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Os compostos com estas características são chamados de isômeros (iso = igual; meros = partes).
Vamos estudar dois casos de isomeria: a isomeria plana e a isomeria espacial.
2- Isomeria Plana
Isômeros planos são os que diferem pelas fórmulas estruturais planas.
Existem vários tipos de isômeros planos:
3- Isomeria Espacial
Neste caso, os isômeros têm a mesma fórmula molecular e fórmula espacial diferente. Existem dois
casos de isomeria espacial: Geométrica ou Cis – Trans e Óptica.
4- Isomeria Geométrica
Um composto apresenta isomeria geométrica ou cis-trans quando:
a) tiver dupla ligação carbobo-carbono, e
b) tiver ligantes diferentes a cada carbono da dupla ligação.
Os isômeros cis e trans diferem pela fórmula espacial. No isômero cis, os ligantes iguais ficam do
mesmo lado do plano da dupla ligação. No isômero trans, os ligantes iguais ficam em lados opostos
ao palno da dupla.
Exemplo:
4.1- Condições para ocorrer isomeria geométrica em compostos de cadeia fechada (Bayeriana)
Em pelo menos dois átomos de carbono do ciclo, devemos encontrar dois ligantes diferentes entre
si.
Exemplo:
6- Isomeria Óptica
É um caso de isomeria espacial cujos isômeros apresentam a propriedade de desviar o plano de
vibração da luz polarizada.
6.1- Condições:
I- carbono assimétrico (C*)
II- assimetria molecular (S)
6.2- Carbono Assimétrico (C*) ou Quiral
Um carbono assimétrico é o carbono que possui as quatro valências ou os quatro radicais diferentes.
Exemplo:
Existem dois ácidos láticos espacialmente diferentes: o ácido lático dextrógiro e o levógiro.
Enantiomorfos são isômeros cujas moléculas se comportam como objeto e imagem (antípodas
ópticos).
A mistura de dois enantiomorfos em proporções equimolares ou equimoleculares é chamada de
racêmico.
Aumentando o número de átomos de carbono assimétricos, temos um maior número de moléculas
espacialmente diferentes.
6.10- Substâncias com dois átomos de carbono assimétricos diferentes
Teremos quatro moléculas espacialmente diferentes: duas dextrógiras e duas levógiras.
Exemplo:
O termo barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1600 e
início dos anos 1700. Além da literatura, estende-se à música, pintura, escultura e arquitetura
da época.
Mesmo considerando o Barroco o primeiro estilo de época da literatura brasileira e Gregório de
Matos o primeiro poeta efetivamente brasileiro, com sentimento nativista manifesto, na
realidade ainda não se pode isolar a Colônia da Metrópole, Ou, como afirma Alfredo Bosi; "No
Brasil houve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII: Gregório de Matos,
Botelho de Oliveira, Frei Itaparica e as primeiras academias repetiram motivos e formas do
Barroquismo ibérico e italiano''. Além disso, os dois principais autores - Pe. Antônio Vieira e
Gregório de Matos tiveram suas vidas divididas entre Portugal e Brasil.
Em Portugal, o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1580 com a unificação da Península
Ibérica, o que acarretará um forte domínio espanhol em todas as atividades, daí o nome Escola
Espanhola, também dado ao Barroco lusitano. O Seiscentismo se estenderá até 1756, com a
fundação da Arcádia Lusitana, já em pleno governo do Marquês de Pombal, aberto aos novos
ares da ideologia liberal burguesa iluminista, que caracterizará a segunda metade do século
XVIII.
No Brasil, o Barroco tem seu marco inicial em 1601 com a publicação do poema épico
Prosopopéia, de Bento Teixeira, que introduz definitivamente o modelo da poesia camoniana
em nossa literatura. Estende-se por todo o século XVII e início do século XVIII. O final do
Barroco brasileiro só se concretizou em 1768, com a fundação da Arcádia Ultramarina e com a
publicação do livro Obras, de Cláudio Manuel da Costa. No entanto, já a partir de 1724, com a
fundação da Academia Brasílica dos Esquecidos, o movimento academicista ganhava corpo,
assinalando a decadência dos valores defendidos pelo Barroco e a ascensão do movimento
árcade.
O estilo barroco nasceu da crise de valores renascentistas ocasionada pelas lutas religiosas e
pela crise econômica vivida em conseqüência da falência do comércio com o Oriente. O homem
do Seiscentismo vivia um estado de tensão e desequilíbrio, do qual tentou evadir-se pelo, culto
exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras, como a metáfora, a antítese, a
hipérbole e a alegoria.
Todo o rebuscamento que aflora na arte barroca é reflexo do dilema, do conflito entre o
terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo e teocentrismo), o pecado e o
perdão, a religiosidade medieval e o paganismo renascentista, o material e o espiritual, que
tanto atormenta o homem do século XVII. A arte assume, assim, uma tendência sensualista,
caracterizada pela busca do detalhe num exagerado rebuscamento formal.
Podemos notar dois estilos no barroco literário o Cultismo e o Conceptismo. O Cultismo: é
caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; pela valorização do pormenor
mediante jogos de palavras, com visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora daí o
estilo ser também conhecido por Gongorismo. O Conceptismo: é marcado pelo jogo de idéias,
de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada.
Um dos principais cultores do Conceptismo foi o espanhol Quevedo, de onde deriva o termo
Quevedismo.
Arcadismo
Movimento que surgiu por volta de 1830, prolongando-se até 1870-80. Seus traços principais
são o forte desejo de expressar as peculiaridades do país e a valorização dos aspectos mais
individuais da vida afetiva. Também preocupou-se em consolidar uma literatura tipicamente
brasileira, tanto em termos temáticos quanto estilísticos. A primeira grande figura deste
período foi o poeta Gonçalves Dias, que estabeleceu os parâmetros do romantismo brasileiro.
Na prosa, Joaquim Manuel de Macedo sugeriu a fórmula do romance de costumes. O ultra-
romantismo da metade do século tem em Álvares de Azevedo seu maior representante.
Casimiro de Abreu (1837-60) mostrou um sentimentalismo mais suave em sua poesia. O ponto
culminante do gosto romântico pela musicalidade foi alcançado com Fagundes Varela (1841-
75), em sua poesia altamente elaborada. A plasticidade e o rigor vocabular de Castro Alves
iniciaram a transição para o Parnasianismo. No romance, Manuel Antônio de Almeida e seu
Memórias de um Sargento de Milícias abriram caminho para o realismo. Criador de vários
estilos de romance, José de Alencar é considerado o mais importante prosador do romantismo
brasileiro. Ainda na corrente regionalista, apareceram Bernardo Guimarães (1825-84), com A
Escrava Isaura, e o visconde de Taunay, com Inocência. O poeta Sousândrade (1832-l902),
autor de O Guesa, da segunda geração romântica, é considerado precursor do Simbolismo e do
modernismo.
Quinhentismo (século XVI)
Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse contexto histórico acabou
influenciando na produção literária, gerando o fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela
angústia e pela oposição entre o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são
as figuras de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como principais representantes
desta época: Bento Teixeira, autor de Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ),
autor de várias poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo
Antônio ou dos Peixes.
O século XVIII é marcado pela ascensão da burguesia e de seus valores. Esse fato influenciou na
produção da obras desta época. Enquanto as preocupações e conflitos do barroco são deixados de
lado, entra em cena o objetivismo e a razão. A linguagem complexa é trocada por uma linguagem
mais fácil. Os ideais de vida no campo são retomados ( fugere urbem = fuga das cidades ) e a vida
bucólica passa a ser valorizada, assim como a idealização da natureza e da mulher amada. As
principais obras desta época são: Obra Poética de Cláudio Manoel da Costa, O Uraguai de Basílio
da Gama, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu de Tomás Antonio Gonzaga, Caramuru de Frei José
de Santa Rita Durão.
I Guerra Mundial - A eclosão da guerra
"The fundamental causes of the conflict can be epitomized in three words: fear, hunger, pride."
- Liddell Hart
Ao visitar Saravejo, capital da Bósnia - região anexada ao Império Austro-Húngaro em 1908 - o
príncipe herdeiro Francisco Ferdinando terminou sofrendo um atentado que lhe roubou a vida,
juntamente com sua esposa, em 28 de junho de 1914. O autor, foi um estudante nacionalista
chamado G. Princip, ligado à organização secreta pan-eslavista denominada "Unidade ou Morte"
também conhecida como "Mão Negra", com vínculos na Sérvia: rival dos austríacos na disputa pelo
controle da região.
A partir de então, os acontecimentos se precipitaram. Em 6 de julho a Alemanha assegura seu apoio
incondicional a sua aliada (política de "carta branca"). Alguns dias depois a França renova seus
acordos com a Rússia. Em 23 de julho, a Áustria responsabiliza a Sérvia pelo assassinato do
príncipe herdeiro enviando um ultimato infamante que, se aceito, liquidaria com a independência do
país.
Dada a negativa dos sérvios, os austríacos ordenam a mobilização de suas forças armadas. Foi como
se um imenso mecanismo político administrativo-militar fosse posto em movimento e ninguém
mais poderia controlá-lo. No prazo de uma semana (de 28 de julho a 3 de agosto) todas as potências
se mobilizam e entram em conflito (exceção da Itália).
Multidões eufóricas invadem as avenidas, ruas e grandes logradouros, num furor patriótico inaudito.
O enfastiamento do mundo burguês, acompanhado pelas tensões internacionais, transformou as
declarações de guerra numa espécie de catarse coletiva: como disse um jovem "É preferível a guerra
a esta eterna espera".
Os planos da guerra
Há muito tempo os alemães esperavam ter que travar uma guerra em dois frontes: um no Ocidente,
contra a França (e remotamente contra a Inglaterra) e outro no Oriente, contra o Império Russo. Seu
grande estrategista foi o conde Von Chlieffen, Chefe de Estado-Maior alemão (1891-1908) que se
inspirou na batalha de Canas - onde o general cartaginês Anibal massacrou as legiões romanas com
uma ampla manobra de envolvimento pela ala direita, em 216 a.C.
O PLANO SCHLIEFFEN previa um poderoso ataque sobre o Ocidente, passando pelo território
belga atingindo o coração político e econômico da França. Após feri-la mortalmente, os alemães
carregariam suas energias contra os russos. Contavam para tanto com a utilização de seu excelente
parque ferroviário, sua tecnologia e seus recursos humanos superiores aos dos franceses (a
capacidade de mobilização dos alemães era de 9.750.000 homens enquanto a dos franceses era de
5.940.00).
Os planos militares franceses sofreram por sua vez uma radical transformação. Durante muito
tempo esperavam adotar uma guerra defensiva baseada em contra-ataques dissuasórios. Mas, com
ascensão do Gen Joffre à chefia do Estado-Maior em 1912, adotou-se a teoria da OFFENSIVE À
OUTRANCE influenciada pelo pensamento do filósofo Henri Bergson divulgador do ÉLAN
VITALE. A França deveria recuperar sua vocação histórica que era a ofensiva, determinada pelos
exércitos republicanos durante a Revolução Francesa e por Napoleão.
Previa-se um forte ataque sobre a região das Ardenas e sobre a Lorena tendo como objetivo atingir
o âmago da produção industrial alemã - a região da Renania, ao mesmo tempo que recuperaria os
territórios da Alsácia-Lorena, em mãos dos alemães desde 1870. O Plano XVII, segundo Liddell
Hart, baseou-se na negação da experiência histórica e no bom-senso, por avaliar equivocadamente o
poderio alemão e jogar suas esperanças numa ofensiva direta sobre um inimigo bem fortificado.
A Inglaterra por sua vez, teria uma participação mais modesta. Confiante no poderio de sua
esquadra, enviaria um corpo expedicionário para auxiliar uma das alas do exército francês. Sua
superioridade naval deixava-a tranqüila contra a possibilidade de uma invasão ao mesmo tempo que
poderia exercer um bloqueio sobre os fornecimentos de matérias-primas necessárias à Alemanha.
Por último, os russos confiavam no seu enorme e quase que inesgotável potencial humano. Ciente
de sua inferioridade técnica e industrial para enfrentar o poderio alemão, contavam superar a
qualidade pela quantidade, lançando sobre a Prússia Oriental verdadeiras marés humanas que, se
não derrotassem os teutônicos, dariam possibilidade para que seus aliados ocidentais o fizessem. As
ambições russas concentrariam-se na região balcânica e na tomada de Constantinopla, velho sonho
imperial que lhe daria acesso direto ao Mar Mediterrâneo pois teria o controle dos estreitos
(Bósforo e Darnelos).
A guerra no fronte ocidental - 1914-1917
A guerra de movimento: na madrugada do dia 4 de agosto de 1914, cinco poderosos e bem
equipados exércitos alemães, totalizando um milhão e meio de soldados, penetraram através do
território belga, considerado até então neutro. A poderosa ala direita do exército alemão tinha a
função de realizar uma ampla manobra de envolvimento, levando de roldão os exércitos franceses
estacionados na fronteira franco-belga. Sua distribuição era a seguinte:
Mesmo sendo obrigado a alterar o plano original, o Gen. Von Molke então chefe do Estado-Maior
alemão, via que suas tropas estavam obtendo os resultados esperados. Sua superioridade inicial,
porém, começou a ser ameaçada pelo engajamento do exército belga e pela chegada do corpo
expedicionário britânico, rapidamente desembarcado na região.
Os alemães, que contavam com 80 divisões, teriam que enfrentar 104 das do inimigo. Depois de
frustarem as tentativas ofensivas francesas em Mulhouse e na Lorena, ocuparam toda a região que
vai das proximidades de Paris a Verdun. Caíram sob seu controle 80% das minas de carvão, quase
todos os recursos siderúrgicos e as grandes fábricas do Noroeste francês.
Um grande erro de comunicações entre as tropas do I (von Kluck) e o II Exército (von Bülow)
permitiu que os franceses detivessem o ataque sobre sua capital. O Gen. Gallieni, percebeu a falha
dos alemães e solicitou reforços de emergência para o Joffre. Deslocados rapidamente pelas vias
férreas, as tropas francesas contra-atacaram na região do Rio Marne, entre os dia 6 e 9 de setembro.
A BATALHA DO MARNE teve duplo significado, não só salvou a França de uma derrota como
alterou as regras da guerra. Todos os Altos Comandos deram-se conta da impossibilidade de se
manter a guerra de movimento devido as extraordinárias baixas. Com o fracasso da ofensiva alemã,
Molke cedeu seu lugar ao Gen. Von Falkenhayn.
Revolução Russa
A Revolução Russa de 1917 foi um acontecimento capital na História do Século XX. E, apesar de o
mundo socialista por ela criado haver desmoronado no final do período, aquele evento exerceu uma
extraordinária influência na vida de centenas de milhões de seres humanos.
Lenin foi o primeiro chefe do Governo Socialista russo, implantado com a revolução de outubro de
1917.
Antecedentes
Os antecedentes da Revolução Russa devem ser procurados na Revolução Industrial, iniciada no
século XVIII, e em seus desdobramentos: formação do proletariado, prática do “capitalismo
selvagem” e evolução das idéias socialistas.
A Revolução Industrial consolidou o sistema capitalista e as relações de trabalho assalariado.
Nestas, o trabalhador não tem qualquer controle sobre os meios nem sobre os instrumentos de
produção, entrando no processo produtivo como mera força de trabalho não-qualificada. Tal
situação, agravada pela enorme oferta de mão-de-obra existente, levou os capitalistas a explorar o
proletariado de forma absolutamente desumana, configurando o que se convencionou chamar de
“capitalismo selvagem”.
O proletariado, por ser um grupo social novo, demorou para adquirir consciência de classe, que Ihe
daria a coesão necessária para lutar por melhorias em suas condições de trabalho e de vida. Foi
somente a partir de meados do século XIX que começaram a se organizar os primeiros sindicatos e
apenas em fins daquele século que eles começaram a conquistar alguns direitos. Os governos dos
países industrializados, controlados pela burguesia, obviamente dificultaram ao máximo a
organização do operariado e sua luta reivindicatória.
Assim, como a miséria dos trabalhadores permanecia sem expectativa de solução, certos intelectuais
(geralmente de origem burguesa, mas sensibilizados pela causa operária) começaram a criar teorias
que propunham mudanças na estrutura econômica e social do capitalismo, com vistas a criar uma
sociedade mais justa e menos diferenciada. Surgiram então as idéias socialistas.
As primeiras teorias ficaram conhecidas pelo nome de socialismo utópico porque não pregavam a
destruição do capitalismo, mas apenas sua reforma; ora, na opinião dos socialistas radicais, essa
atitude era utópica, já que, para eles, o capitalismo era intrinsecamente mau, não podendo ser
reformado — mas apenas destruído.
O socialismo radical encontrou sua maior expressão em Karl Marx — criador do socialismo
científico ou comunismo. Para ele, o capitalismo deveria ser destruído por uma revolução armada
do proletariado, o qual implantaria uma ditadura socialista. Nesta, a propriedade privada
desapareceria e os meios de produção seriam coletivizados, criando o que Marx esperava fosse uma
sociedade sem classes. Quando a revolução socialista se estendesse a todos os países (daí a célebre
frase “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”), seria possível suprimir o Estado e estabelecer uma
sociedade inteiramente igualitária: a sociedade comunista.
Embora o futuro tenha provado que o projeto de uma sociedade comunista era tão utópico quanto as
teorias anteriores, o socialismo marxista seduziu milhares de intelectuais e milhões de operários e
camponeses. Já em 1871, os comunistas, aliados aos socialistas utópicos e a uma facção de esquerda
ainda mais radical — os anarquistas — realizaram aquela que se tornou a maior insurreição
socialista antes da Revolução Russa de 1917: a Comuna de Paris. Mas a repressão do governo
burguês foi implacável: 13.000 revolucionários foram fuzilados e quase 50.000, deportados.
Marx afirmava que a revolução socialista deveria triunfar nos países mais industrializados, onde o
proletariado seria mais numeroso e organizado. Tal previsão falhou redondamente porque, nos
países mais desenvolvidos, os operários já haviam conquistado certos direitos e benefícios, o que
diminuiu seu entusiasmo por uma revolução armada.
Restavam, portanto, os países atrasados, onde a exploração e miséria dos trabalhadores ainda se
encontrava no estágio do capitalismo selvagem; nesses Estados, as condições para uma revolução
proletária eram mais favoráveis.
A Revolução de 1905
Em 1904-5, a Rússia entrou em guerra com o Japão, disputando territórios no Extremo Oriente, e
foi derrotada.
Esse conflito repercutiu na Rússia Européia, dando origem à Revolução de 1905 — que Lenin mais
tarde considerou um “ensaio geral para a Revolução de 1917”.
A Revolução de 1905 consistiu em três episódios distintos, todos extremamente significativos:
O Domingo Sangrento — Uma manifestação pacífica de milhares de operários de São Petersburgo
(então capital da Rússia) foi violentamente dispersada pela Guarda Imperial, com centenas de
vítimas. Esse acontecimento abalou profundamente a confiança do povo em seu imperador.
A revolta do “Potemkin” — O “Potemkin” era um couraçado pertencente à frota russa do Mar
Negro. Sua tripulação rebelou-se ao saber que seria enviada para lutar contra os japoneses. Os
demais navios da esquadra não aderiram à revolta do “Potemkin”, cujos tripulantes acabaram
refugiando-se na Romênia. De qualquer forma, tratava-se de um motim em uma grande unidade da
Marinha Russa, evidenciando que as Forças Armadas já não podiam ser consideradas sustentáculos
fiéis da Monarquia.
A greve geral — Em São Petersburgo, Moscou e Kiev, os operários entraram em greve geral.
Apesar da repressão militar, os trabalhadores resistiram por algumas semanas, sobretudo em
Moscou. Dois fatos importantes ocorreram durante essa greve: foram organizados os primeiros
sovietes (conselhos) de trabalhadores e houve operários que se defenderam a bala, mostrando que
estavam se preparando para uma insurreição armada.
Em 1906, tendo em vista os abalos produzidos pela Revolução de 1905 e pela derrota frente ao
Japão, o czar Nicolau ll resolveu criar a Duma, como um primeiro passo em direção à liberalização.
Tratava-se de uma Assembléia Legislativa com poderes extremamente limitados; e, como era
censitária, seus deputados representavam apenas 2% do total da população.
O nome desse acordo era uma alusão à economia de São Paulo e Minas, grandes produtores,
respectivamente, de café e leite. Além disso, eram estados bastante populosos, fortes politicamente
e berços de duas das principais legendas republicanas: o Partido Republicano Paulista e o Partido
Republicano Mineiro.
A política do café-com-leite só pode ser entendida quando analisada dentro do quadro político-
econômico da Republica Velha. Afinal, a prerrogativa dos paulistas e mineiros para a escolha dos
presidentes correspondia, de outro lado, aos benefícios garantidos pelo governo federal às
oligarquias das demais províncias - não se chamavam estados, na época.
Em troca da autonomia local e da não interferência do governo federal nas questões provinciais, as
elites estaduais garantiam o apoio das suas bancadas ao presidente da República. Essa era a essência
de um outro acordo mais amplo que a política do café-com-leite e no qual esta se encaixava: a
política dos governadores. Dentro desse contexto, São Paulo e Minas Gerais controlaram o processo
sucessório nacional justamente em razão do seu peso econômico, demográfico e político.
Alternância no poder
Formalmente, a política do café-com-leite teve início em 1898, no governo do paulista Manuel
Ferraz de Campos Salles, e encerrou-se em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao poder. Da
Proclamação da República, em 1889, até o início do governo Campos Sales, o Brasil teve dois
presidentes militares: os marechais Deodoro da Fonseca, que governou o país até 1891, e Floriano
Peixoto, que ocupou a Presidência até 1894.
Naquele ano, 1894, foi eleito o primeiro presidente civil da história republicana brasileira - Prudente
de Moraes. Herdando do antecessor uma grave crise política, provocada por divergências entre os
governos federal e provincial em torno dos rumos da nascente República, Prudente de Moraes
enfrentou ainda algumas tensões político-sociais, como a revolta em Canudos, na Bahia, e a
Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul.
Com a derrota dos seguidores de Antônio Conselheiro e dos federalistas gaúchos, restou ao sucessor
de Prudente de Moraes, Campos Salles, a tarefa de estabilizar a relação do poder central com as
províncias. Seu governo conseguiu equacionar as divergências provocadas pelas estruturas de
dominação locais, abrindo um novo momento político na história do país, denominado de República
Oligárquica.
Em 1909, diante de divergências entre políticos mineiros quanto à escolha do candidato à sucessão
presidencial, Pinheiro Machado, expressiva liderança política do Rio Grande do Sul, lançou o nome
de Hermes da Fonseca. No caso de Epitácio Pessoa, sua eleição, em 1919, para suceder Delfim
Moreira, que se afastara do cargo, foi um desdobramento dos problemas causados pela Primeira
Guerra Mundial na economia brasileira.
De qualquer forma, mesmo nos momentos de crise, a eleição presidencial contou com o apoio das
províncias de São Paulo e Minas Gerais. Isso é, ainda que não elegessem um paulista ou mineiro, as
duas províncias sempre participavam das articulações para a escolha do novo presidente. Por outro
lado, as divergências que envolviam o processo sucessório demonstravam que outras províncias, de
importância menor, também aspiravam ao poder central.
A evolução dessa crise política acabaria levando ao movimento de 1930, liderado pela oligarquia
gaúcha - tendo à frente Vargas - com o apoio da Paraíba, a quem foi dado o cargo de vice na chapa
de Getúlio, e Minas Gerais, que abandonara a aliança com São Paulo quando o paulista Washington
Luís optou pela indicação do também paulista Júlio Prestes. Embora vitorioso, nem mesmo chegou
a tomar posse, atropelado pela intensa movimentação política que culminaria na instalação de um
governo provisório, em novembro de 1930.