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ministério. Geralmente é uma pessoa com poder de barganha junto à administração central,
para barganhar orçamento, entre outras coisas. Além da Secretaria Geral, ele tem a função
hierárquica é nomeada por ele. Para fora, ele vai executar a política externa ditada pelo
presidente e, para dentro, ele vai nomear todas estas figuras que ocuparão postos de chefia
do ponto de vista administrativo do ministério. E importante perceber isso, que é por aí que
se pode aparelhar ou não o Itamaraty. Ele vai colocar somente as pessoas com quem ele
tenha afinidade. Ele vai colocar na Secretaria Geral, na subsecretaria, alguém com quem
tenha afinidade ideológica, claro que a gente sabe que, embora ele tenha o cinismo de dizer
que a principio ele e anti-ideológico, aideológico, enfim, a gente sabe que ele vai aparelhar
Uma observação: no Brasil, a figura do chanceler, quando a gente fala que ele
auxilia o presidente, dá ideia que tem um papel secundário, mas na verdade não, no Brasil,
o Barão do Rio Branco, passando pelos chanceleres até do governo militar, que tinham uma
chanceleres no Brasil sempre tiveram realmente um papel mais do que auxiliar o presidente
na formulação da política externa. É uma figura que vai ditar, não somente auxiliar, a
internacional.
chanceler tão radical. Nem durante a ditadura militar o Itamaraty foi ocupado por uma
ideologia tão radical quanto a do Ernesto. Há muito receio. O Ernesto afirma que o
Itamaraty está aparelhado pelo PT. O que não é verdade, pois tem diplomatas progressistas,
com as ideias do novo chanceler. Poucos se alinham 100% com a radicalidade do Ernesto.
E o Ernesto respondeu dizendo que não sabia se isto era um elogio. E aí você
ONU. Felipe Martins (representante internacional do PSL) afirmou que o Brasil tem atuado
mais como um agente da ONU no Brasil do que como um agente do Brasil na ONU. Isto é
um absurdo!
Bolsonaro era uma ameaça à democracia. Reação geral negativa e apreensiva da imprensa
internacional.
ditadura militar havia uma forte tendência de esquerda no Itamaraty. Eram chanceleres de
Mas parece que agora isto não vai acontecer. Pela primeira vez na História terá
uma influência deste modo. Está vulnerável, fragilizado e ninguém sabe o que pode
acontecer.
humanos. Diplomacia cultural (pode ser extinta na UNESCO em Paris), eventual extinção. O
ameaçada.
Hard power, poder bélico. Poderio militar. Os EUA podem fazer isto.
Soft power, poder diplomático. É onde reside o respeito dos países para o Brasil.
Não é à toa que o Brasil é o país que abre a Assembleia Geral da ONU, é uma concessão
feita ao Brasil por ter ajudado até na formação da Liga das Nações, depois da primeira
diplomacia internacional, que o Brasil tem sido desejado por ambas as partes no conflito
entre Israel e a Palestina, para mediar as soluções de paz. Este é um atestado de isenção, é
embaixada vai acabar com isto. Vai perder o prestígio e a credibilidade naquela região. E
isto se reflete em outras áreas, pois a diplomacia é um conjunto. Se o país é respeitado num
cenário tão complicado como este, ele passa a ser respeitado em outras áreas também. É a
destruição de práticas e tradições diplomáticas por conta de ideologia. E tudo isto por conta
Itamaraty agir de maneira não ideológica. Na verdade, estão tirando uma ideologia, a
petista, e colocando outra muito mais radical. Sem comparação, e não tem nada a ver com
partido. É ideologia de quinta categoria que querem fazer no Itamaraty. Eles dizem que
farão uma política externa para romper com as práticas do PT, mas o que o novo chanceler
e o Olavo de Carvalho estão dizendo será uma ruptura com as tradições e melhores práticas
própria UNCTAD, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, foi
governos militares falavam isso. A ruptura não será apenas com o governo PT, mas com as
política externa independente sem alinhamento com os EUA, com o pragmatismo que o
Itamaraty sempre teve, com a preferência para soluções pacíficas de controvérsia. É algo
mais polêmicos são: a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém, o que seria um
desastre completo (apenas os EUA e a Guatemala fizeram isto). Um desastre tanto do ponto
de vista político quanto diplomático. E também econômico, porque já houve o boicote dos
com a região. Isto poderia causar um prejuízo enorme. Outra polêmica que está se
delineando é com a China, segundo as novas diretrizes, o Brasil teria de se afastar da China,
chanceler, o Olavo de Carvalho, o Felipe Martins, eles estão apresentando esta ideia de
alinhamento quase 100% com os EUA como se fosse uma ideia nova, mas não é nova. Já
existe, na teoria e inclusive nos livros, e se chama realismo periférico. É unir-se ao mais
nação respingue e renda frutos ao seu próprio. Isto já existe, já existiu e deu muito errado.
Deu errado para o Brasil no próprio governo Collor e na Argentina com o governo Menen,
com uma política que eles chamavam de relaciones carnales con los Estados Unidos. E
fracassou completamente. É uma ingenuidade enorme pensar que os EUA vão dar alguma
coisa além de migalhas para o Brasil. O Olavo de Carvalho falou, elogiando o novo
chanceler, dizendo que os EUA já estavam preparando 267 bilhões de dólares, quase 1
trilhão de reais, para investir no Brasil. Mentira. Primeiro, porque não é os EUA que investe
no Brasil, são as empresas americanas. O governo americano não está nem aí para o Brasil.
Eles só querem aproveitar a onda conservadora no Brasil para controlar o que sempre foi o
quintal dos EUA. Vamos voltar a ser quintal dos EUA. Um eventual afastamento da China
traria um prejuízo enorme. O Brasil tem 67 bilhões de superávit na balança comercial como
um todo, e só com a China são 20 bilhões. Abandonar um parceiro comercial como a China
para se aproximar quase cegamente dos EUA seria uma burrice tremenda. Não tem sentido
algum.
Outras políticas que seriam prejudicadas são do Mercosul, ainda não sabemos
qual será a posição do novo chanceler para o Mercosul. Ele chegou a trabalhar na
elaboração do Mercosul. É uma incógnita. Mas acordos com a Europa, acordos em bloco
serão prejudicados. Parece que o Brasil adotará a via de acordos bilaterais, que é o que o
Chile faz.
Queria fazer uma observação sobre isto: é engraçado como o pessoal defende o
alinhamento total com os EUA, mas se o Brasil fosse praticar aquilo que os EUA praticam,
eles nunca fariam isto. Os EUA jamais se alinhariam cegamente a outro país. É uma
contradição na própria política, do tipo: nós somos trumpistas, vamos defender a civilização
ocidental contra o marxismo cultural, vamos nos aliar aos EUA, vamos deixar de lado os
parceiros comerciais como a China. Os EUA nunca fariam isto. Outro aspecto totalmente
econômico, para o nosso país. A diplomacia, em vez de ser usada para alavancar o
Direitos Humanos, na faceta humana mesmo da política externa. Às vezes, a política externa
fica muito longe da realidade dos cidadãos, daquilo que eles imaginam ou esperam dela,
mas a questão dos imigrantes, dos refugiados e dos migrantes, é mais perto dos cidadãos. E
neste sentido, o novo chanceler também é um retrocesso. Ele já disse várias vezes que a
imigração não pode ser ilimitada. Ele fala muito em Deus, em fé, em ser humano, em amor,
Mas na verdade ele esquece completamente a faceta humana da política externa, e uma
delas que é a migração internacional, incluindo dos refugiados. Ele é muito crítico em
relação a isto, ele afirma que a cultura ocidental está sendo atacada, o cristianismo está
A outra coisa é isto de globalismo. Não sei nem o que isto quer dizer. Ele acha
que a ONU é marxista, que a esquerda é toda gramsciana, que as instituições internacionais
são todas gramscianas, que o Brasil precisa se unir aos EUA para salvar o ocidente, é um
antiglobalista, seja lá o que isto quer dizer, você começa a criar contradições internas. Por
exemplo, a bancada ruralista está muito preocupada com a nova política externa, pois eles
querem liberalismo total, pois o agronegócio brasileiro tem vantagens comparativas, ele é
bancadas que se beneficiariam desta nova política seriam a da Bíblia e a da bala, esta última
por causa do alinhamento total com os EUA, onde tem mais arma do que gente, e a bancada
da Bíblia por razões óbvias, pois o novo chanceler é um fundamentalista religioso. Ele não
escreve um texto sem usar a palavra “sagrado”, “fé”, “Deus”, “cristão”, “cristianismo”,
bancada da Bíblia e da bala felizes. É uma contradição não apenas no sentido externo, mas
também interno. Por isto, talvez o novo chanceler não se legitime e não consiga se
Oriente Média, a perda do protagonismo nos fóruns ambientais, a perda do nosso soft
power. O que está em risco é a perda do nosso soft power. O Brasil passar a ser tudo aquilo
que nunca foi em sua História, isolacionista, negar o multilateralismo. Os EUA podem fazer
isto, pois são a maior economia do mundo, mas nós não podemos fazer isto. Nós não temos
esta gordura para queimar, as consequências para o Brasil podem ser muito mais nefastas
que para os EUA. O Brasil vai perder muito mais, não temos bala na agulha, nem economia
dizer isto. Mas isto é o que vai acontecer se as ideias tresloucadas do novo chanceler forem
implementadas.