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Resumo
A otimização dos recursos humanos e materiais no ambiente de Manufatura Enxuta fazem
com que seja necessária a aplicação de técnicas e metodologias de Excelência em Sistemas
de Gestão de Manutenção. Uma Planta de fabricação de Motores foi projetada com base no
Sistema Toyota de Produção (TPS), com processos otimizados, máquinas e equipamentos de
alta tecnologia e mão de obra altamente qualificada. Com base nisso, a área de manutenção
desenvolveu um plano mestre para a implementação de um Sistema de Gestão de
Manutenção. Os projetos foram executados pelos técnicos de manutenção das linhas de
produção, sendo supervisionados pela área de Planejamento de Manutenção. Como fator de
sucesso, temos que a estrutura da empresa possibilitou a implementação de todos os projetos
simultaneamente. A premissa básica da Diretoria da empresa fez com que todos os projetos
fossem baseados nas 4 regras básicas do Sistema Toyota de Produção, que guiam o
desenvolvimento, operação e melhoria de toda atividade, interconexão ou fluxo relacionado a
qualquer produto ou serviço. Outra ferramenta de gestão que foi muito utilizada nos projetos
para facilitar o controle das atividades foi a Gestão Visual, que também faz parte dos
princípios do Sistema Toyota de Produção.
Palavras-chave: Manufatura Enxuta, Manutenção, Estratégia, Planejamento.
1. Introdução
O objetivo deste trabalho é o de apresentar o processo de implementação dos projetos para a
criação do Sistema de Gestão de Manutenção de uma empresa fabricante de motores,
apresentando os fatores que foram determinantes para obtenção de sucesso na implementação,
assim como o ágil controle que a gestão visual proporcionou ao sistema, trazendo facilidades
no gerenciamento como disponibilização dos indicadores de performance para todos os
envolvidos, ferramentas de gerenciamento visual de Ordens de Manutenção através de
quadros de controle e autogerenciamento pelos próprios manutentores.
2. Apresentação da Empresa
Nascida a partir de uma joint venture firmada em 1.996, a empresa é hoje resultado de um
investimento de US$ 500 milhões em cotas iguais de participação, para fabricar no Brasil
motores 1.4 e 1.6 litro. E o Brasil não foi escolhido por acaso a participar deste projeto. A
soma de condições oferecidas pelo país são fatores determinantes, como disponibilidade de
matéria-prima (ferro e alumínio fundidos), oferta de mão-de-obra qualificada, boa rede de
fornecedores (o índice de nacionalização é de 75%), infra-estrutura adequada para exportação
por via marítima e forte presença no Mercosul. Seguindo rigorosos padrões de qualidade e
tecnologia, os motores a gasolina de 4 cilindros 1.6/1.4 litro, ambos com 16 válvulas, são
destinados ao mercado externo, equipando todos os modelos de carros fabricados na
Inglaterra, Estados Unidos e China. Visão de futuro, vocação para o sucesso, investimentos
em tecnologia e recursos humanos, técnicas modernas de gestão e alto nível de automação,
Os pontos a serem monitorados pela técnica de análise de vibrações foram marcados nos
identificou 3 perdas produtivas, que serviram como temas pilotos para o desenvolvimento de
Times de Kaizen ou Times de Melhoria. Foram escolhidos temas relacionados a perdas com
refugos, set-up e quebras. Os times de melhoria são compostos de operadores e mantenedores,
que auxiliados por um tutor, desenvolveram uma metodologia para os 3 tipos de perdas, e
que serviu como modelo para a criação de novos times. O fator de sucesso na implantação
deste pilar, foi o envolvimento de operadores e mantenedores na condução das atividades,
buscando o auxílio de lideranças e outras especialidades somente quando necessário.
4.6 Gestão de Custos
O custo de manutenção é composto dos custos de recursos humanos, de material, de
interferência na produção e de perdas no processo. O custo de interferência na produção é o
quanto deixaremos de produzir com o tempo de parada do sistema produtivo; atualmente em
todas as indústrias há a transformação do tempo em produto, e conseqüentemente, em
dinheiro, já que literalmente hoje na economia mundial tempo é dinheiro. E por fim, o custo
de perdas é referente aos refugos de produção e desperdício de insumos e matéria-prima
devido a falhas no maquinário. São fatores como esses citados acima, que apoiam o gerente
de manutenção a definir a correta estratégia de manutenção para os equipamentos da sua
fábrica, e é por causa disso que devemos dar uma grande importância a gestão dos custos na
manutenção. São controlados os valores totais de manutenção de máquinas e equipamentos
(mão-de-obra e materiais), o custo de manutenção por linha de produção, o custo por unidade
produzida e o custo por tipo de manutenção. No relatório mensal também é demonstrado os
10 materiais de maior custo dentro dos serviços realizados no período analisado.
4.7 Gestão de Suprimentos para Manutenção
4.7.1 Compras e Armazenagem de Materiais
Uma grande vantagem proporcionada pelo sistema SAP/R3, é a possibilidade de criar-se uma
requisição de compras e materiais dentro da Ordem de serviço de manutenção. O
acompanhamento de todo o processo de compras, pode ser consultado dentro da ordem de
serviço, pelos próprios manutentores. O processo de aprovação das requisições é eletrônico e
segue uma escala de aprovadores de acordo com o valor da requisição, quanto maior for o
valor, serão necessárias aprovações de maiores níveis hierárquicos. No almoxarifado existem
prateleiras automatizadas que facilitam a localização das peças. A empresa estabeleceu vários
contratos de fornecimento de peças de reposição e serviços para agilizar o processo de
compras. Como exemplo podemos citar os contratos de rolamentos em geral, materiais
elétricos, serviços de rebobinamento de motores, materiais de automação industrial, etc. Estes
contratos fazem com que o processo de compras seja extremamente simples, dispensando
aprovações das requisições, já que o contrato é aprovado anteriormente.
4.7.2 Gestão de Estoques
Como itens de controle e adequação do sistema de materiais, devemos estar atentos para os
sintomas de um controle de estoque ineficiente:
a) Faltas freqüentes de materiais, acarretando a parada do processo fabril;
b) Falta de espaço para o armazenamento e atrasos freqüentes na entrega de materiais;
c) Aumento de itens, enquanto outros estão em falta e dificuldade na localização do material;
d) Constantes cancelamentos de ordem de compra e alto custo de estoque.
e) Baixa rotatividade de estoque e grande número de compras em emergência;
f) Grande variação no capital de giro aplicado nos estoques de materiais;
g) Desequilíbrio entre as atividades da produção;
h) Desentendimentos interpessoais por causa de materiais;
Como premissa para solicitar um material, é feito um estudo da real necessidade / criticidade
deste item, através de uma breve análise de falha do componente. A partir do princípio de que
as origens de falhas de máquinas estão nos danos sofridos pelos componentes que ali
executam uma função pré-determinada, identificamos qual é a função do componente na sua
aplicação, sob que condição ocorre a falha, qual é o efeito da falha na máquina e qual será a
perda no processo fabril. Através da análise de criticidade e custo beneficio do material
aprova-se a inclusão de um item em estoque, seguindo a estratégia de aquisição conforme
gráfico de Diretrizes a seguir:
Os planos de manutenção preventiva que estão também incluídos no sistema SAP dentro do
módulo (PM), possibilitam também o planejamento de itens de estoque através da estratégia
de MRP. Atualmente existem cerca de 850 itens com trocas programadas de acordo com a
periodicidade de revisão da máquina. Este módulo do sistema SAP também ajuda na
localização das peças de reposição dentro da estrutura de cadastro dos equipamentos
produtivos.
− Cada pessoa da manutenção tem seu conjunto de caixas para colocar as suas ordens
conforme o tipo de manutenção (Corretiva Não Planejada, Corretiva Planejada / Melhorias
e Preventiva / Preditiva);
− Os ordens vão mudando de caixa conforme o status que ela se encontra (não iniciada, em
andamento e aguardando materiais / recursos);
− Para as ordens preventiva / preditivas, as caixas são divididas por semana (1ª, 2ª, 3ª e 4ª
semana), as ordens que não são executadas na semana são escalonadas para a equipe que
virá no sábado.
Desta forma, qualquer pessoa consegue visualizar o cada manutentor tem para executar
diretamente no quadro de ordens, sem entrar no sistema. Verificar atrasos e problemas que
necessitam de ajuda dos superiores.
6.2 Giro Automático do PDCA na Manutenção
Para cada parada da linha, é feito uma análise de sua causa raiz, pequenas paradas geram
melhorias de preventiva, cadastro de material, TPM, padronização de atividades (ITM –
Instrução Técnica de Manutenção). Para essas pendências, é criado uma ficha de Kanban,
para que o manutentor resolva esse problema. Para controle dessas fichas existe um quadro
Kanban em cada linha, onde a sua utilização é padronizada:
− Setor verde: Fichas dentro do prazo de execução;
− Setor amarelo: Fichas com 10 dias de atraso;
− Setor vermelho: Fichas com mais de 20 dias de atraso.
Fichas que necessitam de apoio vertical, são colocadas no setor do supervisor, que fica
responsável em resolver o problema.
6.5 Manutenção Avançada
Todos os índices de manutenção são mantidos atualizados mensalmente em cada linha, para
que os supervisores mostrem os resultados à equipe, fazendo que cresça o comprometimento
com os valores apresentados. Em cada setor produtivo (Bloco, Virabrequim, Biela, Cabeçote
e Montagem), há uma área de manutenção avançada, onde existem ferramentas e
equipamentos específicos de uso genérico e os quadros com Kanban, índices, ordens e
procedimentos.
7 Treinamentos
Toda mudança de filosofia, administrativa ou técnica, é necessário uma carga muito grande de
treinamentos, para que toda metodologia nova faça parte do dia-dia de trabalho de uma
maneira natural, não forçada. A quantidade de treinamentos no início da planta foi muito
grande, mas até hoje existem treinamentos obrigatórios para os novos funcionários. Todo
embasamento do Sistema Toyota de Produção tem que ser utilizado com facilidade e
naturalidade, para isso temos vários treinamentos de 5S, Kaizen, “Just in Time”, Jidoka, etc.
8 Principais problemas
Como principais problemas, destacamos inicialmente a aceitação de mudar a forma de
trabalhar, isto ocorreu no início do projeto, no contexto de operadores, manutentores,
supervisores e gerentes. Esta cultura anterior obrigou um alto nível de discussões que
atrasaram a maioria dos projetos citados, ou seja, poderíamos termos resultados ótimos muito
mais rápidos, mostrando mais uma vez que é a atitude das pessoas, a responsável pelo sucesso
ou fracasso de um empreendimento. Destacamos também a falta de atualização destas pessoas
quanto ao que ocorre na Manutenção em todo o Brasil e no mundo. Muito disto se deve ao
fato do distanciamento entre o que é ensinado nas escolas e que as empresas precisam como
O importante é manter este sistema em funcionamento, fazendo com que o giro do PDCA,
seja mais rápido e com inovações que possam fazer deste sistema um sistema atual e com
base forte em planejamento voltado para soluções de problemas.
Referências
BATEMAN, Thomas S., SNELL, Scott A.; Administração: construindo vantagem competitiva. 1ª Ed., São
Paulo: Atlas, 1998.
FNPQ; Critérios de Excelência. 2ª Tiragem, São Paulo: 2004.
KARDEC, A.; NASCIF, J.; Manutenção Função Estratégica. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
MOUBRAY, J.; RCM2 — Reliability Centered Maintenance. UK: Lutterworth Heinemann Ltd., 1991.
NAKAJIMA, S.; Introduction to TPM - Total Productive Maintenance. Cambridge, MA: Productivity Press,
1988.
SLACK, Nigel; Vantagem competitiva em manufatura. 1 ed. São Paulo: Atlas, 1993.
TENÓRIO, Fernando G., PALMEIRA, Jorge N. Flexibilização Operacional: aplicação de modelo de
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