de duas estacas carregadas; (b) grupo
de três estacas sendo duas carregadas; (c) grupo de nove estacas com duas carregadas.

A Figura 5.10 apresenta a malha utilizada pelo programa ANSYS, no ponto


L/D = 50, na modelagem tridimensional do caso de um grupo de nove estacas com duas
carregadas conforme Figura 5.11. A malha foi constituída por 20.180 elementos e refinada
na região em torno do topo da estaca. As demais malhas usadas na Figura 5.11 foram
similares a esta ilustrada na Figura 5.10.

(a) (b) (c)


Figura 5.10 – Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo de nove estacas
sendo duas carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo
próximo às estacas.

A Figura 5.11 traz a resposta carga x recalque dos três casos da Figura 5.9. Observa-
se a formação de três curvas distintas, onde o grupo de nove estacas obtém os menores
89

valores de recalque causado pela interferência das estacas descarregadas. A mesma


tendência é notada de maneira mais singela no grupo de três, que se aproxima mais do
grupo de duas. As diferenças entre as curvas se acentuam para valores maiores do
comprimento relativo (L/D). Desta forma, com os resultados encontrados pelo programa
ANSYS, fica evidente a influência das estacas próximas, mesmo estando descarregadas.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50

60 Duas estacas carregadas


Três estacas / duas carregadas
70
Nove estacas / duas carregadas
80

Figura 5.11 – Resposta carga x recalque de três diferentes casos com duas estacas
carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 5.12 mostra o esquema em planta de três casos estudados, um grupo


com três estacas carregadas, outro de cinco com três carregadas e, por fim, um grupo de
nove com as três estacas do meio carregadas. O espaçamento entre as estacas é, em todos
os casos, igual a ‘s’.

D D
s

D
s s s s s

(a) (b) (c)


Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 5.12 – Esquema em planta de três casos: (a) grupo de três estacas carregadas; (b)
grupo de cinco com três estacas carregadas; (c) grupo de nove com três carregadas.
90

A Figura 5.13 apresenta a resposta dos três grupos citados. Observa-se a mesma
tendência da Figura 5.11, onde ocorre a formação de três curvas distintas devido a
influência causada pelas estacas sem carga. Novamente, o grupo de nove apresenta valores
de recalque inferiores aos demais. Na mesma proporção, o grupo de cinco obtém recalques
menores do que o grupo de três estacas. Assim, através dos resultados do programa
ANSYS, percebesse aqui outra vez, a influência nos resultados das estacas próximas e
descarregadas.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50
Três estacas carregadas
60
Cinco estacas / três carregadas
70
Nove estacas / três carregadas
80

Figura 5.13 – Resposta carga x recalque de três estacas carregadas, cinco estacas com três
carregadas e nove estacas com três carregadas, para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 5.14 apresenta a resposta carga x recalque de um grupo de cinco e


outro de nove, ambos com três estacas carregadas. A relação s/D foi mantida constante e
mudou-se o diâmetro (D) e o espaçamento (s). Observa-se uma razoável semelhança nos
resultados para ambos os casos, sendo que as pequenas diferenças podem ser explicadas
pelas diversas malhas geradas pelo programa ANSYS na análise de cada ponto das curvas.
Outro ponto observado, em ambos os casos, é que os grupos de nove obtêm um valor
menor de recalque. Isto se deve a influência causada pelas estacas sem carga.
A Figura 5.15 mostra a resposta carga x recalque para três valores distintos do
espaçamento relativo (s/D). Em todos os gráficos são apresentadas três curvas distintas,
onde o grupo de três estacas carregadas obtém os maiores recalques, demonstrando a
influência causada na interação solo-estaca devido ao acréscimo das estacas descarregadas
91

conforme os resultados encontrados pelo programa ANSYS. Todas as curvas revelam a


tendência da rigidez da estaca diminuir com o aumento do comprimento relativo (L/D).
Observa-se ainda, que o crescimento do espaçamento causa uma pequena redução no
recalque dos grupos.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

10
s/D=2,5
20

30
P/GwD

40

50 Cinco estacas / três carregadas (D=0,2m)

60 Cinco estacas / três carregadas (D=0,5m)

Nove estacas / três carregadas (D=0,2m)


70
Nove estacas / três carregadas (D=0,5m)

80

Figura 5.14 – Comparação entre diferentes diâmetros com a mesma relação s/D=2,5 para
três estacas carregadas.

A Figura 5.16 mostra o esquema em planta de três casos analisados com quatro
estacas carregadas: grupo com quatro; cinco e nove estacas.
A Figura 5.17 expõe o resultado dos três casos com quatro estacas carregadas.
Observa-se na Figura 5.16 a semelhança entre a geometria dos grupos de quatro e cinco, se
diferindo apenas por uma estaca centrada, daí a proximidade entre os seus resultados. No
entanto, pode-se notar a influência da estaca descarregada, pois o grupo de cinco obtém
recalques levemente inferiores ao de quatro estacas. O grupo de nove apresenta os menores
valores de recalque em relação aos demais.
A Figura 5.18 apresenta a malha usada pelo programa ANSYS, no ponto L/D =
80, na modelagem do caso de um grupo de cinco estacas sendo quatro carregadas de
acordo com a Figura 5.17. A malha foi composta por 12.075 elementos e refinada na
região em torno do topo da estaca.
92

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10
s =1,0m
20
s/D=2,0
30
P/GwD

40

50
Três estacas carregadas
60
Cinco estacas / três carregadas
70
Nove estacas / três carregadas
80

(a)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10
s =1,25m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50
Três estacas carregadas
60
Cinco estacas / três carregadas
70
Nove estacas / três carregadas
80

(b)
L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =1,0m
20
s/D=5,0
30
P/GwD

40

50
Três estacas carregadas
60
Cinco estacas / três carregadas
70
Nove estacas / três carregadas
80
(c)
Figura 5.15 – Resposta carga x recalque em relação à s/D: (a) 2,0; (b) 2,5; (c) 5,0.
93

D
D
s

s
D
s s s s s

(a) (b) (c)

Estaca carregada Estaca sem carga

Figura 5.16 – Esquema em planta de três casos: (a) grupo de quatro estacas carregadas; (b)
grupo de cinco com quatro estacas carregadas; (c) grupo de nove com quatro carregadas.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50
Quatro estacas carregadas
60
Cinco estacas / quatro carregadas
70
Nove estacas / quatro carregadas
80

Figura 5.17 – Resposta carga x recalque de três diferentes grupos com quatro estacas
carregadas com s/D=2,5 e D=0,2m.

(a) (b) (c)


Figura 5.18 – Malha usada na modelagem tridimensional de um grupo de cinco estacas
com quatro carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo
próximo às estacas.
94

A Figura 5.19 representa, em planta, dois casos analisados com cinco estacas
carregadas, sendo um grupo de cinco e outro de nove estacas.

D Estaca carregada
s

s
D Estaca sem carga
s s s

(a) (b)

Figura 5.19 – Esquema em planta de dois casos: (a) grupo de cinco estacas carregadas; (b)
grupo de nove estacas com cinco carregadas.

A Figura 5.20 exibe a resposta carga x recalque de dois grupos com cinco
estacas carregadas. Observa-se que, sistematicamente, o grupo de nove apresenta os
menores recalques, mais uma vez. Destaca-se, portanto, a influência das estacas sem carga
na interação estaca-solo-estaca.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50

60 Cinco estacas carregadas

70 Nove estacas / cinco carregadas

80

Figura 5.20 – Resposta carga x recalque de dois diferentes grupos com cinco estacas
carregadas para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 5.21 mostra o resultado do recalque (w) em função de L/D para


D=0,2m e dois valores de s/D correspondentes a 2,5 e 5,0. Os três casos estudados
possuíam três estacas carregadas, distribuídos em grupos de três, cinco e nove estacas. Em
95

ambos os casos, observam-se a distinção de todas as curvas, onde o grupo com menor
número de estacas apresenta os maiores valores de recalque, enquanto o grupo de nove
obtém os menores recalques, devido ao enrijecimento do conjunto causado pelas estacas
sem carga. Outra situação observada é que o aumento do espaçamento, caso ‘a’ para o caso
‘b’, causa uma diminuição no recalque. Este fato pode ser atribuído à redução na
interferência da interação solo-estaca pelo aumento do espaçamento.

1,2
Três estacas carregadas
1,0 Cinco estacas / três carregadas
Nove estacas / três carregadas
0,8
w (mm)

0,6

0,4
D=0,2m
s =0,5m
0,2
s/D=2,5

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(a)
1,2
Três estacas carregadas
1,0
Cinco estacas / três carregadas

0,8 Nove estacas / três carregadas


w (mm)

0,6

0,4
D=0,2m
s =1,0m
0,2
s/D=5,0

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(b)
Figura 5.21 – Relação w x L/D com D=0,2m para três grupos distintos com três estacas
carregadas e dois valores de s/D: (a) 2,5; (b) 5,0.
96

A Figura 5.22 apresenta a resposta do recalque (w) em relação a L/D para


D=0,5m e dois valores de s/D iguais a 2,0 e 2,5. Nos casos ‘a’ e ‘b’, três curvas distintas
podem ser notadas. Como visto anteriormente, quanto maior o número de estacas do grupo
menor é o valor do recalque. Outra situação, já mencionada e aqui observada, é que o
aumento do espaçamento, caso ‘a’ para o caso ‘b’, causa uma diminuição no recalque,
devido a interação solo-estaca.

0,6
D=0,5m
s =1,0m Três estacas carregadas
0,5 Cinco estacas / três carregadas
s/D=2,0
Nove estacas / três carregadas
0,4
w (mm)

0,3

0,2

0,1

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(a)
0,6
D=0,5m
Três estacas carregadas
s =1,25m
0,5 Cinco estacas / três carregadas
s/D=2,5
Nove estacas / três carregadas
0,4
w (mm)

0,3

0,2

0,1

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(b)
Figura 5.22 – Relação w x L/D com D=0,5m para três grupos distintos com três estacas
carregadas e dois valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5.
97

A Figura 5.23 apresenta a resposta do fator de interação (α) versus


comprimento relativo (L/D) para um diâmetro igual 0,5m. Recorda-se que α é o acréscimo
de recalque da estaca em relação ao comportamento isolado. Todas as curvas atingem um
valor máximo de α para L/D entre 25 e 40. O grupo de nove estacas alcançou os menores
valores de α, o que pode ser associado ao aumento da rigidez causada pelas estacas sem
carga. Os gráficos de Poulos & Davis (1980) obtém a mesma tendência do programa
ANSYS, porém, em ambos os casos, com resultados superestimados para os valores de α.
Por último, observa-se que o aumento do espaçamento causa uma redução no valor de α.

1,00
D=0,5m Duas estacas carregadas
0,90
s =1,0m Três estacas / duas carregadas
0,80
s/D=2,0 Nove estacas / duas carregadas
0,70
Duas estacas carregadas (Poulos & Davis - 1980)
0,60
α 0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(a)
1,00
D=0,5m Duas estacas carregadas
0,90
s =1,25m
0,80 Três estacas / duas carregadas
s/D=2,5 Nove estacas / duas carregadas
0,70
0,60 Duas estacas carregadas (Poulos & Davis - 1980)

α 0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
(b)
Figura 5.23 – Resposta α x L/D para dois valores de s/D: (a) 2,0; (b) 2,5.
98

A Figura 5.24 mostra a relação RS x L/D com s/D = 2,5 e D = 0,2m. Em ambos
os casos, a mesma tendência das curvas é encontrada, porém o programa ANSYS obtém
resultados sempre inferiores aos Poulos & Davis (1980). Observa-se, ainda, que o grupo de
quatro estacas obtém diferenças maiores que as do grupo de duas, devido ao efeito
acumulativo das interações dentro do grupo.

3,00

2,50

2,00

1,50
RS

1,00
Duas estacas carregadas
D=0,2m Duas estacas carregadas (Poulos & Davis - 1980)
0,50
s =0,5m Quatro estacas carregadas
s/D=2,5 Quatro estacas carregadas (Poulos & Davis - 1980)
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

Figura 5.24 – Resposta RS x L/D para grupos com duas e quatro estacas carregadas, com
D=0,2m e s/D=2,5.

A Figura 5.25 indica a malha utilizada pelo programa ANSYS, no ponto L/D =
10, na modelagem do caso de quatro estacas carregadas de acordo com a Figura 5.24. A
malha foi formada por 21.178 elementos tetraedros de dez nós e refinada na região em
torno do topo da estaca.
A Figura 5.26 mostra a malha usada pelo programa ANSYS, no ponto L/D = 30
da letra ‘a’, na modelagem tridimensional do caso de nove estacas com quatro carregadas
em consonância com a Figura 5.27. A malha foi constituída por 22.805 elementos e
refinada na região em torno do topo da estaca.
A Figura 5.27 apresenta a resposta da razão de recalque (RS) pelo comprimento
relativo (L/D), para o valor de s/D = 2,5 e s = 0,5m. Todas as curvas atingem um valor
máximo de RS para L/D em torno de 35. Assim observa-se que as maiores variações de RS
ocorrem nas estacas curtas (L/D < 30). Estacas com comprimentos excessivos (L/D > 50)
causam uma pequena redução nos valores de RS.
99

Os três gráficos da Figura 5.27 mostram que RS aumenta quando cresce o


número de estacas carregadas nos grupos, sendo assim os maiores valores de RS são
encontrados na letra ‘c’. Em cada gráfico destaca-se que o grupo de nove atinge os
menores valores de RS. Este fato é atribuído à influência provocada pelas estacas
descarregadas. A comparação dos valores de RS entre o menor grupo e o maior (nove
estacas) oscilou entre 5 a 20%.

(a) (b) (c)


Figura 5.25 – Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo de quatro estacas
carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo próximo às
estacas.

(a) (b) (c)


Figura 5.26 – Malha aplicada na modelagem tridimensional de um grupo com nove estacas
sendo quatro carregadas: (a) vista 3-D; (b) vista de topo; (c) ampliação da vista de topo
próximo às estacas.
100

2,50
D=0,2m
s =0,5m
2,00
s/D=2,5

1,50
RS

1,00

Duas estacas carregadas


0,50
Três estacas / duas carregadas
Nove estacas / duas carregadas
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(a)
2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,2m
Três estacas carregadas
s =0,5m
0,50 Cinco estacas / três carregadas
s/D=2,5
Nove estacas / três carregadas
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(b)
2,50

2,00

1,50
RS

1,00
D=0,2m
Quatro estacas carregadas
s =0,5m
0,50 Cinco estacas / quatro carregadas
s/D=2,5
Nove estacas / quatro carregadas

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

(c)
Figura 5.27 – RS x L/D para três situações distintas com s/D=2,5 e D=0,2m.
101

Portanto, fundamentado nas informações retiradas dos gráficos deste capítulo,


concluí-se, através da análise feita pelo programa ANSYS fundamento no MEF, que a
presença das estacas, mesmo descarregadas, aumentam a rigidez do entorno das estacas
carregadas, reduzindo recalques e interferindo nos parâmetros que medem a interação
estaca-solo-estaca.
102

CAPÍTULO VI
COMPARAÇÃO MEC x MEF

A comparação entre os dois métodos será discutida neste capítulo. Alguns casos
estudados anteriormente serão reproduzidos na íntegra, colocando em um único gráfico
cada caso, de modo a facilitar o confronto entre os resultados dos MEC e MEF.
A Figura 6.1 mostra o caso de uma estaca isolada, com D = 0,2m, comentado
nos itens 3.1.1 e 3.2.1. Observa-se nesta figura a semelhança entre os resultados obtidos
pelos programas PILE99 e ANSYS com a resposta de Randolph & Wroth (1978). Os
recalque previstos por Poulos & Davis (1980) foram sempre inferiores aos demais. Em
todas as curvas, com exceção de Poulos & Davis (1980), é notada a tendência de
estabilização do recalque para estacas de grandes comprimentos (L/D > 60). Conclui-se,
neste caso, que os dois softwares empregados, com base numérica diferente, alcançaram
resultados muito próximos.

20

16

12
P/ES.D.w

D=0,2m

Randolph & Wroth


ANSYS
4
PILE 99
Poulos & Davis

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

Figura 6.1 – Resposta carga x recalque de uma estaca isolada segundo Randolph & Wroth
(1978) e Poulos & Davis (1980) em relação aos programas ANSYS e PILE99.

Apresenta-se, na Figura 6.2, a resposta carga x recalque de dois grupos com três
e cinco estacas, todas carregadas, para s/D = 2,5 e D = 0,2m, em consonância com as
103

Figuras 4.4 e 5.5. Neste caso, nota-se uma divergência entre os resultados dos programas
ANSYS e PILE99, apesar da mesma tendência de comportamento para as curvas. Observa-
se, ainda, que o programa ANSYS atinge recalques sempre inferiores aos obtidos pelo
programa PILE99.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,2m
10
s =0,5m
20 s/D=2,5

30
P/GwD

40

50
Três estacas carregadas (PILE99)
60
Três estacas carregadas (ANSYS)
70 Cinco estacas carregadas (PILE99)
Cinco estacas carregadas (ANSYS)
80

Figura 6.2 – Comparação da resposta carga x recalque de uma estaca isolada e um grupo
de cinco estacas em relação aos programas ANSYS e PILE99, para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 6.3 mostra a resposta carga x recalque para um grupo de duas estacas
carregadas e outro de nove com duas carregadas, de acordo com as Figuras 4.8 e 5.11, para
s/D = 2,5 e D = 0,2m. Observa-se, novamente, que o programa ANSYS obtém recalques
inferiores ao programa PILE99. As curvas encontradas pelo programa PILE99 são muito
próximas, ao contrário das obtidas pelo programa ANSYS, demonstrando assim, a pouca
interferência que as estacas descarregadas causam nas simulações feitas pelo programa
PILE99.
A Figura 6.4 traz a resposta carga x recalque do grupo de nove estacas com três
carregadas para dois valores de s/D correspondentes a 2,5 e 5,0, conforme Figuras 4.12,
5.13 e 5.15, letra ‘c’. Observa-se em ambos os casos que o aumento do espaçamento causa
uma pequena redução no recalque. Porém, a diferença encontrada entre os métodos é muito
superior à variação do recalque devido ao espaçamento. Assim, ressalta-se o cuidado que
se deve ter na escolha do programa antes de analisar algum problema. Outro fato a destacar
é que a diferença entre as curvas (s/D = 2,5 e 5,0) foram inferiores a 10%.
104

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
Duas estacas carregadas (PILE99)
10
Duas estacas carregadas (ANSYS)
20 Nove estacas / duas carregadas (PILE99)
30 Nove estacas / duas carregadas (ANSYS)
P/GwD

40

50
D=0,2m
60
s =0,5m
70
s/D=2,5
80

Figura 6.3 – Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de duas estacas e outro
de nove, analisados pelos programas ANSYS e PILE99, para s/D=2,5 e D=0,2m.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

10
D=0,2m
20

30
P/GwD

40
PILE99 - s/D = 2,5
50
ANSYS - s/D = 2,5
60
PILE99 - s/D = 5,0
70
ANSYS - s/D = 5,0
80
Figura 6.4 – Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de nove estacas com
três carregadas, com s/D igual a 2,5 e 5,0, calculados pelos programas ANSYS e PILE99.

A Figura 6.5 apresenta a comparação entre os programas ANSYS e PILE99


para um grupo de três estacas carregadas e outro de nove com três carregadas, em
consonância com a Figura 5.15, letra ‘b’, para s/D = 2,5 e D = 0,5m. Nota-se, outra vez,
que o programa PILE99 alcança recalques superiores ao programa ANSYS. Esta grande
diferença encontrada nas curvas geradas pelo programa ANSYS mostra a influência do
105

efeito de grupo causada pelas estacas próximas, sem carga, ao contrário do programa
PILE99, onde as curvas são muito semelhantes.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0
D=0,5m
10
s =1,25m
20
s/D=2,5
30
P/GwD

40

50 Três estacas carregadas (PILE99)

60 Três estacas carregadas (ANSYS)


Nove estacas /três carregadas (PILE99)
70
Nove estacas /três carregadas (ANSYS)
80

Figura 6.5 – Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de três estacas e outro
de nove em comparação aos programas ANSYS e PILE99, para s/D=2,5 e D=0,5m.

A Figura 6.6 traz a comparação da resposta carga x recalque de dois grupos, um


de cinco e outro de nove, ambos com quatro estacas carregadas, de acordo com as Figuras
4.14 e 5.17, para s/D = 2,5 e D = 0,2m. O programa ANSYS obtém o comportamento mais
rígido, com o grupo de nove estacas alcançando os menores recalques. As curvas do
programa PILE99 são muito semelhantes, enquanto no programa ANSYS há uma variação,
aumentando a distância entre as curvas a medida que cresce o valor de L/D. As diferenças
entre o programa ANSYS (MEF) e o programa PILE99 (MEC) foram superiores a 15%.

Em relação ao recalque (w) versus o comprimento relativo (L/D), a Figura 6.7


apresenta a comparação de um grupo de duas estacas carregadas e outro de nove com duas
carregadas, conforme Figura 4.17, letra ‘a’, para s/D = 2,5 e D = 0,2m. Observa-se nos
resultados do programa PILE99 uma boa semelhança entre o recalque dos dois grupos,
enquanto no programa ANSYS, as curvas são bem distintas, mantendo praticamente
constante a diferença para diversos valores de L/D. Nota-se que os recalques do programa
ANSYS são sempre menores do que os do programa PILE99, porém esta diferença é maior
para os valores de L/D mais baixo vindo a diminuir para L/D > 50. Comparando as curvas
do mesmo grupo, verifica-se que as diferentes análises para o grupo de duas estacas
106

fornece uma diferença bem inferior ao de nove estacas. Este fato traduz a interferência
causada pelas estacas descarregadas na análise pelo programa ANSYS. As formas de todas
as curvas são semelhantes, ocorrendo consideráveis reduções de recalques para estacas
mais curtas (L/D < 30) e uma variação mais branda para valores elevados de L/D.

L/D
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
0

10

20

30
P/GwD

40

50 Cinco estacas / quatro carregadas (PILE99)


D=0,2m Cinco estacas / quatro carregadas (ANSYS)
60
s =0,5m Nove estacas / quatro carregadas (PILE99)
70 Nove estacas / quatro carregadas (ANSYS)
s/D=2,5
80

Figura 6.6 – Comparação da resposta carga x recalque de um grupo de cinco estacas e


outro de nove, analisados pelos programas ANSYS e PILE99, para s/D=2,5 e D=0,2m.

1,2
Duas estacas carregadas (PILE99)
Duas estacas carregadas (ANSYS)
1,0
Nove estacas / duas carregadas (PILE99)
Nove estacas / duas carregadas (ANSYS)
0,8
w (mm)

0,6

0,4
D=0,2m
s =0,5m
0,2
s/D=2,5

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

Figura 6.7 – Comparação da resposta recalque (w) x comprimento relativo (L/D) de um


grupo de duas estacas e outro de nove em comparação aos programas ANSYS e PILE99,
para s/D=2,5 e D=0,2m.
107

A Figura 6.8 mostra outro caso analisado entre recalque (w) x L/D, para
D = 0,5m e s/D = 2,0, de acordo com a Figura 5.22, letra ‘a’. Os grupos de três e nove
estacas simulados pelo programa PILE99 alcançam resultados muito semelhante, oposto ao
programa ANSYS, onde as curvas apresentam um espaçamento contínuo ao longo de L/D.
Novamente, os recalques do programa ANSYS são inferiores aos resultados do programa
PILE99, mantendo a tendência de reduzir a diferença para estacas com grandes
comprimentos. Quanto à forma das curvas, existe uma semelhança para todos os casos,
sendo que nas estacas curtas (L/D < 30) ocorrem as maiores diferenças.

0,8
D=0,5m
Três estacas carregadas (PILE99)
0,7
s =1,0m Três estacas carregadas (ANSYS)
0,6
s/D=2,0 Nove estacas / três carregadas (PILE99)
0,5
Nove estacas / três carregadas (ANSYS)
w (mm)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
Figura 6.8 – Comparação da resposta recalque (w) x comprimento relativo (L/D) de um
grupo de três estacas e outro de nove, calculados pelos programas ANSYS e PILE99, para
s/D=2,0 e D=0,5m.

A Figura 6.9 exibe a resposta w x L/D, para D = 0,2m e s/D correspondente a


2,5 e 5,0, em consonância com a Figura 5.21, no caso de um grupo de cinco estacas sendo
três carregadas. Nota-se, que o aumento do espaçamento entre as estacas causa uma
redução no recalque nos dois programas estudados. Outra vez, o programa ANSYS
encontra recalques inferiores ao programa PILE99, porém todas as curvas apresentam a
mesma forma. Por fim, observa-se que as diferenças entre os recalques obtidos pelos
programas são maiores nas estacas curtas, vindo a aproximar para grandes valores de L/D.
Está exposto na Figura 6.10 a comparação do fator de interação (α) x
comprimento relativo (L/D) entre duas estacas, quando estas estão dentro de um grupo de
108

duas e quando dentro de nove estacas, mas sempre com duas carregadas, para s/D = 2,0 e
D = 0,5m, de acordo com as Figuras 4.19 (a) e 5.23 (a).
Neste caso, os dois programas apresentam curvas distintas, com os grupos de
nove encontrando resultados inferiores aos de dois. No entanto, o programa ANSYS obtém
uma maior variação entre as curvas. O método de Poulos & Davis (1980) atingem os
maiores valores de α em relação aos demais métodos. Destaca-se, ainda, que para os
valores de L/D em torno de 35 há um crescimento no valor de α. A partir daí ocorre uma
inversão na tendência, vindo a diminuir o valor de α com o aumento do comprimento
relativo (L/D).

1,6

PILE99 - s/D = 2,5


1,4
ANSYS - s/D = 2,5
D=0,2m
PILE99 - s/D = 5,0
1,2
ANSYS - s/D = 5,0

1,0
w (mm)

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

Figura 6.9 – Comparação da resposta recalque (w) x comprimento relativo (L/D) de um


grupo de cinco estacas com três carregadas, analisados pelos programas ANSYS e PILE99,
para D=0,2m com s/D igual a 2,5 e 5,0.

A Figura 6.11 traz a comparação do fator de interação (α) x comprimento


relativo (L/D) de duas estacas carregadas, conforme Figuras 4.19 (a) e (b), e 5.23, para
D = 0,5m e s/D igual a 2,0 e 2,5. Nota-se a formação de quatro curvas distintas, onde o
aumento do espaçamento causa uma redução no valor de α. As curvas do programa
ANSYS apresentam uma diferença inferior à encontrada na Figura 6.10, devido ao fato de
possuírem uma quantidade menor de estacas, reduzindo o efeito da interação solo-
109

estrutura. Novamente, o fator de interação (α) cresceu, para todas as curvas, até L/D em
torno de 35, e depois passou a diminuir com o aumento do valor de L/D.

1,00
D=0,5m Duas estacas carregadas (PILE99)
0,90
s =1,0m Duas estacas carregadas (ANSYS)
0,80 Nove estacas / duas carregadas (PILE99)
s/D=2,0
Nove estacas / duas carregadas (ANSYS)
0,70
Duas estacas carregadas (Poulos - 1968)
0,60

α 0,50
0,40

0,30

0,20

0,10

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
Figura 6.10 – Comparação do fator de interação (α) x comprimento relativo (L/D) de um
grupo de duas estacas e outro de nove em comparação aos programas ANSYS e PILE99,
para s/D=2,0 e D=0,5m.

1,00

0,90 PILE99 - s/D = 2,0


D=0,5m
ANSYS - s/D = 2,0
0,80
PILE99 - s/D = 2,5
0,70 ANSYS - s/D = 2,5
Poulos (1968)
0,60

α 0,50

0,40

0,30

0,20

0,10

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
Figura 6.11 – Comparação do fator de interação (α) x comprimento relativo (L/D) de duas
estacas carregadas, analisados pelos programas ANSYS e PILE99, para D=0,5m e s/D
igual a 2,0 e 2,5.
110

Em relação a razão de recalque (RS) x L/D, a Figura 6.12 mostra a comparação


de um grupo de duas estacas e outro de nove, ambos com duas carregadas, em consonância
com as Figuras 4.20 (a) e 5.27 (a), para s/D = 2,5 e D = 0,2m. Observa-se que o programa
PILE99 obtém valores muito semelhantes para as duas curvas, enquanto o programa
ANSYS tem curvas bem distintas. Os resultados de Poulos & Davis (1980) são superiores
aos valores encontrados pelos dois programas. Nota-se no caso do grupo de duas estacas,
que os resultados dos dois programas são semelhantes, com exceção do primeiro ponto.
No entanto, para o grupo com nove estacas, os valores são completamente
diferentes, demonstrando assim a interferência causada pelas estacas descarregadas.
Ressalta-se que os valores da razão de recalque do programa ANSYS são inferiores aos
achados pelo programa PILE99.

3,0
Duas estacas carregadas (PILE99)
2,5 Duas estacas carregadas (ANSYS)
Nove estacas / duas carregadas (PILE99)
Nove estacas / duas carregadas (ANSYS)
2,0 Duas estacas carregadas (Poulos)

1,5
RS

1,0
D=0,2m
0,5 s =0,5m

s/D=2,5
0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D
Figura 6.12 – Comparação da razão de recalque (RS) x comprimento relativo (L/D) de um
grupo de duas estacas e outro de nove em comparação aos programas ANSYS e PILE99,
para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 6.13 mostra a razão de recalque (RS) x L/D de um grupo de quatro e


outro de nove estacas, ambos com quatro carregadas, de acordo com as Figuras 4.20 (c) e
5.27 (c), para s/D = 2,5 e D = 0,2m. Observam-se quatro curvas distintas, onde em ambos
os casos, o grupo de nove obtém os menores valores de RS. O programa ANSYS atinge
valores de RS sempre inferiores aos do programa PILE99 e encontra uma maior diferença
111

no espaçamento entre as curvas. Em comparação a Figura 6.12, nota-se que o aumento do


carregamento interfere diretamente no valor de RS, aumentando-o.

3,00

2,50

2,00

1,50
RS

1,00 Quatro estacas carregadas (PILE99)


Quatro estacas carregadas (ANSYS)
D=0,2m Nove estacas / quatro carregadas (PILE99)
0,50 Nove estacas / quatro carregadas (ANSYS)
s =0,5m
Quatro estacas carregadas (Poulos)
s/D=2,5
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

Figura 6.13 – Comparação da razão de recalque (RS) x L/D de um grupo de quatro estacas
e outro de nove, analisados pelos programas ANSYS e PILE99, para s/D=2,5 e D=0,2m.

A Figura 6.14 traz RS x L/D, de um grupo de cinco estacas com três carregadas,
conforme Figuras 4.20 (b) e 5.27 (b), para D=0,2m e dois valores de s/D iguais a 2,5 e 5,0.

2,5

2,0

1,5
RS

1,0
D=0,2m PILE99 - s/D = 2,5
ANSYS - s/D = 2,5
0,5
PILE99 - s/D = 5,0
ANSYS - s/D = 5,0

0,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
L/D

Figura 6.14 – Comparação da razão de recalque (RS) x comprimento relativo (L/D) de um


grupo de cinco estacas sendo três carregadas em comparação aos programas ANSYS e
PILE99, para D=0,2m e s/D igual a 2,5 e 5,0.
112

Verifica-se, na Figura 6.14, que o aumento do espaçamento causa uma redução


no valor de RS. Novamente, o programa ANSYS apresenta valores de RS sempre inferiores
aos do programa PILE99.
Por último, nas Figuras 6.12 a 6.14, observa-se em todos os casos, uma variação
de RS em função de L/D, aumentando para estacas curtas (L/D < 30), e invertendo a
tendência após este patamar.
113

CAPÍTULO VII
CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Esta pesquisa buscou estudar ferramentas avançadas, fundamentadas no MEC e


MEF, utilizadas na análise do comportamento da interação solo-estrutura em fundações
estaqueadas. Foram simulados grupos com diversas geometrias e diferentes posições de
carregamento, assim como estacas com variados diâmetros, comprimentos e espaçamentos.
As estacas foram submetidas a um carregamento axial e, juntamente com o solo,
considerados como materiais linear-elásticos, isotrópicos e homogêneos.

7.1 CONCLUSÕES

Apresentam-se, a seguir, as principais observações e conclusões obtidas no


decorrer deste trabalho:
- No caso da estaca isolada as duas metodologias proporcionaram recalques
semelhantes, o que não ocorreu para os grupos de estacas.
- O programa PILE99, fundamentado no MEC, encontrou resultados muito
semelhantes para recalque de grupos distintos com o mesmo número de estacas carregadas.
Assim, concluí-se que o programa não leva em consideração o fato de existir estacas
circunvizinhas sem carga, só interessando a interação entre os pontos carregados. Deste
modo, levando em consideração que o programa PILE99 obteve resultados muito próximos
em comparação aos outros trabalhos clássicos da Literatura, como o de Butterfield &
Banerjee (1971), pode-se concluir que o mesmo raciocínio é utilizado na forma de simular
as estacas no maciço de solo. Assim, é de se esperar que a maioria destes programas, que
foram validados nestes trabalhos, alcance resultados semelhantes aos encontrados pelo
programa PILE99.
- No caso do programa ANSYS, baseado no MEF, é evidente a influência das
estacas intermediárias descarregadas, que funcionam como intrusões rígidas diminuindo o
recalque induzido na vizinhança.
- Os valores obtidos para o fator de interação (α) e para a razão de recalque (RS)
seguiram as mesmas tendências apresentadas por Poulos & Davis (1980), porém os
114

resultados de α e RS encontrados pelos programas PILE99 e ANSYS foram


sistematicamente inferiores aos de Poulos & Davis (1980).
- As análises de grupos de estacas pelo MEF alcançaram sistematicamente
menores recalques do que o MEC, indicando que a presença das estacas circunvizinhas
introduzidas no maciço de solo melhoram o desempenho do sistema estacas-solo.
- As diferenças entre os resultados dos dois métodos de análise foram
consideráveis, superando as variações encontradas em função do aumento do espaçamento
relativo (s/D) entre as estacas.
- No caso dos programas fundamentados no MEF, como ANSYS, deve-se ter o
cuidado na escolha no tipo de elemento e refinamento da malha, para não vir a alcançar
resultados desproporcionais com a realidade do problema estudado.
Por fim, alerta-se ao cuidado necessário que se deve tomar ao comparar
resultados de interação entre estacas, obtidos por diferentes métodos numéricos. Ao se
retro-analisar resultados experimentais de grupos de estacas com ferramentas distintas
chegar-se-á a diferentes propriedades para o solo, principalmente para o módulo de
elasticidade do solo (Es), a fim de que se obtenha os mesmos resultados do caso analisado.

7.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Fundamentados nos estudos realizados, propõe-se que:


- Sejam feitas simulações com diferentes programas baseados nos MEF,
buscando investigar a interferência do tamanho do domínio vertical em relação ao
comprimento da estaca;
- Utilizar outras formas de carregamento, como carga horizontal e momentos,
para avaliar a interferência causada em grupo de estacas;
- Considerar no solo e nas estacas um comportamento não linear, analisando a
interface e estratificando o solo para estudar os efeitos que possam ocorrer;
- Realizar testes experimentais em grupos de estacas, de modo a estudar através
destas ferramentas numéricas um caso real, buscando avaliar a melhor alternativa de
solução para fundações estaqueadas.
115

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120

ANEXO A

GRÁFICOS DE POULOS & DAVIS (1980)


121

Valores de db/d

Para L/d = 100


I1 = 0,0254
Para 3≥ db/d ≥ 1

Figura A.1 – Fator de influência para estacas incompressíveis.


122

Valores de L/d

K
Figura A.2 – Fator de correção devido à compressibilidade do material da estaca.
123

Valores de L/d

Figura A.3 – Fator de correção devido à presença do estrato rígido.


124

Valores de K Valores de K

Valores de K
Valores de K

Valores de K

Figura A.4 – Fator de correção da estaca sobre o estrato rígido.


125

Figura A.5 – Fator de correção para o coeficiente de Poisson do solo.

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