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Em 1924, 5 anos antes da fundação dos Annales, é lançado o livro “Os

Reis Taumaturgos”, escrito por Marc Block, porém, suas pesquisas a respeito da
escrita do livro e do tema ao qual ele queria tratar, se iniciou em 1912, mesmo
assim, já trazia consigo um pensamento sobre a forma com que se deveria olhar
para a história muito a frente do seu tempo, por isso, totalmente inovador.
Le Goff, anos após, ao escrever o prefácio dessa obra afirma que 3
vivências de Block influenciaram diretamente na escrita. A primeira ele diz que a
convivência no pensionato com Louis Gernett e Marcel Granet, ambos
pensadores e escritores, abriu caminho para as visões de Marc. Em segundo ele
afirma que o tempo em que Block esteve na guerra o permitiu analisar de perto
o campo fértil de onde as crenças surgiam e davam frutos. Ele observava como
culturas da idade média voltava a tona em momentos de desespero, e como as
falsas notícias encontravam esse solo fértil na mente dos viventes das
trincheiras, inclusive escreveu um artigo chamado de “Reflexões de um
Historiador sobre as falsas notícias da Guerra”. Trazendo nessa análise o
método regressivo de se observar a história. E em terceiro o ambiente da
Universidade de Estrasburgo, onde ele teve sua formação e iniciou pesquisas.
Na obra “Os Reis Taumaturgos”, ele traz uma nova forma de se analisar,
não só a história do milagre mas também a história da crença no milagre, ou
seja, não só como acreditavam mas porque acreditavam, é a “História
Problema”. Apresenta em seu corpo uma história política também, por envolver
os reis e a estrutura, mas não se focando apenas na história dos eventos,
colocando em fato a “História das Mentalidades”.
É nessa busca pela discussão da realidade não só dos reis, mas também
da grande maioria da população, outrora calada pela forma positivista de
escrever história, que ele utiliza de fontes diversas, que futuramente seria um
dos marcos da escola dos annales. Utilizou de cartas, documentos, livros de
contas, histórias orais também. Com a utilização dos livros de contas ele buscou
fazer uma análise sobre a popularidade dos reis, pois, neles detinham os gastos
que se tinha tido a coroa em determinado momento, com doações e
recebimentos, que representavam o quanto as pessoas da época depositavam
fé no poder dos reis em curá-los. Porém, nessa utilização ele chama atenção
para a critica as fontes, pois nos livros de contas deveria ser analisado em que
época se tinha acontecido, pois certos momentos poderiam coincidir com
viagens do rei ou em momentos de grandes festividades o que acarretaria em
uma diminuição nos dados.
Com o contato direto com a antropologia e a sociologia, Block traz a tona
da história a interdisciplinaridade, pauta fortíssima no futuro pensamento dos
Annales. E também detém uma discussão a respeito de comparação entre os
reinados e os ritos que cada povo detinha na França e Inglaterra. Algo
extremamente difícil e inovador para a época da escrita de “Os Reis
Taumaturgos”, ele propunha a História Comparativa. Futuramente todas as
inovações que Marc Block trazia na escrita do livro “Os Reis Taumaturgos”,
seriam pautas e direcionadores para os escritores que seguiriam a escola que
ele fundaria, a Escola dos Annales.

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