You are on page 1of 4

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 3ª VARA DO

TRABALHO DA CIDADE DE MONTES CLAROS – MG

Processo n.º 0101804-43.2018.5.03.0114

CASA AMARELA LTDA., já devidamente qualificada nos autos do


processo em epígrafe, por meio de sua procuradora que ao final desta subscreve, vem,
respeitosamente perante Vossa Excelência apresentar CONTESTAÇÃO À
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, proposta por GUILHERME DIAS, também já
qualificado nos autos, pelos fatos e fundamentos expostos a seguir:

1 DAS ALEGAÇÕES PRELIMINARES – INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA

Em sede de preliminar, cumpre alegar a incorreção do valor da causa


demandada pelo Reclamante, de R$70.000,00 (setenta mil reais).
Com efeito, a soma das verbas requeridas exordialmente não totalizam a
elevada quantia disposta no valor que se deu à causa, de modo a alterar
terminantemente o rito processual adotado por este Douto Juízo.
Ademais, o Reclamante postula por verbas trabalhistas que nem sequer
foram apuradas. Assim, requer-se, preliminarmente, a exclusão das verbas não
apuradas quando da análise do mérito por este juízo, bem como a correção do valor
da causa para a quantia de R$3.662,41 (três mil seiscentos e sessenta e dois reais e
quarenta e um centavos), que corresponde à real soma dos pedidos realizados na
peça inicial.
2 DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS
2.1 DA DEMISSÃO MOTIVADA POR CULPA DO RECLAMANTE

Alega o Reclamante ter sido demitido por culpa patronal, de modo que falta
com a verdade ao alegar que sua dispensa se deu injustificadamente.
Com efeito, a Reclamada rescindiu o contrato de trabalho com o
Reclamante por este ter incorrido numa das hipóteses de demissão por justa causa
previstas no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho, em que se lê:

Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de


trabalho pelo empregador:
(...)
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para
a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço.

É fato que, ao exercer suas funções de promotor de vendas em nome da


Reclamada, o Reclamante efetuava negociações habituais de natureza pessoal,
fazendo-as por conta própria e sem qualquer autorização da Reclamada. Outrossim,
o Reclamante constantemente realizava campanha com cunho de concorrência
contra a Reclamada, o que certamente gerou demasiados prejuízos para esta.
Desse modo, comprovados os fatos que demonstrem a demissão por justa
causa do Reclamante, por meio de prova testemunhal e das demais provas anexas a
este feito, resta aferido que as alegações promovidas em face da Reclamada são
infundadas, de modo que a alegação de dispensa imotivada deve ser rejeitada de
plano. Dessarte, não há que se falar em demissão por culpa patronal quando o
próprio empregado culmina em atitude repreensível capaz de levar o empregador a
proceder com sua dispensa.

2.2 DA COMISSÃO SOBRE AS VENDAS EFETIVADAS

Em sede de sua exordial, o Reclamante aduz que os promotores de vendas


recebem da Reclamada determinada comissão sobre as vendas efetivadas, as quais
não foram pagas a ele. Com efeito, a Reclamada oferece a referida comissão aos seus
empregados e, em que pese ao alegado pelo Reclamante, este já recebeu todas as
comissões a que faz jus.
Ocorre que, conforme previsto no contrato firmado entre as partes, a
comissão alegada pelo Reclamante é baseada no percentual de vendas realizadas pelo
promotor, de modo que, se mais de 70% (setenta por cento) das vendas propostas
forem efetivadas, a Reclamada paga, a título de comissão, um adicional de 5% (cinco
por cento) em relação às vendas consumadas pelo respectivo empregado.
O Reclamante, entretanto, em nenhum mês do último ano em que
trabalhou para a Reclamada, superou a meta alhures mencionada. Pode-se ainda
aferir, diga-se de passagem, que o fracasso do Reclamante em suas vendas deu-se
em razão de suas negociações habituais de produtos próprios em detrimento dos
produtos ofertados pela Reclamada, conforme retrocitado.
Deste modo, não há qualquer dever por parte da Reclamada em proceder
ao acerto de comissões ao Reclamante, nem que haja reflexos em seu repouso
semanal remunerado, férias, décimo terceiro, dentre outros no ano de 2018. Ademais,
salienta-se que os reflexos dos demais anos já foram contabilizados e devidamente
quitados com o Reclamante, como pode ser comprovado em sua CTPS.

2.3 DO AVISO PRÉVIO E DA INDENIZAÇÃO DE 40% SOBRE O SALDO DE FGTS

O Reclamante cometeu falta grave, tipificada no art. 482 da CLT, e,


portanto, foi demitido por justa causa, conforme já mencionado. Em razão disso, é
certo que não há direito, por parte do Reclamante, de receber o requerido aviso prévio,
uma vez que este só se procederá caso a rescisão contratual se der sem justo motivo,
nos termos da lei.
Ademais, também em razão da dispensa devidamente motivada, o
Reclamante não possui direito ao recebimento da indenização de 40% sobre o saldo
de FGTS, nos termos da Lei n.º 8.036/90.
Desse modo, requer a Reclamada seja afastado por este Douto Juízo o
direito do Reclamante às aludidas verbas rescisórias, vez que a elas não fazem jus.

2.4 DO 13º PROPORCIONAL E DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3


CONSTITUCIONAL

Em vista da demissão motivada do Reclamante, é manifesto que este não


possui qualquer direito ao 13° proporcional, tampouco as férias proporcionais
acrescidas do 1/3 constitucional, conforme extrai-se do entendimento do Egrégio
Tribunal Superior do Trabalho; senão vejamos:

RECURSO DE REVISTA. DISPENSA POR JUSTA CAUSA. FÉRIAS


PROPORCIONAIS. Consoante o entendimento uniforme desta Corte
Superior, consubstanciado na súmula nº171, a extinção do contrato
de trabalho, regra geral, sujeita o empregador ao pagamento de férias
proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de doze
meses, salvo na hipótese de dispensa por justa causa. DISPENSA POR
JUSTA CAUSA. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO PROPORCIONAL. A
firme a jurisprudência desta Corte no sentido de que o art. 3º da Lei
nº 4.040/62 assegura o direito ao décimo terceiro proporcional tão
somente nas hipóteses em que a extinção do contrato de trabalho se
dá sem justa causa. (TST- RR: 2028008420095040771, Relator:
Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 24/05/2017, 1ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 26/05/2017).

Sendo assim, o pedido inicial configura-se como completamente


descabido, pelo que pugna a Reclamada pela sua total improcedência.

2.5 DA MULTA DO ART. 467 e 477 DA CLT

É fato que inexistem verbas incontroversas nos autos, basta ver que todas
os valores demandados pelo Reclamante foram objeto de contestação, pelo que se
requer seja julgado improcedente o pedido de aplicação do artigo 467 da CLT.
Ademais, as verbas rescisórias do Reclamante foram adimplidas dentro do
prazo legal, conforme alegado pelo próprio Reclamante em sua exordial; sendo assim,
é descabida a aplicação da multa a que se refere o art. 477 da CLT.
Por fim, o eventual reconhecimento de diferenças nas verbas rescisórias
por decisão judicial não pode configurar motivo para o deferimento da referida multa,
pois decorre exclusivamente de decisão judicial.

2.6 DO FORNECIMENTO DAS GUIAS CD/SD

Com efeito, inexistem guias concernentes ao seguro-desemprego a serem


entregues ao Reclamante, vez que a rescisão do contrato de trabalho se deu de
maneira justificada pela Reclamada. Assim, tendo em vista que a parte contratual
descumprida adveio do Reclamante, este não faz jus ao recebimento das guias para
seguro-desemprego.

3. DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer:

1. Seja dada por contestada toda a exordial promovida pelo Reclamante, a


fim de que se julgue totalmente improcedentes os pedidos feitos em sede de inicial;
2. Seja corrigido o valor da causa da presente demanda para a quantia de
R$3.662,41 (três mil seiscentos e sessenta e dois reais e quarenta e um centavos),
bem como seja alterado o rito processual deste feito, a fim de que se adote o rito
sumaríssimo;
3. Postula ainda, em caso de condenação, a compensação de todos os
valores já devidamente pagos.

Protesta o Reclamante provar o alegado por todos os meios em direito


admitidos, em especial depoimento pessoal do Reclamante e testemunhal;

Nestes termos,
Pede deferimento.

Montes Claros, 05 de dezembro de 2018.

ATHOS ÁLEF SANDES OLIVEIRA


OAB/MG 162.423

You might also like