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1. Introdução à Lógica II
O que é argumentar?
Tomemos atenção nas seguintes questões:
Porque será o Homem um ser mortal? Quem criou o Homem? De onde viemos e para onde vamos? Será a democracia a melhor forma de
governo? O que significa ser livre no mundo moderno?
Estas e muitas outras perguntas constituem questões sobre as quais o Homem pensa e as quais procura dar respostas. Ao responder-lhes, o
Homem constrói argumentos que podem ser verdadeiros ou falsos, convincentes ou não e, por vezes, enganosos, uma vez que o ser humano não
era apenas em relação a informação de que dispõe, como também no seu próprio pensamento.
Por exemplo, em pleitos eleitorais os candidatos apresentam as suas razões que justificam o seu voto dizendo: “votem em mim porque eu sou
bonito, simpático, filho desta terra, de uma família rica e influente na zona, etc.”. Estas rezões podem não ser suficientes para convencer o
eleitorado a votar nele. Daí a importância da lógica, oferece critérios ou princípios e regras com base na lógica, não só distinguimos os
argumentos válidos dos inválidos. E compreendemos porque razão os mesmos argumentos são correctos ou incorrectos. Portanto, a
argumentação é, em primeiro lugar, uma questão de conhecimento, o que implica procurar informações seguras, trocar e confrontar
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A vida sem busca não é digna de ser vivida
justificações, comparar e avaliar razões. Estas razões podem ser boas ou más, as razões pertinentes e não pertinentes, relevantes e não
relevantes.
Argumentar é fornecer argumentos ou razões que sejam a favor ou contra uma determinada tese. Assim definida, a argumentação constitui um
acto, por um lado, de pensamento e de discurso, o que implica a produção de proposições, ou seja, enunciados, teses e opiniões, que requer
justificações e provas demonstrativa e, enquanto tal, é o objecto do estudo da lógica. Por outro lado, a argumentação constitui um acto de
comunicação em que um interlocutor procura não só expor, como também partilhar com o seu público-alvo, as suas ideias ou opiniões sobre
determinados assuntos; é com efeitos, a arte de persuadir e convencer um dado auditório. Assim, enquanto tal, a argumentação é um acto
comunicacional, utilizando um discurso argumentativo e também a retórica.
Este jogo comunicacional sendo dialéctico, não implica nenhuma eliminação dos contrários. Quem entra neste jogo, deve estar preparado para
não ganhar sempre, admitindo a possibilidade de a outra parte ter argumentos mais valiosos do que os seus. Daí que se acrescenta as máximas da
lógica:
• A máxima da cooperação – prestar informação suficiente sobre a sua argumentação, não fugir às responsabilidades, clarificar os argumentos e
dar provas materiais e imateriais, etc.
• A máxima da pertinência- falar do essencial sobre o seu assunto, não fugir o tema, evitar manobras dilatórias ou argumentos falaciosos;
• A máxima de relevância – concentrar-se no que é certo e efectivamente do interesse do tema.
Por fim, não esquecermos que a argumentação seja uma questão da linguagem. Não basta que seja mais informado sobre o assunto, pois, um
informado poderá acabar por ser vencido por outros mais hábeis na formulação das questões. Não basta ter razão, é também necessário saber
formular a questão com alguma habilidade na arte da palavra de modo a deixar audiência clara e distinta sobre o assunto em exposição.
O discurso filosófico é, por sua vez, um discurso comunicacional que utiliza os raciocínios argumentativos. Em suma, na argumentação, a
produção de proposições ou enunciados é um processo que está ligado a princípios e regras lógicas, o que nos permite a aprender a argumentar
de forma coerente e, consequentemente, de forma correcta. Por isso, a filosofia interessa-se pela argumentação uma vez que ela constitui matéria
de investigação e reflexão e é, também a forma particular do seu discurso.
Argumentação e demonstração
Para além de ser um discurso que visa partilhar e expor argumentos com o público-alvo, a argumentação tem também como objectivo fornecer
argumentos de carácter persuasivo, e por isso, a argumentação comunicacional persuasiva distingue-se da demonstração. Na argumentação, ao
fornecermos argumentos recorremos à retórica e não se trata de um monólogo, mas sim, de um diálogo comunicativo, no qual pretendemos
persuadir um auditório, que reconhecemos como nosso interlocutor e do qual esperamos adesão: trata-se de um acto pessoal dirigido a
indivíduos.
A demonstração é por sua vez, um processo acima de tudo impessoal, cuja validade depende unicamente das deduções efectuadas: é um
processo independente do sujeito e orador e diz respeito à validade de uma conclusão que parte das premissas com que se relaciona.
O que é persuasão?
Trata-se de um discurso que:
- Recorrendo a sedução apela mais ao sentimento, ao coração, ao inconsciente do que a razão, utiliza argumentos passionais ou preferenciais;
- Tem por objectivos tornar algo apetecível, desejável, agradável, por isso, a sua função é, além de impor um desejo, criar uma necessidade de
forma fictícia. Ex.: vive e ajuda a viver! etc.
Exercício
1. O que entendes por argumentar?
2. Diferencie a argumentação da demonstração.
3. Por que razão a filosofia se interessa pelo discurso argumentativo?
Estrutura do juízo
Atente-se no seguinte juízo ou proposição: Alguns moçambicanos são hospitaleiros
Analisando este juízo, verificamos que apresenta três elementos: sujeito, predicado e a cópula, sendo que:
Sujeito (S) - é aquilo acerca do qual se afirma ou se nega algo. Trata-se da coisa de que se fala ou de quem se fala. No exemplo anterior, o sujeito
é o conceito “moçambicanos”.
Exercício
4. Distingue, nos seguintes enunciados as proposições das não5. 5.Introduz o verbo ser nas proposições seguintes.
proposições.
a) O a) Mataka navega sobre as águas do lago Niassa.
a) Empresta-me o teu caderno de Filosofia!
b) A b) essência não muda.
b) Noémia de Sousa é escritora e Lurdes Mutola é atleta.
c) Ec) Estela vende peixe.
c) O meu nome Nguenha, Malangatana Valente.
d) O d) desporto educa.
d) Algumas cobras voam.
6. Apresenta os juízos seguintes na forma padrão do juízo categórico (quantificado, sujeito, cópula e predicado).
a) Os macuas falam língua macua.
b) Certos Bitongas falam macua.
c) Não há animais imortais.
d) É proibido proibir
e) Se estranho não entra.
f) Qualquer trapézio é um polígono.
g) Existem Bitongas que são avarentos.
Particular – quando o predicado se aplica apenas a uma parte do sujeito, ou sujeito é tomado em parte da sua extensão.
Ex.: Alguns filósofos são professores.
Alguns moçambicanos são médicos.
A Maria é costureira.
Convém notar que as proposições singulares referem-se a universos constituídos por um só indivíduo no conjunto de tantos os outros, isto é,
universos particularizados. Por isso, as proposições singulares são redutíveis a proposições particulares.
Negativos – quando o predicado não convém ao sujeito, a cópula indica que o predicado não é aplicável ao sujeito.
Quanto àcompreensão do Sujeito, a inclusão ou não inclusão do predicado no sujeito, os juízos podem ser analíticos e sintéticos.
Analítico - aqueles cujo o predicado faz parte essencial da compreensão do sujeito. Ex.: O homem é mortal.
Sintético – aqueles cujo predicado não faz parte essencial da compreensão do sujeito. O predicado exprime algo acidental que se junta a ideia do
sujeito.
Ex.: João está doente.
Bitongas são avarentos.
Categóricos – quando há afirmação ou negação sem reservas. Exprime uma correspondência clara.
Ex.: Data de nascimento.
Assertórios – quando enuncia uma verdade de facto, embora não necessária logicamente.
Contingentes – quando o predicado convém de facto ao sujeito, mas poderia também não convir.
Para formalizar este juízo, substituem-se os termos do mesmo por letras ou símbolos e obtém-se a forma de proposição:
Sujeito Cópula Predicado
S é/não é P
As formas “S” e “P” são utilizadas em substituição do sujeito e predicado de qualquer proposição, independentemente do conteúdo da mesma. (S
é P / S não é P)
As proposições categóricas/juízos no que se refere à quantidade e à qualidade, classificam-se em:
Observa:
Ou por outra:
Se a proposição é Afirmativa o predicado vai ser Particular.
Se a proposição é Negativa o predicado vai ser Universal.
Sujeito Sujeito
Universal Particular Observa o quadro:
Predicado Particular A I
Predicado Universal E O
Exercício
7. Classifica os juízos seguintes quanto à qualidade e quantidade.
a) Os maputenses são africanos.
b) Nenhum anarquista é respeitador da lei.
Raciocínio e argumento
Nas actividades reflexivas, o princípio é sempre o de tentar partir de uma base já dada, para descobrir-se algo desconhecido, mas que será
necessariamente a sua conclusão.
A terceira operação elementar da mente é o raciocínio. Tal como a expressão verbal do conceito é o termo, do juízo é a proposição, assim também
do raciocínio se chama de argumento.
Pode-se definir o raciocínio como a operação mental a partir da qual passamos de juízos conhecidos para um ou mais juízos novos até então
desconhecidos e que são o seu fim lógico.
Portanto, o argumento é, pois, a relação existente entre as diversas proposições que constituem um raciocínio.
O raciocínio é também sinónimo de inferência. Abordando as proposições isoladamente, não tem um valor em si mesmas, mas podemos passar de
uma para outra.
O processo de chegar a uma ideia que está ausente a partir de uma base de que se dispõe, é a inferência.
A inferência é o processo mental (raciocínio) que a partir da qual, partindo de uma ou mais proposições, se passa para outra, ou outras, cuja
conclusão lógica ou verdade resulta da verdade das premissas.
Ou ainda, podemos entender a inferência como o movimento do pensamento que liga a(s) premissa (s) à conclusão.
Exemplo de inferências:
Ex1.:
Todos os filósofos são (1ª
tolerantes. premissa)
Logo, Alguns tolerantes (Conclusão)
são filósofos.
Ex2.:
Imediata – consiste em obter directamente uma nova proposição a partir de uma proposição dada e apenas com termos que a constituem.
Ex.: Todos os mamíferos são vertebrados” podemos inferir que“
Alguns vertebrados são mamíferos”.
Oposição de uma proposição consiste em inferir de uma dada proposição uma outra que difere-se da primeira em quantidade e qualidade, mas
mantenha o mesmo sujeito e o mesmo predicado.
Contrárias: (A e E) – são duas proposições universais que, tendo os mesmos termos, diferem pela qualidade, isto é, uma é afirmativa e a outra é
negativa.
Ex.: Todo o portista é consciente (A) / Nenhum portista é consciente (E)
Todo casal é fiel (A) / Nenhum casal é fiel (E)
Subcontrárias: (I e O )– são duas proposições particulares que, tendo os mesmos termos, diferem pela qualidade, isto é, uma é afirmativa e a
outra é negativa.
Ex.: Alguns benfiquistas praticam desporto(I) / Alguns benfiquistas não praticam desporto (O)
Alguns casados são fiéis (I) / Alguns casados não são fiéis (O)
Subalternas: (A e I;EeO) – são duas proposições que, tendo a mesma qualidade, diferem-se pela quantidade, isto é, uma é universal e a outra é
particular.
Contraditórias:(A e O;EeI) – sãoduas proposições que, tendo o mesmo sujeito e o mesmo predicado, diferem simultaneamente em qualidade e
quantidade.Isto é, uma universal, a outra particular.
Ex.: Todos os casados são fiéis (A) / Alguns casados não são fiéis (O)
Nenhum homem é justo (E) / Alguns homens são justos (I)
A Contrárias E
Contraditórias
I Subcontrárias O
Leis da Oposição
Dada uma proposição, verdadeira ou falsa, é possível inferir a partir dela, mediante o conhecimento de certas regras, a verdade ou falsidade de
outra proposição.
Lei das contrárias: (AE) – Duas proposições contrárias não podem ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo, mas podem ser ambas falsas, se uma
é verdadeira, a outra deve ser falsa; mas se uma é falsa, a outra é indeterminada.
Ex.: Todos os Homens são bípedes (A) - V / Nenhum Homem é bípede (E) – F
Todos os casados são fiéis (A) – F / Nenhum casado é fiel (E) – V/F ou ?
Lei das subcontrárias: (IO) - Duas proposições subcontrárias não podem ser ambas falsas ao mesmo tempo, mas podem ser ambas verdadeiras,
se uma é falsa, outra deve ser verdadeira, mas se uma é verdadeira, a outra é indeterminada.
Ex.: Alguns casados são fiéis (I) – F / Alguns casados não são fiéis (O) - V
Algumas mulheres são justas (I) – V / Algumas mulheres não são justas (O) – V/F ou ?
Lei das subalternas: (AI; EO) – Duas proposições subalternas serão ambas verdadeiras se a universal for verdadeira. Serão ambas falsas se a
particular for falsa. Mas, a falsidade da universal não implica a falsidade da particular e, a verdade da particular não implica a verdade da
universal.
Ex.: Nenhum casado é fiel (E) – V / Alguns casados não são fiéis (O) – V
Nenhum casado é fiel (E) – F / Alguns casados não são fiéis (O) – V/F ou ?
Alguns professores são advogados (I) –F / Todos os professores são advogados (A) - F
Alguns professores são advogados (I) – V / Todos os professores são advogados (A) – V/F ou ?
Lei das contraditórias: (AO; EI) – Duas proposições contraditórias não podem ser verdadeiras nem falsas ao mesmo tempo. Se uma é
verdadeira, a outra deve ser falsa e, vice-versa.
Ex.: Toda circunferência é redonda (A) – V / Alguma circunferência não é redonda(O) - F
Toda circunferência é redonda (A) – F / Alguma circunferência não é redonda (O) - V
Algum cientista é preguiçoso (I) – F / Nenhum cientista é preguiçoso (E) - V
Algum cientista é preguiçoso (I) – V / Nenhum cientista é preguiçoso (E) – F
Podemos resumir em tabela, as leis que regem as relações de oposição entre as proposições.
Relação de oposição Valores de verdade
Contrárias A(V) – E(F) E(V) –A(F)
(A-E) A (F) – E (V/F ou ?) E(V) – A(V/F ou ?
Subcontrárias I(V) – O(V/F ou ?) O(V) – I(V/F ou ?)
(I-O) I(F) – O(V) O(F) – I(V)
Subalternas A(V) – I(V) I(V) – A(V/F ou ?)
(A-I;E-O) A(F)- I(V/F ou ?) I(F) – A(F)
E(V) – O(V) O(V) – E(V/F ou ?)
E(F) – O(V/F ou ?) O(F) – E(F)
Exercício
8. Identifica as relações de oposição presente nos seguintes pares de proposições.
a) Alguns jovens adeptos de moçambola gostam de violência / Existem jovens que não são adeptos de moçambola que gostem de violência.
b) As mulheres são criaturas sensíveis. / Há mulheres que são criaturas sensíveis.
c) Todos os criminosos são cobardes. / Nenhum criminoso é cobarde.
d) Todos os corvos são pretos. / Há corvos que não são pretos.
10. Demonstre que, sendo falso que “Nenhum militar é cobarde”, é verdade que “Alguns militares são cobardes”.
11. Considere a seguinte proposição: “Nenhum agente da lei e ordem é leal à pátria”.
a) Altera, simultaneamente, a quantidade e qualidade da proposição apresentada.
b) Determina a relação de oposição estabelecida entre a proposição obtida em “a” e a proposição inicial.
c) Considerando a proposição inicial de falsa, indica o valor lógico da proposição obtida em “a”. Justifica a tua resposta.
12. Partindo da proposição “Todos os sábios são poderosos”. Infere por oposição as proposições, se possível.
a) Subalternas;
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b) Subcontrárias;
c) Contrárias;
d) Contraditória.
De acordo com as suas características, as proposições podem ser convertidas de diversas maneiras:
Ex.: Nenhum africano é europeu (E), converte-se em, Nenhum europeu é africano (E)
Certos filósofos são pedagogos (I), converte-se em, Certos pedagogos são filósofos (I)
Ex.: Todas as crianças são alegres (A), converte-se em, Algumas alegres são crianças (I).
Ex.: Todos os políticos são corruptos (A), converte-se em, Todos os não corruptos são não políticos (A).
Alguns políticos não são corruptos (O), converte-se em, Alguns não corruptos não são não políticos (O).
Exercício
13. Para cada uma das proposições, realiza a sua conversão e indica o tipo de conversão que realizaste.
a) Os pássaros não são animais com quatro patas.
b) Não há moçambicano que seja homem terrorista.
c) Nenhum círculo é quadrado.
d) Qualquer manual escolar é um livro educativo.
e) Há pelo menos um moçambicano que é filósofo.
f) As crianças são criaturas amáveis.
g) Nem todos os jovens gostam da música tradicional africana.
15. Das proposições seguintes, indica as que podem ser objecto da conversão simples.
Não é possível fazer observações em todos os moçambicanos e em todos os metais. Pensemos nos moçambicanos que serão nascidos no futuro e
os metais que futuramente serão descobertos.
A Indução é este tipo de raciocínio que se caracteriza pela formulação de enunciados gerais a partir de observações particulares de um caso, ou
seja, partindo do particular para o mais geral, ou de observação de alguns fenómenos para a formulação de uma lei geral.
Por isso, pode concluir-se que a indução é um tipo de raciocínio em que as premissas podem ser verdadeiras e a conclusão pode não ser
necessariamente, mas sim, provavelmente verdadeira. Os enunciados científicos são gerais, são validos para todos e cada um dos elementos de
uma classe considerada. Contudo, estes são inferidos com base na observação empírica de apenas alguns casos.
Exercício
16. A indução, a dedução e analogia, são três tipos de raciocínios completamente diferenciados.
a) Em que consiste cada um deles?
1.5. O Silogismo
A palavra “silogismo” é composta por duas outras palavras de origem grega Syn (com) e Logos (discurso), significando assim, discurso composto
ou ainda cálculo.
Segundo Aristóteles, o silogismo é uma forma de inferência mediata ou raciocínio dedutivo formado por três proposições, sendo as duas primeiras
designadas de premissas e a terceira por conclusão. Em seguida trataremos dos silogismos categóricos e hipotéticos respectivamente.
1.5.2. Silogismos Categóricos
Estrutura e material do silogismo
Todo o silogismo categórico é formado por três proposições ou juízos, sendo duas premissas, uma maior, a outra menor e uma conclusão.
Neste caso, convém salientar que as premissas e a conclusão são todas proposições universais afirmativas (A); todavia, cada uma delas poderia ser
de um outro tipo: Universal negativa (E), particular afirmativa (I) ou, ainda, particular negativa (O).
Premissa maior – é a proposição que contém o termo maior ou predicado da conclusão, para além do termo médio. Em geral, trata-se da primeira
proposição. Do silogismo anterior, a premissa maior é: “Todos os moçambicanos são orgulhosos.”
Premissa menor – é a proposição que contém o termo menor ou o sujeito da conclusão e o termo médio. Trata-se da segunda proposição. Ainda do
silogismo anterior, a premissa menor é: “Todos os macuas são moçambicanos.”
Conclusão– é a proposição que contém os termos maior e menor. O sujeito da conclusão é o termo menor e o predicado é o termo maior. Do
silogismo anterior, a conclusão é: “Todos os macuas são orgulhosos”
Nas três proposições do silogismo anterior, surgem apenas três termos: Termo maior: “orgulhosos”, Termo menor:“macuas” e Termo médio:
“moçambicanos”.
Termo Maior (T) ou (P) –Éaquele que tem a maior extensão e é sempre o predicado da conclusão. Por isso, pode representar-se com a sigla “P”, que
designa a função de predicado da conclusão, além de “T” maiúsculo.
Termo Menor (t) ou (S) – É aquele que tem menor extensão, e é sempre sujeito da conclusão. Por isso, além da letra “t” minúsculo pode representar-
se pelo “S”, que indica essa função do sujeito na conclusão.
Termo Médio (M) –É aquele cuja extensão é intermediária entre o termo maior e o menor. Ou seja, este termo serve de comparação entre os termos
maior e o menor e, por isso, se repete nas premissas e não consta na conclusão. A sua sigla é “M”.
Ex.:
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{O moçambicano (M) é homem (P)
Antecedente: {O Jaimito (S) é moçambicano (M)
As proposições e os termos constituem a matéria do silogismo. Os termos são matéria remota e as proposições são a matéria próxima. A
configuração que o silogismo toma em virtude das relações que se assume as proposições e os termos constituem a forma do silogismo.
Quanto a matéria, os juízos que formam o raciocínio serão verdadeiros ou falsos.
Quanto a forma, o silogismo será correcto ou incorrecto.
Princípios do Silogismo
Os princípios de silogismos são os fundamentos e garantes das possibilidades da coerência de pensamentos. A sua observância permite a formulação
correta e lógica do raciocínio. Assim, podemos falar de dois princípios fundamentais do silogismo. De compreensão e de extensão.
Princípio de compreensão – duas ideias que convém uma terceira, convém entre si; duas ideias das quais uma convém a outra não a uma terceira,
não convêm entre si. Isto é, duas coisas iguais a uma terceira, são iguais entre si.
Ex.:
Princípio de extensão – tudo que se afirma ou nega universalmente de um sujeito, afirma-se ou nega-se do que está contido na extensão desse
sujeito; o que se afirma ou nega de todo afirma-se ou nega-se das partes.
Ex.: se afirmarmos que “Todos os moçambicanos são orgulhosos”, consequentemente afirmamos que os “maputenses, macuas, os beirenses, os
ndaus, e cada um dos moçambicanos são orgulhosos”.
Regras do Silogismo
2 – Nenhum termo deve ter maior extensão na conclusão do que nas premissas.
Ex.: Os moçambicanos são africanos
Ora, Os angolanos não são moçambicanos
Logo, Os angolanos não são africanos.
3 – O termo médio deve ser tomado, pelo menos uma vez universal.
Ex.: Todos os africanos são generosos.
Ora, Alguns generosos são feiticeiros.
Logo, Os africanos são feiticeiros.
Exercício
18. Descobre os termos maior, menor e médio dos silogismos seguintes.
a) Alguns homens honrados são pacíficos.
Ora, Os pacíficos são amantes da Natureza.
Logo, Alguns amantes da natureza são homens honrados.
19. Analisa a legitimidade dos seguintes silogismos. Se existir ilegitimidade, indica a regra ou as regras infringidas.
a) Os moradores de Chitima são alvo de envenenamento.
Ora, Algumas crianças moçambicanas são deChitima.
Logo, Algumas crianças moçambicanas são alvo de envenenamento.
b) As orquídeas enfeitam o jardim Tunduro. Logo, Algumas mulheres moçambicanas c) Nenhum educador é sensível à causa
Ora, Algumas orquídeas são mulheres enfeitam o jardim Tunduro. humana.
moçambicanas. Ora, Alguns educadores são professores.
1ª Figura:Sub - Prae
O termo médio é o sujeito da primeira premissa e o predicado na
segunda.
2ª Figura: Prae - Prae
O termo médioé o predicado nas duas premissas.
Representando o termo médio por letra M, o maior por letra P e, o Ex.: A P M
menor por letra S. Toda mulher é mãe. P - M E S M
Ex.: João não é mãe. S - M E S P
Todo ser vivo se alimenta. M A M P - P João não é mulher. S -P
Ora, Todo o vegetal é um ser vivo. S - A S M M
Logo, Todo o vegetal se alimenta.S A S P - P
3ª Figura: Sub - Sub O termo médio é sujeito nas duas premissas.
Modos do silogismo
Chama-se modo do silogismo a cada uma das formas que o silogismo pode tomar nas diferentes figuras em virtude da quantidade e qualidade das
proposições. Como sabemos, há quatro tipos de proposições:
A – Universal Afirmativa; E – Universal negativa; I – Particular Afirmativa e O – Particular Negativa.
Jogando com todas as possibilidades de combinações das proposições universais (A, E) e particulares (I, O) obteremos 64 (16 x 4) modos em cada
proposição. E das 4 proposições obtermos 256 modos possíveis. Destes 19 modos são válidos e 4 modos perfeitos.
O século XIII, o filósofo Português PEDRO HISPSNO, mais conhecido por Papa João XXI, para facilitar os alunos a tarefa de memorização e
estudo, resolveu designar por palavras latinas de três sílabas os modos válidos. São os seguintes.
1ª Figura – Barbara, Celarent, Darii, Ferio;
2ª Figura – Baroco, Cesare, Camestres, Festino;
3ª Figura – Bocardo, Darapti, Disamis, Datisi, Felepton, Ferison;
4ª Figura – Barmantip, Camenes, Dimaris, Fesapo, Fression.
Eis o exemplo de algumas demonstrações de todos modos válidos para cada uma das figuras.
1ª Figura
BARBARA OAlguns animais não são mamíferos. FESTINO
A Todo ser vivo se alimenta. E Nenhum santo é orgulhoso.
A Ora, Todo o vegetal é um ser vivo. 2ª Figura IOra, Algum reformado é orgulhoso.
A Logo, Todo o vegetal se alimenta. BAROCO OLogo, Algum reformado não é santo.
A Todo o tolo é enfadonho.
CELARENT O Ora,Algum tagarela não é enfadonho.
E Nenhum homem odeia a vida. O Logo, Algum tagarela não é tolo.
A Ora, Todo o desesperado é homem.
E Logo, Nenhum desesperado odeia a vida. CESARE
3ª Figura
E Nenhum homem cruel está em paz.
BOCARDO
DARII A Ora, Todo santo está em paz.
O Algum ministro não é honesto.
A Todos os gatos são mamíferos. ELogo, Nenhum santo é homem cruel.
A Todo o ministro é poderoso.
I Alguns animais são gatos.
O Algum poderoso não é honesto.
I Alguns animais são mamíferos. CAMESTRES
A Todo o invejoso é cruel.
DARAPTI
FERIO EOra, Nenhum santo é cruel.
A Todo estudante é homem inteligente.
E Nenhum peixe é mamífero. ELogo,Nenhum santo é invejoso.
A Todo o estudante é pesquisador.
IAlguns peixes são animais.
I Algum pesquisador é inteligente.
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A vida sem busca não é digna de ser vivida
I Ora, Algum ambicioso é filantropo. E Ora, Nenhum ridículo é inteligente..
O Logo, Algum filantropo não E Logo, Nenhum inteligente é orgulhoso.
DATISI desinteressado.
A Todo o animal é corpóreo. DIMARIS
I Ora, Algum animal é ser inteligente. FELAPTON I Alguns professores são casados.
I Logo, Algum ser inteligente é corpóreo. E Nenhum crocodilo é amigo do homem. A Ora, Todos os casados são felizes.
A Ora, Todo crocodilo é animal. I Logo, Alguns felizes são professores.
O Logo, Algum animal não é amigo do
homem. FESAPO
E Nenhum homem é quadrúpede.
DISAMIS 4ª Figura AOra, Todo quadrúpedes é animal.
I Algum rico é misericordioso. BRAMANTIP O Logo, Algum animal não é homem.
A Ora, Todo o rico é um homem temido. ATodo o rico é orgulhoso.
I Logo, Algum homem temido é A Todo o orgulhoso é solitário. FRESISON
misericordioso. IAlguns solitários são ricos. E Nenhum moçambicano é milionário.
I Ora, Alguns milionários são africanos.
FERISON CAMENES O Logo, Alguns africanos não são
E Nenhum ambicioso é desinteressado. A Todo o orgulhoso é ridículo. moçambicanos.
Exercício
Logo, Os animais batráquios não comem cenoura.
21.Considere o seguinte silogismo.
Nenhum batráquio come cenouras. a) Recorrendo às regras do silogismo validos, diz por que motivo a
Ora, Alguns animais são batráquios. conclusão deste silogismo não é valida.
Trata-se de um silogismo da segunda figura, ao reduzirmos para a primeira figura, devemos ter em conta a consoante inicial “C”do modo Cesare,
que indica, este silogismo deve reduzir-se ao modo Celarent da primeira figura. Em seguida, devemos olhar para as consoantes interiores, referimos
de S, P e M. Mas, para o silogismo em causa, apenas temos a letra S como consoante interior, logo, devemos fazer a conversão simples da
proposição que antecede a consoante “S”. Assim, teremos o seguinte silogismo:
E Nenhumavegetal é pedra.
A Ora, Toda planta é vegetal.
E Logo, Nenhuma planta é pedra.
Este silogismo também deve reduzir-se ao modo Cesare, deveu-se a consoante inicial do modo Camestres, em seguida olhemos as consoantes
interiores e seguirmos as regras das mesmas, que no modo camestres apenas temos as consoantes como S e M. Assim teremos:
Ao reduzirmos este modo do silogismo, também devemos ter em conta a consoante inicial do modo, a letra B, que indica que a redução deve ser
feita para o modo Barbara da primeira figura. Quanto as consoantes interiores, apenas temos a letra M, que é a permuta das proposições que estão
entre a consoante M. Temos ainda, letra P, que indica a conversão por limitação da proposição que precede a consoante P. Mas, a proposição que é
precedida pela consoante P, já se encontra convertida por limitação, o que devemos fazer é reencontrar a proposição inicial, que é do tipo A. Assim,
teremos:
Reduz-se para:
Barbara, da 1ª Figura
Exercício
25. Descobre a figura e o modo do silogismo, em seguida reduz para a primeira, se for possível.
a) Todos os homens são racionais. Ora, Todos os casados são felizes. f) Nenhum crocodilo é amigo do homem.
Ora, Todos os homens são animais. Ora, Todo crocodilo é animal.
Logo, Todos os animais são racionais. Logo, Algum animal não é amigo do
d) Nenhum homem é quadrúpede. homem.
b) Todos os moçambicanos são Ora, Todo quadrúpede é animal.
hospitaleiros. Logo, Algum animal não é homem.
Ora, Alguns beirenses não são hospitaleiros.
Logo, Alguns beirenses não são e) Nenhum ambicioso é desinteressado.
moçambicanos. Ora, Algum ambicioso é filantropo.
Logo, Algum filantropo não desinteressado.
c) Alguns professores são casados.
Logo, Alguns felizes são professores.
Os silogismos Categóricos como jádissemos, são aquelas cujas premissas afirmam ou negam simplesmente.Em seguida tratemos dos silogismos
irregulares.
Silogismos CategóricosIrregulares
São aqueles silogismos constituídos por mais ou menos de três proposições ou termos. Por isso, esta espécie de silogismo é desprovida de estrutura.
Eintimema- é um silogismo simplificado pela omissão de uma das premissas, que se subtende facilmente.
Ex1: Os homens são mortais.
Logo, Pedro é homem
Ex2: eu penso.
Logo, existo.
Aqui podemos verificar que no exemplo 1, está subtendida a premissa menor que estaria patente no silogismo “Pedro é mortal”. O mesmo acontece
no exemplo 2, está subtendida a premissa maior “O que pensa, existe”.
Epiquerema– é um silogismo em que uma ou ambas premissas contêm as respectivas provas ou justificações. Embora com três proposições, os
seus termos são excessivos.
Polissilogismo – é um encadeamento de dois ou mais silogismos. Ordenados de tal modo que a conclusão do primeiro seja a premissamaior ou
menor do silogismo seguinte, chamando-se por isso de polissilogismo progressivos ou regressivos respectivamente. No mínimo, o polissilogismo
apresenta cinco proposições.
Sorites - é um silogismo que tem pelo menos quatro proposições de tal modo entrelaçadas, há sorites progressivos e sorites regressivos ou
aristotélicos.
Nos sorites progressivos, o sujeito da primeira premissa aparece como o predicado da segunda; o sujeito da segunda premissa aparece com o
predicado da terceira e assim sucessivamente. Na conclusão, une-se o sujeito da última premissa e o predicado da primeira premissa.
Nos sorites regressivos ou aristotélicos, o predicado da primeira proposição é sujeito da segunda; o predicado da segunda é sujeito da terceira; assim
sucessivamente, na conclusão, une-se o sujeito da primeira premissa e o predicado da última premissa.
Silogismos hipotéticos
São os silogismos cuja premissa maior não afirma nem nega da maneira absoluta. A maior apresenta uma alternativa; na menor afirma-se ou nega-se
uma das partes da alternativa.
Por isso, a premissa maior de um silogismo hipotético é sempre constituída por uma proposição molecular (por duas ou mais proposições simples)
cuja ligações são feitas por conectivas, “se…então”, “…e…”, “…ou…” Em virtude disto, os silogismos hipotéticos são também chamados de
silogismos compostos.
Os silogismos hipotéticos podem ser: condicional, disjuntivo, conjuntivo e dilema.
Condicional – aquele cuja premissa maior estabelece uma condição dividida em duas partes (condição e condicionado). Este compreende dois
modos:
Ex1: Se a terra é um planeta,então move-se. (p→q) Ex1: Se tenho malária, então estou doente. (p→q)
Ora a Terra é um planeta. (p) Ora, não estou doente. (não q)
Logo, a Terra move-se. (Logo, q) Logo, não tenho malária. (Logo, não p)
Ex2: Se João frequenta a Escola, é estudante. (p→q) Ex2: SeMatavele estudou, passa de classe. (p→q)
João frequenta a Escola. (p) Ora, não passa de classe. (não q)
Logo, João é estudante. (Logo, q) Logo, Matavele não estudou. (não p)
Exemplo da 2ª regra:
Se tenho malária, então estou doente.
Ora, não tenho malária.
dr Baptista e G-mundo-g Página 41
A vida sem busca não é digna de ser vivida
Logo, …
Disjuntivo – aquele cuja premissa maior é uma proposição que estabelece alternativa entre dois termos ou mais, de tal modo que a afirmação ou a
negação na premissa menor de um dos termos exclui a afirmação ou a negação do outro/s termo/s.
ModusTollendo – Ponens (ao negar algum ou alguns termos na premissa menor, afirma outro/s termos na conclusão: negativo – positivo).
Conjuntivo – é aquele silogismo cuja premissa maior não admite que os dois termos opostos prediquem simultaneamente um mesmo sujeito.
Este silogismo assume duas formas ou modos válidos:
Ex.: Ninguém pode ser simultaneamente mestre e discípulo Ex.: Khatija não pode ser baixa e alta ao mesmo tempo.
Sócrates é mestre Ora, Khatija não é alta.
Logo, Sócrates não é discípulo Logo, (ela) é baixa.
Dilema – éum raciocínio hipotético e disjuntivo, é formado por uma proposição disjuntiva e por duas proposições condicionais, e qualquer que seja
a opção escolhida, a consequência é sempre a mesma.
Exercício
27. Completa os seguintes argumentos condicionais, se possível, de modo que estejam válidos.
a) Se passo no exame, então termino o curso de Filosofia. b) Se comes tapioca, então és do sul de Moçambique.
Ora não passo no exame. Ora, comes tapioca.
Logo,__________________________________ Logo, _________________________________
b) Este estudante ou é aplicado ou é preguiçoso. 30. Qual será a conclusão deste sorites?
Ora, Este estudante é aplicado.
Logo, (ele) não é preguiçoso. A alma humana é imaterial.
Ora, o imaterial é simples.
29. A que modos pertence o silogismo? Ora, o simples é indecomponível.
Se R, então T. Ora, o indecomponível é incorruptível.
Ora, R. Ora, o incorruptível é imortal.
Logo, T. Logo, _____________________________
Espécies de Falácias
Confusão entre o sentido colectivo e o sentido individual – erro que se originam quando utilizamos alguns termos que não se distingue o seu sentido
colectivo ou sentido individual.
Falácia de indução:
Falácia de acidente – é um erro que consiste em considerar como essencial o que é apenas acidental, mera coincidência ou vice-versa.
Um doente morre nas mãos de um enfermeiro.
Logo, Todos os enfermeiros matam os seus doentes.
Sofisma de falsa analogia – resulta do facto de se atender apenas às semelhanças aparentes entre dois objectos, chegando a conclusões precipitadas
e realmente falsas.
Ignorância de causa – consiste em considerar verdadeira causa, uma circunstância ocasional e de mera coincidência.
Ex.: Joana partiu um espelho; e logo depois, sofreu um pequeno acidente. Joana concluiu que o acidente foi provocado pelo espelho partido, pois,
os vidros partidos são prenúncio de desgraça.
Enumeração imperfeita(falacia de composição) – quando se chega a conclusões repentinas e precipitadas, generalizando aquilo que só pode
atribuir-se a algumas partes.
João, Manuel, e José não estudam.
João, Manuel, e José são alunos.
Logo, os alunos não estudam.
Falácia da dedução:
Subdivide-se por sua vez, em formais e materiais.
Falácias Formais:
Falácia de conversão de oposição – são erros que decorrem da violação das regras de oposição dos valores da verdade.
dr Baptista e G-mundo-g Página 46
A vida sem busca não é digna de ser vivida
Falácia de conversão – são erros que resultam através do desrespeito das regras das proposições.
Falácia do silogismo – diz-se de todos os erros decorrentes da violação das regras do silogismo, tanto regulares como irregulares.
Falácias Materiais:
Petição de princípio – é o sofisma que apresenta uma conclusão baseada em premissas que já pressupõem essa mesma conclusão.
A alma humana é imortal
Pedro tem a alma.
Logo, a alma de Pedro é imortal.
Círculo vicioso ou dialelo – consiste em provar uma coisa por outra, sem demonstrar nenhuma delas.
Ignorância da questão – consiste num afastamento do assunto da discussão, apresentando argumentos que levam a uma conclusão que,
aparentemente, parece consequência lógica delas.
Ex.: Num tribunal, um advogado está apostado em provar que X é um cidadão respeitável, bom pai e bom marido, etc., para desviar as atenções
das acusações que pesam sobre X.
Tautologia – quando se apresenta a mesma ideia apenas por palavras diferentes, sem esclarecer nada.Ex.: O homem é racional porque é dotado de
razão.
Falácia de argumentação
Argumento de autoridade – consiste em provar a verdade ou a falsidade de uma asserção evocando a autoridade, seja científica ou de qualquer tipo
de uma área.
Ex.: A soma de ângulos internos de um triângulo é 180º, porque o dizem os professores de Matemática.
Argumento ad hominem (contra o homem) – consiste em refutar ou provar a falsidade de uma proposição pondo em causa a dignidade do
adversário.
dr Baptista e G-mundo-g Página 47
A vida sem busca não é digna de ser vivida
Ex.: Procurar provar a incompetência de alguém justificando-se pelo facto de ele ser um divorciado.
Argumento ad terrorem – consiste em fazer valer uma opinião ressaltando apenas as consequências negativas que decorreriam da sua não aceitação.
Ex.: Se não dares esmola aos pobres, queimar-te-ás nos Céus. Por isso, deves dar esmola.
Argumento ad misercordiam – consiste em apelar à compaixão para obter um tratamento especial ou vantagem pessoal.
Ex.: Obtive uma classificação negativa no teste porque perdi a minha mãe. Por isso, o professor deve administrar-me uma classificação positiva.
Argumento ad populum (apelo ao povo) – consistem em apelar a emoção ou paixão para excitar o entusiasmo, a ira ou o ódio dos ouvintes a seu
favor.
Ex.: A pátria alemã nunca foi a pátria dos escravos, por isso não se deve submeter ao tratado de versalhes. (teor do discurso de Hitler para conseguir
o apoio do povo para a 2ª guerra mundial).
Argumento ad baculum (apelo à força ou pressão) – consiste no apelo à força ou intimidação para fazer valer uma determinada ideia.
Ex.: Senhor policia, sei que conduzo sob efeito de álcool…mas devias antes saber com quem está a falar e avaliar as consequências disso para o seu
emprego.
Argumento ad ignorantiam (apelo à ignorância) – consiste em defender a falsidade de um enunciado alegando a falta de provas da sua veracidade;
ou o inverso. Embora se considere enganosa esta argumentação, ela é acolhida no tribunal para determinar a inocência dos réus em juízo.
Ex.: Na falta de provas que incriminem um determinado cidadão acusado de autoria de um crime, concluir a sua inocência.
Lógica proposicional
A lógica formal não se esgota no estudo do silogismo, ou seja, na lógica clássica ou aristotélica, que é totalmente formal e demonstrativa, passemos
então ao estudo da lógica Moderna ou Logística de Bertrand Russel. Habitualmente é designada por lógica Simbólica, para outros, lógica
Matemática.
A lógica proposicional é um esforço de união entre a Lógica e a Matemática, recorrendo a uma linguagem simbólica para traduzir as proposições e
as suas relações, evitando desta forma ambiguidades que resultam do uso que se faz da linguagem natural.
• Os parênteses (curvos ou rectos) e as chavetas: {, [, ( ), ], } funcionam como sinais de pontuação nas proposiçõescomplexas, tal como a vírgula e
os pontos. A ordem da utilização é a mesma que a de matemática. Por exemplo, não saberíamos com exactidão o resultado da operação 2+3x5, é
igual a 25 ou 17? Assim também, sem o uso de parênteses na lógica proposicional dificilmente distinguiríamos as seguintes fórmulas
proposicionais: ~(p→q) e ~p→q.
• O valor lógico das proposições – diz que uma proposição é verdadeira ou é falsa: p é verdadeira = V (1), ou p é falsa =F (0).
As simples ou atómicas são aquelas que não se podem decompor em outras proposições, daí que o seu valor lógico depende unicamente do
confronto com os factos de que enunciam. Ex.: os moçambicanos são honestos.
As complexas ou moleculares são aquelas que se podem decompor em outras proposições consideradas simples.
Ex.: Lurdes Mutola foi campeã olímpia dos 800m ou cantora ou dançarina.
Esta proposição é composta pelas seguintes proposições:
- Lurdes Mutola foi campeã olímpia dos 800m.
- Lurdes Mutola foi cantora.
- Lurdes Mutola foi dançarina.
Khatija estuda - p
e-^
Mataka joga futebol - q
Para a construção de tabela de verdade, devemos ter em conta a seguinte fórmula: 2n. Onde, n indica o número total de combinações de valor lógico
nas variáveis atómicas. Indicando assim, o número de casos possíveis..
1º caso V V V
2º caso V F F
3º caso F V F
4º caso F F F
Servindo-nos de Tabela de verdade, é possível verificar a validade ou não das proposições e, consequentemente das operações. Dado um juízo
composto qualquer, constrói-se a sua tabela de verdade, fazendo uma coluna para cada proposição e uma terceira para o sinal da operação resultante
das proposições conectadas.
F V
1.7.4 As operações lógicas sobre as proposições
Negação (~) Conjunção (^)
Denomina-se Negação de um operador que, ao ligar-se a uma única A conjunção é verdadeira quando os seus conjuntos forem todos
proposição, a torna falsa se é verdadeira e verdadeira se é falsa. verdadeiros, será falso nos restantes casos.
Ex.: p: Maputo é Capital de Moçambique. (V ou 1) Ex.: O Vicente está doente e o médico está ausente.
p ~p V F F
V F F F V
Salientar que numa proposição molecular apresenta vários conectores, sendo assim, a ordem de cálculo é: 1º: negação,2º: conjunção, 3º:
disjunção inclusiva, 4º: disjunção exclusiva,5º: implicação e, 6º: é equivalência.
Se o último resultado do cálculo de proposição simples ou molecular, dar tudo verdade, diz-se que a proposição é tautologia; se dar tudo falso,
diz-se que é contradição; se dar verdade e falso, diz-se que é contingência ou indeterminação.
A Maria estuda - p
e- ^
António trabalha – q
se e somente se ↔
os pais costearem as despesas – r
(p ^ q) ↔ r (p^q)↔r
V V V V V
V V V F F
V F F F V V/F
V F F V F Contingência
F F V F V ou
Atenção: no caso do conector da negação, já não se preenche essa coluna nestes moldes pois, como referimos, o negador é um conector unário,
com uma só proposição atómica. Entretanto deve indicar o valor lógico da proposição de modo a orientar a aferição do valor lógico da negação.
Exercício
30. Simbolize as proposições, em seguida constrói a tabela de verdade.
a) Não é verdade que Júnior está doente e Ana dança.
b) Se a Maria dança ou estuda então a Maria dança.
c) A ciência é incerta porque nada é seguro.
d) O nº de pessoas aumenta numa região se e somente se não haver o planeamento.
e) Os adeptos estarão felizes se e somente se Mambas golearem o Sudão, então os Mambas ganharão o jogo.
(p v q) ^ (r → ~q) v r (pvq)^(r→~q)vr
Resolução de 32, a) [(pvq) ^(q^r)]→(p^q)
V V V F V F F V V
V V V V F V F V F [(FvF) ^(F^V)]→(F^F)
V V F V V V V V V V/F
V V F V F V V V F Contingência (F ^F)→(F)
F V V F V F F V V ou
F V V V F V F V F indeterminação F→F
F F F F V V V V V
F F F F F V V F F V R/. O resultado é
tautologia.