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Mercosul:

Formação e Integração Econômica

➢ Formação, principais marcos e contextualização:

Em 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de


Assunção, com o objetivo de construir um mercado comum, chamado de Mercosul
(Mercado Comum do Sul), até 31 de dezembro de 1994. O Tratado é composto por seis
capítulos e cinco anexos. Foi definido que a sede do bloco seria em Montevidéu, que
também é a sede da Aladi (Associação Latino Americana de Integração), criada em 1980.
O Mercosul é formado por dois países do primeiro grupo previsto na divisão feita pela
Aladi para fazerem a integração do continente, o Brasil e a Argentina, mais avançados,
um do segundo, intermediário, o Uruguai e um do terceiro, mais atrasado, o Paraguai. Em
vista disso, já era previsto haver problemas relacionados às assimetrias entre os países.

O primeiro capítulo do Tratado estabelece os princípios, propósitos e instrumentos


do bloco, assim como a coordenação das políticas macroeconômicas e setoriais dos
Estados parte, visando à obtenção de condições adequadas de concorrência entre eles. Os
Estados se comprometeriam, ainda, a harmonizar suas legislações nas questões
pertinentes (relevantes), para assim fortalecer o bloco e o processo de integração.

As relações no Mercosul são baseadas na reciprocidade de direitos e deveres, com


condições iguais no comércio com terceiros países. Para evitar concorrências desleais, os
Estados deveriam ter em suas legislações medidas para evitar a importação de produtos
com preços influenciados por subsídios, dumping ou alguma outra prática ilegal.

O segundo capítulo trata da estrutura do Mercosul, definindo que o bloco teria


como órgãos estruturais o Conselho do Mercado Comum e o Grupo Mercado Comum. O
primeiro seria responsável pelas decisões políticas e é o órgão superior do bloco, sendo
integrado pelos Ministros de Relações Exteriores de cada país membro e pelos Ministros
de Economia. O Grupo seria o órgão executivo e coordenado pelos Ministros de Relações
Exteriores dos países membros. Tem como funções:

• Velar pelo cumprimento do Tratado;


• Tomar as providências necessárias ao cumprimento das decisões adotadas pelo
Conselho;
• Propor medidas concretas tendentes à aplicação do Programa de Liberação
Comercial, à coordenação de políticas macroeconômicas e à negociação de
Acordos frente a terceiros;
• Fixar programas de trabalho que assegurem avanços para o estabelecimento do
Mercado Comum.

Os capítulos três, quatro e cinco tratam da vigência, adesão e denúncia,


respectivamente. Já o último capítulo aborda disposições gerais do Tratado. O anexo I
trata do Programa de Liberação Comercial, estabelecendo que as medidas a serem
tomadas pelos Estados parte para a conformação do mercado comum. No seguinte,
estabelece-se o regime geral de origem. O anexo III aborda a solução de controvérsias e
o IV trata das cláusulas de salvaguarda. O último anexo trata dos subgrupos de trabalho
do Grupo Mercado Comum. É importante observar que, dos dez grupos, os de Normas
Técnicas e de Agricultura foram os mais atuantes e que, em conformidade com a visão
liberal que regia os governos da época, não se criou um Subgrupo do Trabalho, que veio
a ser constituído mais tarde.

Em julho de 1990, os presidentes Fernando Collor de Mello e Carlos Saúl Menem,


do Brasil e Argentina, respectivamente, resolveram antecipar o prazo para a formação do
mercado comum entre os dois países, estabelecido anteriormente e previsto no Tratado
de Integração, Cooperação e Desenvolvimento firmado em 1988. Com a adesão do
Paraguai e Uruguai, assinaram em 1991 o já citado Tratado de Assunção, antecipando o
prazo para 31 de dezembro de 1994. No final de 1991, foi firmado o Protocolo de Brasília,
no qual os quatro países se comprometiam a adotar um Sistema de Solução de
Controvérsias, que vigoraria durante o período de transição. Em 1994, os quatro países
assinaram o Protocolo de Ouro Preto, que estabeleceu a Tarifa Externa Comum (TEC),
que entrou em vigor a partir de janeiro do ano seguinte.

Diferente de outros blocos regionais anteriores, o Mercosul visava um maior grau


de integração, ultrapassando os limites da simples liberalização comercial, objetivando
um processo de maior integração econômica, exemplo disso é a coordenação
macroeconômica dos países prevista no Tratado.
O comércio entre os quatro países cresceu nos primeiros anos, no entanto com as
crises asiática, em 1997, e russa, em 1998, e a desvalorização do real, em 1999, o
comércio entre eles apresentou redução.

Seguindo o processo de integração do Mercosul, foi assinado em 1994 o Protocolo


de Ouro Preto, que estabeleceu a estrutura institucional do bloco e conferiu-lhe
personalidade jurídica. Foram criados, também, outros órgãos institucionais, como
previsto no primeiro capítulo: a Comissão de Comércio do Mercosul, a Comissão
Parlamentar Conjunta, o Fórum Consultivo Econômico-social e a Secretaria
Administrativa do Mercosul.

Em 1995, como previsto pelo Tratado de Assunção, os Estados adotaram a TEC,


no entanto como exposto por diversos autores a alta quantidade de exceções à TEC,
resultantes das assimetrias entre os membros, dificultaram a conformação da união
aduaneira e, posteriormente, do mercado comum, objetivo final do bloco. Alguns autores
dizem que o Mercosul atingiu o status de zona de livre comércio imperfeita e uma união
aduaneira incompleta, após a assinatura do Protocolo de Ouro Preto. Ou seja, como
muitos produtos fazem parte das exceções, o mecanismo da TEC funciona de forma
imperfeita, um dos motivos pelos quais dizem que o Mercosul chegou ao estágio de união
aduaneira imperfeita.

Ao longo desses mais de 25 anos de existência o Mercosul enfrentou períodos de


crise, como no final dos anos 1990 com a desvalorização do real e a crise argentina no
início dos anos 2000. Além de não ter conseguido atingir objetivos previstos, como a
coordenação de políticas macroeconômicas e a redução das assimetrias, os países
enfrentaram problemas como os contenciosos entre Brasil e Argentina no período entre
1999 e 2002 em relação a alguns produtos comercializados entre eles. Atritos comerciais
seriam – e foram – inevitáveis, em razão da lógica eminentemente econômica do processo
integracionista.

Nesse período, a Argentina adotou medidas para se proteger de uma possível


‘invasão’ dos produtos brasileiros. As medidas tomadas nesse período dificultavam uma
coordenação entre os Estados parte e ameaçavam que houvesse um recuo no processo de
integração do Mercosul e que se seguisse adotando a TEC. Ao adotarem medidas
unilaterais os governos dificultavam o desenvolvimento da integração econômica e,
consequentemente, o avanço do Mercosul.
Em 2005, Brasil e Argentina chegaram a um acordo para que fosse adotado o
Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC), para que se evitasse que um país fosse
muito mais competitivo prejudicando o outro em relação ao comércio, ou seja, para
regular o comércio. Esse acordo teria sido contestado por Uruguai e Paraguai por ter sido
um acordo bilateral, ou seja, sem que os sócios menores do Mercosul participassem. Em
2007, entrou em operação o FOCEM (Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul)
com o objetivo de financiar projetos nos países de economias menores, sendo Paraguai e
Uruguai os mais beneficiados para minimizar as assimetrias existentes.

Em 2012, o bloco passou pela primeira ampliação desde sua criação, com o
ingresso definitivo da Venezuela como Estado Parte. No mesmo ano, foi assinado o
Protocolo de Adesão da Bolívia ao Mercosul, que, uma vez ratificado pelos congressos
dos Estados Partes, fará do país andino o sexto membro pleno do bloco.

➢ Importância comercial e econômica do Mercosul:

O Mercosul representa, em 2017, algo equivalente à quinta maior economia


mundial, com PIB de US$ 2,7 trilhões. Desde a sua fundação, as trocas comerciais dentro
do Mercosul multiplicaram-se em mais de 12 vezes, passando de US$ 4,5 bilhões, em
1991, para o pico de US$ 57 bilhões, em 2013. Em 2017, os dados até julho mostram
crescimento de 22,1% nas exportações brasileiras (US$ 13 bilhões) e de 53% no saldo
comercial do Brasil com o bloco (US$ 5,9 bilhões) em relação ao mesmo período de 2016.
Além disso, o Mercosul é o principal receptor de Investimentos Estrangeiros Diretos
(IEDs) no continente. Nos últimos dois anos, recebeu 47% (2015) e 46% (2016) dos
Investimentos Estrangeiros Diretos na América Latina e Caribe e 65% (2015 e 2016) da
América do Sul (dados da UNCTAD). Houve também aumento da participação
percentual do bloco como destino de investimentos estrangeiros no mundo: nos anos pré-
crise (2005-2007), o Mercosul recebia 2% do investimento mundial; em 2015, recebeu
4,4%; e, em 2016, 3,7%.

O Brasil tem com os sócios um comércio significativo e de qualidade, composto


por produtos de elevado valor agregado, o que contribui para o desenvolvimento
tecnológico e gera empregos qualificados no Brasil. O bloco é fundamental para a
atividade industrial dos Estados Partes. Em 2016, cerca de 84% das exportações
brasileiras para o Mercosul foram de bens industrializados. Em comparação, nossas
exportações de bens industrializados ao mundo todo representaram 56% do total.
http://www.mercosul.gov.br/saiba-mais-sobre-o-mercosul

➢ Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (FOCEM):

O Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM) destina-se a


“financiar programas para promover a convergência estrutural, desenvolver a
competitividade e promover a coesão social, em particular das economias menores e
regiões menos desenvolvidas; apoiar o funcionamento da estrutura institucional e o
fortalecimento do processo de integração”.

O Brasil é o maior contribuinte, aportando 70% dos recursos do Fundo. A


Argentina é responsável pela integralização de 27% do montante; o Uruguai, pela
contribuição de 2%; e o Paraguai, de 1%.

A Decisão CMC Nº 41/12, definiu que a Venezuela contribuiria para o FOCEM


com aportes anuais de US$ 27 milhões. A Decisão estabelece, ademais, que US$ 11,5
milhões desse total deverão financiar projetos venezuelanos, ao passo que os 15,5 milhões
restantes serão colocados à disposição dos demais Estados Partes.

As duas economias menores do Mercosul são as principais beneficiárias dos


projetos aprovados pelo FOCEM. O Paraguai é o destinatário de 48% dos recursos e o
Uruguai é contemplado com 32% do total. O Fundo entrou em operação em janeiro de
2007, com a aprovação dos primeiros projetos a serem financiados com recursos
comunitários. Ao longo de seu funcionamento, teve mais de 40 projetos aprovados e suas
contribuições tem sido para melhorar setores como habitação, transportes, incentivos à
microempresa, biossegurança, capacitação tecnológica e aspectos sanitários.

Em 2015, a Decisão CMC 22/15 estabeleceu a renovação do FOCEM, o que


permitirá a continuidade dos aportes ao Fundo a partir de sua vigência em todos os
Estados Partes.

➢ Tarifa externa comum:

Como previsto no Tratado de Assunção, a partir de 01/01/95, os quatro Estados


Partes do MERCOSUL adotaram a Tarifa Externa Comum (TEC), com base na
Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), com os direitos de importação
incidentes sobre cada um desses itens.
Segundo as diretrizes estabelecidas, desde 1992, a TEC deve incentivar a
competitividade dos Estados Partes e seus níveis tarifários devem contribuir para evitar a
formação de oligopólios ou de reservas de mercado. Também foi acordado que a TEC
deveria atender aos seguintes critérios: a) ter pequeno número de alíquotas; b) baixa
dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efetiva (exportações)
e de proteção efetiva (importação); d) que o nível de agregação para o qual seriam
definidas as alíquotas era de seis dígitos.

A aprovação da TEC também incluiu alguns mecanismos de ajuste das tarifas


nacionais, através de Listas de Exceções, com prazos definidos para convergência aos
níveis da TEC.

➢ Acordos firmados pelo MERCOSUL com parceiros extrarregionais:

O Brasil defende a busca de oportunidades de ampliação de acesso a mercados


por meio da negociação de acordos comerciais entre o Mercosul e parceiros
extrarregionais. As relações econômicas e comerciais do Brasil englobam uma
diversidade de países em desenvolvimento e desenvolvidos. A busca de acordos
comerciais mutuamente vantajosos (acordos de livre comércio ou acordos preferenciais)
pode contribuir para o aprofundamento das relações do Brasil e do Mercosul com esses
países.

http://www.mercosul.gov.br/negociacoes-extrarregionais

http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-
e-financeira/695-acordos-extrarregionais-do-mercosul

Acordo de Livre Comércio Mercosul–Israel (vigente)

O Acordo de Livre Comércio (ALC) entre o Mercosul e o Estado de Israel,


firmado em Montevidéu, em 18/12/2007, entrou em vigor no Brasil em 27/04/2010,
quando foi promulgado pelo Decreto nº 7.159. O ALC Mercosul-Israel foi o primeiro
acordo dessa modalidade a ser celebrado pelo bloco sul-americano com país localizado
fora de nosso continente. O Acordo engloba 9.424 linhas tarifárias ofertadas pelo
Mercosul e 8.000 por Israel, com cronogramas de desgravação de, respectivamente, dez
e oito anos.
O ALC MERCOSUL-Israel entrou em vigor para os demais sócios do
MERCOSUL em setembro de 2011. O Acordo abrange cerca de 95% do comércio entre
as partes.

Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia (vigente)

O Acordo de Comércio Preferencial (ACP) entre o Mercosul e a Índia, assinado


em janeiro de 2004 e em vigor desde junho de 2009, envolve concessões de 450 linhas
tarifárias, de parte a parte, com tratamento preferencial e redução de tarifas que variam
entre 10%, 20% e 100%. O Mercosul e a Índia discutem a ampliação das atuais 450 linhas
tarifárias para cerca de 2.000 novas linhas de cada parte. O Acordo, dessa forma, está
aquém do enorme potencial de comércio entre o MERCOSUL e a Índia, mercado que
agrega cerca de 1,3 bilhão de consumidores.

Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–SACU (vigente)

O Acordo de Comércio Preferencial (ACP) entre o Mercosul e a União Aduaneira


da África Austral (SACU) entrou em vigor em 01/04/2016. Assinado em 15/12/2008
pelos Estados Partes do Mercosul e em 03/04/2009 pelos membros do bloco africano
(África do Sul, Botsuana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia), o ACP Mercosul-SACU
estabelece margens de preferência de 10%, 25%, 50% e 100% para pouco mais de 1.050
linhas tarifárias de cada parte.

Acordo de Livre Comércio Mercosul–Palestina (em processo de ratificação)

A assinatura do ALC Mercosul-Palestina, em 20/12/2011, em Montevidéu, foi


precedida pelo Acordo-Quadro de Comércio e Cooperação Econômica entre o Mercosul
e a Organização para a Libertação da Palestina, em nome da Autoridade Nacional
Palestina, assinado em 16/12/2010, em Foz do Iguaçu. O lançamento de negociações para
um ALC entre as duas Partes adquiriu impulso com o reconhecimento do Estado palestino
por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (entre dezembro de 2010 e março de 2011).
Alguns produtos de particular interesse palestino, tais como azeite de oliva, produtos
alimentícios, pedras e mármores, foram incluídos na cesta de desgravação imediata. O
ALC Mercosul-Palestina se encontra em tramitação no Congresso Nacional.

Acordo de Livre Comércio MERCOSUL–Egito (vigente)


Importante marco no relacionamento externo do bloco é a entrada em vigor, a
partir de 1º de setembro de 2017, do Acordo de Livre Comércio (ALC) entre o
MERCOSUL e o Egito.

O ALC MERCOSUL-Egito, assinado em San Juan, Argentina, em 02/08/2010,


integra os esforços do MERCOSUL em ampliar o relacionamento comercial com os
países do Norte da África e do Oriente Médio. É o segundo acordo de livre comércio
extrarregional do MERCOSUL e o primeiro com país em desenvolvimento.

Trata-se de acordo de abertura de mercados para bens, com cláusulas que abrem
a possibilidade de entendimentos futuros sobre acesso a mercados em serviços e
investimentos. O Acordo prevê isenção imediata de 26% do universo tarifário do
MERCOSUL e de 31% do universo tarifário egípcio. Ao final de dez anos, 99% do
universo tarifário do MERCOSUL e 97% do universo tarifário do Egito estarão
totalmente desgravados.

Negociações entre o MERCOSUL e o Líbano

O Memorando de Entendimento sobre Comércio e Cooperação Econômica entre


o MERCOSUL e o Líbano foi assinado em maio de 2014, com o objetivo de fortalecer o
diálogo econômico e promover a negociação de acordo de livre comércio.

A primeira reunião de negociação com vistas ao Acordo MERCOSUL-Líbano


ocorreu em Beirute, em 12/05/2015, ocasião em que o MERCOSUL e o Líbano
reafirmaram o interesse em celebrar acordo com ampla cobertura de produtos para
promover a expansão e a diversificação do comércio.

Negociações entre o MERCOSUL e a Tunísia

O Acordo-Quadro MERCOSUL-Tunísia sobre Comércio e Cooperação


Econômica foi assinado em maio de 2014, com o objetivo de fortalecer o diálogo
econômico e promover a negociação de acordo de livre comércio.

A primeira reunião de negociação com vistas ao Acordo MERCOSUL-Tunísia ocorreu


em Túnis, em 14/05/2015, ocasião em que o MERCOSUL e a Tunísia reafirmaram o
interesse em celebrar acordo com ampla cobertura de produtos para promover a expansão
e a diversificação do comércio.
Negociações entre o MERCOSUL e o Marrocos

O Acordo-Quadro sobre Comércio entre o MERCOSUL e o Marrocos foi


assinado em novembro de 2004, com o objetivo de fortalecer as relações econômicas,
promover a expansão do comércio e estabelecer as condições para negociar uma Área de
Livre Comércio.

A primeira reunião de negociação com vistas ao Acordo MERCOSUL-Marrocos


ocorreu em Rabat, em abril de 2008, ocasião em o que o MERCOSUL e o Marrocos
intercambiaram informações sobre suas políticas comerciais e discutiram modalidades e
mecanismos de negociação.

Negociações entre MERCOSUL e União Europeia

As negociações entre o Mercosul e a UE foram lançadas com a assinatura do


Acordo Quadro de Cooperação Interregional em dezembro de 1995, em Madri, baseado
em três pilares – diálogo político, cooperação, e comércio e investimentos. Em 1999,
determinou-se o início efetivo das negociações, marcado pela realização da primeira
reunião do Comitê de Negociações Birregionais (CNB). Na primeira fase de negociações,
entre 2000 e 2004, foram realizadas trocas de ofertas em bens (maio e setembro de 2004),
consideradas insatisfatórias por ambas as Partes. O intercâmbio de setembro de 2004, na
prática, interrompeu o processo negociador.

As negociações foram retomadas em 2010, por ocasião da Cúpula Mercosul-UE


em Madri, quando os dois blocos alcançaram novo consenso sobre parâmetros para o
relançamento das negociações. Até 2012, as Partes avançaram na parte normativa do
Acordo, de forma satisfatória.

Em 11 maio de 2016, o Mercosul e a UE trocaram ofertas de acesso a seus


respectivos mercados de bens, serviços, investimentos e compras governamentais. A
retomada plena das negociações realizou-se com a XXVI Reunião do Comitê de
Negociações Birregionais (CNB), realizada de 10 a 14 de outubro, em Bruxelas.

Desde então, as duas Partes acordaram intenso calendário negociador. No


primeiro semestre de 2017, foram realizadas duas reuniões do CNB, além de encontros
intersessionais. A XXIX reunião do CNB será realizada em Brasília, no período de 2 a 6
de outubro. Está prevista, ainda, a XXX reunião do CNB, também em Brasília, entre 6 e
10 de novembro.
As duas Partes trabalham para a pronta conclusão do Acordo, com vistas a um
resultado ambicioso e equilibrado para Mercosul e UE.

Diálogo comercial MERCOSUL –ASEAN

O MERCOSUL acredita que é o momento de consolidar a presença do bloco sul-


americano na Ásia, região de grande dinamismo e que avança a passos largos rumo à
solidificação de seu desenvolvimento econômico. Nesse sentido, o MERCOSUL está
explorando mecanismos de aproximação comercial com o Sudeste Asiático.

A primeira tentativa de aproximação comercial entre os dois blocos ocorreu em


novembro de 2008, por ocasião da reunião Ministerial MERCOSUL -ASEAN, realizada
em Brasília. Em setembro de 2009, durante a 64ª Assembleia-Geral das Nações Unidas
(AGNU), realizou-se reunião de chanceleres MERCOSUL –ASEAN.

Negociações entre MERCOSUL e EFTA

Em dezembro de 2000, Mercosul e EFTA (Associação Europeia de Livre-


Comércio, integrada por Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) lançaram um
mecanismo de diálogo econômico entre os dois blocos. Entre 2015 e 2016, foram
realizadas reuniões do Diálogo Exploratório Mercosul-EFTA, que resultaram em
documento comum sobre as bases das negociações de livre comércio.

As negociações foram lançadas oficialmente em meados de 2017. A I Rodada de


negociações de livre comércio Mercosul-EFTA teve lugar em Buenos Aires, entre 13 e
16 de junho, seguida de nova reunião em Genebra, entre 29 de agosto e 1º de setembro
de 2017.

➢ Acordos firmados pelo MERCOSUL com parceiros intrarregionais:

A América Latina tem recebido atenção prioritária no relacionamento externo do


MERCOSUL. Desde a década de 1990, foi estabelecida pelo agrupamento uma ampla
rede de acordos comerciais com os países da região, cuja execução dará origem, em 2019,
a uma virtual área de livre comércio na América do Sul, com a eliminação da quase
totalidade das barreiras tarifárias aplicadas aos produtos brasileiros. O comércio com o
Chile e a Bolívia já se encontra totalmente liberalizado, enquanto as trocas com Colômbia,
Equador e Peru avançaram significativamente no processo de desgravação tarifária.
Em 2016, o comércio do Brasil com a região respondeu por 19% das suas trocas
globais. Ao longo dos anos, a região latino-americana tem sido destino de grande parte
das exportações brasileiras de produtos manufaturados (80%, em 2016), os quais são de
mais alto valor agregado e geradores de maiores e melhores empregos.

http://www.mercosul.gov.br/negociacoes-intrarregionais

Novo Acordo de Complementação Econômica MERCOSUL-Colômbia

No dia 21 de julho de 2017, foi assinado, durante a L Cúpula do MERCOSUL


realizada em Mendoza, Argentina, o novo Acordo de Complementação Econômica
(ACE) entre os Estados Partes do MERCOSUL signatários do Tratado de Assunção e a
Colômbia. A partir de sua entrada em vigor, o acordo ampliará a liberalização do
comércio brasileiro com a Colômbia para 97% da pauta tarifária.

MERCOSUL-Chile (ACE 35)

O Acordo de Complementação Econômica Nº 35 foi assinado em 1996. Em 2014,


foram desgravados os últimos da pauta tarifária, alcançando-se 100% de liberalização do
comércio entre o MERCOSUL e o Chile. O Acordo conta, também, com um Protocolo
sobre o Comércio de Serviços.

MERCOSUL-Bolívia (ACE 36)

O ACE 36 foi assinado em 1996 com o objetivo de liberalizar gradualmente todo


o universo tarifário. Em 2014, foram desgravados os últimos itens restantes, tendo-se
alcançado o livre comércio entre MERCOSUL e Bolívia.

MERCOSUL-Peru (ACE 58)

O comércio Brasil-Peru é regulado pelo ACE 58, assinado em 2005. A


desgravação tarifária do comércio Brasil-Peru foi concluída, em 2012, para o Peru, e
chegará a termo, em 2019, para o Brasil. Em 2017, o Brasil recebe 100% de preferência
tarifária para 96% dos produtos cobertos pelo Acordo, o que será ampliado para 99,8%
em 2019.

MERCOSUL-Equador (ACE 59)

No ACE 59, assinado em 2004, cada Estado Parte do MERCOSUL possui


cronogramas de desgravação individuais com Colômbia e Equador. Com o Equador, o
Brasil recebe 100% de preferência para 80% dos produtos exportados e isenta de impostos
94,6% dos produtos importados do Equador, índices que chegarão, respectivamente, a
95,6 e 95,32%, em 2018.

➢ Curiosidades:

Indústria automobilística: Brasil e Argentina

Em 2012, 92% das exportações brasileiras ao Mercosul foram bens


industrializados (manufaturados e semi-manufaturados). Um dos setores que mais se
beneficia do Mercosul é o automotivo, pois o bloco possibilitou a Brasil e Argentina
integrar suas cadeias produtivas de automóveis. Brasil e Argentina juntos são o terceiro
maior mercado global de automóveis (depois de China e Estados Unidos). Em 2013, 47%
da produção de automóveis argentinos foram exportados para o Brasil. As exportações
para a Argentina representaram, em 2013, 16% da produção brasileira de automóveis e
80% das exportações de veículos do Brasil.

http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/integracao-regional/686-mercosul

Barreiras no Mercosul

No início de 2017, foram identificados 78 entraves que vão desde a cobrança de


tarifas para o comércio do açúcar brasileiro até a proibição, pelo Brasil, do ingresso de
alevinos de pacu, dourado e surubim argentinos, mesmo aqueles nascidos na mesma bacia
hidrográfica, a poucos quilômetros de onde seriam engordados deste lado da fronteira. O
problema, nesse caso, é a falta de previsão legal para a importação.

As barreiras foram se acumulando nos últimos anos, período em que o comércio


dentro do bloco ficou em segundo plano e viu acumular obstáculos, principalmente por
causa da crise no balanço de pagamentos argentino. Neste primeiro semestre, as áreas
técnicas acreditam ter eliminado ou, pelo menos, encaminhado 44 desses problemas.
Seguir reduzindo a lista é desafio da presidência brasileira no bloco.

Para ingressar na Argentina, o açúcar é taxado em 10%, acrescidos de alíquota


que segue a variação do preço internacional. Como resultado, as exportações para lá
encarecem e, por isso, são muito pequenas. Para os produtores brasileiros, o problema
não é só aquele mercado. É também a consequência dessa situação sobre as demais
negociações comerciais. É difícil negociar abertura para o açúcar do mercado europeu,
por exemplo, se isso não ocorre no próprio Mercosul.

Os fabricantes brasileiros de equipamentos médicos enfrentam outra dificuldade:


não conseguem exportar itens como catéteres, agulhas e seringas para a Argentina porque
eles não são fabricados numa “sala limpa” - ambiente controlado, com cuidados até
mesmo com a qualidade do ar, para evitar contaminação. O mais curioso é que a
Argentina tem uma lista de países dos quais importa equipamentos médicos com menor
nível de exigência, por considerá-los “altamente regulados”.

https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2017/07/23/internas_economia,885982/b
arreiras-no-mercosul-vao-de-pacu-a-seringas.shtml

Mercosul prorroga lista de exceções até 2021

Com término previsto para 31 de dezembro de 2015, a lista de exceções à tarifa


externa comum (TEC) foi prorrogada pelos países do Mercosul até o fim de 2021. O novo
prazo foi definido ontem em reunião dos chanceleres do bloco, e vale para Brasil e
Argentina. Os demais sócios têm outras datas para acabar com as alíquotas diferenciadas
de importação. No caso do Paraguai, as exceções poderão ser aplicadas até 2023.

A lista vem sendo prorrogada desde a criação do Mercosul e simboliza as falhas


do projeto de união aduaneira, mas é considerada importante pelos países para acomodar
pressões temporárias. Cada governo pode reduzir ou aumentar as tarifas aplicadas para
determinado número de produtos de fora do bloco. O Brasil e a Argentina podem ter
alíquotas diferentes da TEC para cem produtos.

http://www.valor.com.br/brasil/4138904/mercosul-prorroga-lista-de-excecoes-ate-2021

Negociação de Uruguai e China causa mal-estar no Mercosul

A decisão, anunciada no final de 2016, pelo governo do Uruguai de iniciar “o


quanto antes” a negociação de um tratado de livre comércio com a China provocou um
novo curto circuito no Mercosul, ainda às voltas com a crise envolvendo a Venezuela.
Com a expectativa de que seus sócios teriam, a partir de agora, posição mais flexível em
relação a futuros entendimentos bilaterais com outros países e blocos (algo proibido pelas
normas internas do Mercosul), o presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, aproveitou
viagem à China para dar os primeiros passos em relação a um acordo que não conta com
o respaldo dos governos do Brasil e da Argentina.

Em Buenos Aires, o presidente Mauricio Macri disse que preferiria um


entendimento entre Mercosul e China, mas se mostrou “compreensivo” em relação às
necessidades uruguaias. Em Brasília, a notícia de que o presidente do Uruguai negocia
um acordo bilateral com a China também deixou preocupado o governo brasileiro, que só
admite um tratado do gênero com os chineses se for via Mercosul. O Brasil não vê no
horizonte essa possibilidade se concretizar a curto prazo.

https://oglobo.globo.com/economia/negociacao-de-uruguai-china-causa-mal-estar-no-
mercosul-20328813#ixzz50c5fVdig

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