You are on page 1of 11

Lon Luvois Fuller, filho de Salomé Moore Fuller e Francis Bartow Fuller,

nasceu em 1902 no Texas. Estudou Economia e Direito na Universidade de


Stanford, na Califórnia. Lon Fuller trabalhou em diversas faculdades, entre elas
a Universidade de Harvard no qual foi docente entre 1940 e 1972. Ao longo de
sua vida publicou diversos trabalhos nas áreas de Direito Civil, filosofia e Teoria
do Direito. É mundialmente conhecido por ter escrito O caso dos exploradores
de cavernas (porém, o seu primeiro livro The Morality of law, publicado em
1964), que foi publicado na Harvard Law Review em 1949.

O livro descreve um caso concreto, apesar de fictício, que ocorreu em


4299, onde 5 homens ficaram presos dentro de uma caverna após um
deslizamento, e sendo resgatados 32 dias após. Antes de serem resgatados
descobrem que os alimentos que levaram iriam acabar e que morreriam na
caverna antes de serem resgatados. E eles, entre si, levantam a hipótese de se
alimentarem da carne humana de um deles, assim, os outros conseguiriam
sobreviver, porém mesmo sabendo que era possível ninguém queria dizer que
sim, e então eles decidem fazer um sorteio e um seria sacrificado em prol a
vida dos outros. Porém antes do sorteio Roger sugeriu que esperassem mais
uma semana antes de decidirem sacrificar um deles, mas os outros o
acusaram de traição e seguiram com o sorteio mesmo sem que Roger
participasse por si mesmo, e então foi feito um acordo que um deles iria jogar
por ele, o que acabou que Roger foi o sorteado para ser sacrificado, e no 32°
dia eles foram resgatados de dentro da caverna e Roger estava morto.

Após o resgate houve o julgamento de 1° instancia em que condenou-


os à pena de morte, e logo recorreram. E então outros 4 juízes deram sua
opinião e seu voto, entre eles tinham Foster que absolveu os réus, Tatting que
preferiu ficar em cima do muro e mais tarde preferiu ficar de fora do julgamento,
Keen que condenou e Handy. Após o voto desses juízes , os exploradores
foram condenados a execução pelo assassinato do companheiro.

1. O Caso dos Exploradores de Caverna


O livro inicia sua abordagem enunciando a pena de morte dos acusados em
primeira instância que seriam descritos pelo Presidente do alto Tribunal e as
razões que os levaram a esta sentença.

O referido Presidente relata o caso de quatro exploradores acompanhados de


Whetmore que acabam presos em uma caverna por um deslizamento de
rochas em sua entrada, todos até então pertenciam a Sociedade
Espeleológica, uma organização amadora destinada à exploração de
cavernas. Não retornando nenhum deles às suas devidas residências, foi
encontrado na sede da Sociedade arquivos da localização da caverna que os
exploradores acabaram presos, podendo, assim, ser enviada uma equipe de
socorro a fim de resgatá-los.

O resgate foi penoso e complicado. Na tentativa de salvamento, dez operários


acabam morrendo. Já no vigésimo dia de isolamento dos exploradores,
conseguiram manter contato com o resgate através de um rádio,
questionaram em quanto tempo demoraria o sucesso do socorro e explicaram
as condições que se encontravam. Os engenheiros informaram que ainda
seria preciso dez dias para tirá-los da caverna e o presidente da comissão
afirmou que, diante a escassa situação alimentar dos exploradores, havia
pouca probabilidade de sobrevivência até o tempo dado para a concretização
do resgate.

Whetmore, ciente da infeliz situação que se encontravam, sugere para os


companheiros que um deles se sacrifique para servir de alimento para os
outros, possibilitando a sobrevivência da maioria. Whetmore procura contato
novamente com o presidente da comissão o questionando se há possibilidade
de sobrevivência caso um deles sirva de alimento aos outros, este responde
afirmativamente, mesmo a contragosto. Whetmore sugere como método de
escolha do sacrificado a sorte. Nenhum médico, juiz ou outra qualquer
autoridade pública e religiosa dispôs de responder a favor ou contra a sua o
método por ele escolhido.

Por algum momento Whetmore se arrependeu de sua própria sugestão, os


exploradores discutem e acabam procedendo com o combinado. Desta forma,
entrando todos em consenso, a sorte foi lançada pelos dados. Chegando a
partida de Whetmore, um explorador joga em seu lugar, levando ao
questionamento se seria válido ou não o sacrifício de Whetmore. Este,
entretanto, concorda e, no vigésimo terceiro dia de isolamento, foi morto,
possibilitando a subsistência de seus companheiros.

Os sobreviventes foram resgatados no trigésimo segundo dia de isolamento e


foram encaminhados a um hospital para tratar a inanição. Logo foram
denunciados pelo homicídio de Whetmore e, mesmo com um verdicto
especial, acabaram condenados à pena de morte. Porém, tanto o júri como o
próprio juiz fizeram petições ao chefe do Poder Executivo solicitando que a
sentença fosse alterada para seis meses de prisão.

2. Os Pareceres
O Presidente do Tribunal, ao terminar a narração do caso, comenta que foi
correta a decisão do júri e do juiz, já que a lei escrita apenas possibilitava a
condenação. Em um caso polêmico como o acima descrito, é cabível a
misericórdia do chefe do Executivo, mas para que esta seja concedida, o
requerimento deve ser proveniente por aqueles que estudaram o caso. Desta
forma, será pouco provável que não seja deferido o pedido.

O primeiro juiz a dar seu parecer foi Foster, que discorda de forma clara o
posicionamento do Presidente do Tribunal. Afirma que o ordenamento jurídico
e todas as suas respectivas fontes não levariam a condenação dos
exploradores. Parte seu primeiro argumento afirmando que o ambiente em
que os réus se encontravam impossibilitava a coexistência de homens. Os
acusados estariam sob a “lei da natureza”, extinguindo a coerção do Direito
positivo da sociedade tratada no livro. O segundo e último argumento do Juiz
Foster possui outra premissa: estariam estes homens sim submetidos ao
Direito positivo dos homens, mas, da mesma forma, não devem ser
condenados. Isto porque a legislação penal funciona de forma a evitar a
prática do crime. Porém, em um caso como este, seria inevitável a sua
prática, como no caso que é excludente de ilícito a legítima defesa.

Contradizendo o senhor Ministro Foster, o Juiz Tatting afirma serem


inadequados e fantasiosos os seus argumentos já citados. O Juiz Tatting
aborda algumas problemáticas em considerar os réus sob estado de
natureza, como quando isto ocorreu ou com que autoridade eles, juízes,
poderiam julgar o caso sem terem domínio da legislação da ‘natureza’. Além
disso, acredita ser esta legislação desordenada, principalmente em relação se
o contrato feito pelos réus e Whetmore poderia ser ou não revogável e com
quais conseqüências. Quanto ao segundo argumento do Juiz Foster, o senhor
Ministro Tatting discorda sobre o fundamento da lei penal ser somente a
prevenção do crime, citando a necessidade da retribuição e a reabilitação do
delinqüente. Exclui também a associação do caso com a questão da legítima
defesa por não ser esta um ato intencional, não podendo ser caracterizada,
desta forma, como homicídio. O Juiz Tatting acaba demonstrando
envolvimento emocional com o caso e aflito quanto às suas dúvidas e as
possíveis conseqüências de seu parecer. Por fim, recusa-se a participar da
decisão do caso.

O terceiro magistrado ao dar seu posicionamento, Juiz Keen, discorda, assim


como o Juiz Tatting, do senhor Ministro Foster. Explica que o problema não é
apenas o fato de ser impossível prever o propósito da lei referente ao
homicídio, mas também prever o seu alcance. Melhor uma lei rígida que
instiga comoção popular para um melhor Direito futuro. A revisão legislativa é
preferível a uma norma jurídica repleta de exceções. Mostrando-se longe da
esfera pessoal, encerra a favor da condenação.

O último juiz a confirmar a decisão de primeira instância dos acusados, Juiz


Handy, abordou a importância da utilização do senso comum em situações
como esta em que há evidentes conflitos quanto à aplicação da lei. O Juiz
Handy comenta que os governos mais decadentes são aqueles que persistem
no desacordo entre os governantes e os governados. Considerando o caso
dos exploradores, é evidente o posicionamento do público a favor da
absolvição dos réus. Portanto, há necessidade de conciliação entre métodos
e princípios que devem ser aplicados. Não estaria desvirtuando a lei absolvê-
los, já que não se trata de litígio recorrente. Conclui o juiz contrário a
condenação dos réus.

O Presidente do Tribunal questionou o Juiz Tatting se não gostaria de


reexaminar seu posicionamento, porém, este se recusou. Havendo empate na
decisão, a sentença em primeira instância foi confirmada. A data foi
determinada e os acusados seriam mortos através da forca.
3. Uma nova Concepção segundo a Filosofia de Locke
John Locke, assim como Thomas Hobbes, afirma que os indivíduos não são
sociais por natureza. Entende que o elo para a sociedade civil se da através
do contrato social que tira os homens de seu estado de natureza. Entretanto,
este não é estado de guerra de todos contra todos, como o de Hobbes. O
estado de natureza lockeano é pacífico por existir nele leis naturais que todos
estão submetidos. Desta forma, é envolvido aos homens direitos intrínsecos a
eles, como a vida, liberdade e propriedade.

Nesse estado pacífico os homens já eram dotados de razão e desfrutavam da


propriedade que, numa primeira acepção genérica utilizada por Locke,
designava simultaneamente a vida, liberdade e os bens como direitos naturais
do ser humano. (WEFFORT, 2005, p. 85)

O estado de natureza de Locke é de plena liberdade, ainda que não seja


irrefreável por decorrência das leis naturais. No entanto, o homem possui
paixões o que o deixa em uma posição de potencial transgressor destas
normas. A possível ilegítima atitude deste homem com os outros levaria a
ruptura com as leis naturais, concretizando, assim, em um estado de guerra.

É através das paixões do homem e ausência de um juiz imparcial que possua


autoridade para julgar o conflito acontecido que deixa os homens abstidos de
segurança com estes direitos naturais. Assim, surge a conveniência do
contrato social que permite a formação de um governo para governá-los e
juízes para dirimir suas questões (MASCARO, 2009, p. 175).

A situação dos exploradores está em consonância com estado de natureza de


Locke, considerando que eles não estavam propriamente em uma guerra de
todos contra todos e não poderiam se encontrar em uma sociedade civil por
não possuírem juiz imparcial para julgar a procedência do contrato celebrado
pelos exploradores. Entretanto, a situação por eles vivenciada retrata o limite
do respeito aos direito naturais abordado por Locke.

É constatado que um destes direitos inatos ao homem seja a vida, mas esta
em momentos que a sua própria conservação está ameaçada, a
desobediência deste direito não é mais ilegítima. Locke, em seu Segundo
Tratado sobre o Governo Civil, afirma que o homem não possui liberdade
para destruir a si mesmo ou a qualquer criatura que esteja em sua posse,
senão quando isto seja exigido por algum uso mais nobre.

Tratando-se evidentemente de uma ocorrência em que a própria preservação


da vida estava ameaçada, tirar a vida de outro para impedir esta situação
parece legítima. Embora nenhum homem possa prejudicar outrem em sua
vida, liberdade, saúde ou propriedade, há situações que a violação destes
direitos se mostra necessária, como a vivenciada pelos homens acusados.
Outrossim, estando os exploradores submetidos ao estado de natureza, não
teria o governo civil legitimidade de puni-los se assim desejasse. A execução
das leis da natureza se encontra nas mãos dos homens submetidos a este
estado. Alysson Leandro Mascaro disserta sobre este direito de aplicação de
sanção no estado de natureza:

Assim sendo, a lei natural busca a preservação de si mesmo e da


humanidade e, no estado de natureza, todos os indivíduos são executores de
lei natural, na medida em que não há estado que possa se arrogar nesse
papel. Há, portanto, o direito de punir por conta própria os infratores da lei
natural. (MASCARO, 2010, p. 179)

Diante do que foi enunciado, os exploradores ao assassinarem o jovem


Whetmore não o fizeram por motivo fútil ou simplório, mas sim para
garantirem a própria subsistência. Desta forma, pautando-se em uma
concepção lockiana, os exploradores não devem ser condenados por se
encontrarem em um estado de natureza e por estarem buscando a nobre
permanência de suas vidas perante a inanição.

4. Referências Bibliográficas
FULLER, Lon Luvois. O Caso dos Exploradores de Cavernas. São Paulo,
safE, 2008.

Tatting, J.

Tatting inicia seu julgamento afirmando que para ess e trágico caso f altam os recursos
habituais. Ao mesmo tempo que sente sim patia pelos réus, sente repulsa pelo ato qu e
cometeram. O juiz esper ava conseguir julgar o at o em questão de maneira imparcial,
pondo suas emoções de lado. Porém, em um caso tão absurdo como esse, o
sentimentalismo esteve presente.

O juiz acusa que a decisão de Foster está minada de contradições. Condena a


afirmação de “estado de natureza”, on de Foster coloca os réus, pois era apenas uma
rocha espeça que os separava da sociedade. Além do mais, se o pressuposto aconteceu,
não há ind ícios de quando ocorreu, tornando a afirmação inválida. Acusa também o
ministro de não ter poder sob as leis da natureza, portanto eles só poderiam julgar as leis
de Newgarth.

Afirma que mesmo se as leis da natureza fossem válidas perante o caso, são odiosas!
As leis especificam tudo como contratos, portanto, no momento em que os réus estavam
praticando o ato de assassinar a vítima, estavam ap enas exercitando o direito que lhes
foi concedido pelo contrato.

Foster também defende os réus afirmando que não vio laram os dispositivos legais do
N.C.S.A.(n.s.) § 12-A*. Porém Tatting o revida novamente, afirmando que não se pode
analisar uma lei segundo seus propósitos, pois quando haverá muitos propósitos em um
outro caso, ocorrerá a incerteza e discórdia.

E pela terceira vez, Tatting critica outra proposta de Foster, onde o mi nistro apresenta
uma proposta de exceção de lei penal em favor desse caso. Por ém, até onde i ria
essa lei? Quais seriam os limites dela? Ficando vago seu alcance.

Finalizando, Tatting se diz incapaz de participar da d ecisão do caso, pois, após analisar
a decisão de seu colega e após passar muito tempo pensando no caso, acabou se
envolvendo emocionalmente, tornando qualquer decisão que tomasse inválida.

A interpretação que Tatting realizou foi de forma literal, pois busca o sentido do texto
normativo, com base nas regras comuns da língua. *"Quem quer que inten cionalmente
prive a out rem da vida se rá punid o com a morte". N.C.S.A. (n.s.) § 12-A.

Presidente Truepenny, C. J.

O Presidente, após apresentar todo o caso, afirma que tomaria a mesma de cisão de
como a 1º instância o fez: condenando os réus a morte na forca. Sua decisão é expli
cada no N.C.S .A. (n.s.) § 12-A: "Quem quer que intencionalmente prive a outrem d a
vida s erá punido com a morte".

Ou seja, o Presidente tomou a interpretação literal, onde seguiu a norma à risca.

Foster, J.

Foster começa seu discurso criticando a decisão do Presidente, afirmando que se o tribunal em
questão condenar os pobres réus, será julgado pelo tribunal do senso comum, pois
como esse sendo um caso raro, pode ser julgado como uma exceção às normas impostas no
regimento.

Não acredita que a lei possa condenar os homens ao crime de assassinato, bem pelo
contrário, na visão de Foster a lei pode até inocentá -los. Fundamenta-se a conclusão
sobre duas premissas independentes, cada uma das quais é por si própria suficiente
para justificar a absolvição dos acusados.

Foster d efende a ideia do estado de natureza, onde um lu gar que torne a coexistência
impossível, as leis do homem se tornam nulas e s e prevalecem as leis da n atureza,
onde tudo que é feito tem como resultado a existência, a vida.

Leva-se em consideração tal afirmação como um princípio, que além do mais, pelo estado
que se encontraram os réus, eles estavam tão dist antes quando a mil milhas de
quilômetros dos juízes do que apenas um grande rocha esp eça trancando sua saída.
Portanto, o caso que se encontrou a vítim a, não estava na verdade em uma “sociedade
de soci edade civil”, mas sim em um “estado natural”, tornando natural a morte por
sobrevivência.

O que aconteceu na caverna foi o cumprimento de um contrato primeiramente


proposto pela própria vítima.

Foster também defende os réus explicando que da mesma forma onde 10 operários
morreram para salvar as 5 vidas na caverna, o mesmo foi realiz ado no interior dela: 1 vida
par a salvar as outras 4 restantes e não seria justo, depois do ato, sacrificá-los, toda
vida deve se r resguardada.

É claro que os homens julgados descumprem a interpretação li teral da lei , mas como
Foster defende, um homem pod e infringir a l etra da lei sem violar a própria lei. Ou
seja, a lei deve ser interpretada de forma racional, segundo seu propósito evidente.

Nestas condições, Foste r conclui que os réus são inocentes do crime de homicídio
contra Roger Whetmore e que a sentença de condenação deve ser reformada.

A forma de interpretação usada por Foster é tel eológico, pois busca os fins sociais e
bens comuns da norma, dando-lhe certa autonomia em relação ao tempo que ela foi feita.

Keen, J.

O ministro Ke en, antes de tudo, deixa claro que se comoveu ao que os acusados
passaram e que os perdoaria, mas em um segundo momento esclarece que n ão im
porta a gravidade dos atos, isto seria irrelevante perante o seu voto como juiz , pois
não se deixaria levar pelos seus próprios princípios de moralidade, pelo contrário, seu
julgamento estaria regulamentado d e acordo com as leis do país.

Keen rejeita o argumento usado por Foster, pois W hetmore não repr esentava ameaç a
à vida dos outros quatro sobrev iventes. Ele reforça a tese de que o jui z Foster esteja
agindo pela sua não “apreciação da lei escrita”, argumentando que acaba prejudicando
o caso devido a opiniões dos outros juízes.

Keen após discorrer sobre seu apego ao Direito posi tivo e o desapego ao mesmo de
seus colegas, termina seu julgamento defendendo a condenação dos réus.

A interpretação de K een é literal, pois criticou aqueles que a interpretaram de outras


formas e segue ela à risca.

Handy, J.

Handy inicia seu julgamento falando que ouviu muito sobre direito posit ivo e direito
natural, mas pareceu que seus colegas esqueceram do contrato estabelecido na caverna.
S e era unilateral ou bilateral, e se não se poderia considerar que Whetmore revogou a
sua anuência antes que se tivesse atuado com fundamento nela.

Decorre depois sobre a profissão da magistratura e seus deveres, colocand o em um


papel em que sua profissão pode afastá-lo de contato humano, pondo também sua vida em
risco.

Afirma que este c aso teve bastante repercussão tanto no país, quanto no exterior. E
um jornal de bastante renome postou uma enquente perguntando aos seus leitores s e
dev eriam absolver ou condenar os réus acusados de homicídio. N oventa por cento dos
leitores optou pela liberdade de tais. Portanto, foi claro a opinião pública diante do caso.

.Handy após isso cita 4 formas em que al guém po de se livrar da punição caso tenha
cometido um crime a primeira é a decisão do jui z, de acordo com a lei aplicável, de
que ele não cometeu nenhum crime. A segunda é uma decisão do representante do mi
nistério p úblico não solicitando a instauração do processo, terceiro uma absolvição feita
p elo júri e quarto um indulto ou comutação da pena pelo poder executivo.
Observa-se também que Handy agiu em jurisprudência em relação há um caso que ele
resolveu a 30 anos atrás, em qu e el e absolveu os acusados por falta de provas, era
um cas o sobre um sacerdote qu e foi espancado por participantes da r eunião do culto
em que estava, por estar disfarçado no local. C om a decisão de absolver os réus o juiz
foi aplaudido pela mídia e teve grande aceitação social.

Finalizando, Handy inoscenta os réus, afirmando que eles já sofreram muito.

Handy usou de int erpretação histórica, pois buscou fatos do passado pa ra resolver um
fato presente.

Ana Carolina Müller Cremonese

Realmente, como os outros juízes relataram anteriormente, o caso é de indi gnação, a


princípio. Depois de an alisar o caso e as d ecisões de meus colegas, vist o o lado
positivo e humano do caso, exponho aqui minha breve opinião.

Concordo em muitas partes com Handy, p rincipalmente quando o mesmo afirma que
os réus sofreram na caverna e depois com tantas acusações em cima deles. Concordo
também com a parte em que Hand y con corda com a situação pú blica do caso, onde
el e aceita a opinião do povo, afinal, quem faz a justiça é o povo.

De certa forma, Foster também ganha meu apoio quando ex plica o caso como uma
“lei natural” na caverna, a final, 5 vidas estav am sedentas à sobreviv ência e 1 das vidas
salvou 4 delas. Discordo da parte que as leis posi tivas se omitiram nesse ponto, afinal, eles
devem estar sendo julgados, mas para aceitação do povo e maior justiça na história,
para o caso não ficar vago.

Antes do ato acontecer, ouve um contrato onde cada um, maiores d e idade penal, se
responsabilizaram pelos seus próprios atos e resultados , portanto, declaro a inocência
do s réus.

Para solucionar esse caso, usei a forma de interpretação teleológica.

FULLER, Lon Luvois. O CASO DOS E XPLORADORES DE CAVERNAS.

Tradução e notas Ricardo Rodrigues Gama. Campinas/SP: Russell edito res, 2013.

O autor, Lon Luvois Fuller (1902 -1978), estudou Economia e Direito em Stanford, foi
professor de Teoria do Direito nas Faculdades de Direito do Oregon, Illinois e Duke e, a
partir de 1940, na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, onde trabalhou até
1972, foi um d estacado intelectual d o campo da jusfilosofia.

Fuller ficou mundialmente conhecido, p rincipalmente em função d o texto amplamente


traduzido e debatido intitulado O caso dos exploradores de cavernas. Esse te xto, pu
blicado pela primeira vez em 1949, foi lido e com entado por estudantes e professores
de Direito em todo o mundo, tendo sido trad uzido para vários idiomas, inclusive o
português.

Essa estória inicia-se em maio do imaginário ano de 4299, onde cinco membros da So
ciedade Espeluncolo gia (organização amadorística de exp loração de cavernas) adentraram
no interior de uma caverna de rocha calcária. Quando estavam bem distantes da
entrada dessa caverna, ocorreu um desmoronamento da terra, que obstruiu,
completamente, a única saída da caverna. Não voltando dentro do tempo normal, os
familiares dos exploradores a dvertiram a Sociedade

Espeleológica que encaminhou uma equipe de socorro ao local.

O trabalho de resgate foi extrema mente penoso e dif ícil. Novos deslizamentos da terra
ocorreram, em uma dessas oportunidades, e 10 operários m orreram soterrados. Os f
undos da Sociedade Espeleológica f oram exauridos, foi necessária uma subvenção do
poder legislativo, e u ma campanha de arrecadação financeira para a complementação
dos f undos. A libertação da ca verna só foi possível no trigésimo dia, contado a partir do
início dos trabalhos de resgate.

1. Se poderiam sobreviver mais dez dias sem alimentação e;

2. se caso de alimentassem de carne humana, teriam chances de sobreviver.

A primeira h ipótese recebeu um a resposta negativa e a se gunda fo i respondida


que terão grandes chances de sobrevivência alimentando -se de carne humana.

Após a ausência de respostas a co municação foi interrompida e os exploradores decidiram


sacrificar um do s cinco, para que a so brevivência os o utros quatro fosse garantida.
Roger W hetmore propôs um sorteio para a escolha daquele que seria sacrificado. Antes
do início do jogo, W hetmore desistiu de participar e sugeriu que esperassem mais uma
sema na. Seus companheiros o acusaram de traição e procederam ao lançamento dos
dados. Quando chegou a vez d e W hetemore acabou sendo o escolhido. Foi morto, sua
carne serviu de alimento para seus companheiros que sobreviveram e f oram salvos n o
3Oº dia depois do início do resgate.

Após o resgate os sob reviventes foram a julgamento e em primeira instância foram


condenadas à pena de morte em segunda instância foram analisados por quatro juizes:
Foster, Tatting, Keen e Handy.

Foster propõe a absolvição dos réus baseando-se numa posição jus naturalista,
alegando que quando W hetemore foi morto e les não se encontravam em um estado de
sociedad e civil, mas em um estado natural e por isso a lei não poderia ser aplicada. A
fundamentação de seu voto se dá pela razão geográfica e o fundamenta no artigo 7º do
código civil austríaco, onde d iz que circunstâncias imprevistas pela lei autorizam a invocação
da justiça natural.

Tatting critica os po ntos expostos por Foster, mas no final se mostra confuso e
emocional na decisão fica em cima do muro e pede afastamento do caso.

Keen condena os réus e acusa Foster d e estar u sando furos na legislação

para tentar defender e acha que o caso não deveria ser resolvido por eles.
Handy relata uma pesquisa que f oi f eita para saber a opnião púb

lica e 90 %

das pessoas absolvem os réus. Ele fica do lado da opnião publica.

Tatting foi questionado posteriormente se queria rever a sua

opinião, mas

reafirmou que não queria participar da decisão deste caso.

Os sobreviventes são processados e condenados a morte pela forca, p elo assassinato


de Roger. Os a cusados recorrem da decisão. Foram julgados e ntão por mais quatro
juízes, qu e expuseram seus argumentos, deram dois votos a favor da absolvição (Foster
e Handy), um os condenou (Keen) e outro se recusou a participar da decisão do caso
(Tatting), contando com o voto do presidente do Tribu nal de Primeira Instância (T
ruepenny), d á -se o em pate e a se ntença co nde natória fo i confirmada. Os acusados
foram mortos na forca.

A suprema corte, estando igualmente dividida, a convicção e senten ça do Tribunal de


apelações foi mantida. E foi ordenada a execução da sentença as 06h00min da manhã
de sexta, 02 de abril de 430 0 quando o carrasco foi intimado a proceder com o
enforcamento dos réus pelo pescoço até a morte.

Entende-se que a justiça seria feita se os acusados fossem inocentados,

apesar de os ato s que p raticaram se rem considerados monstruosos se praticados em


uma situação norma l, deve-se levar em con sideração que a situação em que o fato
ocorreu.

O risco de morte e ra iminente, tend o o próp rio médico da equipe de salvamento co


nfessado que seria praticamente ine xistente as chan ces de os exploradores
sobreviverem pelo período mínimo estimado de dez dias para o sucesso d a ope ração
de salvamento, nenhum dos exploradores tinha d ado causa já que a ca verna
subterrânea em que se e ncontravam presos te ve sua saída bloqueada por um
desmoronamento natural. Além do exposto, o s bens jurídicos em conflito são a vida de
ca da um dos exploradores não sendo razoável e xigir que um deles sacrificasse a vida
para resguardar a dos outros.

You might also like