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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

RENATA MARILETE SERPA

OS EFEITOS DA MEDITAÇÃO NA HIPERTENSÃO ARTERIAL:

UM ESTUDO DE CASO

Itajaí, (SC) 2006


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RENATA MARILETE SERPA

OS EFEITOS DA MEDITAÇÃO NA HIPERTENSÃO ARTERIAL:

UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito para obtenção de créditos na
disciplina de Supervisão de Trabalho de
Conclusão de Curso em Psicologia da
Universidade do Vale do Itajaí.

Orientadora: Profª Maria Celina Ribeiro Lenzi,


Msc.

Itajaí SC, 2006


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“A única revolução possível é dentro de nós” (GANDHI)


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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos participantes desta pesquisa, pessoas especiais,


sem as quais este trabalho não teria sido possível. Agradeço à minha orientadora e
amiga Maria Celina Ribeiro Lenzi pelo apoio e confiança prestados. Às professoras
Giovana Delvan Stuhler e Maria José Moreira da Silva pela disponibilidade em
auxiliar-me. À minha família que está ao meu lado em todos os momentos: minhas
irmãs Rafaela e Rúbia, meu pai Jamil e minha mãe Marilete, uma pessoa
maravilhosa, cuja força e incentivo foram essenciais para que eu percorresse este
caminho. E infinitamente ao meu eterno namorado Eduardo Heuer, meu porto
seguro, que me manteve no caminho certo.
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................06

2 REVISÃO DA LITERATURA...................................................................................11
2.1 Meditação............................................................................................................11
2.2 Hipertensão arterial sistêmica (HAS) ..............................................................19
2.3 Estresse..............................................................................................................21
2.4 Ansiedade...........................................................................................................24
2.5 Relação entre meditação, estresse, ansiedade e hipertensão arterial ........26

3 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................30
3.1 Delimitação da pesquisa ...................................................................................30
3.2 Participantes / Local...........................................................................................30
3.3 Instrumentos.......................................................................................................31
3.4 Procedimentos para coleta de dados...............................................................35
3.5 Procedimentos para análise dos dados...........................................................39
3.6 Procedimentos éticos........................................................................................39
3.7 Retorno aos participantes.................................................................................40

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ..............................................................................41


4.1 Anamneses ........................................................................................................41
4.2 Resultados do BAI e do QSG............................................................................45
4.3 Entrevistas semi-estruturadas .........................................................................48
4.4 Aferição da pressão arterial (PA) .....................................................................53
4.5 Fatores intervenientes ......................................................................................59

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................62


6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................69
7 ANEXO A ................................................................................................................72
8 APÊNDICE A ..........................................................................................................74
9 APÊNDICE B ..........................................................................................................90
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UM ESTUDO PILOTO SOBRE OS EFEITOS DA MEDITAÇÃO


NA HIPERTENSÃO ARTERIAL

Acadêmica: Renata Marilete Serpa


Defesa: 23/11/2006.

RESUMO:

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma patologia de caráter multifatorial,


podendo ser catalogada entre as doenças crônico-degenerativas, atingindo cerca de 20% da
população adulta em plena fase produtiva. Algumas pesquisas demonstram a eficácia da
meditação na redução da pressão arterial (PA), sendo esta, uma das estratégias indicadas
do tratamento não-farmacológico da HAS. Pretendeu-se então, com este trabalho, verificar
os possíveis efeitos da prática meditativa na redução da PA de dois indivíduos hipertensos e
sua relação com ansiedade e estresse. Pois o estresse, uma reação do organismo que está
intimamente ligada à ansiedade, é um dos fatores de risco da HAS. Esta pesquisa consiste
em um estudo de caso, e, para realização da mesma foram utilizados sete instrumentos:
uma prática meditativa; os testes psicológicos BAI e QSG; anamnese; entrevista semi-
estruturada; esfigmomanômetro aneróide e estetoscópio. Foram realizados 20 dias de
intervenção, com 15 minutos diários de meditação. Observando os dados obtidos através
desta pesquisa, pode-se verificar que a meditação foi capaz de reduzir a pressão arterial
(PA) de ambos os participantes em alguns dias. Porém este fato não pôde ser relacionado à
diminuição do estresse de ambos os participantes, pois o mesmo não sofreu reduções
significativas. Tratando-se da ansiedade, foi constatado que a severidade dos sintomas de
ambos os participantes foi reduzida, sugerindo alguma relação com a redução da PA
ocorrida. Buscou-se contribuir assim, para esta literatura específica, além de apontar
caminhos na busca de qualidade de vida.

Palavras-chave: ansiedade, estresse, hipertensão arterial, meditação.


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1 INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma patologia de caráter multifatorial

que pode ser catalogada entre as doenças crônico-degenerativas, atingindo cerca

de 20% da população adulta em plena fase produtiva (AMODEO, 1995 apud

SANTOS; SILVA, 2002). Se não for tratada, a HAS tende a se agravar e ocasionar

lesões nas artérias de todo o organismo, sobretudo no cérebro, nos olhos, no

coração e nos rins. Além disso, a hipertensão contribui para o agravamento da

aterosclerose, provocando doenças graves como os acidentes vasculares cerebrais,

infarto do coração, angina do peito, arritmia, insuficiência cardíaca, doenças

vasculares periféricas, doença da retina e insuficiência renal (RIERA, 2000).

Ocorreram no Brasil em 1995, 893.877 óbitos segundo registros de

mortalidade. Destes 244.605 (27,36%) foram por doenças cardiovasculares. A

Doença Cérebro Vascular causou 81.632 óbitos. As Doenças Isquêmicas do

Coração foram responsáveis por 69.906 óbitos. Em relação a estes dados, a

Hipertensão Arterial foi considerada como responsável direta por 17.880 óbitos

(7,8% dos óbitos). Além disto, considerando-se que a hipertensão arterial contribui

para morbi-mortalidade em 80% dos casos de AVE e por 40% dos casos de

Doenças Isquêmicas do Coração, estima-se que a hipertensão arterial esteve

envolvida de forma direta ou indireta em pelo menos 111.148 óbitos no ano de 1995,

o que corresponde a 45,44% das mortes por doenças cardiovasculares (MANO,

[2006?]).

Um dos fatores de risco para a hipertensão é o estresse, que tem o seu

gerenciamento como um dos itens do tratamento não-farmacológico da hipertensão

arterial (RIERA, 2000; SANTOS; SILVA, 2002). Por sua vez, estresse e ansiedade
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estão, geralmente, relacionados. Segundo Goleman (1999), no ciclo vicioso do

estresse crônico, a pessoa torna-se ansiosa, tendendo a encarar como nocivas

ocorrências inofensivas.

Segundo Benson (1998) a grande maioria de casos clínicos está relacionada

ao estresse e a cura não pode ser obtida através de dispositivos externos e sim por

mecanismos internos dos pacientes.

[...] estudos indicam que entre 60 e 90 por cento de todas as visitas


feitas aos consultórios médicos devem-se a problemas relacionados
ao estresse e talvez não possam ser detectados, muito menos
tratados de forma eficaz, com os medicamentos e procedimentos
usados quase que exclusivamente pelos médicos (BENSON, 1998,
p. 34).
O ser humano em geral não dedica a devida atenção ao seu corpo, aos sinais

dados por ele quando algo não vai bem. De acordo com Benson (1998)

aproximadamente metade das visitas aos consultórios médicos poderiam ser

eliminadas se fosse dada uma ênfase maior à saúde mente/corpo e ao bem-estar

evocado. Reduzindo-se estas visitas, a economia de custos nos anos 90 seria de

dezenas de bilhões de dólares nos EUA.

Semelhante importância é atribuída à abordagem mente/corpo pelo Dr. David

Sobel, que afirma em um artigo publicado no Mental Medicine Update, que “[...] 25%

das consultas médicas devem-se a problemas que os pacientes poderiam tratar

sozinhos [se eles] [...] fossem dotados e melhor equipados para fazerem

diagnósticos e tratamentos em si mesmos [...]” (1993 apud BENSON, 1998, p. 206),

pois quando o tratamento mente-corpo é incorporado à prática médica padrão e os

pacientes são incentivados a desempenhar papel ativo em seus cuidados médicos,

o número de consultas diminui em 17%, as visitas devido a problemas menores

diminuem em 35% e a estadia na área cirúrgica dos hospitais sofre uma redução de

1,5 dia. Consultas em virtude de problemas agudos de asma caem em 49%, artrite

40% e enfermidades pediátricas agudas 25%. Pode-se reduzir as cesarianas em


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56% e a necessidade de anestesia peridural durante o trabalho de parto em 85%

(1993 apud BENSON, 1998).

Uma das formas que os pacientes podem utilizar para ter um papel mais ativo

em seus cuidados com a saúde é a prática meditativa. Goleman (1999) indica que a

meditação é um poderoso meio para que os pacientes participem de sua própria

cura e, segundo Cardoso (2005), a meditação deveria ser disponibilizada pelos

próprios profissionais da área médica dentro das unidades hospitalares e

ambulatoriais como instrumento de promoção da saúde.

Em estudos realizados por Kabat-Zinn (1997) observou-se que a meditação foi

eficaz na redução de sintomas físicos e psicológicos como ansiedade, depressão e

hostilidade. Houve melhoras também na forma como as pessoas enxergam a si

mesmas e o mundo e também nos comportamentos relacionados à saúde, como:

maior autoconfiança e motivação para cuidar mais de si mesmas e desenvolvimento

de maior habilidade para lidar com situações estressantes, sendo vistas como um

desafio e não como ameaça.

Alguns autores (BENSON, [1998?] apud GOLEMAN, 1999; CAIRO, 2005;

GOLEMAN, 1999) relatam que a diminuição da pressão arterial pode ser obtida

através da prática meditativa.

Programas realizados em Harvard e na Universidade de


Massachussetts indicam sucesso no uso da meditação em centenas
de hipertensos. E um simpósio no Instituto Nacional do Coração,
Pulmão e Sangue, recomendou que para as pessoas que têm ou
estão no limite da hipertensão, deve ser usado, primeiramente, o
tratamento sem remédios. Eles só devem ser receitados se esse
tipo de tratamento não der certo (GOLEMAN, 1999, p. 16).

O Instituto Nacional de Saúde, em 1984, recomendou a meditação como

tratamento inicial para a hipertensão moderada (além da redução de sal e dieta

alimentar) antes da prescrição de remédios (GOLEMAN, 1999).

O auxílio da meditação no controle da hipertensão possivelmente esteja


9

vinculado com a diminuição do estresse e da ansiedade. Goleman (1999) e Shapiro

(1998 apud CARDOSO, 2005) apontam a redução destes últimos, como um dos

benefícios da meditação.

López (2006) através de sua pesquisa bibliográfica confirmou a escassez de

pesquisas no Brasil sobre os efeitos da meditação. Este fato influenciou

grandemente a escolha do método de estudo de caso, que se constitui de acordo

com Gil (1991), um estudo profundo que permita um amplo e detalhado

conhecimento de um ou mais objetos, sendo recomendável por sua flexibilidade, “[...]

nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de

hipóteses ou reformulação do problema” (GIL, 1991, p. 59).

Se este benefício da meditação for mais profundamente estudado e confiável,

pode ser utilizado tanto para a prevenção quanto para o tratamento da hipertensão,

além de reduzir o atendimento médico e a utilização de medicação, propiciando

melhor qualidade de vida e uma grande economia para as pessoas e para o Estado.

Pretendeu-se então, com este trabalho, verificar os possíveis efeitos da

prática meditativa na redução da pressão arterial e sua relação com ansiedade e

estresse. Para isto, foi feito um estudo de caso com dois indivíduos com história de

hipertensão. Para alcançar o objetivo proposto foi utilizado a aplicação de uma

anamnese para cada participante, entrevistas semi-estruturadas semanais,

Inventário Beck de Ansiedade (BAI); Questionário de Saúde Geral de Goldberg

(QSG) e a intervenção com técnicas meditativas de 15 min. diários durante 20 dias .

Durante as intervenções foi verificada a pressão arterial através do método

indireto com técnica auscultatória, utilizando-se para isto um esfigmomanômetro

aneróide e um estetoscópio marca BIC, devidamente verificado pelo INMETRO. Este

procedimento se deu todos os dias antes e após a técnica meditativa. Os níveis de


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ansiedade e estresse dos participantes foram mensurados no primeiro e último dia

de intervenção com o intuito de verificar uma possível relação com o nível de

pressão arterial dos mesmos.

Buscou-se contribuir assim, para esta literatura específica, além de apontar

caminhos na busca de qualidade de vida.


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2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo irá tratar da revisão da literatura que sustenta esta pesquisa.

Para tanto, serão apresentadas noções sobre meditação, hipertensão arterial

sistêmica, estresse e ansiedade e a correlação entre estes quatro conceitos.

2.1 Meditação

A meditação está presente praticamente em todas as culturas e religiões

(CAIRO, 2005; ORNISH, 1998) e não se sabe exatamente como, onde ou quando

ela surgiu. Mas observa-se, através de dados históricos que explicam os

procedimentos da prática meditativa, que ela tem sido praticada e ensinada há

alguns milhares de anos (CAIRO, 2005; DAVIS, 1994).

Considerada por muito tempo uma técnica alternativa, atualmente a meditação

vem ganhando espaço no mundo científico e tendo sua eficácia terapêutica

reconhecida. As pesquisas ocidentais dão agora amparo à idéia de que uma vida

saudável está intimamente vinculada a fatores subjetivos, sendo necessário que se

trabalhe com os pacientes além dos níveis fisiológicos.

Apesar de ser muitas vezes interpretada como uma técnica oriental, a

meditação faz parte do dia-a-dia de várias pessoas sem que elas se dêem conta

disto. Ornish (1998, p.143) diz que “[...] seja o que for que você faça com

concentração e atenção é meditação”. Davis (1994) afirma que muitas pessoas

realizam uma meditação espontânea enquanto oram. Outro exemplo da presença da

meditação vem do esporte, quando alguns atletas entram em estado meditativo

durante a prática esportiva. Essa experiência já foi descrita como “[...] momentos
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encantadores nos quais o desempenho atinge o auge e o senso de individualidade é

transposto” (DOSSEY, 1999, p.81), o chamado “êxtase de atleta”.

Meditação, relaxamento e visualização podem ser confundidas, mas são

técnicas distintas. A diferença entre elas é que no relaxamento, a mente – entendida

aqui como um conceito que abarca a percepção consciente, atenção, concentração

e processos regulatórios – fica livre para vagar à vontade, enquanto que na

meditação, deve-se tentar manter a mente concentrada em um único estímulo,

evitando que ela disperse (GOLEMAN, 1999). Na visualização a atenção não fica tão

dispersa como no relaxamento nem tão concentrada como na meditação; ela tem

um certo limite, ou tema para onde ser dirigida, mas não pode fugir dele. Sendo

assim, meditação não se resume à concentração, mas esta última é uma prática

indispensável à primeira, para meditar é necessário que se tenha uma atenção

concentrada. “[...] a base da meditação é a concentração [...]” (CAIRO, 2005).

De acordo com Benson (1998), o corpo humano é equipado para reagir no

sentido de proporcionar estado de calma sempre que a mente se concentra por

determinado tempo e bloqueia pensamentos cotidianos e inoportunos – o que pode

ser atingido com a meditação. Quando a mente se aquieta o corpo faz o mesmo.

Este processo é tão poderoso que a pessoa não precisa acreditar para que funcione.

Assim como a penicilina cura a garganta, o laser corrige a retina, seja qual for a

forma praticada para ativar tal resposta de relaxamento, ela acontecerá, acreditemos

nisso ou não. Felizmente, segundo Ornish (1998, p.143) “[...] não é necessário

dominar a meditação para se beneficiar dela. Basta praticar, pois o benefício está no

processo da meditação e não na perfeição com que é executada”.

Mas o que seria então meditação? Embora seu conceito varie de acordo com

estes autores, eles sempre convergem para alguns pontos em comum como:
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atenção, concentração, consciência, calma, relaxamento corporal. Para Goleman

(1999, p. 69) a meditação “[...] é o método mais antigo para tranqüilizar a mente e

relaxar o corpo”, ela é um treinamento sistemático que propicia um aguçamento da

atenção, e este dura além da sessão meditativa, desenvolvendo a concentração e

melhorando a percepção. Essa tranqüilidade e relaxamento citados por Goleman

(1999) também são abordados respectivamente, por Weiss (1998) que afirma que a

meditação é um meio pelo qual se atinge, entre outras coisas, a paz interior e o

equilíbrio; e por Benson (1998) ao conceituar a meditação como uma técnica que

proporciona ao corpo um repouso profundo, uma calma corporal, também conhecida

como resposta de relaxamento, sendo que todos os seres humanos têm capacidade

para atingir esta última.

Outro autor que vem contribuir para a definição da meditação é Davis, que a

conceitua como

[...] um processo que nos capacita a fazer uma vivência profunda,


nos leva a um relaxamento consciente, a um emocional calmo e a
um estado de consciência clara, conhecida como superconsciência
(1994, p. 2).

Esta superconsciência é um estado no qual a consciência está relativamente

livre de influências, “[...] não está envolvida com os processos de pensamentos,

emoções e percepções sensoriais” (DAVIS, 1994, p. 2). Cardoso (2005, p. 44),

também se refere a esta diminuição da participação dos sentidos ao conceituar

meditação como “[...] um estado de autopercepção não sensorial sem a participação

da lógica”. Sabendo-se que toda percepção é sensorial, pode-se entender esta

afirmação de Cardoso como uma forma de explicitar a redução da percepção de

estímulos externos e internos.

Como se pode perceber apesar de serem utilizadas nomenclaturas diversas

para definí-la, em essência a meditação é uma só, e todos os autores supracitados


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concordam com o fato da sua prática regular oferecer vários benefícios à saúde das

pessoas. Cardoso (2005) faz menção ao relaxamento psíquico, sensação de paz

interna, de satisfação e felicidade e melhora do sono. Benson (1998) afirma que a

calma corporal – que pode ser obtida através da meditação – é um estado em que

cai a pressão sanguínea, diminuem os batimentos cardíacos, o ritmo da respiração e

as taxas metabólicas. Produzindo benefícios, em longo prazo, tanto para a saúde,

especificamente, quanto para o bem-estar geral.

A importância da meditação e seus benefícios é salientada também por Weiss

(1998) para o qual “[... ] a meditação, exercida com regularidade, é um meio

precioso para a recuperação e manutenção da saúde” (WEISS, 1998 p.40). A prática

meditativa possibilita o despertar de forças curativas internas eficientes, sendo eficaz

para curar insônia, baixar a pressão arterial, perder peso, parar de fumar, combater

infecções e doenças crônicas, fortalecer o sistema imunológico e reduzir o estresse

(WEISS, 1998).

Assim como Benson (1998) e Weiss (1998), Goleman (1999) salienta o fato da

prática meditativa auxiliar a baixar a pressão sanguínea, além de diminuir o ritmo do

coração, ajudando o corpo a se recuperar do estresse. Afirma também que a

meditação leva ainda a uma relação de maior empatia, pois o sujeito consegue

prestar uma “atenção especial” nas ações do outro, captando melhor as mensagens

que ele está transmitindo. Goleman (1999) relaciona ao repouso profundo

propiciado pela meditação, o fortalecimento do sistema imunológico e a redução da

ansiedade. Miller e Shapiro (1995; 1998 apud CARDOSO, 2005) também citam a

eficácia da técnica contra a ansiedade, sendo que este último – assim como

Goleman – relata também os benefícios em relação ao estresse e à empatia.


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Davis (1994), além de concordar com alguns benefícios obtidos com a

meditação – relaxamento consciente e profundo, redução do estresse, aumento da

concentração e fortalecimento do sistema imunológico –, já citados por outros

autores, acrescenta outros como: maior criatividade, pensamento mais ordenado,

retardamento do processo de velhice, desenvolvimento de uma harmonia emocional,

libertação de vícios e dependências. Essa questão da dependência também é

apontada por Benson, West (1974; 1979 apud CARDOSO, 2005) e Cairo (2005),

que indicam o abandono das dependências de drogas como um dos benefícios da

meditação.

Porém, para que a prática meditativa seja eficiente precisa ser exercida com

regularidade, de uma forma sistemática. Não é bem claro ainda a duração que deve

ter a sessão de meditação; possivelmente ela varie de acordo com a experiência do

meditador e com a sua intenção para com ela. Segundo Cardoso (2005), os

iniciantes devem praticá-la de 15 a 20 minutos pelo menos uma vez ao dia. Em

relação à freqüência, em algumas pesquisas (DIDONÊ, 2005; GOLEMAN, 1999;

ORNISH, [1998?] apud GOLEMAN, 1999) que apontam resultados, foram realizadas

sessões diárias de meditação. A respeito da forma de como se medita existem

algumas técnicas (meditar respirando, relaxando o corpo, observando, ouvindo etc)

que auxiliam a pessoa a se concentrar melhor para entrar em estado meditativo.


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2.1.1 Técnicas de meditação

Como já foi citado, a meditação é uma prática existente há muito tempo e em

muitas culturas, sendo praticada de várias formas. A razão desta variedade pode ser

justificada pelo fato das pessoas serem seres singulares com necessidades

individuais, portanto consideram-se aceitáveis procedimentos diferentes para a

prática meditativa por pessoas distintas (DAVIS, 1994).

Segundo Goleman (1999), os sistemas diversos de meditação são variações

de um único processo; eles podem ter características peculiares e diferir em relação

à técnica, mas todos têm como ponto de concordância a necessidade de retenção

da atenção, reexercitando-a.

A seguir apresentam-se algumas técnicas levantadas por Heuer (2005)

baseadas em Goleman (1999). O primeiro método é a meditação concentrada na

respiração. Ela é encontrada em quase todas as tradições espirituais antigas; Buda

a utilizava e adeptos das escolas Zen e Theravada a praticam atualmente

(GOLEMAN, 1999). No segundo medita-se relaxando o corpo, examinando as

sensações presentes nele. Esta técnica originou-se na arte da hataioga, na qual o

iogue não se move, apenas examina mentalmente o corpo e faz cada parte relaxar

(GOLEMAN, 1999). O terceiro método realiza-se a partir da concentração em todos

os pensamentos que surgem em nossa mente. Nele as distrações são o foco da

meditação (GOLEMAN, 1999). A quarta e última técnica que será descrita aqui é a

meditação caminhando, na qual usa-se a caminhada como meio de concentração

(CAIRO, 2005). É um método propício às pessoas que vêm dificuldade em

permanecerem sentadas para meditar e, segundo Goleman (1999) remete-se à

época de Buda.
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2.1.1.1 Meditar respirando

Primeiramente deve-se escolher uma posição na qual a coluna fique reta.

Podendo ser deitado ou sentado.

Para meditar respirando basta prestar atenção na respiração. Constantemente

podem haver pensamentos verbalizados, visualização de imagens, desconforto

corporal ou outras sensações. Para se permanecer em estado meditativo, sempre

que estas distrações ocorrerem deve-se voltar a atenção para a respiração, sem

tentar controlá-la, mas apenas observá-la.

2.1.1.2 Meditar relaxando o corpo

Pode-se sentar com as pernas cruzadas ou deitar de costas, como na

meditação respirando. O importante é que a coluna fique reta.

Essa técnica consiste em examinar todo o corpo com a mente (testa, couro

cabeludo, nariz, boca, queixo, ombros, peito, braços, pés etc) uma parte de cada

vez, sem se mexer, fazendo cada uma relaxar.

Sempre que uma distração ocorrer, volta-se a atenção para o foco proposto.

2.1.1.3 Meditar concentrando

A prática da meditação é basicamente a mesma para todos os seus subtipos;

seja respirando, observando, ouvindo etc. Em quase todas elas, deve-se ficar numa

posição confortável com a coluna reta e tentar manter a atenção concentrada no

estímulo proposto.
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Nesta técnica específica todas as distrações que vierem à mente serão o

próprio foco da meditação. Porém, deve-se manter a concentração na respiração até

que surjam pensamentos, para então permitir que eles venham e vão naturalmente,

mas sempre prestando muita atenção em cada um deles.

2.1.1.4 Meditar caminhando

Este caso consiste em manter o foco da atenção em todas as sensações que

se tem ao caminhar.

É necessário que se caminhe muito lentamente, sendo melhor caminhar

descalço ou somente de meia para aumentar a sensibilidade.

Sempre que a atenção dispersar, deve-se voltá-la novamente para as

sensações que o caminhar proporciona.

Embora o tipo de ambiente indicado para a meditação também varie, Goleman

(1999) indica que essas formas de se meditar sejam realizadas em um lugar

silencioso, para evitar ao máximo estímulos externos que possam atrapalhar a

concentração.
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2.2 Hipertensão arterial sistêmica (HAS)

A hipertensão arterial sistêmica ou pressão alta, é uma doença crônica, que

afeta cerca de 7% das crianças, 20% da população adulta e 65% dos idosos, e

quando não tratada adequadamente acarreta danos ao organismo, principalmente

ao coração, rins e sistema nervoso (AMODEO, 1995 apud SANTOS; SILVA, 2002).

O coração funciona como uma bomba, ele recebe o sangue das veias e

impulsiona-o para as artérias, levando oxigênio e nutrientes para todo o corpo.

Chama-se de pressão arterial, aquela que o sangue exerce contra as paredes das

artérias. De acordo com Riera (2000), a hipertensão é caracterizada pela elevação

crônica das pressões sistodiastólicas ou somente sistólicas. A sístole é o movimento

de contração do coração, quando segundo Riera (2000), a pressão do sangue nas

artérias aumenta em média até 120 mmHg. Na diástole ocorre o relaxamento do

coração e a mesma, de acordo com Riera (2000), corresponde a uma diminuição da

pressão arterial nos intervalos entre os batimentos cardíacos, ficando em torno de 80

mmHg. Níveis acima destes já começam a caracterizar a hipertensão arterial.

Considera-se que a pessoa é hipertensa se, medindo a pressão


arterial em repouso, obtém-se valores acima de 14 por 9. Esses são
os números de corte. Acima deles, a pressão é considerada
elevada; abaixo, é normal. Isso independe da idade. Tanto faz que a
pessoa tenha 20 ou 60 anos (MION, [2006?]).

Em relação à sua etiologia a hipertensão pode ser classificada como (RIERA,

2000; SANTOS; SILVA, 2002):

a- Primária: corresponde à grande maioria dos casos de hipertensão arterial.

É sem causa conhecida, mas conta com forte componente genético, influenciado por

fatores ambientais.
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b- Secundária: com causa conhecida como doenças renais, endócrinas,

neurológicas, vasculares; por estresse agudo; exógena (por drogas, hormônios ou

tóxicos).

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (2005), a

hipertensão arterial é uma patologia perigosa porque geralmente não causa

sintomas, mas é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, podendo

gerar graves conseqüências se não for diagnosticada e tratada como: acidente

vascular cerebral, infarto do miocárdio, insuficiência renal.

A hipertensão arterial ainda não tem cura, devendo ser acompanhada por

toda a vida. Porém, atualmente há recursos terapêuticos eficientes e, se tratada

adequadamente, a pressão em pouco tempo se normaliza. São necessárias

consultas médicas periódicas para avaliação do tratamento e revisão do estado do

organismo; sendo fundamental a participação do paciente, cumprindo as

recomendações médicas para alcançar a melhoria da qualidade de vida desejada

(INTERMÉDICA, [2006?]).

Há uma série de medidas que se pode adotar para combater a hipertensão

arterial como ter uma alimentação saudável, fazer atividade física regular, reduzir o

peso corporal para os que estão acima do limite saudável, diminuir a ingestão de sal

e de bebidas alcoólicas (além de outras drogas) e participar de atividades que

ajudem a lidar com o estresse. A prescrição de medicamentos é feita quando essas

medidas não são suficientes para reduzir a pressão (RIERA, 2000).

O estresse emocional [...] pode elevar agudamente a pressão


arterial via liberação excessiva de catecolaminas pelo sistema
nervoso autônomo e pela medula suprarenal, com taquicardia,
aumento da pressão arterial por vasoconstrição, aumento da renina
plasmática, glicemia e ácidos graxos livres por lipólise periférica
(RIERA, 2000, p. 137).
21

Sendo muito importante orientar o hipertenso sobre as técnicas de

relaxamento e atividades de lazer que possam ajudar a combater este mal

(SANTOS; SILVA, 2002).

2.3 Estresse

O estresse, resumidamente, pode ser definido como um conjunto de reações

físicas e psicológicas que preparam nosso corpo para uma situação de “luta ou

fuga”.

No momento em que o cérebro reconhece o perigo iminente, o


corpo passa por diversas mudanças. Hormônios do stress –
epinefrina, norepinefrina, glicocorticóides – jorram na corrente
sanguínea, preparando você para uma resposta de “luta ou fuga”. A
fim de conservar energias para os músculos da perna, ações não
essenciais como as do trato digestivo param. O batimento cardíaco
aumenta para entregar oxigênio e energia às coxas e panturrilhas.
As veias por todo o sistema circulatório se constringem, levando
sangue de volta ao coração mais vigorosamente [...] As artérias
relaxam, aumentando o fluxo sanguíneo do coração para os
músculos que o demandam (FELD; RÜEGG, 2005, p. 78).

Essas reações supracitadas são características evolutivas; nossos

antepassados enfrentavam muitos perigos ao terem menos domínio da natureza do

que hoje em dia. Eles deparavam-se com animais selvagens, cobras, aranhas entre

outros, e precisavam ter uma resposta rápida para sobreviver. Acredita-se que em

decorrência disto o ser humano tenha desenvolvido a resposta de estresse. Sendo

assim, o estresse nem sempre é prejudicial, na verdade ele é necessário e benéfico

ao nosso organismo, “stress menores [...] aumentam nossa atenção, nos fazendo

sentir concentrados e alertas” (FELD; RÜEGG, 2005, p. 78); durante o mesmo,

nosso organismo libera “[...] adrenalina (ou dopamina) que nos dá força, vigor,
22

entusiasmo e energia [...] frequentemente sentimos taquicardia, tensão muscular,

boca seca, nó no estômago [...] mãos frias e suadas” (LIPP; NOVAES, 1996, p. 41).

Porém, mesmo que os eventos estressores sejam potencialmente prejudiciais

– e ofereçam risco de morte (por exemplo, um acidente) –, ou não representem

necessariamente perigo algum (prazos, congestionamentos etc), nosso organismo

pode reagir com a mesma resposta de “luta ou fuga”. “O corpo humano se prepara

para lidar do mesmo modo com qualquer tipo de estressor” (LIPP; NOVAES, 1996,

p. 21). Toda mudança, independentemente se for para melhor ou para pior exigirá

do indivíduo certo grau de adaptação.

Segundo Lipp e Novaes (1996) o estresse patológico surge quando a

quantidade de tensão excede a resistência de um organismo. Isto pode ocorrer

devido à longa permanência de um estressor sem que se utilize estratégias de

enfrentamento adequadas. “Isto vai gerar um desgaste exagerado e perigoso ao

organismo” (p. 22).

Além desta perspectiva, Goleman (1999) faz menção ao desequilíbrio

contínuo propiciado pelo evento estressor, que não termina mesmo sem a presença

do mesmo. “[...] passado o perigo, o corpo deveria relaxar, recuperando as energias

gastas e reunindo forças para enfrentar o próximo estresse” (GOLEMAN, 1999, p.

27).

De acordo com Lipp e Novaes (1996), no estresse patológico o organismo

começa a gastar muita energia, podendo ocorrer dificuldades de memória e um

desgaste generalizado, sendo um dos sinais deste último a baixa no sistema

imunológico. É possível também o surgimento de determinadas complicações como:

gastrite, úlcera, problemas de pele, hipertensão arterial, envelhecimento precoce,


23

depressão, ansiedade e disfunções sexuais; além da ocorrência de doenças mais

graves e em casos raros a morte súbita (LIPP; NOVAES, 1996).

O ser humano ao desenvolver o estresse patológico, felizmente, nem sempre

sofre de todas estas moléstias; sendo que, a recuperação pode ser mais facilmente

alcançada no início da evolução do quadro de estresse, pois após esta é pouco

provável que a recuperação se dê sem o auxílio de um tratamento especializado

(LIPP; NOVAES, 1996).

O estresse pode ser causado por motivos diversos e sua presença e evolução

dependem da forma como a pessoa lida com ele. “As pessoas variam na sua

vulnerabilidade ao stress” (LIPP; NOVAES, 1996, p. 42). O corpo humano demanda

energia para lidar com novas situações, o estresse é um momento em que ele a

produz. Além do desgaste que ele pode acarretar, quando acontecimentos

estressores ocorrem em demasia simultaneamente e/ou sucessivamente, há

condições em que o corpo produz mais energia do que gasta, não dando vazão à

mesma, o que também é prejudicial ao organismo.

A dificuldade vem justamente do fato de que toda aquela energia e


força geradas pelo stress ficam perdidas, circulando em nosso corpo
[...] Se a pessoa não conhece meios de relaxar, de pôr para fora
parte dessa energia, ela pode vir a ter problemas de saúde (LIPP;
NOVAES, 1996, p. 21).

De acordo com Feld e Rüegg (2005, p. 78) “O resultado é que o corpo se

mantém funcionando numa aceleração muito maior que aquela para a qual fomos

programados pela história evolutiva”.

A reação hormonal que ocorre no estresse, além de provocar mudanças

físicas age também sobre os estados afetivos. Essas reações (físicas e emocionais)

estão interligadas produzindo sintomas psicossomáticos. Lipp e Novaes chegam a

afirmar que “Nenhuma doença ou condição, produz uma interação tão grande entre
24

o corpo e a mente como o stress” (1996, p. 18). Ainda segundo estas autoras,

algumas destas respostas emocionais podem ser “apatia, desânimo, sensação de

desalento [...] hipersensibilidade emotiva, [...] raiva, ira, irritabilidade e a ansiedade”

(1996, p. 18); e todos esses sintomas, quando relacionados ao estresse, tendem a

desaparecer com a sua redução.

O estresse pode trazer muito sofrimento, o que exalta a importância do seu

tratamento, quando este se faz necessário. Pois o quadro de estresse geralmente

pode ser revertido. Lipp e Novaes (1996) sugerem um tratamento fundamentado na

alimentação, relaxamento, exercícios físicos e automanejo. O relaxamento pode se

dar de várias formas, dentre elas: exercícios de respiração profunda, yoga e

relaxamento muscular; e o automanejo está relacionado ao autoconhecimento e

ocorre quando a pessoa tenta identificar o que se passa com ela e qual a causa.

2.4 Ansiedade

A ansiedade é um estado caracterizado pelo medo, apreensão, mal-estar,

desconforto, insegurança, estranheza do ambiente ou de si mesmo junto a uma

sensação de que algo desagradável pode acontecer. Alguns outros sinais somáticos

a acompanham, como: sensação de falta de ar, respiração curta, aperto no peito,

ondas de calor, calafrios, formigamento, tremores e náusea (NUNES, 2005).

Pode ser definida de acordo com Lipp e Novaes como

[...] uma reação mista de sintomas físicos (mãos suadas,


taquicardia, boca seca, respiração ofegante etc.) e psicológicos
(medo, sensação de perigo, angústia etc.). A ansiedade pode ser
uma reação natural em que a pessoa simplesmente reage à
expectativa de algum acontecimento importante; pode ser o
resultado de um stress maior; e também pode ser sintoma de outras
dificuldades, como uma neurose, por exemplo (1996, p. 37).
25

Esses sinais que o organismo humano dá durante a sensação de ansiedade

podem ser considerados como um aviso de que algo não vai bem. “O início da

reação de ansiedade é um sinal para que você a interrompa e evite o

desenvolvimento dos sintomas físicos e cognitivos” (LIPP; NOVAES, 1996, p. 40). É

o momento de tentar minimizar os desgastes proporcionados por ela, esta atitude

também auxilia a evitar o estresse que pode ser decorrente desta condição.

Pessoas num estado crônico de ansiedade têm um padrão peculiar de

resposta de estresse, pois o organismo continua mobilizado mesmo após a

cessação do evento que desencadeou a mesma (GOLEMAN, 1999).

Uma pessoa ansiosa enfrenta os acontecimentos normais da vida


como se eles fossem crises. Cada pequeno acontecimento aumenta
a sua tensão, e essa tensão por sua vez, transforma o
acontecimento normal seguinte – uma entrevista, uma consulta
médica – em uma ameaça. Porque, como o corpo de uma pessoa
ansiosa permanece mobilizado, ela fica com menos defesa contra a
ameaça do seguinte. Se voltasse ao estado de relaxamento, essa
pessoa transporia mais facilmente o segundo acontecimento
(GOLEMAN, 1999, p. 28).

Spielberger (1972 apud CRUZ, 1996, p.37), conceituou o estado de ansiedade

como um “estado emocional transitório... que varia de intensidade e no tempo e que

se caracteriza por um sentimento de tensão ou apreensão e por um aumento da

atividade do sistema nervoso autônomo”.

A ansiedade também pode ser caracterizada como traço da personalidade,

que refere-se a

[...] diferenças individuais relativamente estáveis na tendência para a


ansiedade; ou seja, diferenças na disposição para perceber como
perigosa ou ameaçadora uma vasta gama de situações que
geralmente não são, respondendo a tais ameaças com reações de
ansiedade-estado (SPIELBERGER, 1972 apud CRUZ, 1996, p.37).

Nessa perspectiva é atribuída à pessoa uma espécie de predisposição a

reagir ansiosamente.
26

2.5 Relação entre meditação, estresse, ansiedade e hipertensão arterial

Ansiedade, estresse e hipertensão arterial muitas vezes estão interligados. O

estresse pode desencadear a ansiedade e a recíproca é verdadeira.

O excesso de ansiedade pode ser uma fonte interna de stress. Isto


é, se a pessoa é de natureza muito ansiosa, o mundo lhe parecerá
mais ameaçador e, consequentemente, esse modo de ser poderá
gerar stress. Porém, a ansiedade também pode ser uma decorrência
do stress (LIPP; NOVAES, 1996, p. 36).

Assim como, geralmente, um influencia o outro, ambos exercem grande papel

na regulagem da pressão arterial, podendo desencadear ou agravar a hipertensão.

O stress crônico pode levar ao aumento da pressão arterial. Essa


hipertensão, por sua vez, soma-se a um ciclo vicioso de mudanças
físicas que pode pesar na balança das pessoas sob risco,
contribuindo para estabelecer uma arritmia [...] ou um infarto (FELD;
RÜEGG, 2005, p. 78).
Os efeitos do estresse no organismo têm sido estudados por alguns

pesquisadores. Feld e Rüegg (2005) apontam uma pesquisa realizada com homens

e mulheres, publicada em 2000, que indicou que pessoas que sofrem de um

estresse crônico, denominado “afeto negativo”, têm duas vezes mais chances de

desenvolver hipertensão do que os que não sofrem do mesmo.

Na década de 90 deste último século, James E. Skinner investigou as regiões

do cérebro envolvidas no processo de estresse. Em sua pesquisa, ele simulou em

porcos uma doença coronariana, depois bloqueou impulsos nervosos emitidos pelo

lobo frontal – onde estão os centros de raciocínio do cérebro – para as áreas

relacionadas às reações emocionais e hormonais (amígdala, hipotálamo, tronco

encefálico e sistema nervoso simpático). Esses porcos ao serem expostos a

estresse intenso foram poupados das respostas desencadeadas nos outros porcos

sem os bloqueios nervosos, os quais apresentavam uma fibrilação fatal (situação na

qual o coração não bombeia sangue). Ao serem estimuladas eletricamente, certas


27

partes do lobo frontal dos porcos, houve batimento cardíaco acelerado, arritmia e em

alguns até parada cardíaca (FELD; RÜEGG, 2005).

O estudo citado anteriormente, realizado com porcos, sugere a conexão entre

a mente e a função cardíaca. Por conseguinte, Feld e Rüegg (2005) levantam a

possibilidade da primeira influenciar a segunda de modo positivo, e indicam que

técnicas de relaxamento utilizam esse mecanismo, chegando a afirmar que estas,

associadas ao controle específico do estresse, podem ser muito eficazes para

manter a saúde cardíaca. “[...] tais métodos podem melhorar as chances de

sobrevivência de pacientes cardíacos mais do que o exercício diário, como sugeriu

James A. Blumenthal, do Centro médico da Universidade Duke, em 1997” (FELD;

RÜEGG, 2005, p. 81).

A meditação é uma técnica poderosa de relaxamento, pois auxilia a atingí-lo

de uma forma rápida e fácil. Benson destaca que a prática meditativa é eficaz em

propiciar um estado de relaxamento bastante profundo ([1998?] apud GOLEMAN,

1999). “A meditação proporciona ao corpo um repouso profundo enquanto a mente

se mantém alerta. Isto faz baixar a pressão sanguínea e diminuir o ritmo do coração,

ajudando seu corpo a se recuperar do estresse” (GOLEMAN, 1999, p.69). Este

relaxamento, não só age na regulação da pressão arterial, como ajuda a aliviar as

dores da angina e arritmia e a baixar os níveis de colesterol (GOLEMAN, 1999).

De acordo com Goleman (1999), pesquisadores que trabalharam com

Benson, constataram em seus estudos, que a meditação diminuía a resposta do

organismo à norepinefrina – que normalmente age no aumento da pressão

sanguínea –, pois esta última não surtia seu efeito usual nas pessoas que

meditavam, estas ao contrário, demonstravam uma diminuição na pressão


28

sanguínea. Benson também confirma o fato da meditação regular ser capaz de

baixar a pressão sanguínea em várias pessoas ([1998?] apud GOLEMAN, 1999).

Goleman (1999) cita outros acontecimentos que vêm contribuir para esta

temática, como a diminuição da hipertensão em um grupo de pacientes do Dr.

Ornish, obtida através do relaxamento propiciado por um regime diário baseado em

yoga e meditação; e os programas realizados em Harvard e na Universidade de

Massachussetts, que indicam o sucesso da utilização da prática meditativa em

centenas de hipertensos.

Outra pesquisa que confirma os benefícios da meditação é a do psicólogo

Gary Schwartz, que demonstrou que a meditação é benéfica no controle da

ansiedade. Neste seu trabalho ele pôde perceber que pessoas “[...] que meditavam

regularmente apresentavam um nível diário de ansiedade muito menor do que os

que não meditavam. Tinham muito menos problemas psicológicos ou

psicossomáticos [...]” ([1998?] apud GOLEMAN, 1999).

A pessoa que medita regularmente lida com o estresse de modo a


romper a espiral da reação de enfrentamento ou fuga. Ela relaxa
com muito mais freqüência do que a que não medita, após um
desafio ter sido superado. Isso faz com que seja improvável que ela
encare como nocivas ocorrências inocentes. Ela percebe a ameaça
com exatidão e reage com a mobilização somente quando
necessário. Após a mobilização, a recuperação rápida a torna
menos predisposta a encarar o próximo compromisso como uma
ameaça, como acontece com uma pessoa ansiosa (GOLEMAN,
1999, p. 28).

Schneider atribui todo este processo dessa diferenciada percepção do

estressor proporcionada pela meditação, ao despertar de uma certa “inteligência

interna”, quando afirma que “Ao permitir ao corpo esse descanso, a inteligência

interna desperta e restaura o que estiver em desequilíbrio” ([2004?] apud DIDONÊ,

2005, p. 67).
29

A mesma relação supracitada constatada por Schwartz foi percebida por

Goleman (1999), quando em um de seus estudos, ele observou que pessoas que

meditam têm seus níveis de ansiedade diminuídos e se recuperam mais

rapidamente do estresse. Em sua pesquisa, um grupo era constituído por

professores de meditação, que meditavam no mínimo há dois anos e o outro era

formado por pessoas que não exerciam a prática meditativa. Todos estes voluntários

meditavam ou relaxavam em silêncio por vinte minutos, após esta sessão eles

assistiam um certo filme de uma série de acontecimentos sangrentos, utilizado para

induzir ao estresse. As pessoas que já meditavam regularmente apresentavam um

maior estímulo inicial (batimentos cardíacos acelerados e suor) do que as que não

meditavam, porém elas também tinham uma recuperação mais rápida e se

mantinham mais relaxadas durante todo o tempo que permaneciam no laboratório,

inclusive após o filme, enquanto os outros ainda apresentavam sinais de tensão.

Este estudo leva a crer que a meditação pode funcionar com um agente terapêutico

psicossomaticamente.
30

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Delimitação da pesquisa

Esta pesquisa é um estudo de caso. Este, de acordo com Rizzini (et. al, 1999)

“[...] pode ser visto como técnica psicoterápica, como método didático ou como

método de pesquisa. Neste último pode ser definido como “[...] um conjunto de

dados que descrevem uma fase ou totalidade do processo social de uma unidade,

em suas várias relações internas e nas suas fixações culturais [...]” (YOUNG, 1960

apud GIL, 1991, 59).

O método do Estudo de Caso é considerado um tipo de análise qualitativa

amplamente utilizada em pesquisas das Ciências Sociais e, como outras estratégias,

tem as suas vantagens e desvantagens que devem ser analisadas à luz do tipo de

problema e questões a serem respondidas. Este método é útil quando o fenômeno a

ser estudado é amplo e complexo, quando o corpo de conhecimentos existente é

insuficiente para suportar a proposição de questões causais e nos casos em que o

fenômeno não pode ser estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre

(CAMPONAR, 1991).

3.2 Participantes / Local

Esta pesquisa contou com dois participantes: um do sexo masculino com

cinqüenta e sete anos de idade e um do sexo feminino com sessenta e um anos de

idade. Ambos têm diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica (ela tem há 10 anos
31

e ele há 5 anos) e são frequentadores do Programa de Saúde da Família (PSF) de

Porto Belo, cidade na qual residem.

A escolha dos participantes se deu através de uma solicitação feita junto à

enfermeira responsável pelo programa, que indicou dois clientes hipertensos

cadastrados no programa de hipertensão arterial. Com isto esperou-se encontrar

indivíduos preocupados e engajados com a sua saúde e consequentemente mais

motivados a participar desta pesquisa. Sendo que a escolha dos participantes foi

feita independentemente dos critérios sócio-econômicos, gênero e idade. Vale

ressaltar que estes participantes vivem juntos, como marido e mulher, há 35 anos.

Ambos participantes foram submetidos à intervenção (meditação), visando

assim uma maior confiabilidade dos resultados obtidos.

As sessões de meditação foram realizadas numa sala na própria residência

dos participantes, sendo este um local apropriado, pois era um ambiente silencioso e

oferecia recursos materiais adequados (cadeiras confortáveis e mesa).

3.3 Instrumentos

Foram utilizados seis instrumentos de investigação: o BAI (Inventário Beck de

Ansiedade); o QSG (Questionário de Saúde Geral de Goldberg); uma anamnese

(apêndice A); um esfigmomanômetro aneróide e um estetoscópio marca BIC; e uma

entrevista semi-estruturada (apêndice B). Assim como uma técnica meditativa.

• O Questionário de Saúde Geral de Goldberg - QSG (criado por Goldberg

em 1972 e denominado "General Health Questionaire")1, foi utilizado nesta pesquisa

1
Informações colhidas do trabalho de conclusão do curso de Psicologia de Eduardo Heuer,
intitulado: Os benefícios da meditação na redução do estresse e da ansiedade em atletas de
uma equipe de futsal juvenil feminino. 2005.
32

para medir os níveis de estresse e outros aspectos relacionados às condições gerais

de saúde mental. Foi desenvolvido com objetivo de detectar severidades

relacionadas a distúrbios psiquiátricos do entrevistado. A proposta de Goldberg pode

ser sintetizada em quatro pontos fundamentais: a) que fosse auto-aplicável; b) que

não fosse tomado como uma forma de caracterizar psicoses relacionadas a

distúrbios extremos de saúde mental; c) devem os itens demonstrar índices de

comportamento ressaltando a severidade da ausência de saúde mental; d) a pessoa

deve responder com base no presente e não no que normalmente sente a fim de

que se possa realizar um comparativo entre o estado atual e o estado usual. O

instrumento foi validado no Brasil sob coordenação de Pasquali (1997) do

Laboratório de pesquisa em Avaliação e medida do Instituto de Psicologia da UnB.

A utilização do referido instrumento deve-se ao fato deste evidenciar em um

único instrumento os aspectos: estresse psíquico, desejo de morte, desconfiança no

próprio desempenho, distúrbio do sono e distúrbios psicossomáticos. O QSG é

composto por um questionário com 60 questões, aferidos conforme uma escala com

quatro graus, que varia de 1) "não absolutamente" , 2) "não mais do que de

costume" , 3) "um pouco mais do que de costume" até 4) "muito mais do que de

costume".

• O BAI2 foi criado em 1988 por Beck, Epstein, Brown e Steer. É uma escala de

auto-relato que mede a intensidade de sintomas de ansiedade. O inventário é

constituído por 21 afirmações descritivas de sintomas ansiosos que variam numa

escala crescente de quatro pontos: 1) Absolutamente não; 2) Levemente: não me

2
Informações colhidas do trabalho de conclusão do curso de Psicologia de Eduardo Heuer,
intitulado: Os benefícios da meditação na redução do estresse e da ansiedade em atletas de
uma equipe de futsal juvenil feminino. 2005.
33

incomodou muito; 3) Moderadamente: foi muito desagradável, mas pude suportar; 4)

Gravemente: dificilmente pude suportar.

Os itens que compõem o teste são: 1) Dormência ou formigamento; 2)

Sensação de calor; 3) Tremores nas pernas; 4) Incapaz de relaxar; 5) Medo que

aconteça o pior; 6) Atordoado ou tonto; 7) Palpitação ou aceleração do coração; 8)

Sem equilíbrio; 9) Aterrorizado; 10) Nervoso; 11) Sensação de sufocação; 12)

Tremores nas mãos; 13) Trêmulo; 14) Medo de perder o controle; 15) Dificuldade de

respirar; 16) Medo de morrer; 17) Assustado; 18) Indigestão ou desconforto no

abdômen; 19) Sensação de desmaio; 20) Rosto afogueado; 21) Suor (não devido ao

calor). Os sujeitos devem responder a essas questões com base na última semana,

incluindo o dia do teste.

Os resultados são medidos somando os pontos de cada item, que variam de 0

a 3. Escores de 0 a 10 são considerados mínimos; 11 a 19 leves; 20 a 30

moderados e 31 a 63 graves. Este instrumento foi traduzido, adaptado e validado no

Brasil por Cunha (2001).

• A anamnese é um método que auxilia a conhecer e obter uma síntese do

histórico e estado de saúde atual do sujeito, através do levantamento de dados

preestabelecidos. “O objetivo desta técnica é o de organizar e sistematizar os dados

do paciente, de forma tal que seja permitida a orientação de determinada ação

terapêutica com a respectiva avaliação de sua eficácia” (PONTES, 1997). A

anamnese utilizada nesta pesquisa é constituída por 28 questões, sendo elas

relativas a: dados de identificação, dados sobre a pressão arterial, dados clínicos,

dados sobre a vida familiar e social, dados profissionais e outros dados relevantes.

• A pressão arterial foi aferida através do método indireto com técnica

auscultatória, utilizando-se para isto um esfigmomanômetro aneróide e um


34

estetoscópio marca BIC, devidamente verificado pelo INMETRO. O

esfigmomanômetro é um aparelho composto por uma bolsa inflável de borracha

envolvida por um tecido inelástico (manguito) conectada a um manômetro e a uma

estrutura de borracha em formato de pêra, que tem a finalidade de insuflar a bolsa

pneumática. O estetoscópio foi utilizado para ausculta do som vascular. Este

aparelho é composto por uma peça auricular, tubo(s) condutor(es) das ondas

sonoras e peça auscultatória (NIPE / UNB, [2006?]).

• A entrevista semi-estruturada utilizada nesta pesquisa é constituída por 7

questões e foi realizada a fim de levantar dados sobre hábitos dos participantes que

possam estar relacionados com a pressão arterial. Segundo Gil (1991) esta

entrevista é aplicada a partir de algumas questões e tópicos pré-determinados

visando facilitar a sistematização e codificação. “Muitas questões podem ser

formuladas durante a entrevista e as irrelevantes são abandonadas” (GIL, 1991, p.

63).

• A técnica meditativa utilizada tem como foco a respiração. Este método

consiste em concentrar-se somente na respiração, “[...] evitando a formação de

seqüências de pensamentos [...]” (CARDOSO, 2005, P. 50), e, é indicado por

Cardoso (2005), como a técnica meditativa mais indicada para praticantes iniciantes.
35

3.4 Procedimentos para a coleta de dados

Os procedimentos aconteceram em um período de 20 dias (de 05/10/2006 à

06/11/2006), obedecendo à ordem exposta no quadro a seguir.

1° dia • Anamnese
• Aplicação escalas BAI e QSG
• Aferição da pressão arterial
• Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
2°, 3° e 4° dias • Aferição da Pressão arterial
• Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
5° dia • Aferição da Pressão arterial
• Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
• Entrevista semi-estruturada
6°, 7°, 8° e 9° • Aferição da Pressão arterial
dias • Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial

10° dia • Aferição da Pressão arterial


• Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
• Entrevista semi-estruturada
11°, 12° e 13° • Aferição da Pressão arterial
dias • Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
14° dia • Aferição da Pressão arterial
• Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
• Entrevista semi-estruturada
15°, 16°, 17°, • Aferição da Pressão arterial
18° e 19° dias • Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
20° dia • Aferição da Pressão arterial
• Intervenção (prática meditativa) – 15 min
• Aferição da Pressão arterial
• Entrevista semi-estruturada
• Aplicação escalas BAI e QSG
36

No primeiro encontro com os participantes foram explicados os procedimentos

desta pesquisa e foi feita a leitura do termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(anexo A), juntamente com os participantes, que aceitaram voluntariamente

participar da mesma. Em seguida, eles responderam as respectivas anamneses e

testes psicológicos, BAI e QSG. Então, foi aferida a pressão arterial dos

participantes imediatamente antes e após a sessão de meditação. Esta teve duração

de 15 minutos, iniciando-se a contagem somente após os mesmos já terem sido

orientados quanto à técnica utilizada.

Para a prática de meditação foram seguidos os procedimentos descritos a

seguir: 1°- desligavam-se os telefones ou qualquer outro aparelho que pudesse

prejudicar a concentração; 2°- os participantes sentavam-se em suas respectivas

cadeiras com suas costas e braços apoiados; 3°- fechavam os olhos; 4°- recebiam

as orientações de como deveriam proceder (permanecer com os olhos fechados;

procurar uma posição confortável para evitar se mexerem durante a prática;

concentrar-se somente em sua respiração, sentir o ar entrando e saindo de seus

corpos, fazendo uma respiração diafragmática, sentindo o abdômen distender-se

com a entrada do ar e contraindo-se com sua saída; evitar fazer julgamentos se está

meditando correta ou erroneamente ou desviar a concentração do foco – respiração

–, se algum pensamento viesse à mente dever-se-ia deixá-lo “de lado“, voltando a

concentrar-se na respiração); 5° eram avisados quanto término dos quinze minutos,

para finalização da prática.

Para a aferição da pressão arterial foi seguido o procedimento descrito a

seguir: explicar o procedimento aos participantes; deixá-los descansar de 5 a 10

minutos; localizar a artéria braquial por palpação; colocar o manguito firmemente

cerca de 2 a 3 cm acima da fossa antecubital, centralizando a bolsa de borracha


37

sobre a artéria braquial; manter o braço do participante na altura do coração;

posicionar os olhos no mesmo nível do mostrador do manômetro aneróide; colocar o

estetoscópio nos ouvidos, com a curvatura voltada para frente; posicionar a

campânula do estetoscópio suavemente sobre a artéria braquial, na fossa

antecubital, evitando compressão excessiva; solicitar ao participante que não fale

durante o procedimento de medição; palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu

desaparecimento, para a estimativa do nível da pressão sistólica, desinflar

rapidamente e aguardar de 15 a 30 segundos antes de inflar novamente; inflar

rapidamente, de 10 mmHg em 10 mmHg, até o nível estimado da pressão sistólica;

proceder à deflação, com velocidade constante inicial de 2 mmHg a 4 mmHg por

segundo, evitando congestão venosa e desconforto; determinar a pressão sistólica

no momento do aparecimento do primeiro som (fase I de Korotkoff), que se

intensifica com o aumento da velocidade de deflação; determinar a pressão

diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff), exceto em condições

especiais. Auscultar cerca de 20 mmHg a 30 mmHg abaixo do último som para

confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa;

esperar 1 a 2 minutos antes de realizar novas medidas3. As aferições foram

realizadas sempre no mesmo braço.

Este procedimento de aferição da pressão arterial – meditação – aferição da

pressão arterial, repetiu-se por mais 19 dias (resultando num total de 20 sessões),

sempre às nove horas da manhã. Este horário foi escolhido em comum acordo entre

as partes, sendo que, o horário definido foi sempre o mesmo, pois sabe-se que a

pressão arterial pode oscilar durante o dia. Desta forma, com este procedimento de

3
Informações colhidas do artigo: Níveis pressóricos de escolares adolescentes e
indicadores de risco para hipertensão arterial, publicado no Online Brazilian Journal of
Nursing. Vol. 5, No. 1, 2006.
38

respeito ao horário, procurou-se evitar esta possível variável. O tempo de duração

de cada sessão deve-se ao fato da literatura específica (CARDOSO, 2005) apontá-lo

como adequado para que se verifique possíveis resultados. O prazo foi de vinte dias

por ser o tempo disponível que havia para execução desta parte da pesquisa.

A idéia inicial era de realizar as sessões de segundas a sextas-feiras, e,

levantar registros sistemáticos da PA dos participantes, anteriores a intervenção

(meditação), visando a definição de uma linha de base da pressão dos mesmos,

para uma comparação posterior com a média final de PA obtida após as sessões de

meditação. Porém, devido à indisponibilidade dos participantes não foi possível a

realização das sessões nos dias previstos. Como também não foi possível a

segunda proposta supracitada, pois num primeiro momento o PSF indicou estes dois

participantes como portadores de registros de PA, mas após já ter sido iniciada a

intervenção foi constatado que eles não possuíam tais registros. Contudo, foi feito

contato com o Cardiologista responsável pelo tratamento dos participantes, que

confirmou o diagnóstico de hipertensão arterial e forneceu informações sobre a

etiologia da hipertensão arterial dos participantes.

Foram investigados, através de entrevistas semi-estruturadas, realizadas uma

vez por semana, com ambos os participantes, alguns hábitos dos mesmos, que

poderiam estar influenciando seus níveis de estresse, ansiedade e pressão arterial.

No último dia de intervenção, após a mesma, os participantes responderam

novamente aos testes BAI e QSG para efeito de comparação, e, realizaram-se as

últimas entrevistas.
39

3.5 Procedimentos para análise dos dados

As variações nos níveis de estresse e ansiedade dos participantes foram

verificadas através da análise de suas freqüências antes e depois da intervenção

(práticas de meditação), através da comparação dos índices do QSG (nos seus

cinco fatores) e do escore bruto do BAI.

Foram analisadas possíveis variações na pressão arterial dos indivíduos,

através da comparação dos resultados das medições da mesma. Para melhor

compreensão e visualização, estes dados foram organizados em quadros e gráficos.

O conteúdo das entrevistas foi analisado e distribuído em quadros, a fim de

investigar supostas variáveis relacionadas ao resultado alcançado. Todos os dados

levantados foram relacionados à anamnese, para serem melhor analisados.

3.6 Procedimentos éticos

Os participantes desta pesquisa deram seu consentimento através de

assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os procedimentos deste projeto estão de acordo com as resoluções CNS

196/1996 e CFP 016/2000 que regem, respectivamente, as pesquisas com seres

humanos na área da saúde e da Psicologia. O mesmo sofreu apreciação do

CEP/UNIVALI, obtendo parecer favorável n° 233/06.


40

3.7 Retorno aos participantes

Os resultados desta pesquisa serão levados ao conhecimento dos

participantes e demais interessados, através de uma reunião devolutiva, a ser

realizada após a conclusão da pesquisa.


41

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir serão apresentados os dados dos participantes obtidos através dos

instrumentos: anamneses, BAI e QSG, entrevistas, esfigmomanômetro aneróide e

estetoscópio. Para uma melhor visualização e compreensão as informações

resultantes de cada instrumento foram organizadas separadamente. Com intuito

didático o participante do sexo masculino será nomeado Y, e, o do sexo feminino

será nomeado X.

4.1 Anamneses

A seguir são apresentados os dados das anamneses realizadas no primeiro

dia de intervenção (meditação) com ambos os participantes. As anamneses

permitiram conhecer – em parte – o modo de vida dos participantes e a análise da

mesma serviu de base para se identificar as intercorrências observadas / registradas

durante o período de intervenção (quatro semanas), que possam ter funcionado

como variáveis que interferiram nos resultados obtidos durante a pesquisa. Contudo,

foram selecionados para essa apresentação os dados mais pertinentes ao objetivo

desta pesquisa.

Primeiramente serão demonstrados os dados resultantes da anamnese

realizada com Y, em seguida, serão descritos os dados resultantes da anamnese de

X.
42

4.1.1 Anamnese do participante Y.

Y é do sexo masculino e tem 57 anos de idade. Ele recebeu, há

aproximadamente cinco anos, seu diagnóstico de hipertensão arterial. Ele falou

brevemente sobre o que conhecia sobre hipertensão, citando que esta doença é um

incômodo constante, sendo também prejudicial ao coração e colaborando para o

risco de derrame. Em relação à verificação de sua pressão arterial, Y relatou que

não a faz com freqüência e sim quando, através de sensações físicas, sente que a

mesma possa ter aumentado. Sendo que citou que uma destas sensações

percebidas por ele, quando sua pressão arterial se eleva, é o calor. Como agentes

externos que influenciam nesta elevação de sua pressão, Y se referiu unicamente a

situações estressantes, sendo que citou inclusive que em uma destas situações

achou que iria infartar.

Com relação aos recursos utilizados para lidar com esta doença, Y relatou se

submeter somente a tratamento medicamentoso com os remédios: AAS infantil,

Captopril 25mg e Hidrocloritiazida, e, praticar exercícios físicos (caminhadas e

pedaladas). No entanto, apesar de Y se exercitar com frequência, esta não é uma

prática sistemática. Ao se referir a seus exercícios físicos, Y citou que não gosta de

“ficar parado” (sic), tendo que ter sempre algo para fazer.

Tratando-se de sua alimentação, pode-se perceber através do relato de Y,

que este não tem um controle eficaz sobre sua dieta alimentar. Pois, embora Y faça

tentativas de ingerir menos sal ou gordura, não obtém êxito, ou seja, ele acaba

voltando a ingerir essas substâncias. Y também costuma tomar bebidas alcoólicas,

mais precisamente cerveja, porém, este não é um hábito diário.

Y já foi submetido a uma tireoidectomia total (retirada cirúrgica da glândula


43

tireóide), devido a um tumor na mesma. Como conseqüência, Y deve tomar durante

toda sua vida um medicamento para reposição hormonal. Desta forma, Y faz uso do

medicamento Puran T-4, um substituto do hormônio tireoideano.

Além da tireoidectomia Y passou por mais três procedimentos cirúrgicos: dois

cateterismos devido a artérias entupidas, realizados nos anos de 1989 e 1998, e,

uma cirurgia em função de uma hérnia.

Y relatou não gostar de tomar remédios, porém disse entender que é

necessário. No entanto, já suspendeu o uso de sua medicação anti-hipertensiva sem

indicação médica, voltando a tomá-la após uma advertência recebida em um PSF

(Programa de Saúde da Família).

Y é casado há trinta e cinco anos com X e ambos são aposentados (ele há 9

anos e ela há 12 anos). Y relatou estar gostando muito de sua aposentadoria, mas

que no início (na primeira semana de aposentadoria) entrou em depressão, dizendo

que ficava se perguntando “como é que vai ser” (sic). Contudo, Y afirmou que

quando foi se adaptando a nova rotina a aceitou bem e que foi um período difícil,

mas que agora já está superado.

Y tem quatro filhos e relata dificuldade no relacionamento com um dos filhos

(J), por este ser dependente químico e portador de uma doença crônica. Esta

situação tem sido motivo constante de estresse e tem se refletido no aumento de

sua pressão arterial.

Y relata como lazer habitual os passeios que realiza pelas proximidades de

sua casa a pé ou de bicicleta e conversas com os amigos.

A hipertensão arterial de Y provavelmente tem um componente genético, pois

seu pai faleceu aos 62 anos de idade, enquanto dormia, devido a um problema

cardíaco e a mãe também é hipertensa, já colocou três pontes de safena e


44

atualmente faz uso de marcapasso.

4.1.2 Anamnese da participante X:

X é do sexo feminino e tem 61 anos de idade. Ela recebeu o diagnóstico de

hipertensão arterial há aproximadamente 10 anos, por um Cardiologista. Ao discorrer

sobre o que conhecia sobre hipertensão, X falou brevemente, se referindo somente

ao fato da hipertensão poder causar derrame e infarto.

A verificação de sua pressão arterial só é feita quando X, através de

sensações físicas, sente que sua pressão possa ter aumentado.

Sobre a forma que está lidando com esta doença até o momento atual, X

referiu ser através de um tratamento medicamentoso, com os remédios: Aradois

100mg, AAS infantil e Hidrocloritiazida, e, de uma dieta alimentar com menos sal,

além de procurar não se estressar. X relatou também que não pratica exercícios

físicos e que já se submeteu a duas internações hospitalares, nos últimos três anos,

para controle de sua hipertensão arterial, sendo que, uma das internações durou

uma semana.

Com relação à sua alimentação, citou também que procura ingerir pouca

quantidade de gordura e carne, tendo uma dieta mais baseada em frutas e verduras,

e que tem sensibilidade à lactose e ao glúten, sendo que, mesmo que sinta mal-

estar costuma ingerir alimentos com essas substâncias. Contudo, citou que quando

vai a festas ou restaurantes é mais difícil manter uma alimentação saudável.

Tratando-se de agentes externos, X afirmou que o sal, situações estressantes,

bebidas alcoólicas e as condições climáticas (calor e frio) influenciam sua pressão

arterial.
45

Em relação a outras doenças X relatou fazer tratamento medicamentoso

devido à osteoporose e reumatismo. Os medicamentos utilizados para tal finalidade

são: Maxicalc 400, Calmapax. X. também já foi submetida a uma histerectomia.

X é casada com Y, há trinta e cinco anos e ambos são aposentados (ele há 9

anos e ela há 12 anos). X relatou estar gostando muito de sua aposentadoria, pois

tem uma condição financeira tranqüila e pode desfrutar de seu tempo livre. O casal

tem quatro filhos e X também relata dificuldade no relacionamento com um dos filhos

(J), por este ser dependente químico e portador de uma doença crônica. Esta

situação tem sido motivo constante de estresse. X argumenta também, que esta

situação em que seu filho se encontra, se reflete no aumento de sua pressão

arterial, desencadeando, inclusive, forte cefaléia e falta de apetite, devido ao

nervosismo.

X e seu marido freqüentam uma igreja Presbiteriana. X está sempre envolvida

com atividades sociais promovidas pela mesma, às quais ela se refere com muito

prazer.

Os pais de X já são falecidos. A causa da morte da mãe foi uma depressão

profunda que a deixou acamada por alguns anos, antes de morrer, e, a morte do pai

foi devido a um derrame.

4.2 Resultados do BAI e do QSG

A seguir serão apresentados respectivamente, os dados do BAI e do QSG,

obtidos pelos participantes antes e depois da intervenção (meditação). Com intuito

didático os resultados da primeira aplicação serão nomeados “Teste” e os da

segunda de “Reteste”.
46

No quadro 1 são apresentados os resultados do Teste e do Reteste acerca

dos níveis de sintomas de ansiedade mensurados através do BAI. Sendo que, os

níveis de classificação dos sintomas, em ordem crescente são: mínimo, leve,

moderado e grave.

No quadro 2 também são apresentados os resultados do Teste e do Reteste,

porém, acerca dos níveis de estresse psíquico, desejo de morte, desconfiança no

desempenho, distúrbio do sono, distúrbio psicossomático e saúde geral, mensurados

pelo QSG. Os níveis de classificação dos sintomas, em ordem crescente são: baixo,

moderado, alto e grave.

Quadro 1. Resultados do BAI de ambos os participantes.

Participantes Nível dos sintomas

Teste Reteste

Escore Classificação Escore Classificação

Y 16 Leve 7 Mínimo

X 15 Leve 11 Leve

Como pode ser observado no quadro 1, houve uma diminuição da severidade

dos sintomas de ansiedade mensurados pelo BAI, de ambos, entre o Teste e o

Reteste, sendo que, a diminuição dos sintomas do participante Y foi mais intensa,

pois a classificação de seu nível de ansiedade foi reduzida de “Leve” para “Mínimo”.
47

Quadro 2. Resultados do QSG de ambos os participantes.

Sintomas Participantes

Y X

Teste Reteste Teste Reteste

Escore Classif. Escore Classifi. Escore Classif. Escore Classif.

Estresse 1.61 Baixo 1.61 Baixo 1.61 Baixo 1.61 Baixo


psíquico
Desejo de morte 1 Baixo 1 Baixo 1 Baixo 1.12 Baixo

Desconfiança no 1.71 Baixo 1.76 Baixo 1.88 Modera 1.59 Baixo


desempenho do
Distúrbios do 2.17 Alto 1.67 Alto 1.83 Alto 2.17 Alto
sono
Distúrbios 1.4 Baixo 1.4 Baixo 1.5 Baixo 1.9 Alto
psicossomáticos
Saúde geral 1.62 Baixo 1.57 Baixo 1.6 Baixo 1.62 Baixo

Como pode ser verificado no quadro 2, com relação a Y, entre o Teste e o

Reteste, houve alterações nos quesitos: desconfiança no próprio desempenho,

distúrbios do sono e saúde geral. Sendo que, o quesito desconfiança no próprio

desempenho obteve um aumento do escore na segunda aplicação. No entanto, os

quesitos distúrbios do sono e saúde geral obtiveram uma diminuição de seu escore,

também na segunda aplicação. Porém, nenhuma dessas alterações foi suficiente

para modificar a classificação relacionada ao escore.

Em relação a X, entre o Teste e o Reteste, só não houve alterações no

quesito estresse psíquico. Desta forma, houve alterações nos quesitos: desejo de

morte, desconfiança no próprio desempenho, distúrbios do sono, distúrbios

psicossomáticos e saúde geral. O único sintoma em que houve diminuição do escore

foi desconfiança no desempenho, sendo que, sua classificação passou de

“Moderado” (Teste) para “Baixo” (Reteste). Todavia, todos os outros sintomas em

que houve alterações obtiveram um aumento de seu escore, sendo que, em um


48

deles – distúrbios psicossomáticos –, houve modificação da classificação, que

passou de “Baixo” (Teste) para “Alto” (Reteste).

4.3 Entrevistas semi-estruturadas

A seguir será apresentada a análise dos dados obtidos através das entrevistas

semanais realizadas com ambos os participantes, com o intuito de se verificar

possíveis variáveis que tenham influenciado nos resultados obtidos durante a

intervenção (meditação).

Para uma melhor compreensão foram construídos dois quadros que apontam

as semanas em que houve intercorrências na rotina de Y e X. São consideradas

intercorrências, nesta análise, qualquer evento citado pelos mesmos como

significativos e/ou estressantes, assim como todas as alterações nos hábitos

relacionados à: hábitos da vida diária, alimentação, exercícios físicos, medicamentos

anti-hipertensivos e outros medicamentos. Sendo que, as alterações que

permaneceram na semana seguinte a que surgiram, não foram consideradas

intercorrências.

Contudo, para definição e reconhecimento destas últimas, partiu-se da

interpretação dos dados obtidos através da anamnese, pois como já foi citado, esta

permitiu conhecer o modo de vida dos participantes.

A intervenção durou quatro semanas e a cada semana foi aplicada uma

entrevista para investigar as intercorrências ocorridas na mesma. Vale ressaltar que

algumas informações complementares contidas nesta análise não foram obtidas

através das entrevistas e sim de conversas entre a pesquisadora e os participantes.

Primeiramente, serão discutidos os dados das entrevistas realizadas com Y.


49

4.3.1 Entrevistas realizadas com o participante Y.

Quadro 3. Entrevistas semanais realizadas com Y.

CI = com intercorrências
1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana
SI = sem intercorrências
Hábitos da vida diária SI SI SI CI
Eventos significativos CI SI SI SI
Situações estressantes CI CI SI CI
Alimentação CI CI CI CI
Exercícios físicos CI CI SI CI
Medicamentos anti-hipertensivos CI CI SI SI

Outros medicamentos SI CI SI SI

Com relação aos hábitos de vida diária, Y relatou tê-los mantido como de

costume, sem muitas alterações, pois somente na última semana houve uma

intercorrência em função de Y não ter praticado seus exercícios físicos habituais.

Tratando-se dos eventos significativos, Y citou somente na primeira semana

duas intercorrências que o mobilizaram, uma relacionada ao seu filho J., que é

dependente químico e a outra foi o fato de ele ter presenciado em uma BR, um

acidente que ocasionou a morte de um homem.

Como situações estressantes, Y fez menção na primeira e na quarta

semana ao comportamento de J. e na segunda semana citou sua hipertensão

arterial. No entanto, durante todo o período de intervenção pôde-se perceber que as

preocupações de Y com o modo de vida de seu filho J., eram constantes e intensas.

A alimentação de Y sofreu intercorrências em todas as semanas. Na primeira

semana, foi devido à ida a uma pizzaria no dia 10/10, onde além de comer pizza, Y

ingeriu cerveja (aproximadamente 600 ml), sendo que, dia 12/10 Y tomou cerveja

(350 ml) novamente. No final da segunda semana, mais precisamente no dia 17/10,
50

Y iniciou uma dieta alimentar com menos sal e gordura, para tratamento de uma

virose que ele contraiu. Na terceira, Y estava mantendo sua dieta da semana

anterior, porém com menos restrições, sendo que no dia anterior (25/10) a

entrevista, Y havia tido uma alimentação mais gordurosa. Na quarta semana, Y

retomou seus hábitos alimentares anteriores a virose, ou seja, voltou a ingerir

gordura e sal, sendo que, X relatou na sua quarta entrevista que no dia anterior à

mesma ela e Y haviam comido churrasco e bebido uísque.

Em relação à prática de exercícios físicos, conforme a anamnese, Y relata

praticar diariamente, porém nestas quatro semanas houve diminuição na freqüência

desta prática. Na primeira, na segunda e na terceira semana, Y relatou ter

caminhado e pedalado menos. Na primeira semana, este fato deveu-se às

condições climáticas chuvosas e na segunda e terceira semanas foi devido a seu

estado físico debilitado ocasionado pela virose. Na quarta semana, Y ainda não

tinha voltado ao seu ritmo habitual de exercícios levantado pela anamnese, porém

não citou nenhum motivo para isto.

Y relatou não ter tomado sua medicação anti-hipertensiva no primeiro dia de

intervenção (05/10), porque havia emprestado o remédio para uma vizinha e ficou

sem o mesmo. Outra intercorrência importante foi a alteração da sua medicação

anti-hipertensiva, que ocorreu no final da segunda semana, mais precisamente dia

19/10. Esta modificação foi indicada pelo Cardiologista de Y (consulta dia 16/10),

que receitou a ele um novo medicamento (Propranolol) e aumentou a dose do outro

(Captopril) que ele já utilizava. Sendo que Y não seguiu literalmente a

recomendação do médico, pois se sentiu mal e tomou uma dose menor do que a

receitada.
51

Com relação a outros medicamentos (que não os anti-hipertensivos), Y

somente na segunda semana ingeriu um flaconete de Enterofigon. Este, segundo

ele, é um remédio natural sem efeitos colaterais.

4.3.2 Entrevistas realizadas com a participante X.

Quadro 4. Entrevistas semanais realizadas com X.

CI = com intercorrências
1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana
SI = sem intercorrências
Hábitos da vida diária SI SI CI CI
Eventos significativos CI SI CI CI
Situações estressantes CI CI SI CI
Alimentação CI CI CI CI
Exercícios físicos -- -- -- --
Medicamentos anti-
CI CI CI SI
hipertensivos
Outros medicamentos CI SI CI SI

Houve intercorrências nos hábitos de vida diária de X nas últimas duas

semanas. Estas foram devido à ida a uma festa de aniversário na terceira semana e

também a uma viagem que X fez a Mato Grosso. Outros eventos como: passeios

pela cidade, idas a lojas, questões relacionadas à pintura, eventos na igreja,

serviços de casa, mantiveram seu curso habitual e por isso não foram considerados

como intercorrências.

Ocorreram eventos significativos na primeira, na terceira e na quarta

semana. Na primeira semana X citou cinco eventos marcantes, sendo dois deles

considerados pela mesma como desagradáveis e os outros três como prazerosos.

Estes foram respectivamente: o fato de J, seu filho, ter voltado a utilizar drogas, a

notícia de que uma amiga teria que fazer alguns exames devido a um câncer que

tivera, o restabelecimento de uma sobrinha, um culto religioso e uma festa para


52

crianças carentes. Os eventos significativos da terceira e da quarta semana foram os

preparativos para uma viagem a Mato Grosso e a própria viagem.

X relatou ter tido situações estressantes na primeira, na segunda e na

quarta semana. Na primeira e na última semana foram relacionadas ao seu filho J. e

na segunda, foram devido ao estado de saúde de seu marido. Sendo que, assim

como foi citado na análise dos dados de Y., durante todo o período de intervenção

pôde-se perceber que as preocupações de X com o modo de vida de J., eram

constantes e intensas.

Com relação aos hábitos alimentares, houve alterações em todas as

semanas. Na primeira, devido a ter almoçado por dois dias em restaurantes, ter

ingerido pizza e cerveja (aproximadamente 600 ml) no jantar do dia 10/10, ter

novamente tomado cerveja (350 ml) no dia 12/10 e ter comido doces e salgados em

uma festa de aniversário também no dia 12/10. X relatou inclusive ter engordado um

pouco, além de ter ingerido alimentos que possuem substâncias (glúten e lactose) as

quais ela tem sensibilidade. Um dia antes (15/10) de se iniciar a intervenção na

segunda semana X comeu doces e salgados em uma festa, no final da mesma

semana (17/10), X iniciou juntamente com seu marido uma dieta alimentar com

menos gordura e sal, devido à virose contraída pelo mesmo. Na terceira semana, X

relatou ter ingerido mais carne que o habitual, ter comido salgadinhos e almoçado

um dia em restaurante. Vale ressaltar que X citou que quando vai a restaurantes ou

festas fica mais difícil controlar a alimentação, ou seja, manter uma dieta alimentar

mais saudável. Na quarta e última semana, X ingeriu doces e cerveja no dia 02/10

em uma festa de aniversário e no dia 05/11, comeu churrasco e bebeu uísque.


53

Não houve intercorrências relacionadas a exercícios físicos, pois X não

apresenta como hábito a prática de exercícios físicos nem antes, nem durante a

pesquisa.

Com relação à medicação anti-hipertensiva, houve intercorrências nas

primeiras três semanas. No entanto, X não citou nenhuma alteração nas duas

primeiras entrevistas, porém na terceira entrevista relatou ter parado de tomar seus

remédios anti-hipertensivos na primeira semana de intervenção, mas não soube

informar o dia exato. X relatou também ter tomado do dia 20/10 ao dia 30/10 os

medicamentos anti-hipertensivos Captopril e Propranolol. Contudo, dia 31/10 X

alterou novamente a medicação, pois substituiu o Captopril pelo Aradois, também

anti-hipertensivo, e, começou a tomar também AAS infantil. X permaneceu utilizando

estas últimas medicações citadas até o último dia de intervenção. É necessário

salientar que nenhuma dessas alterações tiveram prescrições médicas.

Tratando-se de outros medicamentos, X parou de tomar o medicamento

Calmapax – receitado por um reumatologista – na primeira semana, porém não citou

o motivo disto. Na terceira semana, mais precisamente dia 26/10, começou a tomar

Endronax, um medicamento contra osteoporose, que segundo X, deve ser tomado

uma vez por semana.

4.4 Aferição da pressão arterial (PA)

A seguir serão apresentados os dados referentes às oscilações da pressão

arterial dos participantes, registradas através da aferição diária da pressão dos

mesmos, realizada com um esfigmomanômetro aneróide e um estetoscópio. A

intervenção (meditação) durou vinte dias, nos quais a pressão arterial dos
54

participantes foi verificada imediatamente antes e após cada sessão de meditação.

Para efeito didático, estes dados foram organizados em quadros e gráficos

como será apresentado a seguir.


55

Quadro 5. Registro diário da PA dos participantes antes a após as sessões de


meditação.

Participantes
Y X
Ordem
dos Data PA (antes) PA (depois) PA (antes) PA (depois)
dias
1ª 1° 05/10/06 160 x 110 150 x 110 160 x 100 140 x 80
S 2°
E 10/10/06 160 x 90 140 x 90 162 x 90 150 x 90
M 3° 11/10/06 160 x 100 160 x 100 160 x 100 160 x 100
A
N 4° 12/10/06 160 x 110 150 x 100 150 x 90 150 x 90
A 5° 13/10/06 152 x 90 142 x 90 160 x 102 150 x 90
2ª 6° 16/10/06 152 x 86 144 x 86 184 x 102 162 x 90
S 7°
E 17/10/06 134 x 82 134 x 80 150 x 94 150 x 94
M 8° 18/10/06 118 x 80 118 x 80 166 x 98 162 x 92
A
N 9° 19/10/06 108 x 82 100 x 76 148 x 90 148 x 86
A 10° 20/10/06 94 x 74 94 x 72 172 x 96 142 x 86
3ª 11°
S 23/10/06 118 x 80 118 x 80 170 x 116 164 x 98
E 12° 24/10/06 108 x 74 108 x 74 152 x 82 144 x 80
M
A 13° 25/10/06 100 x 76 100 x 70 160 x 98 146 x 86
N
A 14° 26/10/06 122 x 74 120 x 74 152 x 82 152 x 82
15° 31/10/06 100 x 76 100 x 76 160 x 84 130 x 80

16° 01/11/06 110 x 76 110 x 76 144 x 84 144 x 80
S
E 17° 02/11/06 106 x 70 100 x 70 170 x 90 154 x 70
M
A 18° 04/11/06 116 x 76 112 x 72 160 x 88 160 x 88
N
19° 05/11/06 118 x 78 110 x 78 150 x 88 130 x 80
A
20° 06/11/06 128 x 80 128 x 80 150 x 90 150 x 90

Quadro 6. Médias semanais dos níveis de PA dos participantes antes e após as


sessões de meditação.

Média da
Participantes 1ª semana 2ª semana 3° semana 4ª semana
PA
Antes 158,4 x 100 121,2 x 80,8 112 x 76 113 x 76
Y
Depois 148,4 x 98 118 x 78,8 111,5 x 74,5 110 x 75,3
Antes 158,4 x 96,4 164 x 96 158,5 x 94,5 155,7 X 87,3
X
Depois 150 x 90 152,8 x 89,6 151,5 x 86,5 144,7 X 81,3
56

Gráfico 1. Nível de pressão sistólica de Y


Nível de pressão sistólica de A.

200
190
Pressão sistólica em mmHg

180
170
160
150
140
130
Antes
120
110
Depois
100
90
80
70
60
50
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13° 14° 15° 16° 17° 18° 19° 20°

Dias

Gráfico 2. Nível de pressão diastólica de Y


Nível de pressão diastólica de A.

150
140
Pressão diastólica em m m Hg

130
120
110
Antes
100
90
Depois
80
70
60
50 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13° 14° 15° 16° 17° 18° 19° 20°

Dias
57

Gráfico 3. Nível de pressão sistólica de X


Nível de pressão sistólica de H.

200
190
180
Pressão sistólica em mmHg

170
160
150
140
130
Antes
120
110
Depois
100
90
80
70
60
50
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13° 14° 15° 16° 17° 18° 19° 20°

Dias

Gráfico 4. Nível de pressão diastólica de X


Nível de pressão diastólica de H.

150
140
Pressão diastólica em m m Hg

130
120
110
Antes
100
90
Depois
80
70
60
50
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9° 10° 11° 12° 13° 14° 15° 16° 17° 18° 19° 20°

Dias
58

Através do quadro 5 e dos gráficos, pode-se observar precisamente o nível da

pressão arterial dos participantes antes e após cada sessão de meditação. Com

relação à pressão sistólica de Y, verifica-se que houve diminuição da mesma após a

sessão de meditação no 1°, 2°, 4°, 5°, 6°, 9°, 14°, 17° , 18°, 19° dia, totalizando 10

dias com alterações. Tratando-se da pressão diastólica, também de Y, observa-se

diminuição da mesma após a sessão no 4°, 7°, 9°, 10°, 13 °, 18° dia, totalizando 6

dias com alterações. Sendo que, por 3 dias (4°, 9° e 18 °) as alterações foram

conjuntas, ou seja, houve diminuição tanto da pressão sistólica, quanto da diastólica.

Outro dado que pode ser observado é que tanto a pressão sistólica, quanto a

diastólica tiveram seus picos nos primeiros dias, tendendo a se manter mais

reduzidas (mesmo antes de cada sessão) nos últimos dias.

Em relação aos níveis pressóricos de X percebe-se que houve diminuição dos

mesmos na maioria dos dias. Constata-se que houve diminuição de sua pressão

sistólica após a sessão de meditação no 1°, 2°, 5°, 6°, 8°, 10°, 11°, 12°, 13°, 15°,

17°, 18° e 19° dia, totalizando 13 dias com alterações. Tratando-se da pressão

diastólica, também de H., observa-se diminuição da mesma após a sessão no 1°, 5°,

6°, 8°, 9°, 10°, 11°, 12°, 13°, 15°, 16°, 17°, 19° dia, totalizando novamente 13 dias

com alterações. Sendo que, por 11 dias (1°, 5°, 6°, 8° , 10°, 11°, 12°, 13°, 15°, 17° e

19°) as alterações foram conjuntas, ou seja, houve dimi nuição tanto da pressão

sistólica, quanto da diastólica.

Os níveis sistólicos de X não seguiram a mesma tendência supracitada em

relação a Y, ou seja, não se mantiveram mais reduzidos nos últimos dias do que nos

primeiros, e sim oscilaram continuamente. Já em relação à pressão diastólica,

também de X, parece ter havido certa tendência de diminuição.

Vale ressaltar que em nenhum dia a pressão arterial de ambos os


59

participantes se elevou após a prática meditativa.

Quanto aos dias em que a diminuição da pressão arterial dos participantes

coincidiu, foram 7 dias (1°, 2°, 5°, 6°, 17°, 18° e 19°) para a sistólica e 3 dias (9°, 10 °

e 13°) para a diastólica.

Considerando o quadro 6, pode-se perceber que as médias dos níveis

pressóricos de ambos os participantes foram reduzidas após as sessões de

meditação em todas as semanas. Sendo que houve diminuição, tanto da pressão

sistólica, quanto da diastólica.

É interessante perceber que as médias semanais dos níveis diastólicos de X

apresentaram-se em todas as semanas mais reduzidas em relação à semana

antecedente, tanto antes quanto após a meditação.

A partir das médias semanais chegou-se a uma média final da pressão

arterial, sendo a de Y, 126,15 x 83,2 para antes das sessões e 121,97 x 81,65 após

as sessões. Em relação à média final da pressão arterial de X, tem-se 159,15 x

93,55 antes da meditação e 149,75 x 86,85 após a meditação. Desta forma, verifica-

se que houve diminuição da média final da pressão arterial de ambos os

participantes após as sessões de meditação.

4.5 Fatores intervenientes

Abaixo, são apresentados, os fatores que sobressaíram na análise de todos

os dados obtidos de ambos os participantes. Estes fatores recebem uma atenção

específica por serem agentes que podem estar relacionados à hipertensão arterial.
60

• Sal: quanto maior a restrição de sal, maior a queda da pressão arterial

(BEEVERS; MACGREGOR, 1999);

• Álcool: a ingestão excessiva de álcool pode elevar a pressão arterial (BEEVERS;

MACGREGOR, 1999);

• Gordura: a gordura saturada (animal) pode estar relacionada ao aumento da

pressão arterial (SANTOS; SILVA, 2002);

• Exercícios físicos: o exercício aeróbico feito de três a quatro vezes por semana,

com duração suficiente para causar sudorese reduz a pressão arterial

(BEEVERS; MACGREGOR, 1999);

• Estresse: o estresse através de sua ação simpática-adreno-medular e pituitária-

adreno-cortical pode aumentar a pressão arterial (LIPP, 1996).

• Tireóide: disfunções relacionadas aos hormônios tireoideanos são uma das

causas da hipertensão arterial secundária (com causa conhecida) (SANTOS;

SILVA, 2002).

A seguir será apresentado o quadro 6 com informações sobre os medicamentos

utilizados pelos participantes durante o período de intervenção. Estes medicamentos

foram verificados a fim de confirmar ou descartar possíveis efeitos colaterais

hipertensivos.
61

Quadro 6. Medicamentos utilizados pelos participantes durante o período de


intervenção.

Efeitos Colaterais/ Reações


Medicamento Ação
Adversas
AAS infantil Além de outras ações, é inibidor da Não estão relacionados a HAS.
agregação plaquetária; sendo
também utilizado na prevenção do
infarto do miocárdio, do derrame
cerebral e outras doenças dos
vasos sangüíneos (FUNED,
[2006?]).
Aradois 100mg Bloqueador AT1. Eficaz como Hipotensão (ARADOIS, 2006).
monoterapia para a HAS (MANO,
[2006?]).
Calmapax Sedativos e ansiolíticos Não estão relacionados a HAS.
(CONNECTMED, [2006?]).
Captopril 25mg Inibidor da Enzima Conversora da Hipotensão só ocorre
Angiotensina (IECA). normalmente nos pacientes
Eficiente em monoterapia ou em desidratados (MANO, [2006?]).
associação com diuréticos ou outros
anti-hipertensivos (MANO, [2006?]).
Endronax Tratamento da osteoporose Não estão relacionados a HAS.
(ENDRONAX, 2006)
Enterofigon Digestivos, antifiséticos e Não estão relacionados a HAS.
associações (CONNECTMED,
[2006?]).
Hidrocloritiazida Diuréticos. Não estão relacionados a HAS.
Ação hipotensora eficaz em todos
os graus de hipertensão (MANO,
[2006?]).
Maxicalc D-400 Utilizado como complemento das Não estão relacionados a HAS.
UI necessidades orgânicas de cálcio
(MAXICALC, 2006).
Propranolol Beta-bloqueador. Hipotensão (PROPRANOLOL,
40mg Inicialmente usado como anti- 2006]).
anginosos, sendo útil também no
tratamento de taquiarritmias e da
HAS. Promovem também a
prevenção secundária do infarto,
previnem crises de enxaqueca
(MANO, [2006?]).
Puran T-4 Utilizado para reposição do As reações adversas são em
hormônio levotiroxina (PURAN, geral ligadas à própria ação do
2006). hormônio tireóideo, por
overdose ou dose
subterapêutica
(CONNECTMED, [2006?]).
Como pode-se perceber no quadro 6, além dos remédios anti-hipertensivos,

nenhum outro ingerido pelos participantes durante a intervenção, relaciona-se a

pressão arterial.
62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observando os dados obtidos através desta pesquisa, pode-se verificar que a

meditação foi capaz de reduzir a pressão arterial (PA) de ambos os participantes em

alguns dias. Porém, esta redução se limitou ao momento subsequente a prática da

meditação, não permanecendo até o dia posterior.

Por ser tratar de um estudo de caso, além da interpretação dos dados

coletados pela aferição sistemática da pressão arterial e dos instrumentos utilizados

para coleta de dados, houve a tentativa de dar conta e compreender, o máximo

possível, de variáveis envolvidas que demonstraram estar diretamente relacionadas

às alterações da hipertensão arterial sistêmica (HAS). Entre elas estão: ingestão de

álcool, de sal, de gordura; presença de eventos estressores; sedentarismo; questões

relacionadas à tireóide. Mesmo se tratando de dois participantes, as variáveis

identificadas em relação a cada um foram muito semelhantes, talvez pelo fato deles

serem marido e esposa.

Disfunções na tireóide podem ser uma das causas da HAS secundária,

porém, segundo o cardiologista responsável pelo tratamento medicamentoso tanto

de Y (que já foi submetido a tireoidectomia) quanto de X, a HAS dos mesmos é de

etiologia primária, ou seja, sem causa conhecida. Por este motivo questões

hormonais foram aqui desconsideradas.

Abaixo segue o quadro 7, como uma tentativa de melhor visualização das

semelhanças e diferenças encontradas entre os dois participantes em relação as

estas variáveis e aos resultados obtidos.


63

Quadro 7. Dados obtidos em relação aos participantes.

Participantes
Variáveis
Y X
Nível de conscientização / Baixo Baixo
mobilização
Controle (verificação da Assistemático Assistemático
PA)
Cuidados com a medicação Inadequado Inadequado
Alimentação Inadequada Inadequada
Uso de álcool Inadequado Inadequado
Exercícios físicos Não pratica Não pratica
sistemáticos
Estresse Estressor constante Estressor constante

Como pode-se perceber no quadro 7, os participantes sofrem influências de

alguns fatores de forma semelhante.

O conhecimento que ambos os participantes têm sobre HAS é de certa forma

escasso, pois eles se referem somente ao derrame e infarto como possíveis

conseqüências da mesma. Porém sabe-se que a HAS é uma patologia perigosa que

pode causar lesões nas artérias de todo o organismo, principalmente no cérebro,

nos olhos, no coração e nos rins, e, contribui para o agravamento da aterosclerose,

ocasionando doenças graves como os acidentes vasculares cerebrais (derrame

cerebral), infarto do coração, angina do peito, arritmia, insuficiência cardíaca,

doenças vasculares periféricas, doença da retina e insuficiência renal (RIERA,

2000). Inclusive Y já foi submetido há dois cateterismos devido à aterosclerose

(acúmulo anormal de gordura nas artérias), e, X já passou por duas internações

devido a sua HAS.

Talvez, esta falta de conhecimento supracitada, esteja se refletindo na baixa

mobilização dos participantes no combate a esta doença. Fala-se em baixa

mobilização devido ao fato de tanto Y quanto X não se comprometerem

efetivamente com algumas das estratégias possíveis de tratamento de sua HAS.

Pois, ambos os participantes, apesar de fazerem tentativas de manter uma dieta


64

alimentar adequada para o combate da HAS, sempre acabam ingerindo sal, gordura

e álcool em quantidades que aparentemente acabam por ter uma ação hipertensiva.

Além desta questão alimentar, outro fator que denuncia esta falta de

comprometimento efetivo são os episódios de interrupção do tratamento

medicamentoso de ambos os participantes por conta própria, ou seja, sem

prescrição médica, e, também o fato dos mesmos não praticarem exercícios físicos

de uma forma sistemática. Inclusive, ambos os participantes parecem desconhecer a

forma de atividade física que auxilia na redução da HAS, pois classificavam as

caminhadas e pedaladas assistemáticas de Y como tal.

Vale ressaltar que quando Y se refere a seus exercícios físicos, cita que não

consegue “ficar parado”, ou seja, tem que estar sempre realizando alguma atividade.

Talvez, mais que uma estratégia de combate a HAS, este comportamento de Y seja

um reflexo de sua ansiedade. Esta possível relação defronta-se com o fato de que Y

praticou menos seus exercícios nestas quatro semanas de intervenção do que lhe é

habitual, e, foi constatado através do BAI que houve uma diminuição da severidade

dos sintomas de ansiedade de Y, que passou da classificação, segundo o BAI, baixa

para a mínima. Desta forma, possivelmente a diminuição de ansiedade de Y se

refletiu em sua inquietação quanto à “ficar parado”.

Os participantes sofreram episódios estressantes com muita freqüência,

porém, os mesmos encontram-se relacionados, quase sempre, a um único fato, que

é uma questão familiar.

Arriscamos a inferir com otimismo, que o fato de Y ir ao cardiologista após a

primeira semana de intervenção, talvez esteja relacionado com a atenção que

começou a ser dedicada a sua HAS em função das verificações freqüentes de sua

PA. Isto possivelmente auxiliou a conscientizá-lo quanto à gravidade de sua HAS, e


65

conseqüentemente o mobilizou a ir ao médico e iniciar novo tratamento

medicamentoso.

Em relação aos níveis de PA dos participantes, é interessante observar que:

• A combinação álcool+alimentação inadequada (com excesso de sal e gordura)

confirma o que a literatura vem tratando como fator hipertensivo, pois no dia

seguinte à ingestão concomitante destas duas substâncias a PA de ambos os

participantes não baixou após a meditação.

• A utilização de medicamentos aparentemente demonstrou-se essencial na

estabilização da PA de Y, pois sua PA começou a se estabilizar no nível

normotenso (<140 x 90) no mesmo período em que Y alterou sua medicação

anti-hipertensiva. Porém no primeiro dia (17/10 – 7° dia de intervenção) em que a

PA de Y apresentou-se dentro deste nível, ele ainda não havia começado a

tomar a nova medicação prescrita, mas estava há 12 horas de jejum para

realização de um exame de sangue, fato que salienta novamente a influência da

alimentação no controle de sua PA. Sendo que, a PA de Y se manteve no nível

normotenso desde o dia 17/10 até o final da intervenção, tanto antes quanto após

as sessões de meditação.

• Apesar do medicamento se mostrar importante, a PA de X sofreu reduções após

a meditação mesmo nos dias em que X não estava tomando nenhum

medicamento anti-hipertensivo. Contudo, antes das sessões de meditação a

pressão sistólica de X não se apresentou dentro do nível normotenso em nenhum

dia, porém sua pressão diastólica se apresentou por 6 dias dentro de tal nível.

Após as sessões de meditação a pressão sistólica de X esteve normotensa por 2

dias, e, a pressão diastólica por 11 dias. Sendo que, nos dias que ela não estava

utilizando medicação, apenas em 1 sua pressão diastólica esteve dentro do nível


66

normotenso. O que sugere novamente a importância da medicação.

• Nos dias em que os participantes haviam tido situações estressantes

relacionadas a seu filho J, a PA de ambos após a meditação não baixou ou

baixou minimamente. Sendo que, em um dos dias em que a intervenção foi

realizada, mas foi descartada devido as intercorrências ocorridas e a

impossibilidade de se aferir a PA logo após a meditação, a PA de ambos os

participantes se elevou após o contato com J. Estes fatos sugerem a influência

hipertensiva na PA dos participantes, de um evento estressor, mas precisamente

de questões relacionadas a J.

• Houve diferenças entre a diminuição da PA de X e de Y após a meditação:

- Os níveis pressóricos de Y se apresentaram mais reduzidos nos últimos dias de

intervenção do que nos primeiros;

- Apenas a pressão diastólica de X sofreu uma tendência semelhante à

supracitada;

- A pressão sistólica de Y sofreu uma diminuição após a meditação em mais dias

do que a sua pressão diastólica;

- Tanto a pressão sistólica quanto a diastólica de X sofreram redução após a

meditação em mais dias do que a de Y;

Através do BAI foi constatado que a severidade dos sintomas de ansiedade

de ambos os participantes foi reduzida após o período de intervenção. É

interessante perceber que a redução de ansiedade coincidiu com a redução das

médias finais da PA dos participantes após as sessões de meditação, e, o nível de

ansiedade de Y foi mais reduzido do que o de X, assim como a pressão arterial do

mesmo, sofreu uma diminuição maior do que a dela.

Como as alterações mensuradas pelo QSG acerca dos níveis de estresse


67

psíquico, desejo de morte, desconfiança no desempenho, distúrbio do sono,

distúrbio psicossomático e saúde geral de Y, foram mínimas, parece não ter havido

uma relação direta entre a diminuição da PA deste participante e estes fatores. O

mesmo acontece em relação a X, pois a maioria dos níveis medidos pelo QSG

subiram e apenas um diminuiu. Uma especulação possível é a de que, se estes

níveis de ambos os participantes tivessem sofrido uma redução maior, talvez a PA

dos mesmos também sofresse uma diminuição mais intensa.

Enfim, apesar da PA dos participantes não ter sido reduzida após a meditação

em todos os dias, em nenhum deles ela se elevou imediatamente após a prática.

Não fica claro, o quanto a estabilização da PA de Y esteve relacionada à meditação,

pois, esta se deu quase no mesmo período em que ele alterou a medicação. Apesar

da PA de X não ter sofrido a mesma estabilização, ela reduziu em mais dias do que

a PA de Y. Estes resultados foram interpretados como indicadores de que a

meditação possa ser utilizada, se não como tratamento principal para pessoas com o

nível de PA dos participantes desta pesquisa, ao menos como tratamento

coadjuvante. Contudo, como houve muitas variáveis, não ficou clara a relação entre

os níveis de ansiedade, estresse e HAS.

A partir desta discussão ficam aqui duas reflexões:

• Uma delas está relacionada a questões de gênero. Pois, mesmo considerando

as diferenças biológicas entre os participantes, a forma com que os mesmos lidam

com suas situações de vida diária dá um significado diferente para o gerenciamento

de sua qualidade de vida e por consequência do controle de estresse e ansiedade.

Foram indicativos de tais questões: a forma de comportamento e papéis assumidos

dentro da relação. Porém, estes dados não foram verificados ao ponto que fosse

possível se chegar a alguma conclusão, mas se constituem como fatores


68

interessantes a serem investigados, a fim de se verificar a relação gênero x doença x

tratamento.

• Outra questão emergente é o porquê que tais participantes, com uma aparente

baixa mobilização com seus cuidados de saúde, se interessam a participar de uma

pesquisa como esta. Uma pesquisa de intervenção quase que diária, sendo que,

esta intervenção é a meditação, uma prática que vem tendo seus benefícios

reconhecidos recentemente pelo “mundo” ocidental. Qual o significado que esta

prática tem para os participantes? Talvez esta seja uma nova questão que mereça

ser investigada, pois tais participantes se comprometeram efetivamente com esta

intervenção, que demonstrou (mesmo que momentaneamente) ser capaz de reduzir

a PA.
69

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WEISS, B. L. Meditando com Brian Weiss: a busca do equilíbrio, da cura e da


espiritualidade. 15 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 1998.
72

7 ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

APRESENTAÇÃO

Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa cujo objetivo é

investigar os efeitos da prática meditativa em dois sujeitos hipertensos.

Sua tarefa consistirá em responder a dois testes psicológicos que avaliarão os

níveis de estresse e ansiedade (B.A.I. e Q.S.G.) no início e no final da intervenção;

permitir a medição da sua pressão arterial e praticar sessões de meditação com

duração de 15 minutos cada, de segunda à sexta-feira, durante quatro semanas; e

responder a entrevistas semanais sobre fatores que possam influenciar sua pressão

arterial.

Quanto aos aspectos éticos, gostaria de informar que:

a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido o seu anonimato;

b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade acadêmica

podendo vir a ser publicados em revistas especializadas, porém, como

explicitado no item (a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;

c) não há respostas certas ou erradas, o que importa é a sua opinião;

d) a aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo

interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,

bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores;

e) você não terá direito a remuneração por sua participação, ela é voluntária;

f) esta pesquisa é de cunho acadêmico;


73

g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético, você

poderá contatar o responsável por esta pesquisa.

Pesquisadora responsável: Profª Maria Celina Ribeiro Lenzi, Msc.

E-mail: lenzimc@univali.br ___________________________


assinatura
Telefone: 48 - 9981 1024

Curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí – CCS

R: Uruguai, 448 – bloco 25b – Sala 202.

Acadêmica: Renata Marilete Serpa

E-mail: renatinhapsico@gmail.com ___________________________


assinatura
Telefone: 47 - 9936 1236

Endereço: Rua Antônio Stadler, nº 97 – Porto Belo

IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO

Eu __________________________________________________________

__________________________________________________________________

Declaro estar ciente dos propósitos da pesquisa e da maneira como será realizada e

no que consiste minha participação. Diante dessas informações, aceito participar da

pesquisa.

Endereço:___________________________________________________________

Telefone:________________

_________________ __________________

data assinatura
74

8 APÊNDICE A

ANAMNESE

Nome: A. R. (Y)

Idade: 57 anos

Sexo: Masculino

I - DADOS SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL

1- Quando e por quem foi diagnosticado que você é um paciente hipertenso?

O diagnóstico de hipertensão arterial de Y foi dado há aproximadamente cinco

anos por um médico cardiologista.

2- O que você conhece sobre hipertensão arterial?

Y falou brevemente sobre essa questão. Primeiramente, ele relatou que a

hipertensão é um incômodo constante. Depois fez menção ao que sua esposa havia

dito – ao responder a anamnese – “como ela falou, a gente sente né que dá uma

caloria e tal, aí já sabe que a pressão sobe né” (sic). Y relatou saber também que a

hipertensão arterial é prejudicial ao coração e colabora para o risco de derrame.

3- Como você faz o controle da hipertensão arterial?

Y verifica sua pressão arterial em farmácias, no Posto de Saúde e em hospitais,

quando viaja para outras cidades. Porém, essa aferição não é freqüente e sim

quando Y acha que sua pressão arterial está maior do que geralmente.
75

4- Como você tem lidado com esta doença?

Y relatou estar lidando com esta doença através de tratamento

medicamentoso:

“Tomando remédio, tomo até por sinal aquela caixinha, depois que eu saio do

quarto, já todo dia de manhã eu tomo. A gente parou uma época, entende, mas aí

eu vi que tinha que tomar” (sic). Parou de tomar a medicação por conta própria (sem

indicação médica), pois, segundo ele, estava se sentindo bem. No entanto, voltou a

tomá-la porque foi ao PSF (programa de Saúde da Família) próximo à sua casa e

uma determinada profissional do estabelecimento disse a ele que o mesmo não

poderia parar de tomar a medicação.

5- Quais os tratamentos que já vez?

Y já se submeteu somente ao tratamento medicamentoso, porém, diz se

exercitar frequentemente: “Eu caminho, eu pedalo, eu não páro, todo dia, todo dia,

vou lá para meia praia, ando por aí tudo de bicicleta, não páro” (sic). Contudo,

apesar de Y referir-se à prática de exercícios, observa-se através de seu relato que

esta não é uma prática sistemática.

6- Faz uso de medicação? Quais?

Y toma regularmente os medicamentos: AAS infantil, Captopril 25mg e

Hidrocloritiazida na forma de comprimidos, sendo que, ingere um comprimido de

cada uma destas medicações por dia, no período da manhã. Y relata que o

medicamento AAS está relacionado com a coagulação do sangue, o Captopril é um

anti-hipertensivo e a Hidrocloritiazida é diurética.


76

7- Utiliza-se de mais algum tratamento alternativo para o controle da

hipertensão?

Não.

8- Como são seus hábitos alimentares?

Y tem uma rotina alimentar: “De manhã eu tomo café, lá uma vez ou outra

como um pedaço de pão, uma fruta, fruta quase sempre, eu gosto de fruta. No meio-

dia almoço normal e à noite a gente tem que tá se cuidando né, uma que a gente se

janta pouco, a gente dorme melhor também, às vezes a gente sai pra jantar fora e a

gente percebe que dorme mal, então a gente tá se cuidando nessa parte aí” (sic).

Relata também não controlar a ingestão de sal tão bem quanto sua esposa: “Ela

controla mais, quando ela sai de casa eu corro lá no supermercado e compro um

torresminho, porque ela não vê, mas quando ela chega em casa ela come também”

(sic). Diz gostar bastante de cerveja, mas que só bebe em casa e que esse hábito é

freqüente, mas não diário, sendo geralmente nos finais de semana, cita também que

a quantidade de cerveja que bebe é o conteúdo de uma garrafa, raramente duas, e

que o faz juntamente com sua esposa. Disse que acha necessário cuidar da

alimentação: “A gente se sente bem, então tem que cuidar” (sic).

9- Você pratica exercício físico com regularidade? Que tipo de exercício?

Y disse caminhar e andar de bicicleta todos os dias, mas esta não é uma

prática sistemática.

10- Você sabe relatar se o aumento de sua pressão arterial sofre influência de
77

agentes externos?

Y respondeu afirmativamente esta questão, citando que se sente mal quando

vivencia situações estressantes e percebe nestes momentos que sua pressão

arterial aumenta: “Eu percebo sim, principalmente uma noite passada, um negócio

aí, me incomodei o, pensei de dar um infarte em mim, assim minha esposa não tava

em casa, fiquei apavorado, mas depois eu tentei me acalmar, não tomei nada e foi

indo melhorou” (sic). Um estressor constantemente presente no cotidiano de Y é seu

filho J. que é dependente químico, sendo que os conflitos com ele se refletem em

sua pressão arterial. Ao ser indagado se sentia diferença na pressão arterial com a

mudança de temperatura climática, disse que não, que é mais quando se incomoda.

II-DADOS CLÍNICOS

1- Possui outras doenças? Quais?

Não, mas teve sua glândula tireóide retirada devido a um tumor na mesma.

2- Faz uso de outros tratamentos?

Sim, devido a tireoidectomia total (retirada cirúrgica de toda a tireóide) a que

Y foi submetido, ele deve tomar durante toda sua vida um medicamento de

reposição hormonal. Desta forma, Y faz uso do medicamento Puran T-4, um

substituto do hormônio tireoideano.

3- Já sofreu algum tipo de cirurgia?

Sim, Y já foi submetido a dois cateterismos, uma tireoidectomia total e uma

outra cirurgia devido a uma hérnia. Os cateterismos foram devido a artérias


78

“entupidas” (sic) e foram realizados nos anos de 1989 e 1998.

4- Já teve alguma internação?

Y foi internado quatro vezes, uma para cirurgia de hérnia, uma para

tireoidectomia total, uma devido a uma infecção no intestino e outra devido a uma

cirurgia no joelho.

5- Faz uso de outras medicações?

Não, somente as já citadas (medicação hormonal e anti-hipertensiva). Y citou

ainda não gostar de tomar remédios: “Detesto tomar remédio, só em último caso,

tem que tomar, mas se não... mas se tem que tomar, tem que tomar, claro” (sic).

III -DADOS SOBRE A VIDA FAMILIAR E SOCIAL

1- Composição familiar:

Y é marido de X, que é quatro anos mais velha que ele. O casal tem quatro

filhos, sendo que os dois mais velhos, uma filha de 40 anos de idade e um filho de

36, são do primeiro casamento de X com um outro homem, porém Y também os

considera como seus filhos. Os dois filhos mais jovens, um de 33 anos de idade e

outro de 20, são frutos do casamento de Y com sua esposa H., sendo que o filho

mais novo, G., é adotivo. Y tem também quatro netos, um genro e uma nora. Porém

Y e sua esposa moram juntos apenas com G.

2- Dinâmica familiar:

Y e sua esposa são casados há 35 anos, ambos são aposentados, mas ele
79

trabalha de vez em quando (de caseiro, cuida de jardim etc). Y gosta de acordar

cedo (cinco e meia, seis horas) e fazer o café e X dorme até um pouco mais tarde. X

faz aula de pintura uma vez por semana. Y não gosta de ficar “parado” (sic) e adora

ir num determinado ponto de encontro ver os amigos, porém disse não ser

freqüentador de bar. O casal tem um bom relacionamento com três, dos seus quatro

filhos, sendo que, o único filho com o qual têm um relacionamento conflituoso é J. de

33 anos de idade. J. é usuário de drogas, além de ter outros problemas de saúde. Y

e sua esposa se preocupam muito com esse filho, relatando que ficam estressados

por causa dele. O filho que mora com Y e sua esposa é o mais jovem e o

relacionamento com ele é visto pelo casal como sendo “muito bom” (sic), este tem

uma namorada que frequenta a casa quase que diariamente, pernoitando lá

inclusive. Y e X têm um convívio agradável e afetuoso.

3- Eventos significativos:

Y é o segundo marido de X, pois seu primeiro marido faleceu em 1983, em

um acidente. X teve uma filha com o antigo marido que também já é falecida, esta

teve uma morte súbita em 1969, aos 2 anos de idade.

4- Participa de atividades de lazer, na comunidade?

Y costuma passear pelas proximidades de sua casa a pé e de bicicleta e

conversar com os amigos. Y não vai junto com sua esposa quando esta viaja para

compromissos da igreja, para ficar cuidando da casa, citando que faz isso para que

ela vá mais tranqüila.


80

III- DADOS PROFISSIONAIS:

1- Escolaridade?

Ensino Fundamental completo.

2- Profissão

Bombeiro aposentado.

3- Histórico profissional (profissões exercidas, tempo de atuação, satisfação nas

funções executadas, se houve demissões apresentar os motivos).

Y começou a trabalhar ainda criança, aos oito anos de idade, em uma

padaria, na qual ficou por seis anos, ingressando após este período em uma olaria.

No ano de 1969 entrou para o exército, residindo – nesta ocasião – na cidade de

Blumenau – SC. Após sair do exército fez um concurso público em Florianópolis,

para exercer a profissão de Bombeiro, passou no concurso, iniciando seu trabalho

na corporação de Bombeiros neste mesmo ano de 1969, permanecendo com este

ofício até o ano de 1997. Y fala com grande orgulho de sua profissão de Bombeiro,

dizendo ter gostado muito de tal trabalho.

4- Aposentadoria? (tempo, motivo e como está lidando com esta situação).

Y relatou que atualmente gosta muito de estar aposentado, mas que no início

(na primeira semana de aposentadoria) entrou em “depressão” (sic), dizendo que

ficava se perguntando “como é que vai ser” (sic), no entanto, afirmou que quando foi

se adaptando a nova rotina a aceitou bem. Sua depressão ao se aposentar foi

tratada com chás. Y diz ter sido um período difícil, mas que agora já está superado.
81

5- Nível de satisfação na profissão que exerce

Atualmente Y está aposentado.

V- OUTROS DADOS RELEVANTES

O pai de Y faleceu aos 62 anos de idade, enquanto dormia, devido a um

problema cardíaco e a mãe tem hipertensão arterial, já colocou três pontes de

safena e atualmente faz uso de marcapasso.


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ANAMNESE

Nome: H. V. R. (X)

Idade: 61 anos

Sexo: Feminino

I - DADOS SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL

1- Quando e por quem foi diagnosticado que você é um paciente hipertenso?

O diagnóstico de hipertensão arterial de X foi dado há aproximadamente dez

anos por um médico cardiologista.

2- O que você conhece sobre hipertensão arterial?

X descorreu brevemente sobre esta questão, relatando que a hipertensão

arterial pode causar derrame e infarto.

3- Como você faz o controle da hipertensão arterial?

X verifica sua pressão arterial em farmácias, no Posto de Saúde e em

hospitais, quando viaja para outras cidades. Porém, essa aferição não é freqüente e

sim quando X acha que sua pressão arterial está maior do que geralmente.

4- Como você tem lidado com esta doença?

X relatou estar lidando com esta doença através de tratamento medicamentoso e

do controle da alimentação, além de tentar não ficar estressada: “Tomo remédio, né,

cuido muito da alimentação, procuro não me estressar muito, evito comida salgada,
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que foi o que o médico pediu, cuido do peso também. X não pratica exercícios

físicos, no entanto citou ter tido o hábito da caminhada há algum tempo atrás,

dizendo que atualmente está “descuidada” (sic).

5- Quais os tratamentos que já vez?

X citou estar se submetendo a um tratamento medicamentoso e ter passado

por duas internações hospitalares nos últimos três anos: “Tive uma crise de pressão,

faz uns três anos, na época do carnaval, tive bem alta, fiquei uma semana internada

só cuidando da pressão, aí tive que tomar inclusive aquelas injeções que eles dão

na barriga” (sic). Nesta ocasião da internação, o médico do hospital em questão

receitou outra medicação, X utilizava Captopril 25mg e passou a tomar Aradois

100mg, sendo que atualmente toma comprimidos de AAS infantil e de

Hidrocloritiazida também: “Um por dia, pra coagulação do sangue né, acho que

refina o sangue se não me falhe a memória” (sic).

6- Faz uso de medicação? Quais?

Sim, X utiliza regularmente Aradois 100mg, AAS infantil e Hidrocloritiazida,

sendo um comprimido de cada por dia.

7- Utiliza-se de mais algum tratamento alternativo para o controle da

hipertensão?

Não.
84

8- Como são seus hábitos alimentares?

X procura ingerir pouca quantidade de sal, gordura e carne, citando também

que sua alimentação é mais a base de frutas e verduras. Porém, relatou que quando

vai a festas ou restaurantes é mais difícil manter uma alimentação saudável. Outra

questão importante é o fato de X ter sensibilidade à lactose e ao glúten e devido a

isto tem uma alimentação “mais balanceada” (sic), com maiores restrições, mesmo

assim, ela costuma ingerir alimentos com lactose e glúten.

A rotina alimentar de X se resume a um café pela manhã, geralmente com

bolachas, uma fruta e às vezes pão; um almoço no qual tem uma “alimentação

normal” (sic) sem muitas restrições; e a uma alimentação normalmente mais leve no

jantar.

9- Você pratica exercício físico com regularidade? Que tipo de exercício?

Não pratica exercícios.

10- Você sabe relatar se o aumento de sua pressão arterial sofre influência de

agentes externos?

X respondeu afirmativamente esta questão, citando que quando ingere

alguma bebida alcoólica em determinada quantidade sente que sua pressão arterial

aumenta: “Eu sempre gostei de uma cervejinha, mas se eu né, tomar um pouquinho

a mais, ou tomar um aperitivo e depois uma cerveja” (sic). Citou também o sal e

situações de estresse como potentes agentes externos que influenciam sua pressão

arterial. Em relação à influência da temperatura climática, X relatou que no inverno

sua pressão arterial costuma permanecer mais alta do que verão: “Minha pressão

baixa um pouco com o calor” (sic).


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II-DADOS CLÍNICOS

1- Possui outras doenças? Quais?

Sim, X relatou fazer tratamento medicamentoso devido à osteoporose e

reumatismo.

2- Faz uso de outros tratamentos?

Sim, X faz tratamento medicamentoso para combater a osteoporose e o

reumatismo, com os remédios: Maxicalc D-400 UI, Calmapax. Sendo que segundo

X, o Calmapax – receitado por um reumatologista – é para aliviar “dores na coluna,

dores nos ossos” (sic). Fisioterapia também foi indicada pelo médico, porém X não

aderiu ao tratamento fisioterápico, citando que tem colchão ortopédico, banheira de

hidromassagem e um determinado aparelho, que segundo ela a ajudam muito.

3- Já sofreu algum tipo de cirurgia?

X foi submetida a quatro cirurgias: uma delas devido a uma apendicite; uma

cesárea; uma punção de pulmão devido a uma infecção no mesmo; e uma

histerectomia, há 28 anos, em função de um acidente sofrido: “Eu tive um acidente e

tive que tirar o útero, tive uma gravidez de alto risco” (sic).

4- Já teve alguma internação?

X relatou já ter tido várias internações hospitalares: “Ah, várias, várias, só de

pulmão, com o tratamento de pulmão, eu tive ah, mais de vinte, porque tinha crises

né, tinha crises de bronquite, uma bronquite que dava uma alergia de verão, uma

síndrome alérgica de verão, e aí eu tinha que ir pro hospital, pro oxigênio, aí depois
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da punção, fiz um tratamento alérgico, né, de alergia em Florianópolis, aí melhorei,

aí não tive mais internada, por esse motivo não” (sic). Esteve internada também

devido a problemas intestinais causados por sua sensibilidade ao glúten e à lactose

e, duas vezes devido à hipertensão arterial. Sendo que, as internações por causa da

hipertensão foram nos últimos três anos.

5- Faz uso de outras medicações?

X faz uso somente das já citadas (medicação anti-hipertensiva e para

combater osteoporose e reumatismo).

III -DADOS SOBRE A VIDA FAMILIAR E SOCIAL

1- Composição familiar:

X é esposa de Y, que é quatro anos mais novo que ela. O casal tem quatro

filhos, sendo que os dois mais velhos, uma filha de 40 anos de idade e um filho de

36, são do primeiro casamento de X com um outro homem, porém Y também os

considera como seus filhos. Os dois filhos mais jovens, um de 33 anos de idade e

outro de 20, são frutos do segundo casamento de X, ou seja, do casamento atual,

sendo que o filho mais novo, G., é adotivo. X tem também quatro netos, um genro e

uma nora. Porém X e seu marido moram juntos apenas com G.

2- Dinâmica familiar:

X e seu marido são casados há 35 anos, ambos são aposentados, mas ele

trabalha de vez em quando (de caseiro, cuida de jardim etc). Y gosta de acordar

cedo (cinco e meia, seis horas) e fazer o café e X dorme até um pouco mais tarde. X
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faz aula de pintura uma vez por semana. Y não gosta de ficar “parado” (sic) e adora

ir num determinado ponto de encontro ver os amigos, porém disse não ser

freqüentador de bar. O casal tem um bom relacionamento com três, dos seus quatro

filhos, sendo que, o único filho com o qual têm um relacionamento conflituoso é J. de

33 anos de idade. J. é usuário de drogas, além de ter outros problemas de saúde. X

e seu marido se preocupam muito com esse filho, relatando que ficam estressados

por causa dele. O filho que mora com X e seu marido é o mais jovem e o

relacionamento com ele é visto pelo casal como sendo “muito bom” (sic), este tem

uma namorada que frequenta a casa quase que diariamente, pernoitando lá

inclusive. X e Y têm um convívio agradável e afetuoso.

3- Eventos significativos:

Y é o segundo marido de X, pois seu primeiro marido faleceu em 1983, em um

acidente. X teve uma filha com o antigo marido que também já é falecida, esta teve

uma morte súbita em 1969, aos 2 anos de idade.

4- Participa de atividades de lazer, na comunidade?

Sim, X faz curso de pintura em telas, uma vez por semana, às terças-feiras.

Uma vez por mês, vai a reuniões da sociedade auxiliadora feminina, a reuniões

plenárias e ao jantar dos casais (todas estas atividades são vinculadas à igreja

Presbiteriana que X frequenta). X realiza também diversos passeios, viagens e

cursos (também relacionados à igreja).


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III- DADOS PROFISSIONAIS:

1- Escolaridade?

Ensino superior completo. X cursou “Educação para o Lar” (sic), em

Florianópolis, com habilitação em Educação Artística. Sendo que, realizou o curso

através de uma bolsa de estudos.

2- Profissão

Professora aposentada.

3- Histórico profissional (profissões exercidas, tempo de atuação, satisfação nas

funções executadas, se houve demissões apresentar os motivos).

X trabalhou primeiramente no comércio e depois como professora, porém

exerceu por maior tempo o oficio de professora (por 23 anos), do qual diz ter

gostado muito, só parando de trabalhar ao se aposentar. Trabalhou em quatro

escolas, permanecendo na última por vinte anos. Sendo que, nos três primeiros

anos, enquanto professora, deu aulas de quinta a oitava série, trocando de escolas

porque não tinha uma vaga efetiva: “Depois que eu me efetivei fiquei vinte anos no

colégio” (sic).

4- Aposentadoria? (tempo, motivo e como está lidando com esta situação).

X está aposentada desde 1994 e relata estar gostando muito de sua

aposentadoria: “Uma fase muito boa da minha vida, né, porque tendo um salário

razoável, que nós temos, graças a Deus, então a gente concilia o trabalho de casa

com essas atividades, também nós fizemos viagens, quando dá viagens maiores, se
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não pequenas viagens, já conhecemos quase todo o nosso estado, já fomos

também até Curitiba, que eu já conheço mais porque estudei lá né, e conhecemos

uma parte do Rio Grande, fomos até São Paulo, Rio de Janeiro e eu já cheguei até

mais próximo de Minas” (sic). Porém, em relação à aposentadoria de seu marido, X

relatou que até hoje não se acostumou completamente com o fato de seu marido

não exercer mais sua profissão. No entanto, X finalizou esta última observação

citando que gostam muito de estar aposentados.

5- Nível de satisfação na profissão que exerce

X atualmente está aposentada.

V- OUTROS DADOS RELEVANTES

X relatou que a dependência química de seu filho e suas conseqüências se

refletem no aumento de sua pressão arterial: “O problema com meu filho, né, que é

um caso a parte, né, a doença dele, a dependência química dele. Tem afetado um

pouco né, faz com que automaticamente a gente se estresse, se incomode, né, às

vezes vem uma dor de cabeça forte, às vezes deixa até de se alimentar, porque fica

tão nervosa” (sic). Cita que no mais “a situação tá boa” (sic).

Outro dado citado por X foi em relação a sua mãe já falecida, sendo que X

afirmou que a causa da morte foi uma depressão profunda, que deixou sua mãe

acamada por alguns anos, antes de morrer. O pai de X também já faleceu, devido a

um derrame.
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9 APÊNDICE B

1ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM Y

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“Foi normal como os outros dias né, como sempre né. Acordo de manhã, ela [sua

esposa] fica na cama, dorme até umas nove, dez horas né, daí eu fico trabalhando,

tenho que levá café pra ela na... agora eu comprei um sininho ali né. Não, foi normal

né, como os outros dias” (sic). Foi indagado se o casal dorme no mesmo horário:

“Não, eu durmo mais cedo e acordo bem cedo” (sic).

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“Bom, foi o que a minha esposa falou né, por causa do guri [seu filho] né; e essa

semana eu fui pra Gaspar, no dia que ela fez a festinha ali, eu fui pra Gaspar na

casa do meu irmão, e houve um acidente muito feio na barra da Ilhota né, morreu

um cara de moto né, foi quarta-feira, mas aquilo ali também a gente já ta

acostumado né, com esse tipo de acidente né, mas o que chocou a gente foi isso aí”

(sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“Foi bem isso aí, isso aí me deixa bem estressante, me deixa bem, bem, vê ele no

bar, entende, não se dedicar à família, como ontem, dia das crianças né, não passou

o dia com as criança, passou o dia no bar, isso aí me deixa bem estressante, me

deixa pra baixo” (sic).


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4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“A gente às vezes abusa um pouquinho né, mas bem pouquinho, mas porque a

gente saiu né, quando a gente come em casa então a gente controla um pouco

mais, ela controla, eu não né, ela me controla” (sic). Foi indagado se ingeriram

bebida alcoólica: “Sim, tomamos, nós tomamos no... na pizzaria nós tomamos duas

né, duas garrafas e ontem duas latinhas [de cerveja], no caso uma pra cada um né e

também foi só né, mais nenhuma bebida alcoólica” (sic).

5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

“Essa semana foi mais parado por causa desse tempo aí né, por causa no tempo

ruim, mas, mas, eu já acordei cedo hoje, já fui lá na outra casa lá, plantei umas

folhagens lá, já plantei aqui em casa, entende, mas eu gosto de... não to parado, me

acordo seis e meia, saio do quarto deixo ela dormir, ela gosta de dormir, já trabalhou

bastante, então, mas eu gosto de... não há meio de eu ficar na cama, pode ter

chuva, vento, sol, seja o que for eu na cama não fico, tenho esse hábito já do próprio

serviço, mas eu gosto do que faço” (sic).

6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“Não, não mudou, continua o mesmo” (sic).

7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

“Não” (sic).
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2ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM Y

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“Eu durmo cedo e acordo cedo, normal” (sic). Foi indagado por volta de que horas

seria este “cedo”, ao que Y respondeu: “Nove horas nove e meia [vai dormir], cinco e

meia [acorda]” (sic). “Mas eu acordo cedo, eu gosto de acordar cedo, eu quando...

vejo as folhagens aqui, faço café, isso todo dia, não há meio de ficar na cama, à

tarde eu dou uma pedalada, ando na estrada, é bom” (sic).

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“Não” (sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“O que tá me deixando, de mais estressante assim, é esse meu problema, a

gente fica com medo né [da pressão]” (sic).

4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“Bastante, é ontem eu ainda comi salgado né, comi arroz, batata e frango, mas a

partir de hoje eu já não vou comer mais” (sic). A esposa de Y relatou que ele comeu

pouco sal no dia anterior.

5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

“Ah, eu gosto de caminhar, pedalar, mas essa semana andei menos né, ontem eu

fui dá uma pedalada me senti bem fraco vim embora né, se sente fraco porque a

gente não com a alimentação certa né” (sic).


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6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“Mudou” (sic). No dia anterior à entrevista (quinta-feira, 19/10) Y começou a tomar

a nova medicação receitada pelo cardiologista, no qual Y foi na segunda-feira

(16/10). Porém ele não ingeriu a dose diária recomendada pelo médico, porque se

sentiu mal ao tomar os medicamentos pela manhã, ficando frio e tremendo, relaciona

isto ao fato de estar se sentindo fraco devido ao mal estar intestinal e também acha

que sua pressão arterial deve ter baixado excessivamente. Então diminuiu a dose

por conta própria. O médico receitou: um comprimido por dia de Propranolol 40 mg,

dois comprimidos de Captopril 25 mg de oito em oito horas e um comprimido diário

de Hidrocloritiazida. Contudo Y tomou: um comprimido de Hidrocloritiazida, dois de

Propranolol (um pela manhã e outro à noite) e tomou três de Captopril (dois de

manhã e um à noite).

7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

Y tomou um flaconete de Enterofigon na quinta e na sexta-feira pela manhã. “Um

produto mais ou menos natural, que eles vendem na farmácia” (sic).


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3ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM Y

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“Bom, apesar do problema meu que tem acontecido né, agora já tô começando a

me alimentar normal e tô tomando os remédio né e tendo uma alimentação normal,

voltou ao normal” (sic). Relatou ter ido dormir à noite e acordado pela manhã no

horário de sempre.

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“Não” (sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“Não” (sic).

4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“Foi, teve uma alteração boa que agora a gente tá voltando ao normal” (sic).

Relatou ter ingerido menos gordura e sal, porém no dia anterior à entrevista (quarta-

feira, 25/10) disse ter comido “bisteca de porco” (sic).

5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

“Não continua o mesmo ritmo” (sic).

6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“Alterou né, alterou, eu tô tomando mais medicamento, mudei semana passada

né, o Puran é o mesmo né, o Captopril em vez de um eu tô tomando... não tô


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tomando o dia todo ainda, porque eu tô tomando muitos remédio né, tô tomando

dois [comprimidos de Captopril] só de manhã, à noite eu não tô tomando, mas eu

vou começar a tomar essa semana porque segunda-feira eu tenho exame do

coração pra fazer né, um eletro e então eu vou começar a tomar normal” (sic). Y

continua tomando os outros medicamentos (Propranolol, Hidrocloritiazida e AAS

infantil) normalmente.

7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

“Não” (sic).
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4ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM Y

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“Foi normal né, tô tomando os remédios, aumentei a dose, mas... não, normal,

normal não foi, não andei mais caminhando, não pedalei, porque não deu, eu

caminhei mas pouco assim sabe” (sic). Foi indagado sobre o horário de dormir e

acordar: “Mesmo horário” (sic).

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“Não” (sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“Sempre tem né, teve” (sic). Y se estressou devido ao comportamento de seu filho

J.

4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“Não” (sic). Foi indagado se está continuando com a dieta de quando estava com

uma virose: “É, fiz aquela dieta né, mas agora já tá normal” (sic).

5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

“Houve, mas essa semana já vou começar a retomar” (sic).

6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“Já mudou na outra semana já” (sic).


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7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

“Não, só esses mesmo” (sic).


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1ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM X

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“Fiz o serviço da casa né, tenho feito o serviço da casa, quarta fiz uma faxina né,

uma faxina boa; assisti bastante televisão, que é o que eu gosto; fui passear no

Balneário de Camboriú, caminhamos lá por dentro de uma loja né, uma loja de

departamentos; vendi um quadro, vendi um conjunto de mesas de craquelado né, e

um quadro de peixes que eu pintei. Ontem tive reunião de departamento na minha

igreja, teve uma palestra sobre presente né, como dá presente, como recebê; depois

teve um lanche, que era aniversário também de uma senhora do nosso grupo.

Saímos nós dois, fomos na pizzaria, jantamos, também isso na terça-feira à noite.

Visitei a minha neta, levei uns presentinhos né” (sic). Foi indagado sobre o horário

de dormir, se tem dormido tarde: “Não, normalmente depois das dez, depois das

dez, dez, dez e meia, eu assisto a novela né, a mais um programinha, depois eu

durmo, mais ou menos isso” (sic).

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“Foi a certeza de que meu filho voltou pras drogas, né, já que ele é um

dependente e também a notícia de uma amiga nossa, que já teve câncer e agora vai

ter que fazer uns exames novamente. Mas em compensação também tive uma

notícia boa, que a minha sobrinha tava bem doente, com uma grave infecção nos

rins e ela ta se restabelecendo né, também foi uma coisa que marcou bastante; e

também tive, domingo à noite tivemos um culto muito abençoado né, onde foi feito

orações, né foi lido o nome do meu filho, foi feito orações especiais pra ele né, toda

a comunidade da igreja; e a minha nora também fez uma festinha né, uma festa na
99

favela pras crianças pobres né, algumas ruas do bairro, algumas vizinhas ajudaram

né, não teve muito sucesso porque ainda tem aquele pobre orgulhoso, que não vai

buscá o que ganha, mas deu tudo certo, eu não fui mas ajudei né, a gente ajudou

com alguma coisa, mas ontem ela conversou, disse que deu tudo certinho né; foi

mais ou menos isso” (sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“É, com relação a meu filho né, só isso, com relação a meu filho né e... não, de

stress é só meu filho, no mais tudo certinho, porque tem sido uma semana mais né,

apesar desse problema dele, mas como a gente convive com esse problema, a

gente também já contorna um pouco né” (sic).

4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“Houve, é essa semana eu comi mais, eu comi duas vezes em restaurante, depois

jantei uma noite num restaurante e ontem comi muito doce lá na festa né, eu notei,

até hoje eu falei pra ele né [para o marido] eu disse: eu já engordei um pouquinho”

(sic). Foi indagado qual foi a festa: “Aniversário lá da menina, depois da reunião né,

teve um aniversário, com aquele grupo de senhoras, e é uma festa porque elas

fazem um banquete né, tinha melancia, salada de frutas, salgados, doces, tudo que

era bom, uma torta de morango muito grande, mesmo no meu caso que eu não

posso comê muito trigo, saí fora do sério” (sic).

5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

Não pratica.
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6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“Não, não houve não, o remédio é o mesmo” (sic).

7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

“Não, nenhum” (sic).


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2ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM X

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“Acordei no horário né, entre oito e oito e meia e a comida normal também, fui

duas vezes na pintura e fiz o serviço caseiro né que é o meu hábito né, de manhã eu

arrumo a casa, faço almoço, de tarde sempre descanso um pouco, a tarde né, com

exceção de terça e quarta que eu fui na pintura, no mais foi tudo normal” (sic). Ao

ser indagada em que horário costumava dormir a noite respondeu: “Entre nove e

meia dez horas”. Classificou seu sono como “regular” (sic): “Essa semana eu me

acordei umas duas vezes assim, na noite, um dia eu me acordei quatro e meia, outro

dia me acordei... mais ou menos nesse horário, depois consegui voltar a dormir”

(sic).

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“Não, não aconteceu nada” (sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“O problema de saúde dele né [de seu marido], essa infecção intestinal né, a

pressão dele também né ficou muito baixa, devido à dieta que ele fez né e

automaticamente ele faz dieta eu faço junto né pra não ter que cozinhar né, ontem

eu fiz peito de frango com batatinha, foi o que ele comeu e arroz... arroz branco né,

eu faço a dieta junto com ele assim né” (sic). Y irá ao médico esta manhã: “Ele não

tá bem, pode ser uma infecção né, uma virose mesmo e aí tem que tomar um

antibiótico né, quer dizer eu não vou comprar um antibiótico né, comprei só um
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Enterofigon né, que é um... aqueles flaconetezinhos pro fígado, que ajuda né, mas

eu digo pra ele: tem que ir no médico” (sic).

4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“Não, tudo normal” (sic).

5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

Não pratica.

6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“Não” (sic).

7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

“Não, nenhum, graças a Deus” (sic).


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3ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM X

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“Meio agitado porque né, os preparativos pra viagem, domingo também fui ao

aniversário do irmão dele, e aí sempre a gente come um pouquinho a mais né, tomei

duas cervejas, aí segunda-feira à tarde fui cozinhar na igreja, terça à tarde eu fui

cozinhar na igreja, não, terça não... é terça foi à tarde também, ontem eu fui fazer

compras em Itajaí e ontem eu comecei a tomar o Aradois novamente né, não tomei o

Captopril, tomei o Aradois, um à noite e um Propranolol e hoje eu tomei o Endronax

[70 mg], eu tomava e parei né, agora recomecei, é um por semana, é pra

osteoporose; e no mais né, hoje eu tô me preparando né [para viajar], acordei bem

cedo, cinco horas, limpei casa, lavei roupa, fiz pão, assei carne, fui fazer a unha”

(sic).

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“É foi o preparativo da viagem né, as reuniões que tivemos as comidas que a

gente preparou na igreja, alguma coisa a gente vai levar pronta” (sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“Não, não né, mais expectativa só” (sic).

4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“Essa semana eu comi, assim um pouquinho a mais do que a semana passada,

mais carne, semana passada eu fiz uma razoável, essa semana almocei, ontem eu

almocei fora e comi salgadinhos também, durante a semana, assim a mais” (sic).
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5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

Não pratica.

6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“É mudei, continuei, agora voltei” (sic). Relatou que ficou quase três semanas sem

tomar os medicamentos anti-hipertensivos e que voltou a tomá-los esta semana. “Aí

eu voltei a tomar, essa semana eu voltei a tomar o Captopril e ontem, a partir de

ontem eu comecei a tomar o Aradois, aí eu não vou tomar mais o Captopril” (sic).

Citou que esta semana estava tomando dois comprimidos de Captopril 25 mg e um

de Propranolol 40 mg. “E agora eu vou continuar com o Propranolol que o médico

também já tinha receitado pra mim, mas fazia tempo, e o Aradois e vou começar a

tomar hoje também o Maxical C 400, que é um após o almoço, um por dia, sempre

após o almoço” (sic).

7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

“Não, não tomei nada” (sic).


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4ª ENTREVISTA SEMI – ESTRUTURADA COM X

1- Quais foram seus hábitos de vida diária esta semana?

“É, domingo e segunda né, foi alterado porque eu estava viajando, fui a Mato

Grosso, então a alimentação também né, uma alimentação leve, bem leve por sinal

e lá foi mais descanso né, foi uma viagem de trabalho, mas um trabalho leve, um

trabalho religioso, e, aqui tudo normal, em casa eu cheguei segunda e foi tudo

normal” (sic). Foi indagado sobre o horário de dormir e acordar: “Sim, mais ou

menos no mesmo horário” (sic).

2- Você vivenciou algum evento significativo esta semana?

“Quarta-feira foi o aniversário da minha cunhada, né foi quarta agora né, foi uma

reunião de família, aí a alimentação lá foi como eu falei mais solta, tomei cerveja,

doces, mais carne” (sic).

3- Você passou por alguma situação estressante esta semana?

“Foi uma discussão com meu filho né, que alterou bastante a pressão, foi a vinte, a

máxima foi a vinte” (sic).

4- Houve alguma alteração na sua alimentação?

“Não, em casa normal né, com exceção desses dias que eu saí né. Ontem a gente

fez um churrasco, comemos um churrascozinho, mas a gente procurou controlar no

sal também né” (sic). Foi indagado se ela ou o marido ingeriram bebida alcoólica

nesse churrasco: “Tomamos uísque” (sic).


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5- Houve alguma alteração na sua rotina de prática de exercício?

Não pratica.

6- Houve alguma alteração no uso de medicamentos anti-hipertensivos?

“Não” (sic). Foi indagado se continuava a tomar os remédios que estava tomando

na última semana: “É, eu comecei a tomar desde a outra semana, já... tomava só...

do captopril eu voltei pro aradois e tô tomando propranolol e AAS” (sic).

7- Você utilizou algum medicamento esta semana? Qual?

“Não, não precisei” (sic).

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