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FACULDADE DE TECNOLOGIA
PUBLICAÇ Ã O G.DM-105/2003
FACULDADE DE TECNOLOGIA
APROVADA POR:
___________________________________________________
Prof. RENATO PINTO CUNHA, PhD (UnB)
(ORIENTADOR)
___________________________________________________
Prof. JOSÉ HENRIQUE FEITOSA PEREIRA, PhD (UnB)
(CO-ORIENTADOR)
___________________________________________________
Prof. JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, PhD (UnB)
(EXAMINADOR INTERNO)
___________________________________________________
Prof. ENIVALDO MINETTE, PhD (UFV)
(EXAMINADOR EXTERNO)
ii
FICHA CATALOGRÁ FICA
CESSÃ O DE DIREITOS
_________________________________
Edimarques Pereira Magalhã es
R 21, Lt 8, Bl. D, Aptº 1104, Res. Araucária – Á guas Claras
CEP: 72.030-100
Brasília – DF – Brasil
E-mail: edimarques@bol.com.br
iii
DEDICATÓ RIA
iv
AGRADECIMENTOS
À minha família que desde o começ o me deu forç as para vencer os diversos desafios
encontrados nessa jornada.
Ao meu filho pelas horas que me dispensou, para que eu pudesse desenvolver este trabalho.
A Deus, pela Concessã o desta oportunidade e pelos talentos necessários para desenvolver este
trabalho.
Aos colegas da Geotecnia, que como eu passaram e passam por todas as provaç ões a fim de
obter a vitória, coragem! Em especial a Moura, John Eloi, David e Danielle.
Ao professor Renato Pinto Cunha e José Henrique Feitosa Pereira, pela paciê ncia e orientaç ã o
durante todo andamento do trabalho.
A equipe de laboratório, Ricardo, Alessandro, Severino e Xavier pela ajuda prestada nos
ensaios.
À EMBRE – Empresa Brasileira de Engenharia e Fundaç ões Ltda. e a VIA Engenharia S.A.,
pela oportunidade de participaç ã o no projeto da obra apresentada neste trabalho.
v
COMPORTAMENTO EXPERIMENTAL DE UMA CORTINA
DE ESTACA PRANCHA ASSENTE EM SOLO POROSO DO
DF: IMPLICAÇ ÕES PARA O PROJETO E METODOLOGIA
DE CÁ LCULO
vi
EXPERIMENTAL BEHAVIOR OF A SHEET PILE WALL
FOUNDED IN THE POROUS SOIL OF THE DF:
IMPLICATIONS FOR DESIGN METHODOLOGY
This Thesis presents a study of the behavior of a retrainning wall made of side-by-
side bored piles, founded on an unsaturated porous clay. The wall was executed in the Federal
District, aimming the better assessment of how this work is affected by the earth pressure.
The wall was constructed in the month of June, dry season of the Federal District,
and five instrumentation levels in three piles were assembled. The total earth slope extension
to be retainned was divided into three district zones, in which (at each zone) the pile spacing
and factor of safety of design was varied.
Based on the instrumentation data the bending moments were determined and, by
direct measurement, the displacements of the head of the piles. Using the free earth method
from Bowles, 1988 book, as well as the similar method presented in the Geofine software, it
was possible to backanalyze the district wall zones. It was also observed in the present series
of analysis the matric suction influence on the wall design, trying to obtain the most economic
design conditions for this type of engineering work.
vii
Í NDICE
viii
2.4.2 Cortinas Ancoradas ..................................................................................................... 48
2.4.3 Mé todo de Cálculo – Mé todo da Extremidade Livre ................................ .................... 48
2.4.3.1 Estacas Pranchas em Balanç o em Solo Granular ....................................................... 49
2.4.3.2 Estacas Pranchas em Balanç o em Solo Coesivo ........................................................ 52
2.4.3.3 Estacas Pranchas Ancoradas em Solo Granular ................................ ......................... 53
2.4.3.4 Estacas Pranchas Ancoradas em Solo Coesivo .......................................................... 56
ix
4.3.3 Tipo de Extensômetro................................ ................................ ................................ .. 82
4.3.3.1 Medidas de Deformaç ões Estáticas ................................ ................................ ........... 83
4.3.3.2 Medidas de Deformaç ões Dinâmicas ................................ ........................................ 83
4.3.3.3 Temperatura de Operaç ã o ................................................................ ......................... 83
4.3.3.4 Limite de Deformaç ã o .............................................................................................. 83
4.3.3.5 Capacidade da Corrente de Excitaç ã o ....................................................................... 84
4.3.3.6 Auto Compensaç ã o de Temperatura.......................................................................... 84
4.4 Té cnicas para Aplicaç ã o dos Extensômetros................................................................... 84
4.4.1 Preparo da Superfície................................................................................................... 85
4.4.2 Colagem do extensômetro............................................................................................ 86
4.4.3 Fiaç ã o dos Extensômetros Elé tricos................................ ................................ ............. 87
4.4.4 Impermeabilizaç ã o ................................ ................................ ................................ ...... 89
x
6.6 Deslocamentos no Topo das Estacas................................ ................................ ............. 131
6.7 Momentos Máximos Atuantes nas Estacas................................ ................................ .... 133
6.8 Dificuldades ................................................................................................................. 134
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura Página
2.1. Associaç ã o entre os raios dos meniscos capilares com a pressã o de sucç ã o num
solo parcialmente saturado (Pinto, 2000) 10
2.2. Exemplo de curva característica de umidade de solo nã o saturado (Pinto, 2000) 11
2.3. Gráfico tridimensional de tensã o cisalhante (Fredlund et. al., 1978) 14
2.4. Principais superfícies constitutivas (Fredlund et. al., 1978) 16
2.5. Idealizaç ã o do comportamento elasto-plástico (Fredlund et. al., 1978) 19
2.6. Pressões de sustentaç ã o do diagrama xx’ (Vargas, 1977) 20
2.7. Deformaç ões para levar ao equilíbrio plástico (Vargas, 1977) 20
2.8. Ko em solos normalmente adensados: (a) argilas (Ladd et. al., 1977) e (b) areias
(Al Hussaini et. al., 1975) (Ortigã o, 1995) 22
2.9. Tensões em um elemento no maciç o do solo (Fredlund et. al., 1978) 23
2.10. Pressã o ativa e passiva para um solo com sucç ã o matricial (Fredlund et. al., 1978) 24
2.11. Distribuiç ã o de pressã o ativa com sucç ã o matricial constante (Fredlund et. al.,
1978) 27
2.12. Componentes da distribuiç ã o da pressã o ativa com sucç ã o constante (Fredlund et.
al., 1978) 27
2.13. Mé todo usado para encontrar a sucç ã o mátrica no perfil (Fredlund et. al., 1978) 29
2.14. Componentes da distribuiç ã o da pressã o ativa com sucç ã o variável (Fredlund et.
al., 1978) 29
2.15. Círculo de Mohr para o caso de pressã o passiva (Fredlund et. al., 1978) 31
2.16. Distribuiç ã o da pressã o passiva com a sucç ã o matricial constante (Fredlund et.
al., 1978) 32
2.17. Componentes da distribuiç ã o da pressã o passiva com sucç ã o matricial constante
(Fredlund et. al., 1978) 33
2.18. Cálculo de empuxo de areia, segundo Rankine (Vargas, 1977) 35
2.19. Empuxos sobre muro submerso (modificada – Vargas, 1977) 36
2.20. Empuxo passivo em areia, segundo Rankine (Vargas, 1977) 38
2.21. Empuxos de areia, segundo Coulomb (Vargas, 1977) 40
2.22. Construç ã o gráfica do empuxo de Coulomb (Vargas, 1977) 43
xii
2.23. Extensã o da teoria de Coulomb para empuxo passivo (Vargas, 1977) 46
2.24. Parede em balanç o; (a) Deformada da parede; (b) Distribuiç ã o das pressões
obtidas pelas teorias da elasticidade e da plasticidade; (c) Diagrama simplificado
(Bowles, 1968) 49
2.25. Diagrama de pressã o para cortina em balanç o em solo granular (Bowles, 1977) 50
2.26. Diagrama de pressã o para cortina em balanç o em solo coesivo (Bowles, 1977) 52
2.27. Mé todo de cálculo de uma cortina ancorada de extremidade livre: (a) solo
granular; (b) solo coesivo abaixo da linha de escavaç ã o (Bowles, 1968) 54
3.1. Diagrama de pressã o para cortina em balanç o em solo com coesã o e atrito
(modificada – Bowles, 1968) 59
3.2. Diagrama de pressã o para cortina ancorada em solo com coesã o e atrito (Bowles,
1968) 62
3.3. Entrada de dados dos parâmetros do solo no programa Geofine 64
3.4. Convenç ões de sinais para α e β (Geofine) 66
3.5. Análise de uma contenç ã o ancorada (Geofine) 71
4.1. Extensômetro axial ú nico (Barreto Jú nior, 1998) 79
4.2. Extensômetro biaxial (Barreto Jú nior, 1998) 80
4.3. Extensômetro triaxial (Barreto Jú nior, 1998) 80
4.4. Extensômetro tipo diafragma (Barreto Jú nior, 1998) 80
4.5. Extensômetro para medida de tensã o residual (Barreto Jú nior, 1998) 81
4.6. Extensômetro axial duplo (Barreto Jú nior, 1998) 81
4.7. Dimensã o do extensômetro (modificada – Barreto Jú nior, 1998) 82
4.8. Posicionando o extensômetro (Barreto Jú nior, 1998) 87
4.9. Soldagem do fio ao extensômetro (Barreto Jú nior, 1998) 89
5.1. Mapa de localizaç ã o de Brasília (Cunha & Mota, 2000) 90
5.2. Detalhe da cortina de contenç ã o: (a) planta e (b) perfil 93
5.3. Perfil de Umidade do Solo (modificada – SáQuirino, 2003) 94
5.4. Curva Característica (modificada – SáQuirino, 2003) 95
5.5. Planilha para cálculo de esforç os de cortina em balanç o sem trinca de traç ã o 97
5.6. Planilha para cálculo de esforç os de cortina em balanç o com trinca de traç ã o 99
5.7. Detalhe dos diagramas de empuxos: (a) efeito das trincas de traç ã o e da sobrecarga
no diagrama de empuxo de terra, e (b) detalhe da trinca de traç ã o 99
5.8. Planilha para cálculo de esforç os de cortina ancorada sem trinca de traç ã o 100
xiii
5.9. Planilha para cálculo de esforç os de cortina ancorada com trinca de traç ã o 101
5.10. Posicionamento dos extensômetros visando medir os maiores momentos 102
5.11. Detalhe da limpeza do ponto de fixaç ã o do extensômetro 104
5.12. Verificaç ã o da colagem do extensômetro 104
5.13. Proteç ã o contra umidade 105
5.14. Barras instrumentadas prontas para serem fixadas nas armaduras 105
5.15. Detalhe da descida da armadura da estaca 106
5.16. Detalhe da concretagem da estaca 107
5.17. Detalhe das leituras dos extensômetros 107
5.18. Visã o geral da cortina de contenç ã o 108
5.19. Detalhe de uma seç ã o transversal, demonstrando as variáveis para o calculo dos
momentos 109
6.1. Resumo do dimensionamento da contenç ã o 112
6.2. Dimensionamento da estaca do trecho 01 114
6.3. Diagrama de momento da estaca do trecho 01 com a profundidade 114
6.4. Dimensionamento da estaca do trecho 02 115
6.5. Diagrama de momento da estaca do trecho 02 com a profundidade 115
6.6. Dimensionamento da estaca do trecho 03 116
6.7. Diagrama de momento da estaca do trecho 03 com a profundidade 116
6.8. Cálculo dos momentos baseado nos dados da instrumentaç ã o 117
6.9. Variaç ã o do comprimento da ficha e do momento máximo de uma estaca em
funç ã o da coesã o do solo 119
6.10. Comparaç ã o entre o momento de projeto e o momento calculado baseado nos
dados de instrumentaç ã o 120
6.11. Gráfico ilustrando o comportamento da ficha com a variaç ã o do ângulo de atrito,
mantendo a coesã o constante (c = 10,0 KPa) 121
6.12. Gráfico ilustrando o comportamento da ficha com a variaç ã o da coesã o,
mantendo-se o ângulo de atrito constante (φ = 25º) 121
6.13. Valores da ficha e de momento máximo para valores propostos de coesã o igual a
13,0 kPa e ângulo de atrito igual a φ = 25º 122
6.14. Comparaç ã o do volume de concreto e de consumo de aç o entre as estacas
executadas e as propostas 123
xiv
6.15. Gráfico ilustrando o comportamento da ficha com a variaç ã o do ângulo de atrito,
mantendo a coesã o constante (c = 10,0 kPa) 124
6.16. Saída de dados do programa Geofine (modificada – Geofine) 124
6.17. Valores da ficha e de momento máximo para valores propostos de coesã o igual a
13,0 kPa e ângulo de atrito igual a φ = 25º 125
6.18. Comparaç ã o do volume de concreto e de consumo de aç o entre as estacas
executadas e as propostas 126
6.19. Comparaç ã o de custos unitários entre estacas executadas e propostas 127
6.20. Custo unitário das estacas executadas e o nú mero de estacas necessário para
vencer a extensã o total do corte no maciç o de solo 128
6.21. Comparaç ã o do custo total da obra para os trê s trechos 129
6.22. Comparaç ã o entre o mé todo de Bowles (1968) e o Geofine 130
6.23. Deslocamentos no topo das estacas com o passar do tempo 131
6.24. Variaç ã o do deslocamento com o tempo 132
6.25. Variaç ã o do momento máximo com o tempo 133
6.26. Variaç ã o do momento máximo com o tempo 134
A.1. Detalhe do ensaio pressiomé trico 143
A.2. Ilustraç ã o do pressiômetro de Mé nard (PMT) 144
A.3. Curvas dos ensaios pressiomé tricos 145
B.1. Planta de locaç ã o das sondagens 146
B.2. Furo nº 11 de sondagem 147
B.3. Furo nº 11 de sondagem - continuaç ã o 148
B.4. Furo nº 12 de sondagem 149
xv
LISTA DE TABELAS
Tabela Página
4.1. Valores da sensibilidade à deformaç ã o de algumas ligas utilizadas na confecç ã o
dos extensômetros elé tricos (Barreto Jú nior, 1998) 76
5.1. Parâmetros geoté cnicos da argila porosa de Brasília (Cunha et. al., 1999) 96
6.1. Custo unitário das estacas 126
6.2. Mé dia dos deslocamentos para cada trecho 129
xvi
LISTA DE SÍ MBOLOS, NOMENCLATURAS E
ABREVIAÇ ÕES
A Á rea
ABNT Associaç ã o Brasileira de Normas Té cnicas
c Coesã o do solo
c' Coesã o efetiva do solo
CG Centro de gravidade
Cij Parâmetro de Compressibilidade
cm Centímetro
DF Distrito Federal
e Í
ndice de vazios
E Módulo de Young do solo
E Módulo de elasticidade da estrutura do solo relativo à mudanç a em (σy - ua)
Ea Empuxo ativo
Ea Módulo de elasticidade do aç o
Ec Módulo de elasticidade do concreto
Ep Empuxo passivo
Eq. Equaç ã o
et al. “et alli”
fck Resistê ncia do concreto característica de projeto
ftk Resistê ncia à traç ã o
g Grama
g/cm3 Gramas por centímetro cú bico
H Altura da estrutura de contenç ã o
H Módulo de elasticidade da estrutura do solo relativo à mudanç a em (ua – uw)
Hi Módulo de elasticidade anisotrópico da estrutura do solo relativo à mudanç a
em (ua – uw)
ISSMFE International Society for Soil Mechanicas and Foudations Engineering
Ka Coeficiente de empuxo ativo
kg Quilograma
kgf Quilograma forç a
kgf/cm2 Quilograma forç a por centímetro ao quadrado
xvii
kN Kilo-Newton
kN/m3 Quilo Newtons por metro cú bico
Ko Coeficiente de empuxo lateral no repouso
Kp Coeficiente de empuxo passivo
kPa Kilo-Pascal
L Comprimento da estaca
LN Linha neutra
m Unidade de metro
M Momento Fletor
m3 Metro cú bico
mm Unidade de milímetro
2
mm Unidade de milímetro quadrado
MPa Mega Pascal
n Porosidade do solo
N Forç a Normal
NBR Norma Brasileira
p Tensã o mé dia
p' Tensã o mé dia efetiva
pa Pressã o ativa
po Tensã o mé dia inicial
pp Pressã o passiva
q sobrecarga
Q Esforç o cortante
S Grau de saturaç ã o
Sm Sucç ã o mátrica
So Sucç ã o osmótica
Sr Grau de saturaç ã o
tan Tangente
ua Pressã o de ar no elemento sólido
uw Pressã o de água no elemento sólido
V Volume total do elemento
wo Umidade inicial
β Ângulo de inclinaç ã o do terrapleno
xviii
χ Parâmetro de Bishop
δ Ângulo que o empuxo faz com a horizontal
δh Deslocamento horizontal no topo das estacas
∆w Variaç ã o da umidade
εx Deformaç ã o na direç ã o x
εy Deformaç ã o na direç ã o y
εz Deformaç ã o na direç ã o z
φ Ângulo de atrito total do solo
φ’ Ângulo de atrito efetivo do solo
φ1 Ângulo de atrito entre o solo e a estrutura
φb Ângulo de coeficiente de incremento de resistê ncia cisalhante relativa a sucç ã o
mátrica
γ Peso específico do solo
γ’ Peso específico do solo submerso
γd Peso específico seco do solo
γsat Peso específico saturado
γw Peso específico da água
µ Coeficiente de Poisson
θ Ângulo de inclinaç ã o
ρ Massa específica
σ’ Tensã o efetiva
σ1, σ3 Componente de tensã o desviatória
σv Tensã o normal
∑ Somatório
τ Tensã o cisalhante
τnf Tensã o cisalhante no plano de ruptura na ruptura
ψ Coeficiente de seguranç a para pressã o passiva
% Por cento
xix
1. INTRODUÇ Ã O
1.1. MOTIVAÇ Ã O
1
Estudos efetuados em regiões de clima árido e semi-árido, tê m mostrado que a
condiç ã o de saturaç ã o quase nunca é atingida pela profundidade do lenç ol d’água, condiç ões
hidráulicas do solo local e sazonalidade do período de chuvas. Portanto, as escavaç ões sã o
efetuadas em um maciç o de solo onde a água estásob pressã o negativa. Sendo assim, torna-se
necessário o estudo da influê ncia da sucç ã o matricial nos problemas de engenharia
geoté cnica. Logo, em Brasília, onde as estaç ões de chuva e seca sã o bem definidas, a
utilizaç ã o da mecânica dos solos nã o saturados pode significar reduç ã o dos custos nas obras.
1.2. OBJETIVOS
2
para esses solos, sucç ã o, curva característica, resistê ncia ao cisalhamento e compressibilidade.
Aborda ainda a metodologia do equilíbrio plástico, levando-se em consideraç ã o a teoria de
Rankine, com empuxo de terra baseado no crité rio estendido de Mohr-Coulomb para solos
nã o saturados. Apresenta també m as teorias clássicas de empuxo de Rankine e de Coulomb, e
o conceito de cortinas de estacas pranchas, e seu dimensionamento pelo mé todo da
extremidade livre.
No Capítulo 3 estádescrito o dimensionamento de cortinas de estacas pranchas em
solo nã o saturado utilizando-se o mé todo da extremidade livre (Bowles, 1968), baseado na
teoria do equilíbrio plástico. Apresentam-se as formulaç ões adaptando-as para um solo nã o
saturado com coesã o e ângulo de atrito, a influê ncia da sucç ã o mátrica. Aborda ainda o
funcionamento do Programa Geofine que foi utilizado nas retroanálises, onde igualou-se os
momentos de projeto aos momentos fornecidos pela instrumentaç ã o de campo.
No capítulo 4 está apresentada a instrumentaç ã o, explanando o princípio de
funcionamento do extensômetro, os tipos de extensômetros e a escolha correta, bem como as
té cnicas para aplicaç ã o. Essas descriç ões proporcionam uma melhor compreensã o sobre a
confecç ã o das barras instrumentadas, as quais foram introduzidas em algumas estacas da
cortina de contenç ã o.
O Capítulo 5 conté m a metodologia utilizada no desenvolvimento do presente
trabalho, onde encontram-se as características dos solos do Distrito federal, geologia e
geomorfologia. Compreende-se o problema abordado de uma forma geral com a descriç ã o da
obra, o dimensionamento da cortina de contenç ã o e a preparaç ã o em laboratório das barras
instrumentadas, passo a passo, bem como o cálculo dos momentos atuantes nas seç ões
instrumentadas, com base nos dados de instrumentaç ã o.
No Capítulo 6 encontram-se os resultados do dimensionamento da contenç ã o com
base nas planilhas eletrônicas apresentadas no Capítulo 5 e no Programa Geofine, e os
resultados obtidos em campo oriundos da instrumentaç ã o e do monitoramento do topo da
estaca via medidas diretas. Fez-se retroanálises igualando-se os momentos máximos de
projeto aos momentos máximos obtidos atravé s da instrumentaç ã o, observando-se o
comportamento da “ficha” com a variaç ã o dos parâmetros de resistê ncia do solo, coesã o e
ângulo de atrito.
No Capítulo 7 sã o apresentadas as conclusões e sugestões para trabalhos futuros.
Por fim apresenta-se a relaç ã o, em ordem alfabé tica, das referê ncias bibliográficas
citadas no corpo do trabalho.
3
2. REVISÃ O BIBLIOGRÁFICA
4
A soluç ã o dos problemas em engenharia geoté cnica obedece ao requisito geral da
mecânica estrutural que requer que o maciç o de solo, quando submetido aos máximos
esforç os solicitantes, apresente um comportamento que o mantenha dentro de crité rios de
aceitaç ã o, de forma que, itens como esté tica, funcionalidade e seguranç a contra a ruptura da
obra sejam obedecidas, de acordo com as normas existentes.
Torna-se importante o conhecimento acerca dos solos nã o saturados, principalmente
no que diz respeito a experimentaç ã o. Se o comportamento de solos saturados já apresenta
suas complexidades, no caso de solos nã o saturados elas aumentam. As interaç ões sólido-
água-ar e suas interfaces trazem enormes dificuldades tanto analíticas quanto de controle
durante os ensaios (Vilar et al., 1995).
No caso de solos saturados, a envoltória de resistê ncia ao cisalhamento pode ser
definida com base na coesã o e ângulo de atrito interno do solo atravé s da equaç ã o de Mohr-
Coulomb. No caso de solos nã o saturados ocorre uma contribuiç ã o substancial da sucç ã o
mátrica na resistê ncia do solo. A prática da engenharia nestes casos tem sido a utilizaç ã o da
envoltória de Mohr-Coulomb estendida, conforme proposta por Fredlund et al (1978).
No campo da experimentaç ã o na Mecânica dos Solos tem prevalecido a opiniã o de
que a sucç ã o matricial governa o comportamento mecânico e hidráulico do solo. As medidas
da sucç ã o podem ser feitas por diversos mé todos, e entre os mais utilizados, estã o a cé lula de
pressã o de Richards e a té cnica do papel filtro.
No trabalho de Alonso et al. (1987), os autores apresentam de forma qualitativa a
experiê ncia acumulada no estudo da deformabilidade dos solos nã o saturados, permitindo
assim estabelecer alguns padrões relevantes de comportamento destes materiais, conforme
serámencionado a seguir:
- O aumento da sucç ã o mátrica contribui para o aumento da rigidez do solo contra
alteraç ões das tensões externas aplicadas e para o aumento da tensã o de pré -adensamento
aparente;
- Solos com estruturas abertas experimentam colapso quando umedecidos e/ou
sujeitas a uma larga faixa de tensões. Isto é particularmente verdade no caso de siltes e areias
argilosas de baixa densidade, argila siltosa de baixa plasticidade e em alguns solos residuais.
2.1.1. Princí
pio das Tensões Efetivas para Solos Não Saturados
5
Taylor (1944), Bishop & Eldin (1950), citados por Pereira (1996), comprovaram
experimentalmente a validade deste princípio.
Lambe & Whitman (1959) fizeram uma análise do princípio de tensões efetivas para
solos saturados e concluíram a necessidade de uma quantidade maior de pesquisas que
avaliem o comportamento dos solos no caso de solos finos (argilas e siltes). Os autores
enfatizaram que do ponto de vista teórico tal princípio é válido para solos de granulometria
grosseira (areias e pedregulhos). Entretanto, para o caso de argilas, os autores sugeriram mais
estudos por causa de dú vidas nos seguintes fatores:
- Desconhecimento das áreas de contato;
- Possível adesã o entre as partículas;
- Dú vidas no significado do termo “poro-pressã o” para solos finos.
Devido ao sucesso do princípio das Tensões Efetivas de Terzaghi (1943), vários
trabalhos tentaram expandir o conceito de tensã o efetiva para o caso dos solos na condiç ã o
nã o saturada, surgindo assim, as primeiras pesquisas sobre esse assunto.
Bishop (1959) forneceu uma das primeiras contribuiç ões à mecânica dos solos nã o
saturados propondo uma formulaç ã o expressa na Eq. 2.1, estendendo o princípio de tensões
efetivas de Terzaghi (1943) para o caso dos solos nã o saturados:
σ ' = (σ − u a ) + χ (u a − u w ) (2.1)
6
Em uma tentativa de provar a validade da Eq. 2.1, Bishop & Donald (1961), citados
por Rohm (1993), realizaram ensaios de compressã o triaxial em um silte com variaç ões da
tensã o confinante (σ3), da pressã o da água (uw) e da pressã o de ar (ua), durante a fase de
cisalhamento do solo. Os autores efetuaram trajetórias de tensões e sucç ã o de tal forma em
que as diferenç as (ua - uw) e (σ3-ua) permanecessem constantes durante todo o processo de
ensaio. Verificaram que estas variaç ões nã o influíam nas curvas de tensã o versus deformaç ã o.
Adicionalmente, observaram que as alteraç ões isoladas em (ua - uw) e (σ3-ua) causaram um
efeito marcante nas curvas tensã o versus deformaç ã o. Assim, os autores concluíram que a
forma da expansã o anterior estava correta e que os resultados obtidos experimentalmente
mostravam a validade da expressã o de tensões efetivas descritas pela Eq. 2.1, para os solos
nã o saturados.
Bishop & Donald (1961), citados por Rohm (1993), mostraram que a validade da
Eq. 2.1 se devia ao fato de que é necessário mostrar que o comportamento mecânico do solo
nã o é afetado por mudanç as em χ(ua - uw) e (σ-ua) de forma que a sua soma (σ´) fosse
constante.
Jennings & Burland (1962) chegaram as seguintes conclusões:
a) Os resultados dos ensaios, conduzidos por Bishop & Donald (1961), embora
indicassem que a Eq. 2.1 de Bishop (1959) pudesse estar estaticamente correta, nã o podiam
demonstrar a validade do princípio das tensões efetivas para os solos nã o saturados;
b) A Eq. 2.1 tinha validade para expressar o comportamento de solos nã o saturados
apenas para valores de graus de saturaç ã o da ordem de 20% para areias, 50% para siltes e
areias finas e 85% para argilas. Entretanto, para solos com grau de saturaç ã o inferior a estes
valores, denominados de críticos, a Eq. 2.1 nã o definia a relaç ã o entre o índice de vazios e a
tensã o efetiva para a maioria dos solos ensaiados.
Jennings & Burland (1962) explicaram que segundo a Eq. 2.1, quando se adiciona
água a um corpo-de-prova reduzindo sua sucç ã o, ocorre uma reduç ã o das tensões efetivas, a
qual deve ser acompanhada por um aumento de volume do corpo-de-prova. Os autores
mostraram ensaios com situaç ões em que solos nã o saturados sofreram reduç ã o da sucç ã o
matricial sob carregamento constante, ocorrendo adicionais diminuiç ões de volume do corpo
de prova (ou colapso). Tal fato indica que o fenômeno do colapso do solo é o oposto do
comportamento previsto segundo o princípio de tensões efetivas de Bishop (1959).
Segundo Matyas & Radhakrisna (1968), o princípio de tensões efetivas de Terzaghi
(1943) é uma prova que existe uma relaç ã o, com determinados parâmetros sob um dado
7
conjunto de condiç ões, que é funç ã o da tensã o total e da poro-pressã o que controla os efeitos
mecânicos de uma alteraç ã o na tensã o, tal como uma mudanç a no volume ou resistê ncia ao
cisalhamento. Segundo estes autores, o princípio de tensões efetivas de Terzaghi (1943), para
os solos saturados, pode ser considerado em duas partes:
As mudanç as no volume e na resistê ncia ao cisalhamento de um elemento de solo
podem causar alteraç ões no estado de tensões que sã o inteiramente devidas às variaç ões na
tensã o efetiva; em outras palavras, a resistê ncia ao cisalhamento e a variaç ã o do índice de
vazios sã o unicamente funç ões da tensã o efetiva.
A tensã o efetiva é responsável pelos efeitos mecânicos em um elemento de solo e é
unicamente determinada pela tensã o total e poro-pressã o, ou seja:
Dessa forma, Matyas & Radhakrisna (1968) concluem que qualquer expressã o de
tensões efetivas tem que atender aos seguintes requisitos:
- À s condiç ões extremas de saturaç ã o, ou seja, para o solo na condiç ã o
completamente saturado ou seco;
- O comportamento (mudanç a de volume e resistê ncia ao cisalhamento) de um
elemento de solo submetido a uma variaç ã o de tensões deve ser previsível em termos de
tensã o efetiva e deve ser independente da forma na qual a tensã o total e a poro-pressã o
variam;
- A forma correta de tal expressã o de tensã o efetiva deve ser verificada
experimentalmente.
Matyas & Radhakrisna (1968) concluíram que para o solo nã o saturado é
praticamente impossível satisfazer a essas trê s exigê ncias para garantir a unicidade da
superfície, e, por conseguinte, para utilizaç ã o de qualquer equaç ã o de tensões efetivas é
necessário restringir sua aplicaç ã o para os casos que podem ser verificados
experimentalmente.
Segundo Matyas & Radhakrisna (1968), na deduç ã o da Eq. 2.1 foi considerado o
equilíbrio de forç as entre os contatos das partículas e um modelo simples de capilaridade. O
parâmetro χ é admitido como um parâmetro empírico que representa a porç ã o da sucç ã o que
contribui para a determinaç ã o da tensã o efetiva.
8
O Parâmetro χ, de Bishop, depende primariamente do grau de saturaç ã o, contudo,
Jennings e Burland (1962), Matyas (1963) e M.I.T. (1963), citado por Matyas & Radhakrisna
(1968), tem demonstrado que o parâmetro χ é altamente dependente da trajetória de tensões e
que valores anômalos de χ sã o frequentemente obtidos.
Bishop & Blight (1963) també m reconheceram as limitaç ões da Eq. 2.1. Os autores
concluíram que o princípio de tensões efetivas é seguido. No caso de solos nã o saturados, eles
concluíram que nã o é apenas o caminho de tensões efetivas que é importante na análise do
comportamento, mas sim as trajetórias das componentes (σ-ua) e (ua-uw) individuais que
devem ser levadas em consideraç ã o na avaliaç ã o do comportamento mecânico.
A dificuldade de estabelecer o princípio de tensões efetivas no estudo do
comportamento mecânico dos solos nã o saturados conduziu vários pesquisadores a explicar a
compressibilidade e resistê ncia ao cisalhamento dos solos utilizando o conceito de variáveis
de estado de tensões (Matyas & Radhakrisna (1968); Fradlund e Morgestern (1976, 1977);
Alonso et al. (1990), Fredlund & Rahardjo (1993)).
2.1.2. Sucção
Segundo um grupo de revisores de 1965, citados por Alonso et al. (1987) e Josa
(1988), sucç ã o é a pressã o negativa de água pura, referida à pressã o intersticial do ar do solo e
que a água do solo teria de ser submetida atravé s de uma membrana semipermeável, para que
a pressã o do ar entrasse em equilíbrio com a pressã o da água no solo. Esta sucç ã o pode ser
considerada como a soma de duas parcelas:
S = Sm +So (2.3)
Onde:
Sm = sucç ã o mátrica, que é a pressã o definida anteriormente trocando-se a água pura
por uma água de mesma composiç ã o que a intersticial, incluindo, assim, os efeitos de forç as
capilares e de adsorç ã o (= ua- uw) ;
So = sucç ã o osmótica, que é a pressã o negativa de água pura a que uma massa de
água com a mesma composiç ã o que a intersticial teria de ser submetida para que entrassem
em equilíbrio atravé s de uma membrana semipermeável.
9
A sucç ã o mátrica é por definiç ã o um termo positivo que expressa uma deficiê ncia de
água e a poro-pressã o na água intersticial, relativa à pressã o no ar intersticial que é negativa,
sendo ua maior que uw para um solo nã o saturado com ar continuamente interconectado.
A sucç ã o osmótica inclui as forç as osmóticas associadas à composiç ã o da água do
solo, que por sua vez també m é influenciada pela capacidade das partículas do solo de reter o
movimento dos cátions trocáveis, os quais alteram a concentraç ã o da dissoluç ã o. Na sucç ã o
total estã o, portanto, incluídos efeitos de capilaridade, adsorç ã o e osmose.
A contraç ã o dos solos é també m explicada pelos fenômenos capilares. Com efeito,
quando toda a superfície do solo estásubmersa em água, nã o háforç a capilar, pois α = 90º. A
medida poré m que a água vai sendo evaporada, vã o se formando meniscos entre os seus grã os
e, consequentemente, irã o surgindo forç as capilares que aproximam as partículas.
Quando o teor de umidade, ou o correspondente grau de saturaç ã o, diminui, os raios
dos meniscos capilares també m diminuem, e a pressã o de sucç ã o aumenta. A Figura 2.1
representa um contato entre duas partículas: na situaç ã o A, a pressã o de sucç ã o estáassociada
ao raio rA, enquanto que na situaç ã o B, a pressã o de sucç ã o estáassociada ao raio rB. Ainda
que estejam representados só um dos raios da superfície água-ar, é fácil concluir que, à
medida que o teor de umidade diminui, a pressã o de sucç ã o aumenta (Pinto, 2000).
Figura 2.1. Associaç ã o entre os raios dos meniscos capilares com a pressã o de sucç ã o num
solo parcialmente saturado (Pinto, 2000)
10
Existe, sobre os solos e em todas as direç ões, uma pressã o agindo que se chama
“pressã o capilar”, que cresce à medida que se evapora a água. Esta compressã o produzida
pela pressã o capilar explica, desse modo, a contraç ã o dos solos durante o seu processo de
perda de umidade (Caputo, 1987).
A consideraç ã o da sucç ã o mátrica como sendo o principal fator no controle das
deformaç ões vem de certa forma confirmar a suposiç ã o de Dudley (1970), de que as ligaç ões
por agentes cimentantes podem ser desfeitas como uma conseqüê ncia da perda de sucç ã o e
das ligaç ões por pontes de argila.
Figura 2.2. Exemplo de curva característica de umidade de solo nã o saturado (Pinto, 2000)
11
Ao se efetuar a determinaç ã o da curva característica do solo deve ser enunciado o
procedimento de ensaio ou a trajetória de sucç ã o efetuada. Esta afirmaç ã o se deve à influê ncia
da histerese em seu formato, quer se considere a história da variaç ã o dos ciclos de secagem ou
umedecimento da amostra e as curvas intermediárias que dependem do ponto de reversã o no
processo de umedecimento ou de secagem (Vilar et al., 1995).
A forma mais comum de se determinar a curva característica do solo é atravé s do
processo de secagem, por meio de acré scimos gradativos de sucç ã o. Esses aumentos de
sucç ã o fazem com que a água existente nos vazios do solo seja expulsa a partir de um
determinado valor de sucç ã o, denominado valor de entrada de ar no solo.
Com o aumento da sucç ã o, poros cada vez menores vã o perdendo a capacidade de
reter água, fazendo entã o com que a água seja drenada dos vazios do solo.
As principais características que interferem diretamente no formato da curva
característica é a estrutura do solo – porosidade e distribuiç ã o dos vazios – e a mineralogia
das partículas. Daía diferenç a de comportamento entre os solos de maior granulometria e os
de menor diâmetro de partículas.
Nos solos que apresentam maior granulometria (areias, pedregulhos), a porosidade é
geralmente alta, e é observado que, quando submetidos a uma pequena sucç ã o a maioria dos
poros se esvazia e poucos tê m a capacidade de reter água, estabelecendo-se uma brusca
variaç ã o no teor de umidade.
Nos casos dos solos finos (argilas, siltes) que apresentam pequeno valor de índice de
vazios para cada acré scimo de sucç ã o apenas uma parcela da água contida nos poros é
drenada, permanecendo ainda uma certa quantidade de poros preenchidos por água,
estabelecendo uma menor variaç ã o do teor de umidade para pequenos acré scimos de sucç ã o.
Este efeito é explicado pelo fato de que, com o aumento gradativo da sucç ã o, o menisco
capilar vai alterando a sua posiç ã o, aumentando o seu raio e consequentemente expulsando a
água dos vazios do solo.
Oslo & Langfelder (1965) e Muchel (1984), citados por Peixoto (1999), mostraram
experimentalmente que a sucç ã o matricial tende a crescer com a superfície específica das
partículas e com a plasticidade das argilas. No processo de secagem, a amostra é inicialmente
saturada para posteriormente sofrer processo de desidrataç ã o com o aumento gradual de
sucç ã o. Deve-se observar que a qualidade da água, empregada no processo de saturaç ã o,
interfere na forma da curva característica, particularmente naqueles solos de textura fina que
contenham significativa quantidade de argilo-minerais com alta atividade, geralmente
expansivos (Klute, 1986, citado por Peixoto, 1999).
12
2.1.4. Resistê ncia ao Cisalhamento dos Solos Não Saturados
onde:
c´= intercepto da envoltória de ruptura de Mohr-Coulomb com os eixos de tensã o cisalhante,
onde a tensã o normal líquida e a sucç ã o mátrica na ruptura sã o iguais a zero; també m
chamada “coesã o efetiva”;
(σv-ua)f = estado de tensã o normal líquida no plano de ruptura na ruptura;
uaf = pressã o de ar no plano de ruptura na ruptura
φ´ = ângulo de atrito interno associado com a variável de tensã o normal líquida
(ua-uw)f = sucç ã o mátrica no plano de ruptura na ruptura
φb = ângulo indicativo do coeficiente de incremento de resistê ncia cisalhante relativa a sucç ã o
mátrica, (ua-uw)f.
Comparando-se a Eq. 2.4 com a utilizada para o crité rio de Mohr Coulomb, observa-
se ser essa uma extensã o do crité rio utilizado para o caso de solos saturados. Quando o solo
aproxima-se da saturaç ã o, a pressã o de água se aproxima da pressã o de ar, e a sucç ã o mátrica
tende a zero, reduzindo-se à equaç ã o original de Mohr & Coulomb para solos saturados.
13
A equaç ã o proposta define um plano, e este plano pode ser definido por um gráfico
tridimensional que tem a tensã o cisalhante, τ, como a ordenada e as duas variáveis de estado
de tensões, (σ-ua) e (ua-uw), com abcissas (Figura 2.3). O plano de ruptura desenvolvido pode
ser modificado para ajustar nã o-linearidades associadas com os parâmetros do solo, ou seja,
φ´ e φb. Experimentos realizados por Gan & Fredlund (1988) demonstraram que os
parâmetros c´e φ´ sã o relativamente constantes para solos com estrutura estável, no entanto, φb
varia devido a variaç ões na sucç ã o mátrica. Para um solo meta-estável se observa um
comportamento nã o-linear de c´, φ´ e φb. Estudos posteriores (Escário & Sáez, 1986;
Abramento & Souza Pinto, 1993) verificaram ser o parâmetro φb nã o linear, sendo esta
grandeza uma funç ã o da sucç ã o mátrica do solo.
Linha de ruptuura de
Mohr-Coulomb
extendida
Figura 2.3. Gráfico tridimensional de tensã o cisalhante (Fredlund et. al., 1978)
14
expansivo. No caso de apresentar uma trajetória com conseqüente diminuiç ã o de volume,
temos uma estrutura meta-estável ou colapsível (Fredlund & Rahardjo, 1993).
Na prática, todo solo nã o saturado pode se apresentar como estável ou meta-estável,
dependendo das tensões atuante no mesmo.
A equaç ã o estendida de Mohr & Coulomb para solos nã o saturados evidencia uma
variaç ã o da resistê ncia ao cisalhamento com a saturaç ã o, em conseqüê ncia da alteraç ã o na
sucç ã o, fato esse que deve ser considerado no dimensionamento de fundaç ões, onde a
resistê ncia lateral tem considerável influê ncia. Essa variaç ã o é específica para cada tipo de
solo, e pode ser avaliada pela curva característica do mesmo.
Vanapalli et al. (1996), apresenta esse relacionamento entre sucç ã o e resistê ncia ao
cisalhamento, sobrepondo a curva característica do solo à curva sucç ã o versus resistê ncia.
Pode-se observar, conforme ilustra a Figura 2.3, que φb pode varia de 0 a φ´. Para um solo
saturado, aplicando-se uma sucç ã o crescente, até o ponto em que o solo começ a a dessaturar-
se, tem-se φb = φ´, pois o menisco capilar nesta zona cobre toda a área da superfície do grã o.
Na zona de desaturaç ã o temos φb variável e decrescente, ou seja, a aç ã o do menisco nã o é
mais em toda área da superfície do grã o e decresce com o aumento da sucç ã o. Após o fim da
desaturaç ã o temos o valor de φb constante e igual a zero, devido a paralisaç ã o do fluxo.
Assim, sendo a resistê ncia funç ã o do produto (ua-uw)tanφb, o acré scimo de sucç ã o, nã o
significa necessariamente acré scimo de resistê ncia, devido a compensaç ã o por parte da
reduç ã o no valor de φb. Valores elevados de sucç ã o podem levar à separaç ã o do menisco,
contribuindo para a reduç ã o da resistê ncia.
Nota-se que no comportamento mecânico quanto à resistê ncia ao cisalhamento dos
solos nã o saturados é considerado parâmetro de sucç ã o do solo, que depende do índice de
vazios e da umidade e, portanto, do seu grau de saturaç ã o. A sucç ã o e a saturaç ã o estã o
ligadas por meio da curva característica que apresenta a capacidade de armazenamento ou
retenç ã o de água no solo.
2.1.5. Compressibilidade
Coleman (1962) sugere que as deformaç ões do solo podem ser atribuídas a
modificaç ões de duas variáveis denominadas tensões normal líquida (σ-ua) e sucç ã o mátrica
(ua-uw), alé m da tensã o desviatória (σ1-σ3), atravé s da seguinte expressã o:
15
dV
− = aC 21d (u a − u w ) + C 22 d (σ − u a ) + C 23d (σ 1 − σ 3 ) (2.5)
V0
onde:
Cij = parâmetros de compressibilidade
σ-ua = componente de tensã o isotrópica
σ1-σ3 = componente de tensã o desviatória
V = volume total do elemento
σ1, σ3 = tensões principais maior e menor
ε1, ε3 = componentes de deformaç ões normais maior e menor
Bishop & Blight (1963), apresentaram uma das primeiras superfícies constitutivas
para descrever a variaç ã o de volume em funç ã o de (σ-ua) e de (ua-uw), conforme ilustrado na
Figura 2.4.
A Figura 2.4 mostra que devido à molhagem, o solo se expande sob tensões mé dias
baixas e colapsa quando submetido a tensões mé dias maiores.
16
Matyas & Radhakrishna (1968) definiram o conceito de parâmetro de estado para
analisar o comportamento do solo nã o saturado. Denominam-se parâmetros de estado, às
variáveis que sã o suficientes para descrever completamente o estado do solo, sem a
necessidade de fazer referê ncias a sua história pré via. Andando-se paralelamente com a teoria
dos solos saturados, em que o comportamento é representado pelo estado tensional e o índice
de vazios, e partindo-se da necessidade de duas variáveis de tensã o, os autores acima
propuseram as funç ões de estado relacionando as diferentes variáveis de estado entre si. No
caso de carga unidimensional ou isotrópica, as relaç ões entre o índice de vazios ou o grau de
saturaç ã o com a sucç ã o e a tensã o vertical líquida ou isotrópica líquida podem ser
representadas em um espaç o tridimensional.
Fredlund (1979) e depois Fredlund & Rahardjo (1993) apresentaram relaç ões
constitutivas modulares para solos nã o saturados, como uma extensã o de equaç ões semi-
empíricas usadas para solos saturados. Nestas relaç ões, as variáveis de deformaç ã o para
mudanç as de volume total e de volume de água sã o associadas às variáveis do estado de
tensã o por meio de módulos de elasticidade. Assumindo-se o solo como um material
isotrópico, linear e elástico, as relaç ões constitutivas podem ser escritas de acordo com a lei
de Hooke generalizada, como:
∆(σ x − u a ) µ (u − u w )
∆ε = − ∆ (σ y + σ z − 2u a ) + a (2.7)
E E H
∆ (σ y − u a ) µ (u − u w )
∆ε = − ∆(σ x + σ z − 2u a ) + a (2.8)
E E H
∆(σ z − u a ) µ (u − u w )
∆ε = − ∆ (σ x + σ y − 2u a ) + a (2.9)
E E H
onde:
H = módulo de elasticidade da estrutura do solo relativo a mudanç as em (ua-uw)
E = módulo de elasticidade da estrutura do solo relativo a mudanç as em (σy-ua).
17
Segundo Pereira (1996), a formulaç ã o proposta por Fredlund & Rahardjo (1993),
assumindo que o solo apresenta um comportamento mecânico isotrópico, implica em um
valor positivo para o módulo de elasticidade isotrópico da estrutura do solo, relativo às
mudanç as na sucç ã o mátrica (H) do solo colapsível. O módulo isotrópico H, resultante do
colapso induzido por molhagem de um elemento de solo em resposta ao decré scimo na sucç ã o
mátrica, independe do estado de tensã o aplicado ao elemento de solo. Em conseqüê ncia, a
formulaç ã o isotrópica prevê a reduç ã o da tensã o lateral para uma amostra de solo que sofre
colapso induzido por molhagem sob carregamento vertical constante e na condiç ã o K0. Tal
prediç ã o contradiz resultados experimentais encontrados por Maswosse (1985). Baseado em
ensaios triaxiais, Lawton et al. (1991a) afirmam que durante o colapso induzido por
molhagem a amostra de solo sofre deformaç ões anisotrópicas que sã o funç ã o do estado de
tensã o anisotrópico. Entretanto, os estudos indicaram que um módulo anisotrópico H parece
ser uma alternativa a ser adotada para a teoria dos solos nã o saturados, como soluç ã o de
modelar o comportamento de um solo nã o saturado durante a saturaç ã o. Uma nova
formulaç ã o para solos colapsíveis foi proposta por Pereira (1996), como segue:
∆(σ x − u a ) µ (u − u w )
∆ε = − ∆(σ y + σ z − 2u a ) + a (2.10)
E E Hx
∆(σ y − u a ) µ (u − u w )
∆ε =
E
−
E
( )
∆ σ y + σ z − 2u a + a
Hy
(2.11)
∆(σ z − u a ) µ (u − u w )
∆ε = − ∆ (σ y + σ z − 2u a ) + a (2.12)
E E Hz
onde:
Hi = módulo de elasticidade anisotrópico da estrutura dos solo relativo às mudanç as em
(ua-uw);
Outros estudos similares mais recentes merecem destaque pela contribuiç ã o ao
desenvolvimento da mecânica dos solos nã o saturados, com Gelhing (1994), Futai (1997) e
Machado (1998), que trabalharam com modelos elastoplásticos.
18
2.2. TEORIA DO EQUILÍ BRIO PLÁ STICO
Problemas com deformaç ões encontrados na mecânica dos solos podem ser divididos
em duas categorias de acordo com o nível de tensã o envolvida. Quando os níveis de tensões
sã o relativamente baixos, os solos podem ser considerados como materiais elásticos, e os
problemas sã o analisados usando a teoria da elasticidade. Por outro lado, se níveis de tensões
sã o elevados, o solo pode atingir seu estado plástico, e podem ser analisados usando a teoria
da plasticidade. As duas categorias acima podem ser visualizadas em uma representaç ã o
idealizada da curva tensã o versus deformaç ã o, conforme mostrado na Figura 2.5. Nesta
idealizaç ã o pode-se dividir os problemas geoté cnicos sob os pontos de vista de
deformabilidade e ruptura para os estados elásticos e plásticos, respectivamente.
Variaç ã o
Elástica Variaç ã o Plástica
Tensã o
Deformaç ã o
19
Figura 2.6. Pressões de sustentaç ã o do diagrama xx` (Vargas, 1977).
Figura 2.7. Deformaç ões para levar ao equilíbrio plástico (Vargas, 1977).
20
2.2.1. Pressão de Terra em Repouso
σ v = ∫ γdy
H
(2.13)
0
onde:
γ = peso específico do solo
y = distância vertical até a superfície
H = profundidade da camada de solo considerada
Para uma massa de solo homogê nea, a tensã o total vertical pode ser escrita como:
σ v = γH (2.14)
(σ h − u a )
K0 = (2.15)
(σ v − u a )
21
desde praticamente nulo até superior a 1. É costume, na prática, adotar-se um valor mé dio 0,5
para os solos compactados.
A tentativa de relacionar Ko com outras propriedades dos solos normalmente
adensados levou Jaky (1944) a correlacioná-lo com o atrito mobilizado entre as partículas de
solo, ou seja, uma relaç ã o do tipo Ko = f(φ’). Nesta equaç ã o, φ’ é o ângulo de atrito interno
efetivo dos solos (Ortigã o, 1995). Jaky propôs a seguinte correlaç ã o:
K 0 = 1 − sen φ ` (2.16)
(a) (b)
Figura 2.8. K0 em solos normalmente adensados: (a) argilas (Ladd et. al., 1977)
e (b) areias (Al Hussaini et. al., 1975) (Ortigã o, 1995)
22
2.2.2. Teoria de Rankine de Empuxo de Terra Baseado no Critério Estendido de Mohr-
Coulomb para Solos Não Saturados
As pressões ativa e passiva de terra para um solo nã o saturado pode ser determinada
assumindo-se que o solo estáem um estado de equilíbrio plástico. Pode-se considerar a tensã o
em uma massa de solo onde as superfícies de ruptura sã o planas. A soluç ã o é conhecida como
teoria de Rankine para empuxo de terra. Para solos nã o saturados, é necessário estender
alguns conceitos convencionais da ruptura de solos em termos de crité rio Mohr-Coulomb, por
essa razã o a teoria de Rankine para empuxo de terra é denominada de “estendida” (Fredlund
et. al., 1978).
A Figura 2.9 mostra na vertical, um plano passando atravé s de uma massa de solo de
profundidade infinita. Um elemento de solo nã o saturado em alguma profundidade estásujeito
a uma tensã o vertical, σv, e uma tensã o horizontal, σh. Estes planos sã o considerados como
sendo planos principais, e a tensã o vertical e horizontal sã o as tensões principais. A superfície
é horizontal, e a tensã o vertical é escrita em termos do peso específico do solo (Eq. 2.13).
Figura 2.9. Tensões em um elemento no maciç o do solo (modificada - Fredlund et. al., 1978).
23
A Eq. 2.4 pode ser escrita de forma similar para solos saturados:
τ = c + (σ n − u a ). tan φ ` (2.18)
Ativa
Passiva
Figura 2.10. Pressã o ativa e passiva para um solo com sucç ã o matricial
(Fredlund et. al., 1978).
Supõe-se, entã o, que o muro, a-a, na Figura 2.9, possa se mover afastando-se da
massa de solo. A tensã o horizontal é reduzida até que um valor limite correspondente ao
estado de equilíbrio plástico seja atingido. Desse modo, a ruptura é obtida pela reduç ã o da
tensã o horizontal.
24
A Figura 2.10 ilustra como as pressões ativa e passiva, em um solo, variam com a
variaç ã o da sucç ã o matricial. Com o aumento da sucç ã o matricial, a pressã o ativa diminui, em
outras palavras, com a pressã o de água no solo ficando mais negativa, o solo fica mais
resistente, isso significa que menos forç a atuaráno muro de arrimo (Fredlund et. al., 1978).
Se o muro se mover afastando-se do maciç o, desenvolve-se a pressã o ativa, a qual é
designada como (σh – ua). A pressã o horizontal pode ser escrita em termos da pressã o vertical,
(σv – ua), considerando a geometria do círculo de Mohr:
((σ v − u a ) − (σ h − u a )) 2
sen φ `=
(σ h − u a ) + (σ v − u a ) (2.20)
+ c. cot φ `
2
(σ h − u a ) = (σ v − u a ) 1 − sen φ ` − 2c cos φ `
(2.21)
1 + sen φ ` 1 + sen φ `
cos φ ` 1 − sen φ `
= (2.22)
1 + sen φ ` 1 + sen φ `
(σ h − u a ) = (σ v − u a )1 − sen φ ` − 2c 1 − sen φ `
(2.23)
1 + sen φ ` 1 + sen φ `
A funç ã o trigonomé trica que aparece na Eq. 2.23 pode ser escrita em termos do
ângulo formado entre o plano de escorregamento e o plano vertical:
1 − sen φ ` φ `
= tan 2 45º − (2.24)
1 + sen φ ` 2
25
Terzaghi & Peck (1967) definiram a variável, Nφ, para descrever a relaç ã o
trigonomé trica abaixo:
1 φ `
= tan 2 45º− (2.25)
Nφ 2
A pressã o ativa, (σh – ua), para um elemento de solo em alguma profundidade, pode
entã o ser escrita como:
(σ h − u a ) = (σ v − u a ) 1
− 2c
1
(2.26)
Nφ Nφ
A Eq. 2.26, combinada à Eq. 2.19, pode ser rescrita em termos de coesã o efetiva e
sucç ã o mátrica na forma:
(σ h − u a ) = (σ v − u a ) 1
− 2 c`
1
− 2(u a − u w ) tan φ b
1
(2.27)
Nφ Nφ Nφ
(σ h − u a )
Ka = (2.28)
(σ v − u a )
Referindo-se à Eq. 2.27, o coeficiente de pressã o ativa pode ser escrito como:
1 2c` 1 (u − u w ) tan φ b 1
Ka = − −2 a (2.29)
N φ (σ v − u a ) N φ (σ v − u a ) Nφ
26
2.2.3.1. Distribuição da Pressão Ativa (Sucção matricial constante com a profundidade)
A pressã o horizontal correspondendo ao estado ativo pode ser calculada para várias
profundidades e plotadas como mostrada na Figura 2.11. Para o caso ativo, planos conjugados
sã o formados na massa de solo em ângulos de 45º + φ’/2 com a horizontal. No caso de solos
saturados é usado a coesã o efetiva.
Zona de
Saturado Traç ã o
Nã o Saturado
Coesã o Sucç ã o
Pressã o de Terra Efetiva Matricial Zona de Traç ã o
27
A profundidade da zona de traç ã o, yt, pode ser calculada tomando-se a pressã o
horizontal como zero e assumindo-se a pressã o de ar no solo igual à pressã o atmosfé rica,
ua = 0, na Eq. 2.26 ou na Eq. 2.27:
2c ` (u − u w ) tan φ b
yt = Nφ + 2 a Nφ (2.30)
γ γ
Se ua = 0,
2c ` tan φ b
yt = N φ − 2u w Nφ (2.31)
γ γ
Assume-se que a sucç ã o matricial no solo diminui com a profundidade, até atingir o
nível da água, conforme Figura 2.13. A sucç ã o matricial na superfície é designada como uma
razã o da pressã o hidrostática usando-se o fator, fw. A pressã o de água na superfície para
condiç ões hidrostáticas pode ser escrita em funç ã o da distância ao lenç ol freático:
(u a − u w )h = ρ w gD (2.32)
y
(u a − u w ) y = f w (u a − u w )h 1 − (2.33)
D
28
Hidrostática
Aproximaç ã o linear
Distribuiç ã o da
poro-pressã o
2c` 2 f w (u a − u w )h tan φ y
b
p a = (σ v − u a )
1
− − 1 − (2.34)
Nφ Nφ Nφ D
Zona de Traç ã o
29
A profundidade da zona de traç ã o, yt, pode ser calculada tomando-se a tensã o total
horizontal igual a zero e assumindo-se a pressã o de ar igual a pressã o atmosfé rica, ua = 0 na
Eq. 2.34:
2c` N φ + 2 f w (u a − u w )h tan φ b N φ
yt = (2.35)
2 Nφ
γ+ f w (u a − u w )h tan φ b
Se ua = 0,
2c` N φ − 2 f w (u w )h tan φ b N φ
yt = (2.36)
2 Nφ
γ − f w (u w )h tan φ b
((σ h − u a ) − (σ v − u a )) 2
sen φ `= (2.37)
(σ h − u a ) + (σ v − u a )
+ c. cot φ `
2
(σ h − u a ) = (σ v − u a )1 + sen φ ` − 2c cos φ `
(2.38)
1 − sen φ ` 1 − sen φ `
30
As relaç ões trigonomé tricas usadas para análise das pressões ativas podem ser usadas
para rescrever a Eq. 2.38, e considerando-se a coesã o total conforme expressa n Eq. 2.19,
obté m-se:
O coeficiente de pressã o passiva pode ser escrito como a razã o entre a pressã o
horizontal e pressã o vertical resultante, dividindo a Eq. 2.39 pela pressã o vertical resultante
tem-se:
2c ` N φ 2(u a − u w ) tan φ b N φ
K p = Nφ + + (2.40)
(σ v − u a ) (σ v − u a )
As Equaç ões 2.29 e 2.40 mostram que tanto o coeficiente da pressã o ativa como o
coeficiente da pressã o passiva, variam com a pressã o da sobrecarga.
31
2.2.4.1 Distribuição da Pressão Passiva (Sucção matricial constante com a profundidade)
A pressã o horizontal correspondente ao estado passivo pode ser calculada para várias
profundidades e plotadas como mostrada na Figura 2.16. Para o caso passivo, planos
conjugados sã o formados na massa de solo em ângulos de 45 - φ’/2 com a horizontal. No caso
de solos saturados é usado a coesã o efetiva, jáque a sucç ã o matricial torna-se nula, e o solo
passa a ser controlado pela tensã o efetiva.
Nã o Saturado
Saturado
Supondo-se que a sucç ã o matricial e a coesã o total tenham valores constantes com a
profundidade, e a distribuiç ã o da pressã o passiva seja transladada para a direita, paralela ao
caso em que o solo é saturado. A Figura 2.17 mostra o diagrama da pressã o passiva resultante,
formada por diagramas distintos das trê s componentes da resistê ncia ao cisalhamento do solo
nã o saturado.
32
Coesã o Sucç ã o
Pressã o de Terra Efetiva Matricial
Nã o Saturado
Saturado
Figura 2.17. Componentes da distribuiç ã o da pressã o passiva com sucç ã o matricial constante
(Fredlund et. al., 1978).
y
p p = (σ v − u a )N φ + 2c` N φ + 2 f w (u a − u w )h tan φ b 1 − N φ (2.42)
D
33
2.3. TEORIA CLÁ SSICA DE EMPUXO
Entende-se por empuxo de terra a aç ã o produzida pelo maciç o terroso sobre as obras
com ele em contato. A determinaç ã o do seu valor é fundamental na análise e projeto de obras
como muros de arrimo, cortinas de estacas-pranchas, construç ões de subsolos, encontros de
pontes, entre outras.
O valor do empuxo de terra, assim como a distribuiç ã o das tensões ao longo da altura
do elemento de contenç ã o, dependem da interaç ã o solo-elemento estrutural durante todas as
fases da obra. O empuxo atuante sobre o elemento estrutural provoca deslocamentos
horizontais que, por sua vez, alteram o valor e a distribuiç ã o do empuxo, ao longo das fases
construtivas da obra e até mesmo durante sua vida ú til, conforme verificou-se anteriormente
com a descriç ã o dos estados ativo, passivo e repouso.
O assunto é dos mais complexos da Mecânica dos Solos. Até hoje nenhuma teoria
geral e rigorosa pôde ser elaborada, apesar de um grande nú mero de pesquisadores e notáveis
matemáticos e físicos terem dele se ocupado. Todas as teorias propostas admitem hipóteses
simplificadoras mais ou menos discutíveis conforme as condiç ões reais.
As teorias clássicas sobre empuxo de terra foram formuladas por Coulomb (1773) e
Rankine (1856), tendo sido desenvolvidas por Poncelet, Culmann, Rebhann, Krey e, mais
modernamente, estudadas e criticadas por Caquot, Ohde, Terzaghi, Brinch Hansen e outros
autores (Caputo, 1975).
Foi mostrado no item 2.2.3 que a pressã o ativa exercida por um maciç o de superfície
horizontal em equilíbrio plástico, sobre um anteparo vertical, a uma profundidade y, seria
dada pela Eq. 2.26.
A assimilaç ã o entre a teoria do equilíbrio plástico e o caso das pressões sobre muros
de arrimo é feita considerando-se o tardoz do muro como sendo uma superfície vertical do
34
maciç o em equilíbrio plástico ativo. Pois o tardoz do muro sob a aç ã o das pressões de terra
tenderá a ceder, deslocando-se na direç ã o que agem os empuxos. Por exemplo, na
Figura 2.18-a, aparece o traç o do tardoz de um muro arrimando um maciç o nã o coesivo de
superfície inclinada de um ângulo i com a horizontal. Pelo círculo de Mohr da Figura 2.18-b,
pode verificar-se que, passando o círculo pelo ponto A e sendo tangente à reta de Coulomb, a
pressã o pa serádada por OB, em módulo e direç ã o. As pressões sobre o tardoz serã o entã o,
pela teoria de Rankine, dadas pelo triângulo MNQ. Isto é , serã o inclinadas de um ângulo i em
relaç ã o à normal ao tardoz vertical.
(a) (b)
como:
sen i sen 2 i
sen w = e, portanto, cos w = 1 − (2.44)
sen φ sen 2 φ
35
No caso de i = 0, a Eq. 2.45 transforma-se em:
1 − sen φ
= γztg 2 (45 − φ / 2 ) =
1
p a = γz γz (2.46)
1 + sen φ Nφ
p a = [γh + γ sub (H − h )]
1
(2.48)
Nφ
No caso em que o muro nã o esteja ele mesmo submerso, mas retiver a água por trás
do seu tardoz, entã o se dever-se-ásomar, ao empuxo de terra, o empuxo de água.
Nesse ú ltimo caso o empuxo total sobre o muro será:
36
1 1
E a = γh 2 + γhH 1 + γ sub H 12 .K a (2.49)
2 2
1
p a = q0 (2.50)
Nφ
1
∆E a = q 0 H (2.51)
Nφ
γz 1
pa = − 2c (2.26)
Nφ Nφ
2c
Equaç ã o essa que nos indica que até uma profundidade z 0 = N φ a pressã o será
γ
negativa, e positiva somente abaixo dessa profundidade.
O empuxo total sobre o tardoz vertical serádado pela expressã o:
H 1 1 1
E a = ∫ p a dz = γH 2 − 2cH (2.52)
0 2 Nφ Nφ
pela qual se pode perceber que até uma profundidade crítica Hc tal que:
4c
HC = Nφ (2.53)
γ
37
2.3.1.2. Empuxo Passivo
(a) (b)
OB OE + BA OC cos i + CB cos w
= = (2.54)
OA OE − BA OC cos i − CB cos w
sen i sen 2 i
Como sen w = e, w = 1 − tem-se (2.55)
sen φ sen 2 φ
38
E o empuxo seráa integral:
p p = γzN φ + 2c N φ (2.57)
H γH 2
E p = ∫ p p dz = Nφ + 2cH Nφ (2.58)
0 2
39
2.3.2.1. Empuxo Ativo
A Figura 2.21-a mostra a cunha ABC que, segundo Coulomb desliza ao longo da
superfície BC e atua exercendo empuxo sobre a superfície do muro de arrimo AB. Seja φ1 o
ângulo de atrito entre o solo e o muro, segundo o qual o empuxo atua sobre o muro. O
símbolo δ é o valor do ângulo que o empuxo faz com a vertical. Coulomb admite ainda que a
superfície de deslizamento é plana e passa pelo pé do muro, no ponto B. Ao longo dessa
superfície a resistê ncia de cisalhamento deve estar totalmente mobilizada e portanto, a
resultante de tal resistê ncia R farácom a normal a superfície com ângulo φ - ângulo de atrito
interno do solo.
40
Para o cálculo analítico desse máximo considere-se, como mostra a Figura 2.22, uma
variaç ã o na inclinaç ã o da superfície de ruptura de um acré scimo elementar de ângulo dθ,
sendo que os ângulos de inclinaç ã o θ serã o contados a partir de uma reta AD, a qual faz um
ângulo φ com a horizontal.
Se AC, que faz um ângulo θ com a linha AD, for a superfície de ruptura, o peso P da
cunha ABC e o empuxo E sobre o muro, estarã o relacionados entre si, como é fácil tirar da
disposiç ã o de forç as da Figura 2.21-b, pela lei dos senos:
E P
= (2.59)
sen θ sen[180º−(δ + θ )]
como:
P sen θ
E= (2.61)
sen (δ + θ )
Pela teoria de Coulomb esse seráo empuxo de terra sobre o muro somente no caso
dele ser o máximo valor dos E, ao variar θ. Para se obter esse máximo iguala-se a zero a
derivada da Eq. 2.61 em relaç ã o a θ.
dP
sen (δ + θ ) P cos θ + sen θ − P sen θ cos(δ + θ )
dE dθ
= (2.62)
dθ sen 2 (δ + θ )
Donde se tem:
dP
P sen δ = − sen (δ + θ r ) sen θ r (2.63)
dθ r
41
sen (δ + θ r ) sen θ r dP
P= (2.64)
sen δ dθ r
sendo θ = θr o ângulo de ruptura, traç ada pelo ponto C uma paralela à diretriz AG (a
qual faz um ângulo δ com a AD), a área do triângulo ACD será:
AC 2 sen (δ + θ r ) sen θ r
A1 = (2.65)
2 sen δ
1
dP = AC 2γdθ (2.66)
2
dP 1
= AC γ
2
(2.67)
dθ 2
P = A1γ (2.68)
sen 2 θ r dP
Ea = (2.69)
sen δ dθ r
1 sen 2 θ r
Ea = AC 2 γ (2.70)
2 sen δ
42
Figura 2.22. Construç ã o gráfica do empuxo de Coulomb (Vargas, 1977).
Se, na Figura 2.22, construir-se o triângulo CC”D como o lado C”D = CD, sua área
será:
1
A= CD 2 sen δ (2.71)
2
2 sen θ r
2
1
A = AC (2.72)
2 sen δ
Portanto a área A (igual à área do triângulo CC”D), multiplicada por γ (de acordo
como a Eq. 2.70), é o empuxo ativo:
γCD 2 sen δ
Ea = A γ = (2.73)
2
BC = BS − CS (2.74)
43
onde:
sen (β + φ ) H sen (β + φ )
BS = AB = (2.75)
sen (φ − i ) sen β sen (φ − i )
sen δ
CS = CD (2.76)
sen(φ − i )
H sen (β + φ ) sen δ
BC = − CD (2.77)
sen β sen (φ − i ) sen (φ − i )
sen (β + φ − δ )
AT = AB (2.78)
sen δ
sen (β + i )
AS = AB (2.79)
sen (φ − i )
AB sen (β + φ − δ ) sen (β + i )
AD = AT . AS = AB (2.80)
sen δ sen (φ − i )
AD sen (β + φ − δ ). sen (β + i )
= (2.81)
AB sen δ . sen (φ − i )
BC sen δ AD
= . (2.82)
CD sen (β + i ) AB
44
H sen (β + φ ) sen δ
BC = − CD (2.84)
sen β sen (φ − i ) sen (φ − i )
H sen (β + φ )
CD = (2.85)
sen β sen δ . sen (φ − i ) sen (β + φ − δ ). sen (β + i )
sen δ +
sen (β + i ) sen δ . sen (φ − i )
1 Ka
E a = γH 2 (2.87)
2 sen β . cos φ1
cos φ1 sen 2 (β + φ )
Ka = (2.88)
sen (β + φ − δ ). sen (φ − i )
2
sen β . sen δ 1 +
sen δ . sen (β + i )
1 cos φ
E a = γH 2
( )2
(2.89)
2 1 + 2 sen φ
45
2.3.2.2. Empuxo Passivo
(a)
(b)
Figura 2.23. Extensã o da teoria de Coulomb para empuxo passivo (Vargas, 1977).
Ainda, da mesma maneira que foi feito para o empuxo ativo, é possível calcular-se
analiticamente o valor de Ep e chega-se à expressã o:
46
2
γH 2
sen (β − φ )
Ep = (2.90)
2 sen β sen δ sen (β − φ + δ ) sen (φ − i )
2
1 −
sen δ sen (β − i )
1 Kp
E p = γH 2 (2.91)
2 sen β cos φ1
cos φ1 sen 2 (β − φ )
Kp = (2.92)
sen (β − φ + δ ) sen (φ − i )
2
sen β sen δ 1 −
sen δ sen (β − i )
47
Conforme as estacas sejam cravadas a uma pequena profundidade ou a uma
profundidade considerável, as cortinas serã o de extremidade livre ou extremidade fixa. No
caso de cortinas ancoradas, os elementos a serem determinados sã o: comprimento da ficha,
esforç o no tirante e momento fletor máximo.
Este mé todo considera que a cortina está sujeita, no lado do solo, à uma pressã o
ativa. Abaixo da influê ncia da pressã o ativa o muro tende a girar, desenvolvendo pressões
48
passivas na frente da cortina e pressões ativas atrás da cortina. No ponto b da Figura 2.24, o
solo atrás do muro muda de pressã o ativa para pressã o passiva, com pressã o ativa na frente do
muro para o remanescente da distância até o pé da estaca.
Zona
Ativa
Linha de Escavaç ã o
Zona
Passiva
Ponto de
Rotaç ã o
Zona Passiva
(a) (b) (c)
Figura 2.24. Parede em balanç o; (a) Deformada da parede; (b) Distribuiç ã o das pressões
obtidas pelas teorias da elasticidade e da plasticidade; (c) Diagrama simplificado
(Bowles, 1968).
Com os termos definidos e mostrados na Figura 2.25, uma soluç ã o geral pode ser
obtida para cortinas em solos nã o coesivos. Primeiro, todas as forç as acima e a direita do
ponto O sã o representadas por uma forç a resultante Ra localizado a uma distância y acima
deste ponto. O ponto O estálocalizado a uma distância a abaixo da linha de escavaç ã o, onde a
pressã o no muro é nula (equilíbrio: ativo igual ao passivo).
pa p p
a= = a = a
γ `(K ` p − K `a ) γ `K ` C
(2.93)
p p = CY (2.94)
49
A pressã o resultante, à direita da cortina, no ponto “O” é :
NA
Linha de Escavaç ã o
obter:
(
Ra + p p + p`` p ) 2z − p p
Y
2
=0 (2.97)
p p Y − 2 Ra
z= (2.98)
p p + p`` p
50
(
Ra Y + y + ) 3z (p p + p``p ) 2z − p p
YY
2 3
=0 (2.99)
simplificando tem-se:
( ) ( )
6 Ra Y + y + z 2 p p + p`` p − p p Y 2 = 0 (2.100)
6 R a y p ` p +4 R a
( )
2
p` p 8 Ra 6R
Y 4 −Y3 −Y 2 − Y 2a 2 yC + p`p − =0 (2.101)
C C C C2
H + 2a
y= (só para talude seco) (2.102)
3
4. Inserir os valores encontrados no passo 3 e calcular Y. O mé todo de tentativa e
erro (assumindo-se valores para Y e resolvendo) proverá soluç ã o rápida, se a
resposta estiver dentro de até 0.15 m pode ser aceita. Iniciar com valores de Y em
torno de 0.75H.
5. O comprimento total da estaca é determinado por:
L=H +D (2.103)
onde a ficha D é igual a:
D =Y +a (2.104)
51
2.4.3.2. Estaca Prancha em Balanço em Solo Coesivo (φ = 0º)
O tratamento com estacas pranchas em solo coesivo é similar ao do solo granular. Há,
poré m, certos fenômenos associados com solos coesivos que requerem em consideraç ões
adicionais. Por exemplo, o adensamento ocorrido na zona de pressã o passiva. Trincas de
traç ã o podem se formar na zona ativa e, se preenchidas por água, aumentam a pressã o lateral,
mudando assim a localizaç ã o da resultante.
Zona de Traç ã o
Linha de Escavaç ã o
Ra +
z
2
( ) (
4c − q + 4c + q − D 4c − q = 0 ) (2.105)
resolvendo-se para z,
z=
( )
D 4c − q − Ra
(2.106)
4c
52
logo, por equilíbrio, fazendo-se o somatório dos momentos no pé da estaca, tem-se:
(
Ra y + D −) D2
2
( )
z2
4c − q + (4c ) = 0
3
(2.107)
( )
D 2 4c − q − 2 DRa −
(
Ra 12c y + Ra )=0 (2.108)
2c + q
onde todos os termos sã o identificados na Figura 2.26 mas usando-se a pressã o efetiva
na linha de escavaç ã o = q .
A profundidade calculada pela Eq. 2.108 pode ser aumentada de 20 a 40% ou,
alternativamente, a coesã o usada pode ser dividida por um fator de seguranç a de 1,5 a 2,0,
aumentando-se diretamente com a profundidade calculada. É importante atentar para o fator
de seguranç a usado, para que nã o se tenha conclusões errôneas de que o muro nã o pode ser
construído se a coesã o do solo é tal que:
4c
≤q (2.109)
FS
Este mé todo considera que a cortina é rígida e pode rotacionar ao redor de um ponto
no nível da ancoragem. Pressões passivas se desenvolvem no solo em frente da cortina e
pressões ativas se desenvolvem atrás da cortina. Após se estimar uma ficha inicial, o valor
deve ser acrescido de 20 à 40%, ou o Kp deve ser dividido pelo fator de seguranç a apropriado
antes de se estimar o comprimento da ficha, com o mé todo preferido. Considera-se o
diagrama de pressões mostrado na Figura 2.27.
53
Tirante
Linha de
Escavaç ã o
Figura 2.27. Mé todo de cálculo de uma cortina ancorada de extremidade livre: (a) solo granular;
(b) solo coesivo abaixo da linha de escavaç ã o (Bowles, 1968)
pa
a= (2.110)
γ 'K'
onde:
p a é a pressã o horizontal no nível da escavaç ã o;
y ' R p = yR a (2.111)
onde:
Rp é a resultante das pressões passivas;
54
Ra é a resultante das pressões ativas;
y é a distância entre o ponto de aplicaç ã o da resultante ativa e o ponto de ancoragem;
y’ é a distância entre o ponto de aplicaç ã o da resultante passiva e o ponto de
ancoragem.
Tomando-se X como diferenç a entre a profundidade da ficha D e o ponto a, tem-se:
X2
Rp = γ ' K' (2.112)
2
e da Figura 2.27(a).
2
γ ' = h3 + a + X (2.113)
3
X2 2
yR a = γ ' K ' h3 + a + X (2.114)
2 3
De posse desta equaç ã o, arbitra-se valores de X até que ela seja satisfeita. Com o
valor de X, calcula-se a ficha, utilizando-se a Eq. 2.116.
D= X +a (2.116)
Fa = Ra − R p (2.117)
55
O momento máximo atuante na cortina é dado pela Eq. 2.118.
M max = y m Ra (2.118)
Pela Figura 2.27(b), onde o solo é puramente coesivo, abaixo da linha de escavaç ã o,
a somatória dos momentos em relaç ã o ao ponto de ancoragem, de forma que haja o equilíbrio
de momentos é mostrada na Eq. 2.119.
D
Ra y − D(4c − q ) h3 + = 0 (2.119)
2
2 yR a
D 2 + 2 Dh3 − =0 (2.120)
4c − q
56
3. DIMENSIONAMENTO DE CORTINAS DE ESTACAS PRANCHAS EM SOLOS
NÃ O SATURADOS
3.1. INTRODUÇ Ã O
57
Neste trabalho o dimensionamento de cortinas de estacas pranchas em solo nã o
saturado é realizado utilizando-se o mé todo da extremidade livre (Bowles, 1968),
combinando-se as formulaç ões disponíveis para um solo com coesã o e atrito. Neste mé todo,
determinam-se o comprimento da ficha necessária e os diagramas de pressões ativa e passiva
atuantes na cortina, utilizando-se o mé todo do equilíbrio limite no sistema maciç o-cortina.
Os coeficientes de empuxo de terra ativo e passivo para os solos nã o saturados
podem ser determinados pela hipótese de que o solo está no estado de equilíbrio limite
(Fredlund et al., 1993). As equaç ões de empuxo ativo e passivo para um elemento de solo nã o
saturado, utilizando-se a teoria de Rankine, sã o apresentadas pela Eq. 2.26 e pela Eq. 2.39 do
Capítulo 2.
Utilizando-se as equaç ões 2.26 e 2.39, pode-se calcular as tensões horizontais
considerando-se que todo o acré scimo de resistê ncia devido à sucç ã o está incluso no
intercepto de coesã o total c. A Figura 2.11 ilustra que, com o aumento da coesã o, devido à
sucç ã o, a zona de “traç ã o” entre o solo e a contenç ã o tende a aumentar, ou seja, o ponto onde
ocorre a tensã o horizontal nula tende a aprofundar-se, o que reduz o diagrama de empuxo
ativo que solicita a contenç ã o. Analogamente, o empuxo passivo, na parte enterrada da
cortina, aumenta em resposta a um aumento da sucç ã o. Portanto, pode-se verificar que devido
à coesã o total, cuja majoraç ã o estárelacionada ao aumento da sucç ã o mátrica, háum aumento
no valor do empuxo passivo e uma reduç ã o na magnitude do empuxo ativo. Em ambos os
casos há uma alteraç ã o no ponto de aplicaç ã o da resultante do empuxo. Neste trabalho o
dimensionamento da cortina de contenç ã o considerou a sucç ã o como sendo constante com a
profundidade.
A pressã o que age na linha de escavaç ã o é dada pela Eq. 3.1:
p a = γHK a − 2c K a + qK a (3.1)
58
3.2. DIMENSIONAMENTO DE CORTINA EM BALANÇ O – BOWLES, 1968
A resultante do empuxo ativo é dada pela soma do empuxo ativo acima da linha de
escavaç ã o e o empuxo ativo abaixo da linha de escavaç ã o, como mostrado na Fig. 3.1.
Ea1
Linha de Escavaç ã o
Ea2
Figura 3.1. Diagrama de pressã o para cortina em balanç o em solo com coesã o e atrito
(modificada – Bowles, 1968).
pa p p
a= = a = a
γ (K p − K a ) γK ' C
(3.3)
p p = CY (3.4)
O empuxo ativo acima da linha de escavaç ã o é obtido pela área do triângulo de base
p a e altura H:
59
γH 2 K a
E a1 = − 2c' H K a − 2(u a − u w ) H K a + qHK a (3.7)
2
O empuxo ativo abaixo da linha de escavaç ã o é obtido pela área do triângulo de base
p a e altura a:
paa
Ea2 = (3.8)
2
R q = E a1 + E a 2 (3.9)
H 2
yRa = E a1 + a + E a 2 a (3.10)
3 3
H 2
E a1 + a + E a 2 a
3 3
y= (3.11)
Ra
(
Ra + p p + p' ' p ) 2z − p p
Y
2
=0 (3.12)
p p Y − 2 Ra
z= (3.13)
p p + p' ' p
60
Uma equaç ã o adicional em Y e z pode ser obtida fazendo-se o somatório de
momentos igual a zero no pé da estaca.
(
Ra Y + y + ) 3z (p p + p' ' p ) 2z − p p
YY
2 3
=0 (3.14)
simplificando tem-se:
( ) ( )
6 Ra Y + y + z 2 p p + p' ' p − p p Y 2 = 0 (3.15)
6 Ra y p ' p +4 Ra
( )
2
p' p 8Ra 6R
Y 4 −Y3 −Y2 − Y 2a 2 yC + p ' p − =0 (3.16)
C C C C2
De posse da Eq. 3.16, arbitra-se valores de Y até que a condiç ã o de igualdade seja
satisfeita. Com o valor de Y, calcula-se a ficha utilizando-se a Eq. 3.17.
D =Y + a (3.17)
y ' R p = yR a (3.18)
onde:
Rp é a resultante das pressões passivas;
y' é a distância entre o ponto de aplicaç ã o da resultante passiva e o ponto de
ancoragem.
61
Tirante
Linha de Escavaç ã o
Figura 3.2. Diagrama de pressã o para cortina ancorada em solo com coesã o
e atrito
X2
Rp = γ ' K' (3.19)
2
e da Figura 3.2.
2
y ' = h3 + a + X (3.20)
3
X2 2
yR a = γ ' K ' h3 + a + X (3.21)
2 3
62
γ 'K' 2γ 'K'
X 3 + X (h3 + a ) − yR a = 0 (3.22)
3 2
De posse desta equaç ã o, arbitra-se valores de X até que ela seja satisfeita. Com o
valor de X, calcula-se a ficha, utilizando-se a Eq. 3.23.
D= X +a (3.23)
Fa = R a − R p (3.24)
M max = y m Ra (3.25)
Este programa serve para modelar e solucionar vários problemas de engenharia como
muros de gravidade, muros de gabiões, estabilidade de taludes, análises de fundaç ões rasas e
profundas, cortinas de contenç ã o entre outros. A análise de pressã o de terra é o ponto de
partida do sistema Geofine. Este programa foi utilizado no presente trabalho para se fazerem
as retroanálises.
63
σ i = ∑ hi γ i (3.26)
onde:
hi = espessura da camada i
γi = peso específico do solo da camada i
Se a camada estáabaixo do nível da água, o peso específico do solo submerso pode
ser definido de acordo com a opç ã o determinada pelo usuário da seguinte maneira:
- Opç ã o de subpressã o igual a 10 kN/m3:
γ ' = γ sat − 10
- Opç ã o de cálculo a partir da porosidade:
γ ' = (1 − n )(γ s − 10 )
onde:
γ’ = peso específico do solo submerso
γsat = peso específico do solo saturado
γs = peso específico do esqueleto do solo
n = porosidade do solo
A Figura 3.3 ilustra a entrada de dados dos parâmetros do solo no programa Geofine,
onde adicionam-se camadas com suas características até se compor o perfil de solo desejado.
64
3.4.2. Notações Usadas dos Tipos de Pressões de Terra
i – Pressão Ativa
Para desenvolver a pressã o lateral a estrutura deve mover-se na mesma direç ã o da
pressã o de terra atuante. A rotaç ã o mínima requerida para que desenvolva pressã o ativa é de
aproximadamente 2 mm/m para altura da estrutura.
A magnitude da pressã o ativa depende do ângulo de atrito entre o solo e a estrutura,
φ1, a pressã o ativa diminui quando-se aumenta o ângulo de atrito. Se a superfície atrás da
contenç ã o for tratada para evitar infiltraç ã o, o valor do ângulo de atrito entre o solo e a
estrutura deve ser inferior a φ1 ≤ 1/3 φ. Para superfícies rugosas esse valor nã o deve superar
φ1 = 2/3 φ, onde φ é o ângulo de atrito do solo.
ii – Pressão no Repouso
É a pressã o de terra atuante em uma estrutura indeformável. É usualmente
considerada em caso onde é necessário uma restriç ã o na deformaç ã o na superfície vertical do
solo, ou quando a estrutura é suficientemente rígida e nã o permite deformaç ã o ao ponto de
desenvolver pressã o ativa. Nestes casos é aconselhável considerar uma possível
implementaç ã o na pressã o ativa, que é uma pressã o entre a pressã o ativa e a pressã o no
repouso. Esta pressã o entra nas análises como a mé dia ponderada de ambas as pressões ou
como pressã o ativa calculada com ângulo de atrito reduzido φred. Solos coesivos requerem
c tan φ red
uma reduç ã o na coesã o de c red = .
tan φ
65
As expressões segue a convenç ã o de sinal de acordo com o apresentado na
Figura 3.4.
As seguintes notaç ões sã o usadas:
γ = peso específico do solo [kN/m 3]
φ = ângulo de atrito do solo [ º ]
c = coesã o do solo [kPa]
α = ângulo de inclinaç ã o da estrutura [ º ]
β = ângulo de inclinaç ã o do terrapleno [ º ]
φ1 = ângulo de atrito entre a estrutura e o solo [ º ]
ν = coeficiente de Poisson
σ = tensã o normal [kPa]
σ a = σ z K a − 2c K ac (3.27)
66
cos 2 (φ − α )
Ka = , (3.28)
sen (φ + φ1 ) sen (φ − β )
2
cos 2 α cos(α + φ1 )1 +
cos(α + φ1 ) cos(α − β )
σ az = σ a sen (α + φ1 )
K ahc
K ac = (3.30)
cos(φ1 + α )
Nota-se que para solos coesivos, devido a coesã o, o valor da pressã o ativa pode ficar
negativa tornando-se menor que a pressã o mínima de dimensionamento. Se isso ocorre, esse
valor é fixado como sendo zero ou substituído pela pressã o mínima de dimensionamento.
σ p = σ z K pψ + 2c K pψ (3.31)
σ pz = σ p sen (α + φ1 )
67
3.4.5 Pressão no Repouso
σ r = σ z .K r (3.32)
υ
Onde K r = (teoria da elasticidade) ou K r = 1 − sen φ (Jaky), respectivamente.
1−υ
A primeira fórmula para calcular Kr é usada na análise de solos coesivos, e a segunda
somente é usada para solos nã o coesivos. A escolha do tipo de solo durante a entrada de dados
dos parâmetros influencia no cálculo da pressã o no repouso.
Para terraplenos inclinados (0º < β ≤ φ), a pressã o no repouso é fornecida pela
Eq. 3.33.
σ z K r sen φ cos β
σr = (3.33)
sen φ − sen 2 β
(
σ = σ z sen 2 α + K r cos 2 α ) (3.35)
Para a análise das pressões de terra duas alternativas estã o disponíveis para reduç ã o
dos parâmetros do solo:
68
Essa opç ã o pode ser usada para análise do 2º grupo do estado limite (estado de
deformaç ã o) de uma construç ã o, ou quando se usa o mé todo clássico onde os
valores característicos das tensões sã o reduzidas.
Essa condiç ã o foi a utilizada para se fazer as retroanálises no presente trabalho.
69
mé todo da extremidade livre de Bowles (1968), onde as condiç ões de somatório de momentos
e de forç as horizontais iguais a zero sã o atendidas simultaneamente.
Na caixa de diálogo da análise, existem duas alternativas que podem ser consideradas
na análise da estrutura. Quando opta-se pela opç ã o de pressã o mínima de dimensionamento, o
programa assume que a pressã o mínima de dimensionamento é de 0,2σz. Alé m do que, o
coeficiente de reduç ã o da pressã o passiva pode ser colocado como um valor menor ou igual a
1,0. Esse valor reduz a pressã o passiva na frente da cortina de estaca prancha. Quando essa
reduç ã o atinge 2/3 a deformaç ã o cai pela metade, quando é reduzida em 1/2 a deformaç ã o cai
para 20% do seu valor original.
Nas retroanálises, utilizou-se a opç ã o de nã o considerar uma pressã o mínima de
dimensionamento, ou seja, assumindo-se tensões negativas.
Uma cortina ancorada é analisada como uma viga contínua usando a variante da
deformaç ã o pelo mé todo dos elementos finitos. A pressã o atrás da estrutura é considerada
como pressã o ativa. O programa determina a pressã o de acordo com a opç ã o escolhida na
caixa de diálogo de determinaç ã o de pressã o. Quando a opç ã o selecionada é a “corrente”, o
carregamento devido a pressã o ativa é calculado baseado nos dados dos parâmetros de solo,
nível d’água, sobrecarga, inclinaç ã o do terrapleno. Os parâmetros do solo sã o reduzidos
dependendo da opç ã o na análise, se teoria clássica ou estados limites. Quando a opç ã o
selecionada para determinaç ã o da pressã o ativa é a “entrada”, o usuário pode pôr uma
distribuiç ã o de pressã o de terra arbitraria acima do ponto de valor zero.
O ponto de valor zero é determinado pela Eq. 3.38, e estáilustrado na Figura 3.5.
σa
u= (3.37)
γK
onde:
u = distância do nível de escavaç ã o ao ponto de valor zero
σa = pressã o de terra ao nível da escavaç ã o
K = coeficiente de pressã o total
γ = peso específico do solo
70
A pressã o abaixo do ponto zero é determinada assumindo-se que o solo abaixo do
nível de escavaç ã o é homogê neo. Caso o solo abaixo do nível de escavaç ã o esteja submerso, o
peso específico do solo natural é substituído pelo peso específico do solo submerso. O
coeficiente de pressã o total é encontrado pela seguinte fórmula:
onde:
k = coeficiente de reduç ã o da pressã o passiva;
Kp = coeficiente de pressã o passiva;
Ka = coeficiente de pressã o ativa;
δa, δp = ângulo de atrito entre o solo e a estrutura ativo e passivo, respectivamente.
71
4. INSTRUMENTAÇ Ã O DA CORTINA DE ESTACAS PRANCHAS
4.1.1. Histórico
72
medida de deformaç ões. Esta experiê ncia deu origem aos extensômetros que sã o utilizados
atualmente.
4.1.2. Princí
pio de Funcionamento
A resistê ncia elé trica de um condutor de seç ã o uniforme é dada pela equaç ã o:
R = ρ.(L/A) (4.1)
Onde:
R = resistê ncia em Ohms;
L = comprimento do condutor;
A = seç ã o transversal do condutor;
ρ = resistividade do condutor, que é funç ã o da temperatura do condutor e das
solicitaç ões mecânicas à ele aplicadas.
Se submeter-se este condutor a uma solicitaç ã o mecânica (traç ã o ou compressã o) sua
resistê ncia irá variar, devido às variaç ões dimensionais da seç ã o e comprimento L, també m
pela propriedade fundamental dos materiais chamado piezo-resistividade, a qual depende da
resistividade do material, sob uma deformaç ã o mecânica.
A experiê ncia mostra que à deformaç ã o ε (∆L/L) corresponde a uma variaç ã o
unitária de resistê ncia ∆R/R que, dentro de certos limites, é sensivelmente proporcional à
deformaç ã o do fio.
Para obter-se a mudanç a de unidade na resistê ncia é tomado o logaritmo de ambos os
lados da Eq. 4.1.
∆R / R = ( ∆ρ / ρ ) + ( ∆L / L ) – ( ∆A / A) (4.2)
Sendo “A” a área da seç ã o transversal do fio e considerando-se o efeito dado pelo
coeficiente de Poisson tem-se:
73
∆A / A = - 2ν ( ∆L / L ) (4.3)
∆R / R = ( ∆ρ / ρ ) + ( ∆L / L ) + 2ν ( ∆L / L )
ou seja:
∆R / R = ( 1 + 2ν ) ( ∆L / L ) + ( ∆ρ / ρ ) (4.4)
( ∆R / R ) / ε = ( 1 + 2ν ) + ( ∆ρ / ρ ) / ε (4.5)
∆ρ = mρ ( ∆V / V )
em outras palavras:
∆ρ / ρ = m ( ∆V / V ) (4.6)
como:
∆V / V = ( 1 – 2ν ) ( ∆L / L )
tem-se:
∆ρ / ρ = m ( 1 – 2ν )( ∆L / L) (4.7)
74
( ∆R / R ) / ε = ( 1 + 2ν ) + m ( 1 – 2ν )
que é igual a:
( ∆R / R ) / ε = ( 1 + m ) + 2ν ( 1 – m ) (4.8)
( ∆R / R ) / ε = 2 (4.9)
∆R / R = K . ε (4.10)
Pela Eq. 4.10, deduz-se que se o fator K ( fator do extensômetro ) for conhecido,
medindo-se a variaç ã o relativa de resistê ncia ( ∆R / R ), obter-se-áa medida de deformaç ã o
ε ( ∆L / L ).
Este é o princípio do extensômetro elé trico de resistê ncia.
O termo ( ∆ρ / ρ ) / ε pode també m ser expresso como:
π1 . E (4.11)
Onde:
π1 = Coeficiente piezo-resistivo longitudinal;
E = Módulo de elasticidade.
O valor de K para os extensômetros elé tricos de resistê ncia mais empregados, varia
entre 2,0 e 2,6 ; para a platina chega a valores entre 2,0 e 6,0 e para o níquel, o valor de K é
negativo (-12,0 ), o que vale dizer que quando submetemos a traç ã o um fio de Níquel, sua
resistê ncia elé trica diminui, ou seja, a contrário do que ocorre com outros metais.
75
Tabela 4.1 – Valores da sensibilidade à deformaç ã o de algumas ligas utilizadas na
confecç ã o dos extensômetros elé tricos (Barreto Jú nior, 1998).
SENSIBILIDADE À
METAL OU LIGA NOME COMERCIAL DEFORMAÇÃ O
Cobre – Níquel ( 44 Ni, 54 Cu, 1 Mn ) Advance + 2,1
Cobre – Níquel ( 40 Ni, 60 Cu ) Constantan + 2,1
Níquel – Cromo ( 80 Ni, 20 Cr ) Nicromo V + 2,2
Níquel – Cromo (75 Ni, 20 Cr + Fe + Al) Karma + 2,1
Níquel ( 100 Ni ) Níquel - 12,0
Aç o – Cromo – Molibidê nio Isoelastic + 3,5
76
Extensômetro com base de baquelite;
Extensômetro com base de poliester;
Extensômetro com base de poliamida;
Extensômetro com base epóxica;
Outros.
Estes extensômetros, em princípio, sã o idê nticos aos de fio. A diferenç a básica está
no processo de fabricaç ã o, em que se usa uma finíssima lâmina de uma liga resistiva, da
ordem de 3 a 10 µm, recortada por processo de máscara fotosensitiva corroída com ácido
(idê ntico ao processo de fabricaç ã o de circuito impresso).
77
O primeiro extensômetro de lâmina foi produzido na Inglaterra em 1952 por
Saunders e Roe. Atualmente se fabricam extensômetros para as mais variadas finalidades, e
com os mais diversos tipos de grades.
As vantagens deste tipo de extensômetros em relaç ã o aos de fios, alé m da
versatilidade de fabricaç ã o, é que possuem uma área maior de colagem, e, em conseqüê ncia
disto, diminuem a tensã o no adesivo, obtendo-se assim deformaç ã o lenta e histerese bem
menores. Outra vantagem é o da dissipaç ã o té rmica, bem melhor que nos de fio,
possibilitando desta maneira circuitos mais sensíveis, uma vez que o nível de excitaç ã o do
extensômetro depende da dissipaç ã o té rmica do mesmo.
Estas lâminas sã o montadas em suporte de epóxi, resina fenólica, poliamida e outros,
com espessura da ordem de 30 a 50 µm, tornando-se bastante flexíveis e permitindo assim
uma colagem perfeita nas diversas superfícies (Barreto Jú nior, 1998).
78
4.2.4. Material de Base
Inicialmente a base do extensômetro era feita de papel, sendo que até hoje alguns
fabricantes manté m em sua linha de produç ã o esse tipo de extensômetro. Com o
desenvolvimento da tecnologia de materiais, os extensômetros atualmente sã o produzidos
com várias tipos de materiais de base que sã o a poliamida, epóxi, fibra de vidro reforç ada com
resina fenólica, baquelita, poliester.
Cada tipo de material utilizado como base, em combinaç ões com o material utilizado
na fabricaç ã o da lâmina, faz com que o extensômetro tenha uma aplicaç ã o específica para a
mediç ã o dinâmica, mediç ã o estática, ou para utilizaç ã o em alta temperatura e outras.
Os fabricantes tê m à disposiç ã o grandes variedade de tamanhos e modelos de
extensômetros, permitindo assim a escolha correta para cada caso específico.
Extensômetro biaxial:
- Roseta de 2 direç ões: Sã o dois extensômetros sobre uma mesma base, sensível a
duas direç ões. É utilizada para se medir as deformaç ões principais quando se
conhecem as direç ões.
79
Figura 4.2. Extensômetro biaxial (Barreto Jú nior, 1998)
- Roseta de 3 direç ões: Sã o trê s extensômetros sobre uma mesma base, sensível a
trê s direç ões. É utilizada quando as direç ões principais de deformaç ões nã o sã o
conhecidas.
80
Extensômetros para medida de tensã o residual: Sã o 3 extensômetros sobre uma
mesma base devidamente posicionados para utilizaç ã o em mé todo de medida de tensã o
residual.
Figura 4.5. Extensômetro para medida de tensã o residual (Barreto Jú nior, 1998)
81
4.3.1. Dimensão do Extensômetro
Dimensã o do
Extensômetro
A grade do extensômetro (elemento resistivo) deve ser posicionada de tal modo que a
direç ã o da deformaç ã o principal coincida com a direç ã o da grade.
Para o caso de mediç ã o de deformaç ões em uma só direç ã o, utiliza-se o
extensômetro simples. Quando sã o conhecidas duas direç ões principais, utiliza-se um par de
extensômetros denominados de roseta de dois elementos.
Quando as direç ões principais de deformaç ões nã o sã o conhecidas utiliza-se a roseta
com trê s extensômetros que aplicados, a um ponto, permite que se determine as amplitudes de
deformaç ões principais e a direç ã o em que elas ocorrem.
Para transdutores existem extensômetros especiais com modelos de grade que ficam
posicionadas na direç ã o da deformaç ã o principal.
82
• Medidas de deformaç ões dinâmicas;
• Temperatura de operaç ã o;
• Limite de deformaç ã o;
• Capacidade de corrente de excitaç ã o;
• Auto compensaç ã o de temperatura.
83
4.3.3.5. Capacidade da Corrente de Excitação
84
medida de deformaç ã o, é indispensável que se proceda a uma boa colagem com té cnicas e
materiais desenvolvidos ao longo do tempo com pesquisas, e hoje amplamente difundidas.
A deformaç ã o aplicada ao extensômetro deve ser tanto quanto possível a mesma que
a da peç a a ser examinada e sem que sofra influê ncia de temperatura, umidade e qualquer
outro fator; mas isto é quase impossível, portanto, devem ser adotadas algumas té cnicas que
minimizem ou eliminem os efeitos indesejáveis.
A boa colagem depende do adesivo e dos cuidados no seu manuseio, ou seja, é de
regra geral uma boa limpeza de maneira a evitar a contaminaç ã o do local de colagem e do
próprio extensômetro com óleos, graxas, poeiras e outros agentes prejudiciais à boa colagem.
A té cnica descrita neste trabalho é utilizada para a maioria dos casos, mas pode ser
modificada para um uso específico, considerando entretanto a essê ncia desta regra que é fator
primordial para uma boa colagem (Barreto Jú nior, 1998).
Inicialmente deve-se locar o ponto que se deseja medir as deformaç ã o. Feito isso,
proceder a uma perfeita limpeza dos óxidos, saliê ncias, de maneira a deixar a superfície em
condiç ões visíveis de ausê ncia de maté ria estranha. Esta operaç ã o deve ser feita com o auxílio
de ferramentas e materiais, tais como: limas finas e bastardas, esmeril ou lixas.
Em seguida a esta primeira limpeza, utiliza-se um solvente para eliminar todo
resíduo oleoso que possa existir na superfície onde serácolado o extensômetro. Os solventes
mais utilizados sã o: “Clorante NU”, “Freon TF” e o Á lcool Isopropílico. Qualquer outro
solvente como tricloretileno, tolueno, acetona e benzina, poderáser utilizado desde que nã o
venha a reagir com o material que estásendo limpo.
A operaç ã o final para conseguir a superfície ideal é feita com lixa para metais de
nú meros # 220 a # 400, com movimentos de maneira a se obter os riscos de grã os da lixa
desordenadamente para maior aderê ncia do adesivo, sendo que de maneira alguma a
superfície deve resultar polida.
Para materiais porosos e mal acabados como o caso de concreto deve ser feita uma
regularizaç ã o das superfícies com massa epóxica a fim de se obter uma superfície adequada
para a aplicaç ã o do extensômetro.
Obtendo uma superfície como desejada, deve-se proceder à localizaç ã o do
extensômetro, esta operaç ã o é feita com o auxílio de ferramentas para traç ados como ré guas,
transferidores, riscadores, graminho, etc. É importante na marcaç ã o dos traç os nos locais de
85
fixaç ã o dos extensômetros, o uso de riscos de riscador bem leves, e nunca o uso de lápis, pois
o grafite é lubrificante e se deixados no local de colagem ocorreráformaç ã o de falhas.
Depois de marcada a posiç ã o na superfície de colagem, deve ser feita uma nova
limpeza com o solvente. Esta operaç ã o será feita com a gaze embebida em solvente,
friccionando por várias vezes em uma ú nica direç ã o. Deve-se refazer esta operaç ã o até obter
uma gaze limpa. Imediatamente após, é recomendada a utilizaç ã o do preparador de superfície
“Condicionador”, para a remoç ã o de pequenas oxidaç ões superficiais.
Com o preparador embebido na gaze, fricciona-se por várias vezes em uma ú nica
direç ã o. Em seguida é utilizado um “Neutralizador”, para neutralizar a aç ã o da soluç ã o ácida
do condicionador.
Logo após a limpeza em alguns materiais que se oxidam facilmente tais como o
zinco, alumínio, cobre e suas ligas, deve ser feita uma camada de pré -adesivo, que consiste de
uma camada finíssima do adesivo para a proteç ã o da superfície e facilitar a colagem
propriamente dita.
86
Figura 4.8. Posicionando o extensômetro (Barreto Jú nior, 1998).
Após o extensômetro ter sido colado e a cola ter sido convenientemente curada, é
necessário um teste para verificaç ã o das condiç ões elé tricas do extensômetro, com o auxílio
de um ohmímetro com escala de até 500MΩ. Primeiramente efetua-se a medida do valor da
resistê ncia do extensômetro que deve ser a nominal fornecida pelo fabricante. Nesta operaç ã o
87
pode-se constatar bolhas de ar sob a grade do extensômetro, apalpando-o com uma borracha
macia, se houver uma variaç ã o de resistê ncia é sinal que o extensômetro nã o estábem colado,
devendo ser removido. A variaç ã o de resistê ncia só será percebida se o ohmímetro tiver
sensibilidade suficiente, caso contrário, deve utilizar o próprio instrumento de medida de
deformaç ã o.
Em seguida deve-se medir o isolamento entre o extensômetro e a peç a onde o mesmo
foi fixado, conectando uma ponta do ohmímetro em uma das pernas do extensômetro e a outra
ponta ligada a peç a. O valor de resistê ncia deve ser superior a 500 MΩ. Se este valor estiver
entre 100 e 500 MΩ, o extensômetro poderáser usado com alguma ressalva, se for inferior a
100 MΩ, o extensômetro deve ser substituído. Esta operaç ã o deve ser executada sem que haja
umidade, utilizando aparelhos com tensã o máxima de 20 Volts.
Feito o teste e constatado que a resistê ncia de isolaç ã o é superior a 500 MΩ, faz-se a
ligaç ã o entre os fios, que pode ser feita diretamente nos terminais do extensômetro ou por
intermé dio de pontes de ligaç ã o, que consiste em terminais colados na própria peç a. De um
lado liga-se o extensômetro e no outro os fios de conexã o.
A ligaç ã o de extensômetro ao “terminal de ligaç ã o” poderáser feita com fio de cobre
nu esmaltado, tipo “piresold”de fabricaç ã o pirelli ou similar, # 26 ou # 28 AWG. Esse tipo de
esmalte é facilmente removido pela aplicaç ã o do calor do ferro de solda, evitando-se assim a
necessidade de lixar a parte do fio a ser soldada, o que é uma tarefa difícil devido ao seu
pequeno diâmetro.
Dependendo da faixa de temperatura que o extensômetro irá trabalhar, deverá ser
escolhido fio com outro tipo de esmalte, como os a base de poliester ou poliamida, que podem
alcanç ar temperatura de até 220ºC, ou entã o utilizar fio de cobre nu com cobertura de isolaç ã o
de fibra de vidro ou teflon.
A soldagem dos fios no extensômetro, deverá ser feita com solda de estanho com
fluxo neutro, isto é , sem o uso de pastas comuns ou ácido para facilitar a soldagem. Poderáser
utilizada fio de solda de estanho para eletrônica com diâmetro de 0,7 ou 0,8 mm, e que possua
em sua composiç ã o maior quantidade de estanho do que de chumbo (no mínimo a relaç ã o de
60% por 40%).
88
Em seguida solda-se o fio de cobre nu estanhado # 26 ou # 28 AWG, no
extensômetro. Para evitar danos mecânicos à fiaç ã o, é recomendável nã o deixar o fio de
ligaç ã o do extensômetro esticado e se possível, fixá-lo com algum adesivo, em vários pontos
da peç a.
4.4.4. Impermeabilização
Desta operaç ã o final é que depende a vida da instalaç ã o, para isto deve-se ter certeza
de que nã o haja baixa de isolaç ã o e esteja ausente de umidade, deve-se isolar todas as
emendas de maneira a evitar um curto circuito entre os terminais e entre estes e a peç a de
ensaio.
Háno mercado ampla variedade de tipos de impermeabilizantes especiais, tais como
o de cera filtrada de abelha, borrachas de silicone, fita de auto-fusã o, resina de poliester,
resina epóxi, massa asfáltica, etc.
A utilizaç ã o desses materiais tem a finalidade de evitar que a instalaç ã o sofra baixa
de isolaç ã o ou seja afetada por agentes em atmosfera contaminada tais como óleos, gases
corrosivos e outros. A aplicaç ã o desses materiais é feita sobre o extensômetro e suas ligaç ões,
podendo ser fundidas ou catalisadas ou ainda na sua forma natural.
89
5. MATERIAIS E MÉ TODOS
90
ocorrer deformaç ões bruscas sob condiç ões de carregamento elevado mesmo quando o solo
nã o estiver saturado (Blanco, 1995).
O clima da regiã o, com regime pluviomé trico bem definido, distingue uma estaç ã o
muito seca de outra chuvosa, favorecendo a lixiviaç ã o de sais e outros compostos solú veis das
camadas superiores e sua deposiç ã o nos estratos inferiores. Este processo resulta na formaç ã o
de espessas camadas de coberturas detrito-lateríticas silto-argilosas, avermelhadas, com alto
índice de vazios e consequentemente baixos pesos específicos, chamados pelos geoté cnicos
locais de “argilas porosas”. Estas argilas apresentam uma estrutura bastante porosa, baixa
resistê ncia à penetraç ã o (SPT<4) e sã o altamente instáveis quando submetidas a variaç ã o no
estado de tensões, apresentado em conseqüê ncia um comportamento contráctil (colapsível)
(Araki, 1997).
A argila porosa de Brasília é representativa do perfil de solo majoritário do Distrito
Federal, pois esta cobre cerca de 86% de sua área ú til recebe a maioria das fundaç ões
profundas locais. Trata-se pedologicamente de um latossolo vermelho escuro, e na regiã o
existem trê s unidades representativas de solo denominadas de solos hidromórficos,
cambissolos e latossolos (EMBRAPA, 1978), citado por Jardim (1998).
A variabilidade das características deste latossolo depende de vários fatores, como a
topografia, a cobertura vegetal e rocha-mã e. Em determinados pontos do Distrito Federal as
camadas superficiais do latossolo constituem-se de um solo saprolítico-residual com um
comportamento fortemente anisotrópico (Cunha & Camapum de Carvalho, 1997), e alta
resistê ncia a penetraç ã o (N-SPT). Estas camadas sã o originadas de ardósia alterada, possuindo
dobras e foliaç ões, sendo a ardósia uma rocha mã e típica da regiã o (Cunha & Mota, 2000).
5.2. GEOLOGIA
Segundo Blanco (1995) a geologia do Distrito Federal necessita ser mais bem
entendida, principalmente na sua estratigrafia e sua geologia estrutural, jáque extensas áreas
cobertas por solos dificultam o conhecimento geológico da área.
Háa predominância geológica, nesta área dos metamórfitos do Grupo Paranoásobre
as rochas da formaç ã o Canastra, que ocorrem por falhas de empurã o. Os litótipos do grupo
Paranoá pertencem à faixa de dobramentos Uruaç u. Formam um conjunto de unidades
estratigráficas de evoluç ã o policíclica, assentados sobre rochas Arqueanas. Estas faixas sã o
compostas por metassendimentos do Proterozóico Mé dio a Superior, dobradas e
91
metamorfizados nos ciclos tectônicos Uruaç uano e Brasiliano (Novaes Pinto, 1993), citado
por Jardim (1998).
5.3. GEOMORFOLOGIA
92
trê s condiç ões de carregamentos diferentes, visando-se extrair de uma ú nica obra trê s
situaç ões distintas, conforme ilustrado na Figura 5.2a. Para cada trecho foi instrumentada uma
estaca, e cada estaca tinha cinco níveis de instrumentaç ã o (Figura 5.2b).
a
b
c d e Posiç ã o dos Extensômetros
Nível de Escavaç ã o
(b)
93
5.5. CARACTERIZAÇ Ã O DO SOLO
Neste Item encontra-se a descriç ã o dos ensaios realizados para a obtenç ã o da curva
característica do solo e a determinaç ã o do perfil de umidade, fatores estes relevantes na
estabilidade da cortina. O nível da água nã o foi detectado até uma profundidade de 30,0 m,
abaixo do nível do terreno no local da obra, estando, portanto, o maciç o de solo na condiç ã o
nã o saturada.
PERFIL DE UMIDADE
Umidade (%)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0
1
2
Profundidade (m)
3
4
5
6
7
8
9
10
94
5.5.2. Determinação da Curva Caracterí
stica
CURVA CARACTERÍSTICA
50
45
40 Molde 1
Umidade (%)
Molde 2
35
Molde 3
30
Molde 4
25 Molde 5
20 Mé dia
15
10
0 50 100 150 200
Sucção matricial (kPa)
95
A Tabela 5.1 ilustra a variaç ã o dos parâmetros do solo do campo experimental da
Universidade de Brasília, obtidos atravé s de ensaios laboratoriais. Esses valores podem ser
estendidos para outras localidades, tendo em vista que o Distrito Federal estácoberto por uma
camada de argila porosa igual a existente no campo experimental.
Tabela 5.1. Parâmetros geoté cnicos da argila porosa de Brasília (Cunha et. al., 1999)
96
5.6. DIMENSIONAMENTO DA CORTINA
q
Cortina em Balanço
2
Sobrecarga = kN/m Altura equi. = m
C= kPa S pa= kN/m
2
φ=
o
E Ea1 = kN/m
H= m M a= m H
γ=
3
kN/m Ea2 = kN/m
FS ficha = Ra = kN/m Ra
FS Kpassivo = T y barra = m ybarra
Y= m R p' p = kN/m
2
P' p D
Kp = C z= m
Y
K` = A Σ Fh = 0 Ok!
Coeficiente C = Σ M base = 0 Ok! z
Ficha = m Ficha final = m
Pp P'' p
Figura 5.3 – Planilha para cálculo de esforç os de cortina em balanç o sem trinca de traç ão.
Figura 5.5. Planilha para cálculo de esforç os de cortina em balanç o sem trincas de traç ã o
97
FSpassivo = fator de seguranç a aplicado ao coeficiente de empuxo passivo;
Y = distância entre o pé da estaca e o ponto onde a pressã o horizontal é nula. Na
planilha este valor deve ser determinado por tentativas, até a cé lula amarela que conté m a
Eq. 3.16 do Item 3.2 igualar-se a zero.
O restante das variáveis sã o encontradas automaticamente. Abaixo encontra-se o
significado de cada uma e como sã o determinadas:
Ka = coeficiente de empuxo ativo;
Kp = coeficiente de empuxo passivo;
K’ = diferenç a entre o coeficiente de empuxo passivo e ativo;
Coeficiente C = é o valor de K’ multiplicado pelo peso específico;
Ficha = valor de embutimento abaixo do nível de escavaç ã o;
Altura equivalente = transforma o valor da sobrecarga em altura equivalente de solo,
dividindo a sobrecarga atuante no terrapleno pelo específico do solo;
pa = pressã o ativa no nível da escavaç ã o, dada pela Eq. 3.1 do Item 3.1;
Ea1 = resultante do empuxo ativo acima do nível da escavaç ã o, dada pela Eq. 3.7 do
Item 3.2;
a = distância entre o nível de escavaç ã o e o ponto onde a tensã o horizontal é nula.
Esse valor é determinado dividindo pa pelo coeficiente C;
Ea2 = resultante do empuxo ativo abaixo do nível da escavaç ã o, dada pela Eq. 3.8 do
Item 3.2;
Ra = resultante do empuxo ativo, é obtido somando Ea1 com Ea2;
y = localizaç ã o do ponto de aplicaç ã o da resultante ativa, calculado pela Eq. 3.11 do
Item 3.2;
pp = p’ p = p’’ p = pressões passivas, calculadas pelas equaç ões 3.4, 3.5 e 3.6 do Item
3.2, respectivamente;
z = valor encontrado fazendo o somatório das forç as horizontais igual a zero,
conforme Eq. 3.13;
Após atender as condiç ões do somatório das forç as horizontais e do momento na
base ser igual a zero, obtê m-se o comprimento final da ficha. De posse do comprimento total
da estaca e das forç as atuantes, calcula-se os valores dos momentos e determina-se a armaç ã o
da estaca.
98
Cortina em Balanço
2
Sobrecarga = kN/m ht = m ht
C= kPa C X= m
φ= o
O Hf = m
H= m M Altura equi. = m
3
γ= kN/m p a= kN/m
2 H Hf
FS ficha = Ea1 = kN/m
FS Kpassivo = T a= m Ra
Y= m R Ea2 = kN/m ybarra
Equação Y = I Ra = kN/m
Ka = N y barra = m a
Kp = C p' p = kN/m
2
K` = A p p= 2 P' p D
kN/m
Coeficiente C = p'' p = 2 Y
kN/m
I -2C'raizKa I z= m z
I γ,heq,Ka I Σ Fh = 0 Ok!
Ficha = m Σ M base = 0 Ok!
Pp P'' p
Ficha final = m
Figura 5.2 – Planilha para cálculo de esforç os de cortina em balanç o com trinca de traç ão.
Figura 5.6. Planilha para cálculo de esforç os de cortina em balanç o com trincas de traç ã o.
− 2c K a γ.heq.Ka
ht
Diagrama de empuxo sob x
efeito da sobrecarga.
ht
H Diagrama de empuxo normal.
(a)
Figura 5.7. Detalhe dos diagramas de empuxos: (a) efeito das trincas de traç ã o e da
sobrecarga no diagrama de empuxo de terra, e (b) detalhe da trinca de traç ã o.
99
Devido a ocorrê ncia de trincas de traç ã o no maciç o de solo, o ponto onde começ a a
atuaç ã o das pressões na cortina é mais profundo e o valor do deslocamento do diagrama de
empuxo é dado por − 2c K a , conforme ilustra a Figura 5.7a. O aumento da sucç ã o matricial
onde:
ht = altura da trinca de traç ã o no maciç o do solo, que é determinada pela expressã o
2c
ht = ;
γ Ka
x = variável que representa o ponto inicial onde começ am a atuar os esforç os na
contenç ã o, ou seja, caso a contribuiç ã o da trinca de traç ã o seja igual a da sobrecarga, o valor
de x é nulo. Essa variável pode ser visualizada na Figura 5.7b;
Hf = altura final considerada no cálculo do empuxo de terra que atua na contenç ã o, e
esse valor é determinado pelas duas condiç ões citadas nas equaç ões 5.1 e 5.2.
Cortina Ancorada
2
Sobrecarga = kN/m Altura equi. = m
C= kPa S pa= f
kN/m 2 Par
φ= o
E Ea1 = kN/m
H= m M a= m
H
γ= kN/m 3
Ea2 = kN/m
f= m T Ra = kN/m ybf Ra
FS ficha = R y`1 = m
FS Kpassivo = I ybf = m y' 1
X= m N Rp = kN/m
Manc. = kNm/m C Fanc. = kN/m a
Ka = A Mmax = kNm/m D
Kp = Ficha = m X
K` = Ficha final = m Rp
Figura 5.5 - Planilha para cálculo de esforç os de cortina ancorada sem trinca de traç ão.
Figura 5.8. Planilha para cálculo de esforç os de cortina ancorada sem trinas de traç ã o.
100
Para o dimensionamento de uma cortina ancorada sem trincas, usa-se a planilha
eletrônica ilustrada na Figura 5.8. Os dados de entrada devem ser inseridos nas cé lulas
destacadas que foram especificadas anteriormente. Neste caso, o somatório dos momentos é
feito em relaç ã o ao ponto de ancoragem, de forma que haja o equilíbrio de momentos, ou seja,
y ' R p = yR a .
Cortina Ancorada
2
Sobrecarga = kN/m ht = m
C= kPa C Y= m
φ= ht
o
O Hf = f
H= m 3
M Altura equi. = m Par
γ= kN/m p a= kN/m
2
f= m T Ea1 = kN/m H
Hf
FS ficha = R a= m Ra
FS Kpassivo = I Ea2 = kN/m
ybf
X= m N Ra = kN/m y' 1
Manc. = kNm/m C y`1 = m
Ka = A ybf = m a
Kp = Rp = kN/m D
K` = Fanc. = kN/m X
I -2C'raizKa I Mmax = kNm/m Rp
I γ,heq,Ka I Ficha final = m
Ficha = m
Figura 5.4 – Planilha para cálculo de esforç os de cortina ancorada com trinca de traç ão.
Figura 5.9. Planilha para cálculo de esforç os de cortina ancorada com trincas de traç ã o.
101
5.7. INSTRUMENTAÇ Ã O
Barras de aç o
h1
h2 CA-50
H φ 12.5 mm
h3
h4
Nível de h5
Escavaç ã o Escavação T
Barras de aç o Barras de aç o
CA-50 CA-50
D φ 12.5 mm
φ 16 mm
(instrumentadas)
Diâmetro da estaca φ = 40 cm
(a) (b)
102
Materiais utilizados para confecç ã o das barras instrumentadas:
• Barra de Aç o CA-50 φ = 5/8” ≅ 16 mm
• Extensômetro, modelo KFG-5-120-C1-11, marca KYOWA
• Cola para extensômetro, modelo CC-33A
• Fio AF 4x26 AWG (T)
• Lixa para metais # 120
• Lixa para metais # 200
• Fita auto fusã o espessura ≅ 0,76 mm
• Fita adesiva
• Araldite (10 minutos tempo de pega)
• Adesivo de silicone
• Condicionador
• Neutralizador
• Gaze
• Manta de borracha de silicone
• Ferro de solda
• Braç adeira
• Multímetro
103
Figura 5.11. Detalhe da limpeza do ponto de fixaç ã o do extensômetro.
104
No caso em que o extensômetro tenha sido colado com sucesso, aplicou-se entã o o araldite
para executar a proteç ã o mecânica e isolamento elé trico. Na seqüê ncia, fez-se a proteç ã o
contra a umidade empregando-se uma camada de silicone, conforme ilustrado na Figura 5.13.
Figura 5.14. Barras instrumentadas prontas para serem fixadas nas armaduras.
105
Após fixarem-se as barras instrumentadas na armadura da estaca, o processo de
confecç ã o chegou ao fim. Ao se descer a armadura pelo fuste da estaca, é importante verificar
o posicionamento das barras em relaç ã o a linha de escavaç ã o. A Figura 5.15 ilustra a descida
da armadura da estaca, onde pode ser visualizado ao topo os cabos da fiaç ã o conectados aos
extensômetros dispostos ao longo da estaca. Nesta fase houve os cuidados necessários para se
evitar a rotaç ã o da armaç ã o, de forma que as barras instrumentadas fossem dispostas
conforme previsto na Figura 5.10b, apresentada anteriormente no Item 5.3.
106
Figura 5.16. Detalhe da concretagem da estaca.
107
A Figura 5.1 mostra uma visã o geral da cortina de contenç ã o formada por estacas
justapostas, das quais trê s foram instrumentadas, onde duas estã o destacadas e a terceira ficou
fora do enquadramento da foto.
n k
M S = ∑ mi + ∑ m j (5.1)
i =1 j =1
108
onde:
MS = momento atuante na seç ã o
mi = momento atuante no concreto
mj = momento atuante no aç o
i = nú mero de “fatias” de concreto
j = nú mero de barras de aç o
Barra de aç o
CG
li lj
σc σc
σj
σi
LN LN σt
σt
mi = Fi l i (5.2)
F
σ = ε.E, como σ = , a forç a atuante no centro de gravidade da “fatia” de concreto
A
é determinada por:
109
Fi = Ai ε i E con. (5.3)
Substituindo a Eq. 5.3 na Eq. 5.2 encontra-se o momento atuante na “fatia” analisada
de concreto.
mi = Ai ε i E con. l i (5.4)
onde:
Ai = área da “fatia”de concreto
εi = deformaç ã o na “fatia” de concreto
Ecom. = módulo de elasticidade do concreto
E con = 6600 f ck + 3,5 , dados em MPa. (5.5)
m j = A j ε j E aço l j (5.6)
onde:
Fi = forç a resultante no centro de gravidade da “fatia”de concreto
Aj = área transversal da barra de aç o
εj = deformaç ã o na barra de aç o
Eaço. = módulo de elasticidade do aç o, adotado como 210.000 MPa
lj = distância da linha neutra ao centro de gravidade da barra de aç o
110
6. RESULTADOS E ANÁLISES
i) Trecho 01
No trecho 01 o espaç amento entre as estacas foi de 1,2 metros, e o fator de seguranç a
utilizado para ficha foi de 1,2. Com isso obteve-se a seguinte configuraç ã o, conforme
ilustrado na Figura 6.2:
Comprimento total da estaca = 8,9 m, sendo:
- Escavaç ã o = 4,0 m
- Ficha = 4,9 m
O momento máximo de projeto atuante na estaca foi de 151,0 kN.m (vide
Figura 6.3).
111
ii) Trecho 02
Neste trecho o espaç amento entre as estacas foi de 1,2 metros, e o fator de seguranç a
utilizado para ficha foi de 1,0, com isso obteve-se a seguinte configuraç ã o, conforme ilustrado
na Figura 6.4:
Comprimento total da estaca = 8,08 m, sendo:
- Escavaç ã o = 4,0 m
- Ficha = 4,08 m
O momento máximo de projeto atuante na estaca foi de 126,0 kN.m (vide
Figura 6.5).
iii) Trecho 03
Neste trecho o espaç amento entre as estacas foi de 1,0 metros, e o fator de seguranç a
utilizado para ficha foi de 1,0, com isso obteve-se a seguinte configuraç ã o, conforme ilustrado
na Figura 6.6:
Comprimento total da estaca = 8,08 m, sendo:
- Escavaç ã o = 4,0 m
- Ficha = 4,08 m
O momento máximo de projeto atuante na estaca foi de 105,0 kN.m (vide
Figura 6.7).
Escavaç ã o
12 m 12 m 16 m
1,2 m 1,2 m 1,0 m
Terrapleno
112
O esquema anterior apresenta um resumo do dimensionamento da obra de contenç ã o
onde efetuou-se o presente trabalho, ilustrando-se as disposiç ões das estacas, bem como os
resultados dos momentos máximos de projeto e os deslocamentos no topo das mesmas, onde:
FS é o fator de seguranç a utilizado no cálculo;
e é o espaç amento entre as estacas medidos de eixo a eixo em metros;
δh é o deslocamento mé dio no topo da estaca em milímetros;
L é o comprimento total da estaca em metros.
113
Cortina em Balanço
2
Sobrecarga = 17 kN/m Altura equi. = 1,000 m
C= 10 kPa S pa = 21,76 kN/m 2
φ= 25 o
E Ea1 = 31,83 kN/m
H= 4 m M a= 0,62 m H
γ= 17 kN/m 3 Ea2 = 6,76 kN/m
FS ficha = 1,2 Ra = 38,59 kN/m Ra
FS Kpassivo = 1 T y barra = 1,69 m ybarra
Y= 3,458531 m R p' p = 212,54 kN/m 2
Equação Y = 0,00 I pp= 121,00 kN/m 2 a
Ka = 0,41 N p'' p = 333,54 kN/m 2
P' p D
Kp = 2,46 C z= 0,75 m
Y
K` = 2,06 A Σ Fh = 0 0,00 Ok!
Coeficiente C = 34,99 Σ M base = 0 0,00 Ok! z
Ficha = 4,08 m Ficha final = 4,90 m
Pp P'' p
Momentos (kNm/m)
-1
-2
-3
Profundidade (m)
-4
-5
-6
-7
-8
-9
-10
114
Cortina em Balanço
2
Sobrecarga = 17 kN/m Altura equi. = 1,000 m
C= 10 kPa S pa= 21,76 kN/m
2
φ= 25
o
E Ea1 = 31,83 kN/m
H= 4 m M a= 0,62 m H
γ= 17 kN/m
3
Ea2 = 6,76 kN/m
FS ficha = 1 Ra = 38,59 kN/m Ra
FS Kpassivo = 1 T y barra = 1,69 m ybarra
Y= 3,458531 m R p' p = 212,54 2
kN/m
Equação Y = 0,00 I pp= 121,00 2
kN/m a
Ka = 0,41 N p'' p = 333,54 2
kN/m
P' p D
Kp = 2,46 C z= 0,75 m
Y
K` = 2,06 A Σ Fh = 0 0,00 Ok!
Coeficiente C = 34,99 Σ M base = 0 0,00 Ok! z
Ficha = 4,08 m Ficha final = 4,08 m
Pp P'' p
Momentos (kNm/m)
0 50 100 150
0
-1
-2
-3
Profundidade (m)
-4
-5
-6
-7
-8
-9
-10
115
Cortina em Balanço
2
Sobrecarga = 17 kN/m Altura equi. = 1,000 m
C= 10 kPa S pa= 21,76 kN/m
2
φ= 25
o
E Ea1 = 31,83 kN/m
H= 4 m M a= 0,62 m H
γ= 17 kN/m 3 Ea2 = 6,76 kN/m
FS ficha = 1 Ra = 38,59 kN/m Ra
FS Kpassivo = 1 T y barra = 1,69 m ybarra
Y= 3,458531 m R p' p = 212,54 kN/m 2
Equação Y = 0,00 I pp= 121,00 kN/m 2 a
Ka = 0,41 N p'' p = 333,54 kN/m 2
P' p D
Kp = 2,46 C z= 0,75 m
Y
K` = 2,06 A Σ Fh = 0 0,00 Ok!
Coeficiente C = 34,99 Σ M base = 0 0,00 Ok! z
Ficha = 4,08 m Ficha final = 4,08 m
Pp P'' p
Momentos (kNm/m)
0 50 100 150
0
-1
-2
-3
Profundidade (m)
-4
-5
-6
-7
-8
-9
-10
116
6.2. RESULTADOS DA INSTRUMENTAÇ Ã O
ES TACA 01 ES TACA 02
M om e n tos (k Nm /m ) M o m e nto s (k Nm /m )
0 20 40 0 20 40
0 0
1 1
2 2
Pr o fu nd idade (m )
Pr o fu n did ad e (m )
3
3
4
4
5
5
6
6
7
8 7
9 8
10 9
ES TACA 03
M o m e nto s (k Nm /m )
0 20 40
0
2
Pr ofu nd id ad e (m )
117
6.3. INFLUÊ NCIA DA COESÃ O NO DIMENSIONAMENTO DA CONTENÇ Ã O
onde:
(ua – uw) = sucç ã o mátrica;
φb = ângulo indicativo do coeficiente de incremento de resistê ncia cisalhante relativa a sucç ã o
mátrica.
No presente trabalho utilizou-se uma coesã o efetiva de 7 kPa e ângulo φb igual a 11º
(Cordã o Neto & Pereira, 2001). Atravé s da Eq. 2.19 pode-se observar que, com a combinaç ã o
da coesã o efetiva do solo c’ e do parâmetro φb, alé m da curva característica do solo e o
conhecimento da umidade, pode ser determinada a coesã o do solo na condiç ã o natural.
Conforme apresentado na Figura 5.3 do Item 5.5.1, onde observa-se o perfil de
umidade ao longo da profundidade, adotou-se um valor mé dio de teor de umidade na altura de
solo escavada igual a 30%. Para a obtenç ã o da sucç ã o matricial fez-se necessário o uso da
curva característica do solo apresentada na Figura 5.4 do Item 5.5.2.
118
Coesão X Ficha
7,0
6,0
5,0
Ficha (m)
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0
Coesão (kPa)
400
Momento má ximo (kNm/m)
350
300
250
200
150
100
50
0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0
Coesão (kPa)
119
Após o cálculo dos momentos atuantes nas seç ões instrumentadas, conforme descrito
no Item 5.7.2 do capítulo 5, os resultados foram plotados no gráfico da Figura 6.10. Observa-
se que para a estaca 01 o momento atuante corresponde a 21,8% do valor de projeto. Para a
estaca 02 essa relaç ã o é de 23,8% e para estaca 03 o momento atuante eqüivale a 26,1% do
valor de momento adotado para o dimensionamento das estacas.
180 c = 10 kPa
φ = 25º
Momento Má ximo (kNm/m)
151,2
150
126,0
120 105,0
90
60
33,0 30,0 27,4
30
0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
Com os valores dos momentos atuantes nas seç ões instrumentadas fez-se uma
retroanálise variando a coesã o e o ângulo de atrito do solo, e obtiveram-se novos valores para
as fichas (mantendo-se os espaç amentos originais inalterados). A Figura 6.11 ilustra os
valores encontrados para o ângulo de atrito do solo quando igualou-se o momento máximo de
projeto ao momento máximo atuante (experimental), e manteve-se o valor da coesã o do solo
inalterado, ou seja, coesã o de 10 kPa (usado no projeto). Observa-se nessa figura, que a
medida que se aumenta o ângulo de atrito, se diminui o comprimento da ficha necessário para
que haja o equilíbrio.
120
Situaç ã o Original Retroanálise Bowles
45 6
4,90
5
40
 ngulo de Atrito
4,08 4,08
4
Ficha (m)
35
3
30
1,60 2
1,22 1,34
25
1
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
20 0
20 4
Ficha (m)
15 3
10 2
1,10
5 1
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0 0
121
Observando-se a variaç ã o dos parâmetros do solo, coesã o e ângulo de atrito
conforme ilustrado pelas Figuras 6.11 e 6.12, propuseram-se novos valores para arrimar o
maciç o de solo na mesma configuraç ã o, baseando-se em parâmetros do solo de uso habitual
no Distrito Federal. Adotou-se a coesã o do solo igual a 13,0 kPa, em funç ã o da Eq. 2.19, e o
ângulo de atrito igual a 25º, valores próximos ao encontrados por Sá Quirino (2003) em
ensaios de cisalhamento direto nas amostras do local da obra, obtendo-se os valores do
comprimento da ficha e de momento máximo mostrados na Figura 6.13.
Conforme ilustrado na Figura 6.13, observa-se que um projeto executado nas
mesmas condiç ões geomé tricas anteriormente adotadas e com os parâmetros do solo
propostos acima, levaria a uma reduç ã o de aproximadamente 23,5% nos valores dos
comprimentos das fichas, e de 54,5% nos valores dos momentos máximos, reduzindo-se
assim, o volume da escavaç ã o, o volume de concreto e, conseqüentemente, o consumo de aç o
por estaca.
3,13 3,13
3,0
2,0
1,0
0,0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
180
Momento Má ximo (KN.m)
151,2
150
126,0
120 105,0
90 68,8
57,4
60 47,8
30
0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
Figura 6.13. Valores da ficha e de momento máximo para valores propostos de coesã o
igual a 13,0 kPa e ângulo de atrito igual a 25º.
122
Fez-se uma comparaç ã o entre o volume de concreto e o consumo de aç o para as trê s
estacas, conforme ilustraç ã o da Figura 6.14. A obra executada foi calculada utilizando-se
valores de coesã o igual a 10,0 kPa e ângulo de atrito igual a 25º, e estárepresentada pelas
colunas da esquerda. O projeto calculado com parâmetros propostos atravé s do mé todo de
Bowles (1968), com valores de coesã o igual a 13,0 kPa e ângulo de atrito igual a 25º, está
representado pelas colunas da direita.
Observa-se que para a estaca 01 háuma reduç ã o de 13,4% no volume de escavaç ã o e
de 34,9% no consumo de aç o, enquanto que para a estaca 02 essa reduç ã o é de 11,8% no
volume de escavaç ã o e de 38,2% no consumo de aç o, e para a estaca 03 a reduç ã o també m é
de 11,8% no volume de escavaç ã o e de 51,0% no consumo de aç o.
1,4
Volume de Concreto (m3)
1,2 1,12
0,97 1,02 1,02
1,0 0,90 0,90
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
95,2
100,0
Consumo de Aço (Kg)
80,8
80,0 72,8
62,0
60,0 49,9
35,7
40,0
20,0
0,0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
123
6.5. ANÁ LISES PELO PROGRAMA GEOFINE
Com os valores dos momentos atuantes nas seç ões instrumentadas fez-se uma
retroanálise utilizando-se do programa Geofine. A Figura 6.15 ilustra os valores encontrados
para o ângulo de atrito do solo quando igualou-se o momento máximo de projeto ao momento
máximo atuante, e manteve-se o valor da coesã o do solo inalterado, ou seja, coesã o de 10 kPa
(valor de projeto). Observa-se nessa figura que a medida que se aumenta o ângulo de atrito, se
diminui o comprimento da ficha necessário para que haja o equilíbrio.
4,08 4,08
4
Ficha (m)
35
3
30
2
1,10 1,00
25 0,91
1
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
20 0
4.00
0.83 27.02
0.08 -0.350.00
3,0 2,36
1,97 1,97
2,0
1,0
0,0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
180
151,2
Momento Má ximo (KN.m)
150
126,0
120 105,0
84,7
90 70,6
58,8
60
30
0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
Figura 6.17. Valores da ficha e de momento máximo para valores propostos de coesã o
igual a 13,0 kPa e ângulo de atrito igual a 25º.
125
Fez-se uma comparaç ã o entre o volume de concreto e o consumo de aç o para as trê s
estacas, que estáilustrado atravé s da Figura 6.18. A obra executada foi calculada utilizando-se
valores de coesã o igual a 10,0 kPa e ângulo de atrito igual a 25º, e estárepresentada pelas
colunas da esquerda. O projeto calculado com parâmetros propostos atravé s do programa
Geofine, com valores de coesã o igual a 13,0 kPa e ângulo de atrito igual a 25º, está
representado pelas colunas da direita.
Observa-se que para a estaca 01 háuma reduç ã o de 28,6% no volume de escavaç ã o e
de 33,2% no consumo de aç o, que para a estaca 02 essa reduç ã o é de 26,5% no volume de
escavaç ã o e de 33,5% no consumo de aç o, e para a estaca 03 a reduç ã o també m é de 26,5%
no volume de escavaç ã o e de 42,6% no consumo de aç o.
1,4
1,2 1,12
Volume de Concreto ( m3)
1,02 1,02
1,0
0,80
0,75 0,75
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
95,2
100,0
Consumo de Aço (Kg)
80,8
80,0 72,8
63,6
60,0 53,7
41,8
40,0
20,0
0,0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
126
Com todos os dados das estacas executadas e propostas utilizando-se o mé todo de
Bowles e o programa Geofine, como geometria, quantidade e diâmetro das barras de aç o por
estacas, e volume de concreto e escavaç ã o de cada estaca, e com os valores dos materiais com
data base em març o de 2003, fornecido por empresa de engenharia da regiã o, fez-se um
comparativo entre os preç os unitários das estacas para as trê s condiç ões distintas, conforme
Tabela 6.1.
Tabela 6.1. Custo unitário das estacas.
Volume de Consumo de Comprimento Custo do Custo Total Custo da Custo Unitá rio
3
Concreto (m ) Aço (Kg) da Estaca (m) Concreto de Aço Escavação por Estaca
Est. 01 1,12 95,2 8,90 R$ 201,60 R$ 209,44 R$ 89,00 R$ 500,04
Projeto
A Figura 6.19 mostra a relaç ã o de custo das estacas, onde se nota que para a estaca
01 utilizando-se os valores dos parâmetros de solo propostos obter-se-ia uma economia de
22,2% pelo mé todo de Bowles é de 30,5% pelo mé todo do Geofine em relaç ã o a estaca
executada originalmente. Para a estaca 02 essa economia seria de 22,6% pelo mé todo de
Bowles e 29,3% pelo mé todo Geofine, enquanto que para a estaca 03 a economia alcanç ada
atingiria 26,8% por Bowles e de 32,5% pelo Geofine.
600
500
Custo Unitá rio (R$)
400
300
200
R$500,04
R$389,22
R$347,52
R$442,36
R$342,36
R$312,84
R$424,76
R$311,12
R$286,66
100
0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
127
A Figura 6.20 demonstra o custo unitário por estaca da cortina de contenç ã o que foi
executada com a finalidade de conter um corte vertical, com altura de 4,0 metros e uma
extensã o de 40,0 metros. Como as estacas dos trechos 01 e 02 foram executadas com
espaç amento de 1,2 metros, seria necessário 34 estacas para vencer a extensã o total a ser
arrimada, no caso do trecho 03, que o espaç amento foi de 1,0 metro, seriam necessários 40
estacas, o custo unitário abaixo sã o para as estacas executadas, coesã o igual a 10,0 kPa e
ângulo de atrito igual 25º.
Obra Executada
600 50
Custo Unitá rio (R$)
40
500 40
Nº de Estacas
34 34
400
30
R$ 500,04
R$ 442,36
300
R$ 424,76
20
200
100 10
0 0
ESTA CA ESTA CA ESTA CA
01 02 03
Figura 6.20. Custo unitário das estacas executadas e o nú mero de estacas necessário
para vencer a extensã o total o corte no maciç o de solo.
128
Atravé s da Figura 6.21 pode-se observar o custo total da cortina de contenç ã o formada
por estacas justapostas, para situaç ões distintas onde a representaç ã o gráfica da esquerda
indica uma soluç ã o com parâmetros utilizados na soluç ã o original, sendo coesã o de 10 kPa e
ângulo de atrito igual a 25º. A representaç ã o gráfica central mostra o custo para uma
contenç ã o calculada pelo mé todo da extremidade livre, utilizando-se uma coesã o de 13 kPa e
ângulo de atrito igual a 25º. Para a soluç ã o utilizando o programa Geofine a representaç ã o
gráfica da direita, usando-se també m coesã o de 13 kPa e ângulo de atrito igual a 25º.
18000
15000
Custo Total (R$)
12000
9000
R$ 17.001,36
R$ 13.270,20
R$ 11.815,68
R$ 15.040,24
R$ 11.664,72
R$ 10.636,56
R$ 16.990,40
R$ 12.473,60
R$ 11.466,40
6000
3000
0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
Observa-se ainda que, dentre os trechos, a soluç ã o mais econômica seria uma
contenç ã o constituída com características do trecho 02, onde utilizou-se um espaç amento
maior, e ainda que dentro do trecho 02 a soluç ã o obtida atravé s do programa Geofine é de
8,8% menor que a soluç ã o obtida pelo mé todo da extremidade livre – Bowles, 1968.
Para projetos de contenç ões no Distrito Federal, fazendo-se uso da condiç ã o de nã o
saturaç ã o do solo, pode-se usar tanto o mé todo de Bowles como o mé todo do Geofine. A
Figura 6.22 mostra que o mé todo do Bowles é conservador em relaç ã o ao comprimento da
ficha, obtendo-se valores 37,0% maiores que os encontrados pelo programa Geofine. No
entanto, os valores dos momentos obtidos pelo mé todo do Bowles é cerca de 18,7% menores
que os encontrados pelo programa Geofine.
129
5,0 c = 13 kPa e φ = 25º
4,0 3,75
3,13 3,13
Ficha (m)
3,0
2,36
1,97 1,97
2,0
1,0
0,0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
Bowles Geofine
100
84,7
Momento Má ximo (KN.m)
80 68,8 70,6
57,4 58,8
60
47,8
40
20
0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
Bowles Geofine
Pela Figura 5.18, que fornece uma visã o geral da cortina de contenç ã o, observa-se
que o carregamento previsto em projeto, sobrecarga de 17,0 kN/m 2 , nã o deve ter ocorrido em
sua totalidade, tendo em vista a distância dos veículos no estacionamento até o topo da
contenç ã o. Sendo assim, fez-se retroanálises atravé s do programa do Bowles-1968 e do
Geofine, onde nã o considerou-se a sobrecarga.
A Figura 6.23 mostra os momentos calculados sem sobrecarga, utilizando-se uma
coesã o de 13,0 kPa e um ângulo de atrito do solo igual a 25º. O Programa do Bowles-1968
indica que a contenç ã o ficaria estável para essa configuraç ã o, ou seja, nã o necessitaria de
ficha e o momento seria nulo para uma escavaç ã o de 4,0 m onde nã o houvesse sobrecarga.
Pelo Geofine, encontrou-se momentos máximos de 8,2, 6,8 e 5,7 kNm/m e comprimentos de
fichas iguais a 1,07, 0,89 e 0,74 m, para as estacas 01, 02 e 03, respectivamente.
130
50
20
8,2
10 6,8 5,7
0,0 0,0 0,0
0
Estaca 01 Estaca 02 Estaca 03
131
TRECHO 01 TRECHO 02 TRECHO 03
Esp. = 1,2 m Esp. = 1,2 m Esp. = 1,0 m
Ficha = 4,90 m Ficha = 4,08 m Ficha = 4,08 m
1
Deslocamentos (mm)
0
2
4
6
8
10
16 Dias 46 Dias
Observa-se que alguns deslocamentos no topo das estaca destoaram dos demais,
sendo que esses valores nã o foram computados para obtenç ã o da mé dia apesar de estarem
ilustrados na Figura 6.24. Na Tabela 6.2 encontram-se os deslocamentos mé dios para cada
trecho.
A partir da mé dia dos deslocamentos para cada trecho, para as leituras de campo com
16 dias e 46 dias após a escavaç ã o, foi possível traç ar uma curva do comportamento dos
deslocamentos com o passar do tempo. Plotaram-se as mé dias dos valores dos deslocamentos
e lanç ou-se uma linha de tendê ncia para cada trecho, conforme ilustra a Figura 6.25.
132
Deslocamento X Tempo
Deslocamentos (mm)
6
5
4
3
2
1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (dias)
Pelo gráfico acima pode-se observar o comportamento de cada trecho com o passar
do tempo, sendo que as estacas do trecho 03 foram as que tiveram os menores deslocamentos,
o que era esperado, por terem o menor espaç amento entre elas, de 1,0 metro. As estacas dos
trechos 01e 02 tinham o mesmo espaç amento, 1,2 metros, no entanto para as estacas do trecho
01 usou-se um fator de seguranç a de 1,2 para o cálculo da ficha, e, com isso, as estacas deste
trecho ficaram com comprimento de ficha de 4,9 metros implicando, assim, em menores
deslocamentos no topo das estacas.
Observa-se ainda que a partir de 40 dias após a escavaç ã o os deslocamentos no topo
das estacas tendem a se estabilizarem, e, com isso, pode-se estimar, dentro do período de seca,
o tempo limite para beneficiar-se, do efeito da sucç ã o, no dimensionamento das contenç ões.
133
uma distorç ã o no ponto correspondente ao 16º dia e, provavelmente isso ocorreu devido a erro
de leitura.
35
Momentos Má ximos (kNm/m)
30
25
20
15
10
5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (dias)
6.8. DIFICULDADES
134
Na fixaç ã o das barras instrumentadas nas armaduras das estacas deve-se ter cuidado
para que nã o haja o estrangulamento da seç ã o do cabo de ligaç ã o, tendo-se em vista a forç a
demasiada do armador quando na fixaç ã o por meio de arame recozido com o uso de um
torquê s.
Após a descida da armadura no furo da estaca, é importante observar o
posicionamemnto das barras instrumentadas, sendo que devem ficar diametralmente opostas,
ou seja, uma fica na zona tracionada (lado do terrapleno) e a outra na zona comprimida (lado
da escavaç ã o). No posicionamento da estaca 03, um ajudante tentava suspender a armadura
pelos cabos de ligaç ã o e isso deve ser observado e combatido, sendo que, por coincidê ncia ou
nã o, a estaca 03 forneceu resultados de apenas dois níveis de instrumentaç ã o, tendo sido
perdido um nível instrumentado.
Outra dificuldade encontrada se deu nas medidas de campo dos deslocamentos no topo
das estacas, pois necessitava-se de um topógrafo para fazer as leituras. A meta era fazer
leituras de campo semanais para se fazer um acompanhamento mais detalhado, poré m, o
topógrafo utilizado estava a serviç o de uma outra empresa privada e a sua dispensa, toda
semana, ficou impossibilitada.
135
7. CONCLUSÕ ES
7.1. CONCLUSÕES
3. Projeto de obras geoté cnicas considerando a condiç ã o nã o saturada do solo requer que
fatores intervenientes como chuvas e eventuais infiltraç ões sejam considerados na
avaliaç ã o da parcela de coesã o total que depende da sucç ã o mátrica.
5. Para as trê s condiç ões distintas estudada, a configuraç ã o do trecho 02 seria a ideal, onde
utilizaram-se espaç amentos entre as estacas de 1,2 metro e fator de seguranç a igual a 1,0,
pois foi a que apresentou menor custo. Os deslocamentos no topo das estacas variaram em
torno de 5,5 mm, valores considerados nulo nesses tipos de obras como sendo nulo.
136
7.2. SUGESTÕES
ü Executar uma estaca experimental com níveis de instrumentaç ã o a cada 0,5 m, onde esta
fosse levada à ruptura por um carregamento localizado no ponto de aplicaç ã o da resultante
do empuxo, obtendo-se assim o comportamento dos momentos ao longo da estaca.
ü Executar uma estaca experimental no período de transiç ã o entre a é poca da seca e a é poca
de chuva, acompanhando-se os deslocamentos no topo das estacas e verificando-se a
contribuiç ã o da sucç ã o matricial.
ü Fazer retroanálises em outros programas numé ricos tipo plaxis, sigma, etc.
ü Antes de se executar a obra, calcular pelos mé todos existentes e executar de acordo como
o valor calculado, e com base nos ensaios laboratoriais.
137
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141
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142
ANEXO A - Pressiô metro de Ménard (PMT)
Realizaram-se dois ensaios pressiomé tricos, PM1 e PM2, próximos aos furos de
sondagem SPT 11 e SPT 12 (vide anexo B), com o pressiômetro tipo Mé nard (sonda NX de
74 mm) no ano 2001 no local da obra, conforme Figura A.1.
Os ensaios seguiram os procedimentos recomendados pela D-4719 (ASTM 1987), e
durante os mesmos foram medidas as pressões aplicadas e as variaç ões volumé tricas
correspondentes à expansã o da cavidade cilíndrica na massa de solo, obtendo-se a curva
pressiomé trica necessária à determinaç ã o de parâmetros de resistê ncia e deformabilidade do
solo, bem como a previsã o da tensã o horizontal “in situ”.
143
Os ensaios foram executados em pré -furos, abertos a cada metro. O centro da parte
expansiva da sonda indica a profundidade de ensaio, sendo a cota do nível do terreno até o
centro da sonda igual 0,6 m. A parte expansiva tem 0,42 m, com cé lula de mediç ã o de 0,21 m
e distância do centro da sonda até o início das hastes de 0,73 m. As hastes possuem 1,0 m de
comprimento. A pressã o foi aplicada, em geral, em incrementos de 25 kPa, e os ensaios
finalizados após ser consumida a água disponível no reservatório do equipamento,
aproximadamente 800 cm3. A Figura A.2 ilustra o pressiômetro de Mé nard (PMT).
144
Ensaio pressiomé trico
350
300
Pressão (kPa)
250
200
150
100
50
0
0 200 400 600 800
Volume (cm3)
300
250
Pressão (kPa)
200
150
100
50
0
0 200 400 600 800
Volume (cm3)
145
ANEXO B – RELATÓ RIO DE SONDAGEM
146
Figura B.2. Furo nº 11 de sondagem.
147
Figura B.3. Furo nº 11 de sondagem - continuaç ã o.
148
Figura B.4. Furo nº 12 de sondagem.
149