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Quando nos defrontamos com análise dinâmica de sistemas não-lineares, podemos agir de
várias maneiras, como:
dx
f (x) (3.1)
dt
onde a função não-linear f ( x ) pode ser expandida em uma série de Taylor em torno de um
estado estacionário x s .
df x x s d f x x s x x s
2 n
2
dnf
f (x ) f (x s ) 2 n (3.2)
dx x s 1! dx x s 2! dx xs n!
df
f ( x ) f ( x s ) x x s (3.3)
dx x s
Essa aproximação é boa apenas para valores de x próximos de x s . A Figura 3.1 mostra a
função não-linear f ( x ) e sua aproximação em torno do ponto x s . A aproximação só é exata
no ponto de linearização.
dx df
f ( x s ) x x s (3.4)
dt dx x s
Observe que a equação 3.4 é uma equação diferencial linear cuja solução analítica é uma
aproximação da solução da equação 3.1. Ou seja, a solução de (3.4) nos dá uma aproximação
do comportamento do sistema dinâmico inicial representado pela equação 3.1.
Exemplo 3.1
Considere o sistema tanque da Figura 3.2 que consiste em um tanque de seção reta uniforme
de área A e altura do nível de líquido h .
dV
Fi F (3.5)
dt
a) Suponhamos que a vazão volumétrica por meio da resistência se relaciona com a altura de
1
líquido h pela relação linear F h , sendo R constante . Substituindo essa relação na
R
equação 3.5 resulta na seguinte equação diferencial linear:
dh 1
A Fi h (3.6)
dt R
b) Suponhamos agora que a vazão volumétrica através da resistência se relaciona com a altura
de líquido h pela relação não linear
1
F h (3.7)
R
1
A equação 3.8 contém um termo não-linear dado por h . Expandindo esse termo em uma
R
série de Taylor em torno do valor estacionário h s , tem-se
1 1 1
h hs h h s 1 2 h h s 2 (3.9)
R R 2R h s 8R 3 h s
1 1 1
h hs h h s (3.10)
R R 2R h s
dh 1 1
A h Fi hs (3.11)
dt 2R h s 2R
Exemplo 3.2
Para o sistema tanque do Exemplo 3.1 com área A 0,3 m2, vamos verificar o efeito de uma
variação no ponto de linearização na resposta do modelo linearizado para uma variação
degrau unitário na vazão de alimentação. Suponhamos que a vazão efluente seja dada por:
F8 h (3.12)
Para tanto, vamos considerar os pontos de operação estacionária correspondentes aos níveis
iguais a 1m e 3m de altura (Tabela 3.1), e linearizar o modelo em torno desses dois pontos.
Vamos definir como modelo 1 o modelo linearizado em torno do nível médio de 1 m, e como
modelo 2 o modelo linearizado em torno do nível médio de 3 m. Esses dois modelos serão
aplicados nos pontos de operação da Tabela 3.1, isto é, o modelo linearizado é deslocado para
o ponto de operação em questão.
Isso demonstra que o modelo linearizado é uma boa aproximação do modelo não-linear
apenas nas proximidades do ponto em que foi feita a linearização.
3.3 Variáveis-desvios
Suponha que x s seja o valor de x no estado estacionário inicial do sistema dinâmico, então
dx s
0 f (x s ) (3.13)
dt
Suponha agora que a equação 3.1 seja linearizada em x s produzindo o seguinte modelo
linearizado:
dx df
f ( x s ) x x s (3.14)
dt dt x s
dx df
x (3.16)
dt dt x s
Exemplo 3.3
Consideremos novamente o modelo linearizado do sistema tanque representado em (3.12)
dh 1 1
A h Fi hs (3.17)
dt 2R h s 2R
dh s 1
A h s Fis (3.18)
dt R
0
d h h s 1
A h h s Fi Fis (3.19)
dt 2R h s
dh 1
A h Fi (3.20)
dt 2R h s
dx 1
f1 (x 1 ,, x n , u 1 ,, u k , d 1 ,, d l )
dt
dx 2
f 2 (x 1 ,, x n , u 1 ,, u k , d1 ,, d l )
dt (3.21)
dx n
f n ( x 1 , , x n , u 1 , , u k , d1 ,, d l )
dt
y1 h 1 ( x 1 , , x n , u 1 , , u k )
y 2 h 2 (x 1 ,, x n , u 1 ,, u k )
(3.22)
y m h m (x 1 ,, x n , u 1 ,, u k )
A linearização de cada uma das equações definidas em (3.21) e (3.22) leva ao seguinte
conjunto de equações lineares:
dx 1 f 1 f f
x1 1 x2 1 xn
dt x
1 x s , u s ,d s x
2 x s ,u s ,d s x
n x s ,u s ,d s
f f f
1 u1 1 u2 1 uk (3.23)
u 1 xs ,us ,ds u 2 xs ,us ,ds u k xs ,us ,ds
f f f
1 d1 1 d2 1 dl
d 1 xs ,u s ,d s d 2 xs ,u s ,d s d l xs ,u s ,d s
dx 2 f 2 f f
x1 2 x2 2 xn
dt x
1 x s ,u s ,d s x
2 x s ,u s ,d s x
n x s ,u s ,d s
f f f
2 u1 2 u2 2 uk (3.24)
u 1 xs ,us ,ds u 2 xs ,us ,ds u k xs ,us ,ds
f f f
2 d1 2 d2 2 dl
d 1 xs ,u s ,d s d 2 xs ,u s ,d s d l xs ,u s ,d s
dx n f n f f
x1 n x2 n xn
dt x 1 xs ,us ,ds x 2 xs ,us ,d s x n xs ,us ,ds
f f f
n u1 n u2 n uk (3.25)
u 1 xs ,us ,ds u 2 xs ,us ,ds u k xs ,us ,ds
f f f
n d1 n d2 n dl
d 1 xs ,u s ,d s d 2 xs ,u s ,d s d l xs ,u s ,d s
Equações de saída
h h h
y1 1 x1 1 x2 1 xn
x 1 xs ,us x 2 xs ,us x n xs ,us
(3.26)
h h h
1 u1 1 u2 1 uk
u 1 xs ,us u 2 xs ,us u k xs ,u s
h h h
y2 2 x1 2 x2 2 xn
x 1 xs ,us x 2 xs ,us x n xs ,u s
(3.27)
h h h
2 u1 2 u2 2 uk
u 1 xs ,us u 2 xs ,us u k xs ,us
h h h
ym m x1 m x2 m xn
x 1 xs ,us x 2 xs ,u s x n xs ,u s
(3.28)
h h h
m u1 m u2 m uk
u 1 xs ,u s u 2 xs ,us u k xs ,u s
x n f fn fn
x n
n
x
1 x s ,u s ,d s x 2 xs ,us ,ds x
n x s ,u s ,d s
f1 f1 f
1
u 1 xs ,us ,ds u 2 xs ,us ,d s u k xs ,us ,ds u
f f2 f2 1
2
u 2
u 1 x ,u ,d
u 2 x ,u ,d
u k xs ,us ,ds
s s s s s s
u k
f n fn
fn
u
1 x s ,u s , d s u 2 xs ,us ,d s u k xs ,us ,ds
f1 f1 f
1
d 1 xs ,u s ,d s d 2 xs ,us ,ds d l xs ,u s ,d s
d
f f2 f2 1
2 d 2 (3.29)
d 1 x ,u ,d d 2 x ,u ,d d l xs ,us ,ds
s s s s s s
d l
f n fn fn
d
1 x s ,u s , d s d 2 xs ,us ,ds d l xs ,u s ,d s
h1 h1 h1
x 1 x ,u x 2 xs ,us x n xs ,us x
y1 s s
1
y h2 h2 h
2 x 2 x 2
1 x s ,u s x 2 x ,u x n xs ,u s
s s
y m h hm h
x n
m
m
x 1
x s ,u s x 2 xs ,us x n x ,u
s s
(3.30)
h1 h1 h
1
u 1 xs ,us u 2 xs ,us u k xs ,us u
h h 2 h 2 1
2
u 2
u 1 x ,u
u 2 x ,u
u k xs ,us
s s s s
u k
h m h m h m
u
1 x s ,u s u 2 xs ,us u
k x s ,u s
y Cx D u (3.32)
detI A 0 (3.33)
Exemplo 3.4
Linearização do tanque de aquecimento com agitação do Exemplo 2.1.
Balanço de massa
dh 1
Fi F (3.34)
dt A
Balanço de energia
dT 1 Fst H st
Fi Ti T (3.35)
dt Ah C p
ou na forma geral de equações de estado:
1
x 1 f1 (x 1 , x 2 , u 1 , u 2 , d1 , d 2 ) d 2 u 2
A
(3.36)
1 H st
x 2 f 2 (x 1 , x 2 , u 1 , u 2 , d1 , d 2 ) d 2 d 1 x 2 u 1
Ax 1 C p
y1 h 1 (x 1 , x 2 ) x 1
(3.37)
y 2 h 2 (x 1 , x 2 ) x 2
f1 f1
0 0
x 1 x 2
f1 f1 1
0
u 1 u 2 A
f1 f1 1
0
d 1 d 2 A
f2 1 H st f2 d
d 2 d 1 x 2 u 1 2
x 1 Ax 12 C p x 2 Ax1
f2 H st f2
0
u 1 C p Ax 1 u 2
f2 d f 2 d1 x 2
2
d 1 Ax 1 d 2 Ax1
h 1 h 1
1 0
x 1 x 2
h 2 h 2
0 1
x 1 x 2
y1 1 0 x 1
y 0 1 x
2 2
Exemplo 3.5
Linearização do reator CSTR não-isotérmico do Exemplo 2.2 (Figura 3.6). Assume-se que as
saídas sejam apenas o volume V e a concentração c A .
dV
Fi F (3.39)
dt
d (c A V )
Fi c Ai Fc A k 0 e E RT c A V (3.40)
dt
d (TV )
C p C p Fi Ti C p FT H r k 0 e E RT c A V UA t T Tc (3.41)
dt
A equação 3.39 já é linear e, portanto, coincide com a sua forma linearizada. Ou seja,
podemos escrever:
dV
Fi F (3.43)
dt
dx 1
d1 u 1 (3.44)
dt
dV dc
c As Vs A c Ais Fi Fis c Ais c As F Fs c A k 0 e E RTs c As V k 0 e E RTs Vs c A
dt dt
(3.45)
k 0 E e E RTs c As Vs
T
RTs2
dc A k 0 e E RTs Fs
E RTs
k 0 E e E RTs c As c Ais c As Fis
V k0 e c A T Fi c Ai (3.46)
dt Vs Vs RTs2 Vs Vs
dx 2 k e E RTs F k E e E RTs c As c c As F
0 x 1 s k 0 e E RTs x 2 0 2
x 3 Ais d1 is d 2 (3.47)
dt Vs Vs RTs Vs Vs
dV dT
C p Ts C p Vs C p Fis Ti C p Tis Fi C p Fs T C p Ts F
dt dt
H r k 0 e E RTs c As V H r k 0 e E RTs Vs c A (3.48)
E RTs
H r k 0 E e c As Vs
T UA t T UA t Tc
RTs2
O modelo constituído pelas equações 3.44, 3.47 e 3.50 pode ser colocado na forma:
x Ax B u d (3.51)
y Cx (3.52)
em que:
0 0 0
k 0 e E RTs Fs k E e E RTs
c As
A k 0 e E RTs 0
Vs Vs RTs2
E RTs Fs
H r k 0 e c As H r k 0 e E RTs UA t H r k 0 E e E RTs c As
C p Vs C p Vs C p Vs C p RTs2
(3.53)
1 0
B0 0 (3.54)
0 UA t
C p Vs
1 0 0
c Ais c As Fis
0 (3.55)
Vs Vs
Tis Ts 0
Fis
Vs Vs
1 0 0
C (3.56)
0 1 0
[sl]=syslin(dom,N,D)
[sl]=syslin(dom,H)
em que:
syslin define um sistema linear como uma lista e verifica a consistência dos dados.
dom especifica o domínio de tempo do sistema e pode ter um dos seguintes valores:
dom='c' para um sistema de tempo contínuo, dom='d' para um sistema de tempo discreto,
n para um sistema amostrado com período de amostragem n (na unidade do tempo em que o
modelo foi definido)
Para simular sistemas lineares no Scilab, utiliza-se a função csim e a forma de chamamento é
[y [,x]]=csim(u,t,sl,[x0 [,tol]])
u é o controle.
x0 é o estado inicial.
x é o estado.
y é a saída.
Exemplo 3.6
Considere o sistema tanque da Figura 3.7, inicialmente operando em estado estacionário no
nível h s 1 m e vazão de alimentação Fi 8 m3/min. Subitamente, a vazão de alimentação
aumenta em 1 m3/min. A vazão de saída se relaciona com a altura h por
1
F h (3.57)
R
Compare o comportamento dinâmico da altura de líquido usando o modelo não linear com o
modelo linear. Dados: A 0,3 m2 e R 0,125 min/m5/2.
dh 1
A h Fi (3.58)
dt R
dh 1 1
Fi h (3.59)
dt A AR
dh 1 1 1
Fi hs h (3.60)
dt A 2AR 2AR h s
dh 1 1
h Fi (3.61)
dt 2AR h s A
com h (0) 0 .
Programa
//Comparação entre os modelos linear e não linear
//Ponto de operação
//h=1 m F=8 m3/min
clear
clearglobal
clc
//Programa principal
global A R
global Fi
//Entradas
DeltaFi=1 //variação degrau
Fi=Fis+DeltaFi //distúrbio, m3/min
//Plota gráficos
scf(1)
clf
plot(t,h_nl,t,h_l)
xlabel('t (min)')
ylabel('h (m)')
legend(['Modelo não linear','Modelo linear'],4)
//Cálculo do ganho
Kp_nl=(h_nl($)-hs)/DeltaFi //não linear
Kp_l=(h_l($)-hs)/DeltaFi //linear
disp('Ganho do processo')
printf('\n')
printf('Kp do modelo não linear = %f\n',Kp_nl)
printf('Kp do modelo linear= %f\n',Kp_l)
A Figura 3.8 mostra as respostas obtidas pelos dois modelos. A resposta linear é
qualitativamente a mesma da resposta não linear. Nota-se que para valores de h próximos de
h s , onde foi feita a linearização, a resposta do modelo linearizado é satisfatória. Para valores
mais afastados, a aproximação linear é insatisfatória, gerando um valor estacionário diferente
do valor obtido pelo modelo não linear, ou seja, o ganho (variação na saída/variação na
entrada) do modelo linear é menor do que o do modelo não linear.
Ganho do processo
Figura 3.8 Resposta ao degrau unitário para uma variação de 1,0 m3/min na vazão de
alimentação.
Considere que a vazão de alimentação aumenta de 8 para 8,1 m3/min, ou seja, um aumento de
0,1 m3/min. Neste caso, a resposta linear dá uma boa aproximação do modelo não linear,
como pode ser visto na Figura 3.9. A simulação foi realizada mudando valor de DeltaFi no
programa para 0,1.
O seguinte resultado é mostrado na janela de comando do Scilab.
Ganho do processo
Figura 3.9 Resposta ao degrau unitário para uma variação de 0,1 m3/min na vazão de
alimentação.
Exemplo 3.7
Considere o problema de nível de tanques interagentes.
F1 1 h 1 h 2 (3.62)
F2 2 h 2 (3.63)
dh 1 Fi
1 h1 h 2
dt f 1 (h 1 , h 2 , Fi ) A1 A1
dh (3.64)
2 f 2 (h 1 , h 2 , Fi 1 h 1 h 2 2 h 2
dt A 2 A2
dh 1 Fi 1 1
A1 2A h 1s h 2s 2A1 h 1s h 2s
h
dt 1
1
d h 2 1 h 1 h 2 2 h 2
1
1
2 h 2
dt A 1 A2 2A 2
h 1s h 2s 2A 2 h 1s h 2s 2A 2 h 2s
1
A 1 Fi
0
(3.65)
com
h 1 h 1 h 1s (3.66)
h 2 h 2 h 2s (3.67)
Fi Fi Fis (3.68)
u u Fi (3.69)
x h
x 1 1 (3.70)
x 2 h 2
Vamos assumir que apenas a altura do segundo tanque seja medido, daí a saída na forma de
desvio é
y h2 (3.71)
x
y 0 1 1 (3.72)
x 2
1 2,5 ft2,5/min
5 2,5
1 ft /min
6
A 1 5 ft2
A 2 10 ft2
Fi 5 ft3/min
h 1 (0) h 1s 10 ft
h 2 (0) h 2s 6 ft
A Figura 3.11 mostra as respostas obtidas pelos dois modelos. A resposta do modelo linear é
qualitativamente a mesma da resposta do modelo não linear. Nota-se que para valores de h
próximos de h 2s , onde foi feita a linearização, a resposta do modelo linearizado é satisfatória.
Para valores mais afastados, a aproximação linear pode ser insatisfatória, gerando ganhos
diferentes entre os dois modelos.
Programa
//Programa principal
global A1 A2 beta1 beta2
global Fi
//Valores dos parâmetros e condição inicial
A1=5 //ft2
A2=10 //ft2
beta1=2.5 //ft^(5/2)/min
beta2=5/sqrt(6) //ft^(5/2)/min
Fis=5 //ft3/min
h1s=10 //ft
h2s=6 //ft
//Entradas
DeltaFi=1 //variação degrau
Fi=Fis+DeltaFi //distúrbio, ft3/min
//Plota gráficos
scf(1)
clf
plot(t,h2_nl,t,h2_l)
xlabel('t (min)')
ylabel('h2 (m)')
legend(['Modelo não linear','Modelo linear'],4)
//Cálculo do ganho
Kp2_nl=(h2_nl($)-h2s)/DeltaFi //não linear
Kp2_l=(h2_l($)-h2s)/DeltaFi //linear
disp('Ganho do processo')
printf('\n')
printf('Kp2 do modelo não linear = %f\n',Kp2_nl)
printf('Kp2 do modelo linear= %f\n',Kp2_l)
Ganho do processo
Kp2 do modelo não linear = 2.635372
Kp2 do modelo linear= 2.398726
Figura 3.11 Resposta ao degrau unitário para uma variação de 1,0 ft3/min na vazão de
alimentação.
Considere que a vazão de alimentação aumenta de 5 para 5,1 ft3/min, ou seja, um aumento de
0,1 ft3/min. Neste caso, a resposta linear dá uma boa aproximação do modelo não linear, como
pode ser visto na Figura 3.12. A simulação foi realizada mudando valor de DeltaFi no
programa para 0,1.
Ganho do processo