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MOLAS MECÂNICAS

As molas podem ser definidas de uma forma geral como estruturas ou


dispositivos que exibem deformação elástica quando carregados, e que
recuperam a sua configuração inicial quando a carga é removida. Também pode
ser definida como elemento capaz de armazenar energia e disponibilizá-la
quando solicitado. Uma vez que todo material real tem um módulo de
elasticidade finito, os elementos de máquinas de todos os tipos necessariamente
se comportam como "molas". Quando se analisa a distribuição da carga em
estruturas redundantes ou em sistemas com pré-carga ou quando se investiga a
resposta dinâmica a cargas e frequências de operação, as propriedades de
rigidez dos elementos de máquinas devem ser consideradas.
Normalmente, o termo mola denota um dispositivo elástico especialmente
configurado para exercer forças ou torques desejados, para fornecer flexibilidade
ou para armazenar energia potencial de deformação a ser liberada mais tarde.
Configurações que forneçam um comportamento de mola desejado incluem
arames enrolados na forma helicoidal (redondos ou quadrados) carregados
através de uma força ao longo do eixo da hélice ou por momentos torcionais em
relação ao eixo da hélice, vigas chatas finas (bi-apoiadas ou engastadas)
carregadas em flexão e barras redondas ou tubos carregados em torção. Uma
ampla variedade de configurações está comercialmente disponível como itens
de catálogo, e diversos fabricantes colocam à disposição molas especiais.

1. Tipos de molas:
As molas helicoidais são provavelmente mais utilizadas do que qualquer
outro tipo. Conforme ilustrado na figura 1, as molas helicoidais podem ser
utilizadas para suportar cargas compressivas (empurrando), cargas trativas
(puxando) ou momentos torcionais (torcendo). Além da mola helicoidal de
compressão padrão mostrada na figura 1a, diversas configurações não-lineares
projetadas para resolver problemas especiais são mostradas nas figuras 1b a
1e. Uma mola helicoidal de tração típica é ilustrada na figura 1f e uma mola
helicoidal de torção é mostrada na figura 1g.
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Figura 1: Várias configurações de molas helicoidais.

As molas planas (ou tipo viga) de diversos tipos são ilustradas na figura
2. Os feixes de molas podem ser tanto vigas engastadas de feixe único ou de
múltiplos feixes submetidas a cargas transversais na extremidade.

Figura 2: Configurações de molas planas (ou viga) em feixe.

Uma pequena amostragem.de molas planas estão também ilustrada na


figura 3 abaixo.
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Figura 3: Outros tipos de mola plana.

Espera-se que as molas de todos os tipos operem durante longos


períodos de tempo sem alterações significativas nas suas dimensões,
deslocamentos, ou constantes de mola, freqüentemente sob cargas variáveis.
Baseado nestes requisitos e nas várias configurações de molas, os modos
potenciais de falha incluem escoamento, fadiga, fadiga associada à corrosão,
fadiga por fretagem, fluência, relaxação térmica, flambagem e/ou deformação
elástica induzida por força.
Quando as molas são defletidas sob a aplicação da carga máxima, as
tensões induzidas não devem exceder o limite de escoamento do material. Se
elas vierem a exceder esse limite, as variações dimensionais permanentes
resultantes poderão interferir com a habilidade da mola em fornecer as forças
necessárias ou fornecer a energia de deformação necessária, essencial para a
operação subsequente. De modo similar, a fluência pode levar a variações
dimensionais de longo termo inaceitáveis, mesmo sob condições estáticas, uma
condição algumas vezes referenciada como "assentamento". Se as condições
de operação incluem temperaturas elevadas, a relaxação térmica não deve
produzir variações inaceitáveis nas dimensões ou redução da capacidade de
suportar carga. As cargas variáveis, freqüentemente aplicadas em molas, podem
levar à falha por fadiga. Meios corrosivos podem tornar a situação ainda pior,
podendo levar a falhas aceleradas devidas à fadiga associada à corrosão.
Condições de fretagem entre as lâminas de molas de múltiplos feixes, entre as
barras de torção e os braços acoplados, entre as arruelas empilhadas de molas
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Belleville e quaisquer outras configurações onde deformações cíclicas induzam


deslizamento de pequena amplitude entre as superfícies de contato de
elementos de mola, podem levar a falhas de fadiga por fretagem. Assim como
as colunas, molas de compressão de espiras abertas carregadas axialmente
podem flambar se forem muito esbeltas ou se excederem deflexões críticas.
Quando as frequências de operação cíclica estão próximas da frequência
de ressonância de urna mola, um comportamento força-deslocamento errático
pode ser induzido por causa de fenômenos de propagação de onda, algumas
vezes chamado de "surging". A prevenção do surging é especialmente
importante para aplicações com molas helicoidais.
Como sempre, uma importante responsabilidade do projeto é identificar
os modos prováveis de falha no estágio de projeto, para a aplicação em questão,
além da seleção dos materiais e da geometria apropriados para minimizar a
possibilidade de falhas prováveis.

2. Materiais para molas:


As orientações para a seleção de materiais, sugerem que os materiais
candidatos a construção de molas devam ter alta resistência, de escoamento e
à fadiga), alta resiliência, boa resistência à fluência e, em algumas aplicações,
boa resistência à corrosão e/ou resistência a temperaturas elevadas. Os
materiais que satisfazem estes critérios incluem o aço carbono, o aço liga, o aço
inox, o latão para mola, o bronze fosforoso, o cobre berílio e as ligas de níquel.
Qualquer um destes materiais de mola pode ser conformado em barras, arame
ou tira por vários processos de conformação a quente e a frio.
O arame de mola conformado a frio é produzido estirando-se a frio o
material através de matrizes, de modo a produzir as dimensões, o acabamento
superficial, a precisão dimensional e as propriedades mecânicas desejados. O
arame de mola pode ser obtido nas condições recozido, encruado ou pré-
revenido.
O arame chato é produzido passando-se um arame redondo através dos
roletes de um laminador, em seguida temperando-se e revenindo-se o arame
chato de modo a obterem-se as propriedades desejadas. A tira de aço mola é
produzida submetendo-se a tira laminada a quente a uma operação de limpeza,
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seguido de uma combinação de laminação a frio e tratamentos térmicos para


obterem-se as propriedades desejadas.
Após o material do arame ou da tira ser enrolado ou conformado, uma
operação de jateamento por granalha, martelamento ou pré-tensionamento é
algumas vezes utilizada para melhorar a resistência à fadiga. A resistência à
corrosão pode ser melhorada aplicando-se uma cobertura, galvanizando-se ou
pintando-se a mola. Os materiais para arames de mola que são amplamente
utilizados na indústria de molas incluem:
1. Corda de piano (maior qualidade; maior resistência; amplamente
utilizado);
2. Arame para mola de válvula de aço revenido em óleo (alta qualidade;
alta resistência; dimensões limitadas);
3. Arame de mola de aço revenido em óleo (boa qualidade; boa
resistência; freqüentemente utilizado);
4. Arame de aço encruado (barato; resistência modesta; utilizado para
cargas estáticas);
5. Arame de aço-liga (para temperaturas elevadas até 230°C; alta
qualidade; alta resistência; p.ex., cromo-vanádio, cromo-silício);
6. Arame de aço inox (boa resistência à corrosão para temperaturas
elevadas até 260°C; alta qualidade; alta resistência);
7. Arame de cobre-berílio (boa condutividade; alta resistência; excelente
resistência à fadiga);
8. Arame de liga de níquel (boa resistência à corrosão para temperaturas
elevadas até 600°C; p.ex., Inconel X-750; custo elevado).

Normalmente, os arames são conformados a frio para diâmetros de arame


inferiores a 10 mm (3/8 polegada) e enrolados a quente para diâmetros de arame
superiores a 16 mm (5/8 polegada).
A matéria-prima para as molas feitas de tiras de aço mola é normalmente
o aço AISI 1050, 1065, 1074 ou 1095, tipicamente disponíveis recozido, 1/4 duro
(pré-revenido), 1/2 duro, 3/4 duro ou na condição totalmente endurecido. Feixes
de molas automotivas têm sido feitas de vários aços-liga de grão fino como o
SAE 9620, o SAE 6150 e o SAE 5160. Em todos os casos, a temperabilidade
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deve ser adequada para assegurar uma microestrutura totalmente martensítica


através de toda a seção transversal da mola.

Bibliografia:
• COLLINS, JACK A. Projeto mecânico de elementos de máquina: uma
perspectiva de prevenção da falha. 1ª edição. Rio de Janeiro. Editora:
LTC. 2017.
• SENAI. Aula Telecurso 2000. Apostilas 21 e 22.

Prof°. Hermano L. Pantaroto

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