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Revista Brasileira de Ensino de Física, vol.

40, nº 3, e3318 (2018) Artigos Gerais


www.scielo.br/rbef cb
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2017-0395 Licença Creative Commons

Espalhamento Bhabha: Um Estudo Detalhado


Bhabha Scattering: A Detailed Study

Fábio Köpp Nóbrega*1 , Luiz Fernando Mackedanz2


1
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Física, Porto Alegre, RS, Brasil
2
Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Matemática, Estatística e Física, Programa de Pós-Graduação em
Educação em Ciências, Rio Grande, RS, Brasil

Recebido em 18 de Dezembro, 2017. Revisado em 26 de Fevereiro, 2018. Aceito em 14 de Março, 2018.


Neste artigo, vamos estudar alguns conceitos fundamentais em física de partículas através do estudo detalhado
de um processo específico da Eletrodinâmica Quântica (QED): o espalhamento Bhabha em ordem dominante
(Leading Order - LO). Este ocorre na interação entre um elétron e sua antipartícula, o pósitron, sendo um dos
processos básicos da QED. Nossa escolha em trabalhar este processo deve-se a riqueza de detalhes proporcionada
pelas duas possibilidades (canais) de interação, que servem para ilustrar o cálculo da interferência entre as
possibilidades. Além disso, esse processo é utilizado para determinar a luminosidade de um determinado colisor,
o que garante maior precisão nas medidas de outras grandezas relevantes para a análise das interações entre
partículas. Finalmente, comparamos a predição da QED com os resultados do experimento DESY-PETRA-TASSO.
Palavras-chave: física de partículas, processos elementares, eletrodinâmica quântica.

In this article, we will look at some fundamental concepts in Particle Physics through the detailed study of a
specific process of Quantum Electrodynamics (QED): the Bhabha scattering. It occurs in the interaction between
an electron and its antiparticle, the positron, one of the basic QED processes. Our choice for work this process is
due to the wealth of details provided by the two possibilities (channels) of interaction which serve to illustrate the
calculation of interference between possibilities. Furthermore, this process is used to determine the luminosity of a
particular collider, which ensures greater accuracy in measurements of other relevant quantities for the analysis
of interactions between particles. Finally, comparing the QED prediction with the experimental results of the
DESY-PETRA-TASSO experiment.
Keywords: particle physics, elementary processes, quantum electrodynamics.

1. Introdução que tenham interesse em aprofundar conhecimentos na


física de partículas, além de buscar dar uma base para a
A divulgação científica de física de partículas, apesar das Iniciação Científica ao longo da graduação.
notícias apresentadas pela mídia nacional e internacio- O estudo de processos básicos do Modelo Padrão (Stan-
nal da descoberta do Bóson de Higgs pelo CERN, ainda dard Model) ocorre, normalmente, nos últimos anos do
não possui muitos livros em português. O que dificulta bacharelado em física ou em disciplinas específicas de
um pouco o interesse de alunos de graduação por tal pós-graduação. Neste sentido, buscamos proporcionar
tema. No entanto, há dois livros de divulgação científica, ao aluno uma visão geral do processo Bhabha, bem
em português, de pesquisadores nesta área: ”O Discreto como uma breve revisão sobre a teoria da Eletrodinâmica
Charme das Partículas Elementares”da Professora Ma- Quântica (QED: Quantum electrodynamics). O processo
ria Cristina Batoni Abdalla, destinado a pessoas leigas Bhabha, assim como outros processos da QED, possuem
em física. E ”O Cerne da Matéria”do Professor Rogério um ”sinal”limpo quando comparado a processos que en-
Rosenfeld, o qual relata toda a trajetória dos físicos e volvam a colisão de núcleons (prótons e nêutrons). Em
experimentos que culminaram na descoberta do Bóson processos deste tipo, envolvendo energias maiores do que
de Higgs noticiada no dia 4 de Julho de 2012 pelo CERN. a massa destas partículas, a interação se dá a nível dos
O livro deste professor é recomendado tanto para físicos constituintes (quarks e glúons), produzindo uma miríade
de outras áreas quanto propriamente para pesquisadores de novas partículas. A descrição da dinâmica destas in-
desta área. Assim, a principal motivação deste artigo terações é feita pela Cromodinâmica Quântica (QCD:
é fornecer um material em português bem como os có- Quantum Chromodynamics), associada a um novo nú-
digos e scripts necessários para reproduzir os valores e mero quântico: a carga de cor que cada quark pode portar.
gráficos aqui apresentados. Por isso, direcionamos este Esta pode ser comparada, de forma ingênua, com a carga
texto para estudantes de graduação, nos primeiros anos, elétrica, pois também possui dois tipos de carga: cor e
* Endereço anticor. Por outro lado, segundo a QCD, todos os estados
de correspondência: fabio.kopp@ufrgs.br.

Copyright by Sociedade Brasileira de Física. Printed in Brazil.


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ligados detectáveis devem ter um estado final branco - o propagador do elétron e do fóton devido ao escopo deste
chamado singleto de cor. trabalho, para maiores detalhes vide [11–14]. Já na seção
Um exemplo deste tipo de interação é realizado no 3, fazemos uma revisão sobre algumas grandezas básicas
Grande Colisor de Hádrons (LHC: Large Hadron Colli- utilizadas modernamente na Física de Partículas, bem
der). As partículas produzidas nesse tipo de colisor pos- como a atual forma de cálculo, através dos diagramas
suem diferentes propriedades, tais como spin, massa, e de Feynman. Na seção 4, apresentamos os cálculos do
carga elétrica. No momento da análise da colisão, diferen- processo de forma detalhada, principalmente o termo
ciar uma partícula X de todas as outras requer detectores de interferência, normalmente não incluído nos livros
específicos e simulações entre a estrutura do detector e a texto da área. Finalmente, elencamos algumas conclu-
física subjacente. Ainda, devemos lembrar que processos sões relevantes e aplicações do processo dentro das atuais
envolvendo partículas e antipartículas também surgem colaborações nos aceleradores de partículas, como o ILC.
nesse tipo de colisão, porém, desta vez, regidos pela teoria
Eletrofraca: unificação da teoria eletromagnética (QED)
2. Introdução à Eletrodinâmica Quântica
com a teoria para as interações fracas, responsáveis pelo
decaimento nuclear beta e também pelo decaimento do A eletrodinâmica quântica (QED, do inglês Quantum
píon e do múon, entre outras. Desta forma, dizemos que Electrodynamics) é a teoria que unifica os fenômenos ele-
processos analisados pela teoria eletrofraca resultam num tromagnéticos, como ondas de rádio e radiações, com a
sinal experimental com menos ruído. O Colisor Linear física quântica, levando a aplicações práticas na eletrô-
Internacional1 (ILC: International Linear Collider) coli- nica, computação e descreve as interações entre quarks
dirá elétrons e pósitrons e utilizará o processo Bhabha e léptons. Ainda, devemos salientar que a QED é quase
para determinar a sua luminosidade [1]. Além disso, pro- toda a base da química que conhecemos. Além disso, é
curará determinar as propriedades do Bóson de Higgs, uma teoria Abeliana, ou seja, os campos de gauge comu-
Dimensões extras e a partícula supersimétrica mais leve. tam entre si ([Aµ , Aν ] = 0) pertencendo ao grupo U (1),
A utilidade mais próxima de nós do estudo desse tipo de sendo estes os campos eletromagnéticos. Por Abeliano,
processo pode ser visto em [2] o qual trata da antimatéria dizemos que os mediadores de campo (os fótons), não
na medicina moderna. Por fim, devemos lembrar que há possuem carga e, portanto, não podem interagir entre
estudos igualmente importantes nesta área como estados si. Nos diagramas de Feynman temos vértices, ponto
ligados, decaimentos, oscilações de neutrinos e medidas de ”contato”, entre partículas/anti-particulas com o pro-
de momentos dipolares magnéticos e elétricos. pagador do bóson que media a interação. Este vértice
Neste sentido, propomos trabalhar a transposição ex- surge ao aplicarmos o princípio de Gauge2 nos campos
terna do conteúdo, aquela onde o pesquisador traz os fermiônico. Para termos uma ideia de como o obtemos,
conhecimentos da área para um nível acessível ao estu- partimos do Lagrangeano para partícula livre de spin
dante interessado nesta área da Física, inserindo novas 1/2 (Dirac) dado por
visões para temas já apresentados nos primeiros anos da
graduação, ou novos conceitos apresentados pela primeira LDirac = ψ̄(iγ µ ∂µ − m)ψ. (1)
vez [3]. Nosso foco, neste artigo, é discutir fundamentos
da Física de Partículas Elementares, através dos pro- A transformação de gauge local (dependência de coorde-
cessos da Eletrodinâmica Quântica (QED) [4–9], haja nadas tipos espaço em α(x)) ocorre da seguinte forma:
vista que os processos básicos de interação entre elétrons,
ψ (x) → eiα(x) ψ(x) e ψ̄ (x) → ψ̄(x)e−iα(x) (2)
0 0
ou entre o elétron e sua antipartícula - o pósitron - são
importantes em diversos ramos de aplicação da Física,
como por exemplo a Física das Radiações [10], onde a Vale lembrar que existem outros tipo de transforma-
aniquilação e produção de pares são utilizadas para o ções de gauge, como a global. Em que α, desta vez, não
diagnóstico e tratamento de doenças. Este é o princípio depende de coordenadas tipo espaço. Retornando a de-
da tomografia por emissão de pósitrons (PET). Em par- rivação, substituindo (2) em (1) e tomando a derivada
ticular, vamos nos dedicar ao estudo de um processo que parcial, obtemos:
inclua estes dois aspectos: o processo Bhabha, que pode
(3)
0
∂µ ψ → eiα(x) ∂µ ψ(x) + ieiα(x) ψ(x)∂µ α(x)
ser interpretado como uma aniquilação entre elétron e
pósitron seguida da produção do par. O segundo termo de (3) quebra a invariância de LDirac .
Por esse motivo, este texto básico se destina a es- Uma forma de contornar esse problema, é modificar a
tudantes de graduação interessados na fenomenologia derivada parcial para derivada covariante de forma a
dos processos da Física de Partículas, como uma leitura satisfazer a invariância de gauge local
introdutória que apresenta as grandezas fundamentais
envolvidas nestes. Para tanto, na seção 2, apresentaremos 0 0
Dµ ψ → eiα(x) Dµ ψ, (4)
o princípio de Gauge aplicado a QED e sua aplicação
ao processo Bhabha. No entanto, não vamos derivar o
2 ”Asequações de movimento são invariantes sob uma transforma-
1 https://www.linearcollider.org/ILC ção de Gauge local”.

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em que definimos que ilustra com bastante clareza as 4 componentes, di-


ferenciadas pelo sinal negativo ante das coordenadas
(5)
0 0
Dµ ≡ ∂µ − ieAµ , espaciais. Por conta deste sinal, dizemos que este espaço-
onde Aµ é um campo vetorial que transforma-se como: tempo possui uma métrica diagonal, ou seja, a matriz
que representa tal espaço-tempo é representada por uma
0 1
Aµ → Aµ + ∂µ α(x). (6) matriz apenas com elementos não nulos na diagonal prin-
e cipal. Esta é chamada de métrica de Minkowski com
Refazendo o cálculo anterior, exceto por termos agora diag(1, −1, −1, −1).
Dµ , obtemos Na análise dinâmica de um espalhamento, a grandeza
generalizada será o 4-vetor momentum (cf. [19–22]), de-
(7)
0 0 0
Dµ ψ = Dµ (eiα(x) ψ) = (∂µ − ieAµ )(eiα(x) ψ). notado por
Substituindo (6) em (7), vem pµ = (p0 , p1 , p2 , p3 ) = (E, px , py , pz ), (11)
1 a qual respeitar as transformações de Lorentz entre re-
(8)
0 0
Dµ ψ = [∂µ − ie(Aµ + ∂µ α(x) ) ](eiα(x) ψ). ferenciais inerciais. Comumente os referenciais mais uti-
e
lizados são o de laboratório (LAB) onde as partículas
Desta forma, encontramos
envolvidas têm seus momenta medidos em relação a algo
externo à colisão e o referencial de centro de massa (CM),
(9) usado para facilitar as considerações das leis de conser-
0 0
Dµ ψ = eiα(x) (∂µ − ieAµ )ψ = eiα(x) Dµ ψ.
vação (momentum e energia). Deste último, falaremos
Logo, a equação (9) satisfaz à condição (4) tornando-se, um pouco mais pela sua praticidade para analisar os
assim, invariante de gauge local. espalhamentos. Lembramos que, para estes processos, a
Para podermos entender o processo de espalhamento conservação do 3-vetor momentum é garantida.
Bhabha, bem como estender os conceitos para demais pro- No referencial de centro de massa, vamos considerar
cessos, precisamos inicialmente ter alguns conhecimentos o processo esquematizado na Fig. 1 como uma colisão
e definições básicos sobre referenciais e grandezas pró- elástica, ou seja, Etotal = E1 + E2 também é conservada.
prias da Física de partículas. A próxima seção é dedicada Neste referencial, o momentum total inicial é nulo, ou seja,
a apresentar estes fundamentos, de forma breve. Eles (Ptotal = P1 + P2 ) = 0. Isto significa que P1 = −P2 ).
podem ser encontrados, para quem desejar aprofundar Além disso, como estamos trabalhando com feixes de
seus estudos em [11–15]. mesma energia, com partículas de massa similar (pó-
sitrons e elétrons), consideramos E1 = E2 = Ecm e
3. Parâmetros em Física de Partículas P1 = P2 = P .
Em termos dos 4-momenta, P1µ = (E1 , P) e P2µ =
Para estudarmos os processo básicos da Física de Partí- (E2 , −P). Para calcularmos um invariante associado ao 4-
culas, em que no nosso caso é o espalhamentos, devemos vetor momentum, utilizamos a regra de soma de Einstein
conhecer a cinemática relativística, que descreve as gran-
P 2 = P µ Pµ , (12)
dezas dinâmicas e suas relações em altas energias. Nessa
seção apresentaremos os principais parâmetros físicos onde a mudança na posição do índice simboliza a troca
necessários para compreendermos os processos simples, da matriz que representa o 4-vetor por sua transposta. O
como o espalhamento Bhabha. Durante todo o trabalho, produto escalar entre dois 4-vetores momentum (também
usaremos as unidades naturais: c=1 e ~=1, da forma invariante de Lorentz) nos leva a relação de energia-
como usualmente é trabalhado na Física de Partículas. momentum,
Isso permite que tratemos todas as grandezas cinemáti-
P1 · P2 = P1µ · Pµ2
cas em termos de unidades de energia, que na área é o
elétron-Volt (eV) e seus múltiplos. = (E, P) · (E, −P)T (13)
Uma vez que os processos investigados envolvem partí- = E 2 − |P~ |2 = m2 , (14)
culas em altas velocidades, comparáveis à da luz (v ≈ c),
devemos utilizar a Relatividade Restrita( [16–18]). Nesse
contexto, precisamos definir inicialmente grandezas que
sejam invariantes de referencial, ou seja, grandezas que
tem um valor único, não importando o referencial no
qual as computemos. Uma rápida inspeção em textos
básicos sobre Relatividade Restrita nos mostra que estas
grandezas podem ser relacionados como um 4-vetor, com
1 componente temporal adicionada às três espaciais. O
exemplo clássico é o intervalo definido no espaço-tempo
(∆s)2 = (∆t)2 − (∆x)2 − (∆y)2 − (∆z)2 , (10) Figura 1: Representação do espalhamento 2 → 2

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o que mostra que a massa é uma grandeza invariante. O medida em unidades de área. Pelas dimensões envolvidas
último passo usa as definições para energia e momentum na Física de Partículas, definimos uma unidade especial
relativísticos. A partir destas relações entre os momenta chamada barn, em que 1 barn = 10−28 metros2 .
iniciais, podemos construir relações úteis no referencial Para determinar corretamente a seção de choque, deve-
CM, também invariantes. mos lembrar que a representação ocorre num espaço de
A forma como os 4-momenta são transferidos entre os transferência de momentum, chamado de espaço de fase
estados inicial e final permitem definir grandezas inva- do processo. Considerando um processo 1 + 2 → 3 + 4,
riantes, denominadas variáveis de Mandelstam. Elas existe uma taxa de transição por unidade de volume
apresentam relações que envolvem a energia, o momen- deste espaço de fase Wf i . Em outras palavras, esta é a
tum e o ângulo de espalhamento das partículas iniciais e densidade de probabilidade do processo ocorrer. A seção
finais do processo. Tomando uma das partículas (e seu de choque é proporcional a esta densidade, considerando
momentum) como base, podemos ter três combinações, o fluxo de partículas incidentes e o número de estados
vistas como canais de transferência de momentum: ani- detectados ao final do processo.
quilação (canal s) e espalhamento (canais t e u), definidos Considerando cada um destes termos em separado,
como: iniciamos com o número de estados finais. Para defi-
nir o número total destes, vamos considerar uma porção
s = (P1 + P2 )2 = (P3 + P4 )2 finita do espaço de fase, uma caixa cúbica de lado L. Em
t = (P1 − P3 )2 = (P2 − P4 )2 (15) cada dimensão linear, o número de estados possíveis é
2π ∆p, onde o fator 2π surge das condições de contorno
L
u = (P1 − P4 )2 = (P2 − P3 )2
periódicas do problema. Como este espaço considerado é
No limite relativístico, a massa invariante das par- isotrópico, o número total de estado disponíveis dentro
tículas envolvidas no espalhamento Bhabha pode ser desta caixa é (2π)
V
3 ∆ p. O número de partículas em cada
3

considerada como nula (Pi2 = m2i ≈ 0) e, aplicando a unidade de volume é definido como 2E, de forma que o
relação energia-momento 13, obtemos número de estados permitidos por partícula é

s = P12 + P22 + 2P1 P2 ≈ 2P1 P2 = 2(E 2 − P~1 · P~2 ) V d3 p


. (19)
(2π)3 2E
s = 2(E 2 − |P~ |2 cos θ) = 4E 2 (16)
O próximo passo é o cálculo do fluxo inicial de partì-
onde o ângulo entre os vetores momentum das partículas culas, onde podemos interpretar uma delas como projétil
corresponde a 180 graus (pela conservação do momentum e outra como alvo. O fluxo relativo à partícula incidente,
linear). por unidade de volume é dado pelo produto entre sua
As demais variáveis de Mandelstam podem também velocidade e a densidade volumétrica; logo, |v| 2E
V . Para
ser definidas em termos do ângulo de espalhamento θ, o alvo, apenas nos interessa sua densidade V .
2E
dadas por: Para finalizar, precisamos determinar a densidade
de probabilidade de ocorrência da colisão. Ela está
s = 4E 2
associada à amplitude de espalhamento M, em es-
θ
t= −2|P~ |2 (1 − cos θ) = −4E 2 sen2 ( ) (17) pecial seu quadrado, tendo em vista que a densidade é
2 um número real. Além disso, ela carrega um termo de
θ
u = −2|P~ |2 (1 + cos θ) = −4E 2 cos2 ( ) conservação do 4-momentum, a função delta de Dirac,
2 δ (4) (p). Assim, pode ser expressa como
Com isto, recuperamos, no limite relativístico (m ≈ 0),
(2π)4 δ (4) (pC + pD − pA − pB )
uma relação básica entre as variáveis de Mandelstam Wf i = |M|2 , (20)
(garantida pela conservação do 4-momentum) V4
onde temos a normalização por unidade de volume. Con-
s + t + u = 4m2 . (18) siderando o processo A+B → C +D, podemos relacionar
cada partícula a seu 4-momentum e temos
Na próxima seção, vamos definir uma quantidade funda-
mental na Física de Partículas, uma vez que trabalhamos ∆σ =
1 1 d3 pC 1 d3 pD
(2π)4
com espalhamentos e estes devem ter uma relação geo- |vA |2EA 2EB (2π)3 2EC (2π)3 2ED
métrica. × δ (4) (pC + pD − pA − pB )|M|2 , (21)
onde definimos a seção de choque pela letra grega σ.
4. Seção de choque
Como o volume do espaço é arbitrário, ele é cancelado
A seção de choque é um parâmetro que informa a proba- nesta expressão. Podemos identificar aqui três elementos,
bilidade de uma dada reação ocorrer, sendo este medido genericamente denotados por
experimentalmente. Além disso, ela pode ser interpre- |M|2
tada como uma área efetiva de interação e, portanto, dσ = dLips, (22)
F

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onde F = |vA |2EA 2EB e o elemento do espaço de fase


invariante de Lorentz dLips = (2π)4 δ (4) (pC + pD − pA −
d3 pC
pB ) (2π)3 2E
d3 pD
3
C (2π) 2ED
. Estes dois termos podem ser cal-
culados e demonstram ser manifestamente invariantes.
A informação física sobre o processo reside apenas na
amplitude de espalhamento.
No referencial de centro de massa, onde os vetores mo-
mentum são simétricos, os fatores invariantes são simpli-
ficados em termos de ângulo de espalhamento e variáveis
de Mandelstam
1 |~ pf |
dLips = √ dΩ (23)
(4π 2 ) 4 s

F = pi | s,
4|~ (24)

onde |~ p1,2 | e |~
pi | = |~ p3,4 |.Assim, a seção de choque
pf | = |~
diferencial (dependente do ângulo de espalhamento θ)
para o processo é dada por [24]:

pf | < |M|2 >


|~
dσ = dΩ (25)
pi | 64π 2 s
|~
Como esta colisão é elástica (e a conservação de momen-
tum linear nos garante que |~ pi |), temos E1 = E2 .
pf | = |~
Logo, s = (E1 + E2 )2 e:

dσ < |M|2 >


= . (26)
dΩ 64π 2 (2E)2
Figura 2: Regras de Feynman para QED [23]
Para obtermos a predição dada pela teoria, resta-nos
determinar o termo |M|2 , associado à amplitude do es-
palhamento, calculado pela teoria e que nos informa a contribuição negativa devido ao Princípio da Exclusão
intensidade da interação. de Pauli.
Richard Phillips Feynman3 mostrou como calcular es- Vamos utilizar as regras apresentadas na figura 2 a fim
tas amplitudes a partir de representações gráficas, com de obter a amplitude de Lorentz referente ao diagrama 1.
regras definidas na Teoria Quântica de Campos para Para analisar o gráfico devemos perceber que as linhas
estas interações entre partículas, tratando estas repre- contínuas representam os férmions (elétrons ou pósitrons)
sentações não no espaço de posições, mas no espaço de e a seta indicativa do momentum diferencia ambos. Ou
momentum, ou seja, ilustrando graficamente o fluxo do seja, considerando o tempo a partir da esquerda, P1 e P3
momentum. Partindo dos diagramas de Feynman de um representam elétrons e P2 e P4 representam pósitrons. A
dado processo e usandos essas regras, apresentadas na leitura deste diagrama, usando as regras ilustradas na
Figura (2), conseguimos obter a amplitude invariante Fig. 2, nos fornece
de Lorentz. Na próxima seção, utilizaremos estas regras
para determinar a amplitude M.
−e2
M1 = [ū(3)(γ µ )v(4)][v̄(2)(γµ )u(1)] (27)
s
5. O Processo Bhabha
e sua conjugada
Conforme mencionado na introdução, o processo estu-
dado por Bhabha [25] é o espalhamento elétron-pósitron
−e2
(e− + e+ → e− + e+ ). Para este processo temos a contri- M∗1 = [v̄(4)(γµ )u(3)][ū(1)(γ µ )v(2)] (28)
s
buição de dois diagramas, conforme podemos ver na Fig.
(3). O diagrama 1, corresponde ao processo de aniquila-
A troca de momentum desse diagrama ocorre no canal s,
ção, e o diagrama 2 ao de espalhamento.
ou seja, s = (P1 + P2 )2 .
A amplitude total de Lorentz para este processo con-
A média quadrática da amplitude invariante de Lorentz
sidera as contribuições dos dois diagramas, bem como
é definida por:
de um termo de interferência entre eles. Este termo tem
3 http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/Biographies/Feynman.
1
html < |M|2 >= |M||M† |, (29)
4

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Figura 3: Canais com as contribuições de aniquilação (canal s) e espalhamento (canal t) para o processo Bhabha

onde o fator 14 surge devido à média sobre todas as Podemos verificar que os dois diagramas têm expressões
possíveis configurações de spins das partículas incidentes4 similares finais, apenas mediante a troca s ↔ t. Esta
Com isso, e utilizando as relações de completeza pre- observação é importante para que possamos verificar
sente no apêndice A1.1 e A1.2, tanto para o pósitron que os dois termos presentes na interferência terão este
quanto para o elétron5 , obtemos mesmo comportamento.
Para concluir o cálculo deste processo, devemos obter s
8e4 termo de interferência. Na primeira parte dele, juntamos
< |M1 |2 >= [(p1 ·p3 )(p2 ·p4 )+(p1 ·p4 )(p2 ·p3 )],
(P1 + P2 )4 as expressões já definidas acima e temos
(30)
na aproximação relativística que estamos utilizando. Re- e4
M1 M∗2 = [ū(3)(γ µ )v(4)] [v̄(2)(γµ )u(1)]
escrevendo esta expresão em termos das variáveis de ts | {z }| {z }
Mandelstam (Eqs. 15), encontramos a b
ν
 2 × [ū(1)(γ )u(3)] [v̄(4)(γν )v(2)]
t + u2
 | {z }| {z }
< |M1 |2 >= 2e4 (31) c d
s2
Como a,b,c e d são números, vamos reordená-los de
No caso do diagrama 2, onde a troca de momentum desse maneira conveniente. Logo:
diagrama ocorre no canal t, ou seja, t = (P1 −P3 )2 , temos
e4 e4
2 M1 M∗2 = [a · d · b · c] = [ū(3)(γ µ )v(4)]
−e ts ts |
M2 = [ū(3)(γ ν )u(1)][v̄(2)(γν )v(4)] (32)
{z }
a
k2
× [v̄(4)(γν )v(2)] [v̄(2)(γµ )u(1)] [ū(1)(γ ν )u(3)]
e sua conjugada | {z
d
}| {z
b
}| {z }
c

−e2 Somando sobre todos os spins e sobre a média dos spins


M∗2 = [ū(1)(γ ν )u(3)][v̄(4)(γν )v(2)] (33)
t das partículas incidentes, temos:
Então, de forma similar ao cálculo que levou a Eq. 31, XXXX 1
obtemos < |M1 M∗2 | >= |M1 M∗2 |
s s s s
4
8e4
< |M2 |2 >= [(p1 ·p4 )(p2 ·p3 )+(p1 ·p2 )(p3 ·p4 )] Como estamos trabalhando com números, conforme mos-
(P1 − P3 )4 tramos acima para rearranjá-los, esta expressão pode
(34) ser substituída usando a definição de traço de matriz
ou, em termos das variáveis de Mandelstam (apêndice A.2.3) e a relação de completeza (apêndice
 2
u + s2
 A.1.1 e A.1.2)
< |M2 |2 >= 2e4 . (35)
t2 1 e4
< |M1 M∗2 | > = T r[u(3)ū(3) γ µ v(4)v̄(4) γν
4A média é dada por (2S +1)(2S 1
onde Si é o spin da partícula 4 ts | {z } | {z }
1 2 +1)
P4 −m
incidente i. Neste caso em particular, o spin do elétron é 1/2. O P3 +m 
spin do pósitron é idêntico ao do elétron. Logo, S1 = S2 = 1/2, × v(2)v̄(2) γµ u(1)ū(1) γ ν ]
resultando no fator 1/4. | {z } | {z }
5 Os espinores u e v satisfazem a equação de Dirac no espaço P2 −m
 P1 +m

de momento. Tendo as seguintes características: são ortogonais
( ū1 u2 = 0 e v̄ 1 v 2 = 0) e normalizados( ū1 u1 = 2mc e v̄ 1 v 1 = onde usamos a propriedade cíclica do traço para deslocar
−2mc). u(3) para o início do termo. No limite relativístico, que

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Nóbrega e Mackedanz e3318-7

utilizamos, m ≈ 0 e temos: Usando as relações trigonométricas e a substituição


4 x = cos θ, podemos reescrever como
1e
< |M1 M∗2 | >= T r[(
P µ
3γ P
4 γν
P
2 γµ
P ν
1 γ )]
4 ts 2
(1 + x2 ) (1 + x)2
 
2 4 (1 + x) + 4
< |M| >= 2e + −
Aplicando novamente a propriedade do traço (apêndice (1 − x)2 2 (1 − x)
A.2.3) na equação anterior, temos:
Aplicando a expressão acima na Eq. 26, obtemos
1 e4
< |M1 M∗2 | > = T r[(
P µ
3γ P
4 γν P2 γµ P
ν
1 γ )]
2e4 (1 + x)2 + 4 (1 + x2 ) (1 + x)2
   
4 ts {z } |  dσ
= + −
| {z }
A B
dΩ 64π 2 (2E)2 (1 − x)2 2 (1 − x)
1 e4 ν
= T r[γµ
P
1γ Pγ µ P γ P] usando a definição da constante de estrutura fina(α =
4 ts |3 
| {z }  {z4 ν}2

4π ≈ 137 ) e de energia de centro de massa ( s =
B A e2 1

1 e4 2Ef eixe ):
< |M1 M∗2 | > = 2 ] (36)
ν µ
T r[γµ
P
1γ  P
3γ P
4 γν
P
4 ts | {z }
α2 (1 + x)2 + 4 (1 + x2 ) (1 + x)2
 
C dσ
= + − (40)
Aplicando a propriedade da notação slash(apêndice A.3.8’) dΩ 2s (1 − x)2 2 (1 − x)
em C da Eq 36:
A figura 5 mostra a seção de choque diferencial calcu-
< |M1 M∗2 | >=
1 e4
(−2)T r[
P ν lada através da Eq. 40. Nesta figura foi comparada a curva
3γ  PP
4 γν 
P]
teórica com os dados obtidos pela Colaboração Tasso7 .
1
4 ts | {z } 2
D
Ainda, se a energia de centro de massa fosse da ordem
Fazendo uso da propriedade das matrizes gama(apêndice da massa do bóson Z (mZ = 91.1876 GeV) [24], teríamos
A.3.7) em D6 na equação acima: um diagrama idêntico ao do canal s exceto pela troca de
1 e4 γ por Z. O bóson Z(neutro) e W ± (carregado) são bósons
< |M1 M∗2 | >= (−8(P1 · P4 )T r[
PP
32] massivos descritos pela teoria Eletrofraca. Sendo esta
4 ts
responsável pelo decaimentos radioativos. Desta forma,
Por fim, aplicando o teorema do traço (apêndice A.4.4), teríamos 3 diagramas mais as suas respectivas interferên-
obtemos cias.
1 e4
< |M1 M∗2 | >= (−32)(P1 · P4 · P3 · P2 )
4 ts Para obtermos a figura 4, os dados experimentais de-
ou, em termos das variáveis de Mandelstam vem ser dividos por s (energia de centro de massa ao
quadrado), pois é desta forma que os dados experimentais
u2 estão no artigo experimental.
− < |M1 M∗2 | >= 2e4 (37)
ts Além disso, integrando a equação(35) no ângulo sólido
Como a troca do diagrama 1 pelo 2 levou a resultados |cos(θ)| < 0.84, obtemos a seção de choque total em
similares em suas amplitudes de espalhamento, exceto relação a energia de centro de massa, como é mostrado
pela troca s ↔ t, podemos considerar a mesma troca na figura 5.
para a segunda parte do termo de interferência, o que Este resultado, confrontando teoria e experimento, é a
leva a um valor igual ao obtido no primeiro. Assim, a principal avaliação de nosso cálculo. Antes de afirmarmos
soma deles resulta em: a boa descrição dos dados experimentais, é importante
u2 ressaltar que esta etapa nos permite grandes avanços
− (< |M1 M∗2 | > + < |M1∗ M2 | >) = 4e4 (38) na teoria e na fenomenologia da Física de Partículas.
ts
Esta comparação deve ser vista, então, como o principal
Com isso, a amplitude total de Lorentz é: resultado de qualquer cálculo de processos na Física de
Altas Energias.
 2
t + u2 u2 + s2 u2

< |M|2 >= 2e4 + + 2 (39)
s2 t2 ts
5.1. Simetria de Cruzamento
Substituindo as variáveis de Mandelstam (Eq. 15) por
sua relação com os ângulos de espalhamento, a Eq. (39) A simetria de cruzamento8 pode ser usada para se obter
torna-se a amplitude de espalhamento através de outro processo,
"
4 θ ou seja, trocando a partícula P pela sua anti-partícula
4 cos ( 2 ) + 1 (1 + cos2 (θ))
2
< |M| > = 2e θ
+ P̄ . Além disso, também permite a obtenção de um decai-
4 2
sen ( 2 ) mento do processo A → B̄ + C + D a partir de A + B →
C + D. Cabe salientar que o número leptônico sempre
#
cos4 ( θ2 )
− 2 7 Neste
sen2 ( θ2 ) mesmo experimento foi descoberto o glúon [26] em 1979,
o mediador da força forte, descrito pela cromodinâmica quân-
6 Lembrando que agora P1 P2 são escalares e, portanto, saem do tica(Quantum Cromodynamics - QCD).
traço. 8 Ou crossing symmetry.

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e3318-8 Espalhamento Bhabha: Um Estudo Detalhado

Figura 4: Seção de choque diferencial em termos do cos θ.


Figura 5: Seção de choque total em termos da energia de centro de massa ( s).

deve ser conservado. Um exemplo prático da simetria de 6. Considerações Experimentais


crossing é a obtenção da amplitude de e− µ− → e− µ− a
partir da amplitude do Bhabha no canal S. Neste pro- Para checarmos a qualidade da teoria contra experimento,
cesso temos e− (P1 )+e+ (P2 ) → e+ (P3 )+e− (P4 ). Por não utilizamos o teste do qui-quadrado (χ2 ) e chi-quadrado
termos aniquilação de partículas e por serem de sabores reduzido (χ2 /ν). As definições destes podem ser vistas no
diferentes, teremos somente a contribuição no canal t. apêndice A.5. Para realizar esse teste, usamos a energia
Para tanto, substituindo e+ (P2 ) → µ− (−P3 ) na eq. 31, √
de centro de massa ( s= 34.8 GeV), com luminosidade
obteremos a amplitude da eq. 35, a qual corresponde a integrada ( Ldt = 174.5 pb−1 ) correspondendo a 166348
R
amplitude do processo e− µ− → e− µ− . eventos, sendo este o maior número de eventos do ar-

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tigo [27]. Obtemos χ2 =23.89 com número de graus de Referências


liberdade(ndf=ν) igual a 19. Para o χ2 /ν=1.25. Um bom
ajuste é aquele em que o (χ2 /ν) aproximasse de 1. A pro- [1] I. Bozovic-Jelisavcic, S. Lukic, G. Milutinovic Dumbelo-
babilidade de obtermos o mesmo resultado ou uma resul- vic, M. Pandurovic e I. Smiljanic, Journal of Instrumen-
tation 8, P08012 (2013).
tado maior numa amostra qualquer é de P(χ2 , ν) = 20%.
[2] A.C.B. Machado, V. Pleitez e M.C. Tijero, Rev. Bras.
Onde o ideal é quando P(χ2 , ν) aproximasse de 50 % [28]. Ens. Fís. 28, 407 (2006).
[3] G. Brockington e M. Pietrocola, Inv. Ens. Cien. 10, 387
7. Considerações Finais (2005).
[4] S. Tomonaga, Prog. Theo. Phys. 1, 27 (1948).
Neste trabalho, buscamos apresentar algumas das técni- [5] J. Schwinger, Phys. Rev. 73, 416 (1948).
cas utilizadas na Física de Partículas de forma didática, [6] J. Schwinger, Phys. Rev. 74, 1439 (1948).
visando fornecer aos estudantes dos últimos anos dos [7] R. P. Feynman, Phys. Rev. 76, 749 (1949).
[8] R. P. Feynman, Phys. Rev. 76, 769 (1949).
cursos superiores uma visão da física e da matemática
[9] R. P. Feynman, Phys. Rev. 80, 440 (1950)
envolvidas nos tópicos mais avançados. Com a entrada [10] W. B. de Sousa, Física das Radiações: uma proposta para
em funcionamento do LHC, em 2010, e com o anúncio da o Ensino Médio. Dissertação de Mestrado, Universidade
descoberta do Bóson de Higgs, em 4 de Julho 2012, mui- de São Paulo, 2009.
tos acadêmicos trazem suas curiosidade ao ingressarem [11] J. M. F. Bassalo, Eletrodinâmica Quântica (Livraria da
na graduação. Aqui, mostramos através do cálculo de Física, São Paulo, 2006).
um processo específico, como os físicos tratam as colisões [12] B. R. Martin e G. Shaw, Particle Physics (Wiley, Chi-
num experimento, e a partir desse tratamento, fazem as chester, 2008), 4 ed.
predições sobre resultados para cada processo. [13] M. Thompson, Modern Particle Physics (Cambridge
A escolha do processo Bhabha deu-se, em primeiro lu- University Press, Cambridge, 2013), 1 ed.
gar, por trabalhar com muitos dos aspectos fundamentais [14] A. Bettini, Introduction to Elementary Particle Physics
(Cambridge University Press, Cambridge, 2012), 2 ed.
do cálculo de processos, porém numa interação limpa,
[15] D. Griffths, Introduction to Elementary Particles (Wiley,
que é a eletromagnética, descrita pela Eletrodinâmica Weinheim, 2008), 2 ed.
Quântica. Além de seu caráter didático para o cálculo de [16] H. V. Fagundes, Teoria da Relatividade no Nível Mate-
amplitudes, o processo Bhabha é frequentemente usado mático do Ensino Médio (Editora Livraria da Física, São
como um monitoramento da luminosidade [1] para ex- Paulo, 2009).
perimentos envolvendo espalhamentos elétron-pósitron. [17] R. D’Auria e M. Trigiante, From Special Relativity to
Medidas precisas da luminosidade são necessárias para Feynman Diagrams: A Course in Theoretical Particle
diminuir os erros experimentais na medição das seções Physics for Beginners (Springer, Switzerland, 2016), 2
de choque. ed.
Finalmente, entendemos que apresentar tópicos mais [18] J. H. Smith, Introduction to Special Relativity (Dover
avançados da Física, cujo caráter se aproxima mais da Publications, Dover, 2015), 1 ed.
[19] Y. Nagashima, Elementary Particle Physics: Quantum
pesquisa do que do ensino, em um nível suficientemente
Field Theory and Particles (Wiley, Weinheim, 2010), v.
claro para ser lido e estudado por acadêmicos nos últimos 1, p. 964.
anos, é uma estratégia para despertar o talento e a curio- [20] M. E. Peskin e D. V. Schroeder, An Introduction to
sidade precoces nestes, fomentando as oportunidades de Quantum Field Theory (Perseus, Reading, 1995), 1 ed.
formação nesta área. Os scripts (Mathematica, Gnuplot [21] M. D. Schwartz, Quantum Field Theory and the Standard
e Python) e o código em FORTRAN estão disponíveis Model (Cambridge University Press, Cambridge, 2014),
online9 . 1 ed.
[22] T. Lancaster e S. J. Blundell, Quantum Field Theory for
the Gifted Amateur (Oxford University Press, Oxford,
Agradecimentos 2014).
[23] F. Halzen e A. D. Martin, Quarks and Leptons: An
F. K. N. e L. F. M. agradecem ao revisor deste artigo pelas Introductory Course in Modern Particle Physics (Wiley,
apropriadas recomendações. Por fim, F.K.N. agradece ao New York, 1984), 1 ed.
CNPq pelo suporte financeiro. [24] C. Patrignani et al. (Particle Data Group), Chin. Phys.
C 40, 100001 (2016).
[25] H. J. Bhabha, Proc. Roy. Soc. A154, 195 (1935).
Material Suplementar [26] J. Ellis, Int. J. Mod. Phys. A29, 1430072 (2014).
[27] W. Braunschweig et al. (TASSO Coll.), Z. Phys. C37,
O seguinte material suplementar está disponível online:
171 (1988).
Apêndice A [28] P. R. Bevington e D. K. Robinson, Data Reduction and
Error Analysis for the Physical Sciences (McGraw-Hill,
New York, 2002), 3 ed.

9 https://github.com/fabiokopp

DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1806-9126-RBEF-2017-0395 Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 40, nº 3, e3318, 2018

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