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DEPARTAMENTO DE DIREITO
2018.1
2018.1
SUMÁRIO
Resumo ............................................................................................................... 04
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 05
“[...] Vale lembrar que em sede de juizados especiais o processo busca, sempre
que possível, a conciliação ou a transação e orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
portanto, é a hipótese presente nestes autos. Demais disso, corroborando os
mencionados critérios a jurisprudência já pacificou que: "Não se exige, para sua
validade, que a transação celebrada por petição assinada por advogados, com
poderes para transigir, seja reduzida a 'termo nos autos" [...].” (Colégio Recursal
de Recife/PE - RI 03942/2009 – 8ª TR – Rel: Odilon de Oliveira Neto – Data Jul:
02.12.2009. Grifos nossos).
Particularmente, é possível perceber como grande vantagem da oralidade a
possibilidade que as partes possam expor o ocorrido e serem entendidas na sua
realidade. Além disso, a oralidade viabiliza o contato direto entre o juiz e as partes, e
entre o juiz e as provas, o que em muito pode colaborar na formação do seu
convencimento.
Contudo, isso não quer dizer que as causas num Juizado Especial às vezes
não devam prescindir, por exemplo, de uma perícia. Até também uma perícia pode
ser simples, ou mesmo simplificar um processo.
Parece que de tanto usar tal argumento com base no artigo 33 da Lei dos
Juizados Especiais que diz que “todas as provas serão produzidas na audiência de
instrução e julgamento”, o operador do direito esquece que o texto da Lei 9099/95
continua detalhando a matéria da produção das provas em sede de JECs e que no
artigo 35 se encontra também o preceito de que “quando a prova do fato exigir, o
Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação
de parecer técnico”. Claro que devido à celeridade e simplicidade dos JECs não se
deve enveredar em pareceres complexos, mas devemos admitir que o que o que
este artigo diz é a respeito da “perícia técnica”. Assim, não se pode inferir que a
complexidade da causa se deva a uma necessidade de alguma perícia e isso venha
a comprometer a competência dos JECs. Finalizando, esse pensamento é
corroborado por pronunciamentos de Tribunais Superiores sobre o assunto, como
bem se vê a seguir o que proferiu o Superior Tribunal de Justiça em recente julgado:
3. O art. 3º da Lei 9.099/95 adota dois critérios distintos – quantitativo (valor econômico
da pretensão) e qualitativo (matéria envolvida) – para definir o que são “causas cíveis de
menor complexidade”. Exige-se a presença de apenas um desses requisitos e não a
sua cumulação, salvo na hipótese do art. 3º, IV, da Lei 9.099/95. Assim, em regra, o
limite de 40 salários mínimos não se aplica quando a competência dos Juizados
Especiais Cíveis é fixada com base na matéria.
4. [...]
5. [...]”
Ada Pellegrine Grinover (in CINTRA, 2006, p. 79), informa que o princípio da
economia processual preconiza o máximo resultado na atuação do direito com o
mínimo emprego possível de atividades processuais.
[...] Como sabemos, os Juizados Especiais somente tem competência para processar
e julgar as causas de menor complexidade, a teor do artigo 3º. da Lei nº. 9.099/95, de
forma a não prejudicar os princípios básicos da oralidade, simplicidade, informalidade,
economia processual e celeridade. Certo é que no caso de assinaturas por demais
divergentes, podem, a critério único do Juiz, ser plenamente descartada a perícia
grafotécnica. Ocorre, entretanto, que o caso presente à assinatura em questão, que
consta no contrato é por demais idênticas as dos documentos e também da
procuração outorgada a seu advogado. [...]” (Colégio Recursal de Recife/PE - RI
01389/2010 – 3ª TR – Rel: Luis Sérgio Silveira Cerqueira – Data Jul: 27.05.2010.
Grifos nossos.)
Também, no processo:
Processo ACJ 19990110836455 DF. Órgão Julgador Primeira Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais do D.F. Publicação DJU: 18/03/2002 Pág. :
62. Julgamento: 25 de Setembro de 2001. Relator: ARNOLDO CAMANHO DE
ASSIS
2.6. Conciliação
Embora o conciliador não deva impor suas ideias e soluções nada o impede
que ele sugira ou proponha fórmulas que solucionem o conflito. Buscando, assim
uma composição de um acordo pelas partes. São as partes quem estabelecem os
critérios e a melhor solução, firmando-a em um acordo.
“Por fim, sabemos que nos Juizado Especiais deve-se procurar estimular os
contendores a, com o auxílio de um profissional jurídico, colaborar na solução do
conflito, através da conciliação. Embora não esteja elencado como princípio no art. 2º
da Lei 9099/95 e sim mais como uma orientação a se proceder, tal conciliação (ou
transação) ganha status principiológico pela sua importância não só neste tipo de
procedimento, mas em todo o sistema jurídico brasileiro e seus variados ramos. Essa
conciliação não é o processo extrajudicial utilizado em outros ramos da atividade
social das comunidades. A conciliação judicial dos Juizados Especiais é um tipo de
conciliação endoprocessual muito importante no direito, ocorrendo repetidamente,
como dissemos, em outros ramos do direito, e damos, por exemplo, a justiça do
Trabalho, e assim como nas Varas do Trabalho, esta conciliação ocorre sob a direção
do juiz, nos processos judiciais postos a seu exame e pode ocorrer a qualquer tempo.
Assim, podemos definir que conciliação é o ato judicial por meio do qual as
partes litigantes, sob a interveniência da autoridade jurisdicional, ajustam solução
transacionada sobre matéria objeto de processo judicial e tal ação nos JEs passa a
ter status de princípio.” (TORRES NETO, disponível abril/2018).
A verdade é que as próprias partes são protagonistas na entrega da
prestação jurisdicional, contribui-se com os demais princípios informativos do
sistema, como o da economia processual visto anteriormente.
“Quem pode? Qualquer pessoa pode reclamar seu direito nos Juizados Especiais
Cíveis? NÃO. Somente pode reclamar: pessoas físicas, capazes (maiores de 18 anos);
microempresas – ME; empresas de Pequeno Porte – EPP; organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público – OSCIP. As demais empresas (pessoas jurídicas) não podem reclamar nos
Juizados Especiais Cíveis, mas os cidadãos podem reclamar contra elas.
Quem não pode? Quem não pode ser parte (Autor ou Réu) nos Juizados Especiais?
Segundo o art. 8º da Lei 9.099/95, as seguintes pessoas ou instituições não podem atuar como
parte num processo do Juizado Especial Cível:
"art. 8º. Não poderão ser partes, no processo instituído por esta Lei, o incapaz,
o preso, as pessoas jurídicas de direito público, as empresas públicas da
União, a massa falida e o insolvente civil.
4.1. Do Pedido
Alcides Silva Júnior explica, suscintamente como deve ser o pedido e o que
pode ser pedido nos Juizados Especiais Cíveis, ou seja, aquelas causas de menor
complexidade:
“Conforme o advento da Lei 9.099/95, que deliberou sobre os Juizados Especiais
Cíveis e Criminais, estabeleceu um microssistema objetivando solucionar os conflitos de
menor potencial ofensivo, assim, o foco desse procedimento é a simplicidade, pelo fato que
na maioria das vezes quem compõem esta demanda são pessoas de baixa renda, ou seja,
com baixo nível de instrusão e de conhecimento necessário para pleitear o seu direito em
juízo. Desta forma, “o pedido será formulado de forma simples e em linguagem acessível,
constando apenas o nome, a qualificação e o endereço das partes; os fatos e os
fundamentos de forma sucinta, e o objeto e seu valor” (SILVA JÚNIOR, 2010, p. 08.).
Que ações podem correr nos Juizados Especiais Cíveis? Aquelas que não possuem
complexidade, como por exemplo: Cobranças e execução de cheques nominais a pessoa física,
microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP); Cobrança e execução de notas
promissórias; Cobranças de aluguel (somente o proprietário do imóvel); Cobranças por
prestação de serviços; Despejo para uso próprio; Ações possessórias, se o valor do bem não
ultrapassar 40 salários mínimos, lembrando que é obrigatório ter advogado nas causas
superiores a 20 salários mínimos; Ações propostas por microempresas (ME) e empresas de
pequeno porte (EPP), desde que estejam entre os casos e valores mencionados acima, sendo
obrigatória toda a documentação da empresa.
Valor da causa? Ações até 20 salários mínimos, sem advogado, ou até 40 salários
mínimos, com advogado, lembrando que o valor da causa corresponde à quantia pretendida, ao
valor do contrato em discussão ou à avaliação do bem/objeto da demanda. Se o valor da causa
for maior que 40 salários mínimos, posso reclamar nos Juizados Especiais Cíveis? Sim, desde
que você renuncie ao valor que ultrapassar 40 salários mínimos.
Que causas não podem? Trabalhistas (empregado contra o patrão); de acidentes do
trabalho; de família (alimentos, separações, divórcios, guarda de filhos, interdições, etc.);
de união de fato (concubinato e sociedade de fato); de crianças e adolescentes
(menores de 18 anos); de heranças, inventários e arrolamentos, de falências e
concordatas; reclamações contra a União (INSS, CEF, etc.). Para esses casos, procure
os Juizados Especiais Federais; reclamações contra o Distrito Federal, seus órgãos e
entidades públicas. (CEB, CAESB, etc.). Para esses casos, procure os Juizados
Especiais da Fazenda Pública.
Quanto custa para reclamar nos Juizados Especiais Cíveis? Nada. Os Juizados atendem
de graça. Você só paga custas processuais se: faltar a uma audiência sem comprovar
que a ausência decorre de força maior ou se perder a causa, recorrer e perder o recurso.
Nesse caso, ainda pagará honorários de advogado.” (TJDFT, Acessado Abr/2018).
4.2. Da Contestação
Complementa Marques: “Bem vinda a norma do art. 33, que limita a produção
de prova documental à oportunidade da audiência de instrução e julgamento, bem
assim as outras provas”. (MARQUES, 2005). O Magistrado se sente agradecido
porque sabe do grande volume de documentos que são juntados, tanto na Petição
Inicial quanto na Contestação, nas Varas Cíveis e que nem sempre fazem bem ao
andamento do processo. E vê a possibilidade de que os Princípios da celeridade e
da simplicidade desejados pela Lei 9.099/95 sejam respeitados e aplicados.
5. Dos Juízes e Conciliadores
Os JECs vieram, realmente, para tornar para todos uma justiça disponível,
célere e mais eficiente.
PANTOJA, Tereza Cristina G.; FRÓES, Carlos Henrique de C. [et al] Coordenação.
Prática em Arbitragem. Forense Universitária. Rio de Janeiro, 2008.
Bibliografia Digital: