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Módulo 26 7º Ano
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“Santo do pau oco” é uma expressão popular de
origem histórica utilizada no Brasil para designar pessoas
dissimuladas. Segundo o imaginário popular, o santo do
pau oco era, nas regiões mineradoras brasileiras, durante
o Período Colonial, um símbolo do contrabando de ouro,
em pedra ou pó, e de diamantes. Eram estátuas de madeira
esculpidas de diversos tamanhos, ocas por dentro, nas
quais o ouro e as pedras preciosas eram escondidos para
Expectativas de aprendizagem:
que ninguém soubesse, uma vez que os impostos cobrados – Compreender a especificidade da sociedade mineradora;
pelo fisco estavam muito altos. Governadores, escravos e
– mostrar as expressões culturais oriundas da mineração;
clérigos estavam envolvidos nesse tipo de contrabando. – valorizar e entender a obra de Aleijadinho.
Essa versão é considerada uma lenda, assim como
muitas histórias mineiras de comprovação discutível
envolvendo esse tipo de imagem. Provavelmente, as estátuas escavadas, para que as peças rachassem menos e ficassem
foram feitas assim pelos mesmos motivos que na Europa, mais leves. Vamos ver, neste módulo, as principais carac-
onde, desde a Idade Média, as esculturas de madeira eram terísticas da mineração no Brasil.
1. As consequências da mineração
1.1 Mudanças políticas e econômicas Dinâmicas da zona mineradora
núcleo da zona mineradora
A mineração de ouro e diamantes contribuiu para correntes de abastecimento
uma série de mudanças ocorridas no Brasil. Entre elas, articuladas por São Paulo
correntes de abastecimento São Luís
destacam-se uma intensa migração para a região das minas, articuladas pelo Rio de Janeiro
o expressivo processo de urbanização de Minas Gerais e o correntes de abastecimento Fortaleza
articuladas por Salvador
nascimento de um mercado interno. A descoberta do ouro Natal
ravos
aumentou também o meio circulante de riquezas na região esc avos
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e houve uma necessidade crescente de serviços e produtos.
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A região de Minas Gerais atraiu o charque (tipo de s
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realizadas por tropeiros, que levavam os produtos em cima aran São Paulo Rio de Janeiro d urop
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Aires Montevidéu Re
de Salvador para o Rio de Janeiro (1763). O objetivo dessa gado Rio
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medida era aumentar a fiscalização e o transporte do ouro ta
para Portugal.
6 HISTÓRIA
7º Ano Módulo 26
Itambé do
Com a sua abertura, a viagem do Rio para Minas Mato Dentro
Bom Jesus
poderia ser realizada em 12 ou 17 dias, conforme o ritmo Sabará do Amparo
BELO HORIZONTE Caeté
da marcha. A vantagem do “caminho novo” era óbvia Rio Acima
Santuário
do Caraça
Santa Bárbara
Caminho do Santa Rita Durão
em comparação com o de São Paulo a Minas, no qual Sabarabuçu Itabirito
OURO PRETO
Mariana
Parque Estadual
se gastavam 60 dias. Essa vantagem teve importantes Congonhas
Entre Rios
do Itacolomi
Lavras Novas
de Minas Ouro Branco
consequências, pois transformou o Rio de Janeiro no maior Lagoa Dourada
Prados
fornecedor de produtos para as minas e na principal rota Caminho Velho Tiradentes
Carandaí Caminho Novo
Juiz de Fora
Mato Grosso, as perdas foram atenuadas. Caxambu Cruzília Monte Serrat
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árdua do que no engenho, pois trabalhavam o dia inteiro
em pé, dentro de rios ou de túneis que desabavam
frequentemente. Além disso, os negros transportavam
mercadorias e pessoas, construíam estradas e casas e
vendiam produtos nas cidades. Depois dos escravos, os
homens livres e pobres eram maioria em Minas Gerais.
Normalmente, eram marginalizados das atividades mine-
radoras. Muitos perambulavam pelas cidades, pedindo
esmolas, praticando pequenos furtos ou trabalhando em
diversos serviços, como construção de obras públicas,
expedições em busca de ouro ou destruindo aldeias
Debret, Mercado de escravos da rua do Valongo, Rio de Janeiro, século XIX.
indígenas e quilombos.
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Os desabamentos e acidentes em minas são muito
comuns até hoje. No ano de 2014, aconteceu um dos
maiores acidentes de desabamento na Turquia, deixando
299 mineiros mortos. “Foi um acidente inacreditável em
um sítio onde ocorreram poucos acidentes nos últimos
30 anos”, disse o presidente da Soma Holding (empresa
que controla a mina), Alp Gürkan, em uma conferência
de imprensa.
Logo depois do ocorrido, os responsáveis pela
mina relataram que a explosão de um transfor-
mador havia provocado o incêndio que se alastrou
com rapidez e levou ao colapso de parte da mina.
Entretanto, a empresa garante que não foi isso o que
aconteceu, negando falhas de manutenção – afinal,
teria havido um aumento inexplicável de calor que
provocou o fogo e o desabamento. Ruínas de minas na Turquia mostram a destruição causada pelo desabamento.
Outro exemplo da mudança atingia comerciantes, favoreceram o desenvolvimento das artes em Minas
agricultores, artesãos (carpinteiros, alfaiates, ourives), Gerais. O movimento barroco desenvolveu-se com os
profissionais liberais (professores, advogados e médicos), primeiros núcleos urbanos. As principais manifestações
padres, garimpeiros e artistas. As pessoas mais ricas da dessa arte foram as construções religiosas localizadas em
região não eram os mineradores, pois pagavam muitos Salvador e Recife. O auge do Barroco, porém, manifestou-
impostos com a produção de ouro, e sim os grandes comer- -se nas cidades mineiras do Ciclo do Ouro, como Ouro
ciantes que vendiam alimentos para abastecer a região. Preto e Mariana.
Apesar da influência inicial do Barroco europeu, a arte
2. O Barroco barroca no Brasil assumiu características próprias. Esta
evocava a religião em cada detalhe: altares, geralmente
O Barroco foi uma das formas de expressão artística
em madeira, expunham ricos ornamentos espirais ou
mais visíveis entre o século XVII e a primeira metade do
florais e eram entalhados com figuras de anjos e imagens
século XVIII no Brasil. O enriquecimento provocado pela
revestidas de uma fina película de ouro. Santos em relevo
mineração e a forte religiosidade dos povos das minas
8 HISTÓRIA
7º Ano Módulo 26
foram distribuídos pelas capelas da nave central, e o planta da Igreja do Carmo da Vila Rica) com uma escrava
teto, representando geralmente um céu em perspectiva, negra, produziu trabalhos que revelavam o extraordinário
aumentava a sensação de profundidade no ambiente. desenvolvimento do Barroco mineiro. Considerado gênio
O mais famoso artista barroco da região foi Antônio por muitos, sofria de uma doença que o deformava –
Francisco Lisboa (1730-1814), responsável por uma vasta origem do apelido Aleijadinho – e, por isso, trabalhava com
obra na arquitetura e na escultura, destacando-se com o martelo e o cinzel amarrados nos braços. Considerava-se
projetos nas igrejas e nos centros urbanos. Nascido filho um “escultor ornamental” que utilizava, no exercício de sua
ilegítimo do português Manuel Francisco Lisboa (autor da arte, o padrão decorativo do entalhe (madeira esculpida).
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Cristo flagelado. Cristo no Horto das Oliveiras. Cristo carregando a cruz.
C om a prática de
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01 Sobre a mineração que se desenvolveu no Brasil Uma das consequências do processo descrito no texto,
colonial, podemos afirmar que: em termos administrativos, foi:
(A) contribuiu para a decadência do ciclo açucareiro, pois (A) a transferência da capital do vice-reinado para São
os grandes senhores de engenho abandonaram suas Paulo, que passou a ser o polo econômico mais
lavouras para se dedicar à mineração. importante da Colônia.
(B) contribuiu para o desenvolvimento da produção (B) a criação das Câmaras Municipais que passaram
açucareira, na medida em que gerava capitais para a deter, na Colônia, os poderes de concessão para
serem investidos nessa atividade agroexportadora. exploração do ouro em Minas Gerais.
(C) contribuiu para o desenvolvimento do mercado (C) o deslocamento do eixo da vida da Colônia para o
interno, na medida em que criou um importante Centro-Sul, especialmente para o Rio de Janeiro, por
centro consumidor de produtos de subsistência de onde entravam escravos e suprimentos e por onde
outras regiões. saía o ouro das minas.
(D) não favoreceu em nada o mercado interno, pois os (D) o desaparecimento do sistema de capitanias here-
raros produtos de subsistência não produzidos na ditárias e sua substituição, na Região Sudeste, pelas
região eram importados da Europa. províncias.
(E) não contribuiu em nada para o mercado interno (E) o desenvolvimento de um comércio paralelo de
da Colônia, pois a zona de mineração era centro escravos nas antigas regiões produtoras de açúcar, o
consumidor de gêneros de subsistência em proporções que gerou a necessidade de centralizar o poder nas
insignificantes. mãos dos ouvidores.
02 No século XVIII, a produção do ouro provocou 04 Entre as características da sociedade da região das
muitas transformações na Colônia. Entre elas, podemos Minas Gerais no período da extração de ouro, no século
destacar: XVIII, podemos citar:
(A) a urbanização da Amazônia, o início da produção (A) maior mobilidade social que no restante da Colônia.
do tabaco e a introdução do trabalho livre com os (B) pequeno desenvolvimento artístico e ausência de
imigrantes. estímulo à produção cultural.
(B) a introdução do tráfico africano, a integração do índio (C) predomínio do meio rural sobre o urbano, como no
e a desarticulação das relações com a Inglaterra. restante da Colônia.
(C) a industrialização de São Paulo, a produção de café (D) comércio interno restrito e ausência de setores sociais
no Vale do Paraíba e a expansão da criação de ovinos intermediários.
em Minas Gerais. (E) menor presença de irmandades religiosas que no
(D) a preservação da população indígena, a decadência restante da Colônia.
da produção algodoeira e a introdução de operários
europeus. 05 Nos centros urbanos do Brasil colonial, a arquitetura
(E) o aumento da produção de alimentos, a integração e as artes caracterizaram-se pelo estilo:
de novas áreas por meio da pecuária e do comércio
e a mudança do eixo econômico para o Sul. (A) rococó.
(B) renascentista.
03 (C) art nouveau.
Há exagero em dizer que a extração do ouro liquidou (D) modernista.
a economia açucareira do Nordeste. Ela já estava em (E) barroco.
dificuldades vinte anos antes da descoberta do ouro (...).
Mas não há dúvida de que foi afetada pelos deslocamentos
de população e, sobretudo, pelo aumento do preço da mão
de obra escrava.
10 HISTÓRIA
7º Ano Módulo 26
(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas I e II.
(D) Apenas I e III.
(E) Apenas II e III.
Mineração: sociedade e cultura em HISTÓRIA 11
Minas Gerais Módulo 26 7º Ano
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HISTÓRIA 12
Módulo 27 7º Ano
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feita com o seu governo, ela mostra de alguma forma
indignação e ânsia por mudança. Seja por pequenas
rebeliões, grandes revoltas ou até mesmo revoluções,
indivíduos tentam tomar para si as responsabilidades
políticas, buscando destituir o governo vigente ou, pelo
menos, mudar a sua conduta.
Mas e quando dá errado? E quando as forças
Expectativas de aprendizagem:
repressoras do governo conseguem abafar as revoltas?
– Compreender o contexto que culminou nas revoltas
Dependendo da época e da sociedade, a punição pode durante o Período Colonial;
ser mais branda ou mais extremada, como a pena capital. – entender as especificidades das rebeliões coloniais;
Hoje, poucos Estados adotam a pena de morte em suas – reconhecer a inexistência de um intuito separatista nas
revoltas.
Constituições. Um exemplo é a Indonésia, que aplica leis
rigorosíssimas no combate ao tráfico de drogas. Quem
for pego com mais de cinco gramas de droga pode ser Apesar do sadismo velado, fazia-se isso como forma de
condenado à morte por fuzilamento. A lei não prevê dar o exemplo e amedrontar os que planejavam se voltar
exceções para estrangeiros. contra o governo: qualquer um que ousasse repetir o ato
Até a República, o Brasil apresentava postura semelhante teria o mesmo fim.
com relação a revoltas contra Portugal ou a Monarquia. Neste módulo, vamos aprender sobre as principais
Muitos foram os líderes de revoltas esquartejados e que revoltas no Brasil durante o Período Colonial. Veremos
tiveram seus membros espalhados pelas províncias. os seus motivos, objetivos e desfechos.
1. Introdução
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de má qualidade a preços altos, usava medidas e pesos
adulterados para comprar os produtos dos colonos e
pagava preços baixos pelos produtos que comprava.
No início de 1684, liderados pelos irmãos Manuel e
Tomás Beckman, os colonos invadiram e destruíram o
colégio dos jesuítas – os quais combatiam a escravização
de índios –, saquearam os armazéns da Companhia
e depuseram o governador local. Manuel Beckman
assumiu o governo e aboliu o monopólio da Companhia
de Comércio. Mesmo assim, não conseguiu resolver os
problemas econômicos da região e não obteve apoio de
outras capitanias. Pintura representando a Guerra dos Emboabas.
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escapar da cobrança do quinto: era comum
o contrabando na região e esconder o ouro
produzido. Com o objetivo de controlar esse
contrabando, o rei de Portugal criou as casas
de fundição. Esses locais deveriam receber
todo o ouro produzido para ser transformado
em barras com o selo real, depois de retirado
o quinto para a Coroa portuguesa. Portanto,
o ouro só estaria em situação regular se tivesse
passado pela casa de fundição.
Com o anúncio da criação das casas
de fundição, uma multidão liderada pelo Estabelecida em 1653, a Casa de Fundição, que já serviu como quartel e Casa da Câmara e
tropeiro Filipe dos Santos elaborou um cadeia, atualmente abriga o Museu Municipal de Iguape.
documento denunciando a corrupção dos o governador de Minas Gerais, o Conde de Assumar,
funcionários da Coroa, os impostos cobrados, e exigindo fingiu aceitar as condições dos revoltosos e organizou
o fechamento das casas de fundição. Para ganhar tempo, uma repressão violenta contra eles.
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A poetisa Cecília Meireles deixou, no seu
Romanceiro da Inconfidência, um canto em que
lamenta a destruição e perseguição do governador de
Minas Gerais a Filipe dos Santos e aos outros revol-
tosos; ali, seus versos retratam um algoz cruel – “Dizem
que o Conde se ria! / mas quem ri, chora também” –,
pois abusara do poder e traíra sua própria palavra.
O poeta Carlos Drummond de Andrade, em
Passeios na ilha, referiu-se sobre o mesmo acon-
tecimento, descrevendo-o: “[As ruínas do Morro
da Queimada] são ásperas, cruéis, e se não vêm
seguramente daquele dia de julho de 1720, em que a
soldadesca de Conde de Assumar ateou fogo no arraial
de Ouro Podre”.
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Foi a primeira cidade brasileira a ser declarada
Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco), principalmente pela
arquitetura preservada do Período Colonial brasileiro,
com a construção de estruturas fiscalizadoras, igrejas
luxuosas e belos sobrados.
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Coroa era comum naquela época e visava intimidar outras
pessoas que tentassem uma nova revolta.
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Emboabas?
01
Em 1720, a Coroa portuguesa decidiu proibir defini-
tivamente a circulação de ouro em pó, instalando a Casa
de Fundição em Vila Rica, onde todo o metal extraído
das minas deveria ser transformado em barras para
depois ser transportado ao litoral. A medida pretendia
acabar com o contrabando e incrementar a arrecadação
de impostos, prejudicando os interesses dos proprietários
de lavras auríferas, comerciantes e profissionais liberais
que recebiam ouro em pó pelos seus serviços, além dos
tropeiros que escoavam a produção. As novas diretrizes
foram intensamente discutidas nos bares, nas tavernas,
A Vila de Olinda e o Porto de Recife no fim do século XVI. e críticas ferozes eram lançadas nas rodas de conversa
Para agravar a tensão entre as cidades, o governador contra a administração local. Uma revolta se levantaria
de Pernambuco passou a morar em Recife e o povoado contra as medidas de controle da Coroa.
foi elevado à categoria de vila. Assim, Recife seria legi- Eles formaram o Brasil, Fábio Pestana Ramos e Marcus Vinicius de Morais.
timada como centro político de Pernambuco. Por esses A revolta ocorrida contra as medidas de controle da Coroa
motivos, no ano de 1710, os olindenses tentaram matar portuguesa foi:
o governador e invadiram a cidade de Recife.
(A) a Guerra dos Emboabas.
Os recifenses organizaram ofensiva contra os invasores (B) a Revolta de Filipe dos Santos.
e, com a ajuda do governo português e de outras capitanias, (C) a Inconfidência Mineira.
conseguiram vencer Olinda. Um novo governador foi (D) a Guerra dos Mascates.
nomeado, Felix José de Mendonça, que prendeu mais de (E) a Revolta de Beckman.
cem integrantes da aristocracia de Olinda. A cidade de
Recife prosperou e tornou-se mais tarde a sede da capitania 02
de Pernambuco. À medida que o século chegava ao fim, agravava-se a
tensão entre os comerciantes portugueses residentes em
Recife e os produtores luso-brasileiros. Esse atrito assumiu
a forma de uma contenda municipal entre Recife e Olinda,
ou seja, entre o credor urbano e o devedor rural. Olinda era
01 Qual era o principal objetivo das revoltas coloniais a principal cidade de Pernambuco e sediava as principais
ou nativistas? instituições locais. Lá, os senhores de engenho tinham suas
casas. Por outro lado, o porto de Recife, a poucos quilômetros
02 Quais foram os fatores para a eclosão da Revolta de
de distância, era o principal local do embarque das exporta-
Beckman?
ções de açúcar da capitania.
História do Brasil: uma interpretação, Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota.
Rebeliões coloniais: Emboabas, Vila Rica, Beckman e Mascates HISTÓRIA 17
Módulo 27 7º Ano
A tensão mencionada no texto contribuiu para desenca- 04 Considerando os conflitos sociais que ocorreram no
dear qual das rebeliões coloniais citadas abaixo? Período Colonial, é correto afirmar:
(A) Aclamação de Amador Bueno da Ribeira. (A) Todos os conflitos ocorridos no Período Colonial
(B) Revolta de Beckman. entre colonos e forças metropolitanas são conside-
(C) Guerra dos Mascates. rados precursores da independência, sendo iniciados
(D) Guerra dos Emboabas. por grupos de colonos sempre oprimidos que
(E) Revolta de Filipe dos Santos. buscavam mais liberdade, igualdade e fraternidade.
(B) Foram movimentos nativistas que, estimulados pelo
03 antiabsolutismo e por ideias liberais, lutavam pela
Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal – Conde independência do Brasil.
de Assumar – casou-se em 1715 com D. Maria José de (C) A Revolta de Vila Rica de 1720, que teve a liderança
de Filipe dos Santos, foi motivada pela crise da
Lencastre. Daí a dois anos partiria para o Brasil como
economia aurífera e tinha como principal objetivo a
governador da capitania de São Paulo e Minas Gerais. Nas independência do Brasil.
Minas, não teria sossego, dividido entre o cuidado ante (D) A maior parte dos conflitos nos 300 anos de adminis-
virtuais levantes escravos e efetivos levantes de poderosos; tração portuguesa não teve por finalidade a separação
o mais sério destes o celebrizaria como algoz: foi o Conde entre Brasil e Portugal.
de Assumar que, em 1720, mandou executar Filipe dos (E) Não há registros de participação popular e muito
Santos sem julgamento, sendo a seguir chamado a Lisboa menos de escravos em nenhum dos conflitos
ocorridos na América portuguesa.
e amargurado um longo ostracismo.
Norma e conflito: aspectos da história de Minas no século XVIII, Laura de Mello e Souza. 05 A Revolta de Filipe dos Santos (1720), em Minas
Gerais, resultou, entre outros motivos, da:
A morte de Filipe dos Santos esteve vinculada a:
(A) intromissão dos jesuítas no ativo comércio dos
(A) uma sublevação em Vila Rica, que envolveu vários paulistas na região das minas.
grupos sociais, descontentes com a decisão de levar (B) disseminação das ideias oriundas dos filósofos do
todo ouro extraído para ser quintado nas casas de Iluminismo francês.
fundição. (C) criação das casas de fundição e das moedas, a fim de
(B) um movimento popular que exigia a autonomia controlar a produção aurífera.
de Minas Gerais da capitania do Rio de Janeiro e o (D) tentativa de afirmação política dos portugueses sobre
imediato cancelamento das atividades da Companhia a nascente burguesia paulista.
de Comércio do Brasil. (E) tensão criada nas minas, em virtude do monopólio
(C) uma revolta denominada Guerra do Sertão, da Companhia de Comércio do Maranhão.
comandada por potentados locais, que não aceitavam
as imposições colonialistas portuguesas, como a
proibição do comércio com a Bahia.
(D) uma insurreição comandada pela elite colonial,
inspirada no sebastianismo, que defendia a emanci-
01 Relacione o desempenho da Companhia de Comércio
pação da região das minas do restante da América
do Maranhão com a deflagração da Revolta de Beckman.
portuguesa, com a criação de uma nova monarquia.
(E) uma rebelião, que contrapôs os paulistas – desco-
02 Estabeleça as diferenças políticas e econômicas entre
bridores das minas e primeiros exploradores – e
Recife e Olinda no século XVIII.
os chamados emboabas ou forasteiros – pessoas de
outras regiões do Brasil, que vieram atrás das riquezas
de Minas.
HISTÓRIA 18
Módulo 28 7º Ano
Revoltas separatistas:
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Conjuração Mineira
A importância do Iluminismo para a iluminista já circulava por aqui, oculto nas bibliotecas
Inconfidência Mineira particulares, avidamente almejado pelos intelectuais
Os pensadores do Iluminismo defendiam o uso da leigos ou religiosos. As ideias de Locke, Montes-
razão para clarear a relação do homem com o mundo. quieu e Rousseau foram
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utilizaram as ideias de liberdade para lutar contra o
domínio metropolitano inglês. A independência da região
representou uma fonte de inspiração para que outras
colônias pudessem seguir o mesmo caminho. Todos os
acontecimentos citados tiveram grande impacto no Brasil,
pois os colonos buscaram pela primeira vez a libertação
do domínio colonial português.
A fiscalização da produção de ouro foi um dos fatores para as revoltas em
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Minas Gerais.
8,7
7,9
7,2 6,9
6,5 6,5 6,7 6,5 6,2
5,4 TAVARES, Ruzimar Batista. Atividades
4,4 4,8 extrativas minerais e seus corolá-
1,2
3,6 rios na Bacia do Alto Ribeirão do
3,1
Carmo: da descoberta do ouro aos
1,5 dias atuais. 2006. Dissertação –
Universidade Federal de Ouro Preto,
1705 1710 1715 1720 1725 1729 1734 1739 1744 1749 1754 1759 1764 1769 1774 1779 1784 1789 1794 1799
Ouro Preto, MG.
20 HISTÓRIA
7º Ano Módulo 28
A capitania de Minas Gerais devia a Portugal mais imediata dos escravos, enquanto outros acreditavam que
de cinco toneladas de ouro. Os colonos argumentavam a independência tinha que ser feita para manter os privi-
que não podiam pagar, pois o ouro estava se esgotando. légios das elites, sem a organização de reformas sociais.
As autoridades portuguesas afirmavam que o ouro não
chegava por causa da corrupção e do contrabando. 4. O fim do movimento
O movimento foi organizado para acontecer no
3. A organização do movimento dia da decretação da derrama, quando as autoridades
Devido ao aumento da pressão portuguesa, a indepen portuguesas começassem a cobrar os impostos atrasados.
dência de Minas Gerais era, para muitos, a única solução O plano, entretanto, não se concretizou, pois Joaquim
para a melhoria da vida dos colonos. Em 1789, um grupo Silvério dos Reis delatou a conspiração para as autori-
de homens da elite planejou uma revolta para promover dades, em troca do perdão de suas dívidas.
a emancipação da colônia brasileira. O governador de Minas suspendeu a derrama e
Entre os conjurados (rebeldes), é possível citar o poeta ordenou a prisão dos principais envolvidos. O processo
e desembargador Tomás Antônio Gonzaga, o poeta e contra os conspiradores, conhecido como devassa, levou
advogado Cláudio Manuel da Costa, o minerador e advogado três anos. Todos os rebeldes tiveram seus bens confiscados,
Inácio José de Alvarenga Peixoto, o padre Oliveira Rolim e o 9 foram expulsos para a África e 11 foram condenados por
contratador Joaquim Silvério dos Reis. Essas pessoas tinham, enforcamento, mas 10 tiveram sua pena modificada para
em sua maioria, dívidas com a Coroa portuguesa. o exílio na África. Apenas a sentença de Tiradentes foi
mantida: no dia 21 de abril de 1792, aconteceu a execução.
O corpo de Joaquim José da Silva Xavier foi esquartejado; a
cabeça ficou em Vila Rica, e os membros foram colocados
em postes nas estradas entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O poeta árcade
Tomás Antônio
Gonzaga, uma
das figuras do
movimento.
O mito Tiradentes
Por que Tiradentes foi o único dos revoltosos do 01 Aponte as principais ideias que influenciaram os
mineiros no final do século XVIII.
século XVIII a ser transformado em herói nacional?
A figura de Tiradentes foi um instrumento cultural 02 Explique a situação portuguesa em relação às
apropriado para a formulação da ideia de nação e de medidas implementadas na capitania de Minas Gerais na
nacionalismo do Brasil, durante o regime republicano. segunda metade do século XVIII.
Não por acaso, ele representa um mito que ultrapassou
os eventos do século XVIII, pois começou a ser cons- 03 Aponte os fatores para a eclosão da Inconfidência
Mineira.
truído no século XIX, em um momento de criação da
nação e da identidade nacional. 04 Identifique os principais objetivos da revolta.
Em 1873, com a publicação da obra História da
Conjuração Mineira, Joaquim Norberto de Souza e 05 Comente o desfecho do movimento mineiro.
Silva foi o primeiro autor a estabelecer a associação
do herói com Cristo. Foi, sobretudo, depois da
Proclamação da República que o “mito” Tiradentes
recebeu honras de um republicano que no século
01 Leia atentamente as seguintes afirmações sobre a
XVIII já havia organizado uma luta antimonarquista.
chamada Inconfidência Mineira:
Tiradentes representou a rebeldia que refletia o caráter
plebeu e humilde de um homem do povo que lutou I. A Inconfidência Mineira foi um movimento de
pela independência do seu país e morreu resignado contestação à Coroa portuguesa, em função do
por ter cumprido um dever cívico. aumento de impostos sobre o açúcar, principal
Resumindo, ele era ligado à redenção de um produto de Minas Gerais no século XVIII.
II. Predominava, entre os inconfidentes, a ideia de se
herói nacional. Isso porque a República não possuía
criar uma república.
nenhuma figura capaz de sintetizar e de sustentar III. Dos inconfidentes, apenas Joaquim José da Silva
simbolicamente o novo regime. Instalada a República, Xavier, o Tiradentes, foi morto; a maioria foi
por decreto de 1890, o dia 21 de abril foi declarado condenada à prisão e ao degredo.
feriado nacional, juntamente com o 15 de novembro.
Assinale a alternativa correta:
©Andrevruas/Wikimedia
O Alvará de 1785
Domínio Público/Wikimedia
A rainha D. Maria I reverteu algumas medidas
estabelecidas pelo Marquês de Pombal, entre elas, a
permissão da instalação de algumas manufaturas no
Brasil. Leia abaixo parte do alvará, com a justificativa
da medida:
“Eu a rainha faço saber aos que este alvará virem:
que sendo-me presente o grande número de fábricas
e manufaturas que de alguns anos por esta parte se
têm difundido em diferentes capitanias do Brasil,
com grave prejuízo da cultura, e da lavoura, e da
exploração de terras minerais daquele vasto conti-
nente; porque havendo nele uma grande, e conhecida,
falta de população, é evidente que, quanto mais se
multiplicar o número dos fabricantes, mais diminuirá
o dos cultivadores; e menos braços haverá que se
possam empregar no descobrimento, e rompimento
de uma grande parte daqueles extensos domínios que
ainda se acha inculta, e desconhecida.”
D. Maria I de Portugal.
3. Objetivos do movimento
Embora as classes pobres fossem mais sensíveis à Além disso, os intelectuais baianos produziram,
situação econômica da região, o movimento contou com dentro da loja maçônica (sociedade secreta) Cavaleiros
a participação de intelectuais importantes. Podem ser da Luz, folhetos, pasquins (jornais) e manuscritos que
citados o médico Cipriano Barata, o padre Agostinho convocavam o povo a apoiar uma proposta de liberdade
Gomes, o senhor de engenho Joaquim Inácio de Siqueira para a Bahia.
Bulcão e os professores Francisco Muniz Barreto e José Na manhã do dia 12 de agosto de 1798, a cidade de
da Silva Lisboa. Esses homens reuniram-se para traduzir Salvador acordou com centenas de cartazes em diversos
e estudar os principais pensadores iluministas. pontos. Nos escritos, os rebeldes defendiam:
Domínio Público/Wikimedia
©Sérgio Pedreira/Folhapress
escravos se mobilizaram, unidos com mulatos livres
e ex-escravos, com o objetivo de dar fim ao domínio
exercido pela minúscula elite branca que controlava os
poderes e as instituições políticas do local.
Domínio Público/Wikimedia
François-Dominique Toussaint
Louverture, líder da independência
do Haiti.
02
O fragmento apresentado se refere ao movimento
conhecido como Conjuração dos Alfaiates. Com relação No clima de opinião que se seguiu à revolta de São
a esse movimento ocorrido na Bahia em 1798, é correto Domingos (Haiti), a descoberta de planos de uma revolta
afirmar que os revoltosos pretendiam: armada dos artesãos mulatos da Bahia (Conjuração
Baiana), no decorrer de 1798, teve um impacto todo
(A) instalar uma República Provisória na cidade de São especial, pois os planos demonstravam o que os brancos
Salvador, com apoio da elite burocrática e de alguns pensantes já haviam começado a perceber: as ideias de
membros do alto clero. igualdade social, se propagadas em uma sociedade em
(B) defender o fim da dominação colonial, garantindo,
que apenas um terço da população era branca, seriam,
porém, a preservação do regime monárquico e a
manutenção da escravidão. inevitavelmente, interpretadas em termos raciais.
(C) estabelecer um governo democrático na capitania da MAXWELL, Kenneth. Chocolate, piratas e outros malandros. Ensaios tropicais.
São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 167 (adaptado).
Bahia de Todos os Santos, com igualdade de direitos,
sem distinção de cor ou riqueza.
(D) protestar contra a política mercantilista portuguesa, As revoltas ocorridas em São Domingos no final do
buscando conseguir o apoio do governo norte- século XVIII levaram a colônia antilhana a um movimento
-americano para pôr fim ao Pacto Colonial. de emancipação política bastante peculiar (1804). Essas
(E) desenvolver na região uma economia com base na revoltas influenciaram movimentos populares ocorridos
exportação de produtos industrializados com o uso em outras sociedades latino-americanas, inclusive no Brasil.
dos escravos indígenas.
Cite uma proposta da Conjuração Baiana que evidencie a
influência das revoltas de São Domingos no Haiti.
28 HISTÓRIA
7º Ano Módulo 29
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HISTÓRIA 29
Módulo 30 7º Ano
Revisão
(C) Havia as noções de que os governos deveriam existir milícia paga. Sem falar nos escravos, cujo total, segundo os
para garantir direitos naturais dos homens, como a liber- documentos da época, ascendia a mais de cem mil. A neces-
dade e a ideia de que a soberania residia no povo, e sidade de abastecer-se toda essa gente provocava a formação
não no monarca. de grandes currais; a própria lavoura ganhava alento novo.
(D) Compreendiam que as leis deveriam expressar a
vontade da nobreza e do clero, e não a dos escravos. HOLANDA, Sérgio Buarque de. “Metais e pedras preciosas”. História geral da civilização brasileira.
v. 2, 1960 (adaptado).
(E) A experiência de independência dos Estados Unidos
da América em 1776 não influenciou as conju- De acordo com o texto, é correto concluir que a extra-
rações Baiana e Mineira, apesar de ambas defenderem ção de metais preciosos em Minas Gerais no século XVIII:
ideias liberais.
(A) impediu o domínio do governo metropolitano nas áreas
04 de extração e favoreceu a independência colonial.
Aportou nesta cidade um navio francês que descar- (B) bloqueou a possibilidade de ascensão social na Colônia e
regou, com todo segredo e sagacidade, uns livrinhos cujo forçou a alta dos preços dos instrumentos de mineração.
conteúdo era ensinar o modo mais fácil de fazer subleva- (C) provocou um processo de urbanização e articulou a
ções nos estados com infalível resultado (...). Instruídos economia colonial em torno da mineração.
(D) extinguiu a economia colonial agroexportadora e
por esses livrinhos, alguns mulatinhos e também alguns
incorporou a população litorânea economicamente
branquinhos da plebe, conceberam o arrojado pensa- ativa.
mento de fazerem também seu levante (...). (E) restringiu a divisão da sociedade em senhores e
“Relação da francesia formada pelos homens pardos da cidade da Bahia no ano de 1798.” escravos e limitou a diversidade cultural da Colônia.
Autor anônimo. In: Saga. São Paulo: Abril Cultural, 1981. p. 269.
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