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O final do século passado e o início do século XXI têm se caracterizado por uma série
de mudanças que ocorreram no campo econômico, social e educacional, em um cenário
marcado pela globalização. No campo da educação, essas mudanças se refletem nos
modos de ensinar, nos conteúdos a serem ministrados, na relação entre o professor e o
aluno, dentre outras. Em meio a essas mudanças, no que se refere ao ensino de
Geografia, surgiram novas propostas tanto para a ciência, quanto para a disciplina
escolar. Consoante a isso, nos últimos anos houve o afloramento da pluralidade dos
modos de pensar, fazer e ensinar a Geografia que redundaram numa grande produção
acadêmica, baseada num debate extremamente profícuo. Notadamente, as últimas
décadas se constituíram em um rico momento de debates, elaboração e implementação
de propostas curriculares, construção de novos materiais didáticos e de um repensar no
processo de ensino/aprendizagem da Geografia escolar. Apesar disso, essas discussões e
inovações ainda são insuficientes para dar conta de tantos problemas presentes não só
nessa disciplina, mas na educação como um todo. Desse ponto de vista, esse texto
apresenta uma discussão sobre os desafios que o cotidiano escolar apresenta,
distinguindo as dificuldades, aspirações e possibilidades que fazem parte do processo de
ensinar e aprender Geografia. Na sequência, aborda-se algumas questões sobre alguns
aspectos relacionados à atuação do professor no cotidiano da sala de aula e a motivação
como elemento importante no e do processo de ensino/aprendizagem. É necessário e
oportuno ressaltar que esse texto faz parte das reflexões realizadas na minha dissertação
de mestrado intitulada A prática pedagógica do professor de Geografia do Ensino
Fundamental, que teve por objetivo analisar a prática pedagógica dos professores de
Geografia do Ensino Fundamental (de 6º ao 9º ano), da Rede Estadual de Ensino do
Município de Morrinhos - GO.
Introdução
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têm chegado às escolas de uma forma lenta e, em muitos contextos, ainda são pouco
visíveis.
Muitos autores, entre eles destacam-se Cavalcanti (2002, 2003), Carvalho
(2004), Simielli (2007), Guimarães (2007), entre outros, afirmam que o ensino de
Geografia nas escolas brasileiras apresenta mudanças perceptíveis, mas ainda mantém
uma prática tradicional, tanto no nível Fundamental quanto no nível Médio.
Essa prática é caracterizada, na maioria dos casos, pelo enciclopedismo, pela
utilização excessiva e descontextualizada do livro didático, pelo caráter descritivo,
voltado para a memorização e para a reprodução de conteúdos e pela negação dos
conhecimentos anteriores dos alunos. Em razão disso, o ensino de Geografia ainda
contribui para a reprodução de um conhecimento conteudista, descritivo, desarticulado e
fragmentado, dissociado da realidade social.
Logo, a Geografia escolar não tem permitido que o aluno se aproprie dos
conhecimentos geográficos de modo a compreendê-los, questioná-los e utilizá-los como
instrumento do pensamento que extrapolam situações de ensino/aprendizagem
eminentemente escolares, e colaborem para a formação de indivíduos críticos,
conscientes e atuantes como cidadãos que refletem e interferem positivamente na
sociedade contemporânea.
Não é possível preparar alunos capazes de atuar como cidadãos, ensinando
conceitos geográficos desvinculados da realidade ou que se mostrem sem significado
para eles, esperando que saibam como utilizá-los posteriormente. Diante dessa
realidade, apenas as mudanças realizadas nos conteúdos não contribuem para a
Geografia deixar de ser tradicional.
É importante ressaltar que a permanência das concepções tradicionais na escola
é atribuída somente à Geografia enquanto disciplina acadêmica e matéria escolar.
Esquece-se, por exemplo, que ela dialoga com a educação. No entanto, não é o conteúdo
em si o nó da questão, mas a relação das teorias educacionais com a Geografia, que
sustentarão como esse conteúdo será tratado, se de forma tradicional ou crítica.
Várias pesquisas realizadas sobre o ensino de Geografia nos últimos anos,
apontam para o fato de que ainda existem professores arraigados em uma concepção de
ensino embasada nas linhas tradicionais, por não aceitarem as mudanças com
naturalidade ou até mesmo por desconhecê-las. Por este aspecto, é ético ou pelo menos
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prudente dizer que as mudanças não acontecem ao mesmo tempo e da mesma forma em
todos os lugares e para todos os professores.
Essas mudanças, por sua vez, podem variar de professor para professor mediante
a quantidade, a qualidade e a intensidade de sua manifestação. A esses diferentes fatores
soma-se a questão de que os professores possuem peculiaridades diferentes, salários
diferentes, limitações e princípios que influenciarão diretamente no processo de
mudança de cada um. Por outro lado, há que assumir o fato de que, para os professores
inserirem novas propostas em seu fazer pedagógico, existe uma necessidade de acabar
com o comodismo, o descompromisso e o conformismo frente às normas e regras
sociais impostas ao ensino.
O papel do professor como agente de mudança, nunca foi tão evidente como
hoje em dia. No entanto, deve-se tomar com necessário cuidado o entendimento de que,
atualmente, a maior responsabilidade pela baixa qualidade no ensino de Geografia ainda
recai sobre os professores, mas é evidente que eles não podem ser vistos isoladamente
dos demais fatores intervenientes do cotidiano da sala de aula [os quais serão abordados
a seguir], do contexto escolar e das variáveis exógenas à escola.
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Gauthier (1998, p. 204) aponta dez meios pelos quais um professor pode
estimular seus alunos de maneira positiva, visando ao desempenho satisfatório:
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Considerações finais
Referências
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CALLAI, H. C.. Geografia um certo espaço, uma certa aprendizagem. 1995. 280f.
(Tese de Doutorado) - Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995.
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TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em sala de aula. O que é, como se faz. 4. ed.
São Paulo: Edições Loyola, 1999.
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